LEITURA DE IMAGENS: INTERPRETAR E PRODUZIR
Autora: Siraide Moreira1
Orientadora: Roberta Puccetti2
RESUMO: O conhecimento em arte contribui juntamente com outras áreas para a inserção do aluno no universo da cultura e das relações sociais, sendo também uma ligação da experiência tanto para a criação quanto para a apreciação. Tendo os educadores a responsabilidade de apresentar aos seus alunos esse universo, sem querer transformá-los em artistas, mas sim alfabetizando-os em arte e para serem bons apreciadores. Sem buscar uma fórmula pré-estabelecida para a leitura de imagens é importante que o professor estimule seus alunos por caminhos que levem as interpretações, dando oportunidades para que possam desenvolver o processo estético, cognitivo e a compreensão das imagens, por meio da descrição, análise, interpretação e consequentemente na construção do conhecimento em arte. Neste trabalho foram propostas atividades para estimular a observação, apreciação, interpretação, bem como a compreensão do contexto histórico e do fazer artístico. Adotou-se o portfólio para avaliar as propostas e oportunizar aos alunos o entendimento do processo. Palavras-Chave: Ensino de arte, apreciação, Leitura da imagem.
1 INTRODUÇÃO
A elaboração do Projeto de Intervenção Pedagógica teve como propósito
levar aos alunos e professores a compreensão da importância de se ter contato
visual com obras de arte e da realização de leituras de obras, já nos primeiros anos
escolares.
Este artigo propõe iniciar o conteúdo leitura de imagens, contribuindo para a
formação de conhecimentos em arte para alunos do 6ºAno do Ensino Fundamental.
No primeiro semestre do ano de 2012 foi elaborado o Projeto de Intervenção
Pedagógica e aplicado no primeiro semestre do ano de 2013, cumprindo o Programa
de Desenvolvimento Educacional (PDE), como uma ação de formação continuada
dos professores da rede pública de ensino do Estado do Paraná, proposto pela
Secretaria Estadual de Educação.
1 Siraide Moreira é professora de Arte da rede pública de ensino do Estado do Paraná, atuando no
Colégio Estadual Profº Aídes Nunes da Silva em Congonhinhas - PR, e participa do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da SEED-PR. 2 Roberta Puccetti é Mestre e Doutora em Educação, docente do Departamento de Arte Visual da
Universidade Estadual de Londrina, e é orientadora no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da SEED-PR.
Após a elaboração do Projeto aconteceu a organização de uma Unidade
Didática com propostas relacionadas ao ensino de leitura de imagens de obras de
arte e servindo também como material de apoio aos professores de arte.
As propostas apresentadas neste artigo pretendem levar ao aluno o despertar
para o gosto de imagens promovendo um olhar sensível e crítico. Todo o trabalho
pretendido está direcionado para a formação do aluno, valorizando as habilidades e
a criatividade de cada um, bem como o desenvolvimento da percepção, pensamento
artístico, olhar estético e crítico, crescimento intelectual, auto-confiança, leitura e
interpretação de modo a contribuir na construção do conhecimento e no processo de
formação.
Esse Trabalho sugere que o professor atue como um mediador no processo,
acrescentando novos saberes e promovendo diálogo sobre novas informações
adquiridas pelos alunos. É interessante o professor conduzir o processo de maneira
prazerosa, para que não se torne apenas perguntas e respostas de sim e de não.
Observa-se que alunos que fazem atividades de leituras de imagens no período
escolar apresentam um crescimento mais acentuado em arte. Também
considerando que esta atividade vem ocupando lugar importante tanto quanto a
produção artística, sendo um elemento essencial no processo educacional e não
apenas uma atividade escolar, pois sabemos que o conhecimento em arte se
constrói e se transforma a cada dia.
