INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
EGAS MONIZ
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA
ESTUDO IN VITRO DA RESISTÊNCIA ADESIVA, POR MICROTRAÇÃO, DE UM NOVO
SISTEMA ADESIVO DE IONÓMERO DE VIDRO MODIFICADO POR RESINA
Trabalho submetido por
Tiago Carlos Barata Salgueiro da Costa Santos
para a obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária
setembro de 2015
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
EGAS MONIZ
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA
ESTUDO IN VITRO DA RESISTÊNCIA ADESIVA, POR
MICROTRAÇÃO, DE UM NOVO SISTEMA ADESIVO DE
IONÓMERO DE VIDRO MODIFICADO POR RESINA
Trabalho submetido por
Tiago Carlos Barata Salgueiro da Costa Santos
para a obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária
Trabalho orientado por
Prof. Doutor Mário Polido
setembro de 2015
3
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
(Fernando Pessoa)
Ao meu Avô Júlio, a minha eterna inspiração…
5
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, quero agradecer ao Prof. Doutor Mário Polido por me ter aceitado
como seu orientando, pela ajuda, dedicação e tempo disponibilizado durante a
realização desta investigação.
Ao Prof. Doutor José Brito, pela ajuda disponibilizada na realização da análise
estatística e no tratamento de dados deste estudo.
Ao Professor Doutor José Martins dos Santos, por ter posto ao meu dispor a lupa
estereoscópica do Departamento de Morfologia, para que pudesse observar e fotografar
as amostras deste projeto.
Ao Prof. Doutor José João Mendes e a toda a direção clínica, pelas excelentes condições
de ensino e de prática clinica proporcionadas.
A todos os Professores, que se cruzaram comigo durante o meu percurso académico, em
especial ao Mestre Pedro Rodrigues e ao Dr. João Rua, pelo rigor, pelos ensinamentos e
acima de tudo pela paixão transmitida na prática de Medicina Dentária.
Ao meu Avô Júlio e à minha Avó Fernanda, por todo o que me proporcionaram até
hoje.
Aos meus Pais, por todo o apoio, conselhos e dedicação dada ao longo da minha vida.
À minha irmã Vânia e ao Alexandre, pela amizade, apoio e disponibilidade sempre
demonstrada.
A todos os funcionários e colegas de curso, pelo carinho e pelo apoio dado durante os
últimos cinco anos, na instituição que foi a minha segunda casa, especialmente ao
Bernardo Lucas, ao João Oliveira, ao João Viana, ao Rui Gordo e ao Victor Rusu, pela
ajuda, amizade e por terem estado sempre presentes nos bons e nos maus momentos.
À Eliana Órfão e à Telma Silva, pela preciosa ajuda no laboratório de Biomateriais.
À Mariana Neves, pela ajuda, dedicação e momentos de alegria proporcionados
enquanto fomos colegas de Box.
A todos, Muito Obrigado!
7
RESUMO
Objetivos: Comparar in vitro a resistência adesiva por microtração de um novo sistema
adesivo de ionómero de vidro modificado por resina (IVMR), com sistemas adesivos
etch-and-rinse e self-etch, e com as variações à sua forma de aplicação.
Materiais e Métodos: 26 dentes molares humanos, hígidos, foram aleatoriamente
distribuídos por seis grupos experimentais (n=4), segundo o adesivo e o pré-
condicionamento a efetuar na dentina: (1) Riva Bond LC™ com ácido fosfórico a 37%
(RB-AF); (2) Riva Bond LC™ com ácido poliacrílico a 20-30% (RB-APA); (3) Riva
Bond LC™ sem condicionamento ácido prévio (RB-SCA); (4) Optibond™ FL (FL); 5)
Optibond™ XTR (XTR) e (6) Optibond™ All-In-One (AIO). Em seguida, construíram-
se blocos de resina com Filtek™ Z250 (cor A2, 3M ESPE) sobre as amostras. Após 24
horas, foram seccionadas, nas direções X e Y, num micrótomo, obtendo-se palitos com
secção transversal de 1±0,2 mm². Os palitos foram submetidos a forças de microtração
numa máquina de testes universal, à velocidade de 0,5mm/min. Utilizou-se para a
análise estatística a ANOVA One-Way e o teste de Tukey.
Resultados: O sistema adesivo Riva Bond aplicado com ácido fosfórico apresenta
forças adesivas significativamente mais baixas em relação aos sistemas adesivos XTR e
FL, e estatisticamente semelhantes às do sistema adesivo AIO; O adesivo Riva Bond
aplicado com ácido fosfórico (RB-AF) ou ácido poliacrílico (RB-APA) apresenta forças
adesivas estatisticamente semelhantes, e mais elevadas estatisticamente que quando
aplicado sem pré-condicionamento ácido (RB-SCA).
Conclusões: O adesivo Riva Bond-AF apresenta resistência adesiva significativamente
mais baixa que os adesivos XTR e FL, mas semelhante à do adesivo AIO. O Riva Bond
exibe forças adesivas significativamente superiores, quando feito pré-condicionamento
com ácido fosfórico (RB-AF) ou poliacrílico (RB-APA), sendo estatisticamente
semelhantes e superiores às da aplicação sem ácido prévio.
Palavras-chave: Adesão à dentina; Microtração; Resistência Adesiva; Adesivos de
IVMR.
8
ABSTRACT
Objectives: To compare in vitro the bond strength by microtensile of a new resin-
modified glass ionomer adhesive system (RMGI), with etch-and-rinse and self-etch
adhesive systems and with changes to their application form.
Materials and Methods: 26 healthy human molar teeth, were randomly assigned to six
groups (n=4) according to the adhesive and the preconditioning made to the dentin: 1)
Riva Bond LC™ with phosphoric acid at 37% (RB-AF); 2) Riva Bond LC™ with
polyacrylic acid at 20-30% (RB-APA); 3) Riva Bond LC™ without previous etching
(RB-SCA); 4) Optibond™ FL (FL); 5) Optibond™ XTR (XTR) and (6) Optibond™
All-In-One (AIO). Then, resin blocks were made with Filtek™ Z250 (shade A2, 3M
ESPE) on the samples. After 24 hours, they were cut in X and Y directions, in a
microtome to obtain sticks with a cross section of 1±0,2 mm². The sticks were subjected
to microtensile bond strength in a universal testing machine, at a speed of 0,5mm/min. It
was used for statistical analysis One-Way ANOVA and the Tukey`s test.
Results: Riva Bond adhesive system applied with phosphoric acid has significantly
lower bond strength compared to the XTR and FL adhesive systems, and is statistically
similar to AIO adhesive system; Riva Bond adhesive applied with phosphoric acid (RB-
AF) or polyacrylic acid (RB-APA) has statistically similar bond strength, and higher
statistically than when applied without acid preconditioning (RB-SCA).
Conclusions: The Riva Bond-AF adhesive has significantly lower bond strength than
the XTR and FL adhesives, but similar to the AIO adhesive. Riva Bond displays
significantly higher bond strength when the preconditioning is made with phosphoric
acid (RB-AF) or polyacrylic (RB-APA), which were statistically similar and superior to
the use of adhesive without acid preconditioning.
Keywords: Adhesion to dentin; Microtensile; Bond strength; RMGI adhesive.
9
ÍNDICE GERAL
I. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17
1. Composição e Propriedades do Esmalte e da Dentina ....................................... 17
1.1 Esmalte Dentário ....................................................................................... 17
1.2 Dentina...................................................................................................... 18
1.2.1 Propriedades Físicas ........................................................................... 18
1.2.2 Composição Química ......................................................................... 19
1.2.3 Estrutura e Morfologia ....................................................................... 19
1.2.4 Permeabilidade Dentinária.................................................................. 21
2. Princípios de Adesão ........................................................................................ 23
2.1 Adesão ao Esmalte e à Dentina .................................................................. 24
2.2 Sistemas Adesivos ..................................................................................... 26
2.2.1 Perspetiva Histórica dos Sistemas Adesivos ....................................... 26
2.2.2 Classificação dos Sistemas Adesivos .................................................. 27
2.2.3 Sistemas Adesivos Etch-and-rinse ...................................................... 28
2.2.4 Sistemas Adesivos Self-etch ou Autocondicionantes .......................... 31
2.2.5 Adesivos de Ionómero de Vidro Modificado por Resina ..................... 35
2.2.6 Sistemas Adesivos Universais ou Multi-modo .................................... 37
2.3 Condicionantes da Durabilidade da Adesão à Dentina ............................... 38
3. Testes de Resistência Adesiva .......................................................................... 40
3.1 Especificações da Norma ISO/TS 11405 ................................................... 40
3.2 Testes de Microtração................................................................................ 40
II. OBJETIVOS ........................................................................................................ 43
III. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 45
1. Grupos Experimentais ...................................................................................... 46
2. Procedimento Laboratorial ............................................................................... 57
10
IV. RESULTADOS ................................................................................................... 65
1. Grupos em que os sistemas adesivos foram aplicados segundo as instruções dos
fabricantes ............................................................................................................... 65
2. Grupos aplicados com o sistema adesivo de ionómero de vidro modificado por
resina ....................................................................................................................... 67
3. Tipos de fratura nos grupos em estudo .............................................................. 69
4. Análise Estatística ............................................................................................ 70
V. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 73
VI. CONCLUSÕES ................................................................................................... 81
VII. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 83
VIII. ANEXOS
11
ÍNDICE DE FIGURAS
Fig. 1 - Diferenças da dentina intertubular e peritubular junto à junção amelodentinária e
próximo da polpa (Fonte: Breschi et al., 2013). .................................................... 20
Fig. 2 - Classificação dos sistemas adesivos segundo a estratégia adesiva e o número de
passos de aplicação (Fonte: Van Meerbeek, 2008)............................................... 27
Fig. 3 - Processo de adesão à dentina segundo a técnica Etch-and-rinse (Fonte: Perdigão
et al., 2013). ......................................................................................................... 29
Fig. 4 - Processo de adesão à dentina segundo a técnica self-etch (Fonte: Perdigão et al.,
2013). .................................................................................................................. 32
Fig. 5 - Mecanismos de adesão dos adesivos de ionómero de vidro modificado por
resina (Fonte: SDI Limited). ................................................................................ 36
Fig. 6 - Sequência de preparação das amostras para serem submetidas ao teste de
microtração (Fonte: Perdigão et al., 2002). ........................................................... 41
Fig. 7 - Riva Bond LC™ (SDI) e Scotchbond™ Universal Etchant (3M ESPE). ......... 46
Fig. 8 - Riva Bond LC™ (SDI) e Ketac™ Conditioner (3M ESPE). ............................ 46
Fig. 9 - Riva Bond LC™ (SDI). .................................................................................. 47
Fig. 10 - Optibond™ FL: Primer e Adesivo (Kerr Corporation). .................................. 47
Fig. 11 - Optibond™ XTR: Primer e Adesivo (Kerr Corporation). .............................. 47
Fig. 12 - Optibond™ All-In-One (Kerr Corporation). .................................................. 48
Fig. 13 - Dente colado com cera colante num dispositivo de fixação. .......................... 57
Fig. 14 - Dente marcado para ser seccionado. .............................................................. 57
Fig. 15 - Dente colocado no micrótomo de tecidos duros pronto a ser seccionado. ...... 57
Fig. 16 - Máquina polidora (LaboPol-4, Struers, Dinamarca). ..................................... 57
