JG janeiro-abril 2013
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do G
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L Número vinte e dois
janeiro-abril 2013 - 1 €
A Orquestra do Gil... é de se lhe tirar o chapéu!
Quatro voltas do amor
BE,
Grupo de Música
Português, 3º ciclo
JG janeiro-abril 2013
2
Editorial
Editorial
Portugueses de Fora
Quem trabalha numa escola, para além dos proble-
mas que todos os portugueses sentem em tempos de
crise e de austeridade, é diariamente assaltado pela terrí-
vel ideia de estar a formar alunos que, quando termina-
rem os estudos, muito provavelmente não terão lugar
no mercado de trabalho. São portugueses de fora, isto
é, cidadãos que não irão contribuir com as suas qualida-
des individuais para o progresso do país.
Mas também são portugueses de fora aqueles que,
muitas vezes com excelentes habilitações, se veem obri-
gados a emigrar para conseguirem um trabalho condi-
cente com a sua ótima formação, obtida com esforço,
dedicação e sacrifício. Estes são os portugueses postos
fora e certamente muitos deles não voltarão ao país que
lhes forneceu todas as competências que, paradoxalmen-
te, vão agora ser aproveitadas por outros povos, de ou-
tros países.
Tanto se quer poupar que se esbanja o investimento
em toda uma geração. Uma riqueza perdida e, sobretu-
do, uma geração perdida por não termos podido res-
ponder às suas justas expectativas.
Como dizia a poeta e cantamos tantas vezes, Vemos,
ouvimos e lemos/Não podemos ignorar1.
1– Sophia de Mello Breyner Andresen
"Em Portugal quem emigra são os mais enérgicos e os mais
rijamente decididos; e um país de fracos e de indolentes
padece um prejuízo incalculável, perdendo as raras
vontades firmes e os poucos braços viris."
"Em Portugal a emigração não é, como em toda a parte, a
transbordação de uma população que sobra; mas a fuga de
uma população que sofre."
Eça de Queirós, Uma Campanha Alegre, 1890-1891
Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades.
Sophia de Mello Breyner, Exílio, 1962
[…]
todos os homens e mulheres
têm direito
sem impedimentos
nem discriminações
[…]
a voz soberana do povo
digno e verdadeiro
far-se-á ouvir
defendendo
e
constituindo a Constituição! E. M. de Melo e Castro
JG janeiro-abril 2013
EM DESTAQUE
Índice
2 Editorial 9 Casa da Achada 15
16 Crónicas do Desconcerto
3
Índice
Em Destaque
10
11
Atividades BE
17
Ano da matemática do planeta terra
Ano Europeu dos Cidadãos
4
Projeto de Dramaturgia
palavras e cerejas 12 Dia Mundial da Filosofia
18
19
Jaime Bom de Roer,
O Estrangeirado
5
6
7
Educação Física 13 Escrituras
Concurso de Slogans 20 Roubar é feio: o plágio
8
Visitas de Estudo
14
Atividades de Biologia - Cerveja...
21
22
23
Filmes, teatros e atividades culturais
Leituras
Passatempos
24 Pel’a mão de Gil Vicente
BE/ Semana da Leitura / Percursos vicentinos Educação Física/ Desporto Escolar
3
Jaime Bom de Roer, O Estrangeirado
Crónicas do Desconcerto
JG janeiro-abril 2013
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Aqui na minha frente o écran do computador
em branco e dentro de mim este vazio. Não me consigo
concentrar, nada me sai e o JG não se compadece desta
minha agonia visceral, desta inércia doentia. E logo eu
que já vos disse um dia que gosto tanto de palavrar! Mas
sobre o quê? Se pensar um pouco - e não é preciso mui-
to - só ouço dentro da minha cabeça palavras como fo-
me, desemprego (= oportunidade), dívida(s), juros, troi-
ka, crise, liberalização, mobilidade, TSU, impostos, menti-
ras, IMI, incompetência, resgate(s), flexibilização do mer-
cado de trabalho ( = trabalho gratuito), défice, privatiza-
ções, recessão, sobretaxas, novas tabelas do IRS, emigra-
ção (= oportunidade), rescisões amigáveis (vulgo despe-
dimentos), falências, recibos (com número de contribuin-
te), aumento das taxas moderadoras, entre tantas e tan-
tas outras...
Contudo, ainda que mergulhada nesta espiral, o
que eu quero é falar no sol, tão arredio, no aroma das
flores que começam a despontar, no canto das pombas e
das rolas ao chegar bem cedo à escola, na brisa do mar e
na areia húmida a arrepiar a pele, nos longos passeios
pelos campos, nos rebentos das árvores que pressagiam
a primavera que já chegou, mas tão tímida que temo de-
va recear, também, pagar algum novo imposto.
E é por isso que me obrigo a reagir e relembro
o poeta:
palavras e cerejas
Recomeça...
se puderes,
sem angústia e sem pressa
e os passos que deres,
nesse caminho duro
do futuro,
dá-os em liberdade,
enquanto não alcances
não descanses,
de nenhum fruto
queiras só metade.
Miguel Torga
Sinopse
Tudo começa com a reconstituição física da pintura A Última
Ceia de Leonardo da Vinci, composta por 13 mulheres.
Do outro lado da sala, estão as esculturas: O Pensador de
Rodin que representa a mente e Discóbolo de Míron que
simboliza o corpo.
Entre as mulheres, há uma que se destaca e seduz o Pensa-
dor, levando-o numa viagem por várias culturas, mentalida-
des, tradições e costumes e que lhe abrirá os olhos para o
mundo.
Perto do final, há um pedido de atenção para todos os que
são marginalizados pela sociedade por motivos diversos.
No fim, as personagens voltam ao ponto inicial.
São de notar algumas alterações: uma ausência - a de Jesus
Cristo; uma troca – as posições do Pensador e do Discóbolo.
Com a vida se aprende.
Afinal, provavelmente, o diferente és tu…
Alunos de Dramaturgia do 12.º AE e M.B.
No dia 15 de março, reali-
zou-se pelas 19h, na sala de
teatro, o espetáculo ― O
pecado morra ao lado, o
diferente mora em frente‖,
no âmbito da disciplina de
dramaturgia do 12º ano
(turma 12.ºAE)
Inspirações poéticas
Pedra Filosofal, António Gedeão
Presídio, David Mourão-Ferreira
Lisbon Revisited, Álvaro de Campos
Não és tu, Almeida Garrett
Seus Olhos, Almeida Garrett
Contos Exemplares, A Viagem, Sophia de Mello Breyner
Inspirações musicais
Raquel, Rufino Almeida
I wanna be loved by you, Stohart/Ruby/Kalmar
I want you, Lennon/McCartney
Malhão Traçado
Yelele, Canícia
Tian Mi Mi, Teresa Teng
A Thousand And One Nights
The Man I love, Ira & George Gershwin
They Don't Care About Us, Michael Jackson
Inspirações coreográficas Hable com Ella, filme com pequena coreografia de Pina Bauch,
The man I love, excerto de um espetáculo de Pina Bauch,
Across the Univers, filme musical com canções de Os Beatles
Smash, série televisiva, temporada 1, episódio 12
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EDUCAÇÃO FÍSICA
5
O Grupo Disciplinar de Educação Física, tal como em
anos anteriores, definiu no seu Plano Anual de Atividades
(PAA) a realização, no 1º período letivo, das seguintes ati-
vidades:
a) Aplicação da Bateria de Testes Fitnessgram;
b) Torneios de corfebol, 7º e 8 ano de escolaridade
c) Corta-Mato de Escola.
A par destas atividades decorreram, tal como previsto, os
Torneios Inter-Turmas e as atividades integradas no Pro-
jeto do Desporto Escolar. Ambas as atividades desenvol-
vem-se ao longo de todo o ano letivo.
A 1ª fase dos Torneios Inter-Turmas teve o seu início no
mês de Outubro de 2012 e terminou em meados do mês
de janeiro de 2013. As equipas representativas de cada
turma competiram nas modalidades de futsal (7º e 8º ano),
basquetebol (8º e 9º ano) e voleibol (10º, 11º e 12º ano).
A realização destes torneios tem como objetivo, entre
outros, o de proporcionar aos alunos a oportunidade de
pôr à prova, em situação de competição, as suas compe-
tências físicas, técnicas e táticas, desenvolvidas nas aulas.
Em próxima oportunidade, daremos mais informação sobre
os torneios e apresentaremos os quadros classificativos
dos torneios já realizados.
