INTERAÇÕES ON-LINE
NO ENSINO SEMIPRESENCIAL
Luciana Nunes Viter (FAETEC/UFRJ)
A presente comunicação é um recorte da dissertação de mestrado intitulada “Interação e engajamento em ambiente virtual de aprendizagem: um estudo de caso” elaborada sob a orientação da Professora Kátia Tavares (VITER, 2013).
A pesquisa investigou os diferentes tipos de interação (aluno-aluno, aluno-professor e aluno-conteúdo) em um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) de um curso semipresencial, assim como o engajamento dos alunos nessas interações sob o ponto de vista dos participantes.
Introdução
OBJETIVOS
• Contribuir para a identificação dos elementos que influenciem na interação e no engajamento em atividades em ambientes virtuais de aprendizagem;
• Colaborar para o aprimoramento dos formatos desses ambientes e dos resultados de sua utilização;
• Promover reflexões para as áreas do ensino a distância e do desenho instrucional de ambientes virtuais de aprendizagem.
Questões de Pesquisa
Primeira Pergunta
Os participantes (alunos, professor e monitor) consideram que os diferentes tipos de interação (aluno-aluno, aluno-professor e aluno-conteúdo) proporcionados pelo ambiente virtual de aprendizagem do curso semipresencial investigado foram suficientes e adequados ao curso? Por quê?
Segunda Pergunta
Na perspectiva dos participantes, quais fatores e aspectos dificultaram e quais favoreceram o engajamento dos alunos nas interações propostas no ambiente virtual de aprendizagem desse curso semipresencial?
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
INTERAÇÕES NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Professor-Professor Con
teúd
o-C
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údo
Professor-Conteúdo
Alu
no-P
rofe
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Aluno-Conteúdo
Aluno-Aluno
MOORE, 1989; ANDERSON, 2008.
Ensino semipresencialO ensino semipresencial permite integrar as vantagens do ensino face a face com as vantagens do ensino on-line e ao mesmo tempo minimizar as desvantagens de ambos (GARRISON; VAUGHAN, 2011).
Porém, alguns obstáculos são comumente constatados na modalidade como a expectativa por parte do estudante, quase sempre frustrada, de que menos aulas presenciais signifiquem menos esforço, e a sua dificuldade em exercitar autonomia em sua aprendizagem e em administrar seu tempo adequadamente. (GERBIC; STACEY, 2009; VAUGHAN, 2010)
MODELOS DE ENSINO SEMIPRESENCIAL
MODELO DESCRIÇÃO
Suplementar Volume de aulas presenciais permanece intato Espaço on-line é usado para disponibilizar material suplementar Atividades e testes on-line são oferecidos em caráter adicional
Substituto Redução de aulas presenciais Substituição de atividades face a face por atividades on-line Atividades podem ocorrer em laboratório de informática ou em casa
“Bufê”(livre escolha)
Os estudantes escolhem suas opções de aprendizagem: aulas presenciais ou on-line, projetos individuais, atividades em grupo, experiências práticas e assim por diante.
“Empório”(on-line com tutoria
presencial)
Não há aulas presenciais Os conteúdos são disponibilizados de modo on-line O aluno tem acesso à tutoria presencial personalizada
Totalmente on-line
Todas as atividades são on-line Não é previsto nenhum encontro presencial A tutoria presencial é opcional, apenas se necessária
Plataforma Moodle do Projeto Letras2.0
Participantes
Alunos do curso de Inglês Instrumental I
Professora e monitora da disciplina
Assessora do Projeto Letras2.0
METODOLOGIA
• Natureza etnográfica, que permite privilegiar as perspectivas dos participantes.
Estudo de Caso
• Fóruns de discussão;• Questionário;• Grupo focal on-line;• Entrevistas.
Instrumentos
de Pesquisa
• A partir dos elementos dos discursos dos participantes;
Geração e análise dos
dados
ANÁLISE E DISCUSSÃO
As categorias utilizadas para investigar os dados gerados foram construídas a partir de percursos circulares de análise e interpretação dos dados, nos quais os resultados eram verificados e comparados entre si.
INTERAÇÕES ALUNO-ALUNO
Pontos positivos
• Consideradas suficientes e adequadas;
• Inovadora em relação às práticas habituais dos estudantes;
• Contribuiu para o entrosamento do grupo.
Restrições apontadas
• Caráter compulsório das interações;
• Falta de objetividade de algumas discussões;
• Impacto discutível quanto à aprendizagem.
INTERAÇÕES ALUNO-PROFESSOR
Pontos positivos• Disponibilidade da
professora e da monitora no AVA;
• Agilidade na comunicação on-line;
• Atuação das docentes para mediar a relação dos estudantes com os recursos da plataforma.
Restrições apontadas
• Interações presenciais com a professora foram consideradas insuficientes.
• Carga horária on-line foi superior ao inicialmente previsto;
INTERAÇÕES ALUNO-CONTEÚDO
Pontos positivos
• Relevância, variedade e adequação dos conteúdos utilizados;
Restrições apontadas
• Volume de conteúdos proposto foi excessivo para o contexto do curso;
• Dificuldades de ordem técnica na interação com os conteúdos;
• Atividades complexas com instruções que nem sempre eram suficientemente claras.