Entendemos que se começarmos a alfabetizar a criança para a leitura de
obras já nos primeiros anos escolares, estaremos levando-a a apropriar-se de
saberes por meio de reflexão, e sendo capaz de analisar até mesmo além da
imagem. Colaborando também para que eles sejam formadores de opiniões, críticos
e reflexivos ao contextualizar o momento histórico em que a arte foi produzida, seu
aprendizado e relacionamento no contexto atual.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 A DESCOBERTA PELO OLHAR E O ENTENDIMENTO PELO OBSERVAR
Para a construção deste trabalho foi preciso pesquisar sobre alguns autores,
métodos e conceitos para fundamentar a proposta. Sabemos que são muitas as
possibilidades e características de leitura e o essencial é aproximar por meio do
entendimento a imagem do leitor.
A arte está inserida no nosso meio e seu apreciar deve proporcionar prazer,
envolvimento e aprendizado. Ela propõe uma ação educativa criadora, ativa e
centrada no aluno. Uma obra de arte deve ser entendida como a forma pela qual o
artista percebe o mundo, reflete sua realidade, sua cultura e sua época, dentre
outros aspectos. Esse conjunto de conhecimentos deve ser o ponto de partida para
que a leitura da obra componha a prática pedagógica, que inclui a experiência do
aluno e a aprendizagem pelos elementos percebidos por ele na obra.
Para Dondis (1991, p. 230), alfabetismo significa a capacidade de expressar-
se e compreender, e tanto a capacidade verbal quanto a visual pode ser aprendida
por todos.
Buoro (2002), ressalta a importância do conhecimento sobre a história da arte
e o exercício da leitura da imagem para quem trabalha com o ensino da arte. Ela fala
da importância da arte como linguagem e produtora de conhecimento. A imagem
deve ser apresentada aos alunos e explorada antes de falar sobre o movimento
artístico ao qual ela pertence e a biografia do artista, pois a imagem tem muita
significação e não deve ser uma ilustração de contexto.
Uma das funções centrais do ensino da arte na escola deveria ser esta: a construir leitores sensíveis e competentes para continuar se construindo, adquirindo autonomia e domínio do processo, fazendo aflorar, desse modo, ao toque do próprio olhar, uma sensibilidade de estar-viver no mundo (BUORO, 2003, p.63).
E cada vez que se lê uma imagem, o processo de interpretação modifica-se,
mesmo aquilo que se aprendeu na primeira interpretação é mudado em função do
novo contexto, possibilitando novas interpretações.
Como afirma Hernández a arte tem que ser tratada como “um campo de
conhecimentos organizados que pode ajudar-nos a interpretar o passado, a
realidade presente e a nós mesmos”.
Barbosa (2005), diz que o mundo cotidiano está sendo dominado pela
imagem e afirma:
Através da leitura das obras de artes plásticas estaremos preparando a criança para a decodificação da gramática visual, da imagem fixa e, através da leitura do cinema e da televisão, a prepararemos para aprender à gramática da imagem em movimento (BARBOSA, 2005, p.34).
Acredita-se que quando o homem ainda não sabia escrever e mal falava, já
usava o desenho para registrar seus sentimentos e conhecimentos.
3 PROFESSOR/MEDIADOR
Para que realmente aconteça uma aprendizagem significativa em leituras de
imagens, o professor deve atuar como um mediador do processo, preparando seus
alunos para uma nova maneira de ver, além da imagem, ampliando seu modo de
olhar que muitas vezes é ingênuo e despreparado para uma aula de leitura. Para
que o processo aconteça de maneira positiva, o professor de arte deve
desempenhar uma nova postura afim de estimular seus alunos a ter mais
curiosidade, pensamento crítico e reflexivo.
É essa postura que se espera do professor: a postura do professor mediador
no decorrer do processo de ensino.
Martins (2005), acrescenta:
Mediar é portanto, propiciar espaços de recriação da obra. Para isso é preciso acreditar no ser humano, ter confiança de que semente poderá render frutos, implica acreditar no aprendiz e por isso dar crédito à sua voz, desejos e produção, e encontrar brechas de acesso para percepção criadora e a imaginação especulante para ampliar e instigar infinitas combinações como num caleidoscópio (MARTINS, 2005, p. 18).
