Trabalho adaptado do apresentado no CBECIMAT 2004 Autores Landgraf, Garcia, Poo e Giulietti
Porto Alegre, dezembro de 2004 *EFEITOS DO CAMPO MAGNTICO EM SOLUES AQUOSAS
Autores: F.J.G. Landgraf, P.M.P. Garcia, J. G. Poo, M. Giulietti [email protected]
Instituto de Pesquisas Tecnolgicas (IPT)
RESUMO
A literatura internacional j reconhece como fato o papel positivo do campo magntico na reduo da incrustao de carbonato de clcio em tubulaes onde a gua passa por algum aquecimento. A evidncia mais amplamente reconhecida o aumento da frao de aragonita em detrimento de calcita nas solues aquosas expostas ao campo magntico. Uma caracterstica intrigante do fenmeno o efeito memria, ou seja, a soluo tem comportamento alterado mesmo horas depois de cessada a aplicao do campo magntico. No h, entretanto, modelo terico que explique convincentemente o fenmeno. Nem h consenso sobre o efeito em variveis fsicas das solues. O presente trabalho avalia o efeito da exposio de solues aquosas contendo carbonato de clcio ao campo magntico na condutividade eltrica, pH e tenso superficial. Palavra Chave: Campo Magntico; Efeito Memria; Incrustao do Carbonato de Clcio. INTRODUO Incrustao em tubulaes um grande problema para a indstria e para residncias, prejudicando a vazo de gua em caldeiras e centrais de aquecimento. Darvill estimou que, s na
Inglaterra, a incrustao custa, anualmente, 1 bilho de libras (Dar 93). De acordo com a Water
Quality Association dos EUA, incrustao o principal tema na qualidade da gua (Raf 00).
Incrustao pode ser formada por distintas espcies qumicas (sulfato de clcio, sulfato de brio,
fosfato de clcio, hidrxido de magnsio, fosfato de zinco, hidrxido de ferro, slica, mas o carbonato
de clcio a fonte mais comum (Bak 96). Os casos mais graves esto associados
cristalizao de carbonato de clcio em situaes de aquecimento de gua dura, pois a solubilidade
do carbonato cai com o aumento da temperatura. Para ser mais preciso, necessrio diferenciar a
solubilidade do carbonato de clcio em gua sem CO2, que muito baixa (7ppm 25 C) e aumenta
com a temperatura, da solubilidade em gua com CO2 dissolvido, que muito mais alta (acima de
400ppm) e decresce com a temperatura. Em presena de CO2 na gua forma-se o bicarbonato. A solubilidade depende tambm da presena de outros sais (que aumentam a solubilidade do
carbonato de clcio), do pH).
A gravidade do problema depende da dureza da gua: quanto mais dura, maior a
incrustao que ela promove. A dureza da gua uma medida da quantidade de sais dissolvidos. A
dureza expressa em partes por milho de massa de slidos dissolvidos. praticamente o mesmo
que miligramas por litro. Algum acostumado com gua com dureza de 35ppm consegue diferenciar,
pelo gosto, tato e ao de lavagem, uma gua com 125ppm de dureza. A maioria das pessoas
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Porto Alegre, dezembro de 2004 identifica como dura uma gua com 150ppm. gua com 175ppm de dureza j exige o uso de
amaciantes.
As solues mais comuns para o problema da incrustao incluem a pr-precipitao do
incrustante por cal ou carbonato de sdio, a adio de reagentes inibidores da incrustao (em geral
EDTA - cido etilenodiaminotetraactico ou seu sal de sdio que prendem os ons metlicos
eliminando seu carter inico), e a substituio do incrustante por ons solveis (em geral sdio), por
troca inica em zelitas ou resinas (02Bri). Todos esses mtodos so eficazes, mas alteram a
qumica da soluo e podem ser caros (96Bak). Uma soluo alternativa, objeto deste
trabalho, a aplicao de campo magntico H dezenas de anos afirma-se que o problema pode ser
minimizado, ou at eliminado, com a colocao de ms montante da regio de aquecimento da
gua. O baixo custo dessa alternativa vem impulsionando o uso de sistemas contendo ms no
controle da incrustao: No h custos operacional, s o investimento.
Um dos aspectos intrigantes dos fenmenos envolvidos nessa aplicao est associado ao
fato de que, nas aplicaes declaradamente bem sucedidas, os ms so colocados em posies tais
que a soluo aquosa exposta ao campo magntico antes do seu aquecimento, ou seja, pode-se
falar da memria magntica da soluo: seu comportamento continuar alterado mesmo aps
cessada a aplicao do campo magntico.
