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Sbado, 23 de novembro de 2013 - 12h00 [GMT+1]
NO355Eu no teri a perdi do um Seminrio p or n ada no mu nd oPHILIPPE SOLLERSNs ganharemo s po rque no temo s ou tra escolha AGNS AFLALO
www.lacanquotidien.fr
- Le dernier des inju stes, de ClaudeLanzmann -
Terror humano ?O crime de sobreviver ou testemunha
de si mesmo
por Nathalie Georges-Lambrichs
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O ltimo dos decanos dos Judeus, Rabino BenjaminMurmelstein, nomeou a si mesmo como o ltimo dos injustos.Claude Lanzmann fez deste o ttulo de seu ltimo filme, tecido deexperincias que no tinham encontrado seu lugar na Shoah.
Quase quarenta anos depois, nos dado ver e escutar estehomem, para tentar cernir o que falar quer dizer para ele, etambm para se calar e deixar dizer.
B. Murmelstein acaba de fazer um posfcio a seu livro,reeditado este ano em Milo: Terezin, il ghetto modello diEichmann (primeira edio, 1961, Bologne, Cappelli).
O que ele diz a Lanzmann ento muito simples e se atm apoucas palavras: os Judeus foram mrtires, mas no santos. Elemesmo no foi um santo, e ele explica atravs de algumas
contingncias porque foi poupado de ser o mrtir absoluto.Sobretudo, ele esclarece o que foi sua luta: fazer existir, por todosos meios, a palavra, na medida em que ela pode convencer,ordenar, comandar, ameaar, aterrorizar, mas tambm galvanizar ogueto de Theresienstadt ou Terezin, onde foram desembarcados,diz Lanzmann, cento e quarenta judeus, entre novembro de 1941 ea primavera de 1945. Benjamin Murmelstein foi responsvel pelogueto, aps seu predecessor ter sido assassinado. Ele tinha umateoria: o gueto devia existir. Devia existir a qualquer preo, por
todos os meios. Era preciso empenhar-se para faz-lo existir,mesmo se esse gueto modelo fosse uma inveno do diabo, pois seele existisse, no seria riscado do mapa. Voc conhece as Mil eUma Noites?, ele pergunta a seu entrevistador. Foi Sherazade quedeu a Murmelstein a grande lio de sua vida, qual muitas outrasforam atadas. em sua responsabilidade de ser falante que elefundou sua existncia, sem querer, diz ele, nada mais do quemanter-se fiel a seu ser e reunir sua perseverana o mximopossvel de judeus. Assim, ele ocupou seu lugar, desempenhou seu
papel, sem nenhuma outra testemunha a no ser ele mesmo, deonde ele se autorizou como rabino e se diz o ltimo dos decanosdos Judeus, fator de perdas e de estardalhaos, sem dvida, fator,para muitos, dos piores compromissos como ele poderia terevitado isso? - com uma espcie de convico: fazendo existir a simesmo o mximo possvel e a este gueto atravs da palavra,colocando para trabalhar as pessoas que l haviam fracassado eque perdiam o esprito; conversando, para fazer escutar. Porexemplo, se aquele homem ali estava prestes a queimar um casaco
novo, no era por sabotagem ou por perversidade, mas por umapsicose, pois no estando mais em seu corpo, ele no podia mais
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saber o que fazia. Ele se daria a chance de transpor o dia at o diaseguinte, e permitiria aos outros fazerem o mesmo, em direo libertao. Assim ele vivia, como chefe de comunidade religiosa, diaaps dia, tecendo o fino fio que o fazia aguentar, e, com ele os
membros dspares da comunidade mrtir, e merecer mesmo ainsgnia privilegiada de sentar-se ao lado de Eichmann: Voccompreende, ns falamos muito tempo, eu de p, ele sentado, euacabava por lhe falar do alto, ento foi ele que pediu que seprovidenciasse uma cadeira para o judeu, e seu ajudante deordens, que ganhou uma medalha algum tempo mais tarde, nuncase recuperou disso, acrescenta ele, sorrindo.