No âmbito das atividades promovidas pelo Desporto Esco-
lar, a escola participa nas modalidades de basquetebol e
voleibol, com equipas femininas e masculinas, tendo já rea-
lizado alguns jogos dos respetivos quadros competitivos. A
par destas modalidades, está também em funcionamento o
núcleo de badminton/ténis e o núcleo de vela, que desen-
volve a sua atividade na Baía de Cascais.
Na semana de 8 a 12 de outubro de 2012, o grupo discipli-
nar de Educação Física levou a cabo a 1ª Aplicação da Bate-
ria de Testes Fitnessgram. Os testes foram aplicados a to-
dos os alunos da escola, permitindo avaliar se a aptidão
física de cada um se encontra num dos seguintes casos:
―Necessita Melhorar‖, ―Zona Saudável‖ ou ―Acima da Zo-
na Saudável‖. Após a realização de todos os testes, cada
aluno recebe um relatório, indicando os resultados que
obteve e os procedimentos que deve tomar para manter
ou melhorar a sua aptidão física. Nas aulas de Educação
Física, o professor faz uma análise geral dos resultados e
propõe algumas medidas que permitam, a curto prazo,
melhorar os resultados, nomeadamente através do aumen-
to do número semanal de horas de atividade física e de
mudanças no regime alimentar.
Em maio de 2013, será realizada a 2ª Aplicação da Bateria
de Testes Fitnessgram.
Rui Oliveira
No passado dia
28 de novembro, no
ginásio da nossa esco-
la, realizaram-se os
Torneios de Corfebol.
De manhã, competi-
ram as turmas do 7º
ano de escolaridade e,
de tarde, as do 8º ano.
Os Torneios de
Corfebol surgem co-
mo atividade de enri-
quecimento curricular,
sendo sempre realiza-
dos após a modalidade
ter sido trabalhada nas aulas curriculares de Educação Física.
Com uma única exceção, todas as turmas do 7º e 8º ano de
escolaridade formaram a sua equipa. Trata-se da única modali-
dade coletiva mista, constituída, portanto, por praticantes do
sexo masculino e feminino. Durante o decorrer do jogo, a
equipa tem que apresentar, obrigatoriamente, em campo, 4
jogadores e 4 jogadoras. O Corfebol é uma modalidade des-
portiva que exige dos praticantes resistência, velocidade e
muita destreza e coordenação motora. Os Torneios decorre-
ram com grande entusiasmo, espírito desportivo e no respeito
absoluto pelas regras e pelas decisões dos árbitros. A qualida-
de do jogo demonstrado por algumas equipas foi bastante
aceitável, com especial relevo para o torneio do 8º ano de
escolaridade.
No torneio do 7º ano de escolaridade participaram 6 turmas e
no do 8º ano, 5 turmas. No total dos dois torneios, realizaram-
-se 18 jogos, com a participação de 130 alunos.
Vejamos a classificação final dos torneios:
Rui
Oliveira
CLASSIFICAÇÃO
FINAL
7º ANO 8º ANO
1º 7º 2ª 8º 5ª
2º 7º 6ª 8º 1ª
3º 7º 3ª 8º 3ª
4º 7º 4ª 8º 4ª
5º 7º 1ª 8º 2ª
6º 7º 6ª ____
TORNEIOS DE CORFEBOL
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6
N o dia 12 de dezembro, realizou-se o XX Corta-Mato
na Escola, numa pista dotada das melhores condições de
competição.
Trata-se, tal como os torneios de corfebol, de uma ativida-
de de enriquecimento curricular, que reflete o trabalho
realizado na aulas dedicadas à modalidade de atletismo, es-
pecificamente no trabalho de melhoria da capacidade de
resistência ao esforço.
Com algum frio, mas sem vento e chuva, as condições cli-
máticas corresponderam ao que é próprio numa prova de
inverno. Apesar de tudo, regista-se com satisfação o facto
de não se ter verificado qualquer queda ou lesão grave.
Apenas alguns alunos recorreram ao serviço paramédico,
situações que foram facilmente resolvidas. A tal, não é
alheia a boa preparação dos alunos e a adequada estratégia
de corrida definida por cada um.
Ao longo de toda a manhã, realizaram-se 10 provas, 5 para
praticantes do sexo masculino e outras 5 para os do sexo
feminino, nos escalões de infantis A, infantis B, iniciados,
juvenis e juniores. As distâncias percorridas pelos partici-
pantes variaram entre os 1.000 metros infantis A, masculi-
nos e femininos, e os 3.000 metros (juniores masculinos).
Por se tratar da 20ª edição do Corta-Mato de Escola, o
grupo disciplinar de Educação Física decidiu alterar o mode-
lo de classificação coletiva da prova, considerando no cor-
rente ano uma classificação por ano de escolaridade, em
alternativa à classificação por ciclo de ensino, como tem
sido feito nas edições anteriores. Deste modo, verificou-se
uma triplicação dos prémios entregues às turmas que se
classificaram em 1º lugar nas dez provas realizadas.
No total, distribuíram-se pelos alunos da escola, 30 bolas, 3
por cada turma vencedora, 10 de basquetebol, 10 de volei-
bol e 10 de futsal, que terão, certamente, reflexo no treino
informal dos alunos, realizado nos intervalos e restante
tempo livre. A decisão de alterar o modelo de classificação
coletiva aumentou também, significativamente, a competiti-
vidade entre as turmas.
Vejamos, então, o quadro classificativo das provas individu-
ais, por escalão e sexo, e a classificação coletiva, por ano de
escolaridade:
Quadro 1 – Classificação Individual Masculina
Quadro 1I – Classificação Individual Feminina
Quadro 2 – Classificação Coletiva
Escalão Ano/Turma Vencedor Resultado
Infantis A 5º 5ª Jaime Lopes 3.55.20
Infantis B 6º 2ª Daniel Correia 5.39.43
Iniciados 8º 3ª Filipe Carvalho 7.05.90
Juvenis 10º GI Luís Gomes 10.59.89
Juniores 12º C Miguel Baeta 10.47.09
Escalão Ano/Turma Vencedor Resultado
Infantis A 5º 7ª Beatriz Loureiro 4.29.34
Infantis B 7º 2ª Sarah Maciel 6.08.00
Iniciados 9º 2ª Diana Rodrigues 6.22.25
Juvenis 10º C Liliana Alves 9.16.07
Juniores 9º 3ª
Mª Madalena
Francisco 8.48.56
XX CORTA-MATO
Vencedor Pontuação
5º 4ª 156
6º 2ª 104
7º 2ª 100
8º 1ª 78
9º 1ª 87
10º C 199
11º LH 137
12º C 77
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DESPORTO ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA
7
BREVES
No âmbito das atividades promovidas pelo Desporto Escolar, a Escola Gil
Vicente participou no torneio de basquetebol 3X3, ―Compal Air‖, com 6
equipas, masculinas e femininas, de diferentes escalões. O torneio realizou-se
na Escola D. Pedro V, no sábado, dia 2 de março.
No 20 de fevereiro, 4ª feira, decorreu, a partir das 14.30, no ginásio da nossa
escola, o 2º Torneio de Badminton da Escola Gil Vicente. O torneio, organi-
zado pelo grupo de Educação Física, teve uma competição masculina e outra
feminina, na vertente de singulares, nos escalões de 13, 14 e 15 anos e dos
16 anos em diante.
No 21 de fevereiro à tarde, realizou-se nos polidesportivos da escola, o Tor-
neio de Andebol masculino, destinado às turmas do 10 e 11º ano de escola-
ridade. O torneio, dinamizado pelo grupo de Educação Física, foi disputado
por 6 equipas, inicialmente divididas em dois grupos. A fase final determinará
a classificação final das 6 equipas em competição.
Rui Oliveira
TORNEIO INTER-TURMAS
Equipa de voleibol masculina
JG janeiro-abril 2013
10º GI visita os estúdios da RTP
A turma GI do 10º da Escola
Gil Vicente realizou, no dia 26 de fe-
vereiro, uma visita guiada à Radio e
Televisão de Portugal, entre as 13 e as
18 horas. Os alunos do Curso Profis-
sional de Gestão e Programação de
Sistemas Informáticos, acompanhados
pelos docentes de Informática (Profs.
Joel Casteleira e Carlos Lopes), de
Português e Francês (Profas Ana Tava-
res e Magda Rodrigues) deslocaram-se
às instalações da RTP, em Chelas, de
metro.
A visita iniciou-se pelo núcleo
museológico onde a guia mostrou a
evolução dos equipamentos desde o
telégrafo ao digital. Também foi possí-
vel conhecer um antigo estúdio de
rádio, assim como a zona multimédia
com a história da rádio e da televisão
em diferentes épocas. Nesse mesmo
espaço museológico existe um estúdio
virtual onde os alunos tiveram a opor-
tunidade de gravar e visionar uma
breve emissão em que procederam à
apresentação da turma.
