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Ao Vasco,
que me apresentou aos livros e a C. Bodoni .
MANUAL TIPOGRÁFICODE GIAMBATTISTA BODONI
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À Leonor, à Maria e à Rita,
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Nota prévia
A publicação do texto introdutório do Ma-nual TIpográfico de Giambatista Bodoni emportuguês corresponde, mais do que a umaintenção técnica ou didáctica, à satisfação deum desejo pessoal, determinado por umaadmiração antiga pelo trabalho do grandtipógrafo e do que é um dos manifestos maismarcantes da história da tipografia.
A oportunidade desta edição resulta deuma confluência de circunstâncias e de in-teresses que começam na criação da FBA.,onde o trabalho de design gráfico sempre foiacompanhado pela cultura de um interes-
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se particular pc la tipografia e o design delivros. Esta vertente do trabalho da FBA.,foi desde cedo potenciada pela afinidadecom os editores da Fenda e da Almedina,que nos permitiram pôr em prática o quejulgavamos saber acerca dos livros, mastambém partilhar com eles a responsabili-dade de procurar fazer sempre melhor.É neste espaço de interesse pelas letras e pa_Ios livros, espaço de estudo, de investigação,espaço de paixão, que nasce a possibilidadeda edição do texto de Bodoni.
Não era possível, antes de mais, sem acumplicidade fraterna do Alexandre Matose do Rui Prata, companheiros incondicio-nais na aventura da FBA. Não era possí-vel sem o gozo e o gosto do Vasco Santos.Não era possível sem o entusiasmo do
arlos Pinto.
A concretização deste trabalho deve mui-to ao saber e à amizade da Hita Marnoto,cujo empenho no trabalho de tradução ul-trapassou em muito o mero desempenhoprofissional. Deve também muito à ajudada Isabel Salavessa Moura, do Jorge Sêco eda Catarina Alarcão, na pesquisa e inter-pretação bibliográficas.
Não podíamos deixar de agradecer aoSenhor Director da Biblioteca Nacional,Prof. Doutor Carlos Reis, as facilidades con-cedidas no acesso ao exemplar do ManualTipográfico que serviu de base a esta ediç-ão.Não deixe de se recordar, além disso, que atradução é devedora ao saber e à disponi-bilidade do Senhor Prof. Doutor ManuelAugusto Rodrigues, por todas as eruditas epreciosas informações acerca das línguasorientais.
«VERO AMOR DELLE LETTERE.
«Vero amor delle lettere», «verdadei-ro amor pelas letras», Se há máximaque mais fielmerue traduza a ideia--guia que norteou a monumentalobra de Giambattista Bodoni, será,sem dúvida, esta. Bem o mostram aspáginas do Manuale tipografico de1818. Em seu entender, afinura dequem é rico e vive num ambiente lu-xuoso avalia-se pelo fausto da biblio-teca. Ma.s o valor de um livro feito
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com parcos recursos materiais põeem relevo as capacidades artísticasde quem concebeu a sua feitura, bemcomo a digna sobriedade do seu mo-desto possuidor. Essa opinião biface-tada, entusiasticamente defendidapelo impressor dos duques de Panna,afigura-se como frente e verso deuma mesma follw. Bodoni visa objec-tivos absolutos de ordem cultural,técnica e artística, que, por isso mes-mo, escapam a qualquer julgamentosimplista. O mesmo se poderia dizera propósito do título desta sua derra-deira obra .• Manual-, enquanto livrosempre à mão, qual roteiro para usoprático. Não serão, porém, nem asamplas dimensões dos seus dois to-mos, nem a consistência do seu peso,
a conferir-lhe esse pretenso carácterutilitário. De outra forma, nele ficaencerrada uma lição de supremo re-quinte .• Tipogrâfico-, não porque oseu horizonte se limite ao mero domí-nio de competências técnicas, masporque nele é exposto todo um con-junto de preceitos e de modelos rela-tivo à arte de bem trabalhar com ostipos.
s páginas iniciais do célebre Ma-nuale tipografico, que aqui são ver-tidas para língua portuguesa, emble-matizam um percurso intelectualinteira e apaixonadamente consa-grado à arte do livro. Recorde-se quea actividade de Bodoni tem por ce-nário um ambiente editorial muitoagitado. A escassa circulação de ca-
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pitais e o grande peso de estruturascentralizadas, de cariz estatal ou go-vernativo, tolhia a necessária agili-dade de um sistema de mercado.
