Joyce Rodrigues Solano
MAPEAMENTO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM PONTE DE
CONCRETO ARMADO: estudo de caso no município de Palmas-TO
Palmas – TO
2019
Joyce Rodrigues Solano
MAPEAMENTO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM PONTE DE
CONCRETO ARMADO: estudo de caso no município de Palmas-TO
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) II elaborado e apresentado como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA).
Orientador: Prof. M.e Daniel Iglesias Carvalho.
Palmas – TO
2019
Joyce Rodrigues Solano
MAPEAMENTO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM PONTE DE
CONCRETO ARMADO: estudo de caso no município de Palmas-TO
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) II elaborado e apresentado como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA).
Orientador: Prof. M.e Daniel Iglesias Carvalho.
Palmas – TO
2019
AGRADECIMENTOS
Eu não posso começar de outra forma senão agradecendo a Deus. Sem Ele,
e seus planos perfeitos sobre a minha vida, nada disso poderia acontecer.
Agradecer pela força e coragem que colocou em meu coração todas as vezes que
os problemas pareciam maiores.
Agradeço aos meus pais, Jeoci e Luísa, por terem sacrificado tanto por mim.
Eu sempre soube o quanto a educação é prioridade pra vocês, e os orgulhar é o real
motivo de tanto estudo e dedicação durante toda essa caminhada. Sem o apoio de
vocês eu jamais teria chegado tão longe.
Aos meus irmãos, que sempre estiveram dispostos a me ajudar, foram
companheiros, me motivaram quando parecia difícil demais vencer os desafios e me
fizeram persistir durante essa jornada.
Ao meu namorado, por sua companhia, disposição e empenho nessa etapa
final. Obrigada por me ajudar a fazer com que tudo isso desse certo e a me manter
sempre focada no objetivo final. Aos meus amigos, por fazerem dos dias mais leves
mesmo em meio ao caos e por dividirem comigo a loucura da vida acadêmica.
Ao meu orientador Daniel Iglesias pelos ensinamentos, disponibilidade,
paciência, empenho e sabedoria que foram extremamente importantes para que eu
concluísse esse trabalho.
E a todos que indiretamente estiveram presentes em alguma fase, que me
ajudaram a concluir, me deram força e me compreenderam em qualquer
circunstância, muito obrigada.
“Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nEle, e o mais Ele fará.”
Salmos 37:5
RESUMO
SOLANO, Joyce Rodrigues. Mapeamento de manifestações patológicas em ponte de concreto armado: estudo de caso no município de Palmas-TO. 2019. 85 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Civil) – Centro Universitário Luterano de Palmas, Palmas, 2019.
O presente trabalho traz como objetivo o mapeamento das manifestações
patológicas existentes em ponte localizada na Avenida principal de Palmas-TO.
Além disso, aplica-se a metodologia GDE/UnB, que visa a quantificação numérica
das anomalias presentes na Obra de Arte Especial, indicando seu grau de
deterioração e as medidas a serem tomadas em conformidade. Diante disso,
utilizou-se o estudo de caso como procedimento metodológico a fim de analisar
profundamente o fenômeno presente na ponte. É possível observar que a ponte,
além de ser uma estrutura construída há cerca de trinta anos atrás, não passou por
muitas manutenções preventivas, permitindo que suas manifestações patológicas
chegassem a um nível perigoso. A pesquisa permitiu chegar a resultados que
indicam que a ponte apresenta um valor de deterioração de 167,44, o que significa
que ela se encontra em estado crítico, necessitando de intervenções imediatas para
que seu desempenho seja reestabelecido. Os resultados apontam que os pilares
são os elementos mais deteriorados da ponte, contendo problemas patológicos
como corrosão de armadura, desagregação e desplacamento do concreto. Dentre as
manifestações mais encontradas estão as infiltrações e eflorescências, ambas
contam com a presença de água na estrutura e sua interação com os componentes
do concreto. Dessa forma, o trabalho apresenta diversas possíveis causas para as
anomalias encontradas, como a água e a qualidade do concreto, assim como
recomendações de reparos.
Palavras chaves: Estrutura. Patologia. Obras de arte especiais.
ABSTRACT
The present work aims to map the pathological manifestations existing in a bridge
located in the main avenue of Palmas-TO. In addition, the GDE / UnB methodology is
applied, which aims to quantify numerically the anomalies present in the Special
Artwork, indicating their degree of deterioration and the measures to be taken
accordingly. Therefore, the case study was used as a methodological procedure in
order to deeply analyze the phenomenon present in the bridge. It can be observed
that the bridge, besides being a structure built about thirty years ago, did not undergo
many preventive maintenance, allowing its pathological manifestations to reach a
dangerous level. The research has led to results that indicate that the bridge has a
deterioration value of 167.44, which means that it is in critical condition, requiring
immediate interventions to restore its performance. The results indicate that the
pillars are the most deteriorated elements of the bridge, containing pathological
problems such as reinforcement corrosion, concrete breakdown and peeling. Among
the most common manifestations are infiltrations and efflorescences, both with the
presence of water in the structure and its interaction with the concrete components.
Thus, the work presents several possible causes for the anomalies found, such as
water and concrete quality, as well as repair recommendations.
Keywords: Structure. Pathology. Special works of art.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Elementos constituintes das estruturas das pontes de concreto armado. 10
Figura 2 - Anomalias de acordo com abertura. ......................................................... 17
Figura 3 - Causas e incidência de fissuras em concreto armado. ............................. 18
Figura 4 - Fluxograma para avaliação quantitativa. ................................................... 26
Figura 5 - Modelo de ficha de inspeção para pilares. ................................................ 27
Figura 6 - Fator de ponderação de fissuras (Fp). ...................................................... 28
Figura 7 - Localização do Tocantins e Palmas. ......................................................... 32
Figura 8 - Localização da ponte em Palmas-TO. ...................................................... 33
Figura 9 - Ponte em estudo. ...................................................................................... 34
Figura 10 – Manifestações patológicas incidentes em pontes no Brasil. .................. 38
Figura 11 – Número de manifestações patológicas por ponte. ................................. 40
Figura 12 – Croqui da OAE do estudo de caso. ........................................................ 41
Figura 13 - Desgregação, desplacamento do concreto e corrosão das armaduras no
pilar 4. ....................................................................................................................... 42
Figura 14 – Desagregação, desplacamento, cobrimento deficiente e corrosão da
armadura do pilar 6. .................................................................................................. 43
Figura 15 – Desplacamento do concreto, corrosão das armaduras e fissuras
diagonais no pilar 6. .................................................................................................. 43
Figura 16 - Fissuras no pilar 6. .................................................................................. 44
Figura 17 - Forte infiltração de água na viga transversina 6 (VT6). ........................... 45
Figura 18 - Manifestações patológicas na viga longarina 4 (VL4). ............................ 46
Figura 19 - Falhas de concretagem e manchas de bolor na viga longarina 4 (VL4). 46
Figura 20 - eflorescência e infiltração de água na laje 8 (L8). ................................... 47
Figura 21 - corrosão de armadura, infiltração de água e eflorescência na laje 16
(L16). ......................................................................................................................... 48
Figura 22 - Degradação do pavimento na pista de rolamento. .................................. 49
Figura 23 - Manchas de bolor e eflorescência no guarda corpo................................ 50
Figura 24 - Fissuras mapeadas no guarda rodas direito. .......................................... 51
Figura 25 - Manchas de bolor no guarda rodas direito. ............................................. 51
Figura 26 - Fator de intensidade dos danos adotados para VL1. .............................. 53
Figura 27 - Fluxograma para diagnóstico de manifestações patológicas. ................. 57
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Fatores de relevância estrutural. .............................................................. 27
Tabela 2 - Exemplo de fator de intensidade (Fi). ....................................................... 29
Tabela 3 - Classificação dos níveis de deterioração do elemento. ............................ 30
Tabela 4 - Classificação dos níveis de deterioração da estrutura. ............................ 31
Tabela 5 - Manifestações patológicas encontradas na ponte avaliada. .................... 52
Tabela 6 - Grau de deterioração dos elementos da família dos guarda corpos,
guarda rodas e pista de rolamento. ........................................................................... 55
Tabela 7 - Grau de deterioração dos elementos da família das lajes e vigas
secundárias. .............................................................................................................. 55
Tabela 8 - Grau de deterioração dos elementos da família das vigas e pilares
principais. .................................................................................................................. 56
Tabela 9 - Grau de deterioração das famílias e fator de relevância. ......................... 56
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
D Grau de dano
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte
Fi Fator de intensidade do dano
Fp Fator de ponderação do dano
Fr Fator de relevância estrutural
Gd Grau de deterioração da estrutura
Gde Grau de deterioração do elemento
Gdf Grau de deterioração da família
LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil
OAE Obras de Arte Especiais
PECC Pós-graduação em Estruturas e Construção Civil
UnB Universidade de Brasília
ZAG Instituto Nacional Esloveno de Construção e Engenharia Civil
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................. 7
1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 7
1.2.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 7
1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 7
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 8
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 9
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS PONTES ........................................................................ 10
2.2 CONCRETO ARMADO ....................................................................................... 12
2.3 PATOLOGIAS EM CONCRETO ARMADO ......................................................... 13
2.3.1 Causas ............................................................................................................. 15
2.3.2 Tipos de manifestações patológicas ................................................................ 17
2.4 DURABILIDADE E VIDA ÚTIL ............................................................................ 22
2.5 MANUTENÇÃO ................................................................................................... 23
2.6 METODOLOGIA GDE/UNB ................................................................................ 25
2.6.1 Origem .............................................................................................................. 25
2.6.2 Formulação ...................................................................................................... 26
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 32
3.1 OBJETO DE ESTUDO ........................................................................................ 32
3.2 PESQUISAS ........................................................................................................ 34
3.3 INSPEÇÃO .......................................................................................................... 35
3.4 MAPEAMENTO DAS ANOMALIAS ..................................................................... 37
3.5 TRATAMENTO DE DADOS ................................................................................ 37
4. RESULTADOS ...................................................................................................... 38
4.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM PONTES NO BRASIL ......................... 38
4.2 DESCRIÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA PONTE DE PALMAS
– TO .......................................................................................................................... 41
4.2.1 Pilares .............................................................................................................. 41
4.2.2 Vigas ................................................................................................................ 44
4.2.3 Lajes ................................................................................................................. 47
4.2.4 Pista de rolamento ........................................................................................... 48
4.2.5 Guarda corpo ................................................................................................... 49
4.2.6 Guarda rodas ................................................................................................... 50
4.3 ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ............... 52
4.4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA GDE/UnB ...................................................... 53
4.5 POSSÍVEIS CAUSAS E REPAROS .................................................................... 57
4.5.1 Cobrimento deficiente....................................................................................... 58
4.5.2 Corrosão das armaduras .................................................................................. 59
4.5.3 Desagregação e desplacamento ...................................................................... 61
4.5.4 Eflorescência .................................................................................................... 62
4.5.5 Fissuras ............................................................................................................ 63
4.5.6 Infiltração de água ............................................................................................ 64
4.5.7 Manchas de bolor ............................................................................................. 65
4.5.8 Esmagamento .................................................................................................. 66
4.6 MAPEAMENTO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ................................ 66
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 67
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................. 68
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 69
APÊNDICES ............................................................................................................. 73
6
1 INTRODUÇÃO
As pontes de concreto foram tomando espaço entre os tipos pontes do Brasil,
também intituladas Obras de Arte Especiais (OAE), e em conjunto com o aço
formam o material mais utilizado para construção de estruturas do país devido às
características de cada um, sua facilidade de execução e possibilidade de diversas
formas. Denominado concreto armado, a junção desses dois materiais forma um
componente resistente à compressão e tração.
Por muito tempo, o concreto armado foi visto como um material de
durabilidade ilimitada. Hoje se sabe que ele também é um material sujeito a agentes
agressivos que geram manifestações patológicas e em alguns casos se não
tratadas, podem levar a estrutura a colapso.
O crescimento acelerado da construção civil trouxe consigo inovações e
inconscientemente a aceitação de maiores riscos. Enquanto isso, o desenvolvimento
tecnológico aconteceu mais lentamente, em alguns casos através do estudo de
erros já cometidos, o que resulta na durabilidade reduzida e deterioração precoce
das estruturas, que é nossa realidade atual.
Segundo Souza e Ripper (1998), patologia das estruturas é o estudo das
origens, formas de manifestação, consequências e mecanismos de ocorrência das
anomalias presentes nas estruturas, podendo ser classificadas em simples e
complexas. Essas podem se manifestar de diversas formas na estruturas, como por
fissuras, desplacamento do concreto, exposição de armaduras, entre outros.
As OAE são estruturas ainda mais suscetíveis a esses agentes devido ao
local em que estão inseridos e a falta de revestimento. A umidade existente nas
pontes, adicionadas às sobrecargas exercidas sobre elas são fatores que colaboram
para o aparecimento dessas manifestações patológicas.
É nesse contexto que as inspeções são inseridas. Elas são necessárias para
que haja a conservação das construções em geral, que é definida pelo conjunto de
ações necessárias para que a estrutura mantenha as características para as quais
ela foi projetada e construída.
A ausência de uma cultura de manutenção faz com que os órgãos
governamentais responsáveis pelas obras públicas priorizem apenas a execução
das obras, deixando de lado as questões relacionadas à conservação.
Dessa forma, este trabalho visa a realização de inspeção visual de ponte em
concreto armado localizada na principal avenida do município de Palmas-TO, para
7
detecção das manifestações patológicas, análise do grau de deterioração da ponte e
sugestão de possíveis reparos para o aumento da vida útil da estrutura, abordando
critérios para que seja possível o alcance dos objetivos posteriormente
apresentados.
Através das inspeções, é possível detectar problemas antes que eles se
tornem irreversíveis e gerar planos de manutenção, que podem ser preventivas ou
corretivas. As manutenções preventivas colaboram para o prolongamento da vida
útil das estruturas, pois a detecção e estudo das manifestações patológicas
existentes e suas possíveis causas, podem auxiliar na tomada de decisões quanto à
recuperação das estruturas.
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
Considerando que o concreto não é um material eterno, as pontes necessitam
de manutenções. Elas evitam que as patologias surjam, tomem grandes proporções,
gerem transtorno ao tráfego e coloque a vida dos usuários em risco.
Sendo assim, esse trabalho visa responder à problemática: onde encontram-
se e como se apresentam as patologias mais comuns em ponte de concreto, mais
especificamente na ponte localizada na Avenida Joaquim Teotônio Segurado,
Quadra 302 Sul, sentido Sul-Norte no município de Palmas-TO?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Identificar as manifestações patológicas existentes em ponte de concreto
armado no município de Palmas-TO, localizada na Avenida Joaquim Teotônio
Segurado, Quadra 302 Sul, sentido Sul-Norte, indicando onde elas se encontram e
qual seu nível de degradação.