At o momento no h teoria cientfica que explique o fenmeno do efeito do campo magntico na alterao do comportamento das solues, nem a tal memria. A explicao
freqentemente mencionada na propaganda dos vrios produtos disponveis internacionalmente para
essa finalidade, confunde o comportamento eletricamente polar da molcula de gua com possveis
efeitos dos plos magnticos dos ms, que alinhariam as molculas da gua, alterando seu
comportamento. Vasta literatura cientfica j foi publicada sobre o tema, a grande maioria com uma
abordagem emprica, buscando determinar em quais circunstncias ocorre o fenmeno. Os
resultados, entretanto, tm sido desencontrados. Tomando como exemplo o possvel efeito do campo
no pH das solues, trabalhos no cientficos citam uma reduo de 0,5 quando o pH bsico, outros
comentam a ausncia de efeito quando o pH neutro e outros mostram aumento do pH numa
soluo cida.
Uma das poucas evidncias reprodutveis o efeito do campo magntico sobre a forma
cristalina do carbonato formado, seja o carbonato estvel, calcita, ou os carbonatos metaestveis,
aragonita ou vaterita. Quando gua contendo carbonato de clcio exposta ao campo magntico e
subseqentemente aquecida, a solubilidade cai e formam-se cristais de calcita. Esses cristais tendem
a aderir-se superfcie das tubulaes, causando a incrustao. Quando exposta a um campo
magntico da ordem de 0,1T, no ocorre incrustao e aumenta a frao de cristais de aragonita
(uma outra forma cristalina do carbonato de clcio). Entretanto, relevante destacar que se o efeito
vem ganhando credibilidade, ainda no foi encontrada uma explicao para o fenmeno. Artigos
mencionam que, sob campo magntico, aumenta a freqncia de ocorrncia da aragonita. Isso,
entretanto, depende da temperatura de cristalizao da fase: entre 80 e 100 C, ocorre uma inverso,
normal formar a aragonita, mas sob campo magntico forma-se calcita.
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Porto Alegre, dezembro de 2004 Baker e Judd (96Bak) fizeram uma boa reviso sobre o efeito do campo magntico na
incrustao na revista Water Research, uma das mais importantes da rea. Segundo eles, os
mecanismos propostos para explicar os efeitos podem ser agrupados em quatro categorias, sendo a
ltima a mais provvel:
Efeitos infra-atmicos (por exemplo, mudanas na configurao eletrnica) Efeitos de contaminao (devido dissoluo assistida por campo magntico) Efeito intermoleculares/inicos (por exemplo, mudanas na coordenao gua-ion) Efeitos interfaciais (distoro da dupla camada)
Coey (00Coe) confirmou a ocorrncia da aragonita e a permanncia do efeito por centenas de
horas. Listou 3 hipteses para explicar a ocorrncia de aragonita, supondo que o campo promova a
sua nucleao quando a soluo exposta ao campo, considerando que os ncleos sejam estveis
por centenas de horas aps a exposio e que cresam quando a gua aquecida. :
(i) O campo pode reduzir a energia de um ncleo devido a uma diferena de susceptibilidade
magntica com as redondezas, supondo que o ncleo tenha ons contaminantes
paramagnticos. Ele considera esta hiptese pouco provvel, pois anlises por microssonda
no encontraram ferro nem mangans nos cristais de aragonita. Mesmo que houvesse da
ordem de 1at% no ncleo, a alterao de energia seria da ordem de 10-2 J/mol.
(ii) Ocorrncia de aglomerados de hidrxido de Mn ou Fe que podem agir como nucleao
heterognea. A energia de aglomerados superparamagnticos seria da ordem de 1J/mol.
(iii) Modificao da concentrao inica local via fora de Lorentz qv x B. Fazendo uma analogia
com o efeito Hall, ctions e nions sofreriam deflexes em direes opostas, quando se
movimentassem num campo magntico. Assumindo v=1m/s e B=0,1T chega-se a uma
densidade de carga superficial de 10-11C/m2. Essa carga corresponde a uma mudana de
concentrao local. Supondo uma camada de 1nm, isso corresponderia a mudana de
concentrao da ordem de 1M, o que 3 ordens de magnitude menor que a concentrao
de carbonato de clcio.
A hiptese central de Coey (o efeito se daria na etapa da nucleao) no contempla o
fenmeno identificado por Higashitani e outros (93Hig) e confirmado por Barrett e Parsons (98Bar), de
que a exposio de uma soluo de carbonato de sdio ao campo magntico leva cristalizao de
aragonita (em vez de calcita) , quando misturada com cloreto de clcio. Esse resultado sugere que o
efeito do campo magntico se d na soluo aquosa, e no na nucleao da cristalizao.