FATORES E ASPECTOS FAVORÁVEIS ÀS INTERAÇÕES
• Funcionalidades oferecidas pela mediação digital;• Interações entre estudantes e docentes;• Interações entre os estudantes;• Diversidade de formatos e de temas abordados;• Avaliação contínua das atividades.
FATORES E ASPECTOS DESFAVORÁVEIS ÀS INTERAÇÕES
• Limitações decorrentes da mediação digital;• Desequilíbrio entre on-line e presencial;• Interações sem mediação docente;• Grande volume e complexidade das atividades on-line;• Dificuldade de gerenciamento do tempo disponível.
Tipos de engajamento
Engajamento comportamental
Associado a comportamentos mais facilmente observáveis; Tradicionalmente medido através de aspectos quantitativos
(frequência, notas, etc); Isoladamente, não necessariamente avaliará de forma efetiva os
níveis de aprendizagem alcançados.
Engajamentocognitivo
Relaciona-se de modo mais próximo com a aprendizagem; Mobiliza habilidades cognitivas mais complexas (analisar, comparar,
avaliar, etc); Costuma ser mais valorizado que os demais tipos de engajamento; É propiciado no contexto de atividades estimulantes e desafiadoras
sob o ponto de vista intelectual.
Engajamentoemocional
Associado à percepção de pertencimento a um grupo e aceitação de seus valores;
Exteriorizado a partir de atitudes e reações positivas do estudante em relação aos diversos elementos do contexto educacional;
Difícil de ser medido ou avaliado por envolver processos internalizados e pessoais.
ENGAJAMENTO EM CONTEXTOS EDUCACIONAIS
FREDRICKS; BLUMENFELD; PARIS, 2004
Ambiente à luz da Teoria da Atividade
ENGËSTROM, 2008
A divisão de trabalho demandou posturas mais autônomas por parte dos estudantes
Desenvolvimento pessoal
Resultados na aprendizagem
Elevado comprometimento de tempo e esforço
A participação nas interações on-line foi proposta como sendo de caráter obrigatório
Engajamento comportamental
Engajamento cognitivo
Engajamento emocional
Percepções dos estudantes sobre o uso do componente on-line do curso
Flexibilidade de tempo
Praticidade de uso
Comunicação ágil
Limitações intrínsecas ao meio digital
Predomínio da interação on-line em relação à presencial
Embora condições consideradas comuns para o engajamento, como relevância das atividades, participação ativa dos estudantes e variedade de recursos disponíveis estivessem presentes, o engajamento dos estudantes nas interações on-line, principalmente no aspecto emocional, foi prejudicado pelo volume de atividades, considerado excessivo e mais complexo do que necessário pelos participantes.
Comentários finais (I)
Ao se planejar o desenho instrucional do componente on-line de um curso semipresencial, é necessário atentar com especial cuidado para a adequada dosagem do componente on-line, em si mesmo, e em relação ao seu equilíbrio com a carga presencial no contexto geral do curso.
Comentários finais (II)
PESQUISAS FUTURAS• Crenças e pressupostos dos estudantes a respeito do
ensino semipresencial e da educação a distância no contexto do ensino superior.
• Relacionamento entre o ambiente on-line e o presencial, abordando ambos de forma mais abrangente do que foi possível no contexto da presente investigação.
• Engajamento sob a perspectiva discente na modalidade semipresencial e totalmente a distância, em especial no que se refere aos papéis dos diversos aspectos e fatores envolvidos no engajamento em interações on-line em AVAs.
REFERÊNCIASANDERSON, T. Theory and practice of online learning. Canada: AU Press, Athabasca University, 2008.
FREDRICKS, J. A.; BLUMENFELD, P. C.; PARIS, A. H. School Engagement: Potential of the Concept, State of the Evidence. Review of Educational Research, v. 74, n. 1, p. 59–109, 2004. Disponível em: <http://rer.sagepub.com/content/74/1/59>. Acesso em: 12 set. 2012.
GARRISON, D. R.; VAUGHAN, N. D. Blended Learning in Higher Education: Framework, Principles, and Guidelines. U.S.: John Wiley & Sons, 2011.
GERBIC, P.; STACEY, E. Conclusion. In: Effective blended learning practices: evidence-based perspectives in ICT-facilitated education. Hershey, PA: Information Science Reference, 2009, p. 298–311.
MOORE, M. G. Three types of interaction. American Journal of Distance Education, v. 3, n. 2, p. 1-7, 1989.
TAVARES, K. C. DO A.; Projeto LingNet - Letras2.0. Disponível em: <http://www.lingnet.pro.br/pages/letras2.0.php#axzz2ODJOw24x>. Acesso em 22 dez. 2012.
VAUGHAN, N. D. A blended community of inquiry approach: Linking student engagement and course redesign. The Internet and Higher Education, v. 13, n. 1–2, p. 60–65, 2010. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1096751609000645>. Acesso em: 6 jun. 2013.
VITER, Luciana Nunes. Interação e engajamento em ambiente virtual de aprendizagem: um estudo de caso. Dissertação de mestrado do Programa Interdisciplinar em Linguística Aplicada., Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <http://www.lingnet.pro.br/media/dissertacoes/katia/2013-lucianaviter.pdf>.
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