UNIVERSIDADE CASTELO BRANCOCURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
JORNALISMO
Carine Maciel Pereira
Matricula:2010180115
Repórteres Fotográficos em Cobertura de Conflitos
Rio de Janeiro2016
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIALJORNALISMO
Repórteres Fotográficos em Cobertura de Conflito
Monografia apresentada à Universidade
Castelo Branco como requisito parcial
para obtenção do título de bacharel em
Comunicação Social, com habilitação em
Jornalismo.
Orientador: Prof. André Luiz Cardoso Lima
Rio de Janeiro2016
Carine Maciel Pereira
Repórteres Fotográficos em Cobertura de Conflitos
Orientador: Prof. André Luiz Cardoso Lima
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________
Professora Alexandra Aguirre (Examinadora)
_________________________________
Professor Cleber Lopes Correia (Examinador)
_________________________________
Professor André Luiz Cardoso Lima (Orientador)
Dedicatória Principalmente a Deus por essa conquista dedico a minha mãe Edna Maciel, minha
Irmã Estefânia, meu cunhado Zé, meu Irmão André, minha cunhada Cristiane, aos
meus sobrinhos Lucas e Heitor, ao meu Tio Edinho e todo a minha família e amigos
e a todos os Jornalistas que se arriscam pela notícia.
Agradecimentos
A Minha Universidade Castelo Branco, ao meu orientador André Luiz
Cardoso, e todos os fotógrafos e professores de fotografia, Paulo Araújo, Severino
Silva, Alexandre Brum, Graça Ferraz, Alex Ribeiro, Marco Antonio, Ide Gomes,
Thiago Lara, Márcia Costa, Everaldo D’Alerga, Sandro Vox, Juca Valera, o senhor
Alberto Jacob e ao professor Rogério Silveira que foram gentis e me concederam às
entrevistas para a realização da minha Monografia.
Resumo
Repórteres Fotográficos em Cobertura de Conflitos
O presente estudo analisou os perigos que os repórteres fotográficos que cobrem
conflitos enfrentam diariamente em áreas de riscos. Abordou também sobre o
fotógrafo de guerra Robert Capa e sua influência no fotojornalismo do século XX.
Nossa pesquisa usou como metodologia estudo de caso para avaliar a posição de
cada fotógrafo entrevistado neste trabalho, suas respostas diante de uma situação
de conflito. A qual eles estão inseridos. Falou da importância do uso de
equipamentos de segurança e a obrigatoriedade das empresas de comunicação em
fornecer esses instrumentos para proteção de seus jornalistas. O humanismo, a
ética e o limite fazem parte do dia a dia dos fotojornalistas onde somente eles
podem tomar a decisão de clicar ou de abaixar a máquina.
Palavras-chave: fotografia de guerra, segurança, limites.
Abstract
This study analyzed the dangers that photojournalists covering conflict face daily
risks areas. Also touched on the war photographer Robert Capa and its influence on
photojournalism of the twentieth century. Our research used a case study
methodology to assess the position of each photographer interviewed in this study,
their responses to a conflict situation. Which they are inserted. He spoke of the
importance of using safety equipment and the obligation of communication
companies to provide these tools to protect their journalists. Humanism, ethics and
limits are part of the daily lives of photojournalists where only they can decide to click
or lowering the machine.
Kay words: war photography, security , limits.
Sumário
Introdução............................................................................................. 10
Capítulo I – A História do Fotojornalismo de Guerra ..............................11
1.1 Fotojornalismo...............................................................................11
1.2 As primeiras fotografias de notícias...............................................12
1.3 As primeiras fotografias registradas em uma guerra .....................13
Capítulo II – A influência de Robert Capa no século XX............................17
2.1 Vida e Obra de Robert Capa................................................................17
2.2. As principais coberturas de guerras de Robert Capa.........................20
Capítulo 3 – O Humanismo no Fotojornalismo............................................23
3.1 Ética e os Limites no Fotojornalismo.....................................................23
3.2 A segurança dos jornalistas e como agir em áreas de conflitos e o papel das
empresas de comunicação...........................................................................25
3.3 As 16 Recomendações do Ministério Público do Trabalho.....................27
Conclusão......................................................................................................29
Referências Bibliográficas................................................................................31
Anexo...............................................................................................................34
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Introdução
Este trabalho tem como foco abordar qual a importância da fotografia em áreas
de conflito sem perder a ética e o compromisso de informar a sociedade.
Quais os limites para registrar os acontecimentos através das lentes de uma
câmera? Se para fazer uma boa foto vale realmente a pena correr o risco de morte?
Abordaremos o humanismo, a ética e os limites para fazer uma foto e até que
ponto um repórter fotográfico iria para fazer uma foto. Buscaremos respostas nessa
pesquisa para essa pergunta. Discutido pelos autores Jorge Pedro Souza, Freitas
Nobres e os fotógrafos entrevistados.
Contaremos a história do fotojornalismo de guerra da Criméia (1854 a 1855) e
seus desdobramentos.
Falaremos também sobre a vida e obra do fotógrafo de guerra Robert Capa,
sobre a sua trajetória no fotojornalismo e sobre sua influência para o fotojornalismo
no século XX.
O lado social e o impacto que uma imagem pode trazer ao público seja ela
uma denúncia ou não. De como uma fotografia pode chocar ou levar a comoção e
mobilização das pessoas a ponto se indagarem sobre a origem do indivíduo
retratado na imagem.
Iremos analisar o papel das empresas de comunicação em relação à
segurança de seus jornalistas, que são enviados para cobrir áreas de conflitos. E a
obrigatoriedade das empresas de comunicação de fornecer equipamentos de
seguranças. E também as recomendações de segurança para jornalistas do
Ministério Público do Trabalho encaminhadas para as empresas de comunicação.
A importância da fotografia para o jornalismo em acrescentar ao texto
jornalístico uma imagem que descreve o que lemos.
Portanto, o objetivo deste trabalho é abordar até a onde o fotojornalista se
arriscaria pela notícia. Qual é o momento de clicar ou de abaixar a máquina?
Tentaremos responder estes questionamentos. Através deste estudo.
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CAPÍTULO IA História do Fotojornalismos de Guerra
1. Fotojornalismo
O fotojornalismo nasceu em meados do século XIX a partir da ideia de registrar
as primeiras manifestações de acontecimento. Antes as fotos eram uma reprodução
de retratos, eram copias de poses forçadas de pessoas em cenários que a pintura
usava. Segundo o autor Jorge Pedro Souza do Livro - A História Crítica do
Fotojornalismo Ocidental, conta como foram os primeiros passos do fotojornalismo
desde o seu surgimento. E de como foi à transição da fotografia como a reprodução
da pintura para a fotografia retratada como a visão da realidade.