Em seguida, um novo guia levou
os participantes a outro edifício e aí
foi possível observar os estúdios de
rádio e assistir a uma emissão da An-
tena 3 em direto com a apresentadora
Ana Galvão. Finalmente houve a opor-
tunidade de se ver o estúdio de grava-
ção do telejornal que espantou pelas
suas enormes dimensões.
Os alunos consideraram a visita
bastante proveitosa e interessante
pois permitiu-lhes adquirir novos co-
nhecimentos do ponto de vista histó-
rico e tecnológico. Houve até alunos
que mostraram interesse em trabalhar
na instituição visitada.
Ana Cristina Tavares
Passeios Li terár ios
Fo
tos:
Mª
Ro
sári
o P
into
F
oto
s: B
run
o L
eit
ão
Os alunos do 12º ano do curso
de Animador Social visitaram, no âm-
bito da disciplina de português, acom-
panhados pelas professoras Juliana
Salgueiro e Mª do Rosário Pinto, a
Quinta da Regaleira e o Palácio Nacio-
nal de Mafra, onde aprofundaram os
seus conhecimentos relativamente ao
estudo da obra Mensagem, de Fernan-
do Pessoa, e Memorial do Convento, de
José Saramago. Assistiram ainda à en-
cenação do texto do Nobel pela ÉTER,
Produção Cultural.
Se a chuva e o frio que os acompa-
nhou no dia da primeira visita não foi
o mais apropriado a um percurso feito
a pé por jardins e grutas, já o sol pre-
sente no percurso em Mafra propiciou
uma quase primavera que tornou o
mar visível das janelas do convento
ainda mais azul e apetecível. MRP
8
JG janeiro-abril 2013
9
Saímos do Castelo e fomos para baixo…para bai-
xo…para baixo… Descemos as escadas e à direita subimos.
Lá está a Casa da Achada! Lá está a Eduarda Dionísio
(Beatriz Alexandre). Fomos ao primeiro encontro de leitores
no Centro Mário Dionísio, ouvir a escritora Margarida Vale
de Gato que gosta muito de poesia. (Alec)
Estavam lá alunos do 11.º ano da Escola Gil Vicente.
Os meninos do 11.º ano são engraçados… A Patrícia não
gosta de poesia, porque não percebe poesia… A Margarida
leu um poema de coelhos. (Tomás)
A poesia é a língua da imaginação e da criatividade. A
senhora Margarida Vale de Gato perguntou se gostávamos
de poesia. Todos disseram que sim. Menos a Patrícia…
(Pedro)
Nós cantámos poemas para os meninos da Escola Gil
Vicente e eles adoraram! Eu gosto de poesia, porque é uma
palavra bonita. (Gabriel)
Gosto de poesia, porque me faz feliz. (Mariana San-
tos)
Gosto muito de poesia, porque às vezes faz-me pen-
sar e sorrir. (Rodrigo)
Gosto muito de poesia, porque as pessoas são livres a
escrever, podem inventar coisas.
A poesia é livre de fazer o que quiser, a poesia obri-
ga-nos a pensar e a imaginar. (Íris)
Os poemas andam nos livros e eu gosto de lê-los.
(Madalena)
Há uns que são engraçados. E outros que não são.
(André)
A Margarida inspirou-nos dizendo tantas palavras
que nós não conhecíamos.
Os alunos do 2.º ano (manhã) da Escola do Castelo
CASA DA ACHADA
A C a s a d a A c h a d a - C e n t r o M á r i o
D i o n í s i o - p r o p ô s , à c o m u n i d a d e
e s c o l a r d o A g r u p a m e n t o d e
E s c o l a s G i l V i c e n t e , a
p a r t i c i p a ç ã o , a p a r t i r d o m ê s d e
f e v e r e i r o , n a s d u a s a t i v i d a d e s q u e
a s e g u i r a p r e s e n t a m o s : Integração nos Grupos de Leitura, orientados por
escritores, na Casa da Achada, destinados a pessoas que
leem pouco (ou nada), de todas as idades, e que podem
requisitar livros na Biblioteca Pública e levá-los para casa,
com a ideia de que a sua vida poderá ser menos pesada,
sabe-se lá se mais rica assim e que talvez cheguem a
encontrar razões (ou outras razões) para viver. Participação na elaboração de um Novo
Guia de Lisboa (a publicar), feito a partir de visitas a
lugares culturais (habitualmente turísticos) de Lisboa,
também elas orientadas por escritores, de forma a daí
nascerem textos escritos pelos que não são «cultos»
nem turistas, mas que encontrarão coisas para dizer
sobre aquilo que à partida não lhes diria respeito.
JG janeiro-abril 2013
Os textos escolhidos para esta edição das Leituras em simul-
tâneo foram O berlinde, de Matilde Rosa Araújo, Queixa das
almas jovens censuradas, de Natália Correia e Porque, de So-
phia de Mello Breyner Andresen. A seleção dos textos foi
norteada pelo tema do Plano Anual de Atividades
(Diversidade, género e cidadania: «educar no humano»). As
fotografias mostram as leituras efetuadas na direção, na sala
de professores, na reprografia e na Biblioteca Escolar Gil
Vicente.
A segunda edição das Leituras dos pais para os filhos foi alar-
gada à Biblioteca Escolar do Castelo e a todos os estabele-
cimentos de ensino do agrupamento. Participaram 53 pais/
encarregados de educação: 11 da EB1 e do JI do Castelo,15
da EB1 Marqueses de Távora, 4 da EB1 da Sé, 11 do JI de
São Vicente e 12 da Escola Gil Vicente. Os textos escolhi-
dos e os assuntos abordados foram diversos. Esta atividade
contou com a parceria dos educadores de infância, dos pro-
fessores titulares de turma e dos diretores de turma.
Os sócios do Clube de Contadores
de Histórias e a nossa parceira Elsa
Serra dinamizaram uma sessão de
leitura para professores e para en-
carregados de educação O clube,
destinado aos alunos do 2º e do 3º
ciclos do ensino básico, foi criado no
presente ano letivo e tem como
finalidade a constituição de uma bol-
sa de contadores de histórias. As
fotografias mostram um excerto da
primeira apresentação pública do
clube, realizada no dia 20 de feverei-
ro. As contadoras de histórias são a
Rita Ferreira, do 5º 3ª, a Fatou Fall e
a Sofia Ferreira, do 5º 5ª, a Sara Fer-
reira, do 5º 6ª, e a Beatriz Cardoso,
do 7º 2ª.
Pelo segundo ano consecutivo, a Biblioteca Escolar organi-
zou os Percursos vicentinos de descoberta da escola-sede. As
dezoito sessões realizadas este ano abrangeram sete turmas
do 4º ano, as sete turmas do 7º ano e as quatro turmas do
10º ano. Foi ainda feito um percurso para os professores e
para os pais. No total, estiveram envolvidos 345 alunos (97
do 4º ano, 156 do 7º ano, 92 do 10º ano), 17 professores e
5 encarregados de educação.
SEMANA DA LEITURA
N o âmbito do Projeto Dar a Ver, Dar a Ler+ (aLer+), a Biblioteca Escolar organizou, entre
18 de fevereiro e 1 de março, mais uma edição da Semana da Leitura. Na edição deste
ano, foram concebidas atividades para o universo total dos alunos da escola-sede (cerca de 1050) e
para os alunos do 3º ano e do 4º ano (cerca de 205) das escolas do agrupamento. Duas das ativida-
des foram extensivas aos professores e aos encarregados de educação e as Leituras em simultâneo
abrangeram também os dois jardins de infância, as seis escolas básicas do 1º ciclo e ainda os assisten-
tes operacionais e os assistentes técnicos.
Apresentamos aqui um pequeno balanço das onze atividades realizadas.
LEITURAS EM SIMULTÂNEO LEITURAS DE PALMO E MEIO
LEITURAS DOS PAIS PARA OS FILHOS
PERCURSOS VICENTINOS
10
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A edição dos Percursos literá-
rios deste ano, destinada aos
alunos do 2º ciclo do ensino
básico, incidiu no livro A Brasi-
leira de Prazins, de Camilo
Castelo Branco, numa adapta-
ção para jovens da responsa-
bilidade de Francisco José
Viegas. Participaram dois re-
presentantes de cada uma das
turmas do 5º ano e do 6º ano
de escolaridade. A equipa
vencedora foi a do 6º 5ª, re-
presentada pelos alunos Ga-
briel Silveira e Sara Ascensão.