Fig. 17 - Formação de smear layer com lixa SiC de grão 600. ..................................... 57
Fig. 18- Exposição da dentina superficial, após polimento. .......................................... 57
Fig. 19 - Sequência de aplicação do sistema adesivo nos grupos RB-AF e FL (1 -
Aplicação de ácido fosfórico; 2 - lavagem do ácido com água; 3 - secagem da superfície
do dente com ar; 4- Aplicação do adesivo, passo comum a todos os grupos; 5 -
12
Fotopolimerizador Optilux 501; 6 - Fotopolimerização do adesivo, passo comum a
todos os grupos). ......................................................................................................... 58
Fig. 20 - Vibrador Universal Ventura Mix (Madespa S.A, Espanha)............................ 59
Fig. 21 - Aplicação de resina composta em incrementos de 2 mm. .............................. 59
Fig. 22 - Fotopolimerização da resina composta. ......................................................... 59
Fig. 23 - Medição da altura do bloco de resina composta. ............................................ 59
Fig. 24 - Estufa Excellent INE 400 (Memmert, Alemanha). ........................................ 60
Fig. 25 - Micrótomo de tecidos duros Accutom-50 (Struers, Dinamarca)..................... 60
Fig. 26 - Amostra restaurada colada com cera colante no dispositivo de fixação, após
cortes nos sentidos x e y. ...................................................................................... 61
Fig. 27 - Palitos de dentina e resina obtidos em compressa humedecida com água
destilada. .............................................................................................................. 61
Fig. 28 - Medição de palito com craveira digital nos sentidos x e y. ............................ 61
Fig. 29 - Máquina de testes universal (Shimadzu Autograph AG-IS, Kyoto, Japão). .... 62
Fig. 30 - Palito colado no jig a ser submetido ao teste de microtração. ......................... 62
Fig. 31 - Lupa estereoscópica (Leica Microsystems® MZ6, Alemanha). ..................... 62
Fig. 32 - Tipos de fratura observados, através da lupa estereoscópica (Leica® MZ6,
Alemanha) – imagens capturadas pela máquina fotográfica digital (Leica® DF 290
HD, Alemanha). ................................................................................................... 63
Fig. 33 - Imagens obtidas por SEM da interface adesiva do adesivo Riva Bond LC
aplicado com ácido fosfórico (1 - à esquerda) e com ácido poliacrílico (2- à direita)
(Fonte: Hamama et al.,2014). ............................................................................... 76
13
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Média em MPa, desvio padrão e significância estatística dos grupos
aplicados segundo as instruções do fabricante. Letras diferentes indicam diferenças
estatísticas significativas. ..................................................................................... 65
Gráfico 2 – Média em MPa, desvio padrão e significância estatística dos grupos
aplicados com o adesivo Riva Bond LC, variando o modo de condicionamento da
dentina. Letras diferentes indicam diferenças estatísticas significativas. ............... 67
Gráfico 3 – Quantificação dos tipos de fratura ocorridos nos grupos em estudo. .......... 69
14
INDÍCE DE TABELAS
Tabela 1 - Composição química, fabricante, lote, data de validade e pH dos produtos
utilizados no estudo ............................................................................................. 49
Tabela 2 - Riva Bond LC™, instruções para aplicação em restaurações diretas segundo
o fabricante .......................................................................................................... 50
Tabela 3 - Riva Bond LC™ (SDI), instruções para aplicação em restaurações diretas,
alteração ao fabricante – Condicionamento com ácido poliacrílico (APA) ............ 51
Tabela 4 - Riva Bond LC™ (SDI), instruções para aplicação em restaurações diretas
alteração ao fabricante – Sem condicionamento ácido prévio ............................... 52
Tabela 5 - Optibond™ FL (Kerr Corporation), instruções para aplicação em
restaurações diretas segundo o fabricante ............................................................. 53
Tabela 6 - Optibond™ XTR (Kerr Corporation), instruções para aplicação em
restaurações diretas segundo o fabricante ............................................................. 54
Tabela 7 - Optibond™ All-In-One (Kerr Corporation), instruções para aplicação em
restaurações diretas segundo o fabricante ............................................................. 55
Tabela 8 - Filtek™ Z250 (3M ESPE), instruções de utilização do material restaurador
universal .............................................................................................................. 55
Tabela 9 - Instruções de aplicação segundo o fabricante do Scotchbond™ Universal
Etchant (3M ESPE) .............................................................................................. 56
Tabela 10 - Instruções de aplicação segundo o fabricante do Ketac™ Conditioner (3M
ESPE) .................................................................................................................. 56
Tabela 11 - Esquema representativo da classificação dos tipos de fratura .................... 63
Tabela 12 - Registo da média em MPa, do desvio padrão das forças adesivas e do
número de palitos dos grupos aplicados segundo as instruções dos fabricantes. Na
coluna da média, letras diferentes indicam diferenças estatísticas significativas ... 65
Tabela 13 - Registo da média em MPa, do desvio padrão das forças adesivas e do
número de palitos dos grupos aplicados com o adesivo Riva Bond LC, variando o
modo de condicionamento da dentina. Na coluna da média, letras diferentes
indicam diferenças estatísticas significativas ........................................................ 67
15
LISTA DE ABREVIATURAS
4-META – 4-metacriloxietil anidro trimelítico
10-MDP – 10-metacriloxietil dihidrogenofosfato
APA – ácido poliacrílico
Bis-EMA – etoxilato bisfenol-A-dimetacrilato
Bis-GMA – bisfenol-A-diglicidilmetacrilato
BHT – hidroxitolueno butilado
CIV – cimento de ionómero de vidro
CIVMR – cimento de ionómero de vidro modificado por resina
CQ – canforoquinona
Dp – desvio-padrão
GDMA – glicol dimetacrilato
GPDM – glicerol fosfato dimetacrilato
HEMA – 2-hidroxietilmetacrilato
M – média
MEHQ – monometil éter hidroquinona
mm² – milímetro quadrado
MMEP – mono-2-(methacryloyloxy) ftalato de etilo
MPa – MegaPascal
Mw/cm² – mili Watts por centímetro quadrado
N – Newton
ODMAB – 2-(etilhexil)-4-(dimetilamino) benzoato
TEGDMA – trietilenoglicol dimetacrilato;
UDMA – uretano dimetacrilato;
μm – micrómetro
μTBS – Microtensile bond strength (Resistência adesiva à microtração).
Introdução
17
I. INTRODUÇÃO
1. Composição e Propriedades do Esmalte e da Dentina
O dente é composto por esmalte, que é um tecido duro, inerte e avascular, suportado
por um tecido com maior resiliência, chamado dentina, cuja formação e suporte estão a
cabo da polpa dentária, tecido não mineralizado que ocupa a parte central do dente. A
estrutura dentária é constituída ainda pelo cimento, que está associado à fixação do
dente ao osso alveolar (Goldberg et al., 2011; Nanci, 2013).
Os tecidos dentários são constituídos por matéria inorgânica e orgânica, e ainda por
água, juntos definem as características químicas e mecânicas necessárias para o bom
funcionamento do dente (Bachmann & Zezell, 2005).
1.1 Esmalte Dentário
O esmalte é o tecido mais duro presente no corpo humano, devido ao seu elevado
conteúdo mineral (Junqueira & Carneiro, 2004).
Este confere a forma e a resistência ao dente, protegendo outras duas estruturas
dentárias, a dentina e a polpa (Fruits et al., 2013).
O esmalte é constituído maioritariamente por matéria inorgânica que corresponde a
92% do seu volume, por cerca de 2% de matéria orgânica e ainda por cerca de 6% de
água. Convertendo em peso, o esmalte humano maduro contém 96% de matéria
mineral, 1% de material orgânico e 3% corresponde a água (Bachmann & Zezell, 2005;
Noort, 2010).
A matéria inorgânica do esmalte é constituída principalmente por cristais de fosfato
de cálcio, chamados de hidroxiapatite - Ca10(PO4 )6(OH)
2 . Estes cristais encontram-se
organizados em prismas com cerca de 5 μm de diâmetro, que estão unidos pela matriz
orgânica (Bachmann & Zezell, 2005; Park et a.l, 2008; Nanci, 2013).
Durante a síntese de esmalte, outros iões como o estrôncio, o magnésio, o chumbo e
o fluoreto podem ser incorporados ou adsorvidos pelos cristais de hidroxiapatite. A
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
18
natureza destes está dependente do processo de mineralização, que pela sua
heterogeneidade faz com que esmaltes de diferentes dentes tenham composições
distintas (Junqueira & Carneiro, 2004; Bachmann & Zezell, 2005).
1.2 Dentina
A dentina constitui a maior parte do tecido dentário mineralizado. Encontrando-se
revestida pelo esmalte na porção coronária do dente e na porção radicular por um tecido
resistente, amarelo e opaco, denominado cimento (Rouvière & Delmas, 2005; Goldberg
et al., 2011).
São muitas as alterações que vão surgindo nos dentes humanos ao longo do seu
processo de envelhecimento, sendo as mais notáveis as que se observam na estrutura
física e química da dentina (Arola & Reprogel, 2005).
1.2.1 Propriedades Físicas
A dentina apresenta coloração amarelo-clara, que pela translucidez do esmalte dará
a cor ao dente (Berkovitz et al, 2009).
A sua matriz orgânica e a sua arquitetura tubular conferem-lhe maior resistência à
tensão, à compressão e à flexão, quando comparada com o esmalte. Esta apresenta uma
força de tensão na ordem dos 40 MPa (Fruits et al., 2013).
A dentina é um tecido permeável, cuja permeabilidade está dependendente do
tamanho e do número de túbulos dentinários, os quais vão decrescendo com a idade.
(Berkovitz et al, 2009).
Em estados de maior fragilidade pode fraturar como em caso de cárie, aquando da
preparação cavitária, em dentes envelhecidos e pela desidratação que ocorre nos
tratamentos de canal (Berkovitz et al., 2009).
Introdução
19
1.2.2 Composição Química
A dentina apresenta uma dureza superior à do osso humano, porque tem uma
quantidade mais elevada de sais de cálcio (Junqueira & Carneiro, 2004).
O tecido dentinário é do tipo conjuntivo mineralizado, sendo composto em cerca de
50% do seu volume, por matéria inorgânica, principalmente por sais de cálcio na forma
de hidroxiapatite, 30% corresponde à matéria orgânica, constituída maioritariamente por
colagénio tipo I e, ainda que em menores concentrações, por colagénio do tipo III, V, e
VI, proteínas não colagénicas, fosfolípidos, glicosaminoglicanos e proteoglicanos. Os
restantes 20% correspondem a água, estando representada na forma de fluido dentinário.
Por outro lado, em peso, a matéria inorgânica corresponde a 70%, a matéria orgânica a
20% e a água a 10% (Junqueira & Carneiro, 2004; Love, 2004).
1.2.3 Estrutura e Morfologia
A dentina é mais húmida e apresenta um maior conteúdo orgânico que o esmalte.
No entanto não possui a sua microestrutura ordenada (Miyazaki et al., 2014).
A secreção da matriz orgânica da dentina é realizada pelos odontoblastos, células
alongadas provenientes da polpa. Estas células possuem ramificações apicais, que
penetram em toda a extensão da dentina, denominados prolongamentos odontoblásticos,
que por sua vez, vão ocupar estruturas estreitas e proeminentes chamadas, túbulos
dentinários. Estes túbulos para além dos prolongamentos odontoblásticos contêm, fibras
nervosas, fluido dentinário e fibras de colagénio não mineralizadas (Junqueira &
Carneiro, 2004; Love, 2004; Chiego Jr., 2013).
A secreção de colagénio dá-se junto à junção amelodentinária (JAD) e é em redor
dos prolongamentos odontoblásticos que será formada e mineralizada a matriz da
dentina. Resultando na formação de estruturas de natureza tubular, denominadas por
dentina primária e secundária. A matriz orgânica produzida inicialmente é não
mineralizada, recebendo a designação de pré-dentina (Junqueira & Carneiro, 2004;
Love, 2004).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
20
Existe ainda a dentina terciária, reparadora ou reacional, que apresenta uma
estrutura tubular irregular, pois os seus túbulos dentinários encontram-se afetados.
