RESUMO
O referente trabalho tem como objetivo aprofundar a reflexão sobre a temática da parceria escola-comunidade numa perspectiva democrática para atuar como transformadora da realidade educativa fazendo-a extrapolar a sala de aula e os muros da escola, operando melhora tanto na aprendizagem quanto na qualidade de vida do aluno e sua comunidade. Para alcançar o sucesso do ensino-aprendizagem dos alunos é preciso contar com essa parceria entre a escola e a comunidade. A escola aberta e democrática se faz necessária, pois têm atribuições para todos e reparte responsabilidades tornando-se mais eficaz. Mesmo com metas em comum, cada um deve fazer bem a sua parte para atingir o caminho do sucesso, que visa conduzir crianças e jovens a um futuro melhor, tornando-os cidadãos honestos e conscientes. A metodologia utilizada será à pesquisa bibliográfica, na qual será viável para verificar como se dá a integração entre a escola a comunidade.
Palavra Chave: Escola, Comunidade, Democracia, Família, Integração.
ABSTRACT
The referent study aims to delve deeper into the topic of school-community partnership in a democratic perspective to act as atransforming educational reality of making it to extrapolate the classroom and school walls, operating improvement in bothlearning and the quality of student life and community. To achievethe success of teaching and learning of students is necessary to have this partnership between the school and community. The open and democratic school is necessary, as they have for allassignments and divide responsibilities by becoming moreefficient. Even with common goals, each must do their part as wellto reach the path to success, which aims to lead children andyoung people to a better future, making them aware and honest citizens. The methodology will be the literature search, which will befeasible to check how is the integration of the school community.
Key word: School, Community, Democracy, Family and Integration
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................9
1- CAPITULO I: DEMOCRACIA...................................................................11
1.1-Definição e Histórico..............................................................................11
1.2- A democracia na escola........................................................................17
1.3- O papel da família na educação dos filhos.............................................26
2- CAPITULO II: A INTERAÇÃO COMUNIDADE E ESCOLA .............31
2.1- Escola Democrática................................................................................31
2.2- Escola da Ponte em Portugal..................................................................35
2.3- Modelo de sucesso.................................................................................38
3- CAPITULO III: AÇÕES PARTICIPATIVAS..........................................41
3.1- Escola da família: Projeto democrático com ação participativa............41
3.2- Análise da Pesquisa de Campo..............................................................45
CONSIDERAÇOES FINAIS............................................................................64
BIBLIOGRAFIA...............................................................................................67
ANEXOS............................................................................................................70
INTRODUÇÃO
A educação teve início com as primeiras necessidades de sobrevivência e comunicação que
a humanidade passou a ter inicialmente sem escolas, sem professores, feita empiricamente e de
forma assistemática.
A escola constitui-se, desde tempos passados, em um espaço de aprendizado e interação
social, cujas ações e acontecimentos dela emergidos são refletidos posteriormente na vida de seus
ex-alunos.
Este estudo tem como meta contribuir para conscientização de que é importante a Integração
Comunidade e Escola. Torna-se, portanto, imprescindível a participação da comunidade no
processo de realização de objetivos que constituem a escola, uma vez que quanto maior for à
parceria entre escola e comunidade na identificação de valores éticos, na definição de objetivos e
estratégias, maior será a possibilidade de oferecer aos alunos um ambiente onde desenvolvam suas
potencialidades.
Por essa razão esta pesquisa foi realizada e exposta, a seguir, contemplando três partes: o
capítulo 1, de caráter teórico, refere-se à Democracia; o capítulo 2 traz a importância a Interação
Comunidade e Escola e o capítulo 3 aponta as Ações Participativas.
O suporte teórico desta pesquisa alicerçou-se nas concepções dos autores: Affonso (1996),
Alves (2001), Cody (1997), Durkheim (1978), Freire (1993 / 2005), Gadotti (1995), Gokhale
(1980), Gomide (2004), Hora (1994), Kaloustian (1998), Libâneo (2000), Lück (2010),Ludke
(1986), Matoan (2003), Mazzuoli (2002), Müller (1998 / 2003), Nogueira (1999), Pacheco (2001),
Polity (2001), Portes (2000), Prado (1981), Rodrigues (1996), Rousseau (2006), Silva (2005),
Siqueira (1997), Szymanski (2001), Veiga (2002 / 2004), cujos estudos contribuíram para explicar
os capítulos com seriedade e autenticidade.
Com vistas a procurar suporte teórico para nos fundamentar para a discussão da
problemática buscamos o estudo da bibliografia pertinente e procuramos sistematizar nos capítulos
que se segue.
Buscamos analisar a interação e o envolvimento entre escola e comunidade por meio da
aproximação com os atores sociais que estão envolvidos na e com a escola, a fim de que
pudéssemos entender como a escola tem buscado a participação da comunidade na elaboração de
suas ações. Como objetivos específicos nos propõem a:
Compreender as principais dificuldades existentes na interação comunidade - escola
e escola - comunidade;
Explicitar a importância da articulação da escola com a comunidade tendo em vista o
planejamento das ações da escola;
Identificar alternativas que propiciem maior interação escola - comunidade.
Delimitamos como local de realização desta pesquisa a escola estadual E.E Francisco
Feliciano Ferreira da Silva, situada na Avenida Nove de Julho nº 473, CEP: 12327682, na cidade de
Jacareí-SP. Esta escola funciona em três (03) turnos, Manhã: 7h00 às 12h30, Tarde: 13h00 às 18h20
e Noite 19h00 às 10h50, possui 1000.00 (mil) alunos no total.
A equipe escolar é composta de uma Diretora: Judith Raymundo da Silva, um Vice-Diretor:
Antonio Wanderley Severiano, um Coordenador: Wellington Macedo Faria e uma Coordenadora
Profissional: Maria Benectida de Oliveira, secretários e corpo docente com quadro de professores.
A pesquisa na escola escolhida ocorreu por já termos contato com a Direção Escolar, e com
os docentes em virtude de outros estudos e por ser uma instituição de grande porte ao passo que
trabalha com uma clientela diversificada, enriquecendo nossa pesquisa.
Como sujeitos de pesquisa, buscamos a comunidade escolar em geral (pais, corpo técnico,
docente, discente), pois consideramos que suas opiniões seriam fundamentais para realização deste
estudo.
Escolhemos três (03) professores atuantes, uma vez que já possui um vínculo com a mesma
e conhece seu processo organizacional e pedagógico.
Os alunos foram dois (02) do Ensino Fundamental. E os pais foram quatro (04), haja vista
que se precisaram obter informações a respeito de trabalhos e atividades desenvolvidas na escola, os
quais cotam com suas participações.
Para Ludke e André:
“... a entrevista é um processo de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde”. (1986, p.03).
Neste sentido, a técnica da entrevista constitui um importante instrumento que nos deu o
respaldo para fundamentação do estudo e para responder as questões norteadoras. Utilizamos ainda,
a técnica da observação a partir da interação constante com os atores sociais da comunidade extra e
intra - escolar, já que por meio destes obtivemos dados mais concretos e significativos para
pesquisa. Fez-se necessário a elaboração e utilização de roteiros de observação e entrevista os quais
nos auxiliaram ao longo do processo e, se encontram em anexo.
A leitura desta monografia constitui-se, portanto, em um momento de aprendizado, sobre o
tema, e uma linha de fomentação para outras pesquisas, uma vez que o estudo sobre este tema em
questão é inesgotável.
1. CAPITULO I: DEMOCRACIA
1.1 - Definição e Histórico
Para explicar a palavra Democracia, muitos autores como Rousseau (2006), Affonso (1996),
Silva (2005), Müller (1998), conceituaram-na de maneira diferente dependendo do momento e das
diferentes perspectivas. Todas, porém, refletindo o mesmo resultado: o de que o povo é o agente
“mister” ou seja, um senhor deste sistema.
É indispensável saber que esta apreciação iniciou-se historicamente com os gregos que
buscavam a promoção dos valores necessários ao convívio humano. Esta evolução de conquistas
possibilitou que esse preceito de democracia fosse enaltecido a regime político.
[...] a democracia é um processo de convivência social em que o poder emana do povo, há de ser exercido, direta ou indiretamente, pelo povo e em proveito do povo. Diz-se que é processo de convivência, primeiramente para denotar sua historicidade, depois para realçar que, além de ser uma relação de poder político, é também um modo de vida, em que, no relacionamento interpessoal, há de verificar-se o respeito e a tolerância entre os conviventes. (SILVA, 2005, p.126).
Esse momento democrático funciona apenas e, obrigatoriamente, se comandado pelo povo
que pode fazê-lo de maneira imediata sem intermediária ou indireta, com eleições de candidatos.
De acordo com Müller (1998):
[...] democracia significa direito positivo – o direito de cada pessoa [...] quanto mais o “povo” for idêntico com a população no direito efetivamente realizado de uma sociedade constituída, tanto mais valor de realidade e conseqüência legitimidade terá o sistema democrático existente como forma (1998, p.111- 5).
O que se pretende mostrar é que o povo deve procurar os mesmos direitos para que a
população depare-se com uma vontade geral. Isto quer dizer que o povo, enquanto indivíduo tem
autonomia para revelar seus desejos e como população, o grupo, tem soberania, ou seja, o poder de
fazer cumprir a vontade geral de todos os cidadãos. Isso porque em uma verdadeira democracia os
representantes são apenas comissários do povo e, que devem expressar, por meio da execução da
vontade popular, os desejos apenas de seus representados, jamais, os seus interesses particulares
deverão interferir nas escolhas.
Assim Silva menciona (2005, p.136) que: “O fato de não ser assim na prática concreta das
democracias vigentes demonstra apenas que a democracia ainda não atingiu as culminâncias a que
sua historicidade aponta”.
A cidadania é o direito a ter direitos, pois a igualdade em dignidade e direitos dos seres humanos não é um dado. É um construído da convivência coletiva, que requer o acesso ao espaço público. É esse acesso ao espaço público que permite a construção de um mundo comum através do processo de asserção dos direitos humanos. (ARENDT apud MAZZUOLI, 2002, p. 7).
A qualidade de cidadão pressupõe uma altivez de se adquirir a perspicácia dos direitos e
deveres constitucionais assim como a colaboração ativa que visa encerrar o distanciamento entre o
cidadão e as questões políticas, proporcionando maior compreensão dos mecanismos de
funcionamento do Estado nos níveis Federal, Estadual e Municipal não havendo, portanto, mais
motivos para não se fazer cumprir seus direitos.
Vestir a camisa de ‘cidadão’, neste novo cenário, então, é ter consciência dos direitos e deveres constitucionalmente estabelecidos e participar ativamente de todas as questões que envolvem o âmbito de sua comunidade, de seu bairro, de sua cidade, de seu Estado e de seu país, não deixando passar nada, não se calando diante do mais forte nem subjugando o mais fraco. Chega a ser uma virtude cívica. Significa saber que se pertence a uma determinada comunidade e qual o motivo por que a ela se pertence; significa reivindicar e lutar pelo direito e saber por que se luta ou reivindica. (MAZZUOLI, 2002, p.109-10).
Para que isso se torne concreto Rousseau nos mostra três requisitos:
Primeiramente, bem pequeno Estado, em que se ajunte facilmente o povo e onde seja fácil a cada cidadão conhecer todos os mais; em segundo lugar, grande simplicidade nos costumes, que evite a multidão de negócios e discussões difíceis; muita igualdade ainda nas classes e nas fortunas, sem o que não poderia subsistir longo tempo a igualdade nos direitos e na autoridade; ao fim, pouco ou nenhum luxo; porque o luxo é o efeito das riquezas, ou as faz precisas e corrompe ao mesmo tempo, este com a possessão, aquele pela cobiça; o luxo vende a Pátria à frouxidão e à vaidade, rouba ao Estado todos os cidadãos para os submeter uns aos outros, e todos à opinião. (ROUSSEAU, 2006, p.67).
No primeiro quesito de que o Estado tem que ser restrito em tamanho territorial seria ideal,
mas inócuo. A própria característica de uma federação diga-se, adotada pelo Estado brasileiro é a
inexistência do direito de sucessão, ou seja, impossibilidade de fragmentação territorial, tratado no
texto constitucional nos artigos 34: “A União não intervirá não Estados e nem no Distrito Federal,
exceto para: I – manter a integridade nacional”; e também no 1º: “A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal [...]”.
O próprio autor em linhas adiante menciona que “Rigorosamente nunca existiu verdadeira
democracia [...] é contra a ordem natural. Não se pode imaginar que o povo reúna-se continuamente
para cuidar dos negócios públicos [...]” (2006, p. 67).
O fator que permitiria a instalação da Democracia é que os hábitos fossem uniformes,
conhecidos e praticados por todos sem distinção de riquezas, direitos ou títulos pessoais. O que
Jean-Jacques pretendia com isto era que os costumes, ora positivados, sejam de conhecimento geral
e, que sejam ainda de aplicação igualitária, não tendo o mais forte ou o mais fraco sentimentos
distintos com o Estado tutelador de direitos.
O terceiro fundamento, a saber, a inexistência de luxo, é justificada porque instigaria o povo
ao sentimento de competição em busca da vaidade e, em detrimento do amor à Pátria, que por certo,
seria esquecida.
Já, Mazzuoli (2002), seguindo os passos de Glasdton Mamede, atenta para os motivos
impeditivos da satisfatória execução da cidadania, que são:
[...] 1º) o sistema jurídico brasileiro não possui um ampla definição de possibilidades para uma efetiva participação popular consciente; 2º) a postura excessivamente conservadora de parcelas do Judiciário, apegando-se a interpretações que limitam absurdamente o alcance dos dispositivos legais que permitiriam uma efetiva democratização do poder; [e] por fim, 3º) uma profunda ignorância do Direito: a esmagadora maioria dos brasileiros não possui conhecimentos mínimos sobre quais são os seus direitos e como defendê-los. (MAMEDE apud MAZZUOLI, 2002, p. 111).
De uma maneira geral, a Democracia engloba o cidadão que exercem direitos e deveres
políticos, como os direitos jurídicos e os sociais.
[...] a democracia é o regime de garantia geral para a realização dos direitos fundamentais do homem. Como, no entanto, os direitos econômicos e sociais são conhecidos, hoje, como indispensáveis à concretização dos direitos individuais, chega-se à conclusão de que garanti-los é missão de um regime democrático eficiente. (SILVA, 2005, p.132).
Seguindo essa temática, Silva persegue com seu estudo permitindo-nos enxergar que o ponto
primordial da Democracia é a exoneração do indivíduo das obrigações imperiosas, bem como
assistir a produção das normas a que estão sujeitados.