A atividade Quatro
voltas do amor nasceu
a partir de uma par-
ceria estabelecida
entre a Biblioteca
Escolar Gil Vicente, o
grupo de Português
do 3º Ciclo e o gru-
po de Música. A partir de textos do Cancioneiro Tradicional
Português, foram trabalhados conteúdos relacionados com a
métrica, o ritmo e a melodia. O resultado final foi apresenta-
do no dia 19 de fevereiro, em duas sessões públicas, uma de
manhã e uma à tarde. Estiveram envolvidos, além do profes-
sor de Música, Dr. Ricardo Fernandes, e do delegado de Por-
tuguês do 3º Ciclo, Dr. Maurício Amaral, os professores de
Língua Portuguesa e os alunos das turmas 7º 2ª, 7º 3ª, 7º 5ª,
7º 7ª, 8º 1ª e 8º 4ª. Participaram, no total, 134 alunos.
Esta atividade consistiu na produção escrita de um conto
pelas cinco turmas do 8º ano de escolaridade. O mote esco-
lhido para a edição deste ano foi ― – Só quem é belo tem
direito a amar – disse Afonso, vendo-se ao espelho com evi-
dente satisfação.‖ (Fernando Pessoa, Na noite densa). A ativi-
dade foi orientada pelos professores de Língua Portuguesa.
Eis as turmas e os respetivos docentes: 8º 1ª e 8º 3ª – Dr.
Nuno Soares, 8º 2ª – Dr.ª Maria João Vaz, 8º 4ª – Dr.ª Ana
Cristina Tavares, 8º 5ª – Dr.ª Alexandra Caetano. No total,
estiveram envolvidos 119 alunos.
Destinado aos alunos do 9º ano, do 11º ano e do 12º ano,
este concurso de produção de ―novos direitos humanos‖
consistiu na construção de enunciados que deveriam obriga-
toriamente começar por ―Os homens têm o direito a
não…‖. A este início de frase, os alunos deveriam acrescen-
tar quatro palavras. Eis alguns exemplos que foram dados em
jeito de inspiração:
Os homens têm direito a não ter de pedir esmola.
Os homens têm direito a não se vestir à moda.
Os homens têm direito a não beijar quem não amam.
No total, estiveram envolvidos 299 alunos (81 do 9º ano,
107 do 11º ano, 111 do 12º ano). Está a decorrer a fase de
seleção das frases vencedoras.
A Biblioteca Escolar do Castelo rece-
beu as turmas do 3º ano das EB1 do
nosso agrupamento. Além de dar a
conhecer a biblioteca da EB1 do Caste-
lo, a atividade possibilitou o contacto
dos alunos com as normas de funciona-
mento e as valências de uma biblioteca
escolar. Estiveram envolvidos 108 alu-
nos. A Biblioteca Escolar Gil Vicente
recebeu 97 alunos do 4º ano, que fica-
ram a conhecer a biblioteca da escola-
sede e realizaram o Percurso vicentino, na
versão para o 1º ciclo do ensino básico.
EXPOSIÇÃO
“BICHOS, BICHINHOS E BICHAROCOS”
A Biblioteca Escolar participou, como parceira da Casa da Achada
e da EB1 do Castelo (na figura da docente Ariana Furtado), na ex-
posição dedicada ao livro Bichos, bichinhos e bicharocos, da autoria de
Sidónia Muralha (poemas), Júlio Pomar (ilustração) e Francine
Benoit (música). Aos trabalhos produzidos pelos alunos do 2º M na
sala de aula e à articulação feita entre a professora titular da turma
e os elementos do coro da Casa da Achada, juntou-se um trabalho
de literacia da informação relacionado com os três autores.
A Biblioteca Escolar organizou uma feira do livro com a colabora-
ção do grupo editorial Leya. De entre os livros disponíveis, havia
opções para crianças, jovens e adultos.
Maria João Queiroga (Coordenadora da equipa da BE)
PERCURSOS LITERÁRIOS CONCURSO “O DIREITO A NÃO FAZER”
VAMOS BIBLIOTECAR
QUATRO VOLTAS DO AMOR
CONTO COLETIVO
FEIRA DO LIVRO
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DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA
O Dia Mundial da Filosofia foi comemorado no
passado dia quinze de novembro, na Escola Gil
Vicente, com a participação dos alunos das
turmas do décimo ano dos cursos de Ciências
e Tecnologias e de Línguas e Humanidades.
Reconhecendo nos problemas da Filosofia, a vida e a exis-
tência humana universalmente consideradas, bem como o
contributo imprescindível da reflexão filosófica para a for-
mação de cidadãos livres, responsáveis e tolerantes, a
UNESCO, desde dois mil e dois, na terceira quinta- feira do
mês de novembro, dedica um dia à Filosofia.
No presente ano letivo, a Direção-Geral da Educação pro-
duziu um Webinar, com a duração de trinta minutos, subor-
dinado ao tema Ensinar e Aprender Filosofia no mundo atu-
al, tornando possível a qualquer escola do nosso país assistir
online a uma entrevista com a professora catedrática da Fa-
culdade de Letras da Universidade de Lisboa, Maria Luísa
Ribeiro Ferreira.
A nossa Escola assinalou esta data através da distribuição,
por toda a comunidade escolar, de frases/ aforismos de filó-
sofos selecionados pelos alunos, a partir do tema do Plano
Anual de Atividades.
Tornaram possível este trabalho de divulgação da Filosofia, a
criatividade e o empenho dos alunos, a colaboração do
CRE, da disciplina de Português (10º LH), da papelaria e do
Serviço do Refeitório que, além da comida para o corpo,
distribuiu neste dia comemorativo, alimento para a alma,
colocando em cada tabuleiro um dos inúmeros pensamen-
tos que, aleatoriamente, vos oferecemos como exemplo.
Maria José de Jesus
O q u e é a f i l o s o f i a ?
A Filosofia
- é a luz que ilumina a penumbra do pensamento
Maria Margarida Alves Ricardo, 10.º C
- não é apenas uma palavra, é uma maneira de vi-
ver; permite-nos responder aos problemas quotidi-
anos, com base na razão e no pensamento próprio. Diogo Carreira, 10.º
C
- é a melhor amiga da sabedoria João Garcia, 10.º C
- ensina-nos a pensar e agir melhor
Diogo Lourenço, 10.º C
- é uma essência que nos acompanha no dia a dia,
tal como o Sol ilumina o nosso caminho, a Filosofia
ilumina a nossa mente. Daniela Dias, 10.º C
- faz-nos ver o mundo de outra forma; é a arte de
sabermos pensar por nós próprios, de forma autó-
noma e livre Ângela Correia, 10.ºC
- é uma disciplina que nos faz pensar, é a arte de
pensar
Ana Beatriz Mouzinho, 10.º LH
Dia da Filosofia Podemos facilmente perdoar uma crian-ça que tem medo do escuro; a real tra-gédia da vida é quando os homens têm medo da luz.
Platão
Prefiro ser um homem de paradoxos que um homem de
preconceitos. Jean Jacques Rousseau
Nenhum homem recebeu da Natureza o direito de mandar nos ou-
tros. Diderot
A filosofia não é um meio de descobrir a verdade. Mas é, como a arte,
um processo de a «criar». Virgílio Ferreira
O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que
diz. Aristóteles
É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela. Friedrich Nietzsche
A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente.
Soren Kierkegaard
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3.º Prémio
Branco, negro, amarelo e outras cores mais,
Rostos diferentes, corações iguais.
Bruno Duarte, 11.º AS
Realizou-se durante o mês de fevereiro e, pela segunda vez,
o Concurso de slogans publicitários não comerciais nas tur-
mas de Português do10.ºC; 11.ºC; 11.ºLH; 11.ºAS; 11.º AE e
11.ºGI. Este ano, a fidelidade ao tema do PAA — Educar no
humano, diversidade, género e cidadania condicionou os con-
correntes que revelaram não só capacidade de aplicação em
novas situações dos conhecimentos programáticos adquiridos
como também criatividade e espírito crítico.
O JG publica, neste número, os textos dos três primeiros
vencedores e apresenta a todos os participantes os mereci-
dos parabéns.
CONCURSO SLOGANS PUBLICITÁRIOS NÃO COMERCIAIS
1ºPrémio
Não vejas o mundo apenas a preto e branco.
A tolerância é a aguarela da vida.
Guilherme de Sousa, 11.º GI
2ºPrémio
Põe o meso, lava o loiço, aspira o caso!
Chega de machismo!
Isaias Manhiço, 11.º AE
Vozes que me assombram são só ecos do que
não existe
há confiança dentro de mim, todavia verdades são etéreas
há dificuldades em saber o que vem a seguir
e, por aí, em escrutinações mal pensadas encontro
contexto.
