Jornal Regional de Bebedouro
www.redebrasilatual.com.br BeBedouro
nº 6 Março de 2011
DistribuiçãoGratuita
zagueiraço
Ronaldo, um craque de Bebedouro, brilha no Internacional
Pág. 7
futebol
entrevista
Uma revolução que se faz com música e dança na cidade
Pág. 3
bate lata
raul furquim
plaft - pum
Não há canteiro que resista aos carros e motos na avenida
Pág. 2
trote
As tenebrosas histórias de jovens que se tornam estudantes universitários
Págs. 4-5
naDa justifica as humilhações
Heleny Telles Ferreira Guariba, bebedourense, vítima da ditadura militar
herança macabra - (ii)
lenita sumiu
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Casada, mãe de dois filhos, ela desapareceu em 1971, ao ser presa pelos órgãos de segurança. Testemunhas dizem que ela foi torturada até a morte numa casa em Petrópolis
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expediente rede brasil atual – bebedouroeditora gráfica atitude ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Marina Amaral e Leonardo Brito (estagiário) revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman telefone (11) 3241-0008tiragem: 10 mil exemplares Distribuição gratuita
As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.
vale o que vier
eDitorial
aveniDa raul furquim
casas PoPulares
Palco de constantes acidentes
construir é preciso
Difícil achar um canteiro não atingido por carros e motos
Mas quantas, e onde tem sido o pomo da discórdia
Seja pelo excesso de veloci-dade ou pelos corriqueiros pro-blemas técnicos nos semáforos, o fato concreto é que já se tor-nou rotina a cena de um cantei-ro destruído e logo em seguida recuperado pelos funcionários municipais, como é o caso desse que está na fotografia trazida por nossa reportagem. Ele foi refeito há poucos dias.
Bebedouro, assim como várias outras cidades brasilei-ras, começa a esboçar sinais de que o trânsito precisa ser pensado com estratégias. Na cidade já é contabilizado um carro para cada dois habitan-
tes. Com o aquecimento da economia, o aumento da renda e dos salários e as facilidades de financiamento, a quantida-de de veículos nas ruas pode aumentar. Isso exige respostas
eficazes do poder público. É mais fácil e barato prevenir o acidente do que tratar do acidentado. Isso sem falar da perda de vidas humanas, o que não tem preço.
Em audiência pública na Câmara Municipal, o Poder Executivo propôs alterar o Plano Diretor para construir casas em áreas de preservação de mananciais, no setor sul, ao lado do Jardim União. A ideia é autorizar o loteamento para a construção, via inicia-tiva privada, de 632 casas que seriam vendidas dentro do Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.
Para a engenheira em gestão ambiental Ângela Brunelli, a ideia é absurda:
“é uma área de nascentes, ao lado da Estação de Captação de Água do SAAEB e do córrego do Retiro, protegido pelo Plano Diretor. Liberá-la para constru-ção pode causar danos irrepa-ráveis ao município” – alerta Brunelli, membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente. A preocupação é a de que o esgoto doméstico contamine o córrego, o lençol freático e a represa de captação de água que abastece parte da cidade. O projeto tam-bém traz dúvidas sobre a viabi-lidade financeira. A legislação
prevê que novos loteamentos cuidem de seu esgoto. Esse investimento, mais os gastos com toda a infraestrutura – galerias pluviais, por exem-plo – seria muito significati-vo. Quem pagaria a conta? A pergunta está sem resposta.
Segundo a Prefeitura, o déficit habitacional na cida-de é de 8.000 unidades – o número de cadastrados espe-rando pela casa própria. Já o Censo 2010 do IBGE aponta que estão fechadas 1.827 re-sidências em Bebedouro.
A violência com que uma certa tropa de veteranos estudantes universitários se volta contra quem acaba de entrar na faculdade repercute fundo na sociedade brasileira e enseja ações públicas contra o que, antes, era apenas uma brincadeira. O que devia ser motivo de festa dá lugar a traumas e tragédias. Os “bichos” são obrigados a botar a cabeça em vasos sanitários, a beber além da conta, a comer restos estragados de animais. Alguns recebem bal-des de fezes e urina no corpo. Há, ainda, quem é obrigado a lam-ber linguiças untadas com leite condensado, colocadas entre as pernas dos veteranos. Ou, para esfriar a cabeça, quem é colocado num freezer. Este é o tema das páginas centrais do Brasil Atual. Para a nossa análise e avaliação.
