+
JUBILEU DA
MISERICÓRDIA
AS OBRAS DE MISERICÓRDIA
+
CATECISMO DA IGREJA
CATÓLICA
AS OBRAS DE
MISERICÓRDIA
+AMOR AOS POBRES
2443. Deus abençoa aqueles que ajudam os
pobres e reprova os que deles se afastam:
«Dá a quem te pede; não voltes as costas a quem
pretende te pede emprestado» (Mt 5,42).
«De graça recebestes, de graça deveis dar» (Mt
10,8).
Jesus reconhecerá seus eleitos pelo que tiverem
feito pelos pobres. Temos o sinal da presença de
Cristo quando «aos pobres se anuncia a Boa Nova»
(Mt 11,5).
+TRADIÇÃO
2444. «O amor da Igreja pelos pobres [...] faz parte de sua
constante tradição». Inspira-se no Evangelho das bem-
aventuranças, na pobreza de Jesus e em sua atenção aos
pobres.
O amor aos pobres é também um dos motivos do dever de
trabalhar: para se ter o que partilhar com quem tiver
necessidade.
Não se estende somente à pobreza material, mas também
às numerosas formas de pobreza cultural e religiosa.
+AVAREZA
E agora vós, os ricos, chorai e gemei, por causa das
desgraças que estão para cair sobre vós. Vossa riqueza está
apodrecendo e vossas estão carcomidas pelas traças. Vosso
ouro e Vossa prata estão enferrujados, e a ferrugem deles vai
depor contra vós e devorar vossas carnes como o fogo!
Nestes dias que são os últimos, amontoastes tesouros! Olhai:
o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos,
e que vós deixastes de pagar, está gritando; o clamor dos
trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor Todo-poderoso.
Vivestes luxuosamente na terra, entregues à boa vida,
engordando a vós mesmos no dia da matança! Condenastes
o justo e o assassinastes: ele não vos resiste (Tg 5,1-6).
+JUSTIÇA E CARIDADE
2446. São João Crisóstomo lembra essa verdade
com termos vigorosos: «Não deixar os pobres
participar dos próprios bens é roubá-los e tirar-
lhes a vida. Nós não detemos os nossos bens, mas
os deles. É preciso satisfazer, acima de tudo, as
exigências da justiça, para que não ofereçamos
como dom da caridade aquilo que já é devido por
justiça. Quando damos aos pobres as coisas
indispensáveis, não praticamos com eles grande
generosidade pessoal, mas lhes devolvemos o que
é deles. Cumprimos um dever de justiça, e não
tanto um ato de caridade».
+OBRAS ESPIRITUAIS E CORPORAIS
2447. As obras de misericórdia são as ações
caritativas pelas quais socorremos o próximo em
suas necessidades corporais e espirituais. Instruir,
aconselhar, consolar, confortar, são obras de
misericórdia espirituais, como perdoar e suportar
com paciência. As obras de misericórdia corporais
consistem, sobretudo, em dar de comer a quem
tem fome; dar de beber a quem tem sede; dar
moradia aos desabrigados; vestir os maltrapilhos;
visitar os doentes e prisioneiros; sepultar os
mortos.
+POBRES
Dentre esses gestos de misericórdia, a esmola
dada aos pobres é um dos principais testemunhos
da caridade fraterna.
É também uma prática de justiça que agrada a
Deus.
+OPÇÃO PREFERENCIAL
2448. «Sob suas múltiplas formas – extrema
privação material, opressão injusta, enfermidades
físicas e psíquicas, e, por fim, a morte –, a miséria
humana é o sinal manifesto da condição natural da
fraqueza em que o homem se encontra após o
primeiro pecado e da necessidade de salvação. É
por isso que ela atrai a compaixão de Cristo
Salvador, que quis assumi-la sobre Si, identificar-
Se com os "mais pequeninos entre seus irmãos"
(Mt 25,40-45).
+AMOR PREFERENCIAL
É também por isso que todos aqueles que a
miséria atinge são objeto de amor preferencial por
parte da Igreja, que, desde as suas origens, apesar
das falhas de muitos de seus membros, não deixou
nunca de trabalhar por aliviá-los, defendê-los e
libertá-los. Ela o faz por meio de inúmeras obras
de beneficência, que continuam a ser, sempre e
por toda a parte, indispensáveis».
