Monica LimaDoutoranda em Neurociências e Biologia Celular
[email protected]@ufpa.br
Maio - 2011
Universidade Federal do ParáInstituto de Ciências Biológicas
Laboratório de Neuroendocrinologia
Faculdade de Farmácia – ICS
Leishmaniose
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Leishmanioses ou Leshmaníases• Protozoários - Sistema Fagocítico Mononuclear (SFM):
• Tipos:
• Cutâneas: lesões cutâneas, ulcerosas ou não, limitadas; benignas;
• Mucocutânea: lesões nas mucosas do nariz, boca, faringe;
mutilante;
• Cutânea Difusa: disseminada; indivíduos anérgicos ou tiveram
calazar;
• Visceral: calazar; tropismo parasitário pelo SFM do baço, fígado,
medula óssea e tecidos linfóides.
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Leishmaníases cutâneas e Leishmaníases cutâneas e mucocutâneasmucocutâneas
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As Leishimanioses do Novo Mundo
Epidemiologia e Ecologia
• Leishmaníase cutânea: zoonose de animais silvestres.
• Predomina: Amazônia, Am. Central e México.
• Brasil: Mata Atlântica para Oeste BA, MG, ES, MS, GO e Região
Norte.
• Pará: Barcarena.
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Epidemiologia e Ecologia5
Epidemiologia e Ecologia• Mata silvestre: Lutzomyia migonei, L. whitmani e L.
pessoai;
• Vegetação secundária: Lutzomyia intermedia e L. pessoai ↓ casos em humanos
• Risco aumentado:• Urbanização;
• Ocupação de mata silvestre;
• Criação de animais domésticos nessas regiões; eqüinos;
• Período de chuvas.
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Os Vetores
• Nas Américas: flebotomíneos (Lutzomyia);
• Velho mundo: flebotomíneos (Phlebotomus);
• Põem seus ovos no solo úmido;
• As larvas transformam-se em adultos em cerca de 1 mês;
• Fêmeas hematófagas: sobretudo animais silvestres, mas podem infectar humanos.
Lutzomyia
Phlebotomus
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Gênero Leishmania
• Presentes em regiões quentes do velho e novo mundo;
• Insetos da família Phlebo-tomidae (mosquito-palha);
• Nas Américas: “complexos”:- Complexo Leishmania braziliensis;- Complexo Leishmania mexicana;- Complexo Leishmania donovani.
• Formas evolutivas:
- Amastigota, nos vertebrados;
- Promastigota, no tubo digestivo dos insetos.
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O Complexo “L. brasiliensis”• Forma amastigota pequena (2-4 µm);
• Lesões simples ou múltiplas na pele;
• Metástases: mucosas nasais e orofaríngeras
• Leishmaníase Tegumentar Americana;
• Não crescem muito bem em meio de cultura;
• Fazem parte: Leishmania (Viannia) braziliensis Leishmania (Viannia) panamensis Leishmania (Viannia) guyanensis Leishmania (Viannia) peruviana
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10 µ
m
• L. braziliensis, do complexo “braziliensis” e (B) L. amazonensis, do complexo mexicana.
O Complexo “L. mexicana”• Forma amastigota (3-6 µm);
• Lesões benignas sem metástases;
• Crescem bem em meio de cultura e no hamster;
• Fazem parte pelo menos:
Leishmania (Leishmania) mexicana
Leishmania (Leishmania) amazonensis
Leishmania (Leishmania) pifanoi
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A Reprodução em Macrófagos
Macrófago tendo uma leishmânia fogocitada em seu vacúolo digestivo.
As leishmânias têm por hábitat os vacúolos digestivos de células do sistema fagocítico mononuclear, onde se multiplicam sob a forma amastigota.
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No interior do macrófago ela se
multiplica até destruí- lo, quando
então passa a invadir novas
células.
Promastigota Fagocitados por
Macrófagos
A TransmissãoPicada:
Promastigota
Promastigota – Amastigota (36ºC)
Multiplicação Amastigota – SFM
Injestão Macrófagos Amastigota
Rompimento MacrófagosAmastigota
Amastigota – Promastigota (24ºC)
Reprodução Binária SimplesPromastigota
• Reprodução é tão intensa que chega a bloquear o mecanismo de sucção.
• Aspiram sangue, mas não conseguem ingerí-lo.
• Os músculos da faringe relaxam e o sangue aspirado é regurgitado de mistura com os flagelados.
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• Conhecida como:• Leishmaníase cutâneo-mucosa;• Espúndia;• Úlcera de Bauru;• Ferida brava.
• Parasitos fagocitados por macrófagos da pele (histiócitos) transformam-se em amastigotas e permanecem no interior dos vacúolos → rompem as células.
• Promovem ↑ dos histiócitos → ↑ células infectadas → ↑ lesões.
• Nas lesões não-ulceradas, há hipertrofia do epitélio e um crescimento tecidual que pode ser de tipo verrucoso ou papilomatoso – várias formas clínicas diferentes.