Enquanto a formação da dentina primária e secundária trata-se de um processo
fisiológico, a síntese de dentina terciária surge como resposta a estímulos patológicos
(Love & Jenkinson, 2002).
A dentina adquire diferentes terminologias consoante a sua composição e o seu
local de deposição. O tecido muito mineralizado que rodeia o lúmen dos túbulos,
formando as suas paredes, recebe o nome de dentina peritubular ou intratubular e a
dentina que se encontra entre os túbulos, mais especificamente entre as zonas de dentina
peritubular, formando o corpo principal da dentina, recebe a denominação de dentina
intertubular. A dentina peritubular contém mais de 9% de conteúdo mineral que a
dentina intertubular (Swift et al.,1995; Perdigão & Ritter, 2001; Goldberg et al., 2011).
A área ocupada por dentina intertubular junto à JAD é de 96% e junto à polpa é
cerca de 12%, isto terá influência na permeabilidade dentinária, assim como terá um
papel fundamental na adesão dentária. Por outro lado, a dentina peritubular varia entre
60% junto à polpa e cerca de 3% apenas na JAD (Perdigão & Ritter, 2001; Berkovitz et
al., 2009).
Fig. 1- Diferenças da dentina intertubular e peritubular junto à junção amelodentinária e próximo da
polpa (Fonte: Breschi et al., 2013).
O número de túbulos assim como a área ocupada pelos túbulos dentinários na
dentina diminui à medida que se afastam da polpa, verificando-se a presença de cerca de
45.000/mm² junto à polpa e de cerca de 15.000/mm² na junção amelodentinária.
Introdução
21
Também o diâmetro dos túbulos diminui de aproximadamente 2,37 μm junto à polpa
para 0,63 μm na região periférica da dentina (Perdigão & Ritter, 2001; Love, 2004).
Segundo a teoria hidrodinâmica, os diferentes estímulos a que a dentina é sensível,
como o calor, frio, trauma e pH ácido, provocam o movimento do fluido dentinário e
este, por sua vez, estimula as fibras nervosas localizadas junto aos prolongamentos
odontoblásticos, gerando a perceção de dor (Junqueira & Carneiro, 2004; Chun et al.,
2014).
1.2.4 Permeabilidade Dentinária
A estrutura tubular da dentina confere-lhe uma elevada porosidade, tornando-a
permeável aos fármacos, substâncias químicas, toxinas e bactérias, que ao proliferarem
até à polpa irão provocar-lhe danos. Os túbulos permitem também a penetração de
monómeros de resina, desempenhando assim um papel importante na dentisteria adesiva
(Love, 2004; Mjör, 2009).
A integridade do esmalte e do cimento fica comprometida quando a dentina é
sujeita a processos patológicos, trauma ou a procedimentos restauradores ou
periodontais, funcionando os túbulos expostos como um meio de comunicação entre a
pulpa e o meio oral (Love, 2004).
A densidade e o diâmetro dos túbulos dentinários aumentam em profundidade, da
junção amelodentinária em direção à polpa. O mesmo acontece com a permeabilidade.
Pode-se portanto concluir, que a permeabilidade da dentina é proporcional aos valores
da densidade e do diâmetro dos túbulos dentinários, correspondendo a região dos cornos
pulpares ao local onde a dentina é mais permeável (Ghazali, 2003; Mjör, 2009).
As mudanças que ocorrem na dentina resultam do seu envelhecimento fisiológico,
em resposta à cárie ou quaisquer outros estímulos que aumentem o seu grau de
mineralização. Com o envelhecimento verifica-se um aumento da espessura da dentina
peritubular, isto deve-se à deposição mineral que ocorre no interior dos túbulos
dentinários, levando à diminuição do diâmetro dos seus lúmenes, verificando-se como
consequência, a progressiva redução da permeabilidade dentinária (Senawongse et al.,
2006; Perdigão et al., 2013a).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
22
Existem ainda outros fatores associados à redução da permeabilidade da dentina,
como: a própria síntese de dentina intratubular, pois é muito mineralizada; a coagulação
nos túbulos de proteínas plasmáticas (fibrina) dos vasos pulpares, após instrumentação;
a precipitação de conteúdo mineral, fibras de colagénio, proteoglicanos e bactérias nos
túbulos intratubulares e a formação de uma camada de detritos (smear layer) sobre a
superfície dentinária, após preparação cavitária com instrumentos de corte (Ghazali,
2003).
A smear layer comporta-se como uma verdadeira barreira física, que ao obstruir a
entrada dos túbulos dentinários reduz a permeabilidade da dentina em 86% (Sezinando,
2014).
Introdução
23
2. Princípios de Adesão
Segundo a Norma ISO/TS 11405:2015, a adesão é o estado em que duas superfícies
distintas são mantidas unidas por forças químicas ou físicas, ou ambas, com o auxílio de
um adesivo.
Por outro lado, a coesão define-se como a atração interna que ocorre entre átomos
ou moléculas da mesma substância ou material (Noort, 2010).
O elemento utilizado para permitir a adesão é conhecido como adesivo e o substrato
sobre o qual o adesivo é aplicado é denominado de aderente. Sendo a interface descrita
como o ponto onde o substrato contacta com o adesivo (Noort, 2010; Rawls et al.,
2013).
O adesivo apresenta-se normalmente na forma de fluido viscoso que ao solidificar
estabelece a adesão, transferindo uma carga de uma superfície para outra (Perdigão et
al., 2013b).
Quando falamos em adesão às estruturas do dente, o substrato ou aderente é
normalmente o esmalte ou a dentina, e é sobre estes que será aplicado o adesivo
(Perdigão, 2007).
Uma boa adesão é alcançada, quando há o íntimo contacto entre o adesivo e os
substratos dentários (adesivo com boa molhabilidade), para tal é necessário que a
energia de superfície do adesivo seja inferior à da dentina e esmalte, de modo a que o
ângulo de contacto seja o menor possível (Perdigão & Ritter, 2001; Noort, 2010
Perdigão et al., 2013b).
A energia de superfície de um sólido ou de um líquido corresponde à força de
atração interna das moléculas de um material para o seu centro, de forma a atingir um
estado de energia mínima (equilíbrio). A energia de superfície mede, assim, a força
coesiva de um material, sendo expressa em MJ/m2 (Rawls et al, 2013).
São três os mecanismos que possibilitam a adesão dos sistemas adesivos à estrutura
dentária. A adesão pode resultar ainda da combinação desses mecanismos, sendo eles os
seguintes:
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
24
Mecânico: Em que ocorre impregnação de resina adesiva e formação de resin
tags, ou seja, prolongamentos de resina para o interior das estruturas dentárias;
Adsorção: ligação química aos componentes inorgânicos (hidroxiapatite) ou aos
componentes orgânicos (principalmente o colagénio tipo I), da superfície
dentária;
Difusão: É o mecanismo em que se verifica a precipitação de substâncias na
superfície dentária, possibilitando, assim, a ligação mecânica ou química dos
monómeros de resina a estas (Perdigão et al., 2002).
O êxito num tratamento restaurador é alcançado, se o sistema adesivo conseguir
estabelecer uma adesão forte e estável entre o material restaurador e a estrutura dentária.
A sua capacidade em proteger a interface restauração/dente contra a microinfiltração
bacteriana, pode evitar o aparecimento de lesões de cárie secundárias e proporcionar
uma maior longevidade ao tratamento (Perdigão et al., 2013b; Rawls et al., 2013).
2.1 Adesão ao Esmalte e à Dentina
Desde Buonocore, que o conceito de adesão ao esmalte tem permanecido simples,
consistente e fiável, o mesmo não se pode dizer da dentina, pois estão envolvidos vários
fatores que a podem condicionar (Van Meerbeek et al., 2003; Coelho et al., 2012).
A adesão ao esmalte é previsível, pois é um substrato uniforme, fundamentalmente,
composto por cristais inorgânicos organizados em prismas. Por outro lado, a adesão à
dentina revelou-se ao longo dos tempos imprevisível, devido à sua estrutura tubular, ao
seu conteúdo orgânico, e à sua humidade intrínseca, levando a sucessivas modificações
dos sistemas adesivos, com o objetivo de melhorar a sua adesão (Coelho et al., 2012;
Perdigão et al., 2013a).
Quando o dente é preparado com instrumentos de corte, a sua superfície fica coberta
por uma camada de detritos, chamada smear layer. Esta camada é constituída
principalmente por hidroxiapatite e colagénio desnaturado, apresentando também,
bactérias, fragmentos de broca e constituintes salivares (Rawls, et al., 2013; Miyazaki et
al., 2014).
Introdução
25
O mecanismo de adesão ao esmalte e à dentina baseia-se fundamentalmente num
processo de troca, em que ocorre a substituição dos minerais presentes na superfície
dentária por monómeros de resina adesiva (De Munck, et al., 2005; Cardoso et al.,
2011).
No esmalte, a adesão tem início com a importante ação de soluções ácidas ou
monómeros acídicos, que desmineralizam os cristais de hidroxiapatite, criando
microporosidades, e removem a smear layer aumentando a energia de superfície, o que
facilita a adesão, assim como, aumenta a área de contacto (superfície), permitindo uma
melhor molhabilidade do adesivo (Noort, 2010; Rawls et al., 2013).
Depois o adesivo, resina fluida de baixa viscosidade, é aplicado molhando a
superfície de alta energia do esmalte e penetrando nas microporosidades criadas. Com a
polimerização dos monómeros do adesivo, os prolongamentos de resina formados ficam
retidos micromecanicamente. Estes são conhecidos como resin tags e são eles que
promovem a adesão ao esmalte, por microretenção mecânica (De Munck et al., 2005;
Cardoso et al., 2011; Sezinando, 2014).
O ataque ácido na dentina desmineraliza a dentina intertubular e a peritubular,
criando microporosidades, e deixa as fibras de colagénio sem suporte mineral. Além
disso, remove ou incorpora a smear layer e os smear plugs (“rolhões” de smear layer
depositados no interior dos túbulos dentinários), que leva à exposição dos túbulos
dentinários e da rede de colagénio. Em seguida são aplicados o primer e o adesivo,
ocorrendo a polimerização dos monómeros nos espaços existentes na rede de colagénio.
Desta forma cria-se uma camada hibrida constituída por resina e colagénio (Ikeda et al.,
2009).
O condicionamento ácido na dentina diminui a energia de superfície, o que é
desfavorável para a adesão, ou seja, temos de utilizar o sistema adesivo para aumentá-la,
a fim de alcançar forças adesivas mais elevadas (Perdigão & Ritter, 2001).
Por um lado, a retenção micromecânica dentina-resina é fundamental, para que se
estabeleça adesão imediata. Por outro, a adesão química é desejada para melhorar a
estabilidade adesiva (Perdigão et al., 2013a).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
26
2.2 Sistemas Adesivos
2.2.1 Perspetiva Histórica dos Sistemas Adesivos
Buonocore, em 1955, demonstrou que o uso de ácido fosfórico sobre o esmalte
aumentava as forças adesivas. Posteriormente, em 1967, Gwinnett descobriu que as
resinas adesivas penetravam no interior dos prismas de esmalte, após condicionamento
ácido (Breschi et al., 2013).
Mais tarde a técnica total-etch, em que a dentina e o esmalte são condicionados com
ácido ao mesmo tempo, foi introduzida por Fusayama em 1980. Nessa técnica, a smear
layer formada após a instrumentação da cavidade é removida, expondo a rede de
colagénio e os túbulos da dentina (Pashley et al., 2011).