1.2.2 Objetivos específicos
a) Relacionar através de pesquisas bibliográficas os tipos de patologias mais
frequentes em pontes de concreto armado no país;
b) Classificar a estrutura de acordo com a metodologia GDE/UnB;
c) Apresentar possíveis causas e reparos para as manifestações
encontradas;
8
d) Mapear locais de maior ocorrência das manifestações patológicas
existentes na ponte em questão.
1.3 JUSTIFICATIVA
As Obras de Arte Especiais são obras de alto custo de implantação e também
de recuperação. Por isso, este trabalho é socialmente importante para evidenciar a
necessidade de manutenção das pontes existentes nas cidades, prolongando sua
vida útil, minimizando futuros danos e evitando que haja interdição e caos no
trânsito. Além disso, é relevante para a economia, visto que um dos temas tratados
por ele são os tipos de manutenções, conscientizando que o custo para
manutenções preventivas é inferior ao custo para manutenções corretivas.
A pesquisa é significativa para a sociedade, pois em caso extremo de colapso
ou interdição, toda a comunidade é afetada. Uma ponte sem manutenções pode ser
abrigo de diversas anomalias que podem interferir na rotina de toda a população e
ainda lhes trazer risco de vida.
Pode-se também justificar esse trabalho pela possibilidade de fazer parte de
um plano de manutenção para toda a cidade, visto que as pontes existentes
possuem praticamente as mesmas características. Assim como evitar transtornos e
permitir que haja um planejamento para o tráfego da cidade em caso de interrupção
de trânsito e possíveis desvios que podem ser adotados.
Levando em consideração as referências bibliográficas que estão
apresentadas e os estudos realizados, este trabalho é importante para todos os
Engenheiros Civis que buscarem pesquisas sobre o tema em questão, servindo
também de parâmetro para outras pontes em outras cidades que utilizem os
mesmos materiais e métodos construtivos.
9
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Desde o início das civilizações, a humanidade encontrou necessidade de
vencer obstáculos para se locomoverem e, consequentemente, se desenvolverem.
Pinho e Bellei (2007) datam o as pontes mais antigas em Roma, por volta de 62
a.C., sendo essa ainda utilizada pela população.
Segundo Pfeil (1979), pontes são as obras destinadas a transposição de
obstáculos dando continuidade ao leito normal de uma vida, como rios e braços de
mar. Quando ela visa vencer apenas vales, outras vias ou obstáculos que não são
constituídos por água, é denominada viaduto. Elas auxiliam no transporte de cargas
em estradas rodoviárias, sendo imprescindível para o escoamento da produção e
contribuíram para o aumento significativo da malha rodoviária do país.
Pode ser realizada uma evolução das pontes a partir dos materiais
empregados na sua construção, colocados em ordem cronológica por Leonhardt
(1979). Desta forma, tem-se:
a) pontes de madeira – elas tem sido usadas desde a antiguidade, sendo
um dos primeiros materiais, feitas com arranjos estruturais simples;
b) pontes de pedra – assim como a madeira, sua utilização é datada
desde a antiguidade. Os romanos já usavam esse material para
construir pontes de até 30 metros de vão. A maioria dessas estruturas
desabaram por motivos de fundação ou questões bélicas;
c) pontes metálicas – as primeiras surgiram no século XVIII, em ferro
fundido. Porém, apenas na metade do século XIX é que o aço passou
a ser empregado na construção das pontes;
d) pontes de concreto armado – em sequência, no século XX, surgiram as
primeiras pontes em concreto simples. Apesar de já ser empregado o
concreto armado no tabuleiro das pontes, foi a partir de 1912 que ele
foi empregado nas pontes de vigas e pórticos;
e) pontes de concreto protendido – apesar de terem sido empregadas
inicialmente em 1938, foi apenas após a Segunda Guerra Mundial que
o concreto protendido começou a ser usado com frequência, devido a
necessidade de reconstruir rapidamente as pontes destruídas pela
guerra.
10
Além das pontes, que também são intituladas Obras de Artes Especiais
(OAE), construídas em rodovias ligando cidades, existem pontes localizadas nos
centros urbanos. De acordo com Laner (2001), as pontes e viadutos das grandes
cidades são verdadeiros equipamentos urbanos, pois são indispensáveis para o
cotidiano da população uma vez que definem os escoamentos das vias, articulam
cruzamentos, encurtam caminhos, etc.
Como toda estrutura de concreto, a ponte é dividida em infraestrutura,
mesoestrutura e superestrutura, conforme mostra a figura 1.
Figura 1 - Elementos constituintes das estruturas das pontes de concreto armado.
Fonte: Marchetti (2008)
A infraestrutura é o que dá sustentação à mesoestrutura, apoiando os pilares
ao solo ou rocha. Ela é constituída por elementos de fundação, como estacas,
sapatas, tubulões, etc.
A mesoestrutura, por usa vez, recebe os esforços provenientes da
superestrutura e os transmite à fundação. Pode ser constituída de pilares, vigas-
travessas, aparelho de apoio, entre outros.
Por fim, tem-se a superestrutura, que é composta por lajes e diversos tipos de
vigas. Ela é responsável por suportar as solicitações diretas do tráfego e transferi-las
à mesoestrutura.
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS PONTES
Devido à sua evolução, as pontes foram se distinguindo em diversos pontos
uma das outras, criando categorias que hoje são diferenciadas por alguns critérios
de classificação. Segundo Marchetti (2008), as pontes podem ser classificadas em
onze critérios diferentes, sendo eles:
11
a) quanto a extensão do vão total – nesse quesito, elas podem ser
diferenciadas em bueiros, que são vãos de até dois metros, pontilhões
tendo vãos de dois a dez metros e pontes, que possuem vãos maiores,
que ultrapassam dez metros;
b) quanto a durabilidade – podem ser divididas em permanentes e
provisórias. As permanentes, como o nome diz, são construídas
definitivamente. Já as provisórias são normalmente feitas para desvio
de tráfego, enquanto a obra definitiva está sendo construída. E há
também as pontes desmontáveis, que se diferem das provisórias por
serem reaproveitáveis;
c) quanto a natureza do tráfego – depende do tipo de tráfego para o qual
a ponte será construída, como veículos, pedestres, trem, etc. Sendo
assim, Sartorti (2008) afirma que as pontes são divididas em
rodoviárias, ferroviárias, passarelas, aeroviárias, canais e mistas;
d) quanto o seu desenvolvimento planialtimétrico – ao projetar o eixo da
ponte em planta, ela pode ser dividida em pontes retas e curvas.
Agostini (apud Sartoti, 2008) diz que o traçado da via depende das
condições e interferências no local da obra;
e) quanto o seu desenvolvimento altimétrico – ao projetar o eixo da ponte
em plano vertical, ela pode ser dividida em pontes horizontais ou em
nível e pontes em rampa, retilíneas ou curvilíneas;
f) quanto ao sistema estrutural da superestrutura – Pinho e Bellei (2007)
dividem as pontes pelo seu sistema estrutural da superestrutura em
ponte em vigas de alma cheia, treliça, vigas em caixão, pórticos, arcos
e suspensas por cabos, que se subdividem em pênseis e estaiadas.
Esse critério construtivo é definido de acordo com a necessidade de
cada ponte, levando em consideração suas solicitações;
g) quanto ao material da superestrutura: de acordo com o material que a
superestrutura é construída, as pontes podem ser divididas em pontes
de madeira, de alvenaria, de concreto armado, de concreto protendido
e de aço;
h) quanto a posição do tabuleiro – nesse caso, esse critério só se aplica a
pontes em arco devido à posição que o tabuleiro se encontra em
12
relação ao resto da estrutura, podendo ser encontrados na parte
superior, intermediária ou inferior;
i) quanto a mobilidade dos tramos – as pontes podem ser construídas
para se movimentarem de acordo com a necessidade do local, sendo
assim podem ser divididas em ponte basculante de pequeno vão,
levadiça, corrediça e giratória;
j) quanto o tipo estático da superestrutura – podem ser isostáticas ou
hiperestáticas;
k) quanto o tipo construtivo da superestrutura – de acordo com o modo
que a ponte foi construída, podem ser divididas em in loco, pré-
moldada, em balanços sucessivos e em aduelas. Cada uma delas
possui um método diferente na hora de ser executada, de acordo com
a necessidade, disposição da obra, dificuldade de execução, entre
outros fatores.
2.2 CONCRETO ARMADO
O concreto é uma mistura de cimento Portland, agregados, água. Em alguns
casos, podem conter aditivos que melhorem ou modifiquem as propriedades básicas
desse material. Entendem-se como agregados as areias e britas, que são materiais
indispensáveis no preparo do concreto. Essa mistura deve ser dosada
minunciosamente, possuindo diversos traços de acordo com a necessidade de
utilização.
Atualmente, o material mais usado em toda construção é o concreto armado.
Segundo Mehta e Monteiro (2008), estima-se que o consumo de concreto
atualmente seja de onze bilhões de toneladas métricas ao ano. Com o passar dos
anos e o surgimento de novas tecnologias, materiais e sistemas construtivos, o
concreto armado foi tomando espaço entre as construções que antes eram em sua
maioria feitas de pedras e madeira.
As possíveis causas para tamanha utilização se dá a três fatores principais:
resistência à água superior à madeira e o aço, facilidade de execução de estruturas
de variadas formas, baixo custo e facilidade de disponibilidade do material.
Além dos fatores citados anteriormente, o concreto é um material de alta
resistência. Segundo Medeiros, Andrade e Helene (2011), a resistência do concreto
13
depende principalmente da natureza e tipo dos materiais adotados, assim como a
dosagem do concreto e a execução.
Para auxiliar e contribuir com o concreto foi introduzido o aço nas estruturas,
criando o concreto armado. O concreto é um bom material para resistir à
compressão, porém deixa a desejar quando o assunto é tração. Segundo Mehta e
Monteiro (2008), a resistência à tração dele é cerca de 10% da resistência à
compressão. Nesse contexto, as barras de aço são inseridas para resistir a esse
esforço, deixando a estrutura mais segura.
Freitas (2007 apud Gonçalves, 2015) considera que o aço utilizado para
estruturas pode ser classificado em dois grupos principais:
a) aço de dureza natural laminado a quente – são os tipo CA25 e CA50,
esses aços possuem elevações que aumentam a aderência com o
concreto. Por serem laminados a quente, não perdem sua resistência
quando são aquecidos e resfriados em seguida;
b) aço encruado a frio – são os tipo CA60 e são obtidos por tratamento a
frio dos aços comuns. É encruado a frio por torção combinada com
tração. Seu processo de fabricação é praticamente um ensaio de
detecção de defeitos, pois caso haja algum no material, ele se rompe
por ocasião do encruamento.
2.3 PATOLOGIAS EM CONCRETO ARMADO
Devido à baixa resistência mecânica dos materiais nas construções antigas, a
estrutura era submetida a baixas tensões de serviço e fatores de segurança mais
elevados, o que as tornava mais resistentes à degradação. Com o avanço
tecnológico, os materiais chegaram a resistências maiores, as construções
passaram a utilizar tensões de serviço mais elevadas e gerarem estruturas mais
esbeltas, porém isso tornou as estruturas mais vulneráveis a agentes agressivos
(ANDRADE, J., 1997).
Conforme houve um grande crescimento populacional, a construção civil se
viu obrigada a apresentar de forma rápida materiais e performances que
atendessem esse desenvolvimento. De acordo com Souza e Ripper (1998), apesar
do avanço obtido, a tecnologia não foi suficiente para alcançar esse crescimento
acelerado da construção civil, aceitando de forma implícita maiores riscos
14
estruturais, ainda que esses fossem limitados. Somam-se a isso as falhas
involuntárias e a falta de fiscalização e temos a chamada deterioração estrutural.
O concreto armado, apesar da sua elevada resistência, está sujeito a
alterações nas suas propriedades devido o contato dos seus constituintes com os
agentes externos. Essas alterações podem comprometer o desempenho da
estrutura, ameaçando sua estabilidade e/ou estética. Nesse contexto que o conceito
de patologia é inserido, e pode ser entendido como a área da engenharia que estuda
as enfermidades da construção, buscando suas formas de manifestação, causas e
consequências.
Com exceção de catástrofes naturais, os problemas patológicos têm suas
origens em uma das atividades do processo de construção, que podem ser divididos
em três etapas básicas: concepção, execução e utilização.
Dessa forma, podemos dividir as principais falhas em duas nomenclaturas:
a) falhas congênitas, que são as falhas decorrentes da concepção do
projeto, devido ao estudo inadequado das condições do ambiente onde
o projeto será inserido ou até mesmo o descumprimento de normas
vigentes;
b) falhas adquiridas durante a construção, que são as falhas
caracterizadas pelo uso de materiais de desempenho inferior aos
especificados em projeto, a adoção de métodos construtivos
inadequados e também a falta de entrosamento entre os responsáveis
por qualquer empreendimento que são os projetistas, construtoras,
fornecedores, fiscalização e proprietário.
De acordo com Souza e Ripper (1998), também podemos classificar os
problemas patológicos em simples e complexos:
a) problemas patológicos simples, denominados aqueles cujo diagnóstico
e prevenção são evidentes, permitem uma padronização e podem ser
resolvidos sem que o profissional responsável tenha conhecimentos
altamente especializados;
b) problemas patológicos complexos, que são aqueles que exigem uma
análise individualizada e detalhada, não permitem mecanismos de
inspeção convencionais nem esquemas rotineiros de manutenção,
15
sendo necessários conhecimentos elevados de patologia das
estruturas.
Dessa forma, ao falarmos de patologias estamos nos referindo às “doenças”
das construções. Nesse caso, as manifestações patológicas podem ser entendidas
como os sintomas da doença.
2.3.1 Causas
Antes de sugerir reparos para as manifestações patológicas, é necessário
entender quais suas causas e origens, para que não sejam tomadas decisões
incoerentes. Segundo Souza e Ripper (1998), essas causas podem ser intrínsecas e
extrínsecas.
As causas intrínsecas são definidas como as que estão ligadas à própria
estrutura, ou seja, nos seus materiais e peças estruturais, podendo ser também
decorrentes de falhas humanas e por ações externas e acidentes.
As falhas humanas podem ser cometidas na fase de execução e de utilização.
Na fase de construção da estrutura, os defeitos podem ser decorrentes, em sua
grande maioria, da falta de qualificação da mão de obra pra execução do serviço.
Desse fator surgem deficiências na concretagem, má execução de formas e
armaduras e falta de um controle de qualidade. Já as falhas humanas provenientes
da utilização estão diretamente ligadas à falta de manutenção da estrutura.
As causas naturais entendem-se como aquelas que dependem do próprio
material. Nelas podemos citar a porosidade do concreto e consequentemente sua
permeabilidade, as reações químicas como reação álcalis-agregado, reação álcalis-
dolomita e reações entre rochas caulinizadas, entre diversos outros fatores.
