UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O
FENOMENO DAS LANHOUSE E O
COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR
DOS PROPRIETARIOS, COMUNIDADE
DA ROCINHA, RIO DE JANEIRO RJ
Silvio Medeiros Joaquim (UFF)
Sandra Regina Holanda Mariano (UFF)
Esta pesquisa se propõe a investigar o fenômeno das lanhouses, o
comportamento, as motivações e características dos empreendedores
proprietários destes estabelecimentos na Comunidade da Rocinha,
assim como, caracterizar e analisar o negócio e os clientes que
utilizam estes serviços. Utilizando-se de uma pesquisa survey
exploratória, não probabilística, tendo como instrumento para coleta
de dados um questionário estruturado, divido em cinco blocos, para
obter a melhor qualidade e fidedignidade, tentando sobrepor-se aos
vieses sociais inerentes as pesquisas. A Rocinha é uma comunidade
dotada de singularidades e muitos contrastes, tanto internos quanto
externos. Espera-se, dentro das limitações do método, contribuir para
o conhecimento e debate do fenômeno das lanhouses nas periferias
brasileiras, impulsionada pelo caráter empreendedor de indivíduos,
sujeitos do próprio destino, que contribuem consideravelmente para o
desenvolvimento do país, oferecendo novos serviços a sociedade.
Palavras-chaves: comportamento, empreendedorismo, motivação,
lanhouse, comunidades carentes.
5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
2
1. SITUAÇÃO PROBLEMA
O desenvolvimento e a capilaridade das TICs (Tecnologias de Informação e
Comunicação) estão alterando o comportamento das pessoas e impactando a dinâmica social e
econômica. Esse fenômeno traz consigo uma ruptura silenciosa e descontinua no modo de
vida da sociedade, gerada principalmente pela Internet, conforme afirma Nicolaci-da-Costa
(2002). A autora considera que a internet viabilizou a criação de um novo espaço de
convivência e relacionamento entre as pessoas: o espaço virtual. Para ela a transição em curso
é comparável com a que levou as pessoas do campo para a cidade, no bojo da revolução
industrial. Naquele tempo como agora, os sinais das transformações se evidenciam no
vocabulário utilizado, surgimento de novas palavras, mudanças nos estilos de agir e viver,
além de gerar novas necessidades, relacionamentos e conflitos, ou seja, um novo formato de
vida.
O estudo publicado em 2008 pelo CGIBr (Comitê Gestor de Internet no Brasil) aponta
desigualdades no acesso a estas novas tecnologias, especialmente quando se considera as
classes sociais. Pessoas com renda acima de R$ 2.076,00 (classes A e B), estão quase que
100% incluídas. Estas pessoas possuem as ferramentas de acesso, o computador, o meio de
comunicação, a internet, e o conhecimento para navegar no ambiente virtual. No outro
extremo estão às classes de menor renda, C, D e E. Nestas, respectivamente 84% e 99% não
possuem acesso à internet em suas residências. E mesmo os que possuem o computador em
casa não têm renda suficiente para ter acesso à comunicação em alta velocidade por meio de
banda larga. Em 2008 havia no Brasil aproximadamente quatro milhões de domicílios com
computador, mas sem acesso à Internet.
O IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia realizou um
mapeamento dos PDIs, como telecentros e salas de informática mantidas pelos Governos
Federal, Estaduais, Municipais e Terceiro Setor. Dos 17.942 identificados no Brasil, a região
Sudeste concentra o maior número. O estado do Rio de Janeiro ocupa o terceiro lugar na
região Sudeste com apenas 15,31% ou 1184 pontos. A pesquisa não contabilizou nem
projetou o número de pessoas que são atendidas e atividades realizadas, nesses locais.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
3
Neste estudo também foi apresentado o ranking dos municípios com maior inclusão
digital. São Caetano do Sul, SP ocupava o topo da lista com uma taxa de inclusão de 41,14%,
seguido por Niterói, RJ com 34,16%, na décima posição encontrava-se o município de
Curitiba PR com 27,58%, e a cidade do Rio de Janeiro figurava na décima nona posição com
uma taxa de inclusão de 23,60%.
Apesar da ineficiência das políticas públicas em oferecer acesso gratuito a internet,
restrições de acesso aos ambientes virtuais e de todas as dificuldades enfrentadas pelas classes
de menor renda, o uso da internet pela população brasileira passou de 36,6 milhões de
internautas em 2005 para 55,5 milhões em 2008, conforme estudo publicado pelo Núcleo de
Informação e Coordenação do Ponto BR em 2009. Este fenômeno de inclusão foi fortemente
protagonizado pela ação de empreendedores que passaram a oferecer aos cidadãos serviços
pagos de acesso à internet, conhecido como lanhouse.
As lanhouses são estabelecimentos comerciais que vendem o acesso à internet e outros
serviços, difundiram-se rapidamente na última década nos subúrbios e favelas brasileiras,
tornando-se a porta de acesso ao mundo virtual para as pessoas que moram nesses locais,
ocupando um espaço esquecido pelas políticas e ação pública. Especialmente se esta ação
tivesse a forma de incentivos para que estes empreendimentos atuassem como protagonistas
do processo de inclusão. Como isso não aconteceu, as lanhouses vêm sendo abertas
completamente a revelia, e praticamente sem apoio do poder público.
Esses locais têm características peculiares como à disposição dos computadores em
baias, onde individualmente o cliente após comprar o tempo, acessa a jogos eletrônicos em
rede ou não, sites de relacionamento, comunica-se por e mail, pesquisam em sites e escutam e
baixa música, entre outras atividades.
Em maio de 2008 o Comitê Gestor da Internet no Brasil publicou um estudo com
resultados completos da terceira pesquisa sobre o uso das Tecnologias da Informação e
Comunicação, demonstrou que a mudança nesse segmento aconteceu pela facilidade
encontrada pelas famílias na compra de computadores, que passaram a ter preços acessíveis e
ainda com possibilidade de parcelamento da compra, conforme podemos perceber abaixo.
A proporção de domicílios com computador cresceu em todas as regiões de 2006
para 2007. Este aumento é maior nas regiões Centro-Oeste (de 19% em 2006 para
26% em 2007), Sul (de 25% para 31%) e Sudeste (24% para 30%). A proporção de
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
4
domicílios com computador é menor nas regiões Norte (13%) e Nordeste (11%) e o
crescimento do indicador nestas regiões também foi menor, ficando em 3 e 2 pontos percentuais, respectivamente. Pesquisa sobre o Uso das TICs no Brasil – 2007.
CGI.BR 03 maio 2008.
Fatores que contribuíram para a migração das lanhouse para outros endereços, com
novos serviços, como, confecção de orkut, msn, apresentações em power point, digitação de
trabalhos de aula, diagramação e cópia de fotos, inclusão de fotos no orkut, transferência de
fotos de máquina fotográfica para CDs ou pen drives. No entanto, a maior parcela do
faturamento é a venda de tempo para navegação na rede, que varia de R$ 0,50 a R$ 2,00 por
hora. Há softwares específicos para o gerenciamento do tempo e conteúdo nas lanhouses.
As pesquisas sobre o uso de TICs 2007 e 2008, publicada pelo CGI Brasil, que
qualifica e quantifica os internautas, respectivamente 49% e 48% ou seja, quase metade dos
internautas brasileiros acessam a grande rede de computadores através de uma lanhouse.