Serei um actor?
(ou estarei a tornar-me naquilo que não quero…)
André Diegues, 11.º LH
Suspiro
Respira e inspira.
Por que respiro e inspiro
se, no fundo, suspiro?
Suspiro de alegria? Ou de tristeza?
Ou não é suspiro?
Balão de dióxido de carbono que me alivia
e, no peito, asfixia…
Voltando a inspirar, começo a lacrimejar
as lágrimas que me fazem soluçar.
Ó suspiro, profundo, deixa-me descansar!
No alto da montanha,
Onde morava,
Três amigos tinha.
Um aquecia, outro aluava, outro molhava.
A mistura dos três revelou-me o Mundo,
morada incrível que habitava.
Ao abrir os olhos, o tempo voou
até à época das grandes mágoas.
Então, encontrei os meus amigos.
As suas lágrimas percorriam
toda a Terra,
anunciando o inevitável paraíso…
André, 10.º AS
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PROJETO CRIAR SABERES - aprender a produzir cerveja na Universidade Lusófona
O Museu da Cerve-
ja, instalado recentemen-
te no Terreiro do Paço,
permitiu aos alunos do
11ºC celebrar o patrimó-
nio da cerveja dos países
de língua oficial portugue-
sa através de uma exposi-
ção sobre a cultura cer-
vejeira.
A fermentação alcoólica é objeto de estudo dos conteú-
dos programáticos da disciplina de Biologia e Geologia e,
deste modo, os alunos da turma C1 do 11º ano observaram
a origem, evolução, história de consumo, e o ciclo de pro-
dução (desde a matéria-prima até ao produto final) da cultu-
ra cervejeira.
No final da exposição os alunos fizeram um pequeno
percurso através de uma réplica de uma cervejeira monásti-
ca, recuando em mais de 500 anos de história.
André Ferreira
A produção da cerveja, desenvolvida paralelamente aos proces-
sos de fermentação de cereais, difundiu-se, nas antigas sociedades,
com as culturas de milho, centeio e cevada .
Com a cooperação da Microbiologia Industrial, verificou-se que a
partir do laboratório é também possível confecionar os vários tipos
de cerveja que existem hoje em dia no mercado. A atividade
―Produção de Cerveja‖, que se encontra inserida no Projeto Criar
Saberes, permitiu que os alunos do 11ºC aprendessem como é
possível produzir cerveja no laboratório, adquirindo conhecimentos
inerentes ao seu processo de fabrico: brassagem, fermentação guar-
da e filtração.
É a Faculdade de Engenharias e Ciências Naturais e da Faculdade
de Ciências Biomédicas da Universidade Lusófona que organiza
estas atividades de cariz laboratorial destinadas a alunos do Ensino
Secundário.
André Ferreira
Os alunos do 11º C durante a atividade
MUSEU DA CERVEJA - um passeio no tempo
Os alunos do 11º C durante a atividade
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Crónicas do Desconcerto
Imaginemos um recanto num bairro típico da cidade, um café numa esquina, um espaço onde se cru-
zam reformados que jogam às cartas, vizinhas coscuvilheiras, estudantes que optaram por outras vidas,
bêbados, turistas ―camones‖, brasileiros, indianos, africanos… e cria-se um espaço paradigmático, uma
amostra da diversidade cultural, social, linguística. Uma alegoria. São personagens-tipo os actantes (demonstrando a atualidade das personagens vicentinas), objetiva-
mente caricaturadas, com os seus hábitos, clichés, preconceitos… E criam-se situações desconcertantes
num registo que aflora, por vezes, o absurdo: ―ridendo castigat mores‖…
E, como se não bastasse, se surgisse do nada um professor reformado, perseguido pelo seu passado de
docente, e vivesse alienadamente cada ocorrência no café como uma situação de indisciplina na sala de
aula? Criou-se o mote. Isabel Vantache
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Crónicas do Desconcerto é o título de uma peça interpretada pelos
alunos do 12º ano da disciplina de Área de Expressões do Curso
Profissional de Animador Sociocultural, tendo contado com a parti-
cipação de alguns colegas do 10º e 11º anos e com a colaboração
especial da aluna Cátia Santos, do 5º1ª. Este trabalho performativo
inseriu-se no âmbito dos módulos de expressão dramática, uma das
vertentes artísticas trabalhadas nesta disciplina, e foi apresentado à
comunidade escolar e a convidados no dia 21 de fevereiro, na Sala
de Teatro da nossa escola. Isabel Vantache
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2013 - ANO DA MATEMÁTICA DO
PLANETA TERRA
l ançado por Christiane Rousseau (Montreal) durante o Con-
gresso Internacional de Matemática de 2010, na Índia, o pro-
jeto Matemática do Planeta Terra 2013 (MPT2013) tem como
principal objetivo desenvolver atividades que mostrem como a
matemática desempenha um papel central em questões relacio-
nadas com o Planeta Terra.
A abertura oficial do ano MPT2013 decorreu no dia 5 de mar-
ço, na sede da UNESCO, em Paris. Em Portugal, a cerimónia de
inauguração decorreu no Pavilhão do Conhecimento, em Lis-
boa, onde se realizaram as seguintes atividades: ―Pedro Nunes
e o Quadrante‖, ―Descobre a doce Matemática‖, Brócolos ro-
manescos, couves-flores e outras iterações‖ e ―Origamis e a
Matemática‖ e se estabeleceu contacto com Paris e com S. To-
mé e Príncipe.
A nível mundial, diversas sociedades, associações, universida-
des, institutos de investigação e fundações vão dedicar o ano
2013 ao projeto MPT2013 com as seguintes finalidades: incenti-
var a investigação na identificação e na resolução de questões
fundamentais sobre o Planeta Terra; sensibilizar os educadores
de todos os níveis de ensino para comunicar os problemas rela-
cionados com o planeta Terra e informar o público sobre o
papel essencial das ciências matemáticas para enfrentar os desa-
fios do planeta Terra.
Para o programa MPT2013 são sugeridos quatro grandes te-
mas:
- um planeta para descobrir: oceanos; meteorologia e clima;
processos do manto; recursos naturais; sistemas solares;
- um planeta suportado por vida: ecologia, biodiversidade, evo-
lução;
- um planeta organizado por humanos: sistemas políticos, eco-
nómicos, sociais e financeiros, organização das redes de trans-
porte e de comunicação, gestão dos recursos, energia;
- um planeta em risco: mudanças climáticas, desenvolvimento
sustentável, epidemias; espécies invasoras, desastres naturais.
Para mais informações, consultar http://mpe2013.org/
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O objetivo do Ano Europeu dos Cidadãos consiste
em facilitar aos cidadãos da União o exercício do seu
direito de circular e residir livremente no território da
UE, assegurando um fácil acesso às informações sobre
os seus direitos. Mais especificamente, visa:
- aumentar a sensibilização dos cidadãos para o seu
direito de residir livremente na União Europeia;
- aumentar a sensibilização para a forma como os cida-
dãos podem beneficiar dos direitos e políticas da UE e
estimular a sua participação ativa no processo de elabo-
ração das políticas da União;
- estimular o debate sobre o impacto e o potencial do
direito de livre circulação, em especial em termos de
reforço da coesão e de compreensão mútua.
Em toda a EU, em 2013, decorrerão uma série de even-
tos, conferências e seminários, a nível nacional, regional
ou local. A Comissão europeia tenciona igualmente
reforçar a visibilidade dos portais Web multilin-
gues «Europe Direct» e «A sua Europa» como elemen-
tos chave de um «balcão único» de informação sobre
os direitos dos cidadãos da União, bem como o papel e
a visibilidade dos instrumentos de resolução de proble-
mas, como o SOLVIT, para que os cidadãos da União
exerçam e defendam melhor os seus direitos.
http://ec.europa.eu/commission_2010-2014/reding/index_en.htm
2013
ANO EUROPEU DOS CIDADÃOS
O JG relembra que o Plano Anual de Atividades do Agru-
pamento Gil Vicente se refere ao Ano Europeu do Cida-
dão 2013 na apresentação dos seus objetivos.
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“Caro Jaime, chamei-o ao meu gabi-
nete para lhe dizer que a partir de
hoje prescindimos dos seus serviços.