Nakabayashi e colaboradores (1982) foram os primeiros a demonstrar que os
monómeros do adesivo infiltravam a dentina após o ataque ácido, formando uma
camada hibrida composta por colagénio, monómeros de resina e smear layer (Pashley et
al., 2011; Breschi et al, 2013).
As descobertas e os desenvolvimentos anteriormente referidos conduziram à
evolução dos sistemas adesivos. Existindo neste momento sete gerações distintas de
adesivos. Contudo, as três primeiras gerações já se encontram em desuso (Coelho et al,
2012).
As três primeiras três gerações tinham na sua composição grupos acídicos, que
reagiam com o cálcio, e grupos metacrilatos que copolimerizavam com a resina. A
adesão baseava-se na modificação ou remoção da smear layer e a interação dos
adesivos com a dentina era superficial. O esmalte era condicionado com um ácido forte,
num passo clinico separado (Van Meerbeek et al., 1998; Coelho et al., 2012).
Embora se tenham verificado melhorias na resistência adesiva ao longo das
primeiras gerações, a adesão à smear layer permaneceu fraca e inconsistente, porque as
forças adesivas eram iguais às forças da coesão da smear layer, ou seja, eram iguais à
força de fratura, o adesivo e a smear layer desuniam-se (Kugel & Ferrari, 2000;
Perdigão & Ritter, 2001; Coelho et al., 2012).
Introdução
27
Atualmente a classificação dos sistemas adesivos em gerações é considerada
obsoleta. Esta classificação é muitas vezes utilizada com propósitos comerciais, os quais
poderão induzir em erro o clínico, pois as gerações mais recentes não têm
necessariamente melhor desempenho que as anteriores. Presentemente, os sistemas
adesivos mais utilizados são os de 4º, 5º, 6º e 7º geração (Van Meerbeek et al., 2003;
Coelho et al., 2012; Sezinando, 2014).
2.2.2 Classificação dos Sistemas Adesivos
A forma mais lógica e simples de classificar um sistema adesivo é feita, com base
no seu mecanismo de adesão e no número de passos envolvidos aquando da sua
aplicação (Rawls et al., 2013).
A interação e a troca de substâncias entre os tecidos dentários e os adesivos atuais é
realizada em um, dois ou três passos de aplicação clínica. Além do número de passos
aplicados, os adesivos podem ainda ser classificados segundo a sua estratégia adesiva
em etch-and-rinse, self-etch e adesivos de ionómero de vidro (Van Meerbeek et al.,
2003).
Estas três categorias de adesivos têm em comum o mesmo mecanismo de adesão,
que é o processo de hibridização (Van Landuyt et al., 2005).
Fig. 2 - Classificação dos sistemas adesivos segundo a estratégia adesiva e o número de passos de
aplicação (Fonte: Van Meerbeek, 2008).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
28
No entanto, de acordo com a classificação de Sezinando (2014), os materiais
derivados de ionómero de vidro são incluidos na estratégia autocondicionante ou self-
etch.
Nos sistemas adesivos etch-and-rinse faz-se condicionamento ácido da superfície
dentária, num passo separado, que remove a smear layer e os cristais de hidroxiapatite.
Enquanto os sistemas self-etch tornam a smear layer permeável sem a remover
completamente (Perdigão, 2007).
Recentemente, surgiram os sistemas adesivos universais ou multi-modo, que podem
ser aplicados segundo a estratégia etch-and-rinse ou com a abordagem self-etch
(Sezinando, 2014).
2.2.3 Sistemas Adesivos Etch-and-rinse
Estes sistemas adesivos podem ser de três ou dois passos. Nos de três passos, o
ácido, o primer e o bonding ou adesivo são aplicados separadamente (Adesivos de 4º
geração). Enquanto nos de dois passos conjuga-se num único passo a aplicação do
primer e do adesivo (Adesivos de 5º geração). Estes últimos surgiram para que
houvesse a simplificação e a diminuição do número de passos clínicos, do tempo de
trabalho e para minimizar erros técnicos. Porém, apresentam ambos o mesmo processo
de adesão (Cardoso et al., 2011; Miyazaki, 2014).
A técnica etch-and-rinse é considerada a abordagem mais eficaz para que se
consiga uma adesão eficiente e estável ao esmalte. Para tal, é necessário que ocorram
dois processos: A dissolução seletiva dos cristais de hidroxiapatite pelo
condicionamento ácido, geralmente com um gel de ácido fosfórico, e a absorção da
resina aplicada, para dentro das microporosidades criadas pelo ataque ácido, por atração
capilar (Van Meerbeek et al., 2003; Rawls et al., 2013).
O ácido fosfórico utilizado costuma ter uma concentração entre os 30 e os 40%,
com o pH a variar entre 0,1 e 0,4. Quanto mais baixo o pH maior será a sua capacidade
para eliminar bactérias residuais (Gu et al., 2010).
Introdução
29
A duração do ataque ácido com ácido fosfórico a 37% não deve exceder os 15
segundos, porque a sua ação prolongada pode provocar a modificação estrutural do
colagénio exposto (Breschi et al., 2003).
O ácido aplicado na dentina desmineraliza a sua camada superficial, ou seja, os
cristais de hidroxiapatite da dentina intertubular e peritubular, em 3 a 5μm e remove a
smear layer e os smear plugs. Isto promove a abertura dos túbulos e a aumenta a
permeabilidade dentinária (Van Meerbeek et al., 2003, Perdigão, 2007; Miyazaki et al.,
2014).
Em seguida, são aplicados monómeros de resina dissolvidos num solvente orgânico,
que penetram as fibras de colagénio desmineralizadas. Os monómeros vão ocupar as
microporosidades criadas pela ação do ácido, criando-se uma zona de interdifusão
resina-dentina, a camada híbrida. Com a infiltração e consequente polimerização dos
monómeros no interior dos túbulos dentinários formam-se resin tags (Van Meerbeek et
al., 2003; Perdigão, 2007; Miyazaki et al., 2014).
Tanto os etch-and-rinse de dois como os de três passos preconizam a adesão à
dentina húmida, ou seja a dentina deve ficar com uma certa humidade para otimizar a
formação da camada hibrida, a esta técnica dá-se o nome de wet-bonding. A introdução
Fig. 3 - Processo de adesão à dentina segundo a técnica Etch-and-rinse (Fonte: Perdigão et al., 2013).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
30
desta técnica permitiu aumentar as forças adesivas e o selamento dentinário, assim
como a diminuição da sensibilidade pós-operatória (Pashley et al., 2011; Rawls et al.,
2013).
O primer é constituído por monómeros com dois grupos funcionais, um grupo
hidrofílico, que tem afinidade com a superfície dentinária, e um grupo hidrofóbico, que
se liga ao adesivo. Estes monómeros encontram-se dissolvidos em solventes orgânicos,
como a acetona, álcool e/ou água, que deslocam água da superfície dentinária e da rede
de colagénio, fazendo com que os monómeros ocupem os espaços entre as fibras de
colagénio (Perdigão & Ritter, 2001; Swift, 2002; Perdigão et al., 2013b).
Os monómeros são aplicados para aumentar a energia de superfície e por
conseguinte a molhabilidade da dentina, que o ataque ácido tinha diminuído,
traduzindo-se num aumento da resistência adesiva. Os solventes devem ser totalmente
evaporados antes da polimerização, para aumentar a proximidade das moléculas
(Perdigão & Ritter, 2001; Swift, 2002; Perdigão et al, 2013b).
O adesivo apresenta normalmente na sua constituição monómeros hidrofóbicos
como o Bis-GMA, TEGDMA ou UDMA, mas pode apresentar também monómeros
hidrofílicos como o HEMA, que aumentam a molhabilidade ou seja aumentam o
contacto do adesivo com o substrato dentário. A copolimerização do primer e adesivo
permite formar a camada híbrida (Perdigão & Ritter, 2001; Swift, 2002).
O HEMA trata-se de um monómero de metacrilato solúvel em água, de pequenas
dimensões, baixo peso molecular com propriedades hidrofílicas e polares. Este diminui
a viscosidade e aumenta a capacidade de impregnação do adesivo na superfície dentária,
ao mesmo tempo que estabiliza e previne o colapso das fibras de colagénio, aumentando
assim a permeabilidade dentinária e a difusão dos monómeros da resina adesiva
(Pashley et al., 2011; Coelho et al., 2012).
A força adesiva dos sistemas etch-and-rinse resulta da formação da camada híbrida
e dos resin tags, sendo os resin tags responsáveis por cerca de um terço da resistência
adesiva (Perdigão et al., 2012).
Os sistemas adesivos etch-and-rinse de três passos são considerados como “gold-
standard” devido à sua performance clinica e laboratorial ser superior às outras
abordagens adesivas. Esta abordagem tem demonstrado uma adesão ao esmalte mais
Introdução
31
estável e eficaz, e na dentina forma-se uma boa camada hibrida (Van Meerbeek et al.,
1998; Peumans et al., 2005; Cardoso et al., 2011).
Apesar da simplificação dos sistemas etch-and-rinse, os de três passos demonstram
melhor desempenho, quer clínico, quer a nível laboratorial, que os etch-and-rinse de
dois passos (Peumans et al., 2005). Estas diferenças devem-se sobretudo à infiltração e
à hibridização subótimas dos adesivos de dois passos e a uma maior suscetibilidade à
hidrólise (De Munck et al., 2005).
A incompleta infiltração da resina adesiva nas fibras de colagénio e a necessidade
de proteger a interface adesiva contra a degradação, por hidrólise, levaram ao
desenvolvimento dos sistemas adesivos self-etch (Bradnaa et al., 2008).
2.2.4 Sistemas Adesivos Self-etch ou Autocondicionantes
Os adesivos self-etch podem ser de um ou dois passos. Nos de dois passos
(Adesivos de 6º geração), aplica-se primeiro o primer acídico e depois é aplicado o
adesivo. Recentemente surgiram os self-etch de um único passo (ou all-in-one) que
combinam no mesmo frasco ácido, primer e adesivo. Estes últimos são referidos como a
sétima geração de sistemas adesivos (Swift, 2002; Van Meerbeek et al., 2011).
Os adesivos self-etch ao contrário dos adesivos etch-and-rinse, não requerem o
passo separado de condicionamento ácido, pois contém um primer combinado com o
ácido. Os seus monómeros acídicos encontram-se diluídos numa solução aquosa, que
simultaneamente condiciona, penetra e incorpora a smear layer na camada híbrida, não
necessitando de ser lavados (Peumans et al., 2005).
Com estes sistemas a desmineralização e a hibridização passaram a ocorrer ao
mesmo tempo, pois a desmineralização parcial dos cristais de hidroxiapatite da dentina,
assim como a infiltração do colagénio dão-se ao mesmo tempo e à mesma profundidade
que a penetração dos monómeros (Coelho et al., 2012).
Teoricamente deixou de existir zonas desmineralizadas sem serem molhadas pelo
primer, passando as microporosidades a ficarem totalmente preenchidas. Com esta
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
32
abordagem, verifica-se uma diminuição dos defeitos estruturais da interface adesiva
(Coelho et al., 2012).
Fig. 4 - Processo de adesão à dentina segundo a técnica self-etch (Fonte: Perdigão et al., 2013).
É importante referir que o ácido fosfórico usado nos adesivos etch-and-rinse é mais
acídico do que os monómeros de fosfato ou carboxilato presentes na composição dos
adesivos self-etch. Os últimos apresentam assim valores de pH mais elevados (Perdigão
et al., 2012).