Também já contamos aqui que uma conterrânea nossa, a pro-fessora Heleny Guariba, faz parte de uma triste história a que o Brasil não quer pôr um ponto final: a dos mortos e desaparecidos políticos durante o regime militar. Lenita, mãe de dois filhos, de-saparecida desde 1971 depois de ser presa pelos órgãos de segu-rança, faz parte da história de brasileiros que estão insepultos a reclamar por uma lápide com seus nomes, à espera de um túmulo onde possam receber uma vela, uma oração, um buquê de flores. Mas há histórias mais amenas, que merecem ser conhecidas. Uma é a do menino pobre da periferia, Ronaldo, que há pouco tempo disputava o Mundial Interclubes pelo Internacional gaúcho. Outro é o projeto Bate Lata, das escolas municipais, que fortalece o vín-culo de nossas crianças na comunidade e inclui a molecada num sucesso escolar que só a música poderia mesmo contar. E contar cantando. É isso, boa leitura!
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entrevista
bate lata, um bom projeto de ensino da cidadeO prazer de ver uma criança crescer e se tornar cidadão dá um baita orgulho Por Carlos Orpham
Quantas crianças são aten-didas pelo projeto?Cerca de 600 alunos têm aula de música, na escola de tempo integral. Desses, 130 integram o Bate Lata e participam das apresentações culturais.Como são feitos os instru-mentos?A gente usa desde vagens de flamboyant, que caem de ár-vores, garrafas pet, bacias e latinhas até tambores de óleo e suco. Tudo é preparado para soar com vários timbres. Nas oficinas de artesanato, alunos e professores con-feccionam, pintam e testam os instrumentos. Depois, o regente cria os arranjos es-peciais, sempre com batidas diferentes das anteriores, daí o termo Bate Lata. Técnicas de ritmo, harmonia e contra-ponto reorganizam a estrutura das melodias de acordo com a habilidade das crianças. Isso exige ensaio e perseverança. Os alunos estudam música do erudito ao popular.Que crianças participam? Crianças com problemas emo-cionais e comportamentais, ocasionados pelo meio em que vivem. Pertencem à região sul da cidade e dividem seu tem-po entre a escola e as ruas. São jovens com baixa autoestima e estrutura familiar precária. Isso gera uma criança desinte-ressada na escola. Como reverter isso?A gente convida alunos que têm alguma dificuldade e uma certa aptidão musical ou interesse pelas artes. Mas para permanecer no projeto o
aluno tem de se comprometer nos estudos. A assiduidade e a disciplina são avaliadas. As-sim, todos aprendem a tocar instrumentos e desenvolvem as habilidades e as expressões corporais, como a dança atra-vés da arte. Mães monitoras prestam serviços voluntários, cuidando da higiene pessoal, alimentação e vestuário, até
a maquiagem e o penteado. Enfim, crianças e adolescen-tes desenvolvem habilidades que os levem a construir o contexto em que vivem, me-lhorando a qualidade de vida, através do exercício da cida-dania. Com isso, vivem as atividades escolares de for-ma prazerosa, transformando o ambiente onde o seu fazer
acontece. E a escola desen-volve o aprendizado, eleva a autoestima, desperta o gos-to musical, revela talentos e apresenta uma nova opção de lazer e entretenimento.O que representa esse trabalho?Representa nossa vida. Ver as crianças crescerem e tor-narem-se cidadãos de bem é uma satisfação e um orgu-
lho muito grande. É gratifi-cante encontrarmos jovens bem-sucedidos que passaram pelas nossas mãos. O Bate Lata é um projeto modelo de educação musical que cres-ceu com o tempo e tornou-se uma referência. Ele recebe visitantes de todo o Estado, que vêm assistir aos ensaios e conhecer como funciona. Não há uma fórmula pronta para desenvolver o projeto, mas uma concepção diferen-ciada em relação ao ensinar e aprender, que será sempre uma relação de troca, onde todos são importantes parcei-ros e colaboradores. Viven-ciamos experiências de vida que mostravam alunos em situação de risco, com confli-tos familiares e condições de sobrevivência precárias que hoje estão superadas.Dá pra fazer um balanço? É difícil saber o número exa-to de apresentações ao lon-go desses anos. A gente já se apresentou em diversos even-tos culturais, feiras, congres-sos, seminários, formaturas, palestras, festas beneficentes, religiosas, inaugurações. Já esteve em entrega de título Prefeito amigo da criança em Brasília, festa do peão em Bar-retos, abertura de simpósios em Universidades, passeatas educativas, desfiles cívicos, concursos regionais e esta-duais de corais, feira do livro em Ribeirão Preto, Usina da Dança em Orlândia, secretaria estadual de Educação, e até no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
O Bate Lata é um projeto de enriquecimento curricular do Departamento Municipal de Educação de Bebedouro, desenvolvido
na Escola João Pereira Pinho desde o ano de 2000. Idealizado pelos professores João Batista Perri e Cláudia Campos
Perri, o Bate Lata une música, canto, dança, oficinas de reciclagem e confecção de instrumentos aos conteúdos do ensino regular.