Têm-se ainda as causas físicas e biológicas. A primeira é a resultado dos
agentes da natureza atuando durante o período de cura do concreto, como variação
de temperatura, vento, chuva, etc. Já a segunda resulta de ataques químicos de
ácidos gerados por fatores como o crescimento de raízes nas fissuras da estrutura,
ou fungos.
As causas extrínsecas são as que independem da estrutura em si, ou da
composição do concreto, sendo então os fatores que atacam a estrutura de fora pra
dentro.
16
As falhas humanas durante a concepção do projeto é um dos fatores que
causam anomalias. Na concepção do projeto, apesar de óbvio, ainda é possível
encontrar problemas patológicos decorrentes da incorreta observação das condições
básicas de equilíbrio e das leis da estática. Também devem ser analisadas
corretamente as cargas que a estrutura está imposta, e o correto detalhamento da
estrutura.
Já as falhas humanas durante a utilização da estrutura são resultados diretos
da atuação do homem. Podem ser realizadas alterações na estrutura, sobrecargas
elevadas e alterações das condições do terreno. Nesses casos, trazem muito mais
perigo a segurança.
As ações mecânicas são provenientes de choques de veículos, recalque de
fundações e ações totalmente imprevisíveis. Os choques de veículos, ou até mesmo
embarcações, em pilares de pontes e viadutos podem não só desgastar a superfície,
mas também destruir peças estruturais inteiras. Além disso, apesar de toda
edificação estar sujeita a deslocamentos verticais até que o equilíbrio entre o
carregamento aplicado e o solo seja atingido, alguns cálculos mal concebidos levam
a recalques significativos entre os apoios, causando trincas nas estruturas e
alvenarias.
Os acidentes vêm de ações imprevisíveis que uma estrutura pode ser
submetida, em intensidade ou ocorrência. Podem ser exemplificados como
incêndios, sismos, inundações, etc.
As principais ações físicas que podem agredir a estrutura de concreto são as
variações de temperatura, os movimentos que ocorrem entre materiais com
diferentes coeficientes de dilatação térmica, a incidência direta do sol e a ação da
água nas suas diversas formas.
As solicitações químicas são normalmente as causas mais comuns de
deterioração nas indústrias, pontes e viadutos. As principais ações químicas
responsáveis pelas agressões às estruturas já foram citadas nas causas intrínsecas,
porém quando são consideradas causas extrínsecas devem ser entendidas como
agindo durante a vida útil da peça. Entre esses agentes agressivos estão o ar e
gases, águas agressivas, reações com ácidos e sais e sulfatos.
Por fim, têm-se as ações biológicas, que atuam de forma significativa como
agente agressivo em pontes. Isso porque elas são caracterizadas como as
vegetações que crescem nas pequenas falhas de concretagem e a presença de
17
organismos e microrganismos em certas partes da estrutura. Podemos citar também
os cupins que se alojam em eletrodutos e formigas que afofam a terra sob
fundações superficiais.
2.3.2 Tipos de manifestações patológicas
2.3.2.1 Fissuração
As fissuras são aberturas na superfície do concreto que permitem a entrada
de agentes agressivos no interior da estrutura. Ela está entre as manifestações
patológicas mais comuns de serem encontradas e também as que mais chamam
atenção dos leigos devido ao seu aspecto estético desagradável.
Alves (1979 apud Santos e Silva, 2017) descreve que as principais causas
das fissuras podem ser listadas como erro de projeto ou execução, variação de
temperatura, retração, expansão e cura deficiente do concreto, recalques
diferenciais e ataques químicos.
As fissuras podem se apresentar em diferentes posições na estrutura de
acordo com suas causas e possuem diferentes nomenclaturas de acordo com as
dimensões que apresentam, de acordo com a Oliveira (2012). São elas:
Figura 2 - Anomalias de acordo com abertura.
Fonte: adaptado de Oliveira (2012).
Souza e Ripper (1998) admitem que as fissuras também podem ser divididas
de acordo com a sua atividade, em ativas ou passivas. As fissuras são ativas
quando a causa de seu aparecimento ainda atua sobre a estrutura e elas tendem a
aumentar de tamanho. Já as fissuras passivas são as que não apresentam
modificações no decorrer do tempo, já que sua causa já não tenha efeito sobre a
estrutura.
Em estudo realizado por Molin (1988), foram listadas as principais causas de
fissuras e sua ocorrência. A figura 3 mostra o gráfico gerado a partir dessa pesquisa.
18
Figura 3 - Causas e incidência de fissuras em concreto armado.
Fonte: adaptado de Molin (1988).
Entre as diversas causas do aparecimento de fissuras, é possível listar a
deficiências de projeto e execução, contração plástica do concreto, retração do
concreto, reação álcalis-agregado, ações aplicadas, entre outros.
Nos projetos, as fissuras são geradas devido a estruturas mal projetadas e
que não atendem a todos os esforços da estrutura. Em alguns casos, o mau projeto
resulta na má execução, podendo gerar mais solicitações e agravando o caso.
A contração plástica são causadas por movimentação higroscópica e ocorre
ainda no processo de pega do concreto, pois o excesso de água colocado na
mistura evapora de forma rápida e dessa forma, a massa se contrai
irreversivelmente. Segundo Souza e Ripper (1998), esse é um fissuramento de
ocorrência mais comum em lajes e paredes, e elas são paralelas entre si, fazendo
ângulos de aproximadamente 45º com os cantos.
A retração do concreto é causada por variação de temperaturas. De acordo
com Thomaz (1989), os elementos de uma construção estão sujeitos a variações de
temperatura sazonais e diárias e isso resulta numa variação dimensional dos
materiais, sejam eles movimentos de dilatação ou contração. As fissuras por
variação térmica também podem surgir pelos diferentes coeficientes de dilatação
térmicos existentes em uma mesma construção.
Ainda analisando o gráfico apresentado por Molin (1988), percebe-se que a
sobrecarga é um fator relevante para o surgimento de fissuras. A sobrecarga causa
diversos tipos de ações na estrutura, e uma delas é a compressão. Conforme
19
Evangelho (2013), as fissuras que surgem por efeito da compressão são diagonais à
aplicação da força.
Como já mencionado, o concreto é resistente à compressão, porém não à
tração, e por isso é utilizado com o aço. Quando há uma taxa muito alta de
armadura, fazendo com que a estrutura fique super-armada, o concreto pode sim
sofrer esmagamento e romper por compressão (FERNANDES, 2006).
O esmagamento do concreto é iniciado quando a tensão de compressão é
superior à resistência, gerando um processo de dano irreversível (EVANGELHO,
2013).
Mehta e Monteiro (2008) também relacionam as fissuras com as reações
álcalis-agregados. Essas são reações químicas que envolvem os álcalis e íons
hidroxila da pasta de cimento com minerais silicosos reativos presentes nos
agregados. Essa causa pode ser mais encontrada em lugares úmidos, como
barragens e pilares de pontes.
Segundo Souza e Ripper (1998), a reação álcalis-agregado dá origem à
fissura devido à formação de um gel que absorve água e se expande na massa do
concreto, gerando tensões de tração.
2.3.2.2 Desagregação e desplacamento do concreto
Para Vitório (2002), desagregação é a separação de partes do concreto,
provocada pela expansão ou dilatação das armaduras e também pelo aumento de
volume de concreto quando absorve água. O desplacamento se diferencia apenas
na forma como o concreto é segregado, pois nesse caso ele se separa em placas
inteiras.
Esse fenômeno pode acontecer por diversas causas, como: fissuração,
movimentação de formas, corrosão do concreto, calcinação do concreto e ataques
biológicos. E o seu processo faz com que a estrutura perca sua capacidade de
absorver cargas, visto que o concreto perdeu sua capacidade de permanecer
homogêneo.
2.3.2.3 Carbonatação do concreto
Esse tipo de patologia é resultado da ação dissolvente do dióxido de carbono
(CO2), presente no ar atmosférico, com o cimento hidratado presente nas estruturas,
formando o carbonato de cálcio e reduzindo o pH do concreto a valores inferiores a
9, segundo Santos (2014).
20
O dióxido de carbono penetra nas estruturas de concreto, gerando reações
químicas que diminuem a alcalinidade do concreto, diminuindo também o pH do
material a valores próximos de 8. Esse processo reduz a estabilidade da proteção do
concreto para as armaduras, levando elas ao estado de corrosão (MEIRA, 2017).
2.3.2.4 Perda de aderência
A perda de aderência pode ocorrer entre concretos de idades diferentes,
resultado de duas concretagens. Isso ocorre quando a superfície do concreto mais
velho não está devidamente preparada para receber o novo, estando suja ou com
uma grande diferença de tempo.
Também pode acontecer entre as barras de aço da estrutura e o concreto.
Esse efeito acontece devido a corrosão do aço que gera expansão, corrosão do
concreto, assentamento plástico do concreto e até mesmo devido a aplicação de
inibidores de corrosão nas armaduras, que gera perda parcial de aderência.
2.3.2.5 Desgaste do concreto
Essa manifestação patológica pode ocorrer por abrasão, erosão e cavitação
(TRINDADE, 2015).
A abrasão ocorre devido ao arraste, fricção ou atrito causado por diversos
fatores como água, passagem de pessoas, e até mesmo pelo ar. A erosão se dá
pela movimentação do ar ou da água, que desgastam a superfície do concreto
devido às partículas que carregam. E a cavitação é o processo do impacto de bolhas
de vapor geradas devido à alta velocidade da água, que implodem devido às regiões
de maior pressão.
2.3.2.6 Corrosão das armaduras
O concreto armado exerce duas importantes funções sobre o aço, que são o
cobrimento que age como barreira física e o ambiente alcalino ideal para proteção
do aço (ANDRADE, C., 1992).
Helene (1986) define a corrosão como a interação destrutiva de um material
com o meio ambiente. Neste caso, do aço da peça com o ambiente externo que a
estrutura está localizada. Por isso é necessária a avaliação da agressividade do
ambiente de acordo com a NBR 6118, para adoção de um cobrimento suficiente
para proteção física e química da armadura.
A corrosão pode ser dividida em química e eletroquímica. A eletroquímica é a
que ocorre no concreto armado, e entende-se como o ataque de natureza
eletroquímica, que ocorre em meio aquoso. Helene (1986) afirma também que é
21
necessário que existam agentes agressivos que acelerem o processo de corrosão,
como os íons sulfetos, íons cloretos, dióxido de carbono, nitritos, etc.
Apesar disso, o concreto é um material poroso e permite a penetração de
agentes agressivos para o interior da estrutura. Esses agentes agem sobre o aço
que acarretam na sua oxidação e, consequentemente, geram a corrosão da
armadura. Esse processo faz com que a armadura aumente cerca de oito vezes o
seu tamanho.
A corrosão das armaduras acontece após a sua despassivação. Tuutti (apud
Cascudo, 1997) explica esse processo como sendo o “período de iniciação”, que
corresponde ao período em que a estrutura foi construída, até os agentes agressivos
vencerem o cobrimento do concreto e retirar a sua proteção química, composta por
óxido de ferro.
A passivação da armadura é compreendida como a proteção química do aço,
e se origina em função do pH alto do concreto. Segundo Meira (2017), esse filme
passivo é formado a partir de uma rápida reação eletroquímica, que gera produtos
de corrosão em uma camada submicroscópica aderida ao aço.
2.3.2.7 Corrosão do concreto
Esse tipo de fenômeno também ocorre no concreto, apesar de ser um
material resistente. Assim como na corrosão das armaduras, o concreto também
está sujeito a agentes agressivos como ácidos, sulfatos, cloros, nitratos, nitritos e
algumas vezes até mesmo a água da chuva que se acumula na sua estrutura. Em
conformidade com Souza e Ripper (1998), a corrosão do concreto pode se
apresentar em forma de lixiviação, corrosão química por reação iônica e corrosão
por expansão.
2.3.2.8 Lixiviação e eflorescência
A lixiviação é uma manifestação patológica de origem química que consiste
na presença de água sob gravidade no elemento estrutural. Mehta e Monteiro (2008)
relatam que a água corrente ou de infiltração sob pressão promove o arraste do
hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) presente na pasta de cimento para a sua superfície.
Isso reduz o pH do concreto e, quando entram em contato com o gás carbônico
(CO2), surgem as manchas esbranquiçadas denominadas eflorescência.
No entanto, os autores afirmam que a água de amassamento também pode
ser responsável pelo surgimento das eflorescências.
22
De acordo com Vasconcelos (2018), esse fenômeno, além de reduzir o pH do
concreto, torna-o mais poroso devido ao arraste de material, e deixa a armadura
mais vulnerável à corrosão devido a facilidade de entrada dos agentes agressivos.
2.3.2.9 Bolor
Essa manifestação possui origem biológica e advém do desenvolvimento de
microrganismos do grupo de fungos, que necessitam de umidade elevada para se
desenvolverem, de acordo com Molin (1988). O processo de proliferação é
acelerado caso haja ausência de iluminação e ventilação natural, além da presença
de um agente causador da umidade.
Verly (2015) relata que esse processo gera um biofilme que se manifesta
através das manchas esverdeadas que impactam diretamente na estética. Além
disso, pode promover a desagregação do concreto.
2.4 DURABILIDADE E VIDA ÚTIL
A associação dos termos durabilidade e vida útil é inevitável quando se trata
de edificações. Segundo Helene (2011 apud Gonçalves, 2015), durabilidade é “o
resultado da interação entre a estrutura de concreto, o ambiente e as condições de
uso, de operação e de manutenção.” Também define vida útil como o tempo que a
estrutura conserva seus índices mínimos de resistência e funcionalidade, sendo o
prolongamento desse tempo um dos desejos de quem trabalha nesse ramo.
Atualmente temos no Brasil em vigência a norma de desempenho, criada pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 15575. Essa norma é
dividida em seis partes, trazendo diferentes requisitos para cada sistema da
edificação, inclusive o estrutural. Apesar de se tratar de uma norma voltada para
edificações habitacionais, ela traz conceitos importantes sobre durabilidade, vida útil
e desempenho:
a) desempenho – comportamento em uso de uma edificação e de seus
sistemas;
b) durabilidade – capacidade da edificação ou de seus sistemas de
desempenhar suas funções, ao longo do tempo e sob condições de
uso e manutenção especificadas;
c) vida útil – período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se
prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos,
23
considerando a periodicidade e correta execução dos processos de
manutenção especificados.
A ABNT NBR 6118 também conceitua o termo durabilidade como “a
capacidade de a estrutura resistir às influências ambientais previstas e definidas em
conjunto pelo autor do projeto estrutural e o contratante, no início dos trabalhos de
elaboração do projeto”.