A abordagem self-etch está dependente da profundidade de desmineralização criada
pela ação dos seus monómeros acídicos. Os self-etch em função da acidez e do seu grau
de agressividade podem ser classificados como fortes pH <1), moderados (1 < pH > 2),
suaves (pH ≈ 2) ou como ultrasuaves (pH ≥2.5):
Os “Agresivos ou Fortes” têm um pH muito baixo permitindo-lhes dissolver
completamente a smear layer. Apresentam um mecanismo e uma interface
adesiva semelhante à encontrada nos sistemas etch-and-rinse;
Os “suaves” desmineralizam apenas parcialmente a superfície dentinária (a uma
profundidade <1μm), incorporando cristais de hidroxiapatite numa fina camada
Introdução
33
híbrida. Os cristais residuais reagem com os grupos carboxilo ou fosfato dos
monómeros;
Os de agressividade moderada desmineralizam 1 a 2μm de profundidade;
Os “Ultrasuaves” têm relativamente pouca acidez, provocando apenas
exposição parcial da rede de colagénio (De Munck et al., 2005; Miyazaki et al.,
2014).
Os self-etch “suaves” têm a vantagem de manter cristais de hidroxiapatite à volta
das fibras de colagénio, protegendo-as contra a hidrólise, prevenindo assim a
degradação da interface adesivo-dentina. Enquanto os “fortes” pela sua hidrofilicidade
aumentam a suscetibilidade à degradação hidrolítica. Sendo o mecanismo de adesão dos
“suaves” à dentina melhor do que o estabelecido com os “fortes” (Inoue et al., 2005).
Normalmente os Self-etch de dois passos apresentam um pH entre 1 e 2,5,
apresentando uma capacidade de condicionamento moderada. Por seu lado, os de um
único passo são mais acídicos, apresentando um pH normalmente menor do que 1,
sendo o seu efeito de condicionamento semelhante ao do ácido fosfórico (Coelho et al.,
2012).
Os adesivos self-etch são muito hidrofílicos, não só porque contém mais
monómeros hidrofílicos (HEMA e monómeros acídicos) do que os etch-and-rinse como
também possuem uma grande quantidade de água como solvente (Sezinando, 2014).
A adesão nos adesivos autocondicionantes resulta da retenção micromecânica e da
hibridização no esmalte e na dentina, complementada pela adesão química que se
estabelece entre os protões dos monómeros acidulados e a hidroxiapatite, pelo seu grupo
hidroxilo. Esta última constitui uma diferença face aos mecanismos de adesão dos
sistemas etch-and-rinse (Perdigão & Ritter, 2001).
O mecanismo de ação dos adesivos self etch trouxe algumas vantagens em relação
aos sistemas adesivos etch-and-rinse, nomeadamente, a redução do tempo de aplicação,
a eliminação de etapas de difícil estandardização, como a subjetividade do conceito de
adesão à dentina húmida e permitiu diminuir a vulnerabilidade a erros clínicos (Van
Meerbeek et al., 2011; Coelho et al., 2012).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
34
A menor incidência de sensibilidade pós-operatória constitui também outra
vantagem destes adesivos, embora não seja um tema que reúna consenso (Opdam et al.,
1998; Ernst, 2004).
Uma desvantagem da abordagem self-etch é a reduzida eficácia adesiva ao esmalte.
O aumento da área de superfície que se obtém no esmalte com a aplicação de um
adesivo self-etch é inferior à criada pelo ácido fosfórico e está dependente do seu pH
(Muñoz et al., 2013). A adesão insatisfatória no esmalte deve-se ao menor potencial de
adesão micromecânica e à menor capacidade de interação destes adesivos com os
cristais de hidroxiapatite (Van Meerbeek et al., 2011).
Para tentar ultrapassar este problema tem-se sugerido o condicionamento prévio do
esmalte com ácido fosfórico, aplicando-se de seguida o adesivo self-etch no esmalte e
na dentina. Com esta técnica (selective enamel etching) a adesão ao esmalte aumentou
(Frankenberger et al., 2008).
Tem-se verificado a diminuição da estabilidade dos self-etch de um passo a longo
prazo. Este facto está relacionado com o seu caráter de semipermeabilidade, que permite
a circulação de água através da interface adesiva. Este fenómeno acelera a degradação
hidrolítica, comprometendo a longevidade da adesão (Perdigão, 2007; Marchesi, et al.,
2013).
De forma a minimizar este efeito têm-se sugerido algumas técnicas: aplicar mais
camadas de adesivo do que as indicadas pelo fabricante, de modo a garantir que o
adesivo é espalhado sobre toda a superfície e para que aumente o seu grau de penetração
na camada híbrida; aplicar energicamente o adesivo sobre o substrato dentário, e aplicar
uma camada extra de resina hidrófoba, passando a funcionar como um self-etch de dois
passos (Breschi et al., 2008; Coelho et al, 2012).
Por outro lado, os self-etch de dois passos mais hidrofóbicos têm apresentado
resultados mais favoráveis, sendo esses resultados muito próximos dos obtidos pelos
sistemas adesivos etch-and-rinse de três passos (Marchesi et al., 2013).
Introdução
35
2.2.5 Adesivos de Ionómero de Vidro Modificado por Resina
De acordo com Yoshida et al. (2000), os ionómeros de vidro são os únicos materiais
restauradores com a capacidade de se aderirem aos tecidos dentários, por si próprios
(self-adhesive), sem necessidade de realizar pré-tratamento da superfície dentária (Van
Meerbeek et al., 2003). Embora com a aplicação de ácido poliacrílico (APA) na
superfície dentária aumente significativamente a adesão (Van Meerbeek et al., 2006).
Em 1988, com a incorporação de resina nos cimentos de ionómero de vidro (CIV),
surgiu um novo material, os cimentos de ionómero de vidro modificados por resina
(CIVMR). Estes cimentos representam uma evolução dos CIV convencionais, pois
minimizam os seus inconvenientes e permitem aliar as suas vantagens às das resinas
adesivas. Tal como os CIV, ligam-se à estrutura dentária, libertam flúor e são
biocompatíveis (Culbertson, 2001; Noort, 2010; Hamama et al., 2014).
Os CIVMR apresentam na sua constituição cerca de 80% de componentes dos CIV
(Vidro fluoroaluminosilicato e ácido poliacrílico) e os restantes 20% correspondem a
metacrilatos fotopolimerizáveis e a pequenas quantidades de monómeros de resina,
como o HEMA e o Bis-GMA, conferindo-lhes capacidade de adesão à estrutura do
dente por mecanismos químicos e mecânicos (Hamama et al., 2014).
Os CIVMR apresentam três reações de polimerização: Reação ácido-base, típica
dos CIV convencionais, que se inicia com a mistura do pó e do líquido, ocorrendo sem a
presença de luz; A fotopolimerização dos grupos metacrilato tem início com a mistura
pó/ líquido e precisa de luz; A polimerização dos radicais-livres de metacrilatos, que se
estabelece por reação de oxidação-redução, iniciada quando o pó e líquido são
misturados, sem necessidade de luz (Di Nicoló et al., 2007; Noort, 2010).
Os CIVMR aplicam-se como restauradores diretos e como forros ou bases
cavitárias sob amálgama, resina composta e restaurações em cerâmica. Quando aplicado
como forro cavitário não existe a necessidade de pré-condicionar a superfície dentária
(Culbertson, 2001).
Os adesivos de Ionómero de vidro modificado por resina (IVMR) surgiram, em
1995. A sua adesão ocorre por mecanismos químicos e mecânicos. A adesão química
dá-se à semelhança dos tradicionais CIVMR, ou seja, estabelecem-se ligações iónicas
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
36
entre os grupos carboxilo do ácido poliacrílico e os iões de cálcio da hidroxiapatite, que
revestem as fibrilhas de colagénio, e o processo de adesão micromecânica dá-se pela
interdifusão de resina adesiva na superfície dentária pré-condicionada (Yoshida, et al.,
2000; Yoshida, et al., 2001; Peumans et al., 2003; Hamama et al., 2014).
Fig. 5 - Mecanismos de adesão dos adesivos de ionómero de vidro modificado por resina (Fonte: SDI
Limited).
O condicionamento da superfície dentária é um passo importante para aumentar a
adesão entre os adesivos de IVMR e a dentina, sendo na maioria das vezes
recomendado o seu pré-tratamento com ácido poliacrílico (APA), o mesmo utilizado
com os CIV restauradores (Breschi et al., 2013). Porém, o fabricante de um novo
adesivo, desta mesma classe, indica o pré-condicionamento da superfície dentária com
ácido fosfórico durante 5 segundos (Hamama et al., 2014).
O ácido poliacrílico a 20-30%, com o seu condicionamento de curta duração, limpa
a superfície dentária, removendo a smear layer, à exceção dos smear plugs,
desmineraliza parcialmente a superfície da dentina em cerca de 0,5-1µm de
profundidade, expõe as fibras de colagénio e promove a adesão química entre os
componentes do ionómero de vidro e os cristais de hidroxiapatite (De Munck, et al.,
2005; Breschi et al., 2013).
Por outro lado, segundo De Munck e colaboradores (2004), quando o pré-
condicionamento é feito com ácido fosfórico não se estabelecem ligações iónicas com a
hidroxiapatite, ocorrendo apenas adesão micromecânica.
Introdução
37
De acordo com Van Meerbeek e colaboradores (2006), os ionómeros de vidro
estabelecem adesão ao tecido dentário pela abordagem self-etch ou autocondicionante.
Os ionómeros de vidro são autocondicionantes por conterem polímeros de
policarboxilato de elevado peso molecular, enquanto os adesivos de resina self-etch têm
monómeros acídicos de baixo peso molecular.
A adesão química que os ionómeros de vidro estabelecem com o substrato dentário
levou à introdução de polímeros de carboxilato na composição de outros adesivos
dentários (De Munck et al., 2005).
O excelente desempenho destes materiais a longo-prazo, está relacionado com a
estável e forte autoadesividade que os carateriza (van Dijken & Pallesen, 2008).
2.2.6 Sistemas Adesivos Universais ou Multi-modo
Recentemente surgiu no mercado uma nova classe de sistemas adesivos, recebendo
o nome de universais ou multi-modo, pelas suas múltiplas e variadas formas de
utilização. O desenvolvimento destes adesivos coincidiu com o expirar da patente da
molécula 10-MDP (Sezinando, 2014).
De acordo com os seus fabricantes, estes sistemas adesivos podem ser usados na
variante etch-and-rinse e self-etch, ou ainda com a técnica selective enamel etching
(Perdigão & Loguercio, 2014).
Na vertente etch-and-rinse faz-se condicionamento ácido primeiro e depois aplica-
se o sistema adesivo universal, com a abordagem self-etch aplica-se apenas o sistema
adesivo universal sem pré-condicionamento e na técnica selective enamel etching
aplica-se o ácido fosfórico no esmalte, ou seja, utiliza-se a técnica etch-and-rinse no
esmalte e depois aplica-se o sistema adesivo universal na vertente self-etch na dentina e
no esmalte – é a técnica recomendada para a adesão ao esmalte, pois resulta em forças
adesivas mais elevadas (Muñoz et al., 2013).
Estes sistemas adesivos aplicados como self-etch têm como principal desvantagem a
diminuta adesão ao esmalte e como etch-and-rinse têm como desvantagem a
possibilidade do adesivo não conseguir atingir a totalidade da profundidade de
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
38
desmineralização, pois a dentina é condicionada primeiro com ácido fosfórico e depois
com os monómeros acídicos (over-etching) (Muñoz et al., 2013).
Os adesivos universais têm demonstrado ser dependentes da presença de
hidroxiapatite, isso pode estar associado à sua composição, pois apresentam moléculas
capazes de estabelecer ligações iónicas com o cálcio da hidroxiapatite, como a molécula
10-MDP e copolímeros poliacrílicos (Sezinando, 2014).