'uma Itália que ainda não se encon-tra va unificada, as regras de direitosde autor variavam de Estado paraEstado, o que propiciava empreendi-mentos furtivos.
'este contexto, mais sintomático setoma ofacto de essas páginas teremsido escritas, como o seu próprio titu-/0 o diz, a pensar no leitor - -A chilegge-, -Ao leitor». Na verdade, Bo-doni foi, -ouont la lettre», um fino in-térprete dos mecanismos semióticos epragmáticos que regem os circuitos
ditoriais. Sob o seu olhar, autor, pú-blico, gráfico, gravador, impressor e
editor cruzam os seus saberes e assuas expectativas, no seio de umacomplexa rede ele intersecções quedesconhece clivagens. Os caracteres eas imagens reproduzidos são, por sisó, eloquentes, quer em virtude elasua excepcional perfeição, quer pelaescolha e compilação das tipologiasexpostas. Mas o autor do Manualetipografico visa um contacto maispróximo com o leitor, no sentido deenriouecer a esfera dos seus conheci-mentos e de apurar o seu sentido es-tético, dele fazendo um requintadocúmplice. Por consequência, a rubri-ca ':40 leitor" de forma alguma temum valor apendicial, no conjunto dolivro. Palaora e imagem iluminam-semutuamente.
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A preocupação de manter um con-tímw colóquio com o mundo que orodeia é própria não só da sua perso-nalidade, como também da época emque viveu. Ilustra-o bem a vastidãoela sua correspondência, um preciosoarquivo que se encontra guardadona Biblioteca Palatina de Parma.Esse fundo é constituído por cerca d12000 textos (onde se incluem algu-mas cartas trocados com o pintor por-tuguês Vieira Portuense), dos quais sóuma pequena parte foi, até à data,ditada. Além disso, as suas relações
com os duques de Panna, para quemtrabalhava, sempre foram pautadaspor uma admiração recíproca. O seuprestígio era tal, que qualquer gran-de escritor ambicionava ver a sua
obra sair de tão afamados prelos. Osmaiores autores italianos que deleforam contemporâneos não lhe roga-ram louvores, de Parini a Ugo Foscolo,Vicenzo Monti e Viuorio Alfieri.
Assim se poderá compreender me-lhor como a prossecução ele objecti-vos ele índole formativa é, para oimpressor ele Panna, uma constante.Com esse propósito, concebeu não sóuma enonne quantidade elefolhetosinformatiuos, como também uma sé-rie de volumes especificamente con-sagrados à arte do livro. Imprimiumais de mil folhas volantes, que sis-tematizavam preceitos e nonnas grá-ficas, regularmente envia elas a com-panheiros ele profissão e a amigosque se encontravam quer em Itália,
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quer no estrangeiro. Aliás, o próprioManuale tipografico é o derradeiroelo de um percurso de vida, um ful-gurante percurso onde se vão acumu-lando, ininterruptamenie, edições deoutros volumes do mesmo teor, cadauma das quais tira partido do suces-so da antecedente, propondo-se ob-jectivos sempre mais altos - Fregi emajuscole incise e fuse de 1771; Es-sai de caracteres russes de 1782; eManuale tipografico, numa anteriorversão, batida em 1788. A segundaversão do Manuale tipografico saíuem 1818, ao cuidado da sua dedica-da viúva, Margherita Dalll1glio, ouseja, cinco anos depois da morte deBodoni. Concebida no último períododa sua existência, a obra coroa, pois
uma vida consagrada à arte do livro,oferecendo-se -A chi legge- como le-gado absoluto daquele -vero amordelle lettere», Não admira, pois, quetenha sido traduzida para inúmeraslínguas, às quais se vem acrescentar,a partir de agora, a portuguesa.