Estamos a redimensionar o Departa-
mento de Informações e não teremos
lugar para si. Obrigado pela sua cola-
boração. Tendo em conta o tempo de
serviço, considere-se reformado. Pode
retirar-se.‖
Estas palavras secas e duras do che-
fe Ra-Ra Ratazana não saíam do pe-
queno cérebro de roedor do nosso
agente 00,7: ―Então os trinta e três
anos de serviço, com missões em que
o risco era sempre por minha conta,
terminam assim?‖
Parecia um pesadelo. Mas a aragem
fresca da rua, acompanhada por uma
chuva miudinha, levaram Bom de Roer
a reagir. Chegado ao carro, pegou no
telemóvel e digitou um número muito
especial. Um código, três algarismos:
0/0/7. Estava a ligar para os serviços
secretos do Reino Unido:
- Hello, Sir Connery? Como está? É
o 00,7. É só para vos dizer que, se
ainda estiverem interessados nos
meus serviços, estou disponível…
- Encantado, caro Jaime. Até que
enfim que resolveu juntar-se aos bons.
- Não se esqueça que até o meu
nome é Bom, Bom de Roer…
- Apresente-se amanhã para tratar-
mos da papelada. Está contratado.
- Mas olhe que ainda tenho de che-
gar a Londres, Sir…
- Cá estaremos à sua espera. See you
tomorrow…
- Till tomorrow, then…
( O estimado leitor deve ter repara-
do que este diálogo foi parcialmente
traduzido. Não que eu duvide do seu
Inglês, longe disso... O meu é que está
um bocado enferrujado! )
No dia seguinte, Jaime lá apanhou
a caranguejola do Airbus até Londres,
não sem antes se lembrar do magnífi-
co Concorde, no qual tantas vezes tive-
ra o privilégio de viajar. Sinais dos
tempos de retrocesso e de penúria
que a Europa atravessa…
Londres é daqueles lugares que nos
lembram permanentemente que, ao
contrário do lugar comum, as cidades
não(!) são todas iguais…
Já instalado num confortável gabine-
te, as apresentações ao pessoal dos
Serviços Secretos Britânicos foram
breves e elogiosas para com 00,7:
- Aqui têm um dos melhores agen-
tes de todo o mundo da espionagem.
Tratem-no bem. Facultem-lhe tudo o
que ele precisar…
00,7 sentiu-se desconfortável. Não
foram as palavras do Diretor Flem-
ming que o fizeram sentir-se assim. Foi
mesmo a diferença entre a atitude
reconhecida dos ingleses e a prepo-
tência saloia e gratuita do seu ex-chefe
Ratazana. Mas enfim, é a vida ou, co-
mo diz uma velha canção de Sinatra,
that`s life… Ou ainda, para concluir,
citando outro tema mais british, let it
be…
No dia seguinte, 00,7 alugou um
pequeno apartamento em Kensington,
fez as compras da semana e instalou-
-se na sua ―nova casa‖.
Só com todo o conforto assegurado
Jaime resolveu telefonar à sua ratinha
mais que tudo, a adorável Luna:
- Podes vir, querida. Está tudo con-
firmado, temos casa e o resto se há
de resolver…
- Tenho tudo pronto. Amanhã esta-
rei aí. Beijinho…
Com a alma mais arrumada e o
estômago preenchido por um almoço
apenas razoável, Jaime entrou no seu
gabinete e, cinco minutos depois, o
seu novo chefe, Sir Connery, batia à
porta:
- Entre, Sir…
- Tenho ótimas notícias para si. Tra-
balho e do pesado, como gosta…
Esta de julgarem que se gosta de
trabalho difícil só porque se está habi-
tuado a dar conta do recado tem mui-
to que se lhe diga… Mas Bom estava
ali para trabalhar e não era esquisito.
Com Connery já sentado à sua fren-
te, Jaime ouviu atentamente os por-
menores da sua missão:
- Como sabe, o mundo cruel da alta
finança está a dar a machadada final no
bom senso dos
poucos europeus
que ainda o têm.
A sua missão é
perigosa e dela
poderá depender
o futuro de todos
nós, que acredita-
mos numa europa
justa e solidária...
- Já me estou a
sentir uma pulga a
enfrentar o ele-
fante…
- Pois. Aí é que está a vantagem. O
elefante não vê a pulga, não a sente e,
neste caso, nem sequer a conhece!
- Pronto, já
entendi. Passei
de um razoável
roedor a uma
pulga microscó-
pica ao serviço
de Sua Majesta-
de.
JAIME BOM DE ROER,
O ESTRANGEIRADO
Por
António
Sales
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- Notei uma ponta de ironia quando se referiu à Rai-
nha…
- Não, não tenho nada contra. A senhora é um bocado
emproada e traz o arco-íris nos vestidos, mas até parece
ser boa pessoa. E, se quer que lhe diga, estou farto dos que
no meu país estão sempre a falar do estado social e da coi-
sa pública e duplicam a dívida do país, ou seja, comprome-
tem a segurança e o futuro de todos os cidadãos e dos
seus descendentes. Depois vêm outros que estão convenci-
dos de que ainda há alguma coisa a fazer, juntam à péssima
receita europeia alguma incompetência e insensibilidade e
acabam de vez com a República. Mas enfim, com doces e
bolos se enganam os tolos . Os que ainda se deixam enganar,
claro...
- Ora cá está alguém que não fala muito mas, quando fala,
não tem papas na língua... Vamos ao que interessa. Os nos-
sos serviços secretos descobriram provas irrefutáveis das
ligações de que há muito se suspeitava entre a política eu-
ropeia e a alta finança especuladora. Sabemos que daqui a
cinco dias haverá uma reunião em Itália, onde os canalhas
vão traçar mais um plano de extorsão para aplicar aos po-
vos do sul da europa. Contamos consigo para desmascarar
a bandidagem. Claro que o nosso governo não sabe nem
pode saber das nossas intenções. Estamos por nossa conta:
se lhe acontecer alguma coisa, não o conhecemos de lado
nenhum e o seu ficheiro desaparecerá, ou melhor, nunca
terá existido…
- Não se preocupe, chefe. Estou habituado a trabalhar
sem rede.
- Aqui tem toda a informação necessária e os detalhes da
operação.
Bom acompanhou o chefe até à porta, despediu-se da
secretária dos serviços, a discreta Money–Money, e foi para
casa preparar a receção a Luna, que chegaria a Londres na
manhã seguinte.
Três dias a namorar a bela Luna, a preparar a ida a Itália
e a passear pela capital inglesa revigoraram o nosso 00,7.
No dia da partida para Florença, Luna foi levá-lo ao
aeroporto. As despedidas foram as da mulher de um espi-
ão: um beijinho de derreter as calotes do ártico. Nunca se
sabe se não será o último...
Mal o avião da Ai, Itália! pousou e Bom saiu do aeroporto,
foi abordado por uma ragazza, morena de estontear, que
lhe deu uma beijoca protocolar e o levou num belíssimo
Alfa 2000 GTV dos anos setenta pelas ruas do centro de
Florença. Os italianos sempre souberam receber. A rapari-
ga era o contacto florentino dos serviços britânicos e quem
a escolheu a ela e ao carro teve muito bom gosto. Florença
dispensa apresentações, mas a bella apresentou-se:
- Jaime, o meu nome é Paola e irei consigo desmascarar
os crápulas dos políticos e dos homens da finança que an-
dam a tramar o povo. Como sabe, entraremos no Palazzo
de Burlão Escolhido como infiltrados. O meu nome será
Francesca Matta e o seu Giuseppe Sfola, ambos da Camor-
ra. Com as nossas câmaras e gravadores miniaturizados
desmascararemos os figurões e toda a imprensa divulgará
as provas. É isso, não é? Va benne?
- Tudo perfeito. A morrer, antes bem acompanhado…
Para abreviar a storia e não revelar assuntos privados,
diremos que no dia seguinte Matta e Sfola apresentaram-se
no palazzo, à hora do jantar.
Já com um copo de whisky na mão, Bom de Roer deam-
bulava pelo salão, contemplando a opulência do edifício
renascentista e do seu recheio. Começou a reconhecer
caras: David Camarão, Anja da Merca, Francês Olhando,
Dr. Ervas, John Fitz, Leonard and Poors, Henry Made of
Money e, claro, Burlão Escolhido, o anfitrião... ―Certamente
que muitos deles tinham sido substituídos por sósias nos
seus países para poderem estar aqui‖ - pensava Bom, com
um olhar cúmplice, bem fixado nos olhos negros de Paola.
Durante o jantar, as conversas não podiam ter sido mais
esclarecedoras:
- Pois é, Burlão, agora é a tua vez de sacares mais algum
aos miseráveis dos teus compatriotas. Olha, inspira-te no
teu amigo Só Crápulas...
- Sim, claro, minha doçura teutónica. De Anja é que só
tens o nome...
- Já eu, de Poors também só tenho o nome. Ah, ah, ah…
E a conversa decorreu toda neste tom, com planos por-
menorizados e altamente comprometedores.