Os alunos, por exemplo, têm a oportunidade de gravar CDs educativos com o repertório especial, usados como complemento
do material didático. Nesta entrevista, João Batista conta como o projeto fortalece os vínculos com as famílias da comunidade e incentiva o sucesso escolar da criança e do adolescente além, claro, de ampliar o
repertório musical e a capacidade de interpretação, revelar talentos e apresentar uma nova opção de lazer e entretenimento.
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apresentação das crianças do bate lata, sob a “regência” dos mestres claudia e joão Perri: orgulho de bebedouro
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comPortamento
trote: a vergonha que mancha o ensino universitárioA violência contra o “bicho” ainda acontece. E o que devia ser motivo de festa dá lugar a traumas e tragédias Por Fabíola Perez
Os calouros foram levados ao anfiteatro do hospital. Então, os veteranos passaram a tran-car saídas. Checavam até nos banheiros se tinha alguém es-condido. De repente, a gritaria. Os calouros se ajoelhavam, de cabeça baixa. Eram xingados e coagidos a dar dinheiro para a Atlética. Em fevereiro de 2006, a estudante de medicina Bruna Ramirez, da Fundação ABC, em Santo André, deixou o lo-cal de mãos dadas com outros calouros, depois que um deles ligou para os pais, que avisaram a polícia.
Vivian Moreira Sales, 23 anos, participou na mesma fa-culdade de ritual semelhante. O clima pesado vai até 13 de maio, a data da libertação dos escravos. Mas a humilhação continua durante o ano. “Se o aluno sofre por um ano, aplicará o trote por mais cinco” – dizem alguns veteranos.
Há 12 anos, um caso de vio-
lência fatal marcou o debate sobre trotes. Edson Tsung Chi Hsueh, da Medicina da USP, foi encontrado morto na piscina da Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz, em 1999. O fato estimulou a criação de meca-nismos de denúncias e de ações preventivas nas universidades e despertou discussões sobre as motivações do ritual.
Ricardo Godoy, 23 anos, abandonou o curso de Medici-na em Santos (SP), em 2007, e se lembra das “brincadei-ras” violentas impostas pela Atlética aos calouros da 45ª turma.“Obrigam os alunos a nadar nos canais de Santos, onde desembocam as redes de esgoto” – conta. Depois de um ano, ele foi estudar Medicina
lista, sofreu as humilhações de quem precisa dividir o espaço de uma república. “Eu era o único ‘bicho’ de lá, e deixavam uma mensagem na lousa: ‘bicho vai morrer’. As situações mais difíceis que passei foi ficar com a cabeça no vaso sanitário com a água respingando no rosto e ter de fazer uma prova todo fan-tasiado de mulher.”
na Uninove. As formas de vio-lência eram quase as mesmas. “Na Uninove, os calouros são submetidos ao que chamam de “lavagem cerebral”: colocam a cabeça deles no vaso sanitário e puxam a descarga várias vezes.