Econômica e socialmente, o beneficio da democracia se traduz na existência, no seio da coletividade, de condições de vida que assegurem a cada um a segurança e a comodidade adquirida para a sua felicidade. Uma sociedade democrática é, pois, aquela em que se excluem as desigualdades devidas aos azares da vida econômica, em que a fortuna não é uma fonte do poder, em que os trabalhadores estejam ao abrigo da opressão que poderia facilitar sua necessidade de buscar um emprego, em que cada um, enfim, possa fazer valer
um direito de obter da sociedade uma proteção contra os riscos da vida. (SILVA, 2005, p. 133).
A palavra Democracia tem sua origem na Grécia Antiga (demo = povo e kracia = governo).
Este sistema de governo foi desenvolvido em Atenas uma das principais cidades da Grécia Antiga.
Embora tenha sido o berço da Democracia, nem todos podiam participar nesta cidade. Mulheres,
estrangeiros, escravos e crianças não participavam das decisões políticas da cidade. Portanto, esta
forma antiga de democracia era bem limitada.
Nas Democracias, é o povo quem detém o poder soberano sobre o poder legislativo e o
executivo. Embora existam pequenas diferenças nas várias Democracias, certos princípios e práticas
distinguem o governo democrático de outras formas de governo.
Em suma Democracia é o governo no qual o poder e a responsabilidade cívica são exercidos
por todos os cidadãos, diretamente ou por meio dos seus representantes livremente eleitos. É um
conjunto de princípios e práticas que protegem a liberdade humana; é a institucionalização da
liberdade, baseia-se nos princípios do governo da maioria associados aos direitos individuais e das
minorias.
A Democracia sujeita os governos ao Estado de Direito e assegura que todos os cidadãos
recebam a mesma proteção legal e que os seus direitos sejam protegidos pelo sistema judiciário. São
diversificadas, refletindo a vida política, social e cultural de cada país. As Democracias baseiam-se
em princípios fundamentais e não em práticas uniformes.
Os cidadãos numa Democracia não têm apenas direitos, têm o dever de participar no sistema
político que, por seu lado, protege os seus direitos e as suas liberdades.
Müller expõe dois componentes da democracia: o primeiro é o “povo”, na qual pouco é
levado ao campo da reflexão; o segundo é a “dominação”, tema que, diferentemente do primeiro se
encontra mais em voga, e tem o povo como seu sujeito nas eleições, iniciativas populares,
referendos.
A idéia fundamental da democracia é a seguinte: determinação normativa do tipo de convívio de um povo pelo mesmo povo. Já que não se pode ter o autogoverno, na prática quase inexeqüível, pretende-se ter ao menos a autocodificação das prescrições vigentes com base na livre competição entre opiniões e interesses, com alternativas manuseáveis e possibilidades eficazes de sancionamento político [...] Não há nenhuma razão democrática para despedir-se simultaneamente de um possível conceito mais abrangente de povo: do da totalidade dos atingidos pelas normas: one man one vote. Tudo o que se afasta disso necessita de especial fundamentação em um Estado que se justifica com “democracia” (MÜLLER, 2003, p. 57).
Conforme as palavras de Müller, o povo ativo deve ser considerado como todos aqueles que
são abrangidos pelas normas. É esse o povo que deve estabelecer o fundamental para reger as
relações de convivência em seu meio, criando as normas a serem seguidas diante dos debates e
discussões a respeito de cada item tido como imprescindível para o convívio em sociedade. Só
existe povo ativo onde existe respeito aos direitos fundamentais individuais e políticos. São os
direitos fundamentais que lhes garantem a participação ativa e efetiva, base da verdadeira
democracia.
Nesta mesma idéia de povo ativo, duas outras classificações de povo vêm à tona, o povo
enquanto instância global de atribuição de legitimidade democrática e o povo-destinatário.
Conforme nossa Magna Carta o poder “emana” do povo, provém dele e é transferido à instância
estatal que faz uso desse poder para regulamentar as relações de convívio dentro da sociedade, a
partir daí o poder não se encontra mais nas mãos do povo. Conforme o entendimento de Müller
(2003), o povo da “instância global da atribuição de legitimidade democrática”, é exemplificado
pela muito utilizada expressão: “em nome do povo” e está restrito àqueles que são titulares de
nacionalidade, os cidadãos do país.
O povo enquanto destinatário é aquele que deve receber as prestações civilizatórias do
Estado, incluindo a prática dos direitos fundamentais, procedimentos justos do poder público e o
adequado uso do Estado de Direito. Esta classificação de povo é tida como povo enquanto
população.
Além das idéias explicitadas de povo ativo, povo de atribuição e povo destinatário, existe
um tipo reconhecido de povo que é tratado como ícone, que é abandonado a si mesmo e passa a ser
apenas uma expressão utilizada em discursos e falatórios totalmente despidos de qualquer real
relação com a realidade de povo.
Segundo o dicionário Aurélio (2000, p. 208) o termo significa “governo do povo; soberania
popular. Doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição
equitativa do poder.”
Muller (2003) aponta que é o povo “mitificado”, um povo na qual lhe é atribuído uma idéia
de “sacralidade” que por sua vez se reveste de total falsidade. Na idéia de povo ícone também é
possível a criação de povo. Müller traz os exemplos das medidas externas realizadas que
concretizam a colonização, a expulsão e até mesmo a chamada “limpeza étnica” num processo de
seleção de indivíduos que mais se pareçam com os agentes dominantes.
Para melhor compreensão, ficam as seguintes palavras de Müller:
O povo icônico refere-se a ninguém no âmbito do discurso de legitimação [...] O povo como instância de atribuição está restrito aos titulares da acionalidade, de forma mais ou menos clara nos textos constitucionais; o povo ativo está definido ainda mais estreitamente pelo direito positivo (textos de normas sobre o direito a eleições e votações, inclusive a possibilidade de ser eleito para diversos cargos públicos). Por fim, ninguém está legitimamente excluído do povo-destinatário; também não os menores, os doentes mentais ou as pessoas que perdem – temporariamente – os direitos civis. Também eles possuem uma pretensão normal ao respeito dos seus direitos fundamentais e humanos, à proteção de inquilino, à proteção do trabalho, às prestações da previdência social e a circunstâncias de fato similares, que são materialmente pertinentes no seu caso (MÜLLER, 2003, p.80).
Democracias podem ser divididas em diferentes tipos, baseado em um número de distinções:
Direta ou Democracia pura, a qual o povo expressa sua vontade por voto direto em cada
assunto particular;
Democracia representativa ou democracia indireta, onde o povo expressa sua vontade
através da eleição de representantes que tomam decisões em nome daqueles que os
elegeram.
Hoje vivemos em uma sociedade a qual todos os cidadãos têm direito de votar. Antigamente
somente algumas pessoas tinham o direito de voto, períodos de escravidão, períodos que a mulher
não podia sair de casa e muito menos votar, períodos os quais somente os mais ricos escolhiam,
entre outros.
1.2- A Democracia na Escola
A escola, instituição social destinada à educação das novas gerações, em seus compromissos
históricos com a sociedade, compreende dois focos de atuação, instrucional e formativa. A instrução
refere-se à transmissão de conhecimentos, de técnicas e de habilidades, legados históricos
considerados socialmente relevantes. A formação compreende ações intencionais, voltadas para
aspectos constituintes da personalidade moral (construção de valores) dos indivíduos, visando à
convivência social. Essa formação deve considerar valores e práticas relevantes na sociedade.
Defendemos a idéia de que escola e Democracia devem se articular na formação das novas
gerações, viabilizando a educação pela democracia e para a democracia. Pela Democracia, pois
acreditamos que a escola deve organizar seu funcionamento e seus conteúdos de forma a favorecer
o desenvolvimento de valores e práticas democráticas, junto aos seus alunos e alunas. Para a
Democracia, pois a formação para a cidadania, uma das tarefas da escola, deve orientar-se para a
convivência em uma sociedade democrática, onde valores como tolerância, igualdade, eqüidade,
liberdade são imprescindíveis.
A prática efetiva da Democracia na escola possibilita o envolvimento de todos os segmentos
que compõem a instituição educativa, de modo que esses exerçam seu papel diante da escola,
contribuindo com as decisões e sugestões para o sucesso da unidade escolar. A autonomia e a
participação caminham entrelaçadas com a democracia, articulando um conjunto de ações que
viabilizem a efetiva Democracia na escola e, em consequência na sociedade.
Portando, faz-se necessário enfatizar que, para que a Democracia e a participação estejam
presentes na escola, a concepção que possibilita tais aspectos é a gestão participativa, pois essa se
fundamenta em práticas de necessitam a colaboração de todos para o sucesso significativo da
instituição escolar.
No entanto a prática efetiva da Democracia na instituição escolar possibilita a todos
compreender a função e a importância de cada sujeito nas atividades educativas. Assim, a
democracia é a abertura de uma participação nos processos decisivos de todos que compõem a
escola, para que de fato, a instituição possa assegurar e fazer com sucesso o seu papel social.
Sob tal argumento Lück (2010, p. 56) afirma que:
A democracia se expressa como condição fundamental para que a organização escolar se traduza em um coletivo atuante, cujos deveres emanam dele mesmo, a partir de sua maturidade social, e se configuram em sua expressão e identidade, que se renova e se supera continuamente. Nessas condições, não se elimina inteiramente a necessidade de controle que a administração exerce, mas se coloca o controle como uma condição imanente e justa do processo todo, de cada um de seus segmentos, de modo que seja praticado como autocontrole dinâmico e flexível, passando, portanto, a força motivadora principal a ser caracterizada pela coordenação e liderança, em vez de pelo controle e comando externos, ou superiores.
Inferindo as ideias da autora, podemos afirmar que a participação é essencial para que a
Democracia seja vivenciada na escola e que, por meio de uma efetiva participação aconteça
maturidade social, de modo que, a sociedade possa ser transformada. A Democracia como
perspectiva de vivência social e coletiva possibilita uma transformação nas práticas sociais e
articula as diversas realidades para uma mudança nas atuações na sociedade. Portanto, participação
e Democracia, não se separam, uma está interligada à outra.
A participação de todos na instituição escolar é um dos objetivos vinculados a gestão
participativa e essa participação é o norte que a escola segue para que de fato exista a democracia na
escola. Lück (2010, p. 51) reflete que:
A ação participativa hábil em educação é orientada pela promoção solidária da participação por todos da comunidade escolar, na construção da escola como organização dinâmica e competente, tomando decisões em conjunto orientadas pelo compromisso com valores, princípios e objetivos educacionais elevados, respeitando os demais participantes e aceitando a diversidade de posicionamento e características pessoais.
Portanto, como destaca Lück (2010) a efetiva participação requer valores que ajudem o
próximo, compreendam seus limites e articulem os diversos valores e opiniões que existem em
meio ao grupo. Nessa perspectiva, podemos enfatizar que a participação de todos na escola
possibilita uma vivência humana e democrática, de modo que, prevaleça sobre as relações, ética,
responsabilidade mútua, solidariedade, entre outros valores essenciais que necessitam em espaços
educativos.
Em meio às concepções de Democracia e participação, já mencionadas, destacamos a função
da escola nos processos democráticos da educação no cotidiano, pois a escola é um espaço de
socialização entre seus agentes e a sociedade. Assim, percebemos a importância que ela, enquanto
instituição social tem na formação do indivíduo para gerar sujeitos capazes de compreender os
acontecimentos que lhes cercam e possivelmente, tentar transformá-los.
Hora (1994, p. 34) afirma que:
A escola como uma instituição deve procurar a socialização do saber, da ciência, da técnica e das artes produzidas socialmente, deve estar comprometida politicamente e ser capaz de interpretar as carências reveladas pela sociedade, direcionando essas necessidades em função de princípios educativos capazes de responder às demandas sociais.
A autora destaca a importância dos sujeitos que permeiam a escola a estarem preocupados
com as demandas sociais a ponto de entenderem a dinâmica da sociedade e poderem exercer a
democracia discutindo e refletindo sobre novas práticas que deveriam surgir para transformar a
realidade da sociedade. Nessa perspectiva é de fundamental importância que todos que fazem a
escola, se sintam comprometidos em compreender a dinâmica da sociedade para colaborar com a
formação social dos alunos, de modo que, eles também conheçam essa realidade e a possa mudar.
É necessário destacar que a escola é uma das instituições sociais que apresenta a maior
chance de estabelecer práticas de participação e entendimento das questões socais e os dilemas que
a população perpassa. Assim, a partir dessa compreensão é possível articular a realidade dos alunos
com os dilemas que a sociedade enfrenta para uma possível transformação. Agindo desse modo, a
instituição está possibilitando a participação e a conscientização de todos na sociedade.
A escola deve fazer com que os agentes que nela participam se sintam comprometidos com
os problemas que acontecem na sociedade e possam participar ativamente nas atividades que
favorecem a classe dos menos favorecidos. É necessário que a escola consiga fazer com que os
alunos compreendam que a mudança social começa com a mudança de pensamento e que eles,
enquanto sujeitos sociais devem empenhar-se para que essa mudança aconteça.
É indispensável relatar que, esse processo de conscientização não surge de um dia para o
outro, mas a partir de práticas que a escola proporciona para que essa mudança aconteça de modo
concreto. Interagindo desse modo, as escolas estarão contribuindo para o processo de participação e
democratização das ações dos sujeitos que a ela frequentam.
Lück (2010, p. 52-53) lista alguns objetivos essenciais que a escola deve cumprir para que
de fato aconteçam mudanças nas ações participativas dos alunos:
a)Promover o desenvolvimento do ser humano como ser social (cidadão) e a transformação da escola como unidade social dinâmica e aberta à comunidade, de modo que a educação se transforma em um valor cultivado pela comunidade e não seja, como muitas vezes é hoje considerada, uma responsabilidade exclusiva de governo e da escola. b)Desenvolver o comunitarismo e o espírito de coletividade na escola, caracterizados pela responsabilidade social conjunta, de modo que esta se torne ambiente de expressão de cidadania por parte dos profissionais e de aprendizagem social efetiva e de cidadania, por seus alunos.
Como destaca Lück (2010) para uma efetiva participação dos alunos e demais seres que
fazem parte da instituição escolar têm que haver uma dinâmica social, um pensamento coletivo que
restaure os paradigmas tradicionais e individuais, para novas posturas em todos em meio a
sociedade. Nessa perspectiva, a coletividade se torna um dos aspectos essenciais para o sucesso das
atividades escolares, bem como a permanência com sucesso dos alunos nas escolas.
É importante enfatizar que a Democracia na escola possibilita a todos compreender os
valores principais de ações de participativas, comunitárias e coletivas. Assim, o sujeito que entende
tais valores consegue se formar plenamente, tornando-se, um cidadão que exercerá seus direitos e
deveres, de modo a contribuir com as práticas sociais para o bem comum de todos.