“O ponto em que cada estrutura, em função da deterioração, atinge níveis de
desempenho insatisfatórios varia de acordo com o tipo de estrutura.” (SOUZA;
RIPPER, 1998). Segundo os autores, algumas estruturas se deterioram mesmo
realizando o programa de manutenção sugerido.
Dessa forma, fica claro que a durabilidade está ligada não apenas a
resistência mecânica das estruturas, mas sim a uma série de decisões, materiais
aplicados e medidas adotadas durante e após a construção, que podem aumentar
ou diminuir sua vida útil.
Então, considera-se que um material chegou ao fim da sua vida útil quando
suas propriedades se deterioram a tal ponto que é inseguro ou antieconômica a sua
utilização, afirma Andrade, J. (1997).
O concreto sempre foi considerado um material extremamente durável, e por
isso, pouca atenção era dada às estruturas feitas desses materiais. Portanto, pode-
se observar as consequências desse descaso com as inúmeras manifestações
patológicas que são encontradas nas estruturas.
A ação preventiva tem uma grande importância para que se possa monitorar
as condições da obra e evitar, através da manutenção, que os problemas existentes
evoluam e a vida útil das estruturas sejam reduzidas.
2.5 MANUTENÇÃO
Manutenção é o termo usado para o conjunto de ações que irão manter a
estrutura em condições de operação satisfatória de maneira prevista e com
orçamentos definidos. Essas ações visam trazer melhores condições e maior
segurança às obras, sendo indicada a realização de um plano de manutenção para
qualquer obra.
Segundo Müller (2004), são definidos dois grupos de estratégias de
manutenção:
24
a) casos em que a estrutura terá um só responsável durante toda a sua
vida, o que geralmente acontece em grandes estruturas;
b) casos em que os responsáveis serão vários, situação mais comum,
como em edificações residenciais.
É evidente que na recuperação das manifestações patológicas, quanto mais
tarde forem executadas, maior será o custo e a dificuldade. Essa afirmação pode ser
demonstrada pela “lei de Sitter” ou “lei dos cincos”, que mostras que esses custos de
intervenção crescem em progressão geométrica e dividem as etapas em projeto,
execução, manutenção preventiva e manutenção corretiva.
De acordo com Sitter (apud Souza e Ripper, 1998), uma medida tomada para
o aumento da durabilidade da estrutura na fase de projeto teria o custo de número 1.
Se uma medida fosse tomada já na fase de execução, teria o custo de número 5 em
relação à fase de projeto. Da mesma forma na fase de manutenção preventiva, que
teria custo de 25. E na fase de manutenção corretiva, que teria custo de 125 em
relação ao projeto.
Souza e Ripper (1998) dividem os tipos de manutenção em:
a) manutenção estratégica, que é toda manutenção planejada, que tem
características preventivas e que visa ser acompanhada por inspeções
periódicas, em espaços regulares de tempo. Inclui também
programação de eventuais intervenções corretivas, desde que sejam
definidos ritmos e formas de procedimento;
b) manutenção esporádica, que acontece de acordo com a necessidade
de determinada atividade corretiva ou de reforço, não estando em
nenhum plano de ação predeterminado.
Há uma falta de cultura de manutenção no Brasil, cita Vitório (2002),
principalmente da preventiva, e isso fez com que o setor responsável pelas obras
viárias do país se preocupasse apenas com a construção de obras, sem definir
políticas e estratégias para conservação das mesmas. Esse descuido trouxe riscos
de segurança e funcionalidade às pontes do país, que apresentam cada vez mais
manifestações patológicas em sua estrutura.
25
2.6 METODOLOGIA GDE/UNB
2.6.1 Origem
A metodologia GDE/UnB é uma forma de inspecionar estruturas de concreto
armado proposto no Programa de Pós-graduação em Estruturas e Construção Civil
da Universidade de Brasilia – PECC/UnB, atribuindo valores às anomalias
encontradas para avaliação do estado de conservação das estruturas. Essa
metodologia fornece, como resultado de uma análise de dados coletadas das
inspeções visuais realizadas em campo um, número que pode variar de 1 a 282,8.
Ela foi desenvolvida por Castro em 1994 e aperfeiçoada por diversos autores
dentro do programa proposto pela universidade, a partir de aplicação da pesquisa
realizada inicialmente. Lopes (1998), Boldo (2002), Fonseca (2007) e Euqueres
(2011) foram alguns deles.
Segundo Verly (2015), o estudo se iniciou com Klein et. al em 1991, onde
foram inspecionadas onze Obras de Arte Especiais na região de Porto Alegre-RS,
com o intuito de evidenciar os problemas das estruturas, sistematizar o processo de
inspeção e classificar as estruturas de acordo com o grau de risco dos problemas
encontrados.
A partir disso, Castro (1994) adaptou a metodologia para estruturas diversas
transformando-a na metodologia GDE/UnB aplicando-a a duas edificações de
ocupações diferentes. Ele utilizou um documento denominado Caderno de Inspeção,
que servia como auxílio para a inspeção, mais tarde ele foi atualizado por Boldo
(2002) e denominado de Roteiro de Inspeção para Estruturas de Concreto.
Posteriormente Lopes (1998) aplicou a metodologia a seis edificações
comerciais do Banco do Brasil, Boldo (2002) em quarenta edificações do Exército
Brasileiro, atualizando também o documento para auxílio e denominando-o de
Roteiro de Inspeção para Estruturas de Concreto, e Fonseca (2007) no Instituto
Central de Ciências da UnB.
Foi em 2011 que a metodologia teve sua primeira aplicação em Obras de Arte
Especiais por Euqueres. Foram analisadas um número de onze pontes escolhidas
de forma aleatória no estado de Goiás. Ela também modificou o documento de
referência e o nomeou Roteiro de Inspeção para Estruturas e Pontes de Concreto
Armado.
26
2.6.2 Formulação
A metodologia GDE/UnB é um conjunto de ações realizadas em campo e em
escritório, que levam a um valor final que determina o grau de deterioração da
estrutura e lhe atribui um tempo necessário para intervenção. As etapas de campo
são limitadas à atribuição dos valores para os Fatores de intensidade do dano (Fi) e
para os Fatores de ponderação de um dano (FP). O fluxograma a seguir mostra
como são divididas a etapas da metodologia (figura 4).
Figura 4 - Fluxograma para avaliação quantitativa.
Fonte: Castro (1994).
Como mostra a figura, inicialmente é feita a divisão da estrutura em famílias
de elementos típicos. Nessa etapa, os elementos são agrupados de acordo com
suas características peculiares e com sua função estrutural no conjunto (VERLY,
27
2015). O fato de estarem em uma mesma família faz com que os elementos sejam
tratados de forma igualitária.
A esses elementos são atribuídos Fatores de relevância estrutural (Fr), que
tem como objetivo considerar a importância de uma família no comportamento e no
desempenho da estrutura estudada. Euqueres (2011) adaptou a planilha para ser
utilizada em pontes e dividiu as famílias de acordo com a tabela 1.
Tabela 1 - Fatores de relevância estrutural.
Fonte: Euqueres (2011)
Em seguida é definido o Fator de ponderação do dano (Fp) para cada família
adotada. De acordo com Castro (1994), o Fp quantifica a importância de um
determinado dano em relação às condições gerais de segurança, funcionalidade e
estética dos elementos de uma determinada família. Por isso, é possível que uma
mesma manifestação tenha valores de Fp diferentes por estarem em famílias de
elementos distintas. A figura 5 exemplifica o sistema adotado para indicar os Fatores
de ponderação do dano para a família dos pilares de acordo com Euqueres.
Figura 5 - Modelo de ficha de inspeção para pilares.
Fonte: Euqueres (2011).
28
Como pode ser observado, apenas as fissuras só podem ser preenchidas no
ato da inspeção de acordo com a figura 6. Isso se dá devido às fissuras poderem se
encontrar no estado plástico ou endurecido.
Figura 6 - Fator de ponderação de fissuras (Fp).
Fonte: Euqueres (2011).
29
O Fator de intensidade do dano (Fi) classifica o nível de gravidade e a
evolução de uma manifestação patológica em cada elemento, conforme exemplo da
tabela 2.
Tabela 2 - Exemplo de fator de intensidade (Fi).
Fonte: Fonseca (2007 apud Verly, 2015).
Seguindo o fluxograma, deve ser calculado o Grau de dano (D) para cada
anomalia encontrada no elemento estrutural. Castro (1994) formulou o cálculo
baseado em estudos realizados por Tuutti (1982), onde o autor considerou que a
deterioração ocorreria através do tempo. Ao invés disso, Castro (1994) calculou o
grau de dano em função do fator de intensidade do dano e do fator de ponderação
do dano.
A partir disso, foram geradas duas equações para encontrar o valor de D,
indicadas nas equações 1 e 2. A primeira obtém o grau de dano para fatores de
intensidade com valores de até 2,0 e a segunda para valores acima de 3,0.
D = 0,8 × Fi × Fp (1)
D = (12 × Fi − 28) × Fp (2)
Em seguida, é calculado o Grau de deterioração do elemento (Gde) do grau
de dano encontrado no elemento, como mostra a equação 3. O Gde é uma análise
dos efeitos de todas as anomalias encontradas no elemento, onde Di é o grau de
dano de índice “i”, Dmáx é o maior grau de dano encontrado no elemento e n é o
número de danos encontrados no elemento.
Gde = Dmáx [1 +(∑ Di
ni=1 )−Dmáx
∑ Dini=1
] (3)
De acordo com o Gde calculado, são propostas as ações a serem adotadas
em cada elemento conforme a tabela 3 (FONSECA, 2007).
30
Tabela 3 - Classificação dos níveis de deterioração do elemento.
Fonte: Euqueres (2011).
Posteriormente, é calculado o Grau de deterioração de uma família de
elementos (Gdf) de acordo com a equação 4. Esse parâmetro é obtido através dos
graus de deterioração do elemento maiores que zero, e tem por objetivo avaliar os
danos por famílias.
Gdf = Gde,máx√1 +(∑ Gde,i
mi=1 )−Gde,máx
∑ Gde,imi=1
(4)
Por fim, é obtido o Grau de deterioração da estrutura (Gd) de acordo com a
equação 5. Ele é calculado através dos valores de Gdf e do fator de relevância
estrutural da família.
Gd =∑ (Fr,i×Gdf,i)k
i=1
∑ Fr,iki=1
(5)
Assim como no Gde, são propostas classificações em uma escala de
deterioração para a estrutura de acordo com a valor encontrado em Gd e medidas a
serem tomadas, conforme a tabela 4.
31
Tabela 4 - Classificação dos níveis de deterioração da estrutura.
Fonte: Euqueres (2011).
32
3 METODOLOGIA
A pesquisa a seguir foi classificada como pesquisa aplicada, devido à
utilização de pesquisas já realizadas a respeito da metodologia GDE/UnB, para
alcançar os objetivos definidos inicialmente. Foi de natureza quali-quantitativa, pois
unirá a descrição qualitativa do fenômeno, buscando explicar suas origens e
consequências, com a análise quantitativa dos dados coletados, gerando estatísticas
a respeito das manifestações patológicas encontradas.
Seu objetivo metodológico foi explicativo, que segundo Gil (2008), tem como
objetivo a identificação dos fatores que contribuem para o surgimento de um
fenômeno, neste caso as anomalias na estrutura. E o procedimento metodológico
adotado foi o estudo de caso, visto que o fenômeno observado na realidade será
analisado profundamente, permitindo um amplo conhecimento a respeito do
assunto, tentando explicar como e por que ele ocorre.
3.1 OBJETO DE ESTUDO
A cidade de Palmas é a capital do Tocantins, estado mais novo do Brasil,
fundado após separação do estado de Goiás que antes abrangia toda a área que
hoje é o Tocantins. A capital é uma das cidades planejadas do Brasil, projetada
pelos arquitetos Luis Fernando Cruvinel Teixeira e Walfredo Antunes de Oliveira
Filho.
Figura 7 - Localização do Tocantins e Palmas.
Fonte: Wikipedia.
33
O objeto de estudo deste trabalho é uma ponte de concreto armado,
localizada na Avenida Joaquim Teotônio Segurado, Quadra 302 Sul, sentido Sul-
Norte, que sobrepõe o Córrego Brejo Comprido, em Palmas – TO. Na figura 8 é
possível ver o local da ponte circulado em vermelho, e alguns pontos de referência
para melhor localização.
Figura 8 - Localização da ponte em Palmas-TO.
Fonte: Google Earth (2019).
Em históricos sobre a cidade, estudos apontam que a ponte foi construída por
volta de 1993. Em artigo, Araújo et al. (2013) afirma que o córrego Brejo Comprido é
interceptado por quatro avenidas, entre elas a Avenida Joaquim Teotônio Segurado,
que foi construída em 1993.
34
Ela é composta de nove pilares de seção circular de aproximadamente 1,25
metros de diâmetro e 2,20 metros de altura, nove vigas transversinas de dimensões
15,70x0,40x1,70 metros, sendo respectivamente comprimento, largura e altura, e
quatro vigas longarinas de 60x0,40x1,70 metros, seguindo a mesma sequência. A
estrutura provavelmente é armada ou protendida, não sendo possível a observação
da fundação, pois este elemento está aterrado.
A ponte estudada é asfaltada e possui aproximadamente sessenta metros de
comprimento e quatorze metros de largura, sendo divididas em quatro faixas de três
metros e meio, guarda-rodas de concreto em ambos os lados, passarela e guarda-
corpo na lateral direita para pedestres, como mostra a figura 9. Sua faixa localizada
mais à esquerda é destinada para ciclistas aos finais de semanas e feriados,
seguindo o padrão em toda a avenida.
Figura 9 - Ponte em estudo.
Fonte: Google Earth (2019).
Está localizada na principal avenida da cidade, na região central, próxima a
comércios, residências e pontos de cultura. Por isso, a avenida tem alto tráfego de
veículos leves durante o dia, principalmente em horários de pico, que são entre sete
e nove horas da manhã, onze e meia a duas e meia da tarde e de cinco a sete horas
da noite.
3.2 PESQUISAS
O trabalho foi iniciado com pesquisas em bibliografias existentes e confiáveis
como livros, artigos, teses de mestrado e revistas sobre as patologias que podem
surgir em estruturas de concreto armado, suas causas e métodos de reparo. Nessa
35
etapa, o livro Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto Armado,
escrito em 1998 pelos engenheiros civis Vicente Custódio Moreira de Souza e
Thomas Ripper, foi muito utilizado como referência de pesquisa devido a sua
abrangência sobre o assunto.
Também foram realizados estudos bibliográficos sobre as pontes do Brasil,
investigando se há um padrão para o aparecimento de manifestações patológicas e
qual delas possuem maior ocorrência em todo o país. Foi definido um número de
dez pontes, escolhendo duas pontes para cada região do Brasil, que sejam de
concreto armado, possuam características construtivas semelhantes e possam ser
comparadas entre si.