+ANTIGO TESTAMENTO
2449. No Antigo Testamento, todas as medidas
jurídicas (ano de perdão, proibição de
empréstimos a juros e da manutenção de penhora,
obrigação do dízimo, pagamento quotidiano ao
trabalhador diarista, direito de colher os cachos de
uva nas vinhas e de recolher as espigas ceivadas
nos campos) são uma resposta à exortação do
Deuteronômio: «nunca deixará de haver os pobres
na terra, eu te dou este mandamento: abre tua mão
para teu irmão, para o pobre e necessitado que
estiver na tua terra» (Dt 15,1 l).
+NOVO TESTAMENTO
Jesus faz suas essas palavras: «Os pobres, sempre
os tende convosco. A Mim, no entanto, nem sempre
tereis» (Jo 12,8).
Dessa forma, ele não deixa enfraquecer a
veemência dos oráculos antigos contra aquele que
«comprar o fraco por dinheiro, o indigente por um
par de sandálias» (Am 8,6), mas ele nos convida a
reconhecer sua presença nos pobres, que são seus
irmãos.
DAR DE COMER A
QUEM TEM FOME
FOME E APETITE A primeira coisa que temos que ter clara é que fome
não deve ser confundida com apetite. Antes de tomar
refeição temos apetite. Fome é quando temos vontade
de comer, mas não temos o que comer. Fome é a
experiência antecipada da morte.
FOME NO MUNDO Não há como não sermos afetados por esta dolorosa
chaga da fome no mundo: hoje vão morrer de fome
aproximadamente 40 mil pessoas! Tomar consciência
dessa tragédia humana, mesmo que não resolva o
problema na sua totalidade e na sua gravidade, ao
menos pode aliviá-lo um pouco.
BENTO XVI A fome ceifa ainda inúmeras vítimas entre os muitos
Lázaros, a quem não é permitido sentar-se à mesa do
rico avarento. Dar de comer aos famintos (cf. Mt 25,
35.37.42) é um imperativo ético para toda a Igreja,
que é resposta aos ensinamentos de solidariedade e
partilha do Senhor Jesus.
Além disso, eliminar a fome no mundo tornou-se, na
era da globalização, também um objetivo a alcançar
para preservar a paz e a subsistência da terra.
BENTO XVI A causa principal da fome no mundo a escassez
material, mas é a dos recursos sociais e natureza
institucional; isto é, falta um sistema de instituições
econômicas que seja capaz de garantir um acesso
regular e adequado à alimentação e à água.
BENTO XVI As piores crises alimentares são provocadas mais pela
irresponsabilidade política nacional e internacional doque por causas naturais. O problema da insegurançaalimentar precisa ser enfrentado eliminando as causasestruturais que o provocam e promovendo odesenvolvimento agrícola dos países mais pobres pormeio de investimentos em infra-estruturas rurais,sistemas de irrigação, transportes, organização dosmercados, formação e difusão de técnicas agrícolasapropriada. Tudo isso deve ser realizado, envolvendoas comunidades locais nas opções e nas decisõesrelativas ao uso da terra cultivável.
BENTO XVI Os direitos à alimentação e à água revestem um papel
importante para a consecução de outros direitos, a
começar pelo direito primário à vida.
Por isso, é necessária a maturação duma consciência
solidária que considere a alimentação e o acesso à
água como direitos universais de todos os seres
humanos, sem distinções nem discriminações.
BENTO XVI Além disso, é importante pôr em evidência que o
caminho da solidariedade com o desenvolvimento dos
países pobres pode constituir um projeto de solução
para a presente crise global.
Caritas in Veritate, 27 (2009).
AÇÕES CONCRETAS É preciso que cresça, entre as pessoas, a vontade de
ajudar os que passam fome.
Não desperdiçar alimentos, viver de maneira austera,
combater o consumismo, multiplicar as ações de
solidariedade são gotas de amor no mar imenso da
falta de pão no mundo.
DAR ÁGUA A QUEM TEM SEDE
TIVE SEDE E ME DESTES DE BEBER
Jesus experimentou o drama da sede. Junto ao poço,
Ele pediu à Samaritana: Dá-me de beber!
Crucificado, ele gritou: Tenho sede! E lhe deram
vinagre!