A fotografia de retrato, pelo seu lado, também vai copiar as poses forçadas e os cenários que a pintura usava. Mesmo ao nível técnico, o retoque e a pintura das fotos vão fazer escola. Tal constitui um indício da ideia então vigente de que a fotografia era como uma extensão da pintura que, eventualmente, substituiria esta ultima. Porém, não são a pintura não desapareceu e também a fotografia a poderá ter ajudado a libertar-se das amarras do realismo. (Souza, 2004, pg. 24 -25).
O fotojornalismo começa aparecer justamente da ideia oposta de uma
imagem parada e começa a fazer sentido quando refleti uma a visão do homem em
um fato. Souza explica que:
As primeiras manifestações do que viria a ser a fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a câmera para um acontecimento, tendo em vista fazer chegar essa imagem a um público, com intenção testemunhal. Também seria uma questão de tornar a espécie humana mais visível a ela própria e essa preocupação mais rigorosamente, a fotografia é usada como new médium, entrando na história da informação, desde, provavelmente, 1842, embora, com propriedade, não se possa falar da existência do fotojornalismo nessa altura (Souza,2004,pg.25).
Para Souza o fotojornalismo começou a se desenvolver a partir do final do
século XIX, pois os jornais da época utilizavam ilustrações baseadas em técnicas
rudimentares, feitas a partir de gravuras, em madeiras. Os usos de fotografias por
jornais e revistas esbarravam na dificuldade técnica de se imprimir.
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Aliás, a fotojornalismo necessita de processos de reprodução que só se desenvolve, a partir do final do século XIX – até meados do século passado, desenhistas, gravuristas e gravuras de madeira eram intermediários entre fotógrafos e fotografias e os leitores. De fato, a publicação direta de fotografias só se tornaria possível, com as zincogravuras, que surgiram ao virar o século, a tecnologia usada envolvia papel, lápis, caneta, pincel e tinta para desenhar; depois, tornava-se necessário recorrer a madeira, cinzéis e serras para criar gravuras (Souza, 2004, pg. 25).
1.2 As primeiras fotografias de noticias
Uma das primeiras fotografias de acontecimentos, capturada na Europa por
um daguerreotipo (máquina fotográfica criada por Daguerre em 1837) obtido por Carl
Fiedrich Stelzner, após o grande incêndio de Hamburgo, (Alemanha) 1842, serviu de
modelo para o desenho utilizado como gravura na revista semanal ” The Illustrated
London News ”.
Um exemplo de eloquente é o registro do que aconteceu a uma das primeiras fotografias de acontecimentos, o daguerreotipo das consequências de um incêndio que destruiu um bairro de Hamburgo, em 1842, realizado por Carl Fidrich Stelzner. A The IIustrated London News, revista semanal que durante muito tempo esteve à frente das publicações ilustradas, grandes artifícios da comunicação/informação visual, usou uma imagem, de desenhada a partir desse original, para ilustrar o sucedido, pois a reprodução de fotografias constituía um problema com que se defrontavam os primeiros jornais e revistas desse tipo. De qualquer modo, também é de revelar que gosto da época privilegiava o desenho(Souza, 2004,pg.26).
Segundo Souza Importante é frisar que em meados do século XIX deram
inicio as primeiras edições de publicações ilustradas. Foi a revista The IIustrated
London News, criada por Herbert Ingram em 1842.Era uma revista jornalística que
informava aos seus leitores sobre acontecimentos no mundo, da sociedade á política, com a
ajuda de imagens variadas. Entre os anos 1855 e 1860, o números de publicação da revista
cresceu de 200 mil para 300 mil exemplares, graças ao desejo do publico pela imagem.
Em meados do século XIX inicia-se a edição de publicação ilustradas. A The IIustrated London News, a primeira revista ilustrada, nasceu em maio de 1842. O seu fundador, Herbert Ingram, afirmou, o número um, que a revista daria aos seu leitores informação em continuo dos acontecimentos mundiais e nacionais mais relevantes, da sociedade à política, com ajuda de imagens, variadas e realistas. Entre 1855 e 1860, a tiragem cresceu de 200 mil para
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300 mil exemplares, o que indica uma crescente apetecia social pela imagem”. (Souza,2004, pg.27).
A fotografia começa a fazer parte do jornalismo como um documento como a
visão de quem não estava- lá, as pessoas não só leem mais também podem ver o
que estão lendo.
Dois anos mais tarde nos Estados Unidos também, a primeira fotografia de
acontecimento público, em 1844 foi mostrando uma manifestação em Filadélfia por
ocasião da eclosão de serie de motins antiimigração. Os autores da foto são os
irmãos William e Fredecrik Langenheim.
“Nos Estados Unidos, a primeira fotografia de um acontecimento público foi realizada em 1844. Trata-se de um daguerreotipo da autoria de Wiliam e Fredecrik Langenheim, mostrando uma multidão reunida em Filadélfia por ocasião de eclosão de uma série de motins antiimigração”.(Souza, 2004,pg.26).
1.3 As primeiras fotografias registradas em uma guerra
A Guerra Americano-Mexicana de 1846 a 1848 foi à primeira guerra para
onde os jornais enviaram correspondentes, tendo mesmo um daguerreótipista
anônimo capturava uma serie de imagens de soldados. A partir desse período em
que a fotojornalismo iria inclinar-se para registrar guerras.
“(...) Em 1849, um ou mais fotógrafos anônimos fotografaram os soldados e oficiais envolvidos no cerco de Roma, mais um pronuncio da atenção que o fotojornalismo iria devotar à guerra”. (Souza, 2004, pg.26e27).
A primeira reportagem de Guerra é atribuída a Roger Fenton (1819-1869).
Que viajou para a guerra da Criméia em 1855.
Pelo meio em 1855, Roger Fenton (1819-1869) parte para a guerra da Criméia, com quatro assistentes e uma enorme parafernália de equipamento, entre o qual a carroça-laboratório, indispensável para necessária revelação imediata das fotografias (usava-se a técnica do colódio úmido sobre vidro). Ele irá realizar a primeira reportagem extensa de guerra (Souza,2004,pg 30).
A fotografia como documento era o registro do verdadeiro, do testemunho de
quem viu o que dava credibilidade a notícia. Segundo Souza na citação abaixo:
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“(...) A foto beneficiava também a noção de “prova”, testemunho “ e “verdade”, que à época lhe estavam profundamente associadas e que a credibilizavam como “ espelho do real”. (Souza,2004, pg. 33).