Com essas pesquisas realizadas, foi criado um gráfico indicando quais as
patologias mais foram encontradas nas pontes de concreto armado nas diferentes
cidades e também qual das pontes pesquisadas encontrava-se em pior estado.
Dessa forma foi possível buscar possíveis causas para que essas anomalias fossem
geradas.
Após realização das pesquisas, a Secretaria de Infraestrutura da cidade de
Palmas-TO foi contatada a fim de buscar acesso aos dados da ponte em estudo,
assim como seus projetos e memoriais. Porém, nenhum desses documentos foram
cedidos para realização do trabalho.
3.3 INSPEÇÃO
Todo o estudo realizado foi aplicado na ponte citada anteriormente, sendo
inspecionada em busca de anomalias que possam ou não comprometer todo seu
funcionamento e segurança.
No ato da inspeção foram necessários equipamentos como trena, paquímetro
para medição da espessura das fissuras e cobrimentos, câmera fotográfica,
prancheta, papel e caneta para anotações e o manual de aplicação da metodologia
GDE/UnB a Obras de Arte Especiais.
Como o projeto original não foi adquirido, foi realizada uma primeira visita à
ponte, onde foram tiradas as medidas necessárias para a elaboração do croqui.
Levando em consideração seus elementos visíveis, dimensões e formas. A planta
baixa da ponte foi realizada no software AutoCAD e em seguida seu 3D no software
SketchUP.
36
A inspeção à ponte foi realizada depois de realizadas as pesquisas sobre as
formas de manifestações e também a elaboração do projeto. Essa inspeção foi
dividida em duas visitas, para que houvesse tempo de ser realizada uma análise de
forma mais detalhada da estrutura.
O manual de aplicação da metodologia GDE/UnB a Obras de Arte Especiais
já traz as manifestações patológicas mais frequentes em pontes de concreto,
conceituando-as de forma precisa. Isso é feito em busca da padronização das
inspeções e também dos termos utilizados, pois assim há resultados mais
consistentes e menor subjetividade na quantificação dos danos.
No ato da inspeção, foram preenchidas as fichas presentes no manual para
atribuição dos fatores de ponderação e intensidade e realizados registros
fotográficos para inserção no trabalho.
Após a realização da inspeção, os dados coletados de Fator de ponderação
do dano e Fator de intensidade do dano foram transferidos para planilhas no
software Excel para auxiliar na realização dos cálculos necessários. Nessas
planilhas foram inseridas as famílias, os elementos em análise, o dano encontrado,
os valores de Fp, Fi e os cálculos para obtenção dos valores do grau de dano
(equação 1 e 2).
A partir disso, foi possível calcular os valores do grau de deterioração do
elemento (equação 3) para todos os elementos em outra planilha, indicar o nível de
deterioração e as ações propostas pela metodologia GDE/UnB.
Após realizados os cálculos para obter valores de Gde, são calculados os
valores do grau de deterioração de uma família de elementos através da equação 4.
Calculados todos os valores para Gdf, foi possível comparar todas as famílias e
identificar qual delas está mais deteriorada e buscar possíveis causas.
Para finalizar, foi realizada a avaliação da estrutura como um todo através do
cálculo do grau de deterioração da estrutura de acordo com a equação 5, que é uma
média ponderada dos valores de Gdf em função dos valores do fator de relevância
estrutural da família.
A partir disso, foi classificado o nível de deterioração da estrutura de acordo
com a tabela indicada na tabela 4 e as ações a serem tomadas em função disso.
37
3.4 MAPEAMENTO DAS ANOMALIAS
Para melhor visualização do objeto de estudo foi realizado um croqui após a
primeira visita. Ele serviu de auxílio para a inspeção, visto que foram nomeados os
elementos estruturais, dividindo-os em pilares, vigas transversinas, vigas longarinas
e lajes. A nomenclatura adotada nesse croqui foi utilizada durante todo o trabalho.
A partir do croqui foi feito um projeto em 3D da ponte no qual foram
localizadas as manifestações patológicas através de desenhos de diferentes cores.
Todos os projetos serão acompanhados de legenda para compreensão dos
símbolos e cores utilizados.
3.5 TRATAMENTO DE DADOS
Nessa etapa, todos os dados coletados foram analisados detalhadamente
com o auxílio das pesquisas já realizadas anteriormente. As manifestações
patológicas encontradas na estrutura foram transferidas para o desenho em 3D
realizado no software ScketchUP da ponte para melhor visualização, sendo elas
separadas por cor de acordo com o tipo.
Com as informações encontradas com a metodologia GDE/UnB, foi possível
analisar através de gráficos qual manifestação patológica foi mais encontrada na
ponte.
A busca pelas causas se iniciou nessa etapa e foi realizada a partir de
bibliografias publicadas sobre o assunto, comparando através dos dados já
coletados e das informações obtidas da Obra de Arte Especial. Da mesma forma
aconteceu com os métodos de reparo que podem ser adotadas de acordo com as
causas encontradas. Nenhuma dessas informações poderá ser afirmada com
certeza, devido à falta de informação e de ensaios mais complexos, sendo indicadas
apenas possibilidades.
Ao final, haverá sido criada uma lista com todas as manifestações patológicas
que foram encontradas, suas possíveis causas e, caso haja, possíveis reparos
estruturais.
38
4. RESULTADOS
4.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM PONTES NO BRASIL
As manifestações patológicas podem ter origem em diferentes fases de uma
obra, sendo elas: projeto, execução e uso. Thomaz (1989) cita uma pesquisa
realizada na Bélgica baseada em 1800 casos de manifestações patológicas, a qual
chegou à conclusão de que 46% (quarenta e seis por cento) delas originavam-se de
falhas de projeto. Segundo Souza e Ripper (1998) isso se dá devido aos erros de
lançamento da estrutura, e isso pode elevar os custos de execução, além de
inviabilizar algumas especificações.
No estudo realizado em dez pontes em diferentes cidades através de artigos
publicados ou dissertações, ficou evidenciado que a manifestação patológica mais
encontrada é a fissura, seguida pela exposição das armaduras, como é evidenciado
no gráfico da figura 10.
Figura 10 – Manifestações patológicas incidentes em pontes no Brasil.
Fonte: Autor (2019).
As fissuras podem ocorrer por diversas causas distintas e por isso seu
diagnóstico exige mais atenção. Thomaz (1989) afirma que podem surgir devido as
tensões provenientes de sobrecargas, movimentação de materiais, componentes ou
da obra como um todo. Para que fosse possível identificar qual a real causa das
fissuras encontradas nessas pontes, seriam necessárias visitas in loco e ensaios
específicos.
39
Essa anomalia, além de várias possíveis causas, pode possuir muitos
prognósticos, evoluindo para outros tipos de manifestações patológicas. Como
exemplo, uma fissura pode ter como causa do mecanismo de formação a corrosão
da armadura da peça, e evoluir para o desplacamento do concreto na área atacada.
Por isso, a Lei de Sitter nos mostra que quanto mais tarde tomarmos decisões para
aumento da durabilidade da estrutura, mais caro será
Souza e Ripper (1998) explicam que a fissuração é o agravamento do
processo de corrosão. No exemplo citado anteriormente, sua origem pode ser o
dimensionamento incorreto do cobrimento da armadura, o que levou a entrada de
agentes agressivos com maior facilidade pelos poros do concreto e a despassivação
da armadura. Com isso, houve o processo de corrosão da armadura, fazendo com
que ela aumentasse oito vezes de tamanho e fizesse pressão no concreto, surgindo
as fissuras paralelas ao aço. Caso esse erro tivesse sido notado ainda na fase de
projeto, seu reparo seria muito mais fácil do que após o término da construção.
Realizando outra análise entre os artigos pesquisados, pode-se notar a
unanimidade na afirmação de que a falta de manutenção nas pontes pesquisadas,
gerou um agravamento do quadro patológico delas. Da mesma forma na ponte do
presente estudo de caso, que o descaso com a manutenção levou ela a um estado
inadmissível.
Também foi possível identificar, entre todas as cidades pesquisadas, qual
mais apresentou anomalias. A cidade com mais tipos diferentes de manifestações
patológicas é Porto Nacional, no Tocantins, como mostra o gráfico da figura 11.
40
Figura 11 – Número de manifestações patológicas por ponte.
Fonte: Autor (2019).
Entre os artigos analisados, Porto Nacional possui 10 das 67 manifestações
patológicas encontradas. Essa ponte foi construída em 1978 e desde então, passou
por poucas manutenções. Sua estrutura, devido à idade e aumento do tráfego, que
hoje é composto por muitos caminhões, não estão de acordo com a nova realidade
que a estrutura está exposta. Esses fatores somados ao descaso que é dado a
manutenções foram causando as anomalias encontradas na estrutura que,
atualmente, está interditada.
Com exceção dos artigos dos estados de Goiás e Paraná, todas as
metodologias contaram apenas com inspeção visual e registros fotográficos, sem
nenhum manual a ser seguido. Ao final listaram somente as manifestações
patológicas encontradas.
O artigo de Goiás utilizou de duas metodologias diferentes: do DNIT
(Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes) e a utilizada na Eslovênia,
pelo Instituto Nacional Esloveno de Construção e Engenharia Civil (ZAG). Ao final,
ele compara as duas e analisa suas vantagens e desvantagens.
O artigo de Paraná utilizou o método Delphi para realização da pesquisa.
Esse método é utilizado para extrair e maximizar as vantagens dos estudos em
grupos de especialistas. Em sua metodologia, ele realiza dez perguntas para cada
especialista e ao final relaciona as respostas.
41
Dentre elas, foi possível retirar análises interessantes como as principais
causas de necessidade de realização de reforço estrutural nas pontes, as patologias
mais frequentes encontradas em Obras de Artes Especiais, recomendações para
realização de reforços estruturais, entre outras.
Com isso, nota-se que os artigos que possuíam metodologias genéricas
apresentaram resultados mais superficiais do que os que utilizaram de algum
método já pré-definido. Os artigos de Goiás e Paraná apresentaram resultados com
maior embasamento teórico.
4.2 DESCRIÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA PONTE DE PALMAS
– TO
Na figura 12 estão apresentadas as nomenclaturas utilizadas para todos os
elementos estruturais durante a pesquisa. Essa identificação não foi alterada e
auxiliou na realização das planilhas da metodologia GDE/UnB.
Figura 12 – Croqui da OAE do estudo de caso.
Fonte: Autor (2019).
Esse croqui foi realizado após a primeira visita à ponte, que teve o intuito de
uma inspeção generalizada da estrutura.
4.2.1 Pilares
Em toda a estrutura analisada, os pilares foram os elementos mais
deteriorados, encontrando-se anomalias principalmente em sua base. Com exceção
dos pilares sete, oito e nove, todos foram classificados pela metodologia em estado
de deterioração crítica, como será visto a seguir.
42
As manifestações patológicas mais encontradas nos pilares foram a
desagregação, o desplacamento do concreto e a corrosão das armaduras,
aparecendo em sete dos nove pilares inspecionados. Em alguns casos, os estribos
da armadura encontravam-se rompidos. Apesar da fissura ser uma manifestação
pouco encontrada na ponte, ela provavelmente antecedeu esses fenômenos mais
encontrados, criando assim uma semelhança com as pontes espalhadas pelo país
que foram estudadas no tópico anterior.
Outra manifestação muito recorrente foram os sinais de esmagamento. De
acordo com a metodologia GDE/UnB, esses sinais se caracterizam pelas fissuras
diagonais ou verticais, podendo evoluir para um intenso lascamento do concreto.
Esse desplacamento excessivo foi visto em praticamente todos os pilares da
estrutura.
Figura 13 - Desgregação, desplacamento do concreto e corrosão das armaduras no pilar 4.
Fonte: Autor (2019).
O pilar mais afetado da estrutura é o pilar seis (P6). Nele foram encontradas
as seguintes anomalias, seguindo os padrões da metodologia GDE/UnB: cobrimento
deficiente, corrosão das armaduras, desagregação, desplacamento, fissuras,
manchas de bolor e sinais de esmagamento. Devido ao grau de intensidade dessas
manifestações, isso gerou um nível de deterioração crítico no elemento. As fotos a
seguir demonstram o estado real do elemento.
43
Figura 14 – Desagregação, desplacamento, cobrimento deficiente e corrosão da armadura do pilar 6.
Fonte: Autor (2019).
Na figura 14, pode-se observar o desplacamento do concreto na lateral
esquerda, a desagregação no centro e nas laterais, e toda a armadura em estado de
corrosão, havendo até perda de seção. Todos esses sinais indicam um
esmagamento por compressão do pilar, provavelmente por cargas excessivas na
estrutura. Também é possível notar que o cobrimento é insuficiente para o tipo de
construção, visto que o ambiente é úmido e consequentemente agressivo às
estruturas.
Figura 15 – Desplacamento do concreto, corrosão das armaduras e fissuras diagonais no pilar 6.
Fonte: Autor (2019).
44
Na figura 15, é possível verificar as mesmas anomalias citadas anteriormente,
e também as fissuras no canto direito da imagem. Segundo a classificação de
fissuras presente no manual de aplicação da metodologia GDE/UnB, elas se
assemelham a compressão em pilares.
Figura 16 - Fissuras no pilar 6.
Fonte: Autor (2019).
Na figura 16 podem-se ver fissuras que estão gerando o desplacamento do
concreto, que pode ser facilmente removido em placas. É perceptível que todas as
anomalias estão em estado avançado, não sendo mais suficiente manutenção
preventiva.
4.2.2 Vigas
As vigas são divididas em principais e secundárias. As vigas principais são as
quatro longarinas, e as secundárias são as nove transversinas. A manifestação
patológica mais encontrada nas vigas foram as infiltrações de água, seguida pela
eflorescência. Uma é o início da outra, então é provável que no futuro surjam mais
eflorescências.
45
Figura 17 - Forte infiltração de água na viga transversina 6 (VT6).
Fonte: Autor (2019).
A figura 17 indica uma das infiltrações encontradas. Nesse caso, é possível
notar que isso foi gerado devido ao dreno instalado na pista, para que houvesse a
drenagem da água da chuva. No entanto, o mau posicionamento e a má
impermeabilização desse dreno fizeram com que a água escorresse pela laje e em
seguida pela viga, transportando também a sujeira do pavimento.
A viga mais afetada foi a viga longarina quatro (VL4), possuindo nível de
deterioração médio e que apresentava falha de concretagem, eflorescência,
infiltração de água e manchas de bolor.
46
Figura 18 - Manifestações patológicas na viga longarina 4 (VL4).
Fonte: Autor (2019).
Na figura 18, é possível enxergar as manchas de bolor em grandes
extensões, a infiltração que vem do tabuleiro superior, e eflorescências. Todas essas
manifestações patológicas tem como origem de mecanismo a água, a diferença está
na sua permanência.