Considerando que o número internautas em 2008 passou para 55,5 milhões de pessoas, temos
um universo aproximado de 26,6 milhões de pessoas acessando a internet a partir de uma
lanhouse.
O local desta pesquisa é a Comunidade da Rocinha na cidade do Rio de Janeiro RJ,
internacionalmente conhecida pelo tamanho, pois, conforme Censo 2009 realizado pela
Secretaria de Estado da Casa Civil do Rio de Janeiro e publicado em julho de 2009, haviam
100.818 pessoas morando nesta localidade em 34.465 residências. O censo traz uma série de
informações sobre a comunidade, entre elas, que há no local em funcionamento 6.508
empresas ou empreendedores, dentre estas 91,1% são irregulares. O estudo também apresenta
outros dados negativos que contribuem para a baixa qualidade de vida dos moradores.
A pesquisa se fundamenta nos construtos da área de empreendedorismo e inovação
especialmente no que concernem as discussões e teorias sobre a motivação para empreender e
desenvolvimento do comportamento empreendedor, pois segundo Schumpeter (1928), a
essência do empreendedorismo permanece na percepção e exploração de novas oportunidades
no domínio dos negócios, sempre fazendo algum uso diferente dos recursos nacionais dos
quais eles estão extraindo de seus empregos tradicionais e submetendo as novas combinações.
As questões norteadoras que delinearam a estruturação dessa pesquisa na busca dos
referenciais teóricos, metodológicos, construção do questionário, definição do local da
amostra e correlação e analise dos resultados, estão dispostas conforme segue:
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
5
- Como estão estruturadas, ambiente, funcionamento e serviços?
- Quais são as características comportamentais empreendedoras mais relevantes dos
proprietários de lanhouse na Rocinha?
- Qual a motivação central dos proprietários ao abrir a lanhouse?
- Quem são seus clientes e o que buscam nestes estabelecimentos?
- Quais as características pessoais destes proprietários?
A Comunidade da Rocinha vive num mundo singular onde as regras de convivência
são acordadas de forma velada entre os moradores e o crime organizado, a comunidade sofre
com a ausência do poder público e as péssimas condições de saneamento básico, água, luz,
transporte, edificações, segurança e educação. De tal forma que muitas atividades
relacionadas à oferta de produtos e serviços só acontecem pela coragem, criatividade,
capacidade de superação e improviso dos empreendedores que mantém seu (s) negócio (s)
funcionando.
A tônica desses empreendedores praticamente esquecidos pelo mundo formal e que
promovem a grande revolução da inclusão digital através das lanhouses que invadiram os
subúrbios e comunidades carentes, principalmente dos grandes centros urbanos brasileiros, foi
que instigou a estruturação dessa survey com o intuito de clarear e entender o mundo de
trabalho desses indivíduos.
Nesse contexto o objetivo principal desta pesquisa é caracterizar e analisar o fenômeno
das lanhouses e o comportamento do empreendedor proprietário de lanhouse da Comunidade
da Rocinha, identificando a sua motivação central para empreender este tipo de negócio. E
também caracterizar e analisar seus clientes, o negócio e a inclusão digital promovida por essa
atividade.
2. METODOLOGIA DE PESQUISA
A metodologia desta pesquisa baseou-se no do método de pesquisa survey,
considerando o interesse em produzir descrições quantitativas de uma população a partir de
um instrumento predefinido, ou seja, um questionário. A pesquisa survey pode ser descrita
como a obtenção de dados ou informações sobre características, ações ou opiniões de
determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma população alvo, por meio
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
6
de um instrumento de pesquisa, normalmente um questionário (Pinsonneault & Kraemer,
1993).
Quanto ao processo de amostragem Perrien, Chéron & Zins (1984) consideram que
este é composto pela definição da população-alvo, contexto, unidade e método de
amostragem, tamanho da amostra e pela seleção da amostra ou execução do processo de
amostragem. Sendo assim, o local da amostra foi à comunidade da Rocinha na cidade do Rio
de Janeiro RJ. Alguns fatores contribuíram para a escolha desta comunidade, tais como, o fato
do pesquisador ter pessoas conhecidas que moravam na comunidade, contato com a
Associação de Moradores, fácil acesso ao moro e também pela comunidade ser palco de
outras pesquisas, que contribuem com dados estatísticos e informações adicionais ao presente
estudo.
Ao fazer uma visita a Comunidade e analisar o cenário da pesquisa e compará-lo aos
conceitos de amostragem, percebeu-se que como a amostra probabilística consiste no fato de
todos os elementos da população ter a mesma chance de ser escolhidos, resultando em uma
amostra representativa da população, selecionada de forma randômica ou aleatória os
respondentes, eliminando a subjetividade da amostra. Contudo, considerou-se que a amostra
não probabilística por ser obtida a partir de algum tipo de critério, onde nem todos os
elementos da população têm a mesma chance de ser selecionados, o que torna os resultados
não generalizáveis, é a qualificação mais assertiva, tendo em vista, características locais.
Os respondentes foram escolhidos por conveniência, conforme afirmado
anteriormente, pois o pesquisador conhece pessoas que moraram ou moram na comunidade,
conforme Fink (1995) os participantes são escolhidos por estarem disponíveis e que o
tamanho da amostra se refere ao número de respondentes necessários para que os resultados
obtidos sejam precisos e confiáveis. Certo, é que o aumento do tamanho da amostra diminui o
erro, com algumas ressalvas, pois essa tendência tem limites, a partir de certa quantidade não
se tem mais uma forte contribuição agregada por coletar-se maior número de questionários.
De fato seria muito difícil e dispendioso encontrar todos os respondentes, uma vez que, alguns
se recusaram a responder e outros não moram na comunidade e vem esporadicamente no
estabelecimento.
Compreendido no plano de trabalho da pesquisa o pré-teste do questionário tem como
objetivo alinhar o instrumento, para garantir que ele realmente meça e atenda o objetivo
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
7
proposto. Observando se todas as questões foram entendidas e respondidas corretamente, não
apresentando dificuldade no entendimento das questões. Segundo Gil (1991), deve ser
considerado no pré-teste os seguintes aspectos: clareza e precisão dos termos, quantidade de
perguntas, forma das perguntas, ordem das perguntas e introdução.
Outra influência do contexto foi o direcionamento da pesquisa para um estudo
descritivo, por envolver questões que serão correlacionadas e por se tratar de um público
fechado. O tratamento dos dados será quantitativo discursivo, pois conforme Richardson,
1999, o estudo descritivo pode abordar aspectos amplos como levantamento de opiniões e
atitudes da população acerca de determinadas situações e permite a identificação do
comportamento de grupos minoritários.
O questionário foi estruturado com base nos estudos realizados por David McClelland,
adaptado por SILVA, Zita Gomes do livro O Perfil Psicológico do Empreendedor, o texto
original será rescrito e adaptado com uma linguagem mais usual e estruturado com termos
corriqueiros da fala. Desta forma espera-se facilitar o entendimento dos pesquisados as
questões, afirmações e negações da pesquisa.