Portanto, para que de fato tais ações possam acontecer, a autonomia é de suma importância,
pois essa favorece um maior envolvimento dos sujeitos nas práticas sociais, deixando-os livres para
suas escolhas conscientes. Logo, a escola deve conscientizar seu público para uma possível
construção de uma sociedade mais justa e igualitária, em que todos tenham oportunidades e sejam
reconhecidos como cidadãos que exercem a cidadania.
Por meio da autonomia, percebe-se que o sujeito encontra novos rumos para enfrentar e
questionar os desafios que são propostos, buscando através de suas experiências sociais, novas
concepções para viabilizar outros rumos e novas estratégias. É necessário destacar a importância do
entrelaçamento que há entre democracia, autonomia e cidadania para uma prática consciente de
participação e coletividade dos sujeitos frente às relações sociais na família, entre amigos, bem
como nas ações cotidianas em meio à sociedade. Agindo desse modo, a escola estará formando
sujeitos críticos, autônomos e conscientes das práticas democráticas que estão executando.
Sob tal aspecto Gadotti (1995, p. 202) enfatiza que:
A luta pela autonomia da escola insere-se numa luta maior pela autonomia no seio da própria sociedade. Portanto, é uma luta dentro do instituído, contra o instituído, para instituir outra coisa. A eficácia dessa luta depende muito da ousadia de cada escola em experimentar o novo caminho de construção da confiança na escola e na capacidade dela resolver seus problemas por ela mesma, confiança na capacidade de autogoverna-se.
Nesse sentido, o autor deixa claro seu ponto de vista em relação a importância da
descentralização das burocracias para uma prática efetiva de ações que possibilitem a autonomia,
participação na experiência de cada situação. Portanto, se faz necessário que as escolas tenham
ousadia para propor e realizar seus projetos possibilitando, principalmente o diálogo e a
participação de todos em seus eventos pedagógicos, divulgando e acionando toda comunidade local
para a participação e deliberação das ações a serem desenvolvidas pela instituição.
Numa escola que se fundamenta nas práticas da democracia tem por objetivo desenvolver a
autonomia dos sujeitos de modo que todos se responsabilizam pelo social e pelas ações praticadas
por eles. Nessa mesma concepção de escola, visa a criticidade e o diálogo como forma de
proporcionar situações que se articulam ao cotidiano dos alunos e que esses possam levar a partir de
exemplos democráticos na escola tais perspectivas para as práticas sociais.
Portanto, numa sociedade democrática as instituições escolares devem ser regidas pela
igualdade, liberdade, participação e justiça para que assim possibilitem as crianças, jovens e adultos
valores e práticas democráticas como afirma Rodrigues (1996, p. 60) “a escola necessária é uma
escola democrática e que prepara os indivíduos para a democracia”. Para que de fato exista a escola
democrática é necessária a parceria entre escola, comunidade, família e sociedade, pois todos os
órgãos citados devem se responsabilizar pela educação de qualidade em que execute a democracia e
a participação.
A gestão participativa só existirá de fato, quando a democracia estiver no interior da escola
pública e inserida na sociedade, quando todos se responsabilizarem por melhores condições de
educação e estejam preocupados com a emancipação dos sujeitos, articulando teoria e prática, ou
seja, as ações que se faz estejam condizentes com o que se diz.
A escola enquanto instituição social, agente de articulações dos saberes acumulados ao
longo da história tem um grande desafio que é desenvolver em seu interior práticas que possibilitem
aos alunos uma efetiva Democracia e possa cada vez mais fazer com que esses sujeitos entendem
seu papel de transformação na sociedade. Assim, a instituição educacional estará trabalhando de
maneira que os sujeitos se emancipem, ou seja, de modo que eles entendam sua realidade e
transforme-a com princípios de solidariedade, igualdade e respeito mútuo.
Para que tais concepções citadas aconteçam é papel da escola trabalhar na perspectiva da
gestão democrática, onde favoreça aos alunos participação, autonomia e criatividade e esses sujeitos
sejam ouvidos e atendidos para que suas vozes sejam sinais de transformação e mudança no
processo educativo.
Assim é necessário destacar que todos os agentes da instituição educacional também
participem das decisões, da elaboração de projetos que propiciem maiores oportunidades aos alunos
e a comunidade local. Ao gestor é seu papel articular as diferentes opiniões e chegar a um consenso
em que todos sejam atendidos e valorizados, sua função maior é proporcionar aos alunos uma
educação de qualidade que ofereça igualdade e oportunidades para todos.
A escola deve se embasar de práticas democráticas e ofertar aos alunos tais práticas para que
eles possam executá-las na sociedade. São vários os caminhos que a instituição educacional pode
trilhar para alcançar esse objetivo, porém é no interior da mesma que deve se manifestar essas ações
através do currículo, da avaliação e das práticas cotidianas. Agindo desse modo, a escola estará
contribuindo com os sujeitos para que sejam capazes de praticar a cidadania e a democracia nos
diversos âmbitos da sociedade e tornando-os sujeitos autônomos e críticos de sua realidade.
A participação da comunidade local é um dos discursos essenciais para a efetiva gestão
democrática é por meio da parceria estabelecida entre escola e comunidade que a sociedade de fato
se constitui como sociedade de todos e para todos. A participação dos pais na escola deve acontecer
de forma dinâmica e que eles sejam ouvidos e atendidos em suas reivindicações, pois eles são os
mais interessados em que aconteça uma educação de qualidade para todos.
Compreender como é e como pode ser a participação de crianças e jovens na escola parece
ser fundamental para se construir uma escola que tenha sentido na vida deles e possibilite também a
realização pessoal e profissional dos educadores. Hoje, a impressão é a de que os dois grupos se
frustram por não poderem atualizar na escola o que desejam e o que pensam que ela deveria ser.
Em muitas situações, o diálogo se torna difícil, quase impossível. Frente a um cenário que se
afigura inexorável, muitos educadores têm desistido da profissão, e muitas crianças e jovens
abandonam a escola; quando não podem fazê-lo, passam a odiar o saber, os livros e a situação
escolar. Se a escola precisa encontrar caminhos diferentes, esses não vão resultar da clarividência de
gestores, políticos ou governos, que, de cima para baixo, ditarão novos formatos, regulamentos e
objetivos para a vida escolar. Mostra-se imperativo que educadores, crianças e jovens se mobilizem
e participem desse processo. Só assim uma escola que diga respeito aos interesses de crianças e
jovens, e que traga em si possibilidades e objetivos que os educadores julgam como relevantes e
adequados, poderá ser construída.
A escola deve buscar, em parceria com sua comunidade, articular ações e projetos de
maneira a adequar suas demandas com as da sociedade.
A função social da escola é de promover a melhoria da comunidade pela educação de seus
filhos, e que, ao fazê-lo, recebem influência dessa comunidade, adaptando em seus objetivos,
programas, métodos, técnicas e ações concomitantes as necessidades da mesma, pois quanto maior
e melhor for o entendimento das funções e condições de funcionamento das partes do sistema e de
como interage, maior serão as probabilidades de se tirar vantagens de seus esforços e resultados.
Nessa perspectiva, nota-se que a escola deve surgir como veículo de educação criadora,
politizadora, devendo possibilitar ao indivíduo o seu crescimento como ser humano e sua integração
consciente e atuante na comunidade em que vive. No entanto, acreditar na disponibilidade e
atividade criativa dos elementos da comunidade, quando integrados politicamente no processo
educativo não e tão fácil, uma vez que as pessoas caracterizam-se por sua heterogeneidade e
diversidade cultural e social.
Segundo Durkheim (1978, p. 32) pode-se afirmar que cada um de nós, embora formando
uma unidade, é constituído de dois seres. Um ser individual formado por todos estados mentais que
só se relacionam consigo mesmo e um ser social que é um sistema de idéias, sentimentos e hábitos,
que exprimem em nós, não a nossa individualidade, mas os grupos diferentes de que fazemos parte.
Não nascemos com este ser social, nem ele se desenvolve espontaneamente em nós. O ser
humano, espontaneamente não se submeteria à autoridade, não respeitaria a disciplina, não se
sacrificaria por objetivos comuns se não vivesse em um meio social com regras valores, que devem
ser aprendidas e respeitadas. É a escola, como elemento de socialização, que o leva a tais condutas,
fazendo-o interagir na sociedade em que está inserido.
Esta instituição criada inicialmente para transmitir conhecimentos previamente elaborados
deve hoje, organizar-se para promover uma educação de maneira a formar um indivíduo
participativo para estar inserido numa sociedade na qual possa não só trabalhar e sobreviver, mas,
também, conviver solidariamente.
É preciso que nossa escola esteja voltada a formação de cidadãos atualizados, capazes de
participar politicamente, usufruindo daquilo que o homem historicamente produziu, mas ao mesmo
tempo dando sua contribuição criadora e transformadora da sociedade. Torna-se, portanto,
imprescindível a participação da comunidade no processo de realização de objetivos que constituem
a escola, uma vez que quanto maior for à parceria entre escola e comunidade na identificação de
valores éticos, na definição de objetivos e estratégias, maior será a possibilidade de oferecer aos
alunos um ambiente onde desenvolvam suas potencialidades.
A partir dessa realidade, é essencial que a escola se organize e estruture seu processo de
participação implantando no seu interior mecanismos que envolvam todos os segmentos escolares
objetivando uma interação com a comunidade na qual está inserida. Desse modo, percebe-se que a
escola deve buscar na comunidade a razão de sua existência haja vista que de nada adiantaria uma
escola que não estivesse voltada para atender essa sociedade.
Logo a nossa inquietação está exatamente em: Como a escola está buscando a participação
dessa comunidade para subsidiar sua ação? Sabendo que a escola necessita considerar as demandas
da comunidade a qual serve, e como estão sendo detectados as necessidades e anseios dessa
comunidade?
Fala-se tanto na relação escola - comunidade, escola- sociedade, mas não se tem clareza das
formas como essa relação se viabiliza e se a escola considera mesmo as demandas da comunidade,
para subsidiar seus planos de ação.
Desse modo percebe-se que a escola tem sido vista como uma instituição social
comprometida e tende a:
Reproduzir o modo de ser e a concepção de mundo, pessoas, grupos e classe através da troca de experiências mediatizadas pela autoridade pedagógica do educador. Esse modo de ser (ou essa concepção de mundo), inclui crenças, idéias, valores, ética, formas de trabalho e organização social, cultural, etc. Para reproduzi-las a educação desemboca em uma série de práticas de produção de vida social, tais como a preparação dos indivíduos mais jovens para ação futura na sociedade, transmissão da herança cultural e novas formas de trabalho. (RODRIGUES, 1996, p.69)
Por tanto, devemos atentar para o fato de que a escola é determinada socialmente e, sofre
interferências no seu interior. A educação deve contribuir para o ordenamento social, para promover
a coesão, para reforçar laços culturais e para garantir a integração de todos os indivíduos no corpo
social. Entretanto, deve estar atenta e trabalhar em conjunto, em interação com a comunidade, para
assim atingir o aluno como pessoa integral que traz em si o reflexo de uma experiência de vida.
Essa integração irá possibilitar aos pais desses alunos e à própria escola, a oportunidade de
conhecer, conviver e crescer com as experiências do filho e aluno, podendo assim atualizar-se e
exercer um papel ativo de participação na ação educativa.
Sobre esta relação:
O conceito mais importante, o elemento chave é o da participação, da comunidade interna e externa da escola. A participação na criação do conhecimento, a participação na determinação das necessidades essenciais da comunidade, a participação na busca de soluções e, sobretudo, a participação na transformação da realidade. Enfim, participação de todos aqueles que tomam parte no processo de desenvolvimento da educação. (RODRIGUES, 1996, p.36)
Neste enfoque, é que se retoma o papel da escola a qual consciente de sua obrigação como
unificadora de esforços, buscará desenvolver elementos como solidariedade, participação, decisão e
realização, estes, base de uma educação voltada para comunidade, fundamentados na legítima
democracia e nos ideais verdadeiros de compromisso e participação.
As ações escolares devem ser consolidadas em um contexto participativo, integrador de
todos seus segmentos, sincronizadas com o contexto atual, que requer uma política educacional
capaz de contribuir na condução do país ao pleno desenvolvimento, em conformidade com os
princípios democráticos em evolução.
Mais de vinte anos se passaram desde o término da ditadura militar, e o povo brasileiro vem
reconquistando sua atuação nas decisões políticas, portanto, a escola deve investir em projetos
político-pedagógicos que contribuam com a ação cidadã consciente e responsável. Esse pressuposto
é reforçado por Freire (2005, p. 79), o qual enfatiza que contextos não são imutáveis.
Não se trata obviamente de impor à população espoliada e sofrida que se rebele que se mobilize que se organize para defender-se, vale dizer, para mudar o mundo. Trata-se na verdade – não importa se trabalhamos com alfabetização, com saúde, com evangelização ou com todas elas –, de, simultaneamente com o trabalho específico de cada um desses campos, desafiar os grupos populares para que percebam, em termos críticos a violência e a profunda injustiça que caracterizam a sua situação concreta. Mais ainda, que sua situação concreta não é destino certo ou vontade de Deus, algo que não pode ser mudado.
Certamente a escola, nicho tradicional de socialização de conhecimentos é espaço
privilegiado para efetivações de mudanças, ao envolver a comunidade nas questões educacionais.
Segundo (NOGUEIRA, 1999) O sentido de comunidade presente neste trabalho é o de Cody;
Siqueira (1997). Para esses autores, por comunidade do entorno da escola, devem-se entender os
pais, os professores e os representantes do meio econômico, político e social, na qual a escola está
inserida.
Para nortear nosso estudo levantamos a seguinte indagação: como está a relação da escola
com a comunidade assistida? Por meio do estudo da relação escola-comunidade também poderemos
discutir indagações acerca:
Da formação para a cidadania, da possibilidade de promover uma educação mais significativa na escola, da solução de problemas de violência e vandalismo nas unidades escolares, da permanência das crianças na escola, das questões sobre a relação entre educação e trabalho... (NOGUEIRA, 1999, p. 14).
Na introdução dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), é abordada a relevância em:
[...] mostrar a importância da participação da comunidade na escola, de forma que o conhecimento apreendido gere maior compreensão, integração e inserção do mundo; a prática escolar comprometida com a interdependência escola-sociedade tem como objetivo situar as pessoas como participantes da sociedade – cidadãos - desde o primeiro dia de sua escolaridade. (BRASIL, 1998, p. 10).