Para ocorrerem as manchas de bolor, é necessário que haja umidade
constante. Isso é fácil de notar na ponte estudada, pois o ambiente é úmido devido
ao córrego que passa embaixo, acrescido de toda a vegetação que está em volta.
Figura 19 - Falhas de concretagem e manchas de bolor na viga longarina 4 (VL4).
Fonte: Autor (2019).
47
Já na figura 19, é possível ver mais de perto as manchas de bolor presentes e
a falha de concretagem no canto inferior da viga. Essa falha gera perda de
resistência nessa região, devido à falta de homogeneidade do material. Além disso,
permite a entrada dos agentes agressivos com mais facilidade, chegando até a
armadura, que é um dos principais problemas.
4.2.3 Lajes
As lajes foram os elementos mais difíceis de serem inspecionados devido à
altura e falta de iluminação. No entanto, praticamente todas elas apresentaram as
mesmas anomalias, que foram infiltrações e eflorescência. Algumas em maior ou
menor quantidade ou acompanhadas de outras manifestações.
Figura 20 - eflorescência e infiltração de água na laje 8 (L8).
Fonte: Autor (2019).
A maior parte das lajes possuía uma configuração semelhante à apresentada
na figura 20: manchas brancas de eflorescência, e manchas mais escuras de
infiltração de água. O prognóstico para ambas as manifestações é o de corrosão da
armadura. Ambos possuem a presença de água, que estão tendo contato com o aço
da estrutura e afetando-o de dentro para fora. As eflorescências podem transportar
mais materiais e causar o acúmulo deles na superfície e causar estalactites.
A laje mais afetada é a dezesseis (L16), que contem cobrimento deficiente,
corrosão de armaduras, eflorescência e infiltração de água.
48
Figura 21 - corrosão de armadura, infiltração de água e eflorescência na laje 16 (L16).
Fonte: Autor (2019).
Na figura 21 nota-se a corrosão no lado direito da laje, que há pouca
exposição de armadura, porém muita mancha. Também se podem ver as manchas
brancas de eflorescência e manchas de infiltração de água. Apesar de parecer que
haja fissuras, são apenas o formato das formas que foram usadas para
concretagem.
4.2.4 Pista de rolamento
Na pista de rolamento, não há muitas degradação para o padrão da
metodologia GDE/UnB. Nela foram encontradas apenas desgaste superficial e
desgaste da sinalização.
49
Figura 22 - Degradação do pavimento na pista de rolamento.
Fonte: Autor (2019).
Pode-se notar o desgaste da superfície do pavimento principalmente nas
laterais e fissuras longitudinais e transversais. Também nota-se o desgaste da
sinalização, que devido ao intenso uso da avenida está desaparecendo.
Na lateral direita é visualizado um afundamento plástico, que é uma
deformação na superfície do asfalto acompanhada de solevamento. Solevamento é
a compensação dessa deformação nas laterais.
4.2.5 Guarda corpo
Há apenas um guarda corpo no lado direito da avenida. O guarda corpo é
misto, composto de concreto e estruturas metálicas. Foram encontradas manchas de
bolor em toda extensão do concreto, assim como manchas de eflorescência.
50
Figura 23 - Manchas de bolor e eflorescência no guarda corpo.
Fonte: Autor (2019).
É possível observar que há um acumulo de material próximo ao guarda corpo,
por isso é presumível que a água da chuva também fica empoçada. Nesse caso, é o
local apropriado para a proliferação de fungos e infiltração de água no concreto.
4.2.6 Guarda rodas
Havia dois guarda rodas na ponte, uma em cada extremidade e ambos
apresentavam anomalias semelhantes. Eles foram recentemente pintados de
branco, por isso não foi possível notar algumas manifestações na parte frontal. No
entanto, na parte de trás ficam evidentes.
O guarda rodas mais degradado foi o guarda rodas da direita (GR1). Nele
foram encontradas corrosão de armadura, desagregação, fissuras mapeadas e
manchas de bolor, como mostram as figuras a seguir.
51
Figura 24 - Fissuras mapeadas no guarda rodas direito.
Fonte: Autor (2019).
Nessa figura, pode-se notar algumas fissuras mapeadas que são inferiores
aos limites de 2mm da NBR 6118, porém apresentam manchas avermelhadas que
podem ser sinais de corrosão da armadura.
Figura 25 - Manchas de bolor no guarda rodas direito.
Fonte: Autor (2019).
Na figura anterior, ficam evidentes as manchas de bolor em toda a extensão
do elemento.
52
4.3 ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
Durante a inspeção baseada na metodologia GDE/UnB na Obra de Arte
Especial, foram encontrados 146 danos na estrutura, divididas em 12 tipos de
anomalias.
Tabela 5 - Manifestações patológicas encontradas na ponte avaliada.
MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA NÚMERO DE REPETIÇÕES
Cobrimento deficiente 8
Corrosão de armaduras 11
Desagregação 8
Desgaste superficial 1
Desgaste da sinalização 1
Desplacamento 7
Eflorescência 35
Falha de concretagem 12
Fissuras 11
Infiltração de água 36
Manchas de bolor 10
Sinais de esmagamento 6
Total 146
Fonte: Autor (2019).
É possível observar na tabela 5 que o dano de maior incidência foi a
infiltração de água, observada em 36 dos 46 elementos estruturais da ponte. Todas
as lajes e, com exceção da VT9, todas as vigas possuíam essa anomalia. Essa
manifestação pode ser observada em manchas de umidade que ainda não haviam
virado bolor ou eflorescência.
Em seguida, as eflorescências foram encontradas em 35 dos elementos
estruturais, sendo eles 21 pilares, 11 vigas, 2 pilares e no guarda corpo. Algumas se
apresentavam apenas na forma de mancha esbranquiçada, enquanto outras
assumiam um aspecto pulverulento mais acentuado, que é o hidróxido de cálcio que
foi lixiviado.
Pode-se perceber que a água é um ponto muito importante para a
conservação da estrutura. Ao juntar todas as manifestações patológicas
provenientes dela, que são as eflorescências, infiltrações e manchas de bolor, têm-
se 55,5% dos danos totais. Ou seja, mais da metade do processo de deterioração da
estrutura poderia ter sido evitado com a utilização de impermeabilizações mais
eficientes ou até mesmo a manutenção ao final de vida útil delas.
53
Os sinais de esmagamento, apesar de serem encontrados em apenas seis
pilares, é extremamente prejudicial à estrutura. Eles foram observados em formas de
fissuras, desplacamento excessivo do concreto, fissuras diagonais e rompimento de
estribos, que indicam o início de uma flambagem do pilar.
Além dos fatores indicados pela metodologia, foi notada muita presença de
cupins nos elementos estruturais. Segundo Souza e Ripper (1998), eles se instalam
em elementos estruturais e podem provocar a diminuição da capacidade de
resistência, ocasionando fissuras.
4.4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA GDE/UnB
Depois de realizadas as inspeções in loco, os dados foram tratados a fim de
que fosse possível chegar aos resultados sugeridos. Para exemplificar como são
obtidos esses números será utilizado o elemento VL1 (viga longarina 1), as demais
tabelas estão localizadas no apêndice A.
Na visita, são divididos os elementos de acordo com as famílias da tabela 1,
presente no item 2.6.2. E então inicia-se a inspeção de cada elemento com o auxílio
das fichas de inspeção que constam no manual (figura 5, item 2.6.2).
Os valores do Fator de ponderação do dano (Fp) já são pré-estabelecidos
pela metodologia, com exceção das fissuras. As fissuras possuem diferentes valores
de Fp de acordo com sua origem.
O Fator de intensidade do dano (Fi) é estabelecido de acordo com a
agressividade do dano, obedecendo aos valores predeterminados pela metodologia,
como mostra a tabela 2, no item 2.6.2.
Figura 26 - Fator de intensidade dos danos adotados para VL1.
Fonte: Autor (2019).
Nome do elemento
Danos Fp Fi
Eflorescência 2 2
Fissuras 3 2
Falhas de concretagem 2 1
Infiltração de água 3 2
Manchas 3 3
VL1
54
No caso da VL1, o Fp da fissura no valor 3 foi estabelecido de acordo com a
figura 6, indicada no item 2.6.2. Para esse caso, a fissura apresentada na viga pode
ter acontecido já no estado endurecido, com a retração do concreto por secagem.
Os Fi foram estabelecidos de acordo com as seguintes classificações:
a) eflorescência: manchas de pequenas dimensões
b) fissuras: estabilizadas, com abertura até 40% acima dos limites da
norma;
c) falha de concretagem: superficial e pouco significativa em relação às
dimensões da peça;
d) infiltração de água: pequenas manchas;
e) manchas: manchas escuras de grande extensão (>50%).
Em seguida, esses valores foram utilizados para encontrar o Grau de dano
(D) de cada manifestação encontrada. Para esse dado, são geradas duas equações
para serem utilizadas quando o Fi for maior ou menor que 2, como já explicado. Os
cálculos foram realizados de acordo com as equações 1 e 2, demonstrada no item
2.6.2, como indicado a seguir.
𝐷𝑒𝑓𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠𝑐𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 = 0,8 × 2 × 2 → D = 3,2
D𝑓𝑖𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎𝑠 = 0,8 × 2 × 3 → D = 4,8
D𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 = 0,8 × 1 × 2 → D = 1,6
D𝑖𝑛𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎çã𝑜 = 0,8 × 2 × 3 → D = 4,8
D𝑚𝑎𝑛𝑐ℎ𝑎𝑠 = (12 × 3 − 28) × 3 → D = 24
Obtidos os valores de D, é calculado o valor do Grau de deterioração do
elemento (Gde), de acordo com a equação 3.
Gde = 24 [1 +(3,2 + 4,8 + 1,6 + 4,8 + 24) − 24
3,2 + 4,8 + 1,6 + 4,8 + 24]
Gde = 33,00
A partir desse valor, são indicados os níveis de deterioração do elemento e
quais ações podem ser tomadas. No caso da VL1, seu nível de deterioração é médio
devendo ser definido o prazo/natureza para nova inspeção e deve ser planejada
intervenção em um prazo máximo de 2 anos.
Todos os cálculos mostrados foram realizados em cada dano de cada
elemento estrutural. A tabela 6, 7 e 8 indicam o Gde de cada elemento dividido por
55
famílias, seguindo os mesmos cálculos apresentados, e o nível de deterioração dos
mesmos.
Tabela 6 - Grau de deterioração dos elementos da família dos guarda corpos, guarda rodas e pista de rolamento.
Elemento Gde Nível de deterioração
GC 26,82 Médio
GR1 79,82 Alto
GR2 63,04 Alto
PR1 60,00 Alto
Fonte: Autor (2019).
Tabela 7 - Grau de deterioração dos elementos da família das lajes e vigas secundárias.
Elemento Gde Nível de deterioração
VT1 7,54 Baixo
VT2 6,00 Baixo
VT3 28,00 Médio
VT4 26,82 Médio
VT5 6,00 Baixo
VT6 26,82 Médio
VT7 6,72 Baixo
VT8 6,00 Baixo
VT9 25,04 Médio
L1 30,00 Médio
L2 26,82 Médio
L3 26,82 Médio
L4 19,69 Médio
L6 36,20 Médio
L7 33,60 Médio
L8 33,60 Médio
L9 33,60 Médio
L10 35,14 Médio
L11 30,00 Médio
L12 26,82 Médio
L13 26,82 Médio
L14 63,04 Alto
L15 61,56 Alto
L16 72,63 Alto
L17 63,04 Alto
L18 33,60 Médio
L19 35,14 Médio
L20 13,24 Baixo
L21 26,82 Médio
L22 60,00 Alto
L23 60,00 Alto
L24 60,00 Alto
Fonte: Autor (2019).
56
Tabela 8 - Grau de deterioração dos elementos da família das vigas e pilares principais.
Elemento Gde Nível de deterioração
P1 156,60 Crítico
P2 156,29 Crítico
P3 168,11 Crítico
P4 161,54 Crítico
P5 154,55 Crítico
P6 171,97 Crítico
P8 36,00 Médio
P9 24,00 Médio
VL1 33,00 Médio
VL2 7,38 Baixo
VL3 7,38 Baixo
VL4 36,00 Médio
Fonte: Autor (2019).
Com esses dados, o próximo passo dado é calcular o Grau de deterioração
da família (Gdf) a partir da equação 4. A VL1 está localizada na família de vigas e
pilares principais, como mostra o tabela 8.
Gdf = 171,97√1 +(156,60+156,29+168,11+161,54+154,55+171,97+36+24+33+7,38+7,38+36)−171,97
(156,60+156,29+168,11+161,54+154,55+171,97+36+24+33+7,38+7,38+36)
Gdf = 233,62
A tabela 9 apresenta o Gdf das famílias restantes da ponte e seus respectivos
Fator de relevância, pré-estabelecidos na tabela 1.
Tabela 9 - Grau de deterioração das famílias e fator de relevância.
Família Gdf Fr
Guarda-corpo, guarda-rodas, pista de rolamento 102,61 1
Lajes e vigas secundárias 100,92 4 Vigas e pilares principais 233,62 5
Fonte: Autor (2019).
Para finalização da análise da estrutura, é calculado o grau de deterioração
da estrutura (Gd) de acordo com a equação 5. Esse valor vem acompanhado da
classificação dos níveis de deterioração e ações possíveis de serem tomadas.
Gd =(102,61 ∗ 1) + (100,92 ∗ 4) + (233,62 ∗ 5)
1 + 4 + 5
Gd = 167,44
O valor de Gd encontrado indica que a ponte estudada está em um nível de
deterioração crítico, sugerindo inspeção especial emergencial e planejamento de
uma intervenção imediata.
57
Esse valor pode ser facilmente compreendido se analisado o nível de
deterioração dos pilares da estrutura. Eles se encontram extremamente danificados,
com perda de sessão de concreto e armadura em muitos deles, além de terem fator
de relevância máximo para estrutura.
São eles quem distribuem as cargas provenientes do tabuleiro para a
fundação, e uma das causas possíveis para esse excesso de danificação é a
sobrecarga.
Como está enterrada, não foi possível a inspeção das fundações, por isso não
pode-se informar o nível de deterioração da mesma. Também não foram possíveis
fazer ensaios na ponte, pois não foi permitido pela secretaria de infraestrutura a
retirada de corpos de prova, ou de qualquer sessão do concreto.
4.5 POSSÍVEIS CAUSAS E REPAROS
A realização do diagnóstico das anomalias foi realizado de acordo com o
fluxograma apresentado por Ribeiro (2019).
Figura 27 - Fluxograma para diagnóstico de manifestações patológicas.
Fonte: Ribeiro (2019).