E ainda acrescenta que as guerras não poderiam ser ignoradas por seus
editores. A guerra sempre foi um tema sedutor e de sucessos para o público.
“(...) É assim que a participação britânica na Guerra da Criméia (1854-1855), com o consequente interesse popular, leva o editor Thomas Agnew a convidar o fotografo oficial do Museu Britânico, Roger Fenton, a deslocar-se à frente de batalha para cobrir [fotojornalisticamente] o acontecimento”. (Souza,2004, pg. 33).
Segundo Souza é a partir da Guerra da Criméia em diante, todos os grandes
acontecimentos passaram a ser reportados fotograficamente. Principalmente
cobertura de conflitos de grande relevância. Como por exemplo, é a Guerra da
Secessão nos Estados Unidos em (1861 -1865). Os fotógrafos atuantes e
considerados importante no fotojornalismo foram Mathew Brady (1823-1896)
Alexander Gardner (1821-1882), Thimothy O’Sullivan (1840-1882) e George N.
Barnard (1819-1902).
Souza aponta aspectos importantes sobre a cobertura da guerra da Secessão
a sua importância da visão do público com relação a fotografia e a informação. Na
citação abaixo explica:
A descoberta definitiva, por parte dos editores das publicações ilustrada, que os leitores também queriam ser observadores visuais, a fotografia passa a ser vista como uma força atuante capaz de persuadir devido ao seu “realismo”, à verassimilitude;(...) o recurso ao camboio para transportar as fotos até à redação tornou-se um procedimento de rotina, que terá começado a acentuar a cronomentalidade dos fotojornalistas envolvidos e a tornar a “atualidade” num critério de valor - noticia (também) fotojornalístico; (...) A aquisição da ideia de que era preciso estar perto do acontecimento quando este tivesse lugar, a mesma intenção incitara Robert Capa e muitos outros fotojornalistas, especialmente nas agências noticiosas e nos jornais e revistas; as fotos das batalhas obtém-se ainda com o fumo e o odor a sangue a paisagem pelo campo;(...) fato de a câmera “registrar”o que é focado no visor ; assim, o observar tende a instruir que se estivesse lá veria a cena da mesma maneira(Souza ,2004,pg.38 – 39).
Segundo Souza, foi na Guerra da Secessão foi à primeira ocasião da história
em que “fotojornalistas” correram perigo de morte ao cobrirem frente de batalha.
Fato que ocorreu durante século XX até os dias atuais.
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A guerra da Secessão foi também a primeira ocasião da historia em que os “fotojornalistas” correram perigo de morte ao cobriram a frente de batalha. Um perigo agravado pela enorme quantidade de equipamentos que necessitavam transportar consigo, incluindo uma carroça-laboratório (tal como na Criméia, usava-se a técnica do colódio úmido, que exigia que as fotografias fossem reveladas mal fossem obtida) e câmeras enormes com tripé (Souza,2004,pg.39).
Os fotógrafos que cobriram esses primeiros grandes eventos da historia não
se consideravam fotojornalistas. Muitos deles registravam tal acontecimento para
obter uma prova ou testemunho do fato ocorrido. O fotojornalista ainda não era
reconhecido como profissão. Souza explica que:
“(...) os fotógrafos que cobriram esses primeiros acontecimentos não se viam como fotojornalistas, até porque não existia um corpo profissional autônomo. Foi apenas por da ultima década do século XIX, graças à emergência da imprensa popular, De que resultou a contratação de fotojornalistas a tempo inteiro por Pulitzer e Hearst, que o profissionalismo fotojornalístico começou a vir de cima – em definitivo grande parte da produção fotográfica deslocou-se para a imprensa, abandonando o estúdio, e muitos fotógrafos deixaram-se , consequentemente, o seu estatuto de pequeno burgueses”. (Souza,2004,pg.40).
No século XIX os fotógrafos não tinham ainda uma consciência
fotojornalística, humanista e sentimental. Já que naquela e época capturar imagens
de guerra não serviria apenas para a imprensa, mas também como um documento
histórico, porém a fotografia documental que tem como compromisso social
expressa o lado humanista e sentimental. É ainda hoje referência para o
fotojornalismo. A fotografia de compromisso social foi iniciada no final do século XIX
por John Thonsom (1837-1921), Jacob Riis (1849-1914) e Lewis Hine (1847-1940).
Essa ideia de testemunhar um fato, ou seja, denunciar, para o leitor explorar o lado
opinativo do público que ver a foto. E também revelando certo ponto de vista do
fotógrafo.
Segundo Souza em particular Thonsom, já tinha a preocupação de não só
fotografar mais também de escrever um texto sobre as pessoas e o ambiente em
que elas estavam. Dando inicio a foto-reportagem.
“(...) fotografava as pessoas em seus ambientes, tal como sucede na moderna foto-reportagem. Cada fotografia de Street Life in London era acompanhada de um texto sobre as condições de trabalho e de vida dos sujeitos representados. A Obra fotodocumental do escocês, John Thonsom
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assinala o início “real” da fotografia de compromisso social, um tipo diferente de fotodocumentarismo, uma fotografia que roça a denuncia, fruto da atividade de fotógrafos empenhados” (Souza,2004, pg.54).
Importante observar que Thonsom assim como Robert Capa tinha uma
concepção de que a boa fotografia é aquela feita de perto. Como explica a citação
Abaixo:
“(...) Certa assunção de uma retórica de “Objetividade” e realismo no discurso fotográfico, sem abandono de certo ponto de vista. Mas também a concepção de que a boa fotografia documental é uma fotografia de proximidade, ideia que mais tarde animará fotojornalista como Robert Capa no que respeita à fotografia de acontecimento”. (Souza,2004, pg.55).
O fotojornalismo tem como objeto principal retratar pessoas é um observador,
ou seja, ele está no local do acontecimento e seu dever é transmitir aquilo que se
ver. A fotografia ela diz o que palavras não diriam. Com tanta exatidão. Souza
explica que (...) A intenção dos fotógrafos referenciados é visível: dar um testemunho,
mostrar a quem não está como é ou o que sucedeu e como sucedeu. ”
(Souza,2004, pg.55).
Não basta apenas registrar uma imagem seja na guerra ou eventos sociais, mas
está próximo. Saber a quem está fotografando. Assim como Thonsom buscava
interesse em não apenas fotografar, mais registrava quem eram as pessoas que ele
fotografava de perto. Robert Capa agarrou com toda a força a ideia de que suas
fotos mesmo em meio ao horror da Guerra são necessárias capturar de perto,
mesmo que isso custasse sua vida.