Leshmaníase Mucocutânea por L. braziliensis e as Relações Parasito-
Hospedeiro
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Leshmaníase Mucocutânea por L. braziliensis e as Relações Parasito-
Hospedeiro• Lesão inicial: Papulo-vesiculoso → Ulcerada;
• Ulcerada:• Bordas salientes, talhadas a pique e com fundo granuloso;• Pouco exsudativa e indolor;• Lesão inicial, no local da picada, pode acompanhar-se de outras, de
natureza metastática;• Disseminação: lesão inicial, no local da picada, pode acompanhar-se
de outras, de natureza metastática.
• Não tratado → tende à cronicidade - infecção bacteriana associada;
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Lesões no nariz e na mucosa nasal.
Leshmaníase Mucocutânea por L. braziliensis e as Relações Parasito-
Hospedeiro• 15-20%:
Ulcerações cutâneas + Lesões secundárias (mucosas narsal e bucofaríngea);
Leishmanias isoladas antes da lesões
• Processo inflamatório → destruição: septo nasal – dorso do nariz, palato, faringe;
• Não tratado → tende à cronicidade infecção bacteriana associada odor fétido – vida social/econômica
• Casos graves: afetam fala e deglutição → graus de desnutrição.
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• Clínico: • Fácil – se esteve em áreas endêmicas;
• Diferencial: • Cutânea: Úlceras traumáticas, úlceras vasculares, paracoccidioidomicose,
esporotricose, cromomicose, neoplasias cutâneas, síflis e tuberculose cutânea.
• Mucosa: Hanseníase virchowiana, paracoccidioidomicose, síflis terciária, neoplasias.
• Laboratorial: presença dos parasitos;• Microscópio: material raspado de punção ou de biópsia (borda da lesão);• Coloração com Giemsa;• Cultura em meio NNN: busca por parasitos se torna difícil;• Imunológico: Reação de Montenegro, ELISA, Imunofluorescência
Indireta – parasitos raros.
• Imunológico: podem dar positivo algum tempo depois da cura.
Diagnóstico da Leishmaníase Mucocutânea
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Tratamento da Leishmaníase MucocutâneaTratamento da Leishmaníase MucocutâneaAntimoniais trivalentes: – mais recomendado: glucantime (inibe enzimas e a fosfofrutoquinase - bloqueio da
produção de adenosina trifosfato); – via intramuscular; – 70% cura.
Pentamidinas: – menos eficazes e mais tóxicas que glucantime (liga-se a ácidos nucléicos -inibição
da síntese de DNA e RNA); – 2a opção, via intramuscular; – L. guianensis.
Anfotericina B – altera a permeabilidade de membrana - administrada gota a gota, por
via intravenosa.
Azitromicina – bloqueio da subunidade 50S ribossomal da bactéria: inibição à síntese
de proteínas - via oral, sem efeitos colaterais. 85% de cura.
Efeitos colaterais: cefaléia, artralgia, mialgia, depressão da medula óssea.
* Pode ocorrer reicidiva.
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Controle das InfecçõesControle das InfecçõesInseticidas;
Repelentes;
Telagem de portas e janelas;
Contrução de casas longe das matas;
Animais domésticos infectados devem ser tratados (difícil) ou eliminados;
Eliminar animais “vadios”.
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• Forma mais benigna;
• Afeta pouco a população humana;
• Lutzomyia flaviscutellata;
• Úlceras únicas ou em número limitado; não produzem metástase na mucosa oronasal;
• Diagnóstico e tratamento semelhante à forma mucocutânea;
• Amazônia, MA, BA e MG.
Leshmaníase Mucocutânea por L. amazonensis
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• Leishmania pifanoi;
• Dermotropismo; disseminação de lesões cutâneas não ulceradas;
• Pode ocorrer: L. amazonensis e L. mexicana;
• Sorologia: ↓ produção de anticorpos; imunidade celular ausente.
Leshmaníase Tegumentar Difusa
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• Lesões infiltrativas disseminadas:• Orelha: hanseníase.
• Evolução crônica e lenta;
• Aumento de histiócitos;
• Tratamento: bons resultados na fase inicial;
• Venezuela, outros países da América. No Brasil: Amazônia, Nordeste e BA.
Leshmaníase Tegumentar Difusa
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LEISHMANÍASE VISCERAL
O calazar no Brasil
• Conhecida como CALAZAR;
• Causa: flagelos do complexo Leishmania donovani:Leishmania (Leishmania) donovani
Leishmania (Leishmania) infantum
= L. (Leishmania) chagasi
• Adaptados à 37ºC: visceras e estruturas profundas → gravidade;
• Quadro clínico:• Febre irregular;• Hepato-esplenomegalia;• Anemia.
• Caquexia e mortalidade elevada;
Leshmaníase Visceral no Brasil
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Epidemiologia e Ecologia
• Leishmaníase visceral: zoonose de animais silvestres
e domésticos (canídeos).