Estudo feito por Alexandre Magno de Freitas demonstrou que o campo magntico altera a
solubilidade, a largura da zona metaestvel (T entre T do limite de solubilidade e T de incio de
cristalizao) e as taxas de nucleao e de crescimento cristalino do sulfato de zinco (diamagntico)
em soluo aquosa, mas no a do sulfato de cobre (paramagntico) em soluo aquosa (00Fre).
Observou tambm que h efeito de memria magntica na soluo de sulfato de zinco.
Rocha, da Petrobrs, reportou a ocorrncia de efeito do campo magntico na viscosidade de
petrleos nacionais (98Roc).
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Porto Alegre, dezembro de 2004 A literatura no cientfica (presente nos catlogos de fabricantes de equipamentos) tem
mencionado efeitos na tenso superficial das solues e no potencial zeta de partculas em
suspenso. Autores poloneses (02Hol) avaliaram o efeito no potencial zeta, com resultados pouco
claros.
Um problema adicional que s foi sistematicamente comprovado o efeito da exposio da
soluo a campo magntico no tipo de carbonato formado. Outros efeitos tem sido mencionados
(alterao do pH, da condutividade eltrica, da tenso superficial, do potencial zeta), mas nenhum
deles est repetidamente comprovado.
A falta de um modelo explicativo impede qualquer veleidade de projeto de engenharia de
dispositivos de controle de incrustao, e seu uso feito com base num empirismo no sistemtico.
Existe literatura no cientfica informando que a exposio de gua ao campo magntico
promove uma reduo de 10% na tenso superficial da gua (veja p. ex. www.aqua-correct.dk). O
Lab. De Materiais Txteis do IPT fez, a pedidos de um vendedor desse tipo de equipamento, medidas
do efeito do campo magntico na tenso superficial de gua de torneira (02Mal), reportando que
gua exposta ao campo magntico teve sua tenso superficial reduzida de 71 para 65mN/m e que
esse efeito desapareceu em alguns minutos. Experimentos recentes feitos no mesmo laboratrio,
com gua deionizada (condutividade eltrica de 1,2S/ cm) no mostraram qualquer efeito,
mantendo-se a tenso em 71mN/m. Isso sugere que o efeito deve estar associado com os sais em
soluo na gua de torneira (condutividade eltrica de 60S/ cm). O presente trabalho mostra os
resultados das tentativas frustradas de identificar alteraes no comportamento da gua, num
trabalho de iniciao cientfica de Priscila M.P. Garcia.
MATERIAIS E MTODOS Tipo De Solues Usadas Para a Experincia Como o caso industrial mais importante a incrustao de carbonato de clcio, pretenderam-
se solues aquosas com soluo dessa substncia. Entretanto, a solubilizao de calcita muito
lenta. Foram preparadas duas solues, por dois mtodos diferentes.
1- Soluo de CaCO3 Formada pela dissoluo de CaCO3 na gua por tempo prolongado a 50C; essa soluo foi armazenada por 2 meses. Reteve um resduo slido no fundo, que foi removido atravs de filtragem.
Baseada na condutividade eltrica medida (150 S/ cm), admite-se que seu teor de soluto seja de
230ppm.
2- Soluo de CaCO3 a partir de Ca (OH)2
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Porto Alegre, dezembro de 2004 Como a solubilidade de Ca (OH)2 muito maior, objetivou-se formar CaCO3 a partir da
dissoluo de Ca (OH)2 e borbulhamento de CO2. A soluo foi armazenada por 2 meses. Baseada
na condutividade eltrica medida (250 S/ cm), admite-se que seu teor de soluto seja de 400ppm.
3- gua Deionizada A gua deionizada era coletada no laboratrio todas as vezes que se realizava nova experincia.
4- gua Destilada A gua destilada era coletada da torneira do prprio laboratrio todas vezes que foi utilizada.
Aps algum tempo deixou de ser utilizada por questo de desconfiana de qualidade, onde no havia
uma estabilidade de pH e condutividade.
5- gua Torneiral A gua torneiral foi coletada da torneira do laboratrio todas vezes que foi utilizada para
novas medies.