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Capitulo II A influência de Robert Capa no século XX “Se suas fotos não são realmente boas, é porque você não se aproximou o suficiente”. Robert Capa (1913 -1954). 2.1 Vida e Obra de Robert Capa
Robert Capa autor da frase acima foi um fotografo que ultrapassou seus limites,
ao ponto de arriscar sua própria vida para fotografar. Seu nome de batismo é André
Friedmann, nasceu em 1913 em Budapeste na Hungria. Em uma família de origem
judia não praticante. Antes de Capa completar um ano de idade a Hungria entrou na
primeira Guerra Mundial em apoio aos Alemães entre 1914-1918. Capa viveu em
seu país até se tornar refugiado político em 1931. Ainda morando em sua terra natal
o jovem André havia se envolvido com revolucionários de esquerda e com apenas
16 anos Capa já era militante veterano de confrontos juntos com outros jovens
radicais em Budapeste.
“Não muito tempo depois, envolve-se com revolucionário de esquerda. A situação exigiria uma intervenção audaciosa: sangrentos conflitos sociais irromperam a Hungria do fim da década de 1920 entre elementos de esquerda e direita. Nas ruas da Capital ,praticamente toda a semana se podia assistir a verdadeiras batalhas entre facções rivais, e ao completar 16 anos André já era um veterano desses confrontos, muitas vezes se juntando a esses jovens radicais em marcha pelos bairros operários de Budapeste.” (Kershaw, 2013, pg.31).
Segundo kershaw, apesar de Capa negar sua militância ao partido comunista
o mesmo era guerrilheiro e lutava pelos ideais que acreditava na juventude, o
mesmo se interessou pela literatura e político já mostrando um pouco de seu
interesse pelo jornalismo. A citação abaixo descreve bem essa afirmação.
“(...) negou reiteradas vezes ter entrado para o Partido Comunista na Hungria, ou mesmo em qualquer outro país. Ele explicaria seu posicionamento político nessa época em uma declaração juramentada de 1953: ”. Nos meus últimos anos do colegial, passei a me interessar pela literatura e a política, decidindo fazer carreira como jornalista. Na época, eu tinha uma atitude altamente crítica em relação à ditadura antissemita do almirante Horthy. Estudei o socialismo, mas logo passei a discordar dos objetivos e métodos do Partido Comunista. ”( Kershaw, 2013, pg. 31- 32).
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Kershaw entrevistou para seu livro sobre a vida de Capa uma amiga de
infância de Capa Eva Besnyo ela conta porque Capa entrou em uma militância de
esquerda e sua paixão pelo o perigo.
“André entrou para a militância política por várias razões, explica Besnyo. “Ele era discriminado, como judeu. Mas também se interessava pelo perigo”. Eva Besnyo (1910-2003).
O autor Kershaw fala sobre a prisão de André pela polícia de Horthy, Capa se
encontrou com um recrutador do partido comunista em Budapeste. O mesmo foi
observado pela policia secreto ao chegar a casa Capa foi detido.
“(...) segundo seu irmão Cornell, esse recrutador disse a Andre que o partido não estava interessado em jovens intelectuais burgueses. Em sentido inverso,[André] decidiu que não estava interessado no partido esse flerte noturno com o comunismo, a dar credito a seu irmão: “O mal já foi feito”, escrevia ele mais tarde. “ A caminhada dos dois fora observada pela policia secreta. Ao chegar em casa, André foi detido por dois agentes. (Kershaw ,2013, pg.32).
Ainda hoje é um mistério em torno da libertação de Capa, pois segundo
Cornell a mulher de Imre Hetényi que era o subchefe da policia e uma cliente do
salão dos pais de André.
“(...) Graças a esse contato, nosso pai conseguiu a libertação {do meu irmão}, com a condição de que deixa-se imediatamente a Hungria. ” (Kershaw,2013,pg.32).
Foi em julho de 1931, que Capa deixou Budapeste de trem, em uma viajem
difícil e com muitos desvios até finalmente chegar a Berlim no inicio de setembro.
Mesmo antes de completar 18 anos resolveu se aventurar sozinho e completamente
vulnerável. Em busca de encontrar sua amiga Eva Besnyo. Quando Capa encontrou
Besnyo ela morava em um estúdio de fotografia e já era uma fotografa profissional.
“(...) André não tinha pegado carona nem recorrido a algum outro meio romântico. Valera- se da astucia , isso sim, tirando partido de sua identidade judaica para cumprir a promessa de segui-la até Berlim. “André sempre foi muito safo”, Lembra-se Besnyo. “Ele descobrira que sua comunidade de Budapeste mandava os seus alunos mais brilhantes estudar no exterior. De modo que apresentou sua candidatura, e ela foi aceita. ” Mas a bolsa não lhe permitia viajar diretamente de Budapeste para Berlim: ele tivera de ser acolhido por uma família judia após, outra chegando a Berlim somente
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depois de passar por Praga, Viena e Dresden.” ( Kersahw,2013,pg.35).
Capa foi a Berlim para estudar ciências políticas na famosa Universidade
Deustsche Hochshule fur Politik, e no dia 27 de outubro se matriculou no curso de
inverno.
Esses primeiros anos em Berlim não foram difíceis. Os parentes mandavam pequenas quantias em dinheiro e seus pais lhe enviavam uma mesada. Mas a economia mundial mergulhava na depressão, depois do crash de 1929 em Wall Street:o salão dos Friedmanns começou a perder clientes e Julia deixou de enviar os poucos marcos de que tanto ele precisava cada mês.À medida que o outono dava lugar a um rigoroso inverno ele começou a saber o que era desespero (Kershaw,2013, pg.36).
Passando por dificuldades financeiras o jovem André começou a procurar
uma Maneira para poder sobreviver e continuar estudando. Como capa havia
estudado um pouco de jornalismo em sua terra natal, ele começou a pensar na
possibilidade de fotografar.
No inicio de 1932, André precisava ganhar algum dinheiro para continuar estudando sem passar fome. Depois de contemplar brevemente o jornalismo como carreira em Budapeste, ele agora começava a levar a serio a possibilidade de fotografar. ‘ Enquanto dava prosseguimento aos meus estudos “, declararia ele 1953 “os recursos dos meus pais chegaram ao fim e decidi tornar-me fotografo, a melhor possibilidade jornalística para alguém que não tivesse domínio da língua. (Nessa época, seu alemão era limitado (Kershaw,2013, pg.36).