Em Guaratinguetá (SP), An-dré Caetano Prado, de 22 anos, do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Estadual Pau-
“jogaram frutas, ovos podres e farinha. Depois, me puseram num freezer com uma amiga”O procurador regional
dos Direitos do Cidadão em Marília, Jefferson Apa-recido Dias, discorda da política de segurança das universidades, de restringir punições a eventos ocorri-dos no perímetro que con-sideram de sua responsabi-lidade. Ele defende que os atos violentos sejam crimi-nalizados. Dias se refere a
situações como a vivida por Mariana Sanchez Flores, de 28 anos, ex-aluna de Medicina de Mogi das Cruzes, de 2005. Ela conta: “Da sala de aula, os calouros foram levados para uma atividade de socialização na cidade. Puseram todo mun-do num ônibus e, uma hora depois, estávamos num sítio. Lá, fizemos serviços domés-ticos. Jogaram frutas, ovos
podres, farinha e empurraram todo mundo na piscina. De-pois, me puseram num freezer com uma amiga.”
Mariana ficou deprimida, mal-humorada, doente e, depois de uma semana, não voltou mais à faculdade. “A voz não saía. Pedi para a minha mãe cance-lar tudo porque eu queria vol-tar para o cursinho.” A mãe da estudante procurou a diretoria
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Por todo o brasil, o que se vê é a repetição de cenas de calouros universitários sendo humilhados pelos veteranos
cenas de horror: brincadeiras do trote levam jovens...
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trote: a vergonha que mancha o ensino universitáriotrote cidadão: uma alternativa
casosescrotos
A violência contra o “bicho” ainda acontece. E o que devia ser motivo de festa dá lugar a traumas e tragédias Por Fabíola Perez
Um ano antes da morte de Edson Tsung, a USP adotara um mecanismo para ajudar os calouros a denunciar casos de violência. O Disque Trote, criado e coordenado pelo pro-fessor Oswaldo Crivello Jú-nior, funciona durante a matrí-cula e se encerra duas semanas após o início das aulas. “Essa ferramenta deveria existir em todas as faculdades, pois os alunos ingressantes são de responsabilidade da institui-ção. É importante mostrar que há limites e que o calouro tem a quem recorrer” – enfatiza o coordenador.
O secretário executivo da Associação Nacional dos Diri-gentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Balduíno, afirma que é obrigação da faculdade ofe-recer ações preventivas. “O ca-minho é criar novas formas de
“jogaram frutas, ovos podres e farinha. Depois, me puseram num freezer com uma amiga”
recepção de calouros, incluir os veteranos nessas atividades, mas não deixar tudo a cargo dos alunos. Toda a instituição tem de se envolver.”
A partir da recomendação do Ministério Público, univer-
um dia depois das agressões. “A faculdade se absteve. Disseram que se os alunos quiseram ir, o problema era deles” – conta.
O portal Antitrote.org ob-serva que as vítimas de abusos têm dificuldades em recorrer à Justiça e, quando o fazem, têm como alvo os alunos que praticaram o trote. Em sua pá-gina na internet, a organização aconselha que os agredidos
acionem também as institui-ções de ensino “que não se preocupam em oferecer am-biente seguro e, sutil ou desca-radamente, estimulam o trote, como se ele fosse apenas uma brincadeira”. Segundo o pro-curador Dias, “com a internet e celulares que gravam voz e imagem, há mais formas de fa-zer o registro e as pessoas po-dem se valer do anonimato”.
sidades desenvolveram ações positivas em prol das comu-nidades. Uma delas, o Trote Cidadão, é um projeto coorde-nado pelo aluno da Unicamp André Caetano Prado. O estu-dante de Engenharia Química
conta que a ideia ganhou força em 2003, com três cursos da instituição unidos para pôr em prática o trote solidário. Houve uma mobilização para conscientizar a comunidade sobre a relevância de uma co-operativa de reciclagem em Campinas. Atualmente, 37 cursos da instituição ajudam quatro cooperativas, entre ou-tras organizações.
“Desde 2007, a Reitoria da Universidade aboliu a palavra trote da instituição e adotou nosso modelo de recepção de novos alunos” – comemo-ra. Para André, essa cultura é muito boa, mas é importante a participação das faculdades na coibição dos trotes pesa-dos e no incentivo às práticas solidárias. “Mas quem deve executar são os alunos, porque são eles que têm de se enten-der e se relacionar” – alerta.
universidade de mogi das Cruzes (sp) Calouros de medicina fo-ram obrigados a beijar órgãos estragados de boi enquanto eram insultados e cuspidos por veteranos. Um estudante se recusou a beijar os pés de um ve-terano e sofreu queima-duras ao receber caipiri-nha de limão nos olhos.