As forças adesivas destes adesivos quando aplicados segundo a abordagem etch-
and-rinse têm-se revelado inferiores às dos sistemas adesivos etch-and-rinse de dois e
três passos tradicionais. Por outro lado, quando são aplicados na vertente self-etch
mostram valores semelhantes aos adesivos self-etch tradicionais (Perdigão et al., 2012).
2.3 Condicionantes da Durabilidade da Adesão à Dentina
Diversos fatores têm sido descritos como responsáveis pela degradação dos
adesivos dentários, nomeadamente a natureza hidrofílica de alguns monómeros
presentes nos adesivos, a quantidade de água necessária para a ionização dos
monómeros acídicos dos sistemas self-etch, o grau de humidade da dentina quando
aplicamos sistemas etch-and-rinse e a presença do fluido tubular na superfície
dentinária (Perdigão et al., 2013a).
A smear layer funciona como uma verdadeira barreira física, que deve ser
dissolvida ou tornada permeável para que os monómeros adesivos possam entrar em
contacto direto com a superfície da dentina. Contudo, esta camada tem alguma
permeabilidade que permite o fluxo do fluido dentinário. O qual aumenta ainda mais,
após a desmineralização da superfície dentinária, influenciando a adesão, pois os
monómeros hidrofóbicos dos adesivos não aderem a substratos hidrofílicos (Perdigão et
al., 2013b; Sezinando, 2014).
Nos sistemas etch-and-rinse a etapa de secagem da superfície dentária após a
lavagem do ácido é muito importante, pois se por um lado, a dentina ficar muito seca
(over-drying) a rede de colagénio desmineralizada irá colapsar, formando-se uma
camada impermeável que impedirá a interdifusão e a consequente hibridização dos
monómeros. Por outro lado, se a dentina ficar demasiado hidratada (over-wetting), os
Introdução
39
monómeros do primer serão diluídos, dificultando, assim, a sua polimerização e a
consequente adesão (Papadogiannis et al., 2003; Rawls et al., 2013).
Associado a isto podem surgir microinfiltrações, cáries secundárias, sensibilidade
pós-operatória e perda de restaurações adesivas (Silva e Souza Jr. et al., 2010; Pashley
et al., 2011; Rawls et al., 2013).
Estudos recentes têm demonstrado a presença de enzimas proteolíticas inativas,
chamadas metaloproeinases (MMPs), nas fibrilhas de colagénio da dentina. Estas
parecem ter um papel importante na degradação da camada hibrida na interface adesivo-
dentina (Perdigão et al., 2013a).
Quando a dentina é exposta pelo ácido fosfórico nos sistemas etch-and-rinse e pelo
primer acídico nos sistemas self-etch, as MMPs são ativadas, degradando
principalmente o colagénio do tipo I. Como as fibras de colagénio não são
completamente infiltradas pelos monômeros de resina, as MMPs vão degradando
lentamente o colagénio presente na camada híbrida, diminuindo a longevidade das
restaurações adesivas (Mazzoni et al., 2006).
O uso de inibidores da atividade proteolitica e colagenolítica das MMPs, como a
clorhexidina, podem funcionar como uma solução para aumentar a longevidade adesiva
(Perdigão et al, 2013c).
O HEMA está presente em vários sistemas adesivos, aproveitando-se as suas
propriedades hidrofílicas para aumentar a solubilidade dos adesivos. No entanto, é
hidroliticamente instável e as suas propriedades hidrofílicas determinam a quantidade de
água, que os adesivos conseguem atrair e captar, transformando-os em membranas
semipermeáveis. O que os torna mais vulneráveis à hidrólise, degradando-se mais do
que os adesivos hidrofóbicos. Os sistemas de autocondicionamento mais acidificados
apresentam uma instabilidade hidrolítica consideravelmente maior. (Coelho et al., 2012;
Perdigão et al., 2013).
Atualmente pretende-se diminuir o uso de monómeros extremamente hidrofílicos,
como o HEMA, substituindo-os por UDMA ou TEGDMA (Silva e Souza Jr. et al.,
2010).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
40
3. Testes de Resistência Adesiva
3.1 Especificações da Norma ISO/TS 11405
A norma ISO/TS 11405 de 2015 específica a forma como devem ser realizados os
testes de resistência de união (tração e cisalhamento), testes de medição de falhas
marginais em restaurações, testes de micro e nanoinfiltração e testes clínicos.
Recomenda que os dentes utilizados no teste sejam pré-molares/molares humanos
dos 16 aos 40 anos, desprovidos de cárie e de preferência sem restaurações. Estipula os
6 meses como período máximo de armazenamento após extração. Indica ainda o
procedimento mais correto de armazenamento, devendo-se lavar em água o dente após a
exodontia para remover o sangue, utilizando preferencialmente instrumentos afiados de
uso clínico para eliminar os tecidos aderentes. Após a limpeza, devem ser colocados em
água destilada 4ºC ou em cloramina tri-hidratada por um período não superior a uma
semana.
3.2 Testes de Microtração
Atualmente, não existe acordo quanto à forma mais eficaz para determinar a
resistência adesiva. Durante muito tempo o teste de eleição para estudar as forças de
adesão dos sistemas adesivos era o teste de resistência ao cisalhamento (shear bond
strenght test) (Andrade et al, 2010; Scherrer et al., 2010).
Tem sido notório o aumento na última década do uso de outra metodologia para
determinar a resistência adesiva, esta tem sido denominada de teste de resistência à
microtração (μTBS), sendo neste momento considerado como o mais válido e um dos
mais utilizados para testar as forças de adesão, permitindo a distribuição do stress mais
uniformemente do que o teste de cisalhamento (George & Jeffrey, 2007; Andrade et al.,
2010; Scherrer et al., 2010).
Nos testes de microtração são utilizadas amostras pequenas, obtidas a partir de
dentes, com cerca de 1 mm² de área de superfície adesiva, a estas amostras dá-se o
nome de “palitos”. Ao utilizarem-se amostras com áreas adesivas mais pequenas haverá
Introdução
41
menos falhas e os valores obtidos serão mais válidos, quando comparados com outros
testes de resistência adesiva (George & Jeffrey, 2007; Armstrong et al., 2010; Hamouda
et al., 2011).
Este teste trouxe vantagens comparativamente aos testes convencionais de
cisalhamento e de tração, pois permite que com um só dente se obtenham várias
amostras, permitindo testar substratos com relevância clínica, como dentina cariada,
dentina esclerótica cervical e esmalte; ocorrem menos falhas devido à pequena área das
amostras; permite testar as forças adesivas presentes em diferentes regiões do mesmo
dente e tem sido associado a menos fraturas coesivas na dentina (George & Jeffrey,
2007; Armstrong et al., 2010; Perdigão et al., 2013b).
Apesar de ser o teste mais válido, este requere alguns cuidados já que a técnica é
muito sensível e demorada. Sendo a etapa do seccionamento dos dentes em “palitos”,
uma das mais críticas de todo o processo. No fim de testar individualmente cada palito,
será possível determinar a média e o desvio padrão da resistência adesiva total do
sistema adesivo (Goracci et al., 2004; Gallusi et al., 2009; Scherrer al., 2010).
Fig. 6 - Sequência de preparação das amostras para serem submetidas ao teste de microtração (Fonte:
Perdigão et al., 2002).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
42
Objetivos
43
II. OBJETIVOS
A presente investigação tem os seguintes objetivos:
1. Avaliar in vitro a resistência adesiva, por microtracção, de um novo sistema adesivo
de ionómero de vidro modificado por resina (IVMR), e comparar a sua eficácia
adesiva com um sistema adesivo etch-and-rinse de 3 passos, com um sistema
adesivo self-etch de 2 passos e com um sistema adesivo self-etch de 1 passo, todos
eles aplicados de acordo com as instruções do fabricante.
2. Avaliar in vitro a resistência adesiva, por microtracção, de um novo sistema adesivo
de ionómero de vidro modificado por resina, variando a forma de aplicação: 1 - de
acordo com as instruções do fabricante (pré-condicionamento com ácido
ortofosfórico a 37%); 2 - pré-condicionamento com ácido poliacrílico a 20-30% e 3
- sem pré-condicionamento ácido.
Hipóteses Experimentais
Hipóteses Nulas:
Hipótese Nula 1 - Não existem diferenças significativas na resistência adesiva por
microtracção, dos diferentes sistemas adesivos estudados, quando aplicados de acordo
com o fabricante.
Hipótese Nula 2 - Não existem diferenças significativas da resistência adesiva por
microtracção, do novo sistema adesivo de ionómero de vidro modificado por resina,
quando fazemos variar o método de aplicação do fabricante.
Hipóteses Alternativas:
Hipótese Alternativa 1 - Existem diferenças significativas na resistência adesiva por
microtracção, dos diferentes sistemas adesivos estudados, quando aplicados de acordo
com o fabricante.
Hipótese Alternativa 2 - Existem diferenças significativas da resistência adesiva por
microtracção, do novo sistema adesivo de ionómero de vidro modificado por resina,
quando fazemos variar método de aplicação do fabricante.
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
44
Materiais e Métodos
45
III. MATERIAIS E MÉTODOS
No presente estudo utilizaram-se vinte e seis terceiros molares humanos hígidos,
sem cáries nem restaurações, extraídos por motivos periodontais ou ortodônticos há
menos de 6 meses.
Os dentes foram obtidos no Banco de Dentes Humanos do Instituto Superior de
Ciências da Saúde Egas Moniz, após os doentes da Clínica Universitária Egas Moniz
terem assinado um consentimento informado a autorizar a doação dos mesmos. Para tal,
esta investigação teve de receber aprovação pela Comissão de Ética do Instituto
Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz (Anexo 1,2 e 3).
Imediatamente após a extração, os dentes foram examinados e lavados em água
corrente de modo a eliminar o sangue e parte dos tecidos aderidos. A remoção dos
restos de tecido orgânico foi efetuada com o auxílio de curetas Gracey. Em seguida, os
dentes foram colocados numa solução de cloramina tri-hidratada a 0,5% pelo período
máximo de uma semana, para que se processasse a sua desinfeção.
Terminado o período de limpeza e desinfeção, os dentes foram armazenados em
água destilada a 4ºC. O meio de armazenamento foi mudado a cada duas semanas, para
minimizar a deterioração dos mesmos até ao início do procedimento laboratorial,
segundo a Norma ISO/TS 11405:2015 (E).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
46
1. Grupos Experimentais
Foi feita a distribuição aleatória dos vinte e seis dentes por 6 grupos experimentais de
cinco dentes cada (n=5), segundo o adesivo e o pré-condicionamento ácido a utilizar:
1) RB-AF
Aplicação de Riva Bond LC™ (SDI, Bayswater, Austrália) após condicionamento
prévio da dentina com ácido ortofosfórico a 37% (Scotchbond™ Universal Etchant, 3M
ESPE, St. Paul, MN, USA); (Fig.7).
Técnica: Sistema adesivo de ionómero de vidro modificado por resina - Etch-and-rinse
de 2 passos (Segundo as instruções do fabricante).
Fig. 7 - Riva Bond LC™ (SDI) e Scotchbond™ Universal Etchant (3M ESPE).
2) RB-APA
Aplicação de Riva Bond LC™ (SDI, Bayswater, Austrália) após condicionamento
prévio da dentina com ácido poliacrílico a 20-30% (Ketac™ Conditioner, 3M ESPE, St.
Paul, MN, USA); (Fig. 8).
Técnica: Sistema adesivo de ionómero de vidro modificado por resina - Etch-and-rinse
de 2 passos (variação do protocolo do fabricante).
Fig. 8 - Riva Bond LC™ (SDI) e Ketac™ Conditioner (3M ESPE).