O questionário está estruturado em 05 partes A, B, C, D e E, cada bloco de perguntas
tem um foco. A parte ―A‖ tem 06 perguntas que buscam conhecer o empreendedor, a parte
―B‖ tem 17 questões, com o objetivo de conhecer o negócio e a motivação, já a ―C‖ tem 14
questões sobre a inclusão digital, no bloco ―D‖ são 09 perguntas sobre os usuários. A parte
―E‖ é a mais extensa, com 31 afirmações e negações sobre características comportamentais
empreendedoras. Ao todo o questionário tem 77 itens entre perguntas, questões, afirmações e
negações. Conforme anexos.
O bloco ―E‖ será o bloco inicial da pesquisa, por apresentar um grau mais elevado de
complexidade, necessitando de respostas estruturadas, e também por ser o bloco mais extenso
da pesquisa. Os demais blocos intercalam perguntas, afirmações e negações estruturadas e
não-estruturadas, com o intuito de tornar o questionário menos maçante em prol da melhor
qualidade e fidedignidade das respostas.
As perguntas em geral estão dispostas estrategicamente entre respostas livres, seleções
dicotômicas, ranqueamento e classificação, sendo que esta última representa 63,64% do
questionário, tendo as respostas dispostas na escala likert com cinco pontos para mensuração,
sendo os menores de três como discordantes e os maiores de três como concordantes e o três
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
8
como ponto neutro, conforme segue, (Discordo Totalmente, Discordo, Nem Concordo Nem
Discordo, Concordo, Concordo Totalmente), conta também com as opções (Não Sabe, Não
Respondeu). Nesse caso, a análise dos resultados será realizada numa abordagem quantitativa
calculando a média e o desvio padrão a cada resposta.
2.1 COLETA DOS DADOS
Nesta survey o questionário utilizado passou por várias versões até ser parcialmente
validado para o período de testes, que aconteceu na Comunidade do Rio das Pedras2, Barra da
Tijuca, Rio de Janeiro RJ. O objetivo desta fase foi ―submeter o instrumento de pesquisa a um
campo de teste similar ao local da amostra, promover os alinhamentos necessários e validar a
versão final‖. A meta de conseguir no mínimo 05 questionários válidos, a partir da versão
final, foi atingida com sucesso.
O local dos testes foi escolhido pela proximidade da casa do pesquisador e também
pelo fato de não ter trafico de drogas, por conseguinte é mais tranqüila. Mas como a
Comunidade é controlada por milícias foi necessário pedir autorização para circular pelas
vielas, uma vez obtida a autorização é possível circular livremente e sem problemas.
Como ferramenta de apoio ao questionário da pesquisa, foi estruturado um formulário,
para descrever o nome do entrevistado, endereço ou referência da lanhouse, e mail e telefone,
data da pesquisa e status da realização da pesquisa. Os questionários respondidos estão
relacionados às informações colhidas no formulário, numerados por ordem. A finalidade
desse instrumento é utilizá-lo caso ocorra problemas na coleta de dados e também para a
devolução do resultado da pesquisa aos respondentes.
A aplicação do questionário acontecerá de forma individual entre o entrevistador e o
pesquisado, com a intenção de melhorar a qualidade das respostas, conforme Richardson
(1999) há menos chance dos entrevistados não responderem ao questionário ou de deixarem
algumas perguntas sem resposta.
O prazo para a realização da pesquisa será de 30 (trintas) dias, compreendidos entre os
dias 02 e 31 de janeiro de 2009. No decorrer da coleta de dados percebeu-se que o número de
lanhouse era próximo da afirmação do presidente, no entanto, não foi possível aplicar o
questionário em todos os proprietários, pois, alguns não moram na comunidade e outros não
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
9
quiseram responder. Aqueles que moram em outros bairros deixam as lanhouses aos cuidados
de um funcionário, que não podia ser entrevistado, pois a entrevista foi direcionada aos
proprietários. A meta estabelecida era conseguir 40 questionários válidos, para então produzir
uma análise estatística aceitável aos padrões científicos, que foi atingida com sucesso.
2.2 TRATAMENTO DOS DADOS
O questionário da pesquisa será parametrizado e passada para o sistema CSPro 3.0,
assim como os dados coletados, em seguida esse sistema compila os dados, que podem ser
convertidos numa planilha do microsoft excel, o próximo passo é importar os dados para o
software SPSS 16.0, de onde serão geradas as correlações, médias e desvios padrões, enfim, a
pesquisa será quantificada para a analise e discussão dos resultados. O SPSS é um software
bastante completo e muito utilizado para analise de dados em pesquisas, desta e de outras
naturezas.
As analises serão realizadas usando o método descritivo, tendo os dados comentados
de forma associativa com as demais informações geradas pela pesquisa. Condição que levará
o pesquisador a desenvolver um amplo debate na tentativa de responder as questões da
pesquisa, alcançar os objetivos propostos e se possível levantar questões para estudos futuros
em outra Comunidade (Favela) ou Subúrbio Brasileiro.
2.3 LIMITAÇÕES DO MÉTODO DE PESQUISA
Uma pesquisa bem planejada deveria permitir que, utilizando-se as ferramentas certas,
se chegasse com tempo hábil e com energia à exploração dos dados. Nem sempre isso ocorre.
Além disso, não pode haver equívoco, para obter-se algo bom dos dados, deve-se conhecê-los
a fundo, quanto mais, melhor, e dedicar tempo a essa tarefa. Quanto mais tempo, mais
qualidade terá as inferências e conclusões.
O questionário, instrumento desta pesquisa, em si é uma limitação, pois parte-se de
uma presunção de aceitação e acertabilidade confirmada nos testes, mas não há certeza de que
este seja a melhor fonte para a obtenção dos dados, tão pouco que gere empatia com os
entrevistados.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
10
Também se deve considerar o método de abordagem para iniciar a entrevista, que é
importantíssimo, pois não se sabe como estes empreendedores vão reagir à abordagem da
pesquisa. Tendo em vista, como já foi alertado pelo pessoal da UPMMR, que estes e outros
proprietários de pequenos comércios trabalham na informalidade e são bastante arredios, pois,
temem a vinculação da pesquisa a fiscalização dos entes governamentais.
Outro fator significativo é com relação ao tema da pesquisa, e o entendimento deste
pelos proprietários das lanhouses, pois não há um conhecimento prévio do grau de instrução
destas pessoas, pois esta informação só será conhecida no decorrer da pesquisa e com maior
precisão na compilação dos dados.
Ainda há uma preocupação com referencia a veracidade das respostas por parte dos
pesquisados, pois há perguntas que expõem as fragilidades do gestor e empreendedor.
Conforme Mohr e Webb (2001) é possível ocorrer o chamado viés de desejabilidade social.
Tal viés é resultante de respostas que não são baseadas naquilo que o respondente realmente
acredita, mas no que percebe sendo socialmente apropriado.
Considerando as situações elencadas acima o pesquisador definiu que a pesquisa seria
aplicada por ele próprio, com o intuito de minimizar os riscos e aumentar o grau de
confiabilidade das informações obtidas.