Tudo parecia estar a correr bem, até ao momento da
sobremesa. Assim que Jaime e Paola meteram à boca as
primeiras colheradas, caíram para o lado, sem forças, e fo-
ram levados para a cave do palácio. Estavam acordados, de
olhos bem abertos, sentados em duas cadeiras, frente a
frente, mas incapazes de qualquer movimento. Duas pisto-
las foram encostadas às suas cabeças, ouviu-se o som de
dois tiros…
Chegava ao fim a vida do mais destemido dos agentes
secretos. O mundo perdia um homem, perdão, um rato,
que poderia ter mudado o curso da História…
Na sua casa de Lisboa, Luna deslocava-se, cambaleante,
pelo corredor, com um revólver na mão. Entrou no quarto,
arrastou-se para a cama e exclamou:
- Levanta-te, mandrião, tens aqui o revólver que deixaste
na casa de banho. Vem tomar o pequeno almoço.
Jaime acordou sobressaltado, mas vivo. Tinha tido o pesa-
delo da sua vida. Abraçou Luna como se voltasse do mundo
dos mortos e respondeu:
- Hoje faz-me o café bem forte. Há dias em que preciso
de saber se estou acordado e distinguir perfeitamente o
que é realidade do que é apenas sonho. Infelizmente, a rea-
lidade traz-nos os pesadelos para o quotidiano…
- Filosofia barata, Jaiminho!
- Jaiminho? O meu nome é Bom, Jaime Bom…
Enlaçados pela paixão, foram tomar o pequeno almoço.
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ROUBAR É FEIO! O PLÁGIO
T oda a gente sabe que roubar é consi-derado um crime. E quando ouvimos falar de roubo, normalmente e de imediato, associamos esse gesto, a dinheiro, a bens materiais, a coisas palpáveis. Talvez não ocorra à grande maioria das pessoas que alguns também roubam pensamentos, ideias, opiniões, palavras, frases, fac-tos, dados, resultados, números, tabelas e trabalho dos ou-tros, sem dar o devido crédito aos autores. Quando isto acontece, estamos a cometer um roubo chamado plágio. Então, se plagiar é roubar, logo é um crime. E que tipo de crime, para além do roubo, é o plágio? Antes de mais, é visto como uma fraude, uma atitude mo-ral e eticamente condenável por parte de quem o pratica. Pela frequência com que vem ocorrendo, tem sido objeto de vários debates e publicações que ilustram o sentimento que este assunto tem suscitado nos dias que correm. Toda-via, este não é um assunto de preocupação atual. As origens da palavra plágio remontam ao início do primeiro século, AD, e são atribuídas a Marcus Valerius Martialis, (Martial), conhecido pela sua poesia com carácter satírico, vulgo epi-grama. Lê-se na fonte que o plágio, como um epíteto para o roubo da linguagem e das ideias de outro escritor, foi inven-tado pelo poeta romano Martial. Ao censurar Fidentinus por este recitar as suas palavras como se fossem dele pró-prio, Martial comparou-o à pior coisa que ele podia consi-derar – um ladrão de escravos, um plagiario‖. Portanto, a partir desta cena, nasce aquela que viria a ser uma das figu-ras mais censuradas por infringir os mais elementares códi-gos éticos e morais - o plagiador. Na sua forma mais sim-ples, o que sabemos hoje é que um plagiador é um kidnap-per, um raptor, que comete roubo intelectual, que escreve algo que de facto é pertença de outra pessoa, que, em suma viola a ética profissional. Mas, segundo Randall, já a enciclopédia de Diderot, do século XVIII, oferece uma definição de plagiador semelhante às que maioritariamente vigoram nos dias de hoje. ―Um plagiador é um homem que a todo o custo quer ser um autor e não tendo nem génio nem talento, copia não só frases, mas também páginas e passagens inteiras de outros autores e tem a má fé de não os citar; ou aquele que com pequenas mudanças e adição de pequenas frases apresenta a produção dos outros como algo que fosse imaginado ou inventado por ele próprio; ou ainda aquele que reclama para ele a honra da descoberta feita por outro‖. Por conseguinte, destas definições inferimos que estamos explicitamente perante um plágio intencional. Porém, temos consciência de que os nossos pensamentos, ideias, opiniões, linguagem, escrita, comportamentos, são influenciados por outros e por isso não raras vezes, escrevemos, de forma não intencional, ideias e pensamentos que já outros transmi-tiram e tornaram público, mas que nos parecem originais. Nesta situação não é fácil perceber e ter consciência se estamos a plagiar, na medida em que expomos, subconsci-entemente, a informação lida, experienciada, absorvida e enraizada nas nossas mentes. Logo, não será simples julgar tal atuação como ilegítima ou tomá-la como uma transgres-são. Pese embora a noção de que muito do trabalho intelectu-al que se desenvolve resulta e assenta nos conhecimentos de outros, como reage a academia quando confrontada com os seus pares que plagiam? Entre os académicos, o plágio, é tido como o pior dos comportamentos, um delito, uma deceção. É uma deceção para todos os que leem os textos roubados, visto que o autor que plagia ganha crédito através das ideias que não são as suas, enganando assim os leitores,
pelo menos de duas formas: por um lado, impede que eles contactem o original e por outro há a pos-sibilidade de apresentar as ideias e as pala-vras originais tiradas do contexto, defrau-dando o sentido e o rigor da investigação original, isto é, daquela que foi usurpada. Por isso, na academia, o plágio e a fabrica-
ção de resultados são nitidamente reconhecidos como for-mas de comportamento desviante da conduta científica. Ao longo dos tempos têm sido tornados públicos vários exem-plos de escritores famosos e de alguns cientistas que come-tem plágio e auto plágio, sendo este outra vertente de plá-gio que acontece quando alguém usa um trabalho seu que já foi publicado mas não lhe faz qualquer referência. Sabendo-se que o plágio constitui um problema, que sim-boliza um comportamento impróprio, não ético, porque razão ocorre o plágio? Entre outros, fatores e condicionalis-mos como pressão para publicar, falta de tempo, intenção de submeter o trabalho, simultaneamente, a várias publica-ções, ânsia de ganhar bolsas, prémios e reconhecimento, poderão estar associados ―ao aumento da corrupção do empreendimento académico‖. Para ganhar fama e nome rapidamente, ou promoção na carreira, alguns preferem escolher a via mais fácil de ―cut-n-paste policy‖ que por sua vez leva inevitavelmente à conduta ―plagiarize-n-publish‖, do que impedir a humilhação a que ficam sujeitos e às vezes à expulsão dos seus postos. E porque o fenómeno plágio existe, só nos resta, então, enfrentá-lo e tentar evitá-lo. Como fazer? De acordo com Balaram, ―educar a nova geração pode ser que seja a única vacina disponível para conter a propagação, disseminação do vírus do plágio‖. Assim, para não se contagiar os estudantes, é importante que as escolas, as universidades, os professo-res, os ensinem a combater o plágio. É do conhecimento geral que alguns estudantes, muitas vezes, por exemplo, sob a pressão do cumprimento de prazos para a concretização das suas tarefas, entregam trabalhos totalmente copiados pois tiram partido da proliferação dos recursos eletrónicos e da facilidade e rapidez com que acedem à internet, condi-ções favoráveis à prática do plágio. O que lhes fazer? Simplesmente ensinar-lhes as estratégias e regras dos métodos de investigação bem como as técnicas de pesquisa e citação: porquê, quando e como citar e usar as fontes e referências. E devem ser ensinados da mesma forma e com a mesma dose de paciência com que são ins-truídos os professores iliteratos em matéria de computado-res: muitas horas de instrução numa área em que apresen-tam deficiências. Porque o plágio de trabalhos se tem espa-lhado, muitas universidades americanas têm feito circular, entre os estudantes e instituições, informações detalhadas sobre o que é o plágio e como evitá-lo. Papel fundamental tem sido atribuído às bibliotecas. Quem não se lembra de há bem poucos anos atrás, quando íamos à biblioteca reco-lher informação, do processo moroso de passar à mão as nossas consultas para o caderno? Agora, como nas bibliote-cas aumenta o número de websites, recursos online e bases de dados, com apenas um clique pode aceder-se facilmente e de imediato à informação. Mas constata-se que é necessá-rio educar os utilizadores sobre o uso ético da informação e os bibliotecários são seguramente agentes propícios para ―o ensino de métodos de citação bibliográfica e estratégias de como melhor evitar o plágio, especialmente de fontes da internet‖. À escassez de ideias, mais vale imitar do que plagiar. Enquanto a imitação é aceitável e por vezes elogiada, o plá-gio pode ser tido como moralmente odioso, como um pe-cado.