Materiais e Métodos
47
3) RB-SCA
Aplicação de Riva Bond LC™ (SDI, Bayswater, Austrália) sem condicionamento ácido
prévio da dentina (Fig. 9).
Técnica: Sistema adesivo de ionómero de vidro modificado por resina - Self-etch de 1
passo (variação do protocolo).
Fig. 9 - Riva Bond LC™ (SDI).
4) FL
Optibond™ FL (Kerr Corporation, Orange, CA, USA); (Fig.10).
Técnica: Etch-and-Rinse de 3 passos.
Fig. 10 - Optibond™ FL: Primer e Adesivo (Kerr Corporation).
5) XTR
Optibond™ XTR (Kerr Corporation, Orange, CA, USA); (Fig. 11).
Técnica: Self-etch de 2 passos.
Fig. 11 - Optibond™ XTR: Primer e Adesivo (Kerr Corporation).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
48
6) AIO
Optibond™ All-In-One (Kerr Corporation, Orange, CA, USA); (Fig. 12).
Técnica: Self-etch de 1 passo.
Fig. 12 - Optibond™ All-In-One (Kerr Corporation).
Em seguida, serão apresentadas as seguintes tabelas:
Na tabela 1, é apresentada a composição química, o fabricante, o lote, a data de validade
e o pH dos produtos utilizados no estudo.
Nas tabelas 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10, são apresentadas as instruções de aplicação dos
materiais utilizados no estudo.
Materiais e Métodos
49
Tabela 1 - Composição química, fabricante, lote, data de validade e pH dos produtos utilizados no estudo.
Produto Fabricante Composição Lote Validade pH
Riva Bond
LC™
(Sistema
Adesivo)
SDI
Compartimento1 95-100% de Vidro de
Fluoroaluminosilicato em
pó;
Compartimento2 15-25% de APA, 1-5%
Ácido tartárico 25-40%
HEMA, Dimetacrilato de
ligações cruzadas, Monómero acídico.
T30198
2015-03
1,5
Optibond™
FL
(Sistema
Adesivo)
Kerr
Primer: HEMA, GPDM,
MMEP, água, etanol,
fotoiniciador (CQ), BHT;
Adesivo: Bis-GMA, HEMA, GPDM, UDMA,
fotoiniciador (CQ),
ODMAB, partículas (SiO2, vidro de bário
aluminoborosilicato, fator
de acoplamento A174
Primer:
5220675
Adesivo:
5289915
2016-07
2016-03
1,9
6,9
Optibond™
XTR
(Sistema
Adesivo)
Kerr
Primer: Acetona, água,
etanol, HEMA, fotoiniciador (CQ), GPDM
Adesivo: Etanol, HEMA,
hexaflourosilicato de sódio,
MEHQ, nano-sílica, bário, fotoiniciador (CQ)
Primer: 5156434
Adesivo:
5092173
2016-04
2016-01
2,4
3,3
Optibond™
All-In-One
(Sistema
Adesivo)
Kerr
GPDM, HEMA, GDMA,
Bis-GMA, água, etanol,
vidro de bário aluminoborosilicato, sílica
amorfa (dióxido de silício),
hexafluorosilicato de sódio, fotoiniciador (CQ)
4126257
2016-05
1,73
Scotchbond
™ Universal
Etchant
(Ácido)
3M ESPE
Água, ácido fosfórico a 34%, polietileno de glicol,
óxido de alumínio, sílica
amorfa sintética (sem cristais)
N250030
2014-03
0,04
Ketac™
Conditioner (Ácido)
3M ESPE
Ácido poliacrílico a 20-
30% e 70-80% de água
477305
2017-06
1,5-2
Filtek™
Z250 (Resina
Composta)
3M ESPE
Zircónio, sílica, Bis-EMA,
UDMA, Bis-GMA, TEGDMA, fotoiniciador e
estabilizadores
N564420
2017-01
-
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
50
Riva Bond LC™
(SDI, Bayswater Austrália)
Tabela 2 - Riva Bond LC™, instruções para aplicação em restaurações diretas segundo o fabricante.
Instruções de utilização segundo o fabricante:
Condicionamento ácido segundo o fabricante:
1) Aplicar ácido fosfórico a 37% nas
superfícies preparadas durante 5 segundos.
2) Lavar abundantemente com água.
3) Secar sem desidratar.
Procedimento:
1) Ativar a cápsula empurrando o êmbolo.
2) Misturar imediatamente a cápsula num vibrador de amálgama adequado (4.000 -
4.800 rpm) durante 10 segundos.
3) Perfurar a película metálica da cápsula com um aplicador descartável. Dobrar a
ponta aplicadora num ângulo de 45º.
4) Aplicar uma fina camada em toda a superfície do dente. Aplicar ar, se necessário.
5) Fotopolimerizar durante 10 segundos.
6) Aplicar resina composta em incrementos de 2 mm e fotopolimerizar cada
incremento por 20 segundos.
1) 2) 3)
Materiais e Métodos
51
Riva Bond LC™
(SDI, Bayswater Austrália)
Condicionamento ácido:
1) Aplicar ácido poliacrílico a 20-30% sobre a
smear layer e deixar atuar durante 10 seg.
2) Lavar abundantemente com água.
3) Secar a cavidade com ar durante 2 a 3 curtos
intervalos ou secá-la com algodão, sem
desidratar.
Procedimento:
1) Ativar a cápsula empurrando o êmbolo.
2) Misturar imediatamente a cápsula num vibrador de amálgama adequado (4.000 -
4.800 rpm) durante 10 segundos.
3) Perfurar a película metálica da cápsula com um aplicador descartável. Dobrar a
ponta aplicadora num ângulo de 45º.
4) Aplicar uma fina camada em toda a superfície do dente. Aplicar ar, se necessário.
5) Fotopolimerizar por 10 segundos.
6) Aplicar resina composta em incrementos de 2 mm e fotopolimerizar cada
incremento por 20 segundos.
Instruções de utilização: Alteração ao fabricante – Condicionamento com APA
Tabela 3 - Riva Bond LC™ (SDI), instruções para aplicação em restaurações diretas, alteração ao
fabricante -Condicionamento com ácido poliacrílico (APA).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
52
Riva Bond LC™
(SDI, Bayswater Austrália)
Instruções de utilização: Alteração ao fabricante – Sem condicionamento ácido
Procedimento:
1) Ativar a cápsula empurrando o êmbolo;
2) Misturar imediatamente a cápsula num vibrador de amálgama adequado (4.000
- 4.800 rpm) durante 10 segundos;
3) Perfurar a película metálica da cápsula com um aplicador descartável. Dobrar a
ponta aplicadora num ângulo de 45º;
4) Aplicar uma fina camada em toda a superfície do dente. Aplicar ar, se
necessário;
5) Fotopolimerizar por 10 segundos;
6) Aplicar resina composta em incrementos de 2 mm e fotopolimerizar cada
incremento por 20 segundos.
3)
4) 5)
2) 1)
Tabela 4 - Riva Bond LC™ (SDI), instruções para aplicação em restaurações diretas, alteração ao
fabricante – Sem condicionamento ácido prévio.
Materiais e Métodos
53
Tabela 5 - Optibond™ FL (Kerr Corporation), instruções para aplicação em restaurações diretas segundo
o fabricante.
Optibond™ FL
(Kerr Corporation, Orange, CA, USA)
1) Aplicar ácido fosfórico a 37,5% na
dentina 15 segundos; lavar
abundantemente durante 15 segundos
e secar sem desidratar;
2) Aplicar o primer (1 Prime) sobre
esmalte e dentina 15 segundos, de
seguida secar com jacto de ar por 5
segundos;
3) Aplicar uma camada fina de adesivo
(2 Adhesive) sobre o esmalte e dentina
15 segundos. Espalhar até às margens
levemente com ar durante 3 segundos;
4) Fotopolimerizar 10 segundos;
5) Aplicar resina composta em
incrementos de 2 mm e
fotopolimerizar cada incremento por
20 segundos.
Instruções de utilização segundo o fabricante:
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
54
Tabela 6 - Optibond™ XTR (Kerr Corporation), instruções para aplicação em restaurações diretas
segundo o fabricante.
Optibond™ XTR
(Kerr Corporation, Orange, CA, USA)
1) Lavar a cavidade abundantemente
com água e secar com ar;
2) Aplicar o primer (frasco 1) sobre
esmalte e dentina 20 segundos e secar
5 segundos;
3) Aplicar o adesivo (frasco 2) sobre o
esmalte e dentina 15 segundos; secar
5 segundos;
4) Fotopolimerizar 10 segundos;
5) Aplicar resina composta em
incrementos de 2 mm e
fotopolimerizar cada incremento por
20 segundos.
Instruções de utilização segundo o fabricante:
Materiais e Métodos
55
Filtek™ Z250
(3M ESPE, St. Paul, MN, USA)
Tabela 8 - Filtek™ Z250 (3M ESPE), instruções de utilização do material restaurador universal.
Optibond™ All-In-One
(Kerr Corporation, Orange, CA, USA)
1) Lavar a cavidade abundantemente com
água e secar com ar;
2) Aplicar All-In-One sobre o esmalte e
dentina 20 segundos;
3) Aplicar uma segunda camada durante 20
segundos e secar 5 segundos;
4) Fotopolimerizar 10 segundos;
5) Aplicar resina composta em incrementos
de 2mm e fotopolimerizar cada
incremento por 20 segundos.
Instruções de utilização segundo o fabricante:
Instruções de utilização segundo o fabricante:
1) Aplicar incrementos de até 2,5mm;
2) Deixar transbordar ligeiramente o
preenchimento da cavidade para permitir
a extensão do compósito para além das
suas margens. Contornar, traçar, formar
e adaptar com instrumentos apropriados
para compósito;
3) Fotopolimerizar cada incremento durante
20 segundos (intensidade mínima de 400
mW/cm²)
4)
Tabela 7 - Optibond™ All-In-One (Kerr Corporation), instruções para aplicação em restaurações
diretas segundo o fabricante.
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
56
Ketac™ Conditioner
(3M ESPE, St. Paul, MN, USA)
Tabela 9 - Instruções de aplicação segundo o fabricante do Scotchbond™ Universal Etchant (3M ESPE).
Tabela 10 - Instruções de aplicação segundo o fabricante do Ketac™ Conditioner (3M ESPE).
Instruções de utilização segundo o fabricante:
1) Aplicar ácido poliacrílico a 20-30%
sobre a smear layer e deixar atuar
durante 10 seg.
2) Lavar abundantemente com água.
3) Secar a cavidade com ar, isento de
água e de óleo, durante 2-3 curtos
intervalos ou secá-la com algodão,
sem desidratar.
1) A Limpar a cavidade com jacto de
água e secar com ar ou bola de
algodão, sem ressequir;
2) Aplicar o gel de ácido fosfórico a
37% sobre o esmalte preparado ou
não (se for o caso) e deixar atuar por
15 segundos;
3) Lavar abundantemente com água e
secar com ar isento de humidade ou
com pontas de algodão, sem
ressequir.
Instruções de utilização segundo o fabricante:
Materiais e Métodos
57
2. Procedimento Laboratorial
Cada dente foi colado com cera colante (Sticky Wax, Kemdent®, Wiltshire,
Inglaterra) num dispositivo de fixação em acrílico (Fig.13), sendo marcadas
previamente as porções a serem seccionadas (Fig. 14). Seguiu-se depois a colocação do
dente num micrótomo de tecidos duros (Accutom-50, Struers, Dinamarca) (Fig.15). O
qual programou-se para realizar dois cortes únicos transversais, um paralelo à face
oclusal e outro abaixo da junção amelocimentária (JAC). O primeiro tinha como
objetivo, remover a camada superficial de esmalte e expor a dentina superficial, e o
segundo foi feito para separar a porção radicular da porção coronária do dente.