Mas, vocs sabiam, lhe diz Lanzmann, aps um silncio,vocs no podiam no saber
No, eu no sabia, sim, ns tnhamos sinais, sim, nssabamos sem dvida, mas ns no queremos saber disso, essano a questo. Estamos todos mortos, mesmo se no sabemosdisso ainda, diz ele, usando ento estranhamente o presente, oque subitamente nos aproxima muito dele, em nossa atualidade, eao mesmo tempo, marca a zona de pesadelo na qual falar dessascoisas arrisca carre-las. Pois ele o disse a Lanzmann, ao comear:ele no ignora o perigo que existe ao voltar, como diz o mito deOrfeu, mas apesar disso, ao conhecer a causa, ele quer ir ali e
tentar dizer.
que Benjamin Murmelstein se atm a estabelecer os fatos, afazer com que percebam seu ponto de vista. Ele no ignora que,fazendo esse esforo em relao aos fatos, ele os constitui. Importapara ele fazer saber que ele poderia ter partido, levando a provaque tinha, os papis que lhe teriam permitido ficar perfeitamentelegalizado na Inglaterra, onde ele tinha uma misso, mas no, eletinha voltado para ocupar seu lugar entre o martelo e a bigorna,
no por esprito de sacrifcio, pois ele no queria morrer, masporque era assim. Ele no toma conhecimento do terrvel processoque outros movem contra ele; ele fala para dizer, sua maneira,qual era sua preocupao: as condies dos jovens, e tambmmelhorar a alimentao dos idosos, quando era possvel. Ele temsua percepo sobre a noite de cristal (Kristallnacht), que no temnada a ver com o assassinato de von Rath em Paris, diz ele, mascomemora a criao da Repblica de Weimar. Ele tem suapercepo sobre o processo Eichmann, no concorda
absolutamente com Hannah Arendt, sobre o homem que lhepareceu um demnio, um escroque, um verdadeiro canalha nem um
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pouco banal, como provam - viva e precisamente, como se os fatosdatassem de ontem - as apropriaes indbitas e desvios defundos por Eichmann, com a cumplicidade de certa agnciahansetica, relacionada aos vistos (que eram extremamente caros e
nunca satisfatrios) entregues com a inteno de uma emigraoque era apenas pretexto para destroar os judeus. Como eleinsistisse, junto a um agente do consulado britnico, para esclareceruma dessas histrias sombrias, escutou que no estava secomportando como um gentleman, e replicou: Um judeu sob ogoverno de Hitler no pode se dar o luxo de ser umgentleman.
Murmelstein no o little big man; de certa forma, totalmente o contrrio disso: um homem nem grande nem pequeno,viajando com sua parte de sombra, e muito, muito determinado a
perseverar, no fio da navalha, entre dois abismos, para fazer valer oque de direito, em um tempo em que o direito era somente umacaricatura, para assumir seu dever, em uma poca em que o deverera raramente assumido, no sem seguir a via de seu duro desejode durar. Inicialmente, adaptando-se a um terreno minado, agindosem trgua nem descanso para torn-lo praticvel, depois dandoseu testemunho, escrito e oral, e colocando-se disposio dos
juzes de Eichmann, que no convidavam para a sala do tribunal.Ele no nos d assim o exemplo de uma saudvel destituio
subjetiva, de quem no se preocupa com o que vo dizer, visando,para alm, um dizer que inspire e permanea ? No, mesmo queesteja claro que outro em seu lugar tivesse feito necessariamentede outro jeito, e quem sabe ? Talvez melhor. Tendo visto esse filmee escutado o rabino Murmelstein, no me parece que este homemdevesse ser enforcado, como se disse muitas vezes.
