Metacontingências e MacrocontingênciasMetacontingências e MacrocontingênciasProf. Márcio Borges Moreira
Instituto Walden4, IESB | www.walden4.com.br
Metacontingências
“É o efeito sobre o grupo, e não as conseqüências
reforçadoras aos indivíduos membros do grupo, o
responsável pela evolução da cultura” (Skinner, 1981)
O comportamento do grupo ou o entrelaçamento do
comportamento de pessoas e os efeitos produzidos sobre
o ambiente decorrentes de tal entrelaçamento,
transformado agora em unidade de análise, é o elemento
de interação com o ambiente e, por este motivo, o agente
que sofre o processo seletivo
Metacontingências: relevância
Questões de destacada relevância político-social
reeleição do congresso norte-americano (Lamal & Greenspoon,
1992)
controle da opinião pública americana sobre a Guerra do Golfo
(Rakos, 1993)
controle corporativo da mídia (Laitinen & Rakos, 1997)
a Constituição brasileira (Todorov, 1987)
Mídia, opinião pública e o 11 de Setembro (Martone, 2003)
Contingências entrelaçadas(análise conceitual)
Interlocking: “... where the behavior of one organism
alters the contingencies affecting another, and vice-
versa”. Skinner (1969, pp. 120)
O dicionário Michaelis (2000):
Entrelaçar: enlaçar reciprocamente.
Enlaçar: prender, ligar, ter conexão ou relação
Contingências entrelaçadas
Implicações do uso do termo entrelaçadas:
(a) falamos de algum tipo de ligação ou conexão entre as contingências individuais
(b) esta ligação, seja de que natureza for, deve ser necessariamente mútua
Exemplo:
Televisor / tomada de energia
Televisor ligado à tomada, não interligado (televisor tomada)
Duas pessoas que se comunicam via satélite
estão interligadas via satélite (pessoa A pessoa B)
Contingências entrelaçadas
Uso do termo entrelaçadas:
(a) denotar relações entre as contingências
individuais e;
(b) para ressaltar que a consequência a longo prazo é
mais que a soma de contingências individuais e não
seria atingida por pessoas agindo
independentemente (Glenn, 1991; Andery & Sério
1999)
Metacontingências (1986)
Representação de uma metacontingência
(baseado em Glenn, 1986)
BA
A – contingências comportamentais
entrelaçadas
B – um produto agregado
• Identificação e delimitação da unidade de análise
• Diferenciação entre contingências operantes individuais e relações de contingência
estabelecidas entre uma classe de operantes e uma conseqüência a longo prazo
• A recorrência do entrelaçamento (sua seleção) ainda não está clara
Metacontingências (1988)
Representação de uma metacontingência
(adaptado de Glenn, 1988)
BA
C
A – contingências comportamentais
entrelaçadas
B – um produto agregado selecionador
do entrelaçamento
C – recorrência do entrelaçamento
• Ênfase no processo seletivo do entrelaçamento de muitos operantes através do
tempo
• A unidade de análise pode ser a relação entre o entrelaçamento e o produto
agregado
Metacontingências (2004)
Representação de uma metacontingência
(adaptado de Glenn & Malott, 2004)
A
CB
Recursos
A – contingências comportamentais
entrelaçadas
B – um produto agregado
C – um ambiente selecionador externo
(sistema receptor)
• Identificação e descrição de diferentes efeitos ambientais produzidos por um
entrelaçamento específico
Metacontingências X Macrocontingências (2006)
Representação de uma macrocontingência
(adaptado de Malott & Glenn, 2006)
Problema
social
Prática
cultural
alterada
Seleção do
comportamento
individual
1
2
3
Os comportamentos dos indivíduos 1,2 e 3 apresentam topografia e função semelhantes. Tomados em conjunto (uma
prática cultural), tais comportamentos produzem o problema social. Após a intervenção cultural (representada pela
chave) o comportamento de cada indivíduo é modificado, contribuindo assim para a mudança da prática cultural.
• Diferenciação entre processos seletivos que ocorrem em um nível individual (relações de
macrocontingência) e processos seletivos que ocorrem em um nível cultural (relações de
metacontingência)
Entrelaçamento de contingências (Macro e Metacontingências)
Consequência a
longo prazo
(despoluição)
Exemplo: despoluição ambiental
SD R SRAgricultor
SD R SRDono do Curtume
SD R SRPrefeito da cidade
SD R SR
SD R SR
SD
R SR
SD R SR
R SRONG
Complexidade Ambiental (Variáveis Complexidade Ambiental (Variáveis Externas ao Sistema Social)Externas ao Sistema Social)
Flutuações
Econômicas
Fusões & Aquisições
Consolidações de negócios
Condições Climáticas Organizações Provedoras
Concorrência
Regulamentações
Governamentais
ORGANIZAÇÃO
Glenn, S. S. & Malott, M. (2004)
Metacontingências e comportamento organizacional
Intervenções Culturais
Intervenções culturais são designadas para alterar condições geradas pelo
comportamento, inter-relacionado ou não de muitos indivíduos (produto agregado).