O professor precisa ter noção de sua responsabilidade, sendo que ele
escolhe, seleciona as imagens (obras de arte) para apresentar a seus alunos nas
aulas de arte. Ele precisa também ser um leitor, ter um olhar mais aguçado ao
selecionar as imagens, respeitando a faixa etária e o nível de conhecimento da
turma. Importante oportunizar ações durante a aula para que ocorra diálogo,
proximidade e questões que levem o aluno a observar com um novo olhar de
entendimento e apreciação.
Em relação a nova postura do professor, Martins (2005) diz:
Um professor que mantém vivo a curiosidade, que goste de estudar, investigar imagens para sua prática na sala de aula e levar seus alunos ao encontro com a linguagem da arte sem forçar uma construção do sentido correto ou único, veste sandálias de professor pesquisador, envolvendo com a mais fina atenção sua pele pedagógica, dando sustentação para pisar em terras ainda desconhecidas (MARTINS, 2005, p. 18).
Percebemos que ao assumir a nova postura, o professor deixa de ser um
transmissor de conhecimento e passa a ser o estimulador, o orientador de todos os
processos que leve o aluno a construir seus conceitos, valores, atitudes e
habilidades e que lhe permitam crescer como pessoa.
O aluno precisa adquirir habilidades como fazer pesquisas em bibliotecas,
internet e outros meios pertinentes, entender o que lê, saber anotar pontos
importantes e fazer interpretações.
O professor que demonstra comprometimento com o sucesso do aluno tem a
tarefa de conduzi-lo ao aprendizado. E este é o desafio para todos os profissionais
da educação. Mediar não é ser o detentor do saber, mas sim um colaborador no
aprendizado do aluno.
A partir do momento em que o professor assumir o seu papel de mediador do
processo de ensino, que favoreça uma posição reflexiva e investigativa a educação
alavancará e obterá melhores resultados.
4 A LEITURA DA IMAGEM
Dentre diversas formas de se ler uma imagem o professor deve aplicar mais
de uma para se chegar a uma interpretação mais abrangente, sendo que uma forma
complemente a outra. Ressaltamos novamente a importância da postura do
professor, ao conduzir o processo de leitura para que não se torne apenas em
respostas para questionários, promovendo a relação do contexto cultural com a
realidade do seu leitor.
Pillar (2002), muitas vezes olha-se sem ver, diante de tantas informações
visuais o indivíduo não tem possibilidades de absorver e fazer a leitura de tudo o que
vê. Segundo Heller (apud PILLAR, 2002, p. 72) “o homem da cotidianidade é atuante
e fruidor, ativo e receptivo, mas não tem tempo nem possibilidade de absorver
inteiramente em nenhum desses aspectos; por isso, não pode aguçá-los em toda
sua intensidade”.
Entre o “ver e olhar”, Pillar (2002) tece uma diferenciação: “é só quando passa
do limiar do olhar para o universo de ver que se realiza um ato de leitura e de
reflexão”. Desenvolver o “ver” na escola por meio do processo de leitura e reflexão
se torna então de grande importância.
Pillar (1999) acrescenta que:
Ao ler estamos entrelaçando informações do objeto, suas características formais, cromáticas, topológicas, e informações do leitor, seu conhecimento acerca do objeto, suas inferências, sua imaginação. Assim a leitura depende do que está em frente e atrás dos nossos olhos (PILLAR, 1999, p.12).
Ao escolher temas para realizar leitura deve-se dar preferência a imagens que
façam sentido para os alunos e antes de apresentar a imagem a eles, observar e ver
as possibilidades de ensino que ela oferece. Cada vez que se lê uma obra o
processo de interpretação ganha novo sentido, possibilitando novas interpretações,
mesmo que a obra já tenha sido observada num outro momento.