Centro universitário da fundação educacional barretos (sp) Sete calouros sofreram queimaduras graves pro-vocadas por uma mistura de tinta e creolina, um de-sinfetante corrosivo, joga-da por veteranos. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público.
universidade federal do vale do são francisco (pe)Um vídeo divulgado na internet este ano mostra estudantes de veterinária e zootecnia atirando bal-des com fezes e urina de cachorros sobre os calou-ros no campus de ciências agrárias da universidade, em Petrolina.
universidade de brasília (Df)Calouras de agronomia e veterinária da UnB foram obrigadas a lamber lingui-ças com leite condensado colocadas entre as pernas dos veteranos. A Secre-taria de Política para as Mulheres encaminhou re-presentação ao Ministério Público Federal e à Reito-ria da UnB.
Centro universitário sa-lesiano (unisal), de lore-na (sp)Forçados a ingerir cachaça e vodca da garrafa, dois calouros sofreram convul-sões e foram atendidos na Santa Casa. Foi instaurado inquérito policial.
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... a tolerar todo o tipo de afronta
caras pintadas: os estudantes já fizeram papel melhor
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herança macabra - (ii)
onde está você, heleny Guariba, a lenita de bebedouro?Desaparecida desde 1971, seu paradeiro continua desconhecido Por Marina Amaral
Ainda reside em Bebe-douro, na Avenida Raul Fur-quim, Ruth Caetano Belo, de 87 anos, uma tia de Lenita – como Heleny Telles Ferreira Guariba era carinhosamente tratada pela família. Rachel, 99 anos; Noêmia, 92; e Levy, 89, também moram na cidade – Eunice Maria, de 79, uma tia mais nova, reside em Barretos.
A bebedourense, desapare-cida política desde 1971 – hoje ela teria 70 anos –, foi casada com o professor universitário Ulisses Telles Guariba, com quem teve dois filhos: Fran-cisco, hoje com 49 anos, e João Vicente, com 44.
Dona Ruth, aposentada, tra-balhou na Escola Estadual Abí-lio Manoel. O irmão dela, Isaac, pai de Lenita, era funcionário do Banco do Brasil e foi transferido para Paraguaçu Paulista quando Lenita tinha dois anos de vida.
revelação do teatro, ela influenciou uma geraçãoEm São Paulo, Lenita tor-
nou-se Heleny Guariba. Gra-ças a seu brilho intelectual, à criatividade artística e à cora-gem pessoal, aos 27 anos, ela surpreendeu a crítica ao mon-tar o espetáculo Dorotéia, de Nelson Rodrigues, em 1968, na Escola de Artes Dramáti-cas da USP, onde lecionava havia um ano. “Ela era muito intensa, rigorosa, e isso se re-fletia nos trabalhos que fazia” – diz a aluna, a dramaturga Dul-ce Muniz, que escreveria uma peça em sua homenagem, - He-leny, Heleny, Doce Colibri – os espetáculos Nossa Cidade, de
Com problemas respiratórios, Isaac foi para São Paulo com a fa-mília para se tratar, mas faleceu, em 1946. Lenita tinha cinco anos.
Dona Ruth conta que He-leny era “uma criança muito viva, muito esperta”, mas, com
a morte de Isaac, ela perdeu o contato com a sobrinha. Porém, as fotos do período ela guarda com carinho. Como a da mãe de Lenita, dona Paschoalina, a Tita, ainda jovem, em 1945, com uma dedicatória à cunhada
Noêmia. Ou como a de Heleny, mocinha, com a dedicatória: “À vovó e às tias, com todo o afe-to da Lenita”. Outra foto guar-dada com zelo no velho álbum de dona Ruth é a de Isaac com a garotinha Heleny, em frente à
casa da Rua Francisco Inácio, em Bebedouro. Segundo dona Ruth, “Tita” faleceu em 2009.
A tia de Lenita conta que a visitou já casada, em São Paulo, e achava que ela era diferente. “Sua casa não era arrumada nos padrões da época, era meio de-sorganizada” – diz dona Ruth, que completa: “Ela tinha muito livro. No quarto só tinha a cama e o guarda-roupa. A casa dela não era mobiliada como a casa de todo mundo”– lembra. Hoje a tia compreende que isso de-notava o caráter transformador e desprendido da sobrinha que, segundo imagina, deve ter sido companheira da presidenta Dil-ma durante os tempos de chum-bo da ditadura militar. Para ela, é muito triste não saber sequer dos restos mortais de Lenita. “Na época, o que chegou à família é que ela tinha sido esquartejada" – lamenta dona Ruth.
tia ruth, hoje, e lenita em dois momentos: criança com o pai e na juventude
Dulce: aprendiz e amiga
Luis Alberto de Abreu, e Sinal de Vida, de Lauro César Muniz, tam-bém se inspiraram na vida dela.