A partir daí que Capa começou a se interessar pela fotografia como profissão
e não parou mais de capturar imagens.
Segundo Kershaw, André pediu para sua amiga Besnyo ajudá-lo a encontrar
trabalho numa agência ou estúdio. Eva Besnyo conhecia várias pessoas que
poderiam ajudar André a encontrar um trabalho. Um de seus contatos foi o fotógrafo
chamado Otto Umbehrs, diretor de retratos e publicidade de uma importante agência
chamada Dephot. Besnyo telefonou para Umbehrs e indicou Capa para trabalhar na
agência. Umberhrs pediu para que André que o procurasse. Não demorou muito
Capa já trabalhava na Dephot como assistente na câmera escura, enchendo
garrafas de fixador e revelador, pendurando cópias para secar e aprendendo
rudimentos de revelação e impressão.
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André ficou encantado com o ambiente ágil e emocionante da agência. Prazos a cumprir, temperamentos em atrito e a incansável busca de imagens e historias. Embora tivesse sido contratado por uma mixaria para mourejar na câmera escura, não demorou para que também começasse a ajudar na buscas de missões fotográficas e no trabalho administrativo do escritório da agência. Seus dias eram frenéticos e longos ----A Dephot abastecia muitos dos 2.500 jornais e periódicos da Alemanha, assim como pelo menos uma dúzia dos diário de Berlim que publicavam um suplemento semanal ilustrado (Kershaw,2013, pg.37).
2.2 As principais coberturas de Guerra de Robert Capa
Em 1933, com o ano do nazismo de Hitler na Alemanha Capa, decidiu deixar
Berlim e ir de trem para Viena. Retornou para Hungria e não muito tempo depois foi
para Paris. Conheceu dois fotógrafos David Chim Seymur e Henri Cartier-Besson
que se tornaram grandes amigos e juntamente com Capa fundariam a agência
Magnum.
André [Capa] começa a se profissionalizar como fotojornalista, mas ainda lhe
faltava algo para que pudesse dar mais intensidade a sua marca principal. Nesse
período André conhece Gerda Taro que era sua parceira de trabalho e companheira.
Andre também mudaria de nome passando a assinar suas fotografias como Robert
Capa. “fotografo norte americano e importante”.
Em 1936, Robert Capa foi para a Espanha que nesse período estava vivendo
uma sangrenta guerra civil. E seria lá que Capa faria a foto que o tornaria famoso.
“O soldado Caído” foto feita na Guerra Civil Espanhola em 5 de julho de 1936 por
Robert Capa e publicada na edição da revista francesa Vu em 1936. E
posteriormente foi republicada na revista americana Life em 12 de julho 1937.
Para o fotojornalismo, Capa é um nome obrigatório ao capturar o momento
exato da morte de um soldado em meio à guerra. Está próximo para registrar o
acontecimento. Capa foi um fotografo humanista e sentimental no qual sentia a
necessidade de fotografar perto da ação.
Segundo o autor Jorge Pedro Souza, Capa era um fotografo que mais se
arriscava para capturar a melhor imagem possível e retratando o lado humano e
sentimental.
De Capa ficou ainda o exemplo e a máxima bem conhecida: "Se a tua fotografia não é boa, é porque tu não estavas suficientemente perto!" Esta máxima orienta ainda hoje a produção dos fotojornalistas de guerra e havia
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de valer a vida Capa, quando, em 1954, após ter coberto acontecimentos tão relevantes como a fundação de Israel (1948) e as lutas travadas pela nova nação,bem como cinco guerras em dezoito anos, morre vitimado por uma mina na Indochina francesa, actual Vietname. Mas dele permanecem as suas fotos, onde, sem abdicar da escolha de um campo,que se nota particularmente na Guerra Civil de Espanha, mostra a inumanidade do homem, os seus o instintos de ferocidade animalesca e selvagem, a estupidez e a futilidade da guerra. George Rodger,tal como Capa, procurava também fotografar perto da acção, com humanismo e sentimento(Souza, 2004,pg.87).
Outra importante cobertura de Capa, foi em 6 de junho 1944 o” DIA D”
quando tropas americanas, Grã-Bretanha e Canadá, lançaram-se nas praias de
Normandia, região Atlântica Francesa. Dando inicio a libertação da Europa contra o
nazismo. Capa decidiu ir com a primeira Leva da linha de frente das tropas de
assalto. Sempre ultrapassando seus limites para capturar a melhor imagem.
“(...) Dos 175 mil homens que entraram em ação no Dia D, Capa estava entre os poucos que escolheram o próprio destino. Podendo optar entre se integrar ao comando de um regimento ou às primeiras levas das tropas de assalto, ele apostou a própria vida nessa ultima opção. Sabendo que escolhera a missão mais arriscada, mas também a mais importante de sua carreira.” (Kershaw, 2002, pg.152).
Em 30 de abril de 1954, Capa é convidado pela revista Life para cobrir a
guerra Indochina Francesa atual Vietnã. E um grande fotógrafo de guerra se tornará
uma lenda. Ao pisar em uma mina ocasionando sua morte no dia 27 de maio 1954,
na Guerra de Indochina Francesa.
Após a morte de Capa a revista Life e a Overseas Press Club criaram em
1955 (Medalha Robert Capa) o prêmio é dedicado para fotógrafos de guerra. Dentre
os ganhadores da medalha estão o fotógrafo Howard Sochurek. Que curiosamente
foi substituído por Capa na missão de Indochina. Capa foi em seu lugar. Pois na
ocasião Sochurek recusou. Entre outros como o americano James Nachtwey, e o
único brasileiro André Liohn, recebeu em 2011 pela cobertura da Guerra civil na
Líbia na queda do regime de Muammar Kaddaf.
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O irmão de Capa, Cornell Capa (1918-2008) se dedicou a manter a Magnum
funcionando assim como Henri Cartier Besson (1908-2004) ambos falecidos. Porém
a Magnum continua atuando com sua ideia original ser uma cooperativa de
fotógrafos independentes que detém o direito sobre suas fotos.
Portanto, Robert Capa tem como trajetória de vida sempre viver no limite,
principalmente durante suas coberturas guerra ele não se importava se poderia
correr o risco, pois era experiente em cobertura de conflitos, como por exemplo, a
Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial, a Guerra dos Seis Dias, a
Guerra Civil da China e a última guerra onde resultou a sua morte que foi a Guerra
de Indochina Francesa (atual Vietnã), o mesmo tinha cinco guerras em seu currículo
com apenas 40 anos de idade. Assim se encerra o ciclo do fotógrafo que deixou sua
influência no fotojornalismo do século XX.