A leitura é o momento em que convidamos o aluno a penetrar seu olhar na
imagem, a apreciá-la e descobri-la para uma investigação, descrevendo seus
elementos, fazendo análise da trama que se observa, interpretando e atribuindo
sentido ao que se olha, e ainda contextualizando buscando informações. É
adequado que se trabalhe no nível de conhecimento dos elementos formais que os
alunos possuem, dependendo a análise pode ser mais intensa ou menos intensa. O
essencial é eles estarem envolvidos com a leitura, despertando a vontade e a
curiosidade, e assim a cada leitura eles se tornam mais sensíveis, perceptivos e
críticos. As situações devem ser agradáveis que estimulem o imaginário e o
pensamento.
Após o processo da leitura é importante a produção artística para construir
uma identidade com a obra, finalizando sempre com uma amostragem das
produções. Esta atividade de produção é fundamental para a aprendizagem em arte,
onde o aluno articula seus conhecimentos produzidos durante as práticas de leitura
e apreciação, e ao produzir uma nova imagem ele expressa a sua própria
aprendizagem.
5 PORTFÓLIO COMO PROCESSO AVALIATIVO
Podemos dizer que o portfólio é uma coletânea de materiais que documentam
as atividades desenvolvidas durante o processo ensino aprendizagem, as quais
podem ser: trabalhos práticos, anotações pessoais, experiências de aula, controles
de aprendizagem, relatórios, etc. Assim pode-se perceber o conhecimento
desenvolvido, o que o aluno compreendeu e de que maneira o fez.
Hernandez, apresenta o portfólio como um instrumento de avaliação para a
reconstrução do processo de aprendizagem. É uma modalidade de avaliação
retirada do próprio campo da arte e que demonstra ser apropriado para o uso
avaliativo do ensino de arte nas escolas, condizente às novas concepções de ensino
contemporâneo.
A utilização do portfólio como recurso de avaliação baseia-se na ideia da natureza evolutiva do processo de aprendizagem. O portfólio permite aos professores considerarem o trabalho dos alunos não de uma forma pontual e isolada, como acontece com as provas avaliadoras tradicionais, mas sim no contexto do ensino e como uma atividade complexa baseada em elementos e momentos de aprendizagem que se encontram relacionada. Por sua vez, a realidade do portfólio permite que os alunos sintam a aprendizagem como algo próprio, pois cada um decide que trabalhos e momentos são representativos de sua trajetória, enquanto os relaciona numa tentativa de dotar de coerência as atividades de ensino com as finalidades de aprendizagem que se havia proposto e as que havia negociado com o projeto em que participa (HERNANDEZ, 2000, p. 165).
Por meio do portfólio o aluno registrará por escrito suas ideias, o caminho
percorrido para realização das leituras de obras, tecendo seus comentários, suas
dificuldades, progressos e expectativas. Será incorporado também suas produções
artísticas, pesquisas e relatórios diários das propostas realizadas.
6 DA PROPOSTA À AÇÃO
A implementação do Projeto ocorreu no período vespertino com a turma do
6ºAno D do Colégio Estadual Professor Aídes Nunes da Silva, no município de
Congonhinhas, PR. Todo projeto foi aplicado em 20 aulas, sendo que as aulas de
pintura foram realizadas em horário contra-turno.
É importante destacar que antes da aplicação deste projeto os alunos desta
turma não tinham conhecimento sobre obras de arte e artistas. Conheciam o
Abaporu, e se referiam a essa obra como o quadro do pé grande, também sabiam
de uma pintora chamada Tarsila do Amaral e que ela havia pintado um monte de
rostinhos num quadro (Operários).
Na apresentação do projeto, foi possível perceber nos alunos certo gosto pelo
desafio de participarem de algo diferente. E no decorrer das aulas da implementação
demonstraram a cada semana um envolvimento com as atividades, o que foi muito
gratificante, até mesmo pelo fato do tempo de duração das aulas que foram se
tornando pouco, devido as mesmas gerarem questionamentos sobre as pinturas,
sobre os artistas e a oportunidade de sanar as dúvidas dos alunos.