3. A PESQUISA
3.1 As Lanhouses
Espaços públicos de acesso pago, esta é a denominação das lanhouse segundo o
CGI.Br (Comitê Gestor de Internet no Brasil), responsáveis por 47% dos acessos a internet no
pais, chegaram no Brasil em 1998, pelas mãos do empresário brasileiro Sunami Chun que
voltou de uma viagem a Correia do Sul, conforme matéria jornalística do Jornal Valor
Econômico, publicada em 27 de setembro de 2007. As LAN Houses como eram nominadas
no final da década de 90 inicio dos anos 2000, tinham como produto principal os jogos em
rede, esse conceito mudou gradativamente e as lanhouses atuais são espaços de interação e
comunicação virtual.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
11
As lanhouses ganharam rapidamente as periferias brasileiras, por oferecerem a este
público uma janela para o mundo, dando aos internautas uma identidade, um endereço virtual
e a possibilidade virtual de viajar pelo mundo, conhecer novas pessoas, fazer amigos, namorar
e também jogar, estudar, escutar música, enfim. Na Comunidade da Rocinha há uma
lanhouse para cada grupo de 2100 habitantes.
A foto abaixo foi tirada na entrada de uma das lanhouses visitadas. Mas algo que
chamou a atenção pelo ineditismo foi o relato de um dos proprietários, veja, ―eu aqui com
meus clientes, muitos conheço desde que nasceu, quando eles querem comprar alguma coisa
pela internet, eu empresto o meu cartão de crédito, compro parcelado e eles vão pagando, até
hoje ninguém me deu calote, e a lanhouse vive cheia de gente‖.
Na comunidade da Rocinha muitos bares, lojas, depósitos, salas de residências, deram
espaço as lanhouses, como podemos ver nas fotos seguintes.
Fonte: Autor 2009
Em entrevista ao Portal da inclusão digital www.inclusaodigital.gov.br em 28/08/2008
o sociólogo e doutor em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo, Sérgio Amadeu
afirma que as lanhouses não são a solução para inclusão digital entre a população de baixa
renda, pois devido ao caráter comercial desses estabelecimentos, a cobrança seria o
impeditivo, pois as pessoas das classes D e E não tem o mínimo para assegurar a
sobrevivência. Dados do ano anterior publicado pelo CGI.Br apontou as lanhouses como a
principal porta de acesso a internet no Brasil e ainda trouxe dados da grande presença delas
nas periferias brasileiras.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
12
No capitulo de Apresentação de Analise dos Resultados, mais especificamente nos
itens C.10, C.11, C.12 e C.13 será apresentado os dados quanto à freqüência de pessoas a
lanhouse que não usam por falta de dinheiro, veremos que isso ocorre principalmente entre as
crianças e jovens, no entanto, isso não é motivo de preocupação entre os proprietários, pois
afirmam que assim que conseguem algum dinheiro correm para a lanhouse. As crianças vêm
em grupo para a lanhouse, quem tem dinheiro paga e os outros usam juntos.
O sociólogo fala da necessidade de programas de inclusão digital gratuitos, como os
telecentros, com banda larga oferecendo acesso livre, oficinas e cursos de informática básica.
Conforme dados da pesquisa sobre o uso de TICs do CGI.Br 2008, os telecentros são a última
opção de acesso a internet com apenas 3% do total. Conforme a professora e pesquisadora da
ESPM do Rio de Janeiro RJ, que vem investigando a revolução da internet nas periferias, o
desinteresse ocorre pelos seguintes fatos: 01) as máquinas dos telecentros muitas vezes são
usadas e foram recicladas, 02) na maioria dos telecentros há restrição a jogos, orkut, MSN,
música..., 03) os telecentros são voltados principalmente para a formação, não trabalham o
lado lúdico e as possibilidades de informação, formação e comunicação da grande rede.
Contudo o sociólogo acredita que as lanhouses devem ser incentivadas pelo governo
por serem empreendimentos que podem gerar emprego, no entanto, para ele a inclusão digital
somente acontece com a capacitação dos usuários para trabalhar com as ferramentas
disponíveis na rede, o que não acontece nas lanhouses. Os itens C.01 à C.08 desta pesquisa,
tratam exatamente desse tema e poderemos ver que os proprietários das lanhouses estão
preocupados e atentos aos usuários não capacitados a interagir com o computador e, por
conseguinte navegar na grande rede.
Uma constatação importante da pesquisa publicada pelo CGI.Br 2008 é quanto às
regiões Norte e Nordeste do Brasil, lá os acessos a internet através de uma lanhouse são
respectivamente 66% e 67%. Tal informação contribui para o entendimento de que as
lanhouses são sim a possibilidade das classes menos favorecidas acessarem a internet, uma
vez que, essas regiões segundo o IBGE são as mais pobres do país e com a menor renda per
capta. Vide quadro abaixo.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
13
LOCAL DE ACESSO INDIVIDUAL À INTERNET - 2008 Percentual (%) Centro público de acesso pago
(lanhouses)
TOTAL 47
Por Regiões
Sudeste 43
Nordeste 67
Sul 31
Norte 66
Centro-Oeste 42
Fonte: Pesquisa sobre o Uso das TICs no Brasil 2008. CGI.Br
3.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
A apresentação e analise dos dados vai seguir a mesma disposição da pesquisa
aplicada, os dados de cada bloco serão expostos, concomitante segue a analise e correlação
dos dados.
3.3.1 Conhecendo o Empreendedor
Inicialmente essa pesquisa buscou traçar um breve perfil dos proprietários de
lanhouse, no intuito de ampliar o cenário de analise e conhecê-los melhor. Os dados serão
comparados com a GEM Brasil 2008 e o Censo Rocinha 2009, para entendermos melhor que
é esse empreendedor da Comunidade da Rocinha.
Dos proprietários de lanhouse da comunidade da Rocinha, 75% são homens e 25%
mulheres, dados bem distantes dos apresentados na pesquisa GEM Brasil 2008, onde 52,7%
são homens e 47,3% mulheres.
Quanto à faixa etária dos empreendedores o quadro abaixo mostra os dados da
pesquisa comparando com os dados da GEM Brasil 2008. O que mais chama a atenção é a
concentração dos percentuais nas duas primeiras faixas etárias, pois somando as duas temos
um total de 72,5%, em contrapartida as duas faixas etárias finais somam 5%, será que essa
concentração esta ligada a atividade, negócio, localização... .
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
14
Faixa Etária (anos) Pesquisa Rocinha GEM Brasil 2008
18 a 24 30,00% 29,10%
25 a 34 42,50% 29,50%
35 a 44 22,50% 23,20%
45 a 54 5,00% 14,80%
55 a 64 0,00% 3,40%
Faixa Etária dos Empreendedores - Comparativo
Fonte: Autor 2009
A escolaridade dos empreendedores será comparada os dados do Censo Rocinha 2009,
realizado pela Secretaria da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, conforme segue.
Grau de Ensino Pesquisa Rocinha Censo Rocinha 2009
Alfabetização 0,00% 8,60%
Ensino Fundamental 15,00% 47,50%
Ensino Médio 65,00% 21,40%
Ensino Superior 20,00% 1,50%
Profissionalizante 0,00% 0,30%
Escolaridade - Comparada com o Censo Rocinha 2009
Fonte: Autor 2009
Somando o número de empreendedores que têm Ensino Médio e Superior obtemos um
percentual de 85%. Se tivéssemos no Censo Rocinha um dado que mostrasse a escolaridade
por faixa etária, poderíamos correlacionar a escolaridade com a faixa etária dos
empreendedores e esclarecer porque um número tão baixo de empreendedores com idade
mais avançada.
As informações sobre a ocupação principal foi obtida conforme quadro abaixo.