23
Capitulo III
O Humanismo no Fotojornalismo
O fotojornalismo conta a história de pessoas reais através da imagem.
Retratando o lado humano que está inserido em cada indivíduo. Segundo Jorge
Pedro Souza explica na citação abaixo:
”(...) o fotojornalismo tende a explorar caminhos da sensibilidade,
dirigindo-se a frequentemente a emoção e utilizando, amiúde, e a
foto-choque (...)” (Souza,2004, pg.152).
Para o fotógrafo Paulo Araujo a essência do fotojornalismo é mostrar o ser
humano
“Se a gente partir para o lado ético, a gente busca o bem comum, nós seres humano. Acho que a essência do fotojornalismo e essa você poder mostrar no fotograma algo que realmente vai trazer uma reflexão, mas uma reflexão, reflexão para quem esta vendo aquela foto que possa ter uma interpretação do que é humano, o ambiente que o ser humana está envolvido, a situação naquela imagem. Ele tem que mostrar uma realidade independente do grupo social , independente da ideologia ele tem que mostrar o ser humano como essência”.
3.1 Éticas e os Limites do fotojornalismo A ética vem do grego (ethos) que significa “modo de ser “ou “caráter”. A ética
é uma junção do conhecimento da investigação do comportamento humano a
explicar as regras morais dentro cientifica e teórica. É uma explicação sobre a moral.
Já conceito de limite vem do latim (limitis) que é uma divisão seja física ou simbólica.
Porém quando a ética entra em confronto com o limite?
A ética na atuação da imprensa e o papel dela como observadora da
sociedade, o jornalista têm o direito e liberdade de informar, mas sempre
respeitando o direito principalmente nas imagens dos indivíduos. Segundo o autor
Freitas Nobres, Imprensa e a Liberdade – Os Princípios das Constituições e a Nova
Legislação. Ele aborda a ética do jornalismo em relação a como deve ser proceder e
relatar o fato.
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O Verdadeiro sentido de função social da imprensa envolve a defesa da
vida privada dos indivíduos, ou seja, seu direito a privacidade; o direito das
pessoas acusadas em quaisquer meios de informação de responderem a
tais acusações, bem como garantir defesa da sociedade, segundo os
princípios gerais de moral,mas, ao mesmo tempo,assegurando ao jornalista
o direito de livre acesso às fontes de informação, e a escala completa de
ma verdadeira liberdade de informação( criação intelectual, a preparação
técnica, a impressão, a circulação e a distribuição) limitada apenas contra
os abusos de seu exercícios (Freitas, 1988, pg.38).
Quanto à pergunta quais os limites para fotografar? Será que vale realmente
a pena correr risco de morte pela noticia? Não apenas em guerras como em países
do Oriente Médio mais as guerras em favelas do Rio de Janeiro.
Para responder todas essas questões foram entrevistados fotojornalistas que
cobriram e cobrem conflitos em favelas do Rio de Janeiro. Pois somente aqueles
que enfrentam diariamente os conflitos é que podem responder: “Quais os limites e a
ética para se fazer uma foto”?
Respostas dos entrevistados sobre os limites e ética para se fazer uma fotoA) Para o fotógrafo Severino Silva o “limite para fotografa está na cabeça de cada um”.
B) Já para o fotografo Sandro Vox ter limites ajuda a se proteger de situações perigosas
“certamente, principalmente em uma operação policial, não podemos ficar no fronte, próximo
da linha de tiro. Geralmente somos guiados por policias militares sempre se protegendo”,
diz ele.
Diferentes opiniões de profissionais que lidam com a guerra todos os dias nem todos acreditam que colocar a vida em risco para conseguir a melhor foto.
C) Para o fotógrafo Paulo Araújo a um limite sim como da ética e moral. “Tem limites da ética e moral, não vou botar minha vida em risco”, diz ele. D) O fotógrafo Ide Gomes também falou sobre a ética e a moral como cobrir enterro “Enterro principalmente a pessoas não que, não quer e o que eu fazia dava um passo para trás o mais distante que podia fazia uma foto aberta na horizontal e outra na vertical e colocava na mesa do editor ou manda para agencia. É um momento muito pessoal faz com limite que a pessoa( parentes) impor e mesmo se ela não impor limite nenhum eu tenho o meu limite Moral”, conta ele.
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E) Já o fotógrafo Everaldo D’Alverga diz que na época em que cobria áreas de conflitos ou protestos não percebia o perigo em que estava enfrentando e que só hoje percebe como foram as situações de risco que passou.
“Para ser sincero, nas situações que passei eu só vi que arrisquei minha vida depois que a situação passou. Meu Deus eu sou Maluco! Eu fiquei intrometido naquele negocio ali. Não deu muito tempo, mas às vezes dá eu pelo menos se senti que não da eu não faço. Poucas vezes eu consegui abarcar isso. Só depois que vi não deu muito tempo para pensar...”, afirma
F) O fotógrafo Alex Ribeiro falou em relação a ter limites sobre cautelas e a importância de
proteger a integridade física do profissional.
’’Devemos ter cautela para fotografar qualquer assunto, e minimizar qualquer possibilidade
de risco a integridade física. Esse lance de ir ao extremo por uma foto, e deixar a adrenalina
falar mais alto, já matou muita gente. “Por mais que tenhamos o máximo de cuidado ainda
corremos perigo”, conta Ribeiro em entrevista via Facebook.
G) Já o fotógrafo Alexandre Brum se dispõe até em ir mais refleti em relação a sua segurança e a ética.
“Me imponho a ir até onde julgue que minha segurança e ética estejam asseguradas”. Diz ele.
H) A fotógrafa Graça Ferraz já acredita que seu limite está em não colocar a vida de
outras pessoas em risco. “ O limite de não por em risco a vida de terceiros”, conta
ela em entrevista via email.
Cada um dos fotógrafos e fotógrafa entrevistados expressou sua maneira de
pensar, uma parcela diz arriscar e ultrapassar limites pela foto à outra parcela diz
que não se arriscaria pela ética e a moral.