58
O cronograma inicia-se com inspeções ao local, generalizada e detalhada,
onde são realizadas as análises iniciais das anomalias, mapeamentos, ensaios
básicos, etc. Dificilmente é possível ter o diagnóstico nesse primeiro passo, então
segue-se para a anamnese.
A anamnese é composta de informações formais, análise de documentos,
projetos, entrevistas com usuários e executores. Também podem ser analisadas
controles tecnológicos, laudos de materiais, investigação a respeito dos problemas
encontrados, entre outros documentos que sirvam para o diagnóstico.
Este trabalho pôde ir apenas até a vistoria. Não foi possível obter acesso a
nenhum documento da ponte, nem realizar nenhum tipo de ensaio complementar,
por isso nenhuma das causas e reparos apresentados a seguir passam de
possibilidades.
4.5.1 Cobrimento deficiente
O cobrimento deficiente foi encontrado, inferior aos 3,0 cm determinados pela
NBR 6118:2014, em quatro pilares e quatro lajes. Essa anomalia pôde ser
identificada com o auxílio de um paquímetro, e nas lajes devido à exposição da
armadura na superfície do concreto.
Para iniciar-se a procura pelas causas de uma anomalia, deve ser identificada
sua origem de responsabilidade. Como indicado no item 2.3.1, a falha no cobrimento
é de causa intrínseca, ou seja, pode ser decorrente de falhas humanas na execução
ou utilização. Nesse caso, o erro pode ter sido cometido tanto na fase de projeto,
quanto na fase de execução.
A NBR 6118:2014, norma que deve ser seguida pelos autores do projeto
estrutural, estabelece cobrimentos mínimos de acordo com o grau de agressividade
do meio ambiente, além de associar diretamente a qualidade do concreto desse
cobrimento com a durabilidade da estrutura. Levando em consideração o ano da
última atualização dessa norma, aproximadamente 20 anos após a construção da
ponte, a versão que deve ser analisada é a de 1978.
Na NBR 6118:1978, os cobrimentos mínimos podem ser de até 0,5 cm para
lajes no interior da estrutura. No caso da ponte, que se enquadra na classe
“concreto aparente ao ar livre”, o cobrimento mínimo é de 2,5 cm. Sendo assim,
esses valores, apesar de facilitarem a entrada de agentes agressivos, são aceitos
por estarem de acordo com a norma da época.
59
No entanto, o cobrimento deficiente não é observado em todo o elemento,
apenas em alguns locais. Pode-se perceber que em algumas faces dos pilares a
armadura está mais próxima da superfície do que em outras. Por isso, é possível
que a origem dessa manifestação seja oriunda da fase de execução. Isso pode ter
ocorrido devido à falta de controle de qualidade durante as concretagens e mão de
obra desqualificada.
Souza e Ripper (1998) indicam algumas possibilidades de reparos para esse
tipo de anomalia. Um dos reparos sugeridos inicia-se com o preparo da superfície
por meio do apicoamento, seguido de limpeza com jato de ar comprimido ou água e
uma camada adicional de revestimento em concreto ou argamassa. Em geral, os
apicoamentos são de apenas 10 mm.
Após a retirada dessa camada superficial, o local deve ser limpo e preparado
para ser refeito. Nesse processo pode ser utilizada argamassa de reparo, que é um
produto pronto formulado à base de cimento Portland, que resulta em uma
argamassa de alta resistência mecânica. Também é recomendada por Souza e
Ripper (1998) a utilização de argamassa de base resinas epóxi, que são produtos
obtidos com agregados miúdos e um ligante de polímero. Em outros casos, também
é possível refazer a camada utilizando concreto.
4.5.2 Corrosão das armaduras
Na ponte de Palmas-TO, pode-se encontrar sintomas de corrosão em onze
elementos da ponte: seis pilares, quatro lajes e um guarda-rodas. Em alguns casos
ela se encontrava de forma mais agressiva, principalmente nos pilares, e em outros
de forma mais branda, como no guarda-rodas.
Na procura pelas possíveis causas, pode-se levar em consideração o
cobrimento, explanado no item 4.5.1. Quanto menor o cobrimento da armadura, e
pior for o concreto utilizado, mais fácil será a entrada dos agentes. Como não foi
possível realizar a etapa de anamnese com os documentos, memoriais, projetos,
tampouco entrevistas com os responsáveis, não sabe-se qual a resistência do
concreto, seu traço e características.
De acordo com Helene (1986), precisam existir agentes agressivos para
acelerar a corrosão. É possível elencar alguns que podem estar presentes na ponte
de Palmas: a umidade, cloretos e gás carbônico.
60
Dito isso, a presença do Córrego Brejo Comprido que passa embaixo da
ponte pode ser uma das possíveis causas dessas anomalias. Não foram realizados
ensaios nessas águas para que possa ser afirmado a presença de alguns íons,
porém apenas a umidade do local já influencia. Admitindo que o aço já está exposto
devido às outras manifestações patológicas existentes na estrutura, como o
desplacamento do concreto, a umidade do ambiente atinge de forma substancial a
armadura.
A corrosão também pode ter ocorrido devido a carbonatação do concreto.
Explicada no item 2.3.2.3, a carbonatação é resultado da interação dos agentes
externos, dióxido de carbono (CO2), com componentes do concreto, hidróxido de
cálcio (Ca(OH)2). O gás carbônico presente no macroclima urbano pode ter
penetrado nos poros do concreto, despassivado a armadura e a corroído. Porém,
também não foram autorizados o ensaio de carbonatação do concreto, que é
realizado com solução de fenolftaleína, e dessa forma não pode-se afirmar a sua
existência.
A corrosão dessas barras, associada ao esforço mecânico ao qual elas estão
submetidas devido ao tráfego, provavelmente ocasionou o rompimento de algumas
barras na parte inferior dos pilares. Nesses casos, deve ser realizado um reforço
estrutural, pois a área de aço necessária para suportar o carregamento da estrutura
está extremamente danificada.
A técnica de reforço mais utilizada no Brasil, segundo Souza e Ripper (1998),
é o aumento da seção transversal existente. Para realização desse procedimento, é
necessário que o tráfego da ponte seja interrompido, para que a carga nos
elementos será inferior. Como não é possível realizar a descarga total nos pilares,
elemento onde ocorreria o reforço na ponte, é necessário projetar um novo pilar
cintado que absorva a carga existente. Esse trabalho deve ser realizado por
profissionais especializados na área.
Para a recuperação das áreas apenas corroídas, devem ser seguidos os
passos a seguir, conforme Lapa (2008):
a) remover todo o concreto contaminado ao redor da armadura, com jato
d’água ou ferramentas manuais. Essa remoção deve deixar um espaço
livre entre a armadura e o concreto de 2cm;
b) limpar as barras corroídas;
c) realizar pintura das barras com tinta especial anti-ferruginosa;
61
d) realizar nova concretagem com o auxílio de forma com funil. Nesses
casos, deve ser levado em consideração na escolha do concreto que
ele não poderá ser vibrado.
4.5.3 Desagregação e desplacamento
Nesse tópico serão abordados as possíveis causas e reparos para a
desagregação e o desplacamento do concreto, visto que ambos são semelhantes,
provem das mesmas circunstâncias e podem ser reparados da mesma maneira.
Esses sintomas foram encontrados em sete pilares da ponte, praticamente
todos eles, além de um guarda-rodas. Em alguns, muita seção de concreto foi
perdida, deixando a base dos pilares com deficiência na sua capacidade portante e
as armaduras expostas à corrosão.
Essas anomalias podem ocorrer por diversas causas, sendo elas: utilização
incorreta de materiais na construção, ações biológicas, fissuração, etc. As causas
biológicas são elencadas como um importante agente de deterioração nas pontes,
devido ao crescimento de vegetação nas estruturas e aos microrganismos.
Pode-se considerar a causa da excessiva desagregação como reação álcalis-
agregados. Isso ocorre pela interação dos próprios componentes do concreto, que
geram reações expansivas, causando fissuras e, posteriormente, a desagregação.
As causas químicas podem ser consideradas também, se admitir-se que
havia fissuras provenientes de outras causas, como retração térmica, antes da
desagregação. Essas fissuras permitiram que os agentes agressivos do ambiente
entrassem na estrutura, e reagissem de forma expansiva, gerando pressão no
concreto e o fazendo perder massa.
No caso da ponte estudada, ela se encontra predominantemente nos pilares,
onde pode estar relacionada a outros problemas já existentes, como: a corrosão das
armaduras, fissuras, eflorescência e o esmagamento. Todos esses podem ter sido o
motivo desse nível de desagregação.
Na recuperação de manifestações patológicas, é necessário recuperar aquilo
que é mais prejudicial à estrutura. Considerando que em todo local onde há
desagregação e desplacamento, há também a corrosão de armadura, essa deve ser
priorizada. Nesse caso, a recuperação segue-se como indicado no item anterior.
62
4.5.4 Eflorescência
As eflorescências ocorrem por um processo químico na estrutura após o
processo de lixiviação, como mencionado no item 2.3.2.8. Para que ocorra esse
arraste de material para a superfície, é necessária a presença de água sob pressão
infiltrando no interior da estrutura, e para isso, a primeira possível causa que pode-
se considerar é a deficiência na impermeabilização do tabuleiro.
Tendo a eflorescência como a segunda maior manifestação patológica
presente na ponte, as lajes são as mais afetadas por ela. Isso confirma o que foi
falado anteriormente sobre a impermeabilização, visto que as lajes são o primeiro
contato das águas sob pressão. Ou seja, a impermeabilização do tabuleiro antes da
camada de pavimentação não foi realizada de forma eficiente, fazendo com que a
água ficasse empoçada e gerasse a pressão necessária para infiltrar e hidrolisar
materiais.
A qualidade e a resistência do concreto também tem influência nesse
problema, pois quanto menor for a resistência do concreto, maior será a sua
porosidade e permeabilidade, permitindo que a água entre com maior facilidade na
estrutura. Para ter certeza dessa causa, seria necessário uma anamnese mais
detalhada, realizando ensaios, entrevistas, análise de documentos e até mesmo o
controle tecnológico dos materiais utilizados.
Esse processo pode ter sido o prelúdio para outras manifestações
patológicas, como a corrosão, a desagregação e o desplacamento.
Lapa (2008) afirma que grande parte das eflorescências podem ser removidas
apenas com limpeza superficial da estrutura, utilizando métodos como escovação,
jateamento d’água ou jateamento de areia. No entanto, há eflorescências com a
presença de sais mais resistentes; nesse caso, é necessária a utilização de ácido
muriático ou fosfórico diluído em água.
No processo de remoção com ácidos, é muito importante que a superfície
seja saturada com água pura antes do procedimento, para que ela não absorva a
solução com ácido. Após o agir dessa solução, a eflorescência deve ser escovada e
lavada com água pura.
Porém, a causa do problema também deve ser tratada. Nesse caso, a
impermeabilização do tabuleiro deve ser refeita.
63
4.5.5 Fissuras
Souza e Ripper (1998) alegam que as fissuras são os problemas patológicos
mais complexos para diagnosticar, pois elas podem se instalar na estrutura como
consequência da interação de diversas causas, e isso requereria um nível de análise
muito mais aprofundado. Em seu livro pode-se encontrar inúmeros processos
prováveis que geram fissuras de diferentes configurações e tamanhos.
Como já mencionado, não foi possível a realização de ensaios de nenhuma
espécie na ponte, apenas inspeções visuais. Sendo assim, todas as causas
apresentadas a seguir são meramente possibilidades.
Não foram encontradas muitas fissuras na ponte estudada, apesar de que as
desagregações provavelmente se iniciaram com fissuras, porém a maior parte das
que foram encontradas está nas lajes.
De acordo com a configuração dessas fissuras nas lajes, é possível relacioná-
las com as ilustrações do livro de Souza e Ripper (1998). Neste livro, é indicado que
a possível causa para essas fissuras é o esmagamento do concreto, devido à
espessura reduzida da laje, surgindo fissuras na parte inferior do elemento.
A corrosão das armaduras também podem ser consideradas como um
causador de fissuras, devido à sua expansão de volume que exerce pressão dentro
do concreto. Com isso, o concreto fissura paralelamente à armadura corroída e
favorece a entrada de outros agentes agressivos que causam mais problemas
patológicos na estrutura.
Essa configuração pode ser notada nas lajes da estrutura, visto que,
aparentemente, as fissuras se localizam na direção paralela das armaduras. Esse
tipo de aparência das fissuras também pode indicar a perda de aderência do aço
com o concreto, segundo Souza e Ripper (1998).
A retração do concreto pode ser o motivo tanto das fissuras nas lajes quanto
nas vigas, aparecendo da parte superior das vigas e inclinadas, e em forma de
mosaico nas lajes. Esse processo vem de alguns fatores não serem levados em
conta no projeto, como: as altas temperaturas da cidade, a incidência de ventos e
radiação solar, a falta da armadura de pele e até mesmo o excesso de água na
estrutura.
Entre tantas possíveis causas, é impossível que seja indicada com certeza
qual delas é a causadora das fissuras existentes na ponte sem estudos de projetos e
64
documentos da ponte mais aprofundados e sem a realização de ensaios. Pode-se
elencar algumas possibilidades de reparo, porém o tratamento adequado dependerá
diretamente das suas causas.
Para apresentar um dos possíveis reparos, serão consideradas apenas se as
fissuras são ativas ou passivas, independente da causa real de cada uma delas.
Não há muito o que ser feito no caso de fissuras ativas, visto que não há
sentido em realizar o “fechamento” de uma fissura que voltará a aparecer devido a
persistência da causa na estrutura. Por isso, Lapa (2008) sugere o seguinte
tratamento:
a) monitorar a fissura a fim de saber qual a amplitude da sua
movimentação;
b) definir se é necessário tratar essa fissura como uma junta móvel;
c) selecionar um selante plástico e calcular o comprimento da junta móvel
necessária para absorver as movimentações da fissura;
d) com um cinzel, alargar a fissura até o comprimento calculado. Em
seguida limpá-la e secá-la;
e) preencher a fissura alargada com o material elástico.
Para as fissuras passivas, Lapa (2008) indica outro processo:
a) Limpar e secar a fissura com jato de ar;
b) Realizar furos ao longo das anomalias, espaçados de dez a trinta
centímetros e ligeiramente mais profundos que a trinca;
c) Introduzir tubos plásticos nos furor, com pontas salientes de 10 cm;
d) Injetar uma resina epóxi nos tubos, cortar as pontas salientes e lixar o
material excedente, limpando a superfície tratada.
As fissuras provenientes de corrosão de armadura são consideradas
especiais, de acordo com Lapa (2008). O concreto deve ser removido e realizado o
tratamento da corrosão da armadura.