Autônomo 52,50%
Profissional Liberal 12,50%
Empregado Setor Privado 5,00%
Empresário 10,00%
Aposentado/Pensionista 2,50%
Estudante 12,50%
Desempregado 5,00%
Ocupação Principal
Fonte: Autor 2009
Questões relacionadas a renda trazem um tabu relacionado a reserva que as pessoas
tem em falar do quanto ganham, como pode ser percebido na pergunta A.5, entre as respostas
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
15
validas 52,4% tem a renda familiar variando entre R$ 2.076,00 e R$ 6.225,00, ressaltando que
47,5% não souberam ou não responderam a pergunta. Perguntados se a renda familiar
aumentou ou diminui no último ano, 72,9% responderam que sim, aumentou um pouco ou
muito. Esse expressivo percentual relacionado ao aumento da renda esta relacionado com a
motivação para empreender, apresentado e debatido, conforme resultado das questões B.1 à
B.8, logo abaixo.
4.3.2 Conhecendo o Negócio
O relatório executivo da GEM Brasil 2008 ( p. 07), publicado pelo IBPQ Instituto
Brasileiro de Qualidade e Produtividade trás a seguinte informação ―...os empreendedores que
buscam iniciar sua atividade para obter maior independência ou aumento de renda, a chamada
Oportunidade Genuína, a proporção desse tipo de motivação para o caso brasileiro subiu de
38,5% em 2007 para 45,8% em 2008...‖, esta constatação faz correlação com as questões B.01
a B.10, que tinham o intuito de obter informações sobre a motivação desses empreendedores.
De tal forma que, as respostas com maior favorabilidade no calculo da média e menor desvio
padrão, retratam a tendência apresentada no conteúdo do texto acima, ou seja, os proprietários
de lanhouse da Comunidade da Rocinha são empreendedores motivados pela Oportunidade
Genuína, movidos pela necessidade intrínseca de independência e oportunidade de aumentar
suas rendas, como pode ser percebidos nos dados apurados nas questões B.03 e B.07, ambas
positivas, e que apresentaram respectivamente média e desvio padrão 4,1 – 0,67 e 4 – 0,72,
considerando uma escala likert de 05 pontos.
A questão B.10 chama a atenção, pois, quando perguntados ―Aproveitei os incentivos
do poder publico para abrir a Lanhouse‖ a resposta foi totalmente negativa, apresentado uma
média de 1,6% e desvio padrão de 0,78, demonstrando a completa ausência do poder público
com essa atividade, que, conforme dados publicados pelo CGI.br (Comitê Gestor de Internet
no Brasil), 48% dos acessos a rede mundial de computadores, acontece numa lanhouse. Frente
ao universo de internautas que ultrapassa os 50 milhões de usuários, estamos falando de um
publico de mais de 25 milhões de pessoas. Em contrapartida somente 4% dos acessos a
internet acontece em locais públicos de acesso gratuito, como telecentros, bibliotecas,
entidade comunitária e Correios.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
16
Quanto às fontes de financiamento para abrir a lanhouse a melhor favorabilidade foi
quanto ao uso de capital próprio, as demais questões, inclusive a relacionada ao sócio,
apresentaram resultado desfavorável, vale ressaltar o famoso viés da pesquisa, pois se
buscarmos os dados da questão B.12, iremos ver que 40% destas lanhouses são fruto de uma
sociedade. O que nos leva a crer que as respostas relacionadas ao capital investido, não
mostraram a veracidade desejada para uma analise mais contundente.
Dentre os proprietários pesquisados, 82,5% moram no bairro e 60% do total não tem
sócio no estabelecimento, sendo que 72,5% destes estabelecimentos funcionam entre 01 e 04
anos, contudo, a proporção dos que abriram a menos de um ano é considerável, ou seja,
17,5%. Outra informação importante é quanto ao fato de 77,5% destes empreendedores serem
nascentes, ou seja, a lanhouse foi seu primeiro negócio, dos 22,5% restantes, que admitiram
ter outro negócio, 70% destes afirmam que mantém o outro empreendimento em pleno
funcionamento.
4.3.3 Inclusão Digital
Este bloco de perguntas tem a intenção de verificar o envolvimento destes
empreendedores com o aprendizado, inserção e mesmo inclusão dos clientes a rede mundial
de computadores. As questões C.01 a C.08 foram estruturadas com esta finalidade. As
analises geradas conforme tabela e gráfico abaixo, apresentam informações que podem trazem
um melhor entendimento do quanto esses empreendimentos, facilitam o acesso das pessoas a
internet e mesmo o contato com os computadores.
A favorabilidade de cada resposta confirmada respectivamente pelo desvio padrão
dimensiona o que as pesquisas, feitas por órgãos oficiais, tem apontado, que é o quanto estes
estabelecimentos estão envolvidos com a inclusão digital de crianças, adolescentes, jovens,
adultos e idosos.
As questões C.01 a C.08 em anexo, trazem proposições relacionadas ao atendimento
dos clientes em geral. Na apresentação estatística dos dados coletados durante a pesquisa
confirma a atuação desses empreendedores no processo de inserção de novos usuários da
internet e mesmo a familiarização destes com os computadores, softwares e hardwares
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
17
utilizados pelos internautas para a comunicação, navegação, estudo, pesquisa e outras
atividades.
Descrição Estatística
N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
C_01 40 1 5 4,2 0,69
C_02 40 1 3 1,7 0,52
C_03 40 1 5 2,68 1,07
C_04 40 1 5 2,57 1,15
C_05 40 1 5 3,23 1,25
C_06 40 1 4 1,6 0,63
C_07 40 4 5 4,63 0,49
C_08 40 1 5 2,53 1,2
Validos 40
Fonte: Autor 2009
O gráfico acima mostra a favorabilidade das respostas as questões propostas, exceto a
pergunta C.08, esta com 2,53 de média mostra que a lanhouse não tem uma promoção
especial para clientes que trazem novos clientes. Contudo a convergência entre as respostas
ideais e respostas efetivas aponta para o entendimento de que a gestão do negócio no
atendimento aos clientes contribui para o processo de inclusão digital, pois a atenção e as
orientações dadas aos clientes promovem o aprendizado inicial que os internautas iniciantes
precisam para navegar, tornando-se sujeitos na grande rede mundial de computadores.
Já as perguntas C.10, C.11 e C12 buscam as seguintes informações, ―há crianças,
jovens ou adultos que vêem a lanhouse, mas não usam os serviços por falta de dinheiro‖.
Frequentam a lanhouse e não usam por falta de dinheiro
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
Crianças Jovens Adultos
Sim
Não
Fonte: Autor 2009
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
18
O gráfico acima demonstra uma realidade típica de uma Comunidade-Favela aonde,
crianças, jovens e até adultos vão à lanhouse sem ter dinheiro para navegar na internet,
caracterizado que ali também é um local de encontro entre as pessoas, que freqüentam o local
como espectadores ou como acompanhantes. Se analisarmos pelo lado quantitativo as
crianças e os jovens são os que mais freqüentam a lanhouse sem dinheiro, nesses casos, como
a pesquisa não foi mais fundo para buscar o melhor entendimento, resta trazer uma fala
recorrente entre os entrevistados, ―isso acontece muito do pessoal vir e não ter dinheiro para
navegar, mas não é ruim, muitos aprendem assim e quando tem dinheiro, voltam, pagam o
tempo e navegam com facilidade‖, ou seja, é quase como um processo de aprendizagem,
considerando que 42,5% das crianças, 37,5% dos jovens e 17,5% dos adultos freqüentam a
lanhouse e sem dinheiro não usam diretamente dos serviços oferecidos apresentados nas
questões D_02_A a D_02_I.