Equipamentos utilizados Medidor de pH Foi utilizado um pH-metro marca Digimed modelo dmph-2, que possui registrador grfico, titulado automtico, Karl Fischer e eletrodo combinado. Dispe de um multmetro padro de 6
dgitos. Define-se o pH como sendo o co-logaritmo decimal da concentrao dos ons de hidrognio presentes na soluo, medidos em g/ L. Matematicamente a definio de pH dada por:
pH= -log ([H+], em que [H+] representa a concentrao dos ons de hidrognio medida em on g/ L). Calibrao O eletrodo colocado em soluo tampo de 7 pH e 4 pH (padro NBS-National Bureal of
Standard) e efetuadas medidas em mV.Com os dados obtidos, o microprocessador efetua os clculos
percentuais do mesmo, baseado na teoria de Nerst. Essa calibrao foi realizada sempre que se
utilizou o aparelho.
Medidor de Condutividade
Foi utilizado um condutivimetro marca Digimed modelo cd-21, que dispe de um display com
3 dgitos que fornece os valores diretamente em condutividade. A chave seletora de escala varia
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Porto Alegre, dezembro de 2004 de 0,01 a 2000S/ cm. Alm da troca do fundo de escala, mudam-se as condies de leitura com a
troca de freqncia 1 a 2000S/ cm, sendo assim, o valor de medida de uma escala, no
necessariamente corresponder ao mesmo valor lido em outra escala.
Calibrao A calibrao foi feita antes de cada conjunto de medidas, usando as solues padro de
146,9 e 1412 S/ cm.
Medidor de tenso superficial Foram usados dois mtodos: o tensimetro de anel e o Sensadine
Tensimetro de Anel Trata-se de um anel de arame com uma ala, acoplado a uma balana. Mergulha-se o anel no lquido, e depois se mede a fora necessria para romper o menisco. O tensimetro foi calibrado
medindo-se gua deionizada, cuja tenso superficial conhecida e da ordem de 70 mN/m. Tensimetro Sensadine
Esse outro teste feito com um equipamento computadorizado e com software especial para
tenso superficial. A realizao das medies se com a presso do nitrognio a 148bar.
Calibrao
gua quente de 60 a 70 C, para alta calibrao. gua Destilada em um Becker com banho de gelo de 0 C, para baixa calibrao. lcool absoluto, para baixa calibrao.
Um termmetro de mercrio para medir a tempera das solues para que se coloca o valor
medido.
E novamente gua destilada em um Becker com banho de gelo de 0 C, para baixa calibrao.
Aps a realizao dessas etapas o equipamento estava pronto para uso, calibrao foi feita
sempre antes das medies ou pelo menos uma vez no dia.
MTODO EXPERIMENTAL O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da aplicao do campo magntico em certas propriedades
fsicas daquelas solues aquosas j mencionadas. Como o campo magntico normalmente usado
em circuitos de gua corrente, nas aplicaes comerciais, condio similar foi criada em laboratrio. A
figura 1 descreve o mtodo de circulao das solues, que inclui um tanque, uma tubulao e uma
bomba de gua. A gua succionada da parte inferior do tanque e realimentada na parte superior do
tanque. A vazo da soluo foi de 0,057 l/min. Foram utilizados duas derivaes, na tubulao de
borracha, uma com m e outra sem m. O campo magntico presente no motor eltrico da bomba
d'gua inferior a 0,002T. Campo magntico foi aplicado na soluo por meio de quatro ms de
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Porto Alegre, dezembro de 2004 neodmio ferro boro, que aplicavam um campo de 0,45T. A soluo circulou por 15 min sem campo.
Depois disso se retirava uma pequena amostra (100ml) num Becker, para imediatamente aps serem
realizadas as medies de pH e condutividade e tenso superficial. O mesmo procedimento foi
aplicado em mais 4 amostras, uma a cada 5 min. No final de cada experincia tinha-se um total de 5
amostras. A temperatura ambiente foi medida com um termmetro de mercrio. Completadas as
cinco medidas, alteravam-se a circulao da soluo para aplicar campo magntico, como mostrado
na figura 2.
Como referncia, aps as 5 medidas de cada aplicao, media-se a propriedade de gua deionizada
colocada em um bcker.
Figura 1: Equipamento sem aplicao do campo magntico.
Figura 2: Equipamento com aplicao do campo magntico.