A Organização Mundial de Saúde estima que 80%
das doenças em todo o mundo estejam associadas à
água contaminada. O drama da falta de água é, em
muitos casos, causado pela má administração dos
recursos naturais, pela exploração irresponsável da
natureza, pela falta de uma gestão justa e competente
dos recursos hídricos
LAUDATO SÌ
A disponibilidade de água manteve-se
relativamente constante durante muito
tempo, mas agora, em muitos lugares, a
procura excede a oferta sustentável, com
graves consequências a curto e longo prazo.
Grandes cidades, que dependem de
importantes reservas hídricas, sofrem
períodos de carência do recurso, que, nos
momentos críticos, nem sempre se
administra com uma gestão adequada e com
imparcialidade (28).
LAUDATO SÌ
Um problema particularmente sério é o da qualidadeda água disponível para os pobres, que diariamenteceifa muitas vidas. Entre os pobres, são frequentes asdoenças relacionadas com a água. Em muitoslugares, os lençóis freáticos estão ameaçados pelapoluição produzida por algumas atividadesextrativas, agrícolas e industriais, sobretudo empaíses desprovidos de regulamentação e controlessuficientes. Não pensamos apenas nos rejeitosprovenientes das fábricas. Os detergentes e produtosquímicos que a população utiliza em muitas partesdo mundo continuam a ser derramados em rios,lagos e mares (29).
LAUDATO SÌ
Enquanto a qualidade da água disponível
piora constantemente, em alguns lugares
cresce a tendência para se privatizar este
recurso escasso, tornando-se uma
mercadoria sujeita às leis do mercado. Na
realidade, o acesso à água potável e segura é
um direito humano essencial, fundamental e
universal, porque determina a sobrevivência
das pessoas e, portanto, é condição para o
exercício dos outros direitos humanos (30).
LAUDATO SÌ
Este mundo tem uma grave dívida social
para com os pobres que não têm acesso à
água potável, porque isto é negar-lhes o direito
à vida radicado na sua dignidade inalienável.
Esta dívida é parcialmente saldada com
maiores contribuições econômicas para
prover de água limpa e saneamento as
populações mais pobres (30).
LAUDATO SÌ
Nota-se um desperdício de água não só nos
países desenvolvidos, mas também naqueles
em vias de desenvolvimento que possuem
grandes reservas. Isto mostra que o
problema da água é, em parte, uma questão
educativa e cultural, porque não há
consciência da gravidade destes
comportamentos num contexto de grande
desigualdade (30).
ACOLHER O ESTRANGEIROEra estrangeiro e me acolhestes em casa
REFUGIADOS
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, odeslocamento global provocado por guerras, conflitos e perseguições atingiu59,5 milhões de pessoas no final de 2014. Isso significa que a cada dia 42,5mil pessoas são obrigadas a abandonar suas casas em razão de conflitos. Omundo vive a pior crise de deslocamento de pessoas desde a 2ª Guerramundial. A impressão é de que o mundo inteiro esteja em guerra.
Turquia, Paquistão, Líbano, Irã, Etiópia e Jordânia são os países que maisrecebem refugiados.
PAPA FRANCISCO
Quem de nós chorou pelas vítimas do tráfico de pessoas?”Quem chorou pela morte destes irmãos e irmãs? Quem pelasmães jovens que traziam os seus filhos? Por estes homens cujoúnico desejo era conseguir qualquer coisa para sustentar aspróprias famílias? Somos uma sociedade que esqueceu aexperiência de chorar, de ‘padecer com’: a globalização daindiferença tirou-nos a capacidade de chorar!
PAPA FRANCISCO
Senhor, pedimos perdão pela indiferença por tantos irmãos eirmãs; pedimos vosso perdão, Pai, por quem se acomodou e sefechou no seu próprio bem-estar que leva à anestesia docoração; pedimos vosso perdão por aqueles que, com as suasdecisões, criaram, no mundo, situações que conduzem a estesdramas. Perdão, Senhor! (Papa Francisco, Lampedusa8/07/2013).
ACOLHIDA
A acolhida é um valor que está na raiz da fé cristã, queenriquece a nossa consciência. Um coração grande, nãofechado, é mais rico e mais feliz.
Acolher o estrangeiro nos faz ver no outro não um inimigo, masum irmão a ser amado. A Igreja é mãe e exprime sua ternura eafeto na acolhida de quem é obrigado a fugir de seu própriopaís e vive desenraizado e sozinho.