A pergunta C.13 traz os seguinte questionamento, ...a lanhouse faz algum tipo de
promoção que facilite o uso dos serviços por pessoas que não podem pagar o valor de tabela.
Entre os entrevistados 37,5% dizem que sim, mas 62,5% afirmam que não flexibilizam o uso
a aqueles que não têm dinheiro para usar os serviços da lanhouse. A compreensão dessa
atitude por parte destes empreendedores deve ser analisada correlacionando as respostas as
questões D.09_A à D.09_D, que trazem os dados referentes aos valores cobrados pelos
respectivos tempos, variando de R$ 0,50 por ½ hora a R$ 2,00 por hora, pois mesmo para
uma Comunidade carente, os valores são considerados baixos, sendo praticados devido a
concorrência.
O poder público volta à cena na questão C.14, perguntados se receberam ajuda do
poder publico para que as pessoas possam participar da inclusão digital, o ―não‖ recebeu
97,5% das respostas. Atribui-se ao único sim a pergunta, um provável erro na marcação da
resposta. Confirmando a total ausência dos entes públicos nessas comunidades e ao fenômeno
das lanhouses nas favelas brasileiras.
4.3.4 Negócio e Usuários
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
19
O objetivo desta parte é identificar o público, saber quais os serviços mais procurados
e qualificar a lanhouse, obtendo informações sobre o funcionamento, estrutura, freqüência dos
clientes e valores cobrados.
Através de uma questão de ordenamento, obteve-se a classificação dos públicos que
mais freqüentam a lanhouse, vide tabela abaixo:
Ordem Freqüência Público
1 Adolescentes
2 Jovens
3 Crianças
4 Adultos
5 Idosos Fonte: Autor 2009
Pesquisa sobre o uso das TICs no Brasil 2008, realizada pelo Comitê Gestor da
Internet no Brasil, aponta que a faixa etária entre 15 e 24 anos concentra a maior parte dos
internautas brasileiros, informação comprovada nessa pesquisa, conforme quadro acima,
Quanto aos serviços mais utilizados, também, utilizando-se uma questão de
ordenamento os dados obtidos foram os seguintes:
0
5
10
15
20
25
Motivos que levam as pessoas a procurar a lanhouse
Fr equency 24 18 15 14 13 12 11 9 8
Si tes
r elacionamentoEnsino a distância Uso de e mai ls Jogos
Pesquisas em
ger al
Ouvir , baixar
músicas
Si tes de notícias,
humor e espor tesOutr os ser viços
Acesso a bancos,
compr as
Fonte: Autor 2009
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
20
Comparando os dados coletados nessa pesquisa com os dados da Pesquisa sobre o uso
de TICs CGI.Br 2008, percebemos uma similaridade entre os dois gráficos, principalmente no
primeiro e último atributo pesquisado, sites de relacionamento/comunicação e acesso a bancos
e compras/serviços financeiros. Um dado que chama a atenção na pesquisa da Comunidade da
Rocinha é o ensino a distância, realmente surpreendeu, e agora ainda mais se compararmos
com o resultado da pesquisa do CGI.Br 2008, onde a educação fica em quarto lugar na
pesquisa direta.
O ensino a distância da mais ênfase ao papel social das lanhouse na Comunidade da
Rocinha, considerando que o EAD no Brasil firmou-se como uma alternativa concreta de
Educação.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Comunicação Lazer Informações e
serviços on line
Educação Serviços
Financeiros
Proporção de indivíduos que usam a internet para:
Fonte: Pesquisa sobre o uso de TICs – CGI.Br 2008
O intervalo de 13 a 16hs por dia representou 72,5% das respostas, quando perguntados
sobre o número de horas que a lanhouse fica aberta por dia, somente 10% afirma que o
estabelecimento fica aberto 24hs, no entanto, 95% dos entrevistados dizem que abrem 7 dias
por semana. Esses dados se comprovam na dinamicidade da vida na Rocinha, as pessoas não
param, o movimento nas vielas e ruas durante o dia é intenso e estende-se até altas horas da
noite, a impressão que se tem é que sempre há o que fazer.
Sobre o numero de máquinas a resposta foi bastante dispersa, sendo que 52,5%
responderam ter entre 8 e 15 máquinas, com mínimos de 03 e máximo de 16 máquinas.
Perguntados sobre quantas máquinas ficam ocupadas em média, o intervalo de 5 a 10
máquinas representa 71,1%.
A questão D.07 foi sobre a média de pessoas que freqüentam a lanhouse por dia, as
respostas compiladas forma muito dispersas, o que revelou uma percepção constada nas
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
21
entrevistas, ou seja, a falta de controle dos proprietários, mesmo que a grande maioria trabalhe
com um sistema de controle de usuários para a liberação de acesso e controle de tempo.
Sobre a quantidade de horas que em média os clientes permanecem na lanhouse. Vide gráfico
abaixo:
0 20 40 60 80
Percentual
1
2
3
Hor
as
Relação percentual de hora(s) de uso por clientes
Fonte: Autor 2009
Os valores cobrados pelas lanhouse variam em tempo e valor, algumas cobram por 30
minutos R$ 0,50 outras, R$ 0,75. Para uma hora o valor pode ser R$ 1,00 ou R$ 1,50 ou R$
2,00. Fatores como computadores novos, paredes pintadas, velocidade da conexão, ar
condicionado, bancada e ambiente em geral influenciam no preço, para mais ou para menos,
desconsiderando a concorrência.
Os valores não têm decréscimo pelo aumento no número de horas utilizado, por
exemplo, se você pagar R$ 1,50 por uma hora de uso e quiser usar mais uma, então terá que
pagar mais R$ 1,50, e assim para os demais tempos e preços.
4.3.5 Características Comportamentais Empreendedoras
Este bloco da pesquisa baseou-se na estrutura metodológica denominada de T.A.T
(Thematic Aperception Test), utilizada por David McClelland para suas pesquisa sobre
comportamento empreendedor, oraganizada em dez CCEs (Característica Comportamentais
Empreendedoras), distribuídas em três categorias de competências pessoais, que são: a)
Realização; b) Planejamento e Resolução de Problemas; c) Influência (Relação com as
Pessoas).
Para o melhor entendimento e analise das respostas é preciso comparar à média e o desvio
padrão de cada pergunta as linhas tracejadas do gráfico, que referem-se às respostas ideais,
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
22
uma delas a mais íngreme que oscila de 01 a 05 apresenta a resposta ideal de cada questão, a
outra é uma linha de tendência. O mesmo gráfico apresenta outras duas linhas continuas,
originadas nas respostas dos entrevistados, denominadas de respostas efetivas, a mais íngreme
representa o resultado das respostas e a outra é uma linha de tendência dos dados.