3.2 A segurança dos jornalistas e como agir em áreas de conflitos e o papel das empresas de comunicação.
Após a morte do cinegrafista da TV Bandeirante Santiago Andrade em 2014,
atingido por um rojão acionado por manifestantes em protestos que ocorreram no
mesmo ano. O Ministério Público do Trabalho encaminhou para as empresas de
comunicação do Rio de Janeiro um dos documentos listados com 16 medidas
essências para garantir a segurança dos jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas. Esse
documento é baseado na denúncia feita pelo O Sindicato dos Jornalistas do
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Município do Rio de Janeiro. Após a morte de Santiago. Veja abaixo a citação do
documento com as recomendações. “O Ministério Público do trabalho (MPT) enviou às empresas de comunicação do Rio em 2014 uma lista com 16 medidas essenciais para garantir a segurança dos jornalistas. O documento, originado de denúncia do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro após a morte do repórter cinematográfico Santiago Andrade, recomenda o respeito à cláusula de consciência, que garante ao profissional o direito de recusar tarefas em desacordo com o Código de Ética do Jornalismo Brasileiro sem sofrer represálias. A Procuradoria também orienta as empresas sobre a adoção de equipamentos de proteção individual adequados às realidades da cobertura jornalística na cidade e a realização de cursos de capacitação. A notificação recomendatória, assinada pelas procuradoras do trabalho Ana Maria Villa Real Ferreira Ramos e Janine Milbraz Fiorot, aprimora a fiscalização do Sindicato, e da própria Justiça trabalhista, nas empresas que não garantirem a segurança adequada aos jornalistas, além de dar maior autonomia e proteção aos profissionais que se recusarem a realizar tarefas arriscada (...)” (Recomendações de Segurança do Ministério Público do Trabalho Para jornalistas 2014).
A ARFOC - Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos é uma
entidade de classe que também atua em outros estados brasileiros. A ARFOC
juntamente com o Sindicato dos Jornalistas tem o papel de lutar pelos direitos dos
profissionais da imprensa.
Segundo o presidente da ARFOC (Associação de Repórteres Fotográficos e
Cinematográficos) do Rio de Janeiro Alberto Jacob Filho;
“Desde a morte TIM Lopes (2001) passamos a adotar estabelecer como primeiro preparar os profissionais fisicamente, psicologicamente, estrategicamente oferecendo cursos. Juntamente com a Federação Nacional dos Jornalistas. A nossa posição é exigir das empresas de comunicação junto com o sindicato dos jornalistas o uso dos equipamentos necessários para a segurança dos profissionais. E que o profissional não quiser cobrir conflitos em favelas por exemplo. As empresas não podem demitir esses profissionais porque tem o direito de escolha se quer cobrir ou não”, diz Jacob.
No Brasil o Uso de Equipamentos de Segurança é restrito ao Exercito e para
o jornalista poder usar tem que ter a permissão das Forças Armadas.
O fotógrafo Paulo Araújo questionado sobre o uso correto de equipamentos
de segurança como manda o ministério do trabalho, porem não acontece na
realidade e isso deve parti das empreses e não só do governo.
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“Deveria oferecer. Mas já tive problema. Gelson Domingos estava usando colete inapropriado o de placa de cerâmica. Que deve ter autorização do Exercito. Só agora as empresas fazem treinamentos”, diz ele.
O fotografo paulista Marcos Antonio também falou sobre essa dificuldade não
só no Rio mais em todo o país.
“No Brasil coletes são exclusivo das forças Armadas, e ai as agências bem
como os veículos não distribuem coletes a torto direito, mal pagam os
serviços”!
3.3 As 16 recomendações do Ministério do Trabalho
Das 16 recomendações encaminhadas dos Ministérios Publico do Trabalho do
Rio de Janeiro a quinta fala sobre o fornecimento gratuito pelas empresas para seus
jornalistas. 5 – o fornecimento gratuito de equipamentos de proteção individual,
adequados ao risco da atividade – a exemplo de coletes a prova de balas
(com placas de proteção extra, se necessário), capacetes, máscaras com
purificador de ar e/ou respiradores de fuga com filtros apropriados para
proteger olhos e pulmões (em caso de contato com gás lacrimogêneo ou
bombas de efeito moral), óculos de proteção com Certificado de Aprovação
(CA) emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego, acompanhado da
correspondente capacitação para a sua correta utilização, substituindo-os
sempre que necessário; (Recomendações de Segurança do Ministério
Público do Trabalho Para jornalistas 2014).
1 – o respeito à cláusula de consciência do jornalista, a qual lhe assegura o
direito de recusar-se a executar tarefas em desacordo com os princípios do
Código de Ética que rege a profissão, ou que agridam as suas convicções”;
(Recomendações de Segurança do Ministério Público do Trabalho Para
jornalistas 2014). (Recomendações de Segurança do Ministério Público do
Trabalho Para jornalistas 2014).
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3 – a capacitação contínua dos profissionais da comunicação para lidar com
os perigos da atividade, sobretudo quando desenvolvida em zonas de
conflito ou de risco acentuado”; (Recomendações de Segurança do
Ministério Público do Trabalho Para jornalistas 2014). (Recomendações de
Segurança do Ministério Público do Trabalho Para jornalistas 2014).
8 – a orientação aos profissionais no sentido de que deixem as áreas de
cobertura em caso de risco acentuado à sua integridade física”;
(Recomendações de Segurança do Ministério Público do Trabalho Para
jornalistas 2014).
10 – o fornecimento de emblemas ou símbolos indicativos da profissão
exercida, de fácil visualização, para utilização pelos profissionais, inclusive
em seus equipamentos de trabalho, nas coberturas realizadas em áreas de
risco”; (Recomendações de Segurança do Ministério Público do Trabalho
Para jornalistas 2014).
Portanto concluímos que todo profissional que trabalha no jornalismo e
cobrem áreas conflitos deveriam ter mais atenção por parte das empresas
comunicação. Principalmente fotógrafos e cinegrafistas que arriscam todos os dias
pela notícia.
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Conclusão
Concluo que a fotografia era vista como uma maneira de imitar a pintura até
que fotografar deixou de ser apenas a representação da pintura e passou a falar por
si só. È curioso porque o fotojornalismo começou de maneira natural por pessoas
comuns que gostavam de fotografar resolveram apontar suas câmeras para as
pessoas.
Fotografar a realidade tornou tão indispensável que a própria imprensa que
antes usava figuras tomou essa nova mídia para si.
A história do fotojornalismo começa no final século XIX, com a missão de
registrar as guerras e o público começou a mostrar interesse pelo assunto, no inicio
os fotógrafos não se consideravam fotojornalistas.
A necessidade de buscar mais informações levou o fotógrafo Roger Fenton, a
guerra da Criméia (1884-1884) e registrar a primeira foto reportagem. Pois daí por
diante a fotografia passou a ser cada vez mais importante para o jornalismo.