Na primeira proposta O Exercício da Leitura, as imagens foram trazidas para
a sala de aula, imagens de obras figurativas e abstratas de Kandinsky, Picasso,
Mondrian, Tarsila, Portinari, Alfredo Andersen, e outros, e conforme a apresentação
das imagens fomos tecendo comentários sobre os artistas e as obras. Surgiram
perguntas, curiosidade e interesse por parte dos alunos que observaram
atentamente as imagens e responderam algumas perguntas em uma ficha de leitura,
que consistia em questões norteadoras para um melhor entendimento da atividade.
Este momento foi de conhecimento e informação para todos.
Na segunda proposta Da Pesquisa a Descoberta, foram escondidas dentro
da sala de aula, com antecedência, as imagens: Composição X, Amarelo, Vermelho
e Azul de Wassily Kandinsky, O Mamoeiro de Tarsila do Amaral e Casa ao Lado da
Ferrovia de Edward Hopper. A dinâmica aconteceu de forma divertida. Após a
descoberta das obras, conversamos sobre elas, seus pintores e sobre imagens
abstratas e figurativas. Na aula seguinte os alunos foram até o laboratório de
informática e em dupla pesquisaram sobre arte abstrata e figurativa, tiveram acesso
a muitas imagens e foram descobrindo a beleza das obras. Após fizeram a
apresentação da pesquisa realizada, enriquecendo ainda mais o aprendizado. Foi
selecionada uma obra abstrata, Composição Colorida de August Macke e uma obra
figurativa, O Mamoeiro de Tarsila do Amaral para proceder a leitura dessas imagens,
em outra oportunidade.
Na terceira proposta Da Descoberta a Composição, cada aluno trouxe de
casa objetos de sua preferência para uma exposição na sala de aula. A professora
conduziu um diálogo sobre os objetos, com relação a sua importância, procedência,
valor, e outros aspectos. Os alunos tiveram um tempo para observar os objetos e
algumas imagens. Em seguida cada aluno produziu uma imagem figurativa e uma
imagem abstrata.
Atividade desenvolvida pelos alunos: S.,13 anos, e K.,10 anos.
Atividade desenvolvida pelo aluno L., de 11 anos.
Atividade desenvolvida pelo aluno G., 12 anos.
No primeiro contato visual com as imagens e diante da questão: para que
servem estas imagens? Destacamos algumas respostas.
Para quando a gente estiver triste olhar para elas; servem para olhar e admirar; para contar alguma coisa do passado; é para conhecer as coisas de antigamente; para estudar na aula de arte; para ver como as pessoas se vestiam naquele tempo; para mostrar como os pintores já sabiam pintar; para observar e aprender sobre a arte (fala dos alunos da turma do 6ºAno D).
Foram respostas diretas, sem muito entendimento, eles ainda não tinham
noção da importância de observar atentamente uma imagem, muitos detalhes não
foram percebidos.
Na quarta proposta Leitura e Produção, a aula foi iniciada com a leitura da
obra O Mamoeiro de Tarsila do Amaral, além da leitura os alunos realizaram a
releitura da obra. Na aula seguinte aconteceu a leitura da obra abstrata Composição
Colorida de August Macke e como na aula anterior eles também fizeram a releitura.
Atividade desenvolvida pelo aluno R., de 11 anos.
Atividade desenvolvida pelo aluno D., 11 anos.
Quando fizemos a leitura da obra O Mamoeiro de Tarsila do Amaral, vejam as
respostas para a questão: O que esta imagem nos mostra?
me lembra um sítio, um lugar bonito para fazer um pique-nique com os amigos; uma vila com poucas casas e pessoas, uma pessoa lavou roupa e deixou no varal; tem uma mulher com os filhos dela, ela esta com pressa, ela esta levando eles para a escola; esta pintura é muito bonita, foi pintado muita coisa, árvores, ponte, casas, pessoas, rio, tem até uma pessoa na porta da casa; gostei da ponte que foi pintada, ela é bem alta, para dar medo de passar; esta pintura mostra um lugar muito bonito que dá vontade de ir lá; mostra um lugar bom para ir passear, nadar no rio, brincar e comer
as frutas do mamoeiro e descansar depois disso (fala dos alunos da turma do 6º Ano D).