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Lanzmann e o trauma :
Traos apagados dos falsos traospar Clotilde Leguil
Seu filme acaba de estrear. Foi um acontecimento em Cannes.Pois um acontecimento na histria do cinema. Este filme seintitula Le dernier des injustes(O ltimo dos injustos) e nos d uma
nova verso do trauma do nazismo. Claude Lanzmann tratou dotrauma que foi o III Reich para a humanidade, como ningum antesdele no cinema, em seu filme cultuado: Shoah. H mais de vinteanos atrs. ComShoah, Lanzmann encontrou como dizerdo troumatisme, os traos apagados, no mostrando nada dele,mas dando a palavra aos sobreviventes, s vezes tambm aoscarrascos, s testemunhas, queles que ali estavam e eramsobreviventes dali. Atravs das palavras tomadas desses seres quevoltaram de l de onde no se volta, alguma coisa de
irrepresentvel da barbrie nazista foi transmitida, gravada,historicizada. O resultado que Shoah um filme que permanecetambm como um furo na histria do cinema. Ele no se parececom nenhum outro documentrio, com nenhuma outra fico sobrea Segunda Guerra Mundial. H um antes e um depois de Shoah, nocinema, como h um antes e um depois o nazismo, na histria.
Mas, hoje, com Le dernier des injustes, Lanzmann trata deoutra dimenso desse trauma do sculo XX que foi o nazismo.
Atravs de suas entrevistas com Benjamin Murmelstein, o ltimopresidente do Conselho judeu de Theresienstadt, ele evoca esta
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empreitada que foi o auge da barbrie nazista : a de criar um guetomodelo, para fazer o mundo inteiro acreditar que os nazistastratavam bem os judeus. Esta cidade dada aos judeus por Hitler,em 1941, foi o resultado de uma vontade de enganar o Outro,
criando falsos traos destinados a apagar os verdadeiros traos, ostraos da soluo final. Assim, Benjamin Murmelstein, entrevistadopor Lanzmann, em 1975 em Roma, testemunha a maneira como elese encontrou engajado nessa empreitada, decidindo no fugir,apesar das oportunidades que se apresentaram a ele. Totalmenteprisioneiro, como ele mesmo era nas suas funes, colaborandodiretamente com Eichmann do qual ele revela, atravs de seutestemunho, que ele encarnava o mal em toda sua barbrie e noem sua banalidade o ltimo presidente do Conselho judeu
chegou, no entanto, a salvar 121.000 judeus.O trauma deixa no ser um trao que no se apaga.Certamente. Mas com Lanzmann, apreende-se que o trauma no somente o encontro com o horror, mas tambm o encontro comtraos factcios que vm dizer que o horror no existe. Tambm empsicanlise, o trauma no somente esse uma nica vez que seproduziu de maneira contingente, mas tambm o discurso de umOutro que sempre vem dizer, posteriormente, que esse trauma noexiste.
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Um momento com Christine Angot
por Anne Ganivet-Poumellec
Eu tinha dois anos e meio e tenho uma lembrana muito, muitoforte, eu me lembro, eu me lembro como estava vestida, eu melembro da bolsa, da pequena bolsa a tiracolo que eu tinha, eu melembro dos vages Eu me lembro desses elementos a.Eu me lembro de nossa chegada a um sto; um quarto com umcolcho no meio, com uma claraboia.
Eu me lembro, eu me lembro, eu revejo ainda.Eu no tenho nenhuma foto e eu me lembro.E me lembro de ter dito : a que vamos viver, mame ?, olhandoo colcho onde amos dormir, todos os quatro1
Quem fala? Anne Hidalgo, nos sete minutos que ela concedeu aoblog das 43 Jornadas.
Ao redor dela, pessoas vo e vm. Ela se senta sobre uma dascadeiras de plstico. Ningum espera tanto tempo como ela. Aspessoas comem um sanduche ou uma fruta, antes de pegar seutrem. Ela tem fome, mas no tem dinheiro. Felizmente, a seus ps
ela tem sua bolsa de viagem, que a nica coisa familiar de toda aestao. Ela a olha. Ela fala com a bolsa. 3
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Quem escreve? Christine Angot convidada das 43 Jornadas daECF, domingo ltimo.
Estes dois amigos da psicanlise jogaram o jogo do microcontratado pelos organizadores das Jornadas e aceitaram falar do
trauma, do que ele para ela.Para a menina, a figura do trauma ser bordada pela boa vontadedo Outro, e pelo destino de sua palavra poltica.A jovem, aparelhada por um Outro impossvel, ou seja, real, pegaro trem da escrita.