Caracteristicas Comportamentais Empreendedoras - Bloco E
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
E_01
E_02
E_03
E_04
E_05
E_06
E_07
E_08
E_09
E_10
E_11
E_12
E_13
E_14
E_15
E_16
E_17
E_18
E_19
E_20
E_21
E_22
E_23
E_24
E_25
E_26
E_27
E_28
E_29
E_30
E_31
Respostas Efetivas Respostas Ideais Log. (Respostas Efetivas) Log. (Respostas Ideais)
Fonte: Autor 2009
O resultado do bloco E sobre as características comportamentais empreendedoras
deixa clara a vocação empreendedora dos proprietários de lanhouse, enquadrando estes
sujeitos aos conceitos relacionados ao empreendedor e ao fenômeno do empreendedorismo na
sociedade capitalista. As lanhouse não estão relacionadas à inovação tecnológica ou mesmo a
um negócio novo, mas sim a adaptação de uma atividade num contexto social com varias
deficiência estruturais, afinal estamos falando de uma favela brasileira, cujos os entes sociais
são bastante confusos e o estado é ausente.
A inserção do mundo virtual nesta comunidade prova a capacidade do empreendedor
de promover a mudança e possibilitar novas combinações, as lanhouses evoluíram e se
expandiram em duas décadas e meia com uma rapidez impressionante, conquistando um
nicho de mercado esquecido, as favelas. Foram nelas e a partir delas que as lanhouses se
popularizaram e hoje são o ambiente responsável por 47% dos acessos a internet no Brasil., a
referencia ―a partir delas‖ embasa-se no fato de 82,5% dos proprietários serem moradores da
comunidade, estas pessoas inovaram um conceito de negócio adaptando-o a realidade que
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
23
viviam e introduzindo uma perspectiva diferente, ou seja, nós podemos fazer parte da
evolução da comunicação. Ressalto que as lanhouses na sua maioria não são legalizadas, tão
pouco se sabe da origem dos computadores, onde foram comprados e de quem, contudo, essa
não foi uma preocupação da pesquisa.
O Livro Verde publicado em 2000 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e
organizado Tadao Takahashi, trazia em seu bojo o despertar da sociedade brasileira para o
advento da internet no mundo, destacando o papel do governo como fundamental para a
promoção da inclusão digital. O que temos atualmente, conforme dados do próprio governo é
que a sociedade civil, diante da quase inércia dos entes públicos assumiu o papel de promover
a socialização da internet a seu modo, através das lanhouses, ou centro públicos de acesso
pago, segundo o CGI.Br (Comitê Gestor de Internet do Brasil).
5. CONCLUSÕES
A internet chegou ao Brasil em 1988, como um canal de comunicação e partilha entre
alguns pesquisadores norte americanos e brasileiros, em 1991 o www (World Wide Web)
proporcionou a difusão de idéias, conteúdos, publicidades, informações, negócios, processos
de trabalho, meio de comunicação, serviços, lazer, entre outros. Naquela época não havia
como dimensionar o impacto dessa tecnologia na sociedade mundial, tão pouco quais seriam
as conseqüências desta a vida das pessoas. No decorrer dos anos a socialização e o uso da
internet começaram a ser percebido nas atitudes das pessoas, empresas, governos e mercados.
Os construtos dessa pesquisa abrem um debate atualíssimo sobre o acesso à internet no
Brasil, envolvendo agentes e fatores que não foram mencionados em pesquisas anteriores.
Estes agentes e fatores são as Comunidades carentes favelas, os proprietários de lanhouses e
as suas vocações empreendedoras, os clientes ou usuários, o negócio e a inclusão digital.
Os proprietários das lanhouses da Comunidade da Rocinha tiveram sua vocação
empreendedora comprovada, conforme apresentado no item 4.3.5 Características
Comportamentais Empreendedoras, fator extremamente importante para o atingimento dos
objetivos propostos nesse trabalho, pois a partir dessa comprovação esta claro que o
empreendedorismo desses micro e pequenos empresários contribuíram para a inclusão digital
de milhares de pessoas dessa Comunidade.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
24
Esses empreendedores são motivados pela Oportunidade Genuína, ou seja, iniciam
uma atividade para obter maior independência ou aumento de renda, essa constatação foi
possível pela correlação entre as respostas das questões B.01 a B.10 e o Relatório da GEM
Brasil 2008, que inclusive aponta para o avanço desta motivação entre os empreendedores
brasileiros de 38,5% em 2007 para 45,8% em 2008. Esse tipo de motivação esta relacionado a
geração de emprego e renda e conseqüentemente ao impulso da atividade produtiva, da
comunidade, município, estado e país.
O público dessas lanhouses são na ordem, adolescentes, jovens, crianças, adultos e
idosos, entre eles muitos nunca tiveram contato com a tecnologia dos computadores.
Percebendo a falta de conhecimento das pessoas estes empreendedores se predispõem a
auxiliar, ensinando-os a navegar na grande rede e permitindo um ambiente onde aqueles que
não têm dinheiro ou não sabem usar o computador permaneçam atrás das cadeiras dos mais
experientes, e até mesmo usem em dois o mesmo computador. Sem dúvida essa postura tem
muito a ver com o negócio, ou seja, daqui a pouco eu tenho mais um cliente, mas também
com a possibilidade de inclusão digital de mais um individuo.
Esta pesquisa comprovou o aumento da renda desses empreendedores, a partir da
abertura da lanhouse, na grande maioria homens com idade entre 23 e 28 anos e com
escolaridade compatível com ao Ensino Médio. Esses fatores comprovam a predisposição ao
lucro na concepção, estruturação e manutenção das lanhouses, contudo, é imprescindível
ressaltar o caráter social dessa atividade para a sociedade brasileira, tendo em vista que sem
essa atividade muitos brasileiros não teriam a chance de sentirem-se sujeitos na era da
comunicação virtual, uma vez que as iniciativas governamentais não atendem as expectativas
da sociedade em geral.
Nos últimos anos as periferias brasileiras, conforme pesquisa do CGI.Br 2008 foram
invadidas pelas lanhouses, na Comunidade da Rocinha a presença das lanhouses faz parte do
cotidiano das pessoas que utilizam-se desse serviço para diversos fins conforme resultado das
questões D.02.A a D.02.I descritos no capitulo da Apresentação e Analise dos Resultados.
Fato relevante a ser considerado é que os jogos, que originaram o negócio, vêm perdendo
espaço para a comunicação - lazer, educação – ensino a distância e uso de email.
A concorrência entre as lanhouses propicia aos usuários acesso a internet por valores
bastante baixos, em algumas é possível navegar 30 minutos por R$ 0,50, mesmo se tratando
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
25
de uma comunidade carente, R$ 0,50, R$ 1,00 ou R$ 1,50 são valores compatíveis as suas
rendas, prova disso que durante a pesquisa, em todas as lanhouses visitadas havia pessoas
utilizando o serviço, em alguns casos com fila de espera, principalmente depois das
18h30min.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Baumol, W. J. Entrepreneurship in Economic Theory, The American Economic Review,
58, p.64-71, 1968.
______. Entrepreneurship: Productive, Unproductive, and Destructive, Journal of
Political Economic, vol.98, no. 5, p.893-921, 1990.
______. Formal Entrepreneurship Theory in Economics: Existence and Bounds, Journal
of Business Venturing, 3, p.197-210, 1993.
BECHARA, Marcelo. Banda larga: Os espaços públicos de acesso à internet. In: CGI.br
(Comitê Gestor da Internet no Brasil). Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação
e da comunicação 2007. São Paulo, 2008, pp. 47-50.
BUENO, Ana Maria; LEITE, Magda L. G.; PILATTI, Luiz Alberto. Empreendedorismo e
Comportamento Empreendedor: como transformar gestores em profissionais
empreendedores. Florianópolis: ENEGEP, 2004.