DAR PÃO A QUEM TEM FOME
DAR ÁGUA A QUEM TEM SEDE
Para os cristãos que querem sermisericordiosos como o Pai, os pobres nãosão um problema social para ser resolvido.Não! Para os misericordiosos, os pobres sãouma questão de família: eles não são umfenômeno social, são irmãos.
O primeiro passo para ser misericordioso ésentir o pobre não como uma tarefa deserviço social, mas como “sacramento deCristo” (tive fome e me destes de comer; tivesede e me destes de beber...).
O amor cristão não escolhe quem amar nemquem serão os amigos.
Pelo contrário, o cristão ama os pobres queencontra no seu caminho.
Podemos dizer que os pobres não têmsomente direito de receber nossa ajuda, massobretudo de nossa amizade e de nossoamor.
Muitos hoje são contra dar esmolas e sustentamque seria melhor doar o dinheiro paraorganizações que possam tornar a ajuda maiseficaz.
Ajudar as organizações de assistência social éuma coisa boa, mas simplesmente abolir aprática da esmola seria nos privar daoportunidade de um contato pessoal com ospobres.
A esmola é um convite para fazer uma parada,para olhar nos olhos do pobre e oferecer-lhealgo de nós mesmos.
A prática da esmola insere um pouco de compaixão em nossa cidade que se desumaniza e se embrutece.
É um gesto pequeno, mas é também um passo de amor, um aproximar-se afetivamente e pessoalmente daqueles que não são amados, não são queridos, não são desejados por ninguém.
A prática da esmola nos coloca em contato com amiséria de nossa imensa cidade. Encontramospobres nas ruas: doentes, solitários,desiquilibrados, drogados, sem casa, sem afeto.
É possível fazer algo por eles, mesmo que amiséria pareça imensa e invencível.
A prática da esmola exige que a gente pare aomenos alguns minutos e que deixemos nos tocarno coração. Desse rápido encontro pode brotar aescuta, o envolvimento pessoal, a relação pessoale personalizante com o pobre.
A esmola deve significar uma atitude decompaixão e não de desprezo ou de penahumilhante.
Ter uma atitude de misericórdia é prepararum mundo melhor, mais humano para aspróximas gerações.
Ao dar esmola devemos seguir a regra de Zaqueu: ele não deu tudo aos pobres; ele deu o que decidiu com amor.
A regra de Zaqueu é a regra da liberdade e do compromisso por amor. É a regra de quem é livre no amor, de quem é grato pela visita do Senhor.
Os pobres têm necessidade de uma boapalavra e não somente de alguns trocados.Dê, com o dinheiro, uma boa palavra... Opobre, quando erra, deve ser advertido, e nãodesprezado. E se nele não encontramosdefeito algum, dever ser venerado.
Se o pobre descobrisse a origem da esmolaque ofereces a ele, não a aceitaria uma vezque isso significaria se nutrir das carnes dosseus irmãos e do sangue dos seussemelhantes. Ele te diria com grandesinceridade: “não me alimentes com aslágrimas de meus irmãos”.
Estava nu e me vestitstes
O FRIO No inverno, nossa cidade revela o grave problema da
falta de roupa para enfrentar o frio. Os albergues queacolhem os que não têm casa, além de vestirfisicamente tantos pobres, revestem a nossa cidadecom o manto da misericórdia que a salva doembrutecimento da selva de pedra. Todos, ricos epobres, podem participar dessa rede de solidariedadeque salva tantos irmãos nossos e salva a nossametrópole da lei da selva.
VESTIMENTA As vestes têm se tornado uma forma de revelar nossa
classe social e podem nos distanciar dos mais pobres.
O rico epulão se vestia com roupas finas e carasenquanto Lázaro estava deitado à sua porta coberto deferidas (cf. Lc 16,19-20). Vestir os nus, de maneiraprática, significa exercitar a virtude do recato e damodéstia no nosso modo de vestir e lançar ponte desolidariedade.
A MODA Sabemos o quanto a roupa tem se tornado um negócio
(business), muito além de uma primeira necessidade.A roupa faz parte integrante do modo de viver, de seauto afirmar e de se relacionar. Assim vestir a nudeznão é somente doar roupa, mas também nãodiscriminar por causa das vestes. Vestir os nus podeconsistir em revestir o pobre com o manto da acolhidae da atenção à sua dignidade inalienável. Vestir os nuspode significar também sobriedade e dignidade novestir sem cair no luxo e no exibicionismo.
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