Heleny fez doutorado de teatro em Paris e estagiou no Berliner Ensemble, de Bertold Brecht, no Théâthre de Cite, de Roger Planchon e no teatro de Peter Brooks, em Londres. Ao voltar da Europa, fundou, em Santo André, o Grupo Teatro da Cidade, que reunia operários e estudantes. A montagem que realizou com o grupo de Geor-ges Dandin, de Molière, foi pre-miada em 1968 pela Associação Paulista dos Críticos de Arte.
Heleny trabalhou com Au-
gusto Boal, no Teatro de Arena, e, em 1969, montou um curso de intepretação com a atriz Ce-cília Thumim que despertou a vocação de jovens, como o ator e diretor Celso Frateschi, então com 18 anos: “Heleny me apre-sentou Stanislavski e Brecht, eu nunca tinha ouvido falar nada disso. Também me ensinou muito sobre estética teatral, mas a grande lição que ficou para mim da convivência com ela foi sua intensidade e radicalidade no modo de viver” – conta.
A essa altura, Heleny já era simpatizante da luta armada. Conta Dulce Muniz: “Só depois
que fiquei amiga dela, soube que abrigara Carlos Lamarca, em 1965, na casa em que mo-rava com o marido e os filhos pequenos, um enorme risco na
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época. Quando, no final de 1969, ela entrou para a VPR – Vanguarda Popular Revo-lucionária – deixou de dar as aulas de teatro e de participar do espetáculo “O casamen-to de Figaro”, de Beaumar-chais. Nunca mais voltaria ao teatro, mas seu nome batiza hoje a sala de espetáculos do Teatro de Santo André e do Teatro de Mauá.
Leia na próxima edição do jornal Brasil Atual - A vida de Lenita em família e a fa-mília que ela criou no Presí-dio Tiradentes, inclusive com a presidenta Dilma Rouseff.
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futebol
beque de bebedouro brilha no inter de Porto alegreRecentemente, Ronaldo esteve com o time em Abu Dhabi, disputando o Mundial de Clubes
Menino pobre da periferia da cidade, Ronaldo Luiz Al-ves, 21 anos, realiza um so-nho de muitos outros garotos pelo país afora: jogar num grande time de futebol. Fi-lho do casal de apanhadores de laranja José Luiz Alves, 50 anos, e Zoraide Apareci-da Timóteo Alves, 46 anos, Ronaldo começou a jogar futebol aos 11 anos na antiga CCE – Comissão Central de Esportes, com o professor de educação física Carlos Hen-rique Fossaluza. O menino queria ser centroavante, po-rém Fossaluza percebeu que ele se sairia melhor como za-gueiro e deu-lhe as primeiras
noções de posicionamento em campo. O “Fossa” foi tão importante na vida do joga-dor que seus pais ainda hoje
demonstram um sentimento de gratidão e respeito.
Aos 15 anos de idade Ro-naldo foi jogar no Águia de
Pais catavam laranja na roça jogador por acaso
Dois toques: ronaldo treinando e em ação contra o cruzeiro, pelo brasileirão 2010
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Ronaldo nasceu sonhando em ser jogador, certo? Erra-do! Até os 10 anos de idade, o craque não queria nada com a bola. “Ele gostava era de sol-tar pipa” – lembra o pai. Quem jogava futebol desde pequeni-ninho era o irmão mais velho, Rodrigo, hoje com 26 anos. Ele chegou a jogar na Asso-
O casal José Luiz e Zoraide, pais de Ronal-do, mora no bairro Alto da Boa Vista, em Bebedouro. As paredes e as estantes da sala ostentam símbolos das conquistas do filho ilustre. Os destaques são a primei-ra camisa que o atleta usou como profissional no Clube Atlético Paranaense e um troféu de melhor zagueiro que recebeu num torneio de juniores, realizado na Ale-manha, em 2008, quando jogava pelo time do Paraná.