BARROS, Aluisio A. de; PEREIRA Claudia M. Araujo Miranda. Empreeendedorismo e
crescimento econômico: uma analise empírica, Revista de administração contemporânea,
vol. 12, nª 4 Curitiba, 2008.
COOPER, Donald R. Métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Bookman,
2003.
DEGEN, Ronald Jean. O Empreendedor: Fundamentos da Iniciativa Empresarial. São
Paulo: McGraw, 1989.
DRUCKER, Peter Ferdinand. Inovação e Espírito Empreendedor. São Paulo: Pioneira,
1987.
FREITAS (H.), OLIVEIRA (M.), SACCOL (A.Z.) e MOSCAROLA (J.). O método de
pesquisa survey. São Paulo/SP: Revista de Administração da USP, RAUSP, v. 35, nr. 3, Jul-
Set. 2000, p.105-112
FINK, Arlene. The survey handbook. Thousand Oaks, Sage, 1995.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
26
FEGER, José Elmar. Empreendedores sociais e privados: existem diferenças? In: EnAPG
Encontro de Administração Pública e Governança, Anais..., 17 a 19 de novembro, Rio de
Janeiro, 2004.
Filion, L. J. The Strategy of Successful Entrepreneurs in Small Business: Vision,
Relationships and Anticipatory Learning. Ph. D. Thesis, University of Lancaster, Great
Britain, UMI 8919064), v1, p695; v2, p665, 1998.
______. Vision and Relations: Elements for an Entrepreneurial Metamodel. Tenth
Annual Babson Entrepreneurship Research Conference, Babson College, Ma., April 4-6,
1990. Published in: Churchill, N. C., Bygrave, W. C. (Eds.) april, 1990.
______. Vision et Relations: clefs du succes de l’entrepreneur, Montreal, Qc.: Editions de
l’entrepreneur, 272p, 1991.
______. Differences dans les systemes de gestion des proprietairesdirigeants,
entrepreneurs et operateurs de PME. Canadian Journal of Administrative Sciences, vol.13,
No. 4, p.306-320, december,1996.
______. From entrepreneurship to entreprenology. In: Annual National Conference of
Entrepreneurship: The engine of global economic development, XII. San Francisco, 1997.
FARRELL, Larry C. Entrepreneurship: Fundamentos das Organizações
Empreendedoras. São Paulo: Atlas, 1993.
FERREIRA, Rubens da Silva. A sociedade da informação no Brasil: um ensaio sobre os
desafios do Estado. Ci. Inf, Brasília, v. 32, n.1, p.36-41, jan./abr. 2003.
FISCHER, R.M. Estratégias de empresas no Brasil — atuação social e voluntariado. São
Paulo: CEATS-FIA/USP — Programa Voluntários — GIFE/SENAC, 1999.
FISHER, J. The road from Rio: sustainable development and the nongovernmental
movement in the third world. London: Prager, 1993.
GRECO, Simara Maria de Souza Silveira, et al. Empreendedorismo no Brasil: 2008.
Curitiba: IBQP, 2009.
GOSCIOLA, Vicente. Roteiro Para as Novas Mídias, Editora SENAC-SP, São Paulo, 2003.
HISRICH, Robert D; PETERS, Michael P. Empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman,
2004.
KRAUSZ, Rosa Rosenberg; Homens e Organização: Adversários ou Colaboradores:
Análise Transacional Aplicada as Organizações. São Paulo: Nobel, 1981.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
27
KAO, John J. Entrepreneurship, Creativity & Organization: Text, Cases, and Readings.
New Jersey: Riker, 1989.
MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce & LAMPEL, Joseph. Safári de estratégia: um
roteiro pela selva do planejamento. Porto Alegre: Bookman, 2000.
MCCLELLAND, David C. The Achieving society. New York: VanNostrand, 1961.
______. Entrepreneurship and Achievement Motivation: Approaches to the Science of
Socioeconomic Development. in: Lengyel, P. (Ed.) Paris: UNESCO, 1971.
MOORE, D. e BUTTNER, H. Women’s organizational exodus to entrepreneurship: self-
reported motivations and correlates with success . Journal of Small Business Management,
jan. p. 34-47, 1997.
MARIANO, Sandra R.H. Criatividade e Atitude Empreendedora, Fundação CECIERJ, Rio
de Janeiro, 2008.
MOHR, L. A.; WEBB, D. J. Do consumers expect companies to be socially responsible?
The impact of corporate social responsibility on buying behavior. Journal of Consumer
Affairs, v. 35, n. 1, p. 45-62, 2001.
MELO NETO, Francisco P. de; FROES, César. Empreendedorismo Social: a transição para
a sociedade sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
McClelland, D. C. (1961), The Achieving Society, Princeton, N. J.: Van Nostrand. See also
the new introduction to the book, New York: Irvington Publishers, 1976.
NICOLACI-DA-COSTA, Ana Maria. Revolução Tecnológica e Transformações Subjetivas.
Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v.18, n 2, PP 193-202, maio 2002.
OLIVEIRA, Edson Marques. Empreendedorismo Social no Brasil: atual configuração,
perpectivas e desafios – notas introdutórias. Curitiba: Revista FAE, 2004.
PASSOS, Carlos Artur Krüger. et al. Empreendedorismo no Brasil : 2007. Curitiba: IBQP,
2008.
PINSONNEAULT, A. and K.L. Kraemer, The Survey Research Strategy in Studies of
Information Systems: Review and Critique, Journal of Management Information Systems,
(10:2), 1993, 75-106.
PICHMANN, M. O trabalho sob fogo cruzado: exclusão, desemprego e precarização no
final do século. Contexto. São Paulo, 2000.
Richardson RJ, Peres JAS, Wanderley JCV, Correis LM, Peres MHM. Pesquisa social:
métodos e técnicas. São Paulo (SP): Atlas, 1999.
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
28
SCHUMPETER, Joseph Alois. O processo da destruição criadora. In: _____.
Capitalismo, socialismo e democracia, Rio de Janeiro: Editora fundo de cultura, 1961. p.
103-109.
SCHUMPETER, Joseph A. Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Abril
Cultural, 1982.
STILL, L. & TIMMS, W. Women’s business: the flexible alternative workstyle for
women. Women in Management Review, vol 15(5/6), p.272-283, 2000.
SELWYN, Neil. O uso das TIC na educação e a promoção de inclusão social: uma
perspectiva crítica do Reino Unido. Educ. Soc., Campinas, v. 29, n. 104, out. 2008.
SILVA, Zita Gomes da. O Perfil Psicológico do Empreendedor. Belo Horizonte: Manual
do Modelo CEFE– GTZ/LUSO CONSULT/CENTRO CAPE, 1991.
SILVINO, Alexandro Magno Dias; ABRAHÃO, Júlia Issy. Navegabilidade e Inclusão
Digital: Usuabilidade e Competência. São Paulo: Fundação Getulio Vargas, RAE, 2002.
Takahashi, Tadao. Sociedade da informação no Brasil : livro verde, Ministério da Ciência e
Tecnologia, Brasília, 2000.
VIEIRA, Augusto Cesar Gadelha, et AL. Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da
Informação e da Comunicação no Brasil : TIC Domicílios e TIC Empresas 2008. São
Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2009.