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Figura 3: Tensimetro de Anel. RESULTADOS
A Figuras 4a e 4b mostram o efeito do campo magntico em oito sries de medidas de
condutividade eltrica e pH de uma mesma soluo aquosa, produzida a partir da solubilizao de
CaCO3.e repetidamente ensaiada ao longo de vrios meses. O valor mdio de condutividade
observado na Figura 4, da ordem de 150 S/cm. gua dura tem condutividade a partir de quanto? A
Figura 4a mostra que no se pode dizer que h uma mudana da condutividade eltrica da soluo
aps a aplicao do campo magntico. Cada ponto o valor mdio de 5 determinaes. O desvio
padro de cada conjunto de 5 determinaes da ordem de 2S/cm, mas a variao das medidas
em dias sucessivos surpreendentemente grande, dez vezes maior. Cada conjunto de 10
determinaes foi feito num dia, sendo 5 sem campo e depois 5 aps passagem pelo campo
magntico descrito na Figura 2. O ensaio seguinte foi feito pelo menos 3 dias depois. No temos
explicaes para as variaes de condutividade entre conjuntos de ensaios.
A Figura 4b mostra que o valor mdio do pH ligeiramente bsico, compatvel com a
presena de carbonato de clcio em soluo. A medida do pH da soluo era feita logo antes da
medida de condutividade. Existe uma tendncia dos valores de pH serem sistematicamente maiores
aps a aplicao do campo, mas a variao da ordem de 0,1. Tambm ocorreu uma variao do
valor do pH da soluo ao longo do tempo, com um padro de variao oposto ao da condutividade:
quando esta crescia, aquela diminua. Os desvios padro podem ser vistos no Anexo 1.
A Figura 5 mostra o efeito do campo magntico em seis sries de medidas de condutividade
eltrica e pH em uma soluo aquosa de CaCO3 produzida a partir da dissoluo de Ca(OH)2 e
borbulhamento de CO2. A condutividade dessa soluo maior, refletindo maior quantidade de
soluto, mas o pH semelhante. Repetindo o comportamento da Figura 4, no foi possvel detetar um
efeito do campo magntico na condutividade, mas a mesma ligeira tendncia de maior pH aps
exposio ao campo magntico foi observada.
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CaCO3
125
130
135
140
145
150
155
160
165
170
1 2 3 4 5 6 7 8ensaios
cond
utiv
idad
e m
icro
S/cm
sem campocom campo
CaCO3
7,8
7,9
8
8,1
8,2
8,3
8,4
8,5
8,6
1 2 3 4 5 6 7 8
ensaios
pH
sem campocom campo
a b
Figura 4. Efeito do campo magntico na condutividade eltrica e pH de soluo aquosa contendo
CaCO3.
Ca(OH)2
240
250
260
270
280
290
300
310
1 2 3 4 5 6ensaios
cond
utiv
idad
e (m
icro
S/cm
)
sem campocom campo
Ca(OH)2
7,8
7,9
8
8,1
8,2
8,3
8,4
8,5
8,6
1 2 3 4 5 6
ensaios
pH
sem campocom campo
a b
Figura 5. Efeito do campo magntico na condutividade eltrica (a) e pH (b) de soluo aquosa de
CaCO3 produzida a partir de Ca (OH)2 As Figuras 6 e 7 mostram o efeito do campo magntico na tenso superficial das mesmas solues,
tendo sido medida simultaneamente a condutividade eltrica. Os valores mdios das condutividades
se repetiram (entre 140 e 160 2S/cm para a soluo de CaCO3 e entre 260 e 280 para a soluo
produzida a partir de Ca(OH)2). A tenso superficial da primeira soluo, medida em tensimetro de
anel, ficou em torno de 63 mN/m, quando gua pura tem tenso de 72 mN/m. a segunda soluo
mostrou variao exagerada, entre 70 e 60 mN/m. No foi notado nenhum efeito sistemtico do
campo magntico na tenso superficial.
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Porto Alegre, dezembro de 2004
130
135
140
145
150
155
160
165
1 2 3 4
ensaios
cond
utiv
idad
e (m
icro
S/cm
)
sem m
com m
59
60
61
62
63
64
65
1 2 3 4ensaios
tens
o s
uper
ficia
l (m
N/m
)
Seqncia1Seqncia2
Figura 6. Efeito do campo magntico na condutividade e tenso superficial de soluo de CaCO3.
250
255
260
265
270
275
280
285
1 2 3 4ensaios
cond
utiv
idad
e m
icro
S/cm
sem mcom m
54
56
58
60
62
64
66
68
70
72
1 2 3 4
ensaios
tens
o s
uper
fica
l (m
N/m
)
sem mcom m
Figura 7. Efeito do campo magntico na condutividade eltrica e tenso superficial de solues de
carbonato de clcio preparadas a partir de Ca (OH)2. Supondo que a medida da tenso superficial pelo mtodo do anel pudesse ter algum problema,
utilizou-se um tensimetro Sensadine. Os resultados mostraram, na Tabela I, que a dissoluo de
carbonato levou a um aumento da tenso superficial, ao contrrio do observado no tensimetro de
anel, mas a aplicao do campo pouco a alterou. Os resultados so intrigantes, mostrando
principalmente que o controle nas determinaes de propriedades fsicas da gua exige mais cuidado
do que foi possvel exercer no presente conjunto de experimentos.