Quando estes comportamentos geram um produto agregado que afeta outras pessoas ou
a própria sobrevivência de uma cultura: PROBLEMA SOCIAL.
Uma intervenção cultural se faz necessária e justificável.
Intervenções em uma Macrocontingência e em uma Metacontingência são diferentes.
Produto agregado em uma Macro: tem como alvo mudanças comportamentais
(linhagens operantes)
Produto agregado em uma Meta: tem como alvo contingências comportamentais
entrelaçadas recorrentes (linhagem cultural).
Seleção pelas consequências no nível Seleção pelas consequências no nível culturalcultural
Usos e costumesUsos e costumes
LeisLeis
Valores e normas de condutaValores e normas de conduta
Cooperação & CompetiçãoCooperação & Competição
Modo de produçãoModo de produção
Etc...Etc...
Definição de Definição de MetacontingênciaMetacontingência
Glenn (1988) define metacontingências como:Glenn (1988) define metacontingências como:
““contingências individuais contingências individuais entrelaçadasentrelaçadas ( (interlockinginterlocking em inglês em inglês
no original), em que todas elas juntas produzem um mesmo no original), em que todas elas juntas produzem um mesmo
resultado a longo prazo”resultado a longo prazo”
Metacontingências cerimoniais e metacontingências tecnológicasMetacontingências cerimoniais e metacontingências tecnológicas
Diagrama geralDiagrama geral
Consequência a
longo prazo
C2
C5
C1C3
C4
C6
C7
Contingências Individuais
Entrelaçadas
Valor de sobrevivência para o grupo
Entrelaçamento de Entrelaçamento de contingênciascontingências
SD R SR
SD R SR
SD
R SR
SD R SR
R SRConsequência a
longo prazo
Valor de sobrevivência para o grupo
Contingências entrelaçadas
Processos de inserção de novos membros e sua influência sobre o trabalho coletivo em cooperativas: estudo de caso (Nogueira, 2004; monografia de final de curso) – Parte 02
Descrição de aspectos específicos do processo de formação do grupo
1994: fechamento do aterro municipal
Início da cooperativa
Apoio: prefeitura (infra-estrutura), ONG (relações inter-pessoais) e incubadora de cooperativas (capacitação profissional e apoio jurídico-administrativo)
Frente de trabalho (4 meses)
Salário mínimo e cesta básica
Relação de dependência com a prefeitura
Mudança nas relações de trabalho
Renda gerada pelo próprio grupo
Educação ambiental da cidade
Resultado: aumenta da autonomia do grupo
Atuação da ONG
“vivências do grupo buscando, por meio de dinâmicas, melhorar a
coesão, a comunicação e, enfim, as relações interpessoais em seus
diferentes aspectos”
Inserção de novos membros, via cadastro, após o fim da frente de
trabalho: problemas no grupo
Atuação da incubadora no processo de formação do grupo
Processo de legalização da cooperativa
Organização do trabalho
Relações entre os cooperados
Relação da cooperativa com outras instituições
Apoio técnico e treinamento
Projeto de coleta seletiva de lixo
Educação ambiental
Participação de todo o grupo na resolução de problemas (melhora nas relações)
Inserção de novos membros sob a coordenação da incubadora
2002: grupo funcionando bem (oito membros)
Necessidade de aumentar o tamanho para legalização da cooperativa
Resistência do grupo (1ª inserção)
Etapas do processo:
Recrutamento: cadastro de carrinheiros
Reuniões como parte do processo de seleção (6 meses)
Teste na usina de resíduos
Rodízio no trabalho na cooperativa
Percepção do membros atuaisdos 2 processos de inserção (Tabela 1)
Como os novos membros foram inseridos (Tabela 2)
Aspectos do processo de inserção de novos
membrosValores observados
Evento 1 Evento 2
M M A N M M A A N N
Forma como o novo membro foi inserido
Cadastro na promoção social X X X X X
Reuniões X X X X X X X X X X
Teste na usina X X X
Rodízio no trabalho X X X X X
Participação do membros antigos no processo
Participaram das atividades X X X X X X
Idealizaram e participaram das atividades
X X
Metacontingência
CooperadosCooperados PrefeituraPrefeitura
ONGONG IncubadoraIncubadora
Contingências entrelaçadasConseqüências a
longo prazo:
integração do grupo,
ganhos financeiros,
proteção ambiental
Conseqüências a
longo prazo:
integração do grupo,
ganhos financeiros,
proteção ambiental
SD R SR
SD R SR
SD
R SR
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R SR
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G
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R SR
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SD R SR
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R SR
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b ado ra
SD R SR
SD R SR
SD
R SR
SD R SR
R SR
Coop
erados
Exercício 05
Texto base: Processo de inserção de novos
membros e sua influência sobre o trabalho coletivo
em cooperativas: estudo de caso.
Atividade: redigir um pequeno texto (20 a 40
linhas) apontando as principais diferenças do dois
processos de inserção de novos membros e os
impactos desses diferentes processos sobre o grupo
de cooperados e o funcionamento da cooperativa.
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