Na prosa de Bodoni, a um estiloembrulhado, alia-se uma apreciávellimpidez de desígnios. A clareza dosentido é sustentada, não raro, porum andamento repisado, que se vaireproduzindo em eco. Por consequên-cia, a articulação dos nexos sintácti-os que ligam fórmulas e construções
repetitiuas não pode deixar de se fa-zer dificultosa. Transparecem, nessplano, hábitos redactoriais própriosde quem não era profissional da es-
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cri ta, mas tinha feito a sua formaçãode escola. Bodoni foi herdeiro dos úl-timos preceitos da retórica barroca,que considerava a exuberância for-mal um meio de enriquecer o texto.De outro modo, a concatenação con-ceptual que o sustenta, a organiza-ção do discurso em partes, bem comoa sua explícita repartição por domíni-os específicos, são traçados com preci-são geométrica. Uma tal associação, sóaparentemente paradoxal, entre umestilo intricado e uma lógica concep-tual inabalável, bem poderá ser colo-cada em paralelo com os jogos decheios e vazios que celebrizaram ostipos bodonianos.
Esta tradução pretende preservaras características estilisticas da sua
prosa, tomando, porém, o texto maisacessível ao leitor de hoje. Por isso,foram mantidas as marcas particula-rizantes da sua sintaxe efoi respeita-da a medida dos longos períodos. Damesma feita, foram atenuadas asvolutas do fraseado, em particularquando a, prolixidade dificultava ummelhor entendimento. Complemen-tarmente, sempre que a compreensãode certos conceitos se mostrava difí-ciL,o seu sentido foi desdobrado.
Quanto aos nomes próprios, utiliza-ram-se as formas correntes, em por-tuguês, dos nomes antigos e orientais.Os ontropônimos italianos, ou de in-telectuais gregos e franceses radica-dos em Itália,Joram transcritos comono original. Por sua vez, os restantes
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nomes estrangeiros italianizados fo-ram restituídos à sua grafia primeira.Tratando-se de apelidos específicosem hebraico ou eln árabe, procedeu-se à adaptação ao sistema linguísti-co português. A opção foi a mesmano caso de designações particulares,no campo do léxico da imprensa.for-muladas em línguas orientais.
Pelo que diz respeito ao vocabulá-rio específico do domínio gráfico, foimantida a chamada nomenclaturatradicional, a qual poderá não cor-responder à actualmente utilizada.Assim acontece com as designaçõesde -ombro- e de -olho-, a última dasquais equivale, hoje, à de «altura x".Para não afectar a uniformidade dotexto e a sua substância histórica,
não se recorreu, nesse âmbito, aosneologismos de origem inglesa quesão correntes. Também foram respei-tadas as maiúsculas, já que a suaescolha traduz, de forma muito inci-siva, o sistema de valores perfilhadopelo autor do texto. Igual procedi-mento se adoptou no caso dos itáli-cos. Foi conservado o sistema de cita-ções, a sua pontuação e a grafia dostítulos assinalados, pese embora ofacto de nem sempre decorrerem deopções coerentes. Não é possível apu-rar, com exactidão, as responsabili-dades de Margherita dall~glio na fi-sionomia da edição de 1818. Qual-quer que tivesse sido a índole da suaintervenção, flutuações desse tiposão, na verdade, características de
toda a produção de GiambattistaBodoni. O impressor de Parma nãoera, nem nunca quis ser, um erudito.Apesar de não ter descurado o apa-rato crítico das suas edições, sempreprivilegiou a atenção ao aspecto grá-fico, em conformidade com um pro-fundo sentido, diríamos, de aberturapedagógica. É sua convicção, aliás,
omo bem o explicita no Manuale ti-pografico, que se devam imprimirtodas as línguas que são ensinadasnas escolas.
O exemplar que serviu de referênciaà presente tradução pertence à Colec-ção Bodoniana da Biblioteca Nacio-nal. Os seus dois magníficos tomos,com as cotas contínuas, BOD 153 eBOD 154, encontram-se em perfeito
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estado de conservação. Estão enca-dernados com carne ira vermelha.Sobre as suas quatro faces, todas elasadornadas com um delicado filetedourado, foi gravada, a ouro, umacoroa imperial fechada de cinco hastes,que encima as iniciais "M L li. Nãoexistem outras marcas de posse, paraalém elo timbre da Biblioteca Nacional.Muito provavelmente, essas iniciaisserão as da rainha Maria Leopoldina,esposa de D. Pedro Iv, primeiro impe-rador do Brasil. Filha de Francisco I,imperador da Áustria, e de MariaIsabel de Bourbon, nasceu em Vienano ano de 1797, tendo vindo a falecerno Rio de Janeiro em 1826. Se tiver-mos em linha de conta que Giambat-tista Bodoni dirigiu a imprensa real
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