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Porto Alegre, dezembro de 2004
Tabela 1 valores de tenso superficial da soluo produzida a partir da dissoluo de CaCO3, medidos em tensimetro Sensadine.
Soluo de CaCO3
pH Tenso Superficial mN/m
Medidas com Bomba
Valor mdio Desvio
padro
Valor mdio da
soluo
Valor mdio
de gua
deionizada
Desvio padro
27/05/04 s/ m 7,92 0,06 74,1 71,8 0,15
27/05/04 c/ m 7,94 0,03 73,9 71,6 0,19
DISCUSSO As Figuras 4 e 5 mostraram que a dissoluo de carbonato de clcio aumentou
significativamente a condutividade da gua (150 e 240 S/ cm). Os valores encontrados para gua
deionizada, neste trabalho, esto muito altos (entre 25 e 60 S/ cm).
Medidas de condutividade eltrica e de pH apresentaram baixa repetibilidade. No foram
identificadas quais as variveis de procedimento que provocaram tal baixa repetibilidade. Os
resultados sugerem um pequeno efeito do campo magntico no aumento do pH das solues, mas
esse aumento muito menor que a variabilidade das medidas.
As Figuras 6 e 7 mostram que a tenso superficial caiu de 70 (gua deionizada) para 63 mN/
m (nas solues contendo carbonato de clcio). Entretanto, no se percebeu efeito do campo
magntico.
CONCLUSES O conjunto de experimentos realizado no confirmou o efeito do campo magntico na tenso superficial de solues aquosas, contrariamente ao anteriormente determinado em ensaio no IPT.
Deve-se levar em considerao, entretanto, que os ensaios aqui reportados apresentam baixa
repetibilidade. Admitindo que o efeito do campo magntico nas incrustaes existe, dvidas,
entretanto, permanecem: quais so as propriedades fsicas afetadas pela exposio a campo
magntico?
REFERNCIAS
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Porto Alegre, dezembro de 2004 Baker, J.S e Judd, S.J. Magnetic Amelioration of scale formation Water Research v.30, pp. 247-260
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EFFECT FIELD MAGNETIC IN SOLUTION AQUEOUS
ABSTRACT
The international literature already recognizes how fact the positive paper of the magnetic field in the reduction of the incrustation of carbonator of calcium in tubulation when the Water pass for any heating. The evidence more recognized is the increase of the fraction aragonite in whole of calcite in the solution aqueous expose to the magnetic field. A characteristically intriguer of the phenomenon is the Memory Effect, either, the solution have conduct changed beside after hours stop the application of the magnetic field. There isnt however, theory standard that explain the phenomenon. There isnt consensus about the effect in variable physics of the solution. The present word appraise the effect expose of solution aqueous contain carbonator calcium to the magnetic field in the electric conductor, pH and Superfaces tension. KEY WORDS: Magnetic Field; Effect Memory; Incrustation of Carbonator of Calcium.