Christine Angot falou da via sintomtica dolorosa que a levou at abeira do leito da escrita. Ela disse tambm como a psicanlise lheserve. Depois, como ela nos deixa deslizar um corpo entre as
palavras de Une semaine de vacances (Uma semana defrias), para encarnar o texto que se torna inesquecvel.Feitas essas experincias, se vocs ainda no tentaram, leiam olivro de Christine Angot Une semaine de vacances, claro, voc olero sem parar e, claro, vocs jamais podero esquecer onde seencontrava seu corpo, onde vocs respiram, leem, sentem, quandotomam emprestadas as letras desse texto.A escritora Christine Angot nos fez um bem inestimvel lendo o quetinha escrito para ns, esse domingo, 17 de novembro, e ns a
ovacionamos.
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[1] Extratos escolhidos livremente do vdeo les-7-minutes-de-anne-hidalgo-1ere-adjointe-au-
maire-de-paris2 As 43Jornadas da cole de la Cause freudiennes sero nos dias 16 e 17 de novembro de
2013, sobre o tema Trauma. Os traumatismos no tratamento analtico. Bons e maus
encontros com o real . Artigos e vdeos em journeesecf.fr3 Angot Ch., Une semaine de vacances,Paris, Flammarion, 2012, p. 137.
- Em torno da exposioMaryan, o zoolgico humano-
Os dirios de MaryanConferncia de Grard Wacjman
http://www.youtube.com/watch?v=uR503yWw4zQhttp://www.youtube.com/watch?v=uR503yWw4zQhttp://www.youtube.com/watch?v=uR503yWw4zQhttp://www.journeesecf.fr/http://www.journeesecf.fr/http://www.journeesecf.fr/http://www.youtube.com/watch?v=uR503yWw4zQhttp://www.youtube.com/watch?v=uR503yWw4zQ8/13/2019 Lacan Cotidiano 355
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Em 1971, sob os conselhos de seupsicanalista nova-iorquino, Maryanpreenche, durante um ano, novegrandes dirios. Encontram-se neles
cenas que assombram a psiqu daartista, e que o desenho, melhor queas palavras, lhe permitem exprimir.Algumas evocam sua infncia judiana Polnia, outras, povoadas deguardas e soldados, so marcadaspela experincia no campo deconcentrao, e outras, enfim, soperpassadas por motivos recorrentes,
de caixas-jaula-campo deprisioneiros, homens com cabea deanimais, execues... Nunca,provavelmente, um artista terassociado, de maneira toaprofundada, experinciapsicanaltica e prtica de desenho.Esses dirios so a chave de entradana obra de Maryan.
Na arte rupestre existe isso, que sechama as mos negativas. O artista colava sua mo na parede ecuspia a cor contida em sua boca. Existe alguma coisa assim emMaryan. No apenas pintar, como todo mundo, com suaslembranas, sua histria, seus pensamentos ntimos, mas pintarcom seu corpo, o que o habita, tudo que ele contm, cuspir em umatela e desenhar seu ser negativo. G. W.
Conferncia de G. Wacjeman : quarta-feira, 4 de dezembro de2013 19h30
Exposio : at 9 de fevereiro de 2014
Museu de arte e de histria do JudasmoHtel de Saint-Aignan, 71, rue du Temple, 75003 Paris
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Metr : Rambuteau ou Htel de Villehttp://www.mahj.org/fr/3_expositions/expo-Maryan-La-menagerie-humaine.php
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Lacan CotidianoPublicado por navarin diteurINFORMA E REFLETE TODOS OS DIAS A OPINIO ESCLARECIDA
comit de direopresidente eve [email protected]
redao catherine lazarus-matet [email protected] jacques-alain miller
redaocoordenao catherine lazarus-matet [email protected] de leitura pierre-gilles gueguen, jacques-alain miller, eve miller-rose, anne poumellec, eric zulianiedio cecile favreau, luc garcia, bertrand lahutte
equipepelo institut psychanalytique de lenfantdaniel roy, judith miller
por babel
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A teno au to res & ed ito resPara a rubrica Critique de Livres, queiram enderear suas obras a
NAVARIN DITEUR, Redao de Lacan Quotidien1 rue Huysmans75006 Paris.
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Com un icao: Maria Cr is tin a Maia Fern and es
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