Para concretizar esse intento, é imprescindível que ocorra integração entre a escola e a
comunidade atendida, com reconhecimento e valoração dos saberes extracurriculares e efetivação
de parcerias no trabalho educativo, atingindo o maior contingente de pessoas em sua área de
localização. Devemos considerar que todos os participantes do processo educativo têm a capacidade
de elaboração propostas para a melhoria da educação. Esse processo de interação deve ser pautado
no diálogo e na confiança. Para isso a escola deve oportunizar “situações de encontro” a fim de
conhecer os recursos da comunidade e os aspectos da sua realidade, visando à melhoria do ensino-
aprendizagem.
1.3- O papel da família na educação dos filhos
A partir do nascimento, a criança é inserida num contexto familiar que torna-se responsável
pelos cuidados físicos, pelo desenvolvimento psicológico, emocional, moral e cultural desta criança
na sociedade. Com isso, através do contato humano a criança supre suas necessidades e iniciam a
construção dos seus esquemas perceptuais, motores, cognitivos, lingüísticos e afetivos.
Também é a partir da família que a criança estabelece ligações emocionais próximas,
intensas e duradouras sendo cruciais para o estabelecimento de protótipos de liames subseqüentes
para uma socialização adequada.
Nos dias atuais percebemos que a escola reclama da ausência da família para acompanhar a
criança no seu desenvolvimento escolar da falta de limites dos pais aos filhos, da dificuldade de
transmitir uma boa educação. E não há presente maior para os pais do que assistir ao
desdobramento da personalidade dos filhos ver sua beleza brilhar no mundo e saber que sua
contribuição é essencial.
Sabemos que os pais exercem extrema influência, mais do que eles próprios imaginam.
Educar demanda uma grande responsabilidade. "A educação começa no berço", dizem. Na verdade,
a educação começa ainda no útero.
Sabe-se por meio de pesquisas recentes que a criança ouve "ruídos" do mundo externo e
sabe distinguir a voz do pai e da mãe. Sendo assim, no berço, começa a aprender as relações
interpessoais. Por vários motivos (falta de tempo por ambos terem que trabalhar), os pais colocam
seu filho cada vez mais cedo na escola e delegam seu papel de primeiro educador à escola.
No livro do Paulo Freire "Professora sim, Tia não” (1993), tenta resgatar o verdadeiro papel
da escola. Ser Professor (a) é muito mais do que ser babá ou substituto dos pais. Educar é muito
mais que ensinar boas maneiras, ler e escrever. É criar consciência crítica e formar um cidadão em
cada um de seus alunos.
Na perspectiva de Kaloustian (1988), a família é o lugar indispensável para a garantia da
sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo
familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e,
sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes.
Gokhale (1980) acrescenta que a família não é somente o berço da cultura e a base da
sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação, bem sucedida da criança na
família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto.
Evidenciado, no nosso tipo de organização social, o papel crucial da família quanto à
proteção, afetividade e educação, onde buscar fundamentação para a relação educação escola e
família?
O dever da família com o processo da escolaridade e a importância da sua presença no
contexto escolar é publicamente reconhecido na legislação nacional e nas diretrizes do Ministério
da Educação aprovadas no decorrer dos anos 90, tais como:
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), nos artigos 4º e 55; Política Nacional
de Educação Especial, que adota como umas de suas diretrizes gerais: adotar mecanismos
que oportunizem a participação efetiva da família no desenvolvimento global do aluno. Lei
de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), artigo 1º, 2º, 6º e 12;
Plano Nacional de Educação (aprovado pela lei nº 10172/2007), que define como uma de
suas diretrizes a implantação de conselhos escolares e outras formas de participação da
comunidade escolar (composta também pela família) e local na melhoria do funcionamento
das instituições de educação e no enriquecimento das oportunidades educativas e dos
recursos pedagógicos.
Esta é uma relação permeada pelos mais diversos fatores: o sofrimento dos pais por
afastarem seus filhos de si mesmos; os desejos de que a escola lhes ofereça o melhor, em todos os
aspectos; a necessidade da garantia dos melhores cuidados para com as crianças, os ciúmes que
sentem os pais ao dividirem os filhos com os professores, o medo do fracasso escolar, as projeções
dos próprios fracassos compensados através dos filhos
O planeta sofre transformações a cada segundo e a família precisa se adaptar a este mundo
de hoje. Os tempos são outros e isto deve ser levado em conta nas relações familiares. Os pais
precisam se atualizar e participar da educação e do desenvolvimento do seu filho.
Precisamos nos preocupar com a sobrevivência da família e, principalmente, com a
responsabilidade dos pais em educar seus filhos. É na família que começa a transmissão de valores,
a conscientização do certo e do errado, a percepção dos limites, os valores e as crenças.
Muitos pais deixaram de estabelecer regras, esquecendo-se que são os modelos morais para
seus filhos, passaram a usar a conversa de forma punitiva (horas de sermão e ameaças) e não como
uma forma de reflexão. Romperam com a punição e se tornaram permissivos. Porém, isto acarretou
conseqüências inesperadas.
Gomide (2004) relata que os filhos ficaram desobedientes, não respeitando seus pais e
professores, muitas vezes deixando de estudar, não querendo assumir compromissos profissionais,
tornando-se rebeldes e por via de conseqüência, alvo fácil de grupos desviantes.
Tal afirmação vai ao encontro com Paulo Freire, em seu livro Pedagogia da Indignação
inicia sua primeira carta pedagógica com destaque para essa realidade:
A mim me dá pena e preocupação quando convivo com famílias que experimentam a “tirania da liberdade" em que as crianças podem tudo: gritam, riscam as paredes, ameaçam as visitas em face a autoridade complacente dos pais que se pensam ainda campeões da liberdade. (2000, p. 29)
Os pais possuem controle velado de seus filhos e estão tomando consciência disso. Porém
sentem-se inseguros e não correspondidos ao colocar limites e regras.
As famílias sofreram grande modificação estrutural e poucas famílias seguem o modelo
tradicional; constituídas por pai, mãe e filhos. Há uma realidade em que muitas crianças vivem com
avós, tios, pais separados e outro agravante é que a maioria dos responsáveis legais tem uma
jornada de trabalho intensa o que dificulta na educação dos filhos.
A participação efetiva dos pais no processo de aprendizagem facilita a prática pedagógica
dos professores. Isso evidencia a responsabilidade que a escola tem em incentivar e apoiar sem
articulação família-escola. As duas instituições são responsáveis pela inserção do sujeito no
contexto social, devendo torná-lo capaz de alcançar o conhecimento com autonomia e acompanhar
as mudanças sociais, tecnológicas e econômicas
A família, especialmente os pais, ocupa um importante papel na mudança do comportamento
de seus filhos. Ela intervém no desenvolvimento humano do indivíduo, na relação com o meio
natural e social.
Segundo Prado (1981) diz que:
“Como toda instituição social, a família apesar dos conflitos é a única que engloba o indivíduo em toda a sua história de vida pessoal” (p. 09),
É nela que a criança adquiri suas primeiras experiências educativas, sociais e históricas que
a criança aprende a se adaptar às diferentes circunstâncias, a flexibilizar e a negociar, independente
das normas educacionais que são impostas aos familiares, através da escola, da ideologia vigente de
cada sociedade etc.
No ambiente familiar, modo de ser do sujeito pode ser aprendido por meio de imitações, de
significados atribuídos às determinadas situações que se dão na convivência via discurso das
pessoas da família ou via comportamentos. É na família, que a criança aprende a se relacionar com
outro, que aprende mitos, crenças e valores que traçam seu perfil como pessoa.
O mesmo autor aborda ainda que:
“A família influencia positivamente quando transmite afetividade, apoio e solidariedade e negativamente quando impõe normas através de leis, dos usos e dos costumes” (PRADO, 1981, p.13).
Contudo, a família tem maior responsabilidade na educação dos indivíduos, por estar em
constante contato em sua casa fase de formação e desenvolvimento. Dessa forma, a substituição da
família por outra instituição pode provocar uma insegurança emocional na criança, prejudicando
seu ajustamento social. A participação da família é fundamental no processo educativo da criança,
quando há satisfação das necessidades emocionais e sociais dos filhos.
Szymanski diz (2001):
“Uma instituição não substitui uma família mas com atendimento adequado, pode dar condições para a criança e o adolescente desenvolverem uma vida saudável no futuro”. (p. 53)
Dependendo das condições do meio e das relações existentes entre criança e os colegas e
membros da instituição, substituir a responsabilidade dos pais para a escola pode ajudar o
desenvolvimento pessoal da criança do que na convivência com uma família mal estruturada. Mas
sem dúvida, essa substituição priva a criança de experiências de relacionamento afetivo familiar que
são essenciais para construção da identidade. Assim, a família que transfere suas responsabilidades
para outros, como para o professor, que já tem conhecimentos sobre o funcionamento do sistema
escolar e acaba por valorizar e aceitar a ajuda do aluno, não contribui para a escolarização dos
filhos.
Para Portes (2000):
“É na família que o indivíduo irá buscar energia, sustentação para enfrentar situações difíceis de serem vivenciadas”. (p.70).
Nesse sentido, a família deve realizar um trabalho no interior do lar para que o filho supere
as diversas situações difíceis como a ausência dos pais, as dificuldades financeiras e outros, levando
o filho a dar continuidade aos estudos, pois a formação adquirida no interior da família, a imagem
de pais sérios, honestos e trabalhadores favorecem no desempenho escolar dos filhos e nos seus
comportamentos escolares.
“A família não é um simples fenômeno natural. Ela é uma instituição social variando através da história e apresenta até formas e finalidades diversas numa mesma época e lugar, conforme o grupo social que esteja” (PRADO, 1981, p. 12).
Sabe-se que na atualidade, a família assume uma função social voltada para atender as
exigências do mercado de trabalho, pois a política vigente, globalizada, direciona a ação da família
e da escola, porém mesmo com essa denominação os pais ainda ocupam grande parcela de poder de
decisão sobre filhos menores.
O autor Prado (1981, p.64) aborda ainda dizendo que a família, é a instituição mais sólida
desde os princípios da era cristã.
É nela que a criança mantém os contatos mais13 íntimos, já que é o primeiro grupo social a
que ela pertence, devendo a família juntamente com a escola, desenvolver o processo educacional.
Para que a família compreenda seu papel na educação dos filhos é necessário um
conhecimento amplo em diversos aspectos como: afetividade, resgate da autoridade dos pais,
direitos e deveres dos pais em relação aos filhos e vice-versa, limites, importância dos estudos,
adolescência, etc.
O papel principal da família na educação dos filhos é dedicar um cuidado especial. Levar a
eles conselhos prudentes e sábios, o ensinamento oportuno, a necessária advertência, extraídos esses
elementos valiosos da experiência própria.
2- CAPITULO II: A INTERAÇÃO COMUNIDADE E ESCOLA
2.1- Escola Democrática
A escola democrática é aquela que está aberta ao diálogo intenso com toda comunidade
escolar, sem distinção; procura moldar as formas instituídas de organização da escola ao novo
momento de democratização da sociedade e da educação escolar e, necessariamente, precisa criar
novos meios de se adaptar ao paradigma da participação. Em uma escola democrática não pode
faltar o comum acordo entre os diferentes membros da comunidade escolar, através, justamente, da
participação ativa na construção de propostas e alternativas que fortaleçam a união em torno da
gestão do ensino.
A escola democrática caracteriza-se por manter uma gestão democrática, a qual inicia com a
construção do Projeto Político Pedagógico e sua respectiva execução. Esta concepção é considerada
de difícil aplicação, como a entende Ilma Veiga:
“a gestão democrática, no interior da escola, não é um princípio fácil de ser consolidado, pois se trata da participação crítica na construção do projeto político-pedagógico e na sua gestão.”. (2002, p. 18).
Para a autora, o Projeto Político Pedagógico figura como o instrumento por excelência da
construção de uma escola democrática, pois exige a participação de toda a comunidade escolar para
definir os rumos da escola. Deste modo, e simplificando, construir o Projeto Político Pedagógico e
geri-lo equivale à gestão democrática da escola.
A presente investigação, a reativação dos mecanismos de participação (conselhos,
associações, assembléias, conferências e outros) é a maneira mais eficaz de aproveitar práticas já
existentes na escola para, tendo um ponto de partida, significá-los diante do novo contexto de
implementação de uma gestão democrática e construção de uma escola do mesmo tipo.
Uma escola democrática é uma escola que se baseia em princípios democráticos, em
especial na democracia participativa, dando direitos de participação para estudantes, professores e
funcionários. Esse ambiente de ensino coloca os alunos como atores centrais do processo
educacional, os educadores participam facilitando as atividades de acordo com os interesses dos
estudantes.
Outro aspecto importante de uma escola democrática é dar aos estudantes a possibilidade de
escolher o que querem fazer com seu tempo. Os estudantes são livres para escolher as atividades
que desejam ou que acham que devem fazer. Dessa forma aprendem a terem iniciativa. Eles
também ganham a vantagem do aumento da velocidade e no aproveitamento do aprendizado, como
acontece quando alguém está praticando uma atividade que é do seu interesse. Os estudantes dessas
escolas são responsáveis pelo processo ensino aprendizagem e têm o poder de dirigir seus estudos
desde muitos novos.
A escola democrática mais antiga ainda em funcionamento é Summerhill na Inglaterra, que
foi fundada em 1.921 por A.S. Neill. Summerhill é uma escola particular que recebe dinheiro
público e é obrigada a atender os padrões governamentais.
Nos Estados Unidos da América, exemplo conhecidos de escolas bem sucedidas são as
Sudbry Valley School, Play Mountain Place, The Circle School e Albany Free School. Na
Austrália, a Currambena Primary School existe desde 1.969.
Atualmente, redes articulam cerca de 500 escolas que se identificam como escolas
democráticas em países como Austrália, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Israel, Japão, Nova
Zelândia, Rússia, África do Sul, Holanda, Inglaterra, Estados Unidos da América e Brasil.
As escolas brasileiras em busca de um ensino de qualidade estão se espelhando em escolas
democráticas já consolidadas, para inserir na cultura brasileira essa nova maneira de constituir a
educação.
Uma das características marcante desse tipo de escola é o diálogo entre todos os envolvidos
no processo: pais, educadores e estudantes se reúnem em uma Assembléia para conversarem sobre
o que é necessário para a escola, desde o conteúdo na sala de aula, até se a escola precisa de pintura
ou não, em algumas escolas até as crianças de dois anos participam desta reunião.
A escola democrática é diferente da escola tradicional. A primeira geralmente não está
divida em séries e sim em ciclos, os alunos junto com os professores escolhem o que será
aprendido. A outra é a escola que muitos de nós estudamos, ou estudou, onde as coisas
simplesmente são impostas aos alunos, como se estes fosses um problema e não parte do processo.
Escutar o aluno, entender suas necessidades e o que deseja aprender, permitir que ele
aprenda junto com os educadores e a comunidade escolar, decidam qual o caminho que deve ser
seguido, este é o segredo da educação democrática.