As respostas foram com mais detalhes, opiniões e imaginativas, percebemos
que os alunos fizeram uma observação mais atenta a pintura retratada.
Para a leitura da obra abstrata Composição Colorida de August Macke, veja
as respostas para a questão: O que esta imagem lembra? Ela é indiferente para
você?
lembra formas geométricas junto com manchas coloridas; parece com algumas flores, mas é de outro planeta, mais é bonita; acho que é um mapa bagunçado, que ninguém sabe explicar ainda; gostei dessa pintura, porque ela tem muitas cores e não se parece com nada conhecido; uma cidade fotografada de cima de um avião, de longe, por isso não da para ver as casas e os prédios, mas eles estão lá; é uma pintura bonita, com muitas cores, o artista é muito inteligente de pintar um quadro desse (fala dos alunos da turma do 6º Ano D).
Sendo a primeira vez que os alunos observaram uma obra abstrata, penso
que as respostas foram bastante pertinentes ao tema.
Na quinta proposta Além da Leitura, Exposição e Compartilhamento, foi
organizada uma exposição com as atividades realizada pelos alunos: produções
artísticas, fichas de leitura, pesquisas e portfólio, para toda comunidade escolar,
finalizando as propostas de implementação do projeto. O momento foi de
compartilhamento e socialização.
Foi observado que após cada proposta da implementação do projeto os
alunos relatavam por escrito suas dificuldades, avanços e aprendizado.
Hoje podemos perceber que os alunos apresentam mais interesse e gosto
pelas aulas de arte, sempre um ou outro aluno questiona sobre o que faremos na
semana seguinte, quando vamos pintar com tinta? Outros ainda comentam sobre
algum artista e obras que viram na televisão, ou em revistas e livros, gostam de falar
sobre o assunto, trazem para a aula recortes de imagens de obras de arte, e sempre
mostram entusiasmo nestas atitudes.
No desenvolvimento deste projeto fica claro para nós professores, que alunos
que realizam atividades de leituras, que tem contato visual com imagens de obras de
arte, que conhecem um pouco sobre grandes pintores, que saibam algo sobre eles,
apresentam um crescimento muito positivo para a disciplina de arte.
7 CONCLUSÃO
Se assumirmos que é importante realizar atividades de leituras com nossos
alunos estaremos contribuindo para que eles tenham um melhor entendimento,
apreciação e conhecimento sobre obras de arte. Também estaremos valorizando as
habilidades, criatividade e originalidade de cada um por meio da percepção, olhar
estético e crítico, crescimento intelectual e a construção do processo de criação.
Coloca-se em questão possibilitar o gosto e o hábito de realizar leitura de
imagem como uma tarefa contínua nas aulas de arte e de que todas as propostas
aconteçam de maneira prazerosa.
Cabe ao ensino de arte oportunizar essas possibilidades ao aluno, para que
ele possa compreender a importância para sua formação e todo o processo desta
aprendizagem, por meio de leituras de imagens.
O resultado da implementação do projeto foi gratificante, e o mesmo poderá
ser aplicado em todas as séries do colégio. Servirá também como material de apoio
para os professores de arte, no processo de ensino aprendizagem.
O projeto leitura de imagens, arte: compreender e realizar teve o objetivo de
propiciar ao aluno por meio da leitura de imagens o valor de uma obra de arte e a
construção do conhecimento em arte para a sua formação. Avaliando os resultados
após a implementação, podemos realtar com confiança que os objetivos foram
alcançados, sendo que os alunos, depois de participarem deste projeto passaram a
se interessar por imagens de obras de arte e a compreenderem a sua importância e
o valor para a sociedade.