Mª Elvira Callapez
JG janeiro-abril 2013
21
CINEMA, TEATRO, MUSEUS...
A Não Perder…
Dias da Música 19 a 21 abril
Terreiro do Paço
Como gostais [William Shakespeare]
Olhos de Gigante [Almada Negreiros]
Quando as galinhas tinham dentes
Macau, memórias a tinta-da-china
Cartazes de propaganda chinesa
Graça Morais
Os desastres da guerra
Joana Vasconcelos
no
Palácio da Ajuda
JG janeiro-abril 2013
22
LEITURAS para Grandes e Pequenos
Em Da Índia, com amor dá-nos as cores, temos um vasto painel da presença dos portugueses em Goa.
Com Joana e Violante, órfãs d’el-rei, viajamos na Carreira da Índia. Joana faz-nos testemunhas da sua
viagem interior, por dentro da saudade, amor e aventuras, dúvidas de si e da sua fé, abalada pelo
confronto com outra cultura, até ao momento em que ouvimos as últimas palavras da sua narrativa: sei
quem sou.
Júlia Nery Sextante Editora
No passado, a cultura foi uma espécie de consciência
que impedia o virar as costas à realidade. Agora, a banalização das artes e da literatura, o
triunfo do jornalismo sensacionalista e a frivolidade da política são sintomas de um mal maior que afeta a sociedade contemporânea. A figura do intelectual,
que estruturou todo o século XX, desapareceu do
debate público.
Mário Vargas Losa
Quetzal
Num original livro de memórias,
Edmund de Waal descreve a caminhada de uma sofisticada coleção -
e da família que a acarinhou - através dos continentes e dos séculos,
numa empolgante história de guerra e de paz, paixão e perda.
Edmund de Waal
Editora Intrínseca
Depois de treze anos de vida desregrada no Québec, Hugo, um contrabaixista de jazz, decide tirar um ―ano
sabático‖ e regressar a Lisboa, onde espera reencontrar o equilíbrio junto da família. Porém, logo numa das primeiras noites, assiste ao concerto de Luís Stockman – um pianista
que se tornou recentemente famoso –, e a almejada paz transforma-se no pior dos pesadelos pois Stockman toca
um tema inédito que Hugo conhece bem demais, pois é o mesmo que vem escrevendo há anos na sua cabeça.
João Tordo Dom Quixote
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José Fanha,
Mª João Gromicho
Gailivro
Portugal - publicado
pela editora Dupuis -
é um livro de banda
desenhada com mais
de 260 páginas imagi-
nadas pelo neto de
portugueses que emi-
graram para França
nos anos 30. ― É co-
mo descrever um
labirinto‖, diz o autor
que regressou vinte e
três anos depois à
terra dos seus avós. Cyril Pedrosa
Ed. Dupuis
JG janeiro-abril 2013
23
Passa bem o teu tempo
HORIZONTAIS 1– Maior; Dádiva; tio dos americanos. 2 - Raivosa; Afia no rebolo. 3 - Astro rei (fig.); Assim. 4 - Aleijada. 5 - Descampada; Antigas embarcações de três mastros. 6 - Tritura; Sapo do Amazonas. 7– Rebentos; Fêmea do elefante. 8 - Variedade de ágata. 9 - Abrev. de artigo; Nome de mulher. 10 - Aeróstato Fazer girar. 11 - Raiva; Abrev. de senhora; Patrão. VERTICAIS 1 - Miadela; Unidade de trabalho; Larga cinta de seda usada pelos japone-ses. 2 - Suf. de agente; Pão de milho (pl.); Aragem. 3 - Chefe etíope; Um milhar; Flanco. 4 - Domina; Número do mostrador do relógio. 5 - Cami-nho entre montanhas; Historietas. 6 - Nióbio (s.q.); Nota de música. 7 - Falar por entre dentes; Flecha de pau tostado ao fogo. 8 - Soltar mios; Poeta entre os gregos. 9 - Ruído; Óxido de cálcio; Nome de letra. 10 - Alumínio (s.q.); Especiaria indiana; Amerício (s.q.) 11 - Pilão; Transpirar; Em defesa de.
SOLUÇÕES: HORIZONTAIS - 1– Mor; Dom; Sam. 2 - Irada;
Amola. 3 - Sol; Sim. 4 - Manca. 5 - Erma; Barcas; Roi. 6 - Roi; Aru. 7 -
Ramos; Alia. 8 - Onixe. 9 - Art.; Ada. 10 - Balao; Rolar. 11 - Ira; Sra; Amo. VERTICAIS - 1 - Mio; Erg; Obi. 2 - Or; Broas; Ar 3 - Ras; Mil; Ala. 4 -
Doma; Hora. 5 - Dala; Contos. 6 - Nb; Sl. 7 - Mascar; Xara. 8 - Miar; Aedo. 9 - Som; Cal; Aga. 10 - Al; Caril; Am. 11 - Mao; Sua; Pro.
Sopa de palavras - Procura na vertical, na
horizontal e na diagonal palavras relacionadas com
Os Lusíadas.
Ex: escorbuto, Velho do Restelo, naufrágio,...
Vamos encontrar as oito diferenças?
Soluções: rosto do homem; cabelo; cortinado; botões do casaco; pé do sofá; pé da mesa; sinais do som da televisão; ranhuras do televisor junto à ficha.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
SUDOKU 3 7 1 5
4 7 9 3
8 7
3 8 9 2
6 1 3 7
2 8
9 6 7 4
4 2 5 9
Preenche os quadrados fazendo com que cada fila, cada coluna e cada um
dos quadrados de três casas por três contenham todos os números de 1 a
9, sem repetições ou omissões.
2 3 9 7 6 1 4 5 8
4 6 7 5 8 2 9 1 3
1 8 5 9 3 4 2 7 6
3 7 4 8 5 9 1 6 2
5 1 2 6 4 7 8 3 9
6 9 8 1 2 3 5 4 7
7 2 1 4 9 6 3 8 5
9 5 6 3 1 8 7 2 4
8 4 3 2 7 5 6 9 1
JG janeiro-abril 2013
36
37 Ver..Rever
38 Passatempos
P’ la mão de Gil Vicente
Equipa redatorial
António Sales
Magda Rodrigues
Mª do Rosário C. Pinto
Colaboradores/Participantes
Ana Cristina Tavares, André (10ºAS), André Die-
gues, Alunos de Dramaturgia (12º AE), Alunos
do 2º ano (manhã) da Escola do Castelo, Alunos
do 10ºC e 10º LH, André Ferreira, Bruno Duar-
te, Bruno Leitão, Fernando Azevedo, Guilherme
de Sousa, Isabel Vantache, Isaías Manhiço, Mª
Elvira Callapez, Mª João Queiroga, alunos do 2.º
ano (manhã) da Escola do Castelo, Mª José Jesus,
Mª José Tomé, Maurício Bonito, Rui Oliveira,
Escola Gil Vicente
Rua da Verónica, 37 1170 - 383 Lisboa Tel. 21 8860041
Email: [email protected]
Nunca o falar descortês aproveitou pera nada
Gil Vicente
O s alunos do Curso Profissional de Artes do Espe-
táculo apresentaram ao público (comunidade escolar,
convidados e familiares) os espetáculos teatrais resul-
tantes das práticas performativas desenvolvidas na disci-
plina de Interpretação, em articulação com as disciplinas
de Movimento e de Voz, referentes aos respetivos mó-
dulos do programa.
Os alunos do 12.º AE apresentaram as peças Nem tudo
o que parece é… o que se vive tem uma consequência,
Contra-tempo, Sala de Jantar e Sangue no Pescoço do Gato.
Os alunos do 11.º AE apresentaram As Troianas e Gil
Vicente à Solta. A propósito deste espetáculo (the best of
Gil Vicente), convém saberem, caros leitores, que o
mesmo foi apresentado no claustro do Mosteiro dos
Jerónimos, no domingo, dia sete de abril, às onze horas
e trinta minutos, inserido na celebração do Dia Mundial
do Teatro, que este ano coincidiu com o período de
interrupção letiva – 27 de março.
Simultaneamente, Gil Vicente à Solta vai participar no
Concurso Escolar ―A minha escola adota um museu,
um palácio, um monumento…‖ (iniciativa promovida
conjuntamente pela Direção-Geral da educação (DGE),
no âmbito do Programa de Educação Estética e Artísti-
ca e pela Direção-Geral do Património Cultural
(DGPC).
Fernando Azevedo
No próximo núme-
ro, o JG recordará
os irmãos Grimm e
Vinícius de Moraes,
comemorando os
centenários dos seus
nascimentos.
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