As escolas democráticas pretendem serem espaços democráticos, de modo que a idéia de
democracia também se estenda aos muitos papéis que todos desempenham nas escolas. Isso
significa que os educadores, profissionais, assim como pais e a comunidade que está inserida a
escola e outros cidadãos tenham o direito de estar bem informados de ter participação crítica na
criação das políticas e programas escolares para si e para os jovens. São marcadas pela participação
geral nas questões administrativas e de elaboração de políticas.
As Assembléias para tomadas de decisões não incluem apenas educadores profissionais, mas
também os educandos, seus pais e outros membros da comunidade escolar. Nas salas de aula, os
jovens e os professores envolvem-se no planejamento cooperativo, chegando a decisões que
respondem ás preocupações, aspirações e interesses de ambas as partes. Esse tipo de planejamento
democrático, tanto no âmbito da escola quanto da sala de aula, não é unânime para chegar a
decisões predeterminadas que muitas vezes tem criado ilusão de democracia, mas uma tentativa de
respeitar o direito das pessoas participarem na tomada de decisões que afetam sua vida.
Essas escolas democráticas valorizam a diversidade de sua comunidade não as considera um
problema. Essas comunidades incluem pessoas que refletem diferenças de idade, cultura, etnia,
sexo, classe socioeconômica, aspirações e capacidades. Essas diferenças enriquecem a comunidade
e o leque de opiniões que deve considerar. Separar pessoas de qualquer idade como base nessas
diferenças ou usar rótulos para estereotipá-las são procedimentos que só produzem diferenças que
diminuem a natureza democrática da comunidade.
As comunidades das escolas democráticas são marcadas pela ênfase na cooperação e na
colaboração, e não na competição.
Em uma escola democrática não há barreiras educacionais, eliminam-se a formação de
grupos com base na capacidade dos alunos, provas preconceituosas e outras iniciativas que tantas
vezes impedem o acesso e permanências de todos na escola, proporcionando um ensino de
qualidade para todos, sem exclusão. As escolas democráticas não procuram apenas amenizar a
dureza das desigualdades sócias na escola, mas mudar as condições que a geram.
De acordo com Mantoan (2003) no Brasil começou a ser possível escolas democráticas a
partir de 1996 com Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que possibilitou mudanças, pois
cada escola tem autonomia para escolher sua maneira de trabalhar. Agora com o paradigma da
inclusão essas escolas passam a ser não só uma utopia, mas a possibilidade de uma escola de
qualidade que contemple a diversidade humana.
O valor da autonomia nas escolas democráticas encontra sua expressão máxima, os alunos
são estimulados a exercê-la durante todo processo ensino aprendizagem, pois elaboram seus
currículos e aprendem a conduzir o tempo de trabalho, vivem a autonomia sendo assim aprendem a
ser autônomos.
Nessa perspectiva as crianças são educadas através da autonomia, com uma liberdade que
exige a responsabilidade, aprendem distinguir entre liberdade e libertinagem, que sua liberdade
começa onde começa a liberdade do outro, exercer sua cidadania desde muitas pequenas
reconhecendo o poder da verdadeira democracia.
A democracia permeia todos os princípios da Educação Democrática, a comunidade escolar
como um todo decide e compartilha todos os problemas e progressos da instituição, e os alunos
como protagonistas dessa instituição aprendem todo o conteúdo previsto nos parâmetros que regem
a educação no país, e principalmente os princípios democráticos, contribuindo para a
democratização de toda a sociedade.
Uma escola democrática atende esses princípios visando à aprendizagem individual
valorizando a maneira que cada um tem de construir sua aprendizagem.
2.2- Escola da Ponte em Portugal
A Escola Básica Integrada Aves São Tomé de Negrelos, a Escola da Ponte existe numa
comunidade humilde em Vila das Aves, no concelho de Santo Tirso, distrito do Porto, Portugal e
promove a educação de crianças e adolescentes de 6 aos 15 anos. Trata-se de uma instituição de
ensino público cujo projeto denominado “Fazer a Ponte” foi idealizado por um grupo de educadores
e coordenado pelo professor José Pacheco em 1976. Nesta instituição de ensino:
O papel do professor é o de fomentador de curiosidades, de orientador na resolução de problemas. O professor é alguém que ajuda a resolver problemas, que estimula as crianças, que confia nas suas potencialidades. O professor não se impõe pelo seu estatuto, assume tarefas de estímulo e organização. (PACHECO, 2001, p.75)
O professor ou orientador educativo como é denominado assume o papel de orientador das
situações de aprendizagem e o discente é estimulado a adquirir autonomia diante de suas escolhas,
situações estas que vão refletir em sua vida pessoal. A instituição escolar, enquanto ambiente de
“adestramento cognitivo” dá lugar a um ambiente de amizade, solidariedade, respeito e pesquisa.
Neste ambiente, toda a comunidade escolar assume a responsabilidade sobre a educação destes
indivíduos, o que é definido pelo regulamento escolar.
Esta era uma escola como todas as outras, até surgir o projeto educativo em que se baseia
atualmente. A remodelação do funcionamento da mesma foi feita por um conjunto de orientadores
educativos que se aperceberam de vários problemas que uma escola tradicional acarreta, como por
exemplo, o fato do trabalho dos alunos ser passivo e conduzido pelo professor e pelo seu ritmo,
apesar de todos terem direito à sua opinião e às suas diferenças.
Os alunos estudam os assuntos que lhes despertam o interesse, sempre mediados pelo
professor, além disso, a cidadania é ensinada e exercitada a todo o momento.
Ocorre o respeito aos diferentes tempos de aprendizagem, por isso acolhe crianças com
histórico de violência, problemas emocionais ou portadoras de Necessidades Educativas Especiais
(NEE). Na concepção do projeto educativo da escola, todas as crianças possuem singularidades a
serem trabalhadas, onde criam um ambiente de companheirismo e ajuda mútua.
Não há seriação, aulas, nem separação por idades e sim são criados grupos de estudos
divididos em: iniciação, consolidação e aprofundamento. O currículo da escola baseia-se no
currículo nacional e visa atingir competências, para tanto são desenvolvidos projetos que visam às
dimensões artística, lógico-matemática, identitária, naturalista e linguística.
Rubem Alves descreve a magia que sentiu ao descobrir a Escola da Ponte, apresentada por
uma criança:
“Nós não temos salas de aulas. Não temos classes separadas (…) também não temos aulas, em que um professor ensina a matéria. Aprendemos assim: formamos pequenos grupos com um interesse comum num assunto, reunimonos com uma professora e ela, connosco, estabelece um programa de trabalho de 15 dias, dando-nos orientação sobre o que deveremos pesquisar e os locais onde fazer essa pesquisa.” (ALVES 2001; p. 32)
De acordo com Escola da Ponte (2009) A primeira grande diferença entre a Escola da Ponte
e as outras escolas é a estrutura do espaço, pois é um edifício P3 de área aberta, que permite aos
alunos uma melhor deslocação para o seu trabalho diário. Assim como não se vêem salas de aula ou
alunos sentados em filas ordenadas a ouvir um professor, também não se encontram turmas de
alunos: a escola é constituída por um grupo heterogêneo de alunos com diferentes idades e
capacidades. Os alunos gerem quase em total autonomia os tempos e espaços educativos,
escolhendo o quê e com quem querem estudar, podendo fazê-lo individualmente ou em grupo.
Quando pretendem estudar com um professor pedem ajuda e as dúvidas são resolvidas em pequeno
grupo. Têm ainda recursos disponíveis para auxiliar a sua aprendizagem, como por exemplo,
manuais escolares, enciclopédias, vários livros temáticos e a internet.
Segundo Alves (2001) Quanto aos momentos de avaliação, estes são entendidos como
oportunidades de aprendizagem.
Seguindo essa temática de avaliação a Escola da Ponte (2009) descreve que existem vários
instrumentos de avaliação, entre os quais a observação que é uma das principais e ocorre
constantemente, permitindo avaliar os alunos quanto às suas atitudes e valores a auto-avaliação, que
é feita quando o aluno sente que já sabe um determinado ponto ou objetivo e como tal indica numa
folha do “Eu já sei” que está preparado para ser avaliado “formalmente”, avaliação essa que pode
ser efetuada, por exemplo, através de uma conversa ou da resolução de um exercício/problema.
Descreve ainda que quando uma determinada aluna pensa que esgotou todos os instrumentos que
tem ao seu dispor para estudar um determinado assunto (biblioteca, computador, colegas) e mesmo
assim não aprendeu um determinado assunto, recorre ao professor. O aluno escreve o seu nome, e o
tema em estudo na folha do “Eu preciso de ajuda”. “Depois, o professor dirige-se ao aluno e tenta
esclarecê-lo no que os alunos costumam chamar de “aula direta”“. Já no caso da Assembléia da
Escola, os Debates e as apresentações de trabalhos constituem excelentes momentos de avaliação
Alves (2001) aponta que na Escola da Ponte funciona uma dinâmica de educar na cidadania,
em vez de educar para a cidadania. O modelo pedagógico subjacente é um modelo de competência,
em que o mais importante é o desenvolvimento do aluno enquanto pessoa. Nesta escola aprende-se
a ser responsável no dia-a-dia a partir da liberdade que é dada a cada aluno para fazer as suas
próprias escolhas.
O autor aborda ainda que os objetivos surgem das necessidades, proporcionando uma
aprendizagem enriquecida pelo gosto da descoberta. As crianças aprendem verdadeiramente,
dispensando programas rígidos e descontextualizados das suas necessidades que o corpo tem uma
precisa filosofia de aprendizagem, ele aprende os saberes que o ajudam a resolver os problemas
com que se defronta. Os programas são uma violência contra a forma que o corpo tem de aprender.
Diferentemente das escolas comuns que preparam o discente para a cidadania, a Escola da
Ponte educa na cidadania, para o hoje que é algo tão urgente. O educar na cidadania é também para
a cidadania, no presente e no futuro. Na Ponte, a participação de todos na elaboração, aplicação e
execução de direitos e deveres, fortalecem estas relações, que se encontram enfraquecidas na
contemporaneidade.
2.3- Modelo de sucesso
Um modelo de sucesso é o trabalho voluntário, ou seja, é uma atividade não remunerada
pautada pela ética, exercida em benefício da sociedade e que fortalece o sentido de solidariedade e
de responsabilidade social.
É uma via de mão dupla que gratifica quem trabalha ao mesmo tempo em que gera novas
experiências com oportunidades de aprendizado. O voluntariado não substitui o Estado nem se
choca com o trabalho remunerado, porém mostra a capacidade da sociedade de assumir
responsabilidades e de agir por si mesma.
O voluntário é o cidadão que doa seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não
remunerada, a causas de interesse social e comunitário. É agente propulsor da cidadania ativa, da
melhoria da qualidade da educação e da transformação da sociedade
Um modelo de sucesso é o Projeto “Amigo da Escola”, criado pela Rede Globo (TV Globo e
emissoras afiliadas) com o objetivo de contribuir para o fortalecimento da educação e da escola
pública de educação básica.
O projeto estimula o envolvimento de todos (profissionais da educação, alunos, familiares e
comunidade) nesse esforço e a participação de voluntários e entidades no desenvolvimento de ações
educacionais complementares, e nunca em substituição, às atividades curriculares/educação formal
e de cidadania, em benefício dos alunos, da própria escola, de seus profissionais e da comunidade.
É implementado em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Faça
Parte, Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação (Undime), além de instituições e empresas comprometidas com a educação
de qualidade para todos.
O Amigos da Escola é um projeto de comunicação implementado de forma descentralizada.
Ele utiliza a força mobilizadora da Rede Globo para sensibilizar a população e a comunidade
escolar a darem sua contribuição para a melhoria contínua da escola pública (em seu papel essencial
de educação formal e centro da comunidade). Além disso, desenvolve ferramentas úteis para a
escola que realiza ou pretende realizar atividades com voluntários.
O que os Amigos da Escola se propõem a fazer?
Mobilizar voluntários por meio de campanhas na TV e informar a população (pelo site e
pelo telefone) sobre as escolas que estão interessadas em receber voluntários;
Divulgar boas experiências nos espaços jornalísticos da Rede Globo;
Promover Dias Temáticos nacionais que possam ser aproveitados pela escola para dinamizar
suas atividades e projetos;
Contribuir com subsídios para a direção da escola, fornecendo informações e recursos para
que a própria escola desenvolva suas competências para o melhor aproveitamento e
organização das atividades.
O que não faz?
Não garante a presença do voluntário nas dependências da escola;
Não seleciona, indica ou capacita diretamente os voluntários;
Não pede ou oferece contribuições financeiras;
Não determina ou organiza atividades pela escola;
Não é mais um projeto a ser implantado formalmente pela escola.
O Projeto Amigos da Escola tem como premissas:
Valorizar a escola, entendida como:
Um bem comum pertencente a todos;
Um espaço formal de aprendizagem e, portanto, um espaço privilegiado para o exercício da
cidadania;
Um centro cultural da comunidade que tem uma função social, vida própria e realidades
diferenciadas que precisam ser conhecidas, respeitadas e valorizadas.
Valorizar os educadores enquanto agentes fundamentais do processo de ensino-
aprendizagem e da interação escola-comunidade.
Valorizar o conhecimento e a aprendizagem dos alunos, bem como a aplicação dos saberes
escolares em práticas sociais voluntárias.
Valorizar o aluno enquanto agente da construção de seu próprio conhecimento, a partir de
vivências sociais e educativas.
O projeto Amigos da Escola está estruturado em três instâncias de implementação, de forma
a assegurar uma maior eficiência de atuação e alinhamento em relação às necessidades das escolas:
Núcleo de Estratégia - Contando com representantes máximos da TV Globo, do Faça Parte, do
Consed, da Undime e do UNICEF, tem por função estabelecer e validar diretrizes e
macroestratégias do projeto.
Núcleo de Planejamento e Ação Nacional - Contando com representantes das emissoras
Globo e afiliadas, do Faça Parte, do Consed (todas as Secretarias Estaduais convidadas), da Undime
(todas as Undimes Estaduais convidadas) e do UNICEF, tem por função estruturar toda a operação
do projeto.
Núcleos Estaduais/Regionais - Contando com representantes das emissoras Globo e
afiliadas, do Consed (Secretaria Estadual de Educação) e da Undime Estadual (ou Secretarias
Municipais de Educação), têm por função:
Estabelecer estratégias, planejamento e calendários locais;
Realizar atividades, projetos e eventos (como Dias Temáticos);
Buscar parceiros locais;
Motivar e apoiar escolas (know-how, contatos, materiais, fontes);
Acompanhar o desenvolvimento de atividades em grupos de escolas;
Encaminhar sugestões de pauta para jornalismo, site e boletins;
Relatar atividades periodicamente.