4.5.6 Infiltração de água
O termo infiltração de água por si só explica o seu mecanismo. Essa
anomalia, que está presente em quase 100% dos elementos da ponte, acontece
devido a penetração da água no concreto, deixando na superfície manchas de
umidade que se distinguem dos demais tipos de manchas. Lottermann (2013) afirma
que essa manifestação é mais frequente em tempos chuvosos, devido à exposição
65
direta da estrutura à água. Apesar do processo não parecer danoso, a exposição
contínua pode provocar umidade interna.
Uma possível causa é o acúmulo de água no tabuleiro da ponte, assim como
nas eflorescências, acrescido de uma impermeabilização deficiente e um concreto
muito poroso, que faz com que ela gere pressão e infiltre nas lajes e vigas
principalmente.
No caso da ponte de Palmas-TO, um possível motivo detectado foi a posição
dos drenos da pista. Esses drenos estão localizados em sua totalidade no lado
direito da estrutura, e em alguns casos descarregam a água captada direto nos
elementos, como mostra a figura 17 no item 4.2.2, fazendo com que ela escorra pela
viga e, devido à continuidade, infiltre.
Essa manifestação pode gerar outros danos como: corrosão da armadura,
bolor e eflorescência. Por isso, apesar de parecer comum, ela deve ser tratada de
forma correta.
Em pesquisa realizada por Santos (2014), é indicado que a infiltração
acontece em 33,33% dos casos estudados de degradação da estrutura. A autora
relata que esse problema está associado principalmente a problemas de concepção
arquitetônica e instalações, e falta ou deficiência de manutenção.
A falta de manutenção da ponte provavelmente agravou esse problema. Caso
a correção da drenagem tivesse sido realizada assim que o problema se iniciou, não
estaria no atual nível de degradação. Essa correção poderia ser feita com
instalações que ligassem o dreno ao solo, sem que a água fosse despejada
diretamente nos elementos.
Assim como nas outras anomalias, retirar a causa do problema patológico é
essencial para que ele não volte a aparecer. Nesse caso, refazer a
impermeabilização é um dos reparos mais simples, pois melhorar a qualidade do
concreto e alterar a disposição dos drenos requereria maior custo e trabalho.
4.5.7 Manchas de bolor
As manchas de bolor estão presentes em sua grande maioria nas vigas
longarinas extremas da ponte, VL1 e VL4, as quais ficam mais em contato com as
intempéries e a vegetação.
66
Podem ser consideradas como agente causador da umidade as chuvas e a
impermeabilização deficiente. Somado ao fato de que não há nenhum tipo de
revestimento, o que deixa a estrutura muito mais vulnerável às agressões.
Outra causa considerada elencada por Verly (2015) é a deficiência nas
drenagens das estruturas, assim como pode ser observado na ponte de Palmas.
Elementos de captação de água mal localizados podem levar ao descarregamento
de água diretamente sobre algum elemento da estrutura, colaborando para o
surgimento de manchas.
A indicação de prevenção para esse tipo de problema é que os drenos
descarreguem diretamente sobre a água ou terreno protegido contra a erosão, ou
que desçam em prumadas instaladas próximas aos pilares.
A recuperação dessa anomalia é simples, realizada apenas com uma limpeza
a base de hipoclorito com o auxílio de uma escova. Nos casos em que o bolor está
intenso, é possível deixar a solução agir. Em ambas as situações, a solução deve
ser removida com jato d’água (MIRANDA, 20--).
4.6 MAPEAMENTO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
Após a primeira visita à ponte, foi realizado um projeto em 3D de toda a
estrutura. Nesse projeto foram inseridas todas as manifestações patológicas
encontradas na ponte, mapeando e diferenciando-as pelas seguintes cores:
a) amarelo: eflorescência;
b) azul: manchas de bolor;
c) laranja e vermelho: infiltrações em diferentes intensidades, sendo
vermelho as mais graves;
d) marrom: a junção de desagregação, desplacamento e sinais de
esmagamento;
e) preto: fissuras;
f) roxo: corrosão.
g) verde: falha de concretagem;
h) vinho: a junção de cobrimento deficiente e corrosão das armaduras;
O projeto está localizado no apêndice B, sendo inseridos todos os elementos
estruturais. O intuito dele era tornar visível o estado da ponte e qual manifestação é
predominante.
67
5. CONCLUSÃO
Este trabalho se iniciou com pesquisas bibliográficas a respeito das pontes de
concreto armado no país, a fim de se obter algum padrão sobre as manifestações
patológicas mais frequentes nesse tipo de estrutura. Pôde ser analisado que apesar
das fissuras estarem presentes em praticamente todas as pontes utilizadas, sendo
considerada a mais comum, não foi a anomalia mais encontrada na ponte de
Palmas.
Além disso, essa pesquisa permitiu analisar a estrutura em pior estado entre
elas, sendo a de Porto Nacional – TO a ponte mais deteriorada. Nela foram
encontradas algumas anomalias semelhantes às de Palmas, como desplacamento e
eflorescência, porém em estado mais avançado.
Neste trabalho a metodologia GDE/UnB foi aplicada a uma ponte localizada
na principal Avenida da cidade de Palmas-TO, obtendo-se resultados sobre sua
estrutura e seu grau de deterioração. Ao analisar os dados apresentados é
perceptível que a ponte se encontra em estado grave, que torna perigoso o tráfego e
coloca em risco a vida das pessoas que passam pelo local.
A aplicação da metodologia permitiu quantificar numericamente o estado de
degradação da Obra de Arte Especial. A partir disso, foi possível identificar que a
ponte apresenta valores de deterioração de 167,44. Isso significa que ela se
encontra em estado crítico e precisa de intervenção imediata, a fim de restaurar a
estrutura e devolver a ela o desempenho estabelecido em projeto.
Os resultados apresentam que aproximadamente 67% dos pilares da ponte
estão em estado crítico, alguns apresentam níveis de deterioração avançados, como
rompimento das armaduras e perda significativa de seção de concreto. No entanto,
nenhuma viga ultrapassa o nível médio de deterioração, o que contrasta com o
resultado anterior.
Também pode-se concluir que a água é um agente muito deletério às
estruturas. Agrupando as manifestações patológicas causadas por ela, que são
eflorescência (23,97%), infiltração (24,66%) e manchas de bolor (6,85%), têm-se
mais de 50% do total das encontradas na OAE. E essas são as causas dos
problemas que poderiam ser evitados, visto que uma boa impermeabilização e um
programa de manutenção preventiva em dias preveniria que eles fossem tão
severos.
68
Dentre as possíveis recuperações mais indicadas, pode-se citar o ajuste da
impermeabilização para evitar a percolação da água pela estrutura e a recuperação
das armaduras corroídas através da remoção do cobrimento, limpeza e pintura das
barras.
Ao final, foi possível através de pesquisas bibliográficas indicar outras
possíveis causas para todas as anomalias encontradas, assim como possíveis
reparos. É notória a necessidade de recuperação e reforço da estrutura, pois apenas
assim ela deixaria de ser um perigo para toda a sociedade.
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
A fim de assegurar o desempenho das estruturas, estudos sobre esse tema
são sempre aceitos para acrescentar o conhecimento. Por isso, fica como sugestão
para trabalhos futuros um diagnóstico mais aprofundado das anomalias encontradas
na ponte, com a realização de ensaios complementares que permitam a confirmação
das causas, como extração de corpos de prova para análise de resistência ou
existência de cloretos.
Também podem ser realizados trabalhos com a utilização da metodologia
GDE/UnB em outras pontes de Palmas-TO, a fim de comparar o estado em que se
encontram as pontes da cidade.
69
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VITÓRIO, José Afonso Pereira. Pontes rodoviárias: fundamentos, conservação e gestão. 1. ed. Recife: Crea, 2002.
73
APÊNDICES
74
APÊNDICE A – Tabelas de aplicação da metodologia GDE/UnB
Grau de dano das anomalias
Familia Elemento Dano Fp Fi D
Pilares P1 Cobrimento deficiente 3 2 4,8
Pilares P1 Corrosão de armaduras 5 3 40
Pilares P1 Desagregação 3 4 60
Pilares P1 Desplacamento 3 3 24
Pilares P1 Eflorescência 2 1 1,6
Pilares P1 Sinais de esmagamento 5 4 100
Pilares P2 Cobrimento deficiente 3 2 4,8
Pilares P2 Corrosão de armaduras 5 3 40
Pilares P2 Desagregação 3 4 60
Pilares P2 Desplacamento 3 3 24
Pilares P2 Sinais de esmagamento 5 4 100
Pilares P3 Cobrimento deficiente 3 3 24
Pilares P3 Corrosão de armaduras 5 4 100
Pilares P3 Desagregação 3 3 24
Pilares P3 Desplacamento 3 4 60
Pilares P3 Eflorescência 2 2 3,2
Pilares P3 Fissuras 3 1 2,4
Pilares P3 Sinais de esmagamento 5 4 100
Pilares P4 Corrosão de armaduras 5 3 40
Pilares P4 Desagregação 3 4 60
Pilares P4 Desplacamento 3 4 60
Pilares P4 Sinais de esmagamento 5 4 100
Pilares P5 Corrosão de armaduras 5 3 40
Pilares P5 Desagregação 3 4 60
Pilares P5 Desplacamento 3 4 60
Pilares P5 Sinais de esmagamento 5 4 100
Pilares P6 Cobrimento deficiente 3 3 24
Pilares P6 Corrosão de armaduras 5 4 100
Pilares P6 Desagregação 3 4 60
Pilares P6 Desplacamento 3 4 60
Pilares P6 Fissuras 5 2 8
Pilares P6 Manchas 3 2 4,8
Pilares P6 Sinais de esmagamento 5 4 100
Pilares P8 Desagregação 3 3 24
Pilares P8 Desplacamento 3 3 24
Pilares P9 Manchas 3 3 24
Vigas VL1 Falhas de concretagem 2 1 1,6
Vigas VL1 Eflorescência 2 2 3,2
Vigas VL1 Fissuras 3 2 4,8
Vigas VL1 Infiltração de água 3 2 4,8
Vigas VL1 Manchas 3 3 24
Vigas VL2 Eflorescência 2 2 3,2
Vigas VL2 Fissuras 3 1 2,4
75
Familia Elemento Dano Fp Fi D
Vigas VL2 Infiltração de água 3 2 4,8
Vigas VL3 Eflorescência 2 2 3,2
Vigas VL3 Fissuras 3 1 2,4
Vigas VL3 Infiltração de água 3 2 4,8
Vigas VL4 Falhas de concretagem 2 2 3,2
Vigas VL4 Eflorescência 2 3 16
Vigas VL4 Infiltração de água 3 2 4,8
Vigas VL4 Manchas 3 3 24
Vigas VT1 Eflorescência 2 3 16
Vigas VT1 Falhas de concretagem 2 1 1,6
Vigas VT1 Infiltração de água 3 2 4,8
Vigas VT1 Manchas 3 2 4,8
Vigas VT2 Eflorescência 2 1 1,6
Vigas VT2 Falhas de concretagem 2 1 1,6
Vigas VT2 Infiltração de água 3 2 4,8
Vigas VT3 Eflorescência 2 1 1,6
Vigas VT3 Falhas de concretagem 2 2 3,2
Vigas VT3 Infiltração de água 3 3 24
Vigas VT4 Eflorescência 2 1 1,6
Vigas VT4 Falhas de concretagem 2 1 1,6
Vigas VT4 Infiltração de água 3 3 24
Vigas VT5 Falhas de concretagem 2 1 1,6
Vigas VT5 Infiltração de água 3 2 4,8
Vigas VT6 Eflorescência 2 1 1,6
Vigas VT6 Falhas de concretagem 2 1 1,6
Vigas VT6 Infiltração de água 3 3 24
Vigas VT7 Eflorescência 2 1 1,6
Vigas VT7 Falhas de concretagem 2 1 1,6
Vigas VT7 Infiltração de água 3 2 4,8
Vigas VT8 Falhas de concretagem 2 1 1,6
Vigas VT8 Infiltração de água 3 2 4,8
Vigas VT9 Eflorescência 2 3 16
Vigas VT9 Falhas de concretagem 2 3 16
Vigas VT9 Manchas 3 2 4,8
Lajes L1 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L1 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L1 Manchas 3 2 4,8
Lajes L2 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L2 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L3 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L3 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L4 Eflorescência 2 3 16
Lajes L4 Infiltração de água 3 2 4,8
Lajes L5 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L5 Infiltração de água 3 3 24
76
Familia Elemento Dano Fp Fi D
Lajes L6 Cobrimento deficiente 3 2 4,8
Lajes L6 Corrosão de armaduras 5 1 4
Lajes L6 Eflorescência 2 3 16
Lajes L6 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L7 Eflorescência 2 3 16
Lajes L7 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L8 Eflorescência 2 3 16
Lajes L8 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L9 Eflorescência 2 3 16
Lajes L9 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L10 Eflorescência 2 3 16
Lajes L10 Fissuras 3 2 4,8
Lajes L10 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L11 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L11 Fissuras 3 2 4,8
Lajes L11 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L12 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L12 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L13 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L13 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L14 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L14 Infiltração de água 3 4 60
Lajes L15 Eflorescência 2 1 1,6
Lajes L15 Infiltração de água 3 4 60
Lajes L16 Cobrimento deficiente 3 2 4,8
Lajes L16 Corrosão de armaduras 5 2 8
Lajes L16 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L16 Infiltração de água 3 4 60
Lajes L17 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L17 Infiltração de água 3 4 60
Lajes L18 Cobrimento deficiente 3 2 4,8
Lajes L18 Corrosão de armaduras 5 2 8
Lajes L18 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L18 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L19 Eflorescência 2 3 16
Lajes L19 Fissuras 3 2 4,8
Lajes L19 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L20 Cobrimento deficiente 3 2 4,8
Lajes L20 Corrosão de armaduras 5 2 8
Lajes L20 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L20 Fissuras 3 1 2,4
Lajes L20 Infiltração de água 3 2 4,8
Lajes L21 Eflorescência 2 2 3,2
Lajes L21 Infiltração de água 3 3 24
Lajes L22 Infiltração de água 3 4 60
77
Familia Elemento Dano Fp Fi D
Lajes L23 Infiltração de água 3 4 60
Lajes L24 Infiltração de água 3 4 60
Guarda-corpo GC Eflorescência 2 2 3,2
Guarda-corpo GC Manchas 3 3 24
Guarda-rodas GR1 Corrosão de armaduras 5 1 4
Guarda-rodas GR1 Desagregação 3 3 24
Guarda-rodas GR1 Fissuras 2 1 1,6
Guarda-rodas GR1 Manchas 3 4 60
Guarda-rodas GR2 Falhas de concretagem 2 1 1,6
Guarda-rodas GR2 Fissuras 2 1 1,6
Guarda-rodas GR2 Manchas 3 4 60
Pista de rolamento PR1 Desgaste superficial 5 3 40
Pista de rolamento PR1 Desgaste da sinalização 5 3 40
78
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