• Predomina: Zonas rurais;
• Brasil: Amazônia, NE, BA, MS e Norte de MG.
• Pará: NE e Sudoeste.
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Epidemiologia e Ecologia25
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Paciente com acentuada hepatoesplenomegalia e
emagrecimento.
Epidemiologia e Ecologia• Leishmaníase visceral ou calazar indiano:
• L. donovani; humanos adultos;
• Lesões ricas em parasitos;
• NÃO HÁ reservatórios animais;
• Pode haver epidemias;
• Calazar infantil do Mediterrâneo:
• L. infantum (=L. chagasi); 1-2% adultos;
• Cães domésticos e outros canídeos são os reservatórios animais;
• Caráter endemo-epidêmico.
O Vetor e o Reservatório• O Vetor:• Lutzomyia longipalpis;
• Infectam-se ao sugar sangue de pessoas parasitadas;
• Promastigota metacíclica.
Lutzomyia
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• O Reservatório:• Cães e outros canídeos;
• Alopécia; • Emagrecimento; • Apatia; • Diarréia e Caquexia;• Onicogrifose (aumento das unhas).
• Amastigota:
• Células de Kupffer (fígado);
• SFM do baço, medula óssea e linfonodos;
• Pulmões, rins, intestino e pele.
• Destruição das células hospedeiras:
• Disseminação dos parasitos via corrente sangüínea;
• Monócitos.
Leshmaníase Visceral28
Macrófago abarrotado de
leishmânias em multiplicação.
• Resposta Inicial:• Processo inflamatório local: papula ou nódulo endurecido;
• Pode evoluir para cura (imunidade do paciente);• Regredir localmente após infecção: ↑↑↑IgG – distúrbio do sistema
imune.• Reação de Montenegro +: imunidade celular;
• Hepatoeplenomegalia, alterações na medula óssea:• Devido hiperplasia e hipertrofia do sistema macrofágico
(comprimindo e substiruindo estruturas normais) – anemia, leucopenia, plaquetopenia.
Patologia da Leshmaníase Visceral29
Promastigota – Amastigota (36ºC)
Promastigota Fagocitados por
MacrófagosOutros tecidos
A TransmissãoPicada:
Promastigota
Multiplicação Amastigota – SFM
Injestão Macrófagos Amastigota
Rompimento MacrófagosAmastigota
Amastigota – Promastigota (24ºC)
Reprodução Binária SimplesPromastigota
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• Período de Incubação: 2-4 meses;
• Início Clínico: • Lento e progressivo (anemia, palidez e mais
tarde febre), ou• Abrupta: febre alta e contínua;• Anemia e desnutrição aumentam com o tempo;• Podem ocorrer hemorragias.
• Esplenomegalia: 2ª em importância• O baço endurecido pode ultrapassar a cicatriz
umbilical.
Patologia da Leshmaníase Visceral31
Crianças de Sobral, CE, com calazar por
Leishmania infantum
• Clínico: • Fácil – se esteve em áreas endêmicas;
• Laboratorial: presença dos parasitos;• Aspirado da medula óssea, baço ou linfonodos;• *Punção do externo ou crita ilíaca (crianças);• Microscópico: esfregaço – fixação e coloração;• Sorológico: ELISA, Imunofluorescência Indireta, Imunoeletroforese –
parasitos raros.
• Tratamento:• *Antimoniato de meglutamine;• *Estibogluconato de sódio (ou gluconato de sódio e antimônio).
• Pentamidina, por via intra-venosa;• Anfotericina B, para perfusão intravenosa;• Alopurinol, por via oral – bloqueio da xantina oxidase: ↓ ác. úrico;
Controlar os efeitos colaterais dessas drogas.
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Diagnóstico e Tratamento
Requer estudos epidemiológicos prelimi-nares:
•Conhecimento da área endêmica e da incidência da doença na população;
•Estudo da fauna flebotômica local e sua densidade no decurso do ano;
•Inquérito sorológico na população canina;
•Estudo sobre os eventuais reservatórios silvestres;
•Reconhecimento geográfico e mapeamento da área endêmica.
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Controle da Leishmaníase Visceral
Planejamento das operações de controle e proceder a sua efetivação:
•Combater os flebotomíneosvetores da infecção, aplicandoinseticidas de ação residual nas casas e nos anexos, bem como nos abrigos de animais domésticos.
•Tratar todos os doentes, inclusive os assintomáticos.
•Eliminar os cães sorologicamente positivos e os cães errantes.
•Manter um serviço permanente de avaliação desse controle a curto e a longo prazo.
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Controle da Leishmaníase Visceral
Desinsetização
Monica Gomes LimaDoutoranda em Neurociências e Biologia Celular
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Maio - 2011
Universidade Federal do ParáInstituto de Ciências Biológicas
Laboratório de Neuroendocrinologia
Faculdade de Farmácia – ICS
Leishmaniose
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