No entanto o voluntariado é o conjunto de ações de interesse social e comunitário em que
toda a atividade desempenhada reverte a favor do serviço e do trabalho. É feito sem recebimento de
qualquer remuneração ou lucro. É uma profissão de prestígio, pois o voluntário ajuda quem precisa
contribuindo para um mundo mais justo e mais solidário.
3- CAPITULO III: AÇÕES PARTICIPATIVAS
3.1- Escola da família: Projeto democrático com ação participativa
O Programa Escola da Família foi criado no dia 23 de agosto de 2003 pela Secretaria de
Estado da Educação de São Paulo. Ele possibilita a abertura de escolas da Rede Estadual de Ensino,
aos finais de semana, com o objetivo de criar uma cultura de paz, despertar potencialidades e
ampliar os horizontes culturais de seus participantes. Reunindo profissionais da Educação,
voluntários e universitários, o Programa oferece às comunidades paulistas atividades que
contribuem para a inclusão social, tendo como foco o respeito à pluralidade cultural e a uma política
de prevenção que concorra para uma qualidade de vida cada vez melhor.
No site deste programa aborda que cada escola organiza as atividades dentro de 4 eixos:
Esporte, Cultura, Saúde e Trabalho. Em diversas regiões do Estado, as escolas públicas constituem
o principal, ou, muitas vezes, o único equipamento público comunitário, especialmente nas
localidades em que há pouca ou nenhuma opção de lazer e cultura.
Os espaços escolares, normalmente ociosos aos finais de semana, passam a ser ocupados
com atividades endereçadas à comunidade, favorecendo-lhe o direito de conquistar e fortalecer sua
identidade. Assim, responsavelmente, essa comunidade, apropriando-se desses espaços, agrega ao
seu cotidiano valores essenciais para a edificação de uma cultura participativa.
Hoje, milhares de universitários, de todo o Estado de São Paulo, dedicam seus finais de
semana ao Programa Escola da Família e, em contrapartida, têm seus estudos custeados por um
programa de concessão de bolsas - o Programa Bolsa Universidade - realizado em convênio com
instituições particulares de Ensino Superior.
Esse convênio garante aos universitários 100% de gratuidade nos seus cursos, sendo 50% da
mensalidade paga pelo Estado (limitada a um teto de R$ 310,00/mês, renovável semestralmente) e o
restante financiado pela Instituição de Ensino Superior respectiva.
Os universitários, contemplados com os benefícios do Bolsa Universidade, por meio de seu
empenho e dedicação, contribuem efetivamente para o desenvolvimento da comunidade local. Ao
término do curso, poderão incluir em seu currículo essa experiência adquirida, rica em
responsabilidade social e participação comunitária.
O mesmo site aborda ainda: operacionalização, a importância do Educador Voluntário, os
eixos que são abordados nesse programa. Explica a importância das parcerias para a comunidade.
Operacionalização
A gestão do Programa é compartilhada entre a CENP-Coordenadoria de Estudos e Normas
Pedagógicas/Secretaria de Estado da Educação e a DPE-Diretoria de Projetos Especiais/FDE-
Fundação para o Desenvolvimento da Educação, órgão executor do Programa Escola da Família.
Educador Voluntário
O voluntariado é um dos pilares do Programa e representa o desenvolvimento de atividades
com a participação da comunidade, aliando forças entre a sociedade civil e o Poder Público.
A participação de voluntários no Programa está regulamentada pela Lei Nº 9.608/98 e sua
atuação é formalização com a assinatura do Termo de Adesão.
A ação voluntária de estudantes da Rede Estadual está regulamentada pela Resolução
143/2002 e poderá ser incluída no histórico escolar dos mesmos.
Eixos
Os quatro eixos norteadores do Programa – Cultura, Esporte, Saúde e Trabalho constituem
os marcos-estruturantes da Grade de Atividades e embasam o planejamento das ações aos finais de
semana, contribuindo para a interlocução com as atividades da semana letiva.
A escolha dos eixos fundamentou-se no relatório final do perfil e avaliação da comunidade,
de alunos participantes e não-participantes do projeto piloto, de abertura das escolas da Rede
Estadual de Ensino da Grande São Paulo.
Eixo Cultura
A Cultura envolve todas as formas de manifestação artística; apresenta a expressão humana
sobre si, o outro, a sociedade e o mundo nas diferentes linguagens: teatrais, cinematográficas,
corporais, musicais, plásticas, fotográficas, folclóricas e científicas; promove o (auto) conhecimento
e o senso crítico; colabora para a formação da identidade; propicia a experimentação de outros
papéis. Este eixo tem como principal intuito possibilitar as diferentes manifestações artísticas, os
costumes e expressões da comunidade.
Deve ser desenvolvido a partir da realidade da escola e das sugestões colhidas na
comunidade, promovendo tempo e espaço para o diálogo entre os participantes, conferindo
legitimidade às manifestações e enfatizando o respeito à diversidade cultural.
Eixo Esporte
O Eixo Esporte tem como objetivo não só colaborar para o desenvolvimento físico como
também contribuir para a formação integral do indivíduo, na construção do trabalho coletivo e na
aquisição de valores sociais. Esse eixo aponta caminhos para a redução de desigualdades,
promovendo a inclusão social.
Eixo Saúde
O Eixo Saúde propõe uma abordagem ampla que vai além do aspecto biológico, tratando o
tema como uma questão social resultante das condições de alimentação, educação, renda, meio
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer e acesso aos serviços de saúde. Esse resultado é
expresso na qualidade de vida da comunidade que deve ser imbuída, cada vez mais, de ações
preventivas para fortalecer positivamente seu desenvolvimento.
Eixo Trabalho
O Eixo Trabalho abrange o desenvolvimento de atividades que possibilitam geração de
renda e/ou aquisição de competências e habilidades. Esse eixo valoriza o fazer local, buscando
alternativas que possam suprir possíveis necessidades.
Parcerias
As parcerias são estabelecidas local e regionalmente. Esse estabelecimento é regulamentado
pela Resolução SE 24/05, e sua formalização é feita por meio da assinatura de um protocolo de
intenções.
Mais do que proporcionar sustentabilidade aos projetos, a parceria contribui para que a
diversidade de olhares e identidades que compõem a comunidade tenha expressão nos espaços
escolares, reforçando o princípio básico de que a cultura de paz só pode ser construída
coletivamente.
O site do Programa Escola da família divulga questões que poderão subsidiar o
desenvolvimento do trabalho na busca de parceiros que são:
Fortalece o compromisso de todos para com a coletividade;
Contribui para ampliar o universo cultural da comunidade e fortalecer as relações
comunitárias;
Possibilita a criação de novas oportunidades, agrega valores humanos e aprendizado
organizacional a todos os envolvidos;
Contribui para a sustentabilidade de projetos;
Viabiliza a soma de esforços e gera um compartilhamento de ações, resultando em uma
aliança social;
Possibilita um intercâmbio entre as políticas públicas de cunho social e a sociedade civil.
O Programa Escola da família oferece aos parceiros:
Divulgação nos espaços escolares;
Divulgação nos materiais de comunicação da própria instituição parceira;
Reconhecimento público por meio de eventos e certificação;
Outras propostas a serem apresentadas pelos parceiros;
Aqueles que se associam ao Programa agregam à sua imagem valores como:
Compromisso e responsabilidade sociais;
Cidadania empresarial;
Melhoria da imagem junto aos colaboradores e à comunidade.
Podem estabelecer parcerias com todos os setores organizados da sociedade civil: empresas,
ONGs, associações, sindicatos, outras esferas do poder público (municipal, estadual e federal) e
demais instituições - quanto mais alinhados estiverem os parceiros, maior será a contribuição social
gerada por essa parceria.
Não estabelecem parcerias com instituições e pessoas de comportamento ético duvidoso ou
ligado a produtos e serviços que ofereçam algum tipo de risco à comunidade, tais como:
automedicação, cigarros e bebidas alcoólicas, jogos de azar e atentado ao pudor.
As parcerias são mantidas por meio de um relacionamento pautado na transparência, em que
as partes se comprometam a prestar informações por meio de relatórios e outros registros afins.
Esse programa é um grande desafio, e seus agentes principais são os educadores
profissionais, que podem permitir, se compreenderem o seu papel como mediadores da cidadania,
redesenhar os espaços educacionais de modo a romper o muro de isolamento que caracteriza a
educação escolar. Entretanto, é preciso contar, também, neste contexto, com a responsabilidade das
políticas públicas, dos sistemas educativos e das instituições de ensino para prover e apoiar
programas como este, no sentido de melhorar a qualidade e a relevância da educação brasileira.
Finalizando esse tema, o Programa Escola da Família aproxima a sociedade e a escola com
um trabalho de sociabilização, que por meio do lúdico educa estudantes e moradores de todas as
idades do entorno das escolas. Por meio do Programa, as unidades escolares da rede pública do
Estado de São Paulo são abertas aos sábados e domingos das 9h às 17h para realização de
atividades com a comunidade local de acordo com os quatro eixos norteadores do programa:
esporte, cultura, saúde e qualificação para o trabalho.
As atividades são promovidas com o auxílio de Educadores Profissionais, Educadores
Universitários e Educadores Voluntários em prol da inclusão social, tendo como foco o respeito à
pluralidade e uma política de prevenção e de paz que concorra para uma qualidade de vida cada vez
melhor.
3.3- Análise da Pesquisa de Campo
A pesquisa de campo foi aplicada em na escola Estadual E.E Francisco Feliciano Ferreira da
Silva, localizada na Avenida Nove de Julho nº 473, CEP: 12327682, na cidade de Jacareí-SP. Esta
escola está localizada em um bairro no centro da cidade de Jacareí que atende atualmente 1000
(Mil) alunos, distribuídas de acordo com a faixa etária, nos períodos de manhã, tarde e noite.
É uma escola situada em uma comunidade que dispõe dos seguintes recursos: Posto Médico,
Creche Municipal, Escola Municipal de Ensino Fundamental (Ciclo II e Ensino Médio), padarias,
mercearias, açougues, farmácias, depósitos de materiais para construção, bazares, papelarias, Igrejas
Católica e Evangélica, no entanto a religião que predomina é a católica.
Como sujeitos de pesquisa buscamos a comunidade escolar em geral (pais, corpo técnico,
docente, discente), pois consideramos que suas opiniões seriam fundamentais para realização deste
estudo.
Para a realização desta investigação utilizou-se, como técnica de coleta de dados, o
questionário com 21 questões, que foi aplicado para três (03) professores atuantes, uma vez que já
possui um vínculo com a mesma e conhece seu processo organizacional e pedagógico e os quais
expuseram suas opiniões livremente.
Os alunos foram dois (02) do Ensino Fundamental. E os pais foram quatro (04), haja vista
que se precisaram obter informações a respeito de trabalhos e atividades desenvolvidas na escola, os
quais cotam com suas participações.
A pesquisa foi aplicada com o objetivo de coletar dados empíricos que pudessem propiciar
fundamentação à pesquisa teórica referente aos aspectos reiterativos à questão integração escola-
comunidade: ações participativas.
Com base na análise das entrevistas sobre a questão número 1, foi possível verificar que
todos os professores entrevistados têm Formação Superior e apenas um com Pós Graduação. Os
alunos entrevistados, um está cursando a 5ª série e o outro a 9ª série. Ao deparar com as respostas
dadas pelos pais ficamos completamente tristes, pois 3 dos 4 entrevistados nunca estudaram, e um
cursou o ensino Médio.
Gráfico 01
Todos os entrevistados relataram na segunda questão, que a consideram a educação
importante.
Gráfico 02
Com certeza a esperança ao futuro do nosso país está relacionada com a educação, essa é a
solução para a maioria de nossos problemas. Sabe-se que uma das poucas formas, ou a única, de
crescimento real do cidadão é a educação. No entanto, culturalmente, nosso povo ainda não a coloca
como um dos objetivos centrais da vida, apesar da sociedade entendê-la como prioridade e mesmo
estando na constituição brasileira como um direito social.
Com relação à terceira questão, que aborda as responsabilidades da família na educação dos
seus filhos, todos os entrevistados responderam que é cuidar e educar.
Gráfico 03
A família deve, portanto, se esforçar em estar presente em todos os momentos da vida de
seus filhos. Presença que implica envolvimento, comprometimento e colaboração. Deve estar atenta
a dificuldades não só cognitivas, mas também comportamentais. Estar pronta para intervir da
melhor maneira possível, visando sempre o bem de seus filhos, mesmo que isso signifique dizer
sucessivos “nãos” às suas exigências. Educar, portanto, não é uma tarefa fácil, exige muito esforço,
paciência e tranquilidade. Exige saber ouvir, mas também fazer calar quando é preciso educar. O
medo de magoar ou decepcionar deve ser substituído pela certeza de que o amor também se
demonstra sendo firme no estabelecimento de limites e responsabilidades. Deve-se fazer ver as
crianças e jovens que direitos vêm acompanhados de deveres e para ser respeitado, deve-se também
respeitar.
Seguindo essa temática, João Luís de Almeida Machado Doutor em Educação pela PUC-SP
relata em um artigo no site Planeta Educação, que para muitas pessoas a palavra educação refere-se
ao trabalho que se desenvolve no contexto das unidades educacionais que conhecemos mais
popularmente como escolas.
Segundo LIBÂNEO ressalta (2000):
Educação é o conjunto de ações, processos, Influências, estruturas que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupo na relação ativa com o ambiente natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais (p. 22).
Com essa concepção de educação, é importante se fazer uma análise do contexto familiar,
voltando-se para o que pensam pais sobre seu papel no processo de escolarização dos seus filhos,
pois não há como articular família-escola sem entender o que eles pensam e sem tentar sensibilizá-
los da sua importância no aprendizado dos seus filhos.
Contudo, a família tem maior responsabilidade na educação dos indivíduos, por estar em
constante contato em sua casa fase de formação e desenvolvimento. No entanto família,
especialmente os pais, ocupa um importante papel na mudança do comportamento de seus filhos.
Ela intervém no desenvolvimento humano do indivíduo, na relação com o meio natural e social.
Dessa forma, a substituição da família por outra instituição pode provocar uma insegurança
emocional na criança, prejudicando seu ajustamento social. A participação da família é fundamental
no processo educativo da criança, quando há satisfação das necessidades emocionais e sociais dos
filhos.