Dona Zoraide se recorda das dificuldades enfrentadas pelo menino Ronaldo. “Ele ia e voltava a pé desde o campo da Feccib para trei-nar na CCE, praticamente atravessava a cidade toda” –
Maringá (PR) e, aos 16, ele jogava nas equipes de base do Clube Atlético Paranaense, onde se profissionalizou aos
20 anos. Em 2010, o zagueiro passou a defender as cores do colorado gaúcho, time com o qual tem contrato até 2014.
Todos da família Alves – principalmente o zagueiro – ficaram muito felizes quando o técnico Celso Roth relacio-nou Ronaldo para viajar com o Inter para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, para dispu-tar o Campeonato Mundial de Clubes da FIFA. O pai, José Luiz, diz que amigos e fami-liares foram à sua casa para assistir aos jogos. “Pena que o Inter perdeu o primeiro jogo para o Mazembe e acabou em terceiro lugar” – lamenta ele, um são-paulino.
lembra, emocionada. “Ele es-tudava de manhã e fazia todo esse esforço depois do almoço. Imagina, à noite, ele deitava no sofá e caía no sono, cansado.” Dona Zoraide reconhece que o esforço valeu a pena. Agora, com a ajuda do filho, o casal
deixou de trabalhar na roça em 2009, atividade cansati-va e desgastante. Ronaldo, aliás, fez questão que eles deixassem o campo.
Sempre bem comporta-do, Ronaldo nunca bebeu nem fumou. Segundo seu pai ele sabia que só teria sucesso na carreira de atleta se ficasse longe dos vícios. “Graças a Deus ele nunca se envolveu com drogas, o que é tão comum hoje em dia” – comemora. A boa formação vem da família. José Luiz e Zoraide sempre foram mui-to religiosos e deram boa base de caráter aos filhos. Os dois fazem parte do CPP – Conselho Paroquial de Pastoral – da paróquia de São Judas Tadeu.
o casal Zoraide e Zé luiz
ciação Atlética Internacional de Bebedouro, mas parou. Se-gundo José Luiz, faltou a ele uma oportunidade. Rodrigo hoje também é apanhador de laranja, embora seu pai ga-ranta que ele é muito bom de bola. Ronaldo tem também três irmãs: Rosiane, Roselaine e Jéssica.
troféus, medalhas e a camisa do atlético: casa enfeitada
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respostas
Palavras cruZaDas
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foto síntese – entarDecer
horizontal – 1. Torcedor do Palmeiras 2. Ordem dos Templários Orientais; Uma das mulheres de Abrahão 3. Sigla de Roraima; Oitavo mês do calendário gregoriano 4. Estudo sobre deuses 5. Que é mais recente ou moderna na ordem cronológica; Bairro boêmio carioca 6. Abreviatura de Gabão; Relativo ao Papa 7. Assim seja; Embrulho 8. Acervo de palavras de um determinado idioma; Três vezes campeão 9. Óxido de cálcio; A forma mais usada do verbo soer; Aqui 10. Articulação Tempo-romandibular (abrev.); Antigo testamento; Texto exato de um escrito ou documento; 11. Diz-se do Sol quando está no ocaso; Nome da letra S
vertical – 1. Pátria mãe do idioma português 2. Prender pela trela; Centro Técnico Operacional 3. Tipo de pão feito pelo confeiteiro; Ondas Tropicais; Pesquisa atenta e minuciosa 4. Lá; Dez vezes cem 5. Espalha goma; Em inglês, usa-se quando se quer indicar a posição de algo em um ponto 6. Sacer-dote escolhido pelos Orixás para estar lúcido e sob forte vibração e irradiação no trabalho religioso; Pilar destinado a sustentar os fios telegráficos, telefônicos ou elétricos 7. Sétima nota musical; Ferra-menta formada de uma chapa de ferro ou de madeira, ajustada a um cabo e destinada a remover terra ou detritos 8. Coluna formada de concreções calcárias que pende do teto de uma gruta 9. A negação; Pôr junto ou sobre; Espírito Santo 10. Senhor (abrev.); Insensíveis a tudo, indolentes 11. Orelha, em inglês; Bandeira de um posto de combustível; Unidade de medida para as superfícies agrárias
Palavras cruzadas
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