A fotografia como documento social de grande importância que fez John
Thomson se tornar o pioneiro em começar a escrever sobre as pessoas que
fotografava. A importância de saber a história do indivíduo retratado. O conceito de
que a fotografia informa e pode lhe dizer tudo. Ela mesma retrata seu próprio
significado.
Para falar da história das pessoas através da fotografia é preciso está
próximo da ação um conceito explorado de maneira muito intensa por Robert Capa.
Contar sobre a vida de Capa e que desde o início de sua carreira ou de seu
nascimento, ele já vivenciava a guerra. Sua inquietude e necessidade de capturar a
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imagem de perto. Correr o risco de morrer, mas não desistir até ultrapassar seus
limites.
Sua famosa frase de que “se suas fotos não estão boas, é porque não esteve
suficientemente perto”. No fotojornalismo isso não expressa apenas uma forma
técnica mais o sentido real de registrar aquilo que se ver. No qual só consegui ver e
sentir quem esteve realmente presente no lugar do acontecimento. O papel do
jornalista independentemente de sua área de atuação.
Capa é considerado uma das maiores influências do fotojornalismo do século XX,
entra nessa lista Henry Cartier-Bensson, David Chim Seymour que fundaram a
agência Magnum existente até hoje.
Capa trouxe a ideia de que a fotografia humanista e sentimental deve ser
explorada no fotojornalismo ela tem a sua essência. O limite e ética no momento na
cobertura seja um conflito ou não é algo que está dentro de cada um. Vejo que tanto
a ética moral e o limite estão juntos nesse momento. Pois Capa citado neste
trabalho como base de minha inspiração não se limitou.
A Adrenalina talvez seja uma explicação de que no momento do conflito se
está tão vidrado que não pensa. Gelson domingos cinegrafista da Bandeirante, por
exemplo. Estava acostumado com as coberturas nas operações policias e foi morto.
Tim Lopes, também perdeu sua vida de maneira trágica. Após se infiltrar na favela
Vila Cruzeiro.
Em minhas entrevistas observei que muitos fotógrafos reclamavam dos
veículos que trabalhavam ou trabalham da falta de segurança e por mais que seja
uma recomendação do Ministério Público do Trabalho, Fiscalizado pelo Sindicado
dos Jornalistas e ARFOC é obrigação das empresas em fornecer os equipamentos
principalmente o colete de placa de cerâmica para coberturas de conflito. Mas
infelizmente não o fazem. Finalizo minha monografia com a frase do fotógrafo de
guerra André Lionh sobre a função do jornalista.
“A função de um jornalista, em uma guerra, é relatar e documentar o que vê.
Mais nem sempre isso parece ser suficiente” (André Lionh,2016, pg.204).
31
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.Roger Fenton e a Guerra da Criméia. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/blog/sobre-imagens/fotojornalismo/roger-fenton-e-a-guerra-
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Concurso e exposição de fotojornalismo que viaja o mundo todo. Disponível em:
http://www.worldpressphoto.org/. Acesso em 17 de maio de 2016.
Entrevistas com os fotógrafos Alexandre Brum dia 15 de março de 2016 – Via Facebook.
Alex Ribeiro dia 14 de março de 2016 – Via Facebook
Everaldo D’Alverga 4 de abril de 2016 – Pessoalmente na Câmara Municipal do Rio
de Janeiro – Exposição de Fotojornalismo.
Graça Ferraz dia 15 de março de 2016 – Via Email
Ide Gomes de 15 de maio de 2015 – Pessoalmente no shopping de Madureira.
Paulo Araújo data 21 de abril de 2016 por telefone e 25 de abril de 2016 no
Sindicato dos jornalistas do Rio de Janeiro – Pessoalmente.
Marco Antonio Gonçalves dia 14 de março de 2016 – via email.
Professora de Fotografia Márcia Costa dia 9 de março – Pessoalmente na
Faculdade Pinheiro Guimarães.
Severino Silva no dia 30 de março no jornal O Dia – Pessoalmente.
Sandro Vox no dia 13 de março de 2016 – Via Facebook.
Thiago Lara dia 13 de março de 2016 - Via Facebook.
Entrevista com o presidente da ARFOC RJ Alberto Jacob Filho no dia 1 de maio de
2016 – Via telefone.
34
AnexosLista de Figuras
Figura1 Em 1855, ferido é socorrido na Guerra da Criméia.
Foto Roger Fenton/reprodução da internet.
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Figura 2: Capa, Robert. Miliciano Abatido: Guerra Civil Espanhola, 1936.
.[Acervo Magnum]. Disponível em: http://www.magnumphotos.com/C.aspx?
VP3=SearchResult&VBID=2K1HZOL2EAZGSM&SMLS=1&RW=1360&RH=611&PN=2 .Acesso em
29 de maio de 2016.
Figura 3: Capa, Robert- França. Normandia, seis de junho de 1944- As tropas americanas de assalto
na praia de Omaha no Dia D.
36
[Acervo Magnum Photos]. Disponível em: http://www.magnumphotos.com/C.aspx?VP3=SearchResult&VBID=2K1HZOLM9R2NL8&SMLS=1&RW=1024&RH=499. Acesso em: 29 de
maio de 2016.
Entrevista ping-pong com os fotógrafos
Sobre os equipamentos de segurança?
Respostas de Sandro Vox
“Sim, nos protestos sempre levo capacete, uma mascará antigás e óculos”.
Você acha que o governo brasileiro deveria oferecer mais segurança para os profissionais da imprensa?
Resposta de Thiago Lara
“Não acho que seja uma responsabilidade do governo. O profissional de imprensa corre esse risco naturalmente. Infelizmente, quanto mais perigoso o local da reportagem mais riscos, e no Rio de Janeiro o risco é constante. Mas acredito que faltam bons cursos de como se comportar em situação de risco”.
Qual a importância de Robert Capa para fotojornalismo?
Resposta professora Márcia Costa “Independência, profissionalismo, trouxe um Olhar sério para o fotógrafo”.
Quais os maiores riscos da profissão de um fotógrafo para você?
Resposta de Alex Ribeiro
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‘‘No Rio de Janeiro é ser roubado e também em qualquer área de conflito, o risco é sempre permanente, devemos minimizar o máximo possível para evitar o pior”.
Qual a foto que você não fez e nunca esqueceu?
Resposta Graça Ferraz
“A do Papa no Rio de Janeiro, fiquei em um espaço mínimo que cabia meus pés por muitas horas, quando o Papa passou o colega me empurrou e perdia criação da foto. O Papa passa até hoje em minha mente”.
“Fotografia é o Olhar e o conhecimento” Severino Silva
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