Segundo o site Lúdica existem algumas atitudes simples favorecem o sucesso escolar de
nossos filhos como:
Se despedir de forma alegre da criança, desejando a ela um bom dia na escola;
Perguntar-lhe, quando chegar, sobre o que aprendeu ou não conseguiu aprender naquele dia;
Acompanhar o cumprimento dos deveres escolares e os cadernos dos filhos;
Incentivar o gosto pela leitura;
Elogiar todos os progressos, por menores que sejam;
Falar das conquistas e aprendizados da criança para os familiares e amigos, na presença da
criança;
Participar das atividades escolares a que for convidado;
Ser compreensivo e solidário para com os Educadores Escolares.
Dando seguimento à quarta questão, que aborda a função da escola, os três professores
responderam que é Ensinar o exercício da cidadania, e os alunos e os pais responderam que é
Ensinar a ler, escrever e a fazer cálculos.
Gráfico 04
A função da Escola é instruir, passar o conhecimento acumulado por várias gerações. No
entanto, cada vez mais a escola está tomando o lugar da família. Muitos pais colocam o filho na
escola, para essa educar, no sentido de educação doméstica. Os pais falam sempre em falta de
tempo.
A escola deve prover os indivíduos não só, nem principalmente, de conhecimentos, idéias,
habilidades e capacidades formais, mas também, de disposições, atitudes, interesses e pautas de
comportamento. Assim, tem como objetivo básico a socialização dos alunos para prepará-los para
sua incorporação no mundo do trabalho, criar indivíduos produtivos e que se incorporem à vida
adulta e pública, ou seja, se tornem cidadãos. Sua função é garantir a reprodução social e cultural
dos valores e conhecimentos necessários à manutenção do status quo, à conservação da sociedade
de acordo com a expectativa predominante. Esta função também é assumida por outras instituições
e grupos da vida social: família, meios de comunicação, religião, mundo do trabalho, etc.
A ação educativa da escola, ao promover uma consciência da realidade humana e social,
proporciona ao aluno uma visão mais reflexiva e crítica da sociedade. É papel da escola, como
instrumento de educação formal, refletir sobre as demandas da sociedade marcadas pelo momento
histórico e sua função nesse contexto.
Não cabe à escola uma ação educativa que reproduza os valores econômicos e sociais
dominantes. É função social de a escola preparar os alunos para que, na convivência com tais
valores, possa percebê-los, refletir e redimensioná-los de acordo com suas reais proporções e
repercussões. É de fundamental importância que a escola em sua atividade cotidiana observe, ouça,
perceba e identifique as idéias, os conhecimentos, as atitudes, os valores e a cultura de sua
população. Pois é dessa maneira, que ela poderá proporcionar a seus alunos, pais e comunidade
conduzir seu próprio processo educativo.
A questão número cinco foi destinada apenas para os pais, pois aborda avaliação dada por
eles na participação de seu filho na escola. Mas os professores e os alunos também responderam. Os
alunos responderam claro, que são bons. Os professores nos questionaram dizendo que iria
responder pensando nos seus próprios filhos. Os pais tiveram opiniões diversificadas, um respondeu
que é boa e dois responderam que é regular e um que é ruim a participação do seu filho na Escola.
Gráfico 05
Na questão seqüente três os professores responderam que é a preparação para vida, e um
para a Preparação Profissional. Os alunos e os pais tiveram respostas iguais, Preparação
Profissional.
Gráfico 06
Um fator importante na interação entre a família e a escola é a freqüência de visitas dos pais
à escola. Sobre isso, os professores responderam que sempre vão à escola, os alunos não
responderam, pois dirigia apenas aos professores aos pais. Dois pais listaram que só vão as
reuniões, e um relatou que não costuma ir, pois não acha necessário, e por fim, um pai respondeu
que vai só quando é chamando pela Direção da Escola, como mostra o Gráfico a seguir.
Gráfico 07
Sem dúvida nenhuma, o desejo de todos os Diretores, Coordenadores Pedagógicos e
Professoras desta escola, é que a família esteja mais próxima dela, para enfrentar as atuais
dificuldades, as intencionalidades e obrigações decorrentes para efetivar a parceria desejada. Essa
relação não diz respeito apenas aos filhos/alunos, mas a todos, familiares e comunidade em geral.
Esta escola que pesquisamos, com certeza, não quer que a família seja responsável pelos
conteúdos dados, mas que estimule ao filho em suas atividades. É uma parceria entre instituições
distintas. O papel da família seria o de estimular no filho o comportamento de estudante e cidadão e
o da escola, seria orientar aos pais nos objetivos que a escola espera que o aluno atinja e de criar
momentos para que essa integração aconteça.
A questão oito aborda o diálogo entre a escola e a família, que é um importante fator nessa
interação. Todos os entrevistados avaliaram esse diálogo como bom, mesmo os pais respondendo
anteriormente que não vão sempre á escola.
Gráfico 08
De acordo com a questão nove, as informações evidenciaram que os pais não têm tempo,
sendo que um apenas respondeu que não acha importante. Como todos os professores responderam
anteriormente na questão sete, que vão sempre à escola, não precisaram responder a esta questão. E
os alunos também não havia necessidade de responder, pois destinavam aos pais.
Gráfico 09
Em relação à sensação durante o diálogo dos entrevistados com membros da escola, todos os
professores evidenciaram que se sentem a vontade, já os alunos evidenciaram que ficam nervosos e
os pais, dois evidenciaram que se sentem a vontade, um que fica nervoso e o último fica tímido ou
com vergonha.
Gráfico 10
Já sobre a recepção dos entrevistados na escola, dois professores relataram que é normal e
um muito bem. No entanto os alunos relataram que são recebidos com indiferença e os pais que são
recebidos conforme a resposta dada normal.
Gráfico 11
Sobre o acompanhamento dos estudos dos filhos, somente os professores e os pais
responderam a está questão. Os professores em geral disseram que verificam a tarefa de casa e
ajuda nas lições de casa. Já dois pais responderam que não tempo de acompanhar e dois que
acompanha pelo boletim escolar entregue no final do bimestre. Como expressa no Gráfico 12.
Gráfico 12
Sabemos que a o acompanhamento dos pais nos estudos dos seus filhos é extremamente
importante É necessário ajudar na realização das tarefas, estarem na escola, apoiar os professores e
participar das reuniões que acontecem na escola. Sem a colaboração dos pais é mais difícil diminuir
o fracasso escolar.
Nesse ponto de vista POLITY (2001) ressalta dizendo que:
A hipótese é que crianças e jovens com dificuldade de aprendizagem podem ser beneficiados com uma intervenção familiar, que lhes possibilite sair da posição portadora do sintoma para a construção de uma nova relação com o saber. Pois, penso que seja qual for à etiologia da dificuldade de aprendizagem (neurológica, emocional, cognitiva ou genética), o grupo familiar é fator decisivo para a condução e/ou resolução da situação. (POLITY, 2001 p. 16).
É essencial que os alunos recebam apoio dos pais, pois com suporte emocional desenvolvem
base sólida e senso de competência que possibilitam a eles uma auto-estima satisfatória. Para dar
apoio, os pais precisam examinar suas competências e seus conhecimentos. Muitas vezes em casa,
os pais estão com muitos problemas de trabalho ou de outras coisas e não têm tempo para se dedicar
aos filhos.
Nos dados obtidos a questão número treze, novamente somente os professores e os pais
responderam a questão, pois era relevante para os alunos responderem. Todos relataram tanto
professores e os pais, que consideram que sua participação junto à escola pode melhorar o
desempenho e a aprendizagem de seu filho.
Gráfico 13
Para POLITY (2001, p.25), fatores da vida psíquica da criança, que podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos, e sua relação com a aquisição de conhecimentos e com
a família, na medida em que as atitudes parentais influenciam sobremaneira a relação da criança
com conhecimento.
Um dos problemas que afeta os alunos no desempenho escolar é a falta dos pais no processo
de aprendizagem, e não pela situação financeira, mas sim, o desinteresse, a falta de tempo por causa
do trabalho, a falta de apoio, de carinho e amor, causam fracasso no processo educativo de seu
filho, até mesmo desanima o aluno. No entanto, a escola muitas vezes não consegue resolver esses
problemas por não dispor de profissionais competentes que atuem nas áreas que precisam ser
trabalhadas junto ao aluno e a família, o que impede o bom desempenho das funções da escola.
A escola e família têm os mesmos objetivos: oportunizar o desenvolvimento das crianças em
todos os aspectos e a terem sucesso na aprendizagem. Essa parceria é muito importante, para
diminuir os índices de evasão e de violência e melhorar o rendimento das turmas de forma
significativa.
A questão a seguir relata que todos os professores conhecem o Projeto Político Pedagógico
da escola dos seus filhos. Achamos importante que os alunos respondessem a esta questão, para
verificar o conhecimento sobre o tema. Os alunos responderam dizendo não saber o que é, e dois
pais responderam igual, sendo que dois relataram que não conhece o Projeto Político Pedagógico.
Gráfico 14
Primeiramente devemos relatar o que é um Projeto Político Pedagógico, em suma no projeto
político-pedagógico, a escola define coletivamente a sua política de currículo, de gestão e de relação
com a comunidade, apresentando seus objetivos e metas. É o momento adequado para a escola
assumir sua especificidade e seu eixo de atuação, assim como o seu caminho metodológico.
Conforme as respostas dadas podem afirmar que essa escola em questão não possui uma
Gestão Democrática. A construção do projeto Político-Pedagógico e do regimento escolar é,
também, um momento privilegiado para definir os canais institucionais de participação da família
na vida escolar. Formas democráticas de escolha do dirigente escolar, conselho deliberativo escolar,
reuniões de pais são formas significativas de participação.
De acordo com Veiga (2004, p.14) Essa construção será possível por meio das discussões e
reuniões que envolvem toda a comunidade escolar, entre equipe administrativa, financeira,
pedagógica, alunos, familiares e a comunidade.
Dando sequência às análises, a questão número quinze aborda sobre a qual a função da APM
(Associação de Pais e Mestres). As respostas dados pelos professores foram todas positivas, ou seja,
foram sim. Já as dos alunos e dos pais foram exatamente iguais, relataram que sabem mais ou
menos.
Gráfico 15
A APM é uma entidade jurídica de direito privado, criada com a finalidade de colaborar para
o aperfeiçoamento do processo educacional, para a assistência ao escolar e para a integração escola-
comunidade. Atualmente, sua principal função é atuar, em conjunto com o Conselho de Escola, na
gestão da unidade escolar, participando das decisões relativas à organização e funcionamento
escolar nos aspectos administrativos, pedagógicos e financeiros.
A Associação de Pais e Mestres, a APM, é um importante elo entre a família e a escola. A
maioria das escolas públicas tem uma APM, mesmo que não atue de verdade, porque sem ela, a
escola não recebe as mais que 40 verbas repassadas pelo governo federal, Estadual e Municipal, e
que só podem ser depositadas diretamente na conta, aberta e administrada pela APM da escola.
Dando continuação referente APM, todos os entrevistados relataram que nunca fizeram parte
de reuniões sobre APM na escola.
Gráfico 16
A questão dezessete aborda o acesso da escola para a comunidade. Todos sem exceção
relataram que sim, que há esse acesso.
Gráfico 17
A questão a seguir relata as atividades que podem melhorar a integração entre a
escola e família. Os professores relataram que seria as Reuniões de Pais para informar e discutir
o Projeto Político Pedagógico, já os alunos e os pais relatam que essa integração seria com
encontros para troca de experiências palestras e oficinas.
Gráfico 18
A Instituição Escolar deve ter formas e maneiras de inserir a família e a comunidade local
dentro do contexto que a escola atua. Essa atitude é muito importante para criar alianças entre essas
duas instituições que, se trabalharem em conjunto, podem obter resultados muito mais satisfatórios
do que separadas.
Na pergunta que aborda sobre o Projeto Programa Escola da Família, todos responderam
que a sua escola trabalha com esse Projeto.
Gráfico 19
Como já citado antes no capitulo III, o Programa Escola da Família é um projeto do
Governo do Estado de São Paulo que abre para a comunidade, aos finais de semana, cerca de 6 mil
escolas da rede Estadual, transformando-as em centros de convivência que oferecem atividades
monitoradas nas áreas de cultura, esporte, saúde e qualificação para o trabalho.
As atividades são abertas a qualquer pessoa interessada em participar (alunos da escola ou
não, de qualquer idade), e coordenadas por universitários que recebem bolsas de estudos para fazer
parte do programa, além de voluntários que compartilham suas habilidades e ajudam a despertar
potencialidades nos frequentadores do Projeto Escola da Família.
Dando sequência no questionário, a questão aborda a participação dos entrevistados neste
Projeto Escola da Família. As respostas relataram que todos participam de formas diferentes desse
projeto. Os professores relataram que assistem palestras, os alunos participam de atividades
esportivas e recreativas e os pais fazem alguns cursos oferecidos. Como mostra o gráfico a seguir:
Gráfico 20
A questão vinte, não foi respondida, pois na questão anterior todos os entrevistados
relataram que participam do Projeto Escola da Família.
No roteiro de observação consideramos que na maioria dos depoimentos os sujeitos
identificam a preocupação da escola em planejar suas ações mediadas pelas necessidades da
comunidade e percebem isso em diferentes momentos.
Com isso, o que se percebe que há o interesse da escola em planejar suas ações de forma
coerente com as necessidades da comunidade tendo em vista, que buscam sua participação tanto em
atividades intraclasse como na própria elaboração do planejamento anual das ações.
Entretanto, identificamos ainda que tal interação não ocorre de maneira efetiva, haja vista
que no momento da construção do planejamento anual pedagógico não se pode contar com a
participação de todos os representantes da comunitária, inviabilizando suplantar as reais
necessidades dos envolvidos no processo.
Convém que o planejamento das ações esteja respaldado a partir das atividades diárias e não
em um único momento, como se observou na escola no ato das entrevistas, já que deve considerar
as expectativas dos alunos apresentadas em sala de aula e fora dela, para então engajar tais
informações no planejamento.
Logo, é essencial a interação entre a escola e a comunidade e entre a comunidade e a escola,
para que se tenha, de fato, êxito no processo educativo. Foi neste intuito, que buscamos nos
seguintes entrevistados informações referentes a esta interação.
Encontramos nas referidas falas que a interação escola-comunidade existe, no momento em
que a mesma busca sua comunidade para participar de reuniões e desenvolvimento de atividades
festivas em datas comemorativas. Já no que refere à interação comunidade-escola observou-se que
existe uma interação restrita, ao passo que se faz apenas mediante solicitação para reuniões ou
resolução de alguns problemas com os filhos.
Neste enfoque o que se tem de informação é que a comunidade não está participando de
maneira efetiva, o que torna sua interação insuficiente. Constatamos então que o processo de
participação que surge nas falas reflete as práticas existentes na escola, expressando à existência de
uma participação familiar restrita as reuniões, pois observou-se ao analisar o depoimento dos pais,
que nestas reuniões há uma certa dificuldade no que refere ao diálogo com os professores, já que
normalmente os assuntos dizem respeito apenas a problemas de indisciplina e não ao rendimento
escolar de seus filhos.