Em seguida, efetuou-se o polimento da dentina com um disco de lixa SiC de grão
600 (Buehler® Ltd, Lake Bluff, IL, EUA), durante 60 segundos, sob água corrente,
numa máquina polidora (LaboPol-4, Struers A/S, Ballerup, Dinamarca) (Fig.16 e 17).
Nesta etapa remove-se o esmalte remanescente e finaliza-se a exposição da dentina
(Fig.18), resultando na formação de smear layer padronizada.
Fig. 14 - Dente marcado para
ser seccionado.
Fig. 13 - Dente colado com
cera colante num dispositivo
de fixação.
Fig. 18 - Exposição da dentina
superficial, após polimento.
Fig. 17 - Formação de smear
layer com lixa SiC de grão
600.
Fig. 15 - Dente colocado no
micrótomo de tecidos duros
pronto a ser seccionado.
Fig. 16 - Máquina polidora
(LaboPol-4, Struers, Dinamarca).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
58
Após a exposição da dentina superficial, aplicaram-se os sistemas adesivos segundo
as instruções do fabricante nos grupos RB-AF, FL, XTR e AIO. Nos dois primeiros a
dentina foi condicionada com ácido fosfórico a 34% durante 15 segundos. No grupo
RB-APA a dentina foi previamente condicionada com ácido poliacrílico a 20-30%
durante 10 segundos e no grupo RB-SCA não foi feito pré-condicionamento ácido, estes
dois grupos constituem variações ao modo de aplicação do adesivo Riva Bond LC™. A
fotopolimerização dos sistemas adesivos foi feita com um fotopolimerizador Optilux
501 (SDS Kerr, Orange, EUA) (Fig. 19).
Fig. 19 - Sequência de aplicação do sistema adesivo nos grupos RB-AF e FL (1 - Aplicação de ácido
fosfórico; 2 - lavagem do ácido com água; 3 - secagem da superfície do dente com ar; 4- Aplicação do
adesivo, passo comum a todos os grupos; 5 - Fotopolimerizador Optilux 501; 6 - Fotopolimerização do
adesivo, passo comum a todos os grupos).
Nos grupos RB-AF, RB-SCA e RB-APA, a cápsula que continha o adesivo foi
primeiro ativada empurrando-se o seu êmbolo e , logo de seguida, sujeita a vibração
num vibrador universal (Ventura Mix, Madespa S.A., Toledo, Espanha) durante 10
segundos (Fig. 20). Só depois então se aplicou o adesivo sobre o dente, seguindo-se a
sua fotopolimerização durante 10 segundos.
6
1
1 2
1
3
4
1
5
1
6
Materiais e Métodos
59
Fig. 20 - Vibrador Universal Ventura Mix (Madespa S.A, Espanha).
Após a aplicação dos sistemas adesivos, confecionaram-se blocos de resina com
resina composta microhíbrida Filtek Z250 (Cor A2, 3M ESPE, St Paul, MN, USA), em
incrementos de 2 mm (Fig. 21). Aplicados com o auxílio de uma espátula angulada,
sendo cada camada de resina fotopolimerizada durante 20 segundos (Fig. 22), até
perfazer uma altura de 6 a 8 mm (Fig. 23), utilizando-se para tal, o fotopolimerizador
Optilux 501 (SDS Kerr, Orange, EUA) com uma radiação de 600 mW/cm2, tendo sido
feita a verificação da radiação a cada 10 utilizações por um radiómetro Optilux
Radiometer (SDS Kerr, Orange, EUA).
Posteriormente, no topo da restauração delimitou-se a zona correspondente à
dentina central, tendo-se desenhado um quadrado de 3 mm de lado, de modo a
aproveitar apenas a dentina central em detrimento da dentina periférica. Terminada a
confeção do bloco de resina sobre o dente procedeu-se ao seu armazenamento, em água
destilada numa estufa (Excellent INE 400, Memmert, Alemanha) a 37ºC durante 24
horas (Fig. 24).
Fig. 23 - Medição da altura do
bloco de resina composta.
Fig. 21 – Aplicação de resina composta em incrementos de 2
mm.
Fig. 22 - Fotopolimerização da resina composta.
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
60
Após as 24 horas, efetuaram-se cortes nas amostras restauradas de modo a obter
palitos. As amostras foram primeiro coladas com cera colante (Sticky Wax, Kemdent®,
Wiltshire, Inglaterra) a um dispositivo de fixação e em seguida colocadas no micrótomo
de tecidos duros (Accutom-50, Struers, Dinamarca) (Fig. 25).
O micrótomo foi programado para realizar cortes múltiplos a baixa velocidade
(0,125 mm/min), através de uma lâmina de diamante, sob irrigação de água, nas
direções X e Y (vestíbulo-lingual e mésio-vestibular), de modo a obter palitos com
secção transversal de 1±0,2 mm² (Fig.26). Por fim efetuou-se um corte único
transversal, para que se obtivessem palitos individualizados (Fig. 27).
Fig. 25 - Micrótomo de tecidos duros Accutom-50 (Struers, Dinamarca).
Fig. 24 - Estufa Excellent INE 400 (Memmert, Alemanha).
Materiais e Métodos
61
Em seguida, os palitos foram medidos com uma craveira digital (Maachi, Digital
Caliper, BS Pyromatic, Índia) nos sentidos X e Y (comprimento e largura). A medição
foi feita na zona mais próxima da interface esmalte/resina, de modo a calcular a área da
interface adesiva (Fig. 28).
Durante as medições os palitos permaneceram sobre uma compressa humedecida
com água destilada, colocada numa caixa de Petri, para evitar a sua desidratação.
Após as medições, foram coladas as extremidades de cada palito a um jig de aço
inoxidável de Geraldeli com cola de cianoacrilato (Zapit®, Dental Ventures of America,
Corona, CA, EUA) e posteriormente colocados numa máquina de testes universal
(Shimadzu Autograph AG-IS, Kyoto, Japão) (Fig. 29), previamente programada para
submeter os palitos a forças de microtração a uma velocidade de 0,5mm/min (Fig. 30).
Fig. 28 - Medição de palito com craveira
digital nos sentidos x e y.
Fig. 27 - Palitos de dentina e resina
obtidos em compressa humedecida
com água destilada.
Fig. 26 - Amostra restaurada colada
com cera colante no dispositivo de
fixação, com cortes nos sentidos x e y.
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
62
Registaram-se numa folha de cálculo os valores da área da interface adesiva e da
força de fratura em kN, para determinar as forças adesivas em MPa de cada palito
submetido ao teste. Sendo a resistência à microtração igual ao quociente da força
aplicada no momento da fratura pela área de superfície aderida, em N/mm².
Imediatamente após as fraturas, os fragmentos de cada palito foram analisados
numa lupa estereoscópica com uma ampliação de 20x (Leica Microsystems® MZ6,
Alemanha) (Fig. 31) com a finalidade de as classificar em fraturas adesivas, fraturas
coesivas em dentina ou em resina ou fraturas mistas, dependendo do local onde
ocorreram (Tabela 11). Realizou-se um registo fotográfico dos diferentes tipos de
fratura usando uma máquina fotográfica digital (Leica Microsystems® DF 290 HD,
Alemanha), incorporada na lupa (Fig. 32).
Fig. 31 - Lupa estereoscópica (Leica Microsystems® MZ6, Alemanha).
Fig. 30 - Palito colado no jig a ser
submetido ao teste de microtração.
Fig. 29 - Máquina de testes universal
(Shimadzu Autograph AG-IS, Kyoto, Japão).
Materiais e Métodos
63
Tabela 11 – Esquema representativo da classificação dos tipos de fratura.
Fig. 32 - Tipos de fratura observados, através da lupa estereoscópica (Leica® MZ6, Alemanha) –
imagens capturadas pela máquina fotográfica digital (Leica® DF 290 HD, Alemanha).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
64
Resultados
65
0
10
20
30
40
50
60
RB-AF FL XTR AIO
Média e Desvio Padrão
IV. RESULTADOS
1. Grupos em que os sistemas adesivos foram aplicados segundo as
instruções dos fabricantes
Na tabela 12 e no gráfico 1, são apresentados os valores das forças adesivas por
microtração dos grupos em que os sistemas adesivos foram aplicados segundo as
instruções dos fabricantes.
GRUPO MÉDIA (MPa) DESVIO PADRÃO N
RB-AF 21,35805 A 10,52134 38
FL 29,80941 B 10,02503 42
XTR 38,81695 C 12,14141 36
AIO 23,02815 A 9,409725 38
Tabela 12 – Registo da média em MPa, do desvio padrão das forças adesivas e do número de palitos dos
grupos aplicados segundo as instruções dos fabricantes. Na coluna da média, letras diferentes indicam
diferenças estatísticas significativas.
Gráfico 1 – Média em MPa, desvio padrão e significância estatística dos grupos aplicados segundo as
instruções do fabricante. Letras diferentes indicam diferenças estatísticas significativas.
A
B
C
A
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
66
Ao analisarmos a tabela 12 e o gráfico 1, podemos concluir o seguinte:
O sistema adesivo Optibond XTR™ (XTR) foi o que registou forças
adesivas significativamente mais elevadas, quando comparadas com as dos
outros sistemas adesivos.
O sistema adesivo Optibond FL (FL) apresenta valores de resistência
adesiva significativamente superiores aos obtidos pelo sistema adesivo Riva
Bond LC aplicado com ácido fosfórico e aos verificados pelo sistema
adesivo Optibond All-In-One (AIO).
O sistema adesivo Riva Bond LC aplicado com ácido fosfórico apresenta
valores médios estatisticamente semelhantes aos registados pelo sistema
adesivo Optibond All-In-One (AIO).
Resultados
67
0
10
20
30
40
50
60
RB-AF RB-APA RB-SCA
Média e Desvio Padrão
A A
B
2. Grupos aplicados com o sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
Na tabela 13 e no gráfico 2, são apresentados os valores das forças adesivas por
microtração dos grupos aplicados com o sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina.
Tabela 13 – Registo da média em MPa, do desvio padrão das forças adesivas e do número de palitos dos
grupos aplicados com o adesivo Riva Bond LC, variando o modo de condicionamento da dentina. Na
coluna da média, letras diferentes indicam diferenças estatísticas significativas.
Gráfico 2 – Média em MPa, desvio padrão e significância estatística dos grupos aplicados com o adesivo
Riva Bond LC, variando o modo de condicionamento da dentina. Letras diferentes indicam diferenças
estatísticas significativas.
GRUPO MÉDIA (MPa) DESVIO
PADRÃO N
RB-AF 21,35805 A 10,52134 38
RB-APA 20,43930 A 11,32914 37
RB-SCA 14,37065 B 9,079166 40
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
68
Ao Analisarmos a tabela 13 e o gráfico 2, pode-se concluir o seguinte:
O sistema adesivo Riva Bond LC quando aplicado com ácido fosfórico
(RB-AF) ou com ácido poliacrílico (RB-APA) apresenta valores médios de
resistência adesiva estatisticamente semelhantes.
Ambos os pré-condicionamentos utilizados com o sistema adesivo Riva
Bond LC (RB-AF) e (RB-APA) registaram forças significativamente mais
elevadas em relação à forma de aplicação sem condicionamento ácido
prévio (RB-SCA).
Resultados
69
3. Tipos de Fratura nos Grupos em Estudo
No gráfico 3, apresenta a quantificação em percentagem dos tipos de fratura
registados em cada um dos grupos, após as suas amostras terem sido submetidas ao teste
de resistência à microtração.
Gráfico 3 – Quantificação dos tipos de fratura ocorridos nos grupos em