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Porto Alegre, dezembro de 2004 Anexos
Tabela 1: Desvio padro e mdia da soluo de CaCO3 (condutividade e pH)
Soluo de CaCO3
Condutividade eltrica S/cm
pH
Mdia Desvio padro mdia Desvio padro
29/10/03 s/ m 140 3,5 8,4 0,02
29/10/03 c/ m 143 1,5 8,5 0,01
04/11/03 s/ m 142 3,0 8,2 0,05
04/11/03 c/ m 147 3,8 8,4 0,04
07/11/03 s/ m 153 0,8 8,1 0,02
07/11/03 c/ m 166 1,8 8,2 0,02
12/12/03 s/ m 162 2,6 8,3 0,01
12/12/06 c/ m 155 2,4 8,3 0,02
06/01/04 s/ m 152 0,5 8,3 0,01
06/01/04 c/ m 152 0,5 8,4 0,02
21/01/04 s/ m 145 1,2 8,4 0,01
21/01/04 c/ m 143 0,9 8,4 0,01
26/01/04 s/ m 151 0,6 8,2 0,07
26/01/04 c/ m 151 0,9 8,4 0,07
06/02/04 s/ m 158 0,2 8,1 0,04
06/02/04 c/ m 161 0,4 8,3 0,03
Tabela 2:Desvio padro e mdia da soluo de Ca (OH)2 (condutividade e pH)
Soluo de Ca (OH)2
Condutividade eltrica S/cm
pH
Mdia Desvio padro mdia Desvio padro
20/10/03 s/ m 306 3,8 8,3 0,04
20/10/03 c/ m 266 3,6 8,1 0,03
04/11/03 s/ m 286 1,7 8,1 0,05
04/11/03 c/ m 295 3,4 8,2 0,03
10/11/03 s/ m 297 0,8 8,4 0,01
10/11/03 c/ m 295 0,8 8,5 0,01
05/01/04 s/ m 263 3,5 8,1 0,09
05/01/04 c/ m 270 0,8 8,3 0,06
27/01/04 s/ m 286 1,5 8,2 0,03
27/01/04 c/ m 287 2,2 8,3 0,05
Trabalho adaptado do apresentado no CBECIMAT 2004 Autores Landgraf, Garcia, Poo e Giulietti
Porto Alegre, dezembro de 2004 06/02/04 s/ m 287 1,5 8,1 0,05
06/02/04 c/ m 291 0,4 8,2 0,08
Tabela 3: Desvio padro e mdia da gua Deionizada (condutividade e pH)
gua Deionizada
Condutividade eltrica S/cm
pH
Mdia Desvio padro mdia Desvio padro
14/10/03 s/ m 5,2 2,0 5,5 0,04
21/10/03 s/ m 14,7 0,9 5,2 0,01
21/10/03 c/ m 14,7 3,4 5,4 0,01
22/10/03 s/ m 41,8 8,0 4,8 0,02
22/10/03 c/ m 23,3 3,5 4,9 0,04
24/10/03 s/ m 28,1 1,8 4,6 0,02
24/10/03 c/ m 27,4 1,2 4,6 0,01
30/10/03 s/ m 38,8 0,9 4,6 0,02
30/10/03 c/ m 41,1 2,7 4,6 0,01
05/11/03 s/ m 41,2 2,7 4,8 0,02
05/11/03 c/ m 40,3 1,4 4,8 0,03
12/11/03 s/ m 47 2,1 7,5 0,14
12/11/03 c/ m 48 2,2 7,5 0,05
21/11/03 s/ m 75 1,0 7,7 0,10
21/11/03 c/ m 70 2,5 7,6 0,03
28/11/03 s/ m 61 6,7 7,7 0,07
28/11/03 c/ m 68 1,0 7,6 0,01
04/01/04 s/ m 62 0,3 8,0 0,09
04/01/04 c/ m 62 0,3 7,8 0,01
05/01/04 s/ m 71 1,0 7,6 0,15
05/01/04 c/ m 62 0,3 7,8 0,09
Tabela 3: Cont
gua Deionizada
Condutividade eltrica S/cm
pH
Mdia Desvio padro mdia Desvio padro
07/01/04 s/ m 55 1,1 7,7 0,05
07/01/04 c/ m 55 1,9 7,8 0,08
20/01/04 s/ m 58 1,2 8,1 0,07
20/01/04 c/ m 57 0,9 8,1 0,09
27/01/04 s/ m 57 0,2 7,8 0,03
27/01/04 c/ m 57 0,3 7,8 0,04
Trabalho adaptado do apresentado no CBECIMAT 2004 Autores Landgraf, Garcia, Poo e Giulietti
Porto Alegre, dezembro de 2004 29/01/04 s/ m 58 1,9 7,8 0,09
29/01/04 c/ m 57 0,1 7,8 0,05
Tabela 4: Desvio padro e mdia da gua Destilada (condutividade e pH)
gua destilada
Condutividade eltrica S/cm
pH
Mdia Desvio padro mdia Desvio padro
14/10/03 s/ m 36 1,2 9,5 0,08
14/10/03 c/ m 37 2,7 9,7 0,07
24/10/03 s/ m 56 0,6 9,8 0,01
24/10/03 c/ m 46 4,9 9,7 0,02
06/11/03 s/ m 34 1,7 9,2 0,06