Destacamos, portanto, que a escola não viabiliza aos participantes oportunidades para emitir
opiniões ou gerar discussões no grupo. Se por um lado, há insatisfação manifestada pelos familiares
em relação à dinâmica e os propósitos das reuniões por outro, os gestores supervalorizam esses
momentos enfatizando a necessidade dos pais se engajarem.
Desta maneira, constata-se que no entendimento dos gestores essas reuniões constituem
alternativas para a escola se aproximar e interagir com as famílias. Observou-se que tal iniciativa é
válida, uma vez que a escola diz se dispor a tratar das questões referentes ao processo ensino
aprendizagem dos alunos com os pais e responsáveis. Entretanto, a maneira como os familiares
descrevem esses encontros evidencia o quanto está distante essa realidade dos interesses daqueles
que se fazem presentes.
Percebeu-se então, por meio da observação realizada na escola no ato da reunião, que em
tais encontros não há de fato um processo de discussão envolvendo os familiares em assuntos do
cotidiano, tampouco nas decisões referentes à proposta pedagógica da escola, uma vez que em sua
pauta, as maiores partes dos assuntos a serem discutidos refletem decisões previamente elaboradas e
prontas a serem repassadas como informações definitivas.
Consideramos que essa prática de participação da comunidade efetivada por meio da reunião
não acrescenta em nada para melhoria do ensino, haja vista que não chega a haver realmente um
processo de construção coletiva e dialógica (realizada por meio do diálogo entre os atores do
processo) das propostas direcionada as necessidades dos alunos.
É a partir deste ponto que passaremos a analisar a importância dada a participação da
comunidade na elaboração e no planejamento das ações da escola, uma vez que consideramos este
aspecto significativo, pois nos proporcionou conhecer o nível de aceitação, conhecimento e
relevância atribuídos ao processo participativo.
O que verificamos é um certo distanciamento e inadequação entre os conceitos e/ou
percepções que tanto a escola quanto a comunidade tem de participação ainda está pouco explicito
para ambas o valor ou até mesmo o sentido real deste ato.
Constatamos, contudo, ser necessário uma conscientização sobre a imprescindibilidade da
participação de cada segmento, ou seja, será por meio do conhecer realmente o seu papel que cada
ator social envolvido poderá contribuir com informações pertinentes ao desenvolvimento do
processo ensino aprendizagem.
Convém, portanto, que a escola como segmento que possui maior possibilidade de estruturar
sua organização para que o desenvolvimento se efetive, enfatize a participação criando espaços
como conversas informais, direcionadas ou não, entre os pais ou responsáveis, professores e os
próprios gestores da instituição para que proporcionar o engajamento dos sujeitos interessados em
trocar idéias e colaborar realmente com sugestões para melhorar a qualidade das ações.
Observamos que será necessário um redimensionamento da estrutura pedagógico-
organizacional e até mesmo um aprimoramento de seus conceitos e concepções referentes ao
processo participativo como prática voltada ao envolvimento direto da comunidade para que
possam intervir, contribuindo para prática interativa. Logo, é a instituição escolar que deve atentar
para este processo participativo, tendo em vista sua dinamicidade e importância para prática
educacional. Entretanto, percebemos que esta se depara com dificuldades atribuídas pela
comunidade, à falta de tempo, disponibilidade e interesse dos próprios sujeitos.
Observa-se neste momento, que a escola atribui à comunidade a dificuldade no processo
participativo uma vez que são colocadas, pela instituição, alternativas (reuniões e encontros
democráticos) para fomentar tal integração, mas a comunidade exime-se de seu papel.
No entanto, na fala dos pais e alunos é possível detectar que o entrave maior está no
descontentamento em relação às abordagens no trato dos encontros entre a escola e a família, haja
vista que julgam estes, rotineiros e insuficientes. Para tanto, destacam que os assuntos abordados
referem-se apenas ao bom comportamento ou não de seus filhos, o que deixa de lado o processo
ensino aprendizagem, como antes já foi explicitado. Com isso, deixam de freqüentar a instituição.
É fundamental, portanto, que a escola conceba a participação como possibilidade de
expressão individual e coletiva, elaborando projetos que envolvam familiares e professores na busca
da construção do conhecimento de ambos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após meses de realizações de estudos e ações realizadas na escola, observa-se que a
educação, sendo uma pratica social, não pode se prender somente na teoria sem compromisso com a
realidade local e com o espaço em que seus alunos estão inseridos.
Esse estudo identificou a importância da escola ver a si mesma como parte integrante da
comunidade, e, reciprocamente, dessa reconhecer a escola como uma instituição sua, da qual pode
participar e cuidar.
Nota-se que a unidade escolar com toda a sua equipe possui uma grande tarefa, a de não
deixar que o ambiente escolar seja meramente expectador dos problemas sociais. Assim, o pleno
exercício da cidadania inclui a prática do ato educativo e requer a participação ativa e
compromissada dos cidadãos.
A escola é a instituição que a sociedade criou para transmitir às novas gerações o
conhecimento sistematizado. Ao longo do tempo, tem se modificado. Todavia, nenhuma outra
forma de organização foi capaz de substituí-la, ainda que novas alternativas como a educação à
distância, tenham crescido de forma significativa nos últimos anos.
No cotidiano escolar, envolver a comunidade local requer por parte da equipe diretiva,
estratégias que motivem a participação e que vão de encontro às reais necessidades dos membros
que fazem ou farão parte de todo o processo onde os respeitos, a valorização, entre outros deveres,
sirvam de estímulo e incentivo a uma participação efetiva na integração entre escola e comunidade.
A democracia é um valor consensual entre os brasileiros, ela está presente na Constituição
Federal e nas diferentes leis, inclusive as educacionais. Numa definição simples, podemos dizer que
constitui a forma de organização política em que os cidadãos elegem representantes (democracia
representativa para cargos majoritários no Executivo (presidente, Governadores, Prefeitos) e no
Legislativo (Senadores, Deputados e Vereadores), para governar em beneficio da maioria.
Na democracia pressupõe a possibilidade de uma vida melhor para todos independentes de
condição social, econômica, raça, religião e sexo. É por isso que a democracia e a educação são
coisas que caminham juntas. Também na educação está presente a suposição de que homens e
mulheres, crianças e jovens merecem viver melhor por meio da convivência com seus semelhantes,
ou seja, a socialização, e do acesso aos bens culturais.
A escola é um lugar privilegiado onde ocorre a convivência e o acesso a esses bens. Neste
sentido, a democracia e educação são inseparáveis.
Quando afirmamos a democracia como um valor e como um processo, estamos tratando de
duas coisas indissociáveis. O valor diz respeito àquilo que tem importância para as pessoas, para as
formas de organização da vida coletiva. Assim, ao afirmar a democracia como um valor, uma
sociedade busca caminhos para assegurá-la. Neste sentido é que se diz que a democracia não é algo
dado, mas sim um processo, em permanente construção.
No Brasil, a própria Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) determinam a participação dos pais para a efetivação do processo da gestão
democrática nas escolas. Entretanto, mais do que o cumprimento de uma determinação legal, a
busca pelo fortalecimento dessa parceria colaborativa se apresenta, no atual contexto social, como
uma dos poucos caminhos viáveis para que escolas e famílias consigam superar as dificuldades que
vêm enfrentando na educação de seus filhos/alunos.
A história da cidadania enfatiza que quando conscientes de sua condição de submissão e de
sua capacidade de luta, os povos reivindicaram seus direitos e obtiveram sucesso. Uma das
repercussões desta história que envolveu revoluções foi à mudança de mentalidades que atingiu o
sistema de ensino, consequentemente métodos foram criados para exercitar nas crianças e
adolescentes a autonomia, reflexão e criatividade, na busca pela superação da passividade
disseminada pelo método tradicional, que não se relacionava com o cotidiano destas.
As ações escolares restringem-se a procedimentos administrativos e pedagógicos,
encaminhados pela direção e pelos corpos técnicos e docentes, sem maiores interações com os
alunos e a comunidade, os quais figuram apenas como peças obrigatórias ao funcionamento escolar
que não conta com espaços de congregação comunitária como a APM e Conselho Escolar, que não
atua com plenitude.
Entendemos que a instituição responsável pela escola pública deveria dispensar maior
atenção às unidades sob sua responsabilidade, implementando ações para modificar o quadro
situacional relatado pelos nossos informantes.
Já não é de hoje que se fala na importância da participação da família na educação dos filhos
e principalmente da interação escola/família, a experiência adquirida com alunos de escola pública,
além da participação de todas as atividades curriculares e percebendo no dia-a-dia a falta de
interação da família dos alunos.
Percebe-se dentro deste contexto, a necessidade de mudança de crenças e valores na cultura
escolar, repensando o papel dos estudos, é claro que, nesse sentido, com o apoio da família, pois
esta é o elo entre os vários atores (professores, alunos, comunidade), representando um conjunto de
objetivos.
A integração família-escola é importante recurso para a melhoria na aprendizagem, baseada
na participação da família na vida escolar da criança para a melhoria do processo ensino-
aprendizagem, proporcionando melhor aproveitamento escolar, promovendo também a criança
como pessoa humana integrada ao meio social e ao mercado de trabalho.
Assim como o gestor da escola cabe aos professores também, a função de trazer as famílias
e demais setores da comunidade para dentro da escola, promovendo em todos os sentidos de
responsabilidade e de cuidado. Contar com a participação da família e da comunidade fortalece a
segurança da criança e faz com que a escola caminhe na direção de cumprir com seus diferentes
objetivos.
Para ter sucesso e levar todos os alunos à aprendizagem, a escola deve contar com a
participação e idéias de todos os educadores, inclusive os pais, pois a prática do trabalho coletivo
fará a criança avançar em sua aprendizagem.
Finalizando essa pesquisa, tanto a escola como a família podem exercer seu papel no
enfrentamento da crise que envolve a todos, ampliando as preocupações da vida atual, contribuindo
em prepará-los para enfrentar a vida dentro da sociedade como futuros cidadãos.
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Novembro 2011.
ANEXOS
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Este questionário tem por objetivo auxiliar-nos na realização de uma pesquisa que aborda os fatores que exercem influência na integração escola e família do Ensino Fundamental (I ou II). Para responder não é necessário se identificar, porém, pedimos que sejam verdadeiros nas respostas.
Desde já agradecemos,
Erica, Lúcia, Marta e Silvana.
1. Qual é o seu nível de escolaridade?
( ) Nunca estudei
( ) Fundamental (1ª a 4ª série)
( ) Fundamental (5ª a 9ª série)
( ) Ensino médio
( ) Ensino superior
( ) Pós- Graduação
2. Você considera a educação importante?
( ) sim
( ) não
( ) não sei responder
3. Para você, quais são as responsabilidades da família na educação dos seus filhos?
( ) cuidar
( ) educar
( ) cuidar e educar
4. Para você, qual é a função da escola?
( ) Cuidar das crianças
( ) Ensinar a ler, escrever e a fazer cálculos
( ) Ensinar uma profissão
( ) Ensinar a conviver com outras pessoas
( ) Ensinar o exercício da cidadania
5. Como você avalia a participação de seu filho na escola?
( ) Boa
( ) Regular
( ) Ruim
6. O que você espera da escola para seu filho?
( ) Preparação para vida
( ) Preparação profissional
( ) Outro: _____________________
7. Você vai a escola com que freqüência?
( ) Não costumo ir, não acho necessário
( ) Só vou quando sou chamado pela Direção
( ) Vou somente às reuniões de Pais e Mestres
( ) Vou sempre que posso para saber se está tudo bem
8. Se você vai à escola com frequência, como você avalia o diálogo entre a escola e a família?
( ) Boa
( ) Regular
( ) Ruim
9. Se você respondeu que não vai a escola, qual a razão para não ir?
( ) Não gosto
( ) Não acho importante
( ) Não gosto da direção, coordenação e dos professores
( ) Só escuto reclamação
( ) Não tenho tempo
( ) Outro: ___________________
10. Como você se sente ao falar com a professora, coordenadora ou diretora da escola?
( ) Me sinto a vontade
( ) Fico nervoso (a)
( ) Fico tímido ou com vergonha
11. Como você é recebido quando vai à escola?
( ) Muito bem
( ) Normal
( ) Mal
( ) Com indiferença
12. Como você acompanha os estudos de seu (sua) filho (a)?
( ) Não tenho tempo para acompanhar
( ) Verifico as tarefas e ajudo nas lições de casa
( ) Não tenho paciência
( ) Pelo boletim escolar entregue ao final do bimestre
( ) Outro: _____________________________
13. Você considera que sua participação junto à escola pode melhorar o desempenho e a
aprendizagem de seu filho (a)?
( ) Sim, acredito
( ) Somente o comportamento
( ) Talvez
( ) Não
14. Você conhece o Projeto Político Pedagógico da escola?
( ) Sim
( ) Não
( ) Mais ou menos
( ) Não sei o que é
15. Você sabe qual a função da APM (Associação de Pais e Mestres)?
( ) Sim
( ) Não
( ) Mais ou menos
16. Você já fez parte de alguma reunião da APM da escola?
( ) Sim
( ) Não
( ) Nunca
17. A comunidade tem acesso à escola?
( ) Sim
( ) Não
( ) As vezes
( ) Nunca
18. Em sua opinião, que atividades poderiam ser desenvolvidas para melhorar a integração
entre escola e família?
( ) Reuniões de pais para informar a frequência e o rendimento escolar.
( ) Reuniões de pais para informar e discutir o Projeto Político Pedagógico.
( ) Encontros para troca de experiências palestras e oficinas.
( ) Outras:____________________________
19. Sua escola trabalha com o projeto “Escola da Família”?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sei
20. Se sua resposta for “sim”, como você participa?
( ) Faço alguns cursos oferecidos
( ) Assisto palestras
( ) Participo de atividades esportivas e recreativas
( ) Participo dando cursos, palestras, atividades esportivas e recreativas.
21. Se sua resposta for “não”, porque você não freqüenta a “Escola da Família”?
( ) Não gosto
( ) Nunca tive interesse em conhecer
( ) Não tenho tempo
ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO
1) Observar como os professores e gestores buscam detectar as necessidades e anseios de
sua clientela, para elaboração e desenvolvimento de suas ações.
2) Observar o comportamento dos pais, professores e técnicos nas reuniões de pais e
mestres em especial, como a gestão acata e/ou trata a questão da participação.
3) Observar a interação entre alunos e professores e alunos em sala de aula.
4) Observar se há, em reuniões com professores ou da equipe técnica, referências das
demandas da comunidade nos planos de ação.
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