8 REFERÊNCIAS
BARBOSA, Ana Mae (Org.). Inquietação e mudanças no ensino da arte. São
Paulo: Cortez, 2003. _______. A Imagem no ensino da arte: anos e novos tempos. São Paulo: Perspectiva, 2005. BUORO, Anamelia Bueno. Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da
arte. São Paulo: Cortez, 2002. DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
FUSARI, Maria F. de Rezende; FERRAZ, Maria Heloisa Corrêa de Toledo. Arte na educação escolar. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2010. HERNANDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 2000.
MARTINS, Maria Helena. O que é Leitura. São Paulo: Brasiliense, 1994.
MARTINS, Mirian Celeste e outros. Didática no ensino de arte: Língua do Mundo,
Poetizar, Fruir e Conhecer Arte. São Paulo: FID, 1998. Mediação: provocações estéticas. Universidade Estadual Paulista, Instituto de Artes. Pós-graduação, vol. 1, 2005. PAREYSON, Luygi. Os problemas da estética. São Paulo: Martins Fontes, 1984. PARSONS, Michael. Compreender a arte. Lisboa: Editorial Presença, 1992. PILLAR, Analice Dutra. A educação do olhar no ensino das artes. Porto Alegre: Mediação, 1999. ROSSI, Maria Helena Wagner. Imagens que falam: leitura da arte na escola. Porto
Alegre: Mediação, 2009. SCALÉA, Neusa Schilaro; SANTA ROSA, Nereide Schilaro. Arte e educação para professores. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 2000.
ZAMBONI, Silvio. A pesquisa em arte. Campinas: Autores Associados, 1998.
ANEXO I
FICHA DE LEITURA
NOME_______________________________________6ºANO D
OBSERVANDO ALGUMAS IMAGENS RESPONDA O QUESTIONAMENTO.
1)- Na sua opinião para que serve as imagens?
2) – Você observa diferenças entre elas? Quais?
3) – O que você pensa quando olha para elas?
4)-Você gosta destas imagens? Comente.
5)- Comente sobre a imagem que não lhe agrada.
6) – Selecione a imagem que mais gostou e comente sobre ela.
ANEXO II
FICHA DE LEITURA – OBRA FIGURATIVA
ARTISTA........................................................................................................................
OBRA..........................................................................................................
1- Qual a primeira sensação que esta imagem lhe provoca ?
2- Esta imagem é familiar a você? Lembra algo? Comente.
3- Você se sente atraído por esta imagem ou ela é indiferente? Por quê?
4- O que foi pintado pelo artista? Descreva.
5- Registre o que você vê e imagina sobre esta imagem.
6- Observando as cores, quais são as que mais se destacam?
7- As cores são uniformes ou são manchadas?
8- Podemos perceber formas geométricas? Quais?
9- Quais as linhas que identificamos nesta obra? Traduza em uma palavra esta
imagem.
10- Traduza em uma palavra esta imagem.
11- Você gostou de conhecer esta obra? Justifique.
12- ALUNO__________________________________________________________
ANEXO III
FICHA DE LEITURA – OBRA ABSTRATA
ARTISTA____________________________________________________________
OBRA______________________________________________________________
1- Você gosta desta imagem ou ela é indiferente para você?
2- O que ela lembra (paisagem, nuvem, mapas, manchas, folhas, pedras, formas
geométricas ou outra opção?
3- Você já viu algo parecido com esta imagem? Registre seu comentário.
4- Quais as cores que você observa nesta obra?
5- As cores aparecem em forma de manchas, formas geométricas ou outra forma?
6- Você acrescentaria outra cor nesta pintura? Qual? Por quê?
7- Quais as linhas que você observa nesta pintura?
8- As cores aparecem em forma de manchas, formas geométricas ou outra forma?
9- Como é a textura visual desta imagem? (lisa, rugosa, áspera, quebradiça, ou
outra).
10- Resuma esta obra em uma palavra.
11- Você considerou importante conhecer esta obra? Comente.
12- ALUNO _________________________________________________________
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