06/11/03 c/ m 32 2,3 8,5 0,06
18/11/03 s/ m 67 1,4 9,0 0,03
18/11/03 c/ m 41 1,5 9,0 0,06
24/11/03 s/ m 14 2,2 7,6 0,10
24/11/03 c/ m 19 1,4 7,5 0,05
19/01/04 s/ m 52 0,8 8,0 0,06
19/01/04 c/ m 52 1,1 8,0 0,04
20/01/04 s/ m 58 1,2 8,1 0,07
20/01/04 c/ m 57 0,9 8,1 0,09
Tabela 5: Desvio padro e mdia da gua De torneira (condutividade e pH)
gua De torneira
Condutividade eltrica S/cm
pH
Mdia Desvio padro mdia Desvio padro
15/10/03 s/ m 67,4 3,0 9,4 0,11
20/10/03 s/ m 71,6 1,4 9,4 0,03
20/10/03 c/ m 92,2 8,4 9,4 0,03
21/10/03 s/ m 66,2 2,5 9,0 0,03
21/10/03 c/ m 71,8 1,7 9,3 0,03
30/10/03 s/ m 71,2 1,0 9,4 0,02
30/10/03 c/ m 72,5 1,3 9,2 0,05
05/11/03 s/ m 75,0 2,1 9,2 0,03
Trabalho adaptado do apresentado no CBECIMAT 2004 Autores Landgraf, Garcia, Poo e Giulietti
Porto Alegre, dezembro de 2004 05/11/03 c/ m 72,9 1,4 8,7 0,03
14/11/03 s/ m 69,7 1,5 8,4 0,05
14/11/03 c/ m 68,3 2,1 8,1 0,06
20/11/03 s/ m 89,5 13,1 8,7 0,04
20/11/03 c/ m 69,0 1,1 8,2 0,01
27/11/03 s/ m 50,1 2,2 8,9 0,03
27/11/03 c/ m 50,3 1,2 8,6 0,02
06/01/04 s/ m 60,6 0,2 8,0 0,02
06/01/04 c/ m 58,8 0,5 8,0 0,03
21/01/04 s/ m 53,1 1,2 9,0 0,05
21/01/04 c/ m 52,9 0,5 8,6 0,03
27/01/04 s/ m 50,0 0,5 8,2 0,07
27/01/04 c/ m 51,1 0,2 8,1 0,02
04/02/04 s/ m 64,1 2,4 8,9 0,01
04/02/04 c/ m 62,5 0,7 8,7 0,03
Tabela 6: Desvio padro e mdia da soluo de CaCO3 (condutividade e Tenso Superficial medida no tensimetro de anel).
Soluo de CaCO3
Condutividade eltrica S/cm
Tenso Superficial mN/m
Medidas com Bomba
Valor mdio Desvio
padro
Valor mdio da
soluo
Valor mdio
de gua
deionizada
Desvio padro
28/01/04 s/ m 142,7 1,9 61,4 71,9 0,8
28/01/04 c/ m 141,1 1,2 64,1 72,2 1,7
02/02/04 s/ m 154,7 3,3 63,8 72,5 2,9
02/02/04 c/ m 151,2 2,0 62,6 71,3 1,9
09/02/04 s/ m 150,0 0,8 62,2 72,0 2,5
09/02/04 c/ m 149,8 0,2 63,3 72,5 1,8
Medidas sem Bomba
12/05/04 s/ m 163,16 0,9 64,6 72,1 1,1
12/05/04 c/ m 162,70 0,2 62,5 71,6 0,5
Tabela 6 cont: Os resultados a seguir, foram medidos no tensimetro Sensadine
Soluo de CaCO3
pH Tenso Superficial mN/m
Medidas com Bomba
Valor mdio Desvio
padro
Valor mdio da
soluo
Valor mdio
de gua
Desvio padro
Trabalho adaptado do apresentado no CBECIMAT 2004 Autores Landgraf, Garcia, Poo e Giulietti
Porto Alegre, dezembro de 2004 deionizada
27/05/04 s/ m 7,92 0,06 74,14 71,8 0,15
27/05/04 c/ m 7,94 0,03 73,88 71,6 0,19
Tabela 7: Desvio padro e mdia da soluo de Ca (OH)2 (condutividade e Tenso Superficial com tensimetro de anel).
Soluo de Ca (OH)2
Condutividade eltrica S/cm
Tenso Superficial mN/m
Medidas com Bomba
Valor mdio Desvio
padro
Valor mdio da
soluo
Valor mdio
de gua
deionizada
Desvio padro
28/01/04 s/ m 263 4,8 70 - 0,6
28/01/04 c/ m 263 1,6 70 - 0,9
02/02/04 s/ m 276 4,2 68 72,3 2,8
02/02/04 c/ m 275 2,9 60 71,2 3,2
09/02/04 s/ m 270 0,8 61 71,5 2,6
09/02/04 c/ m 265 1,3 63 71,9 2,3
Medidas sem Bomba
12/05/04 s/ m 282 0,7 64 71,7 0,9
12/05/04 c/ m 280 0,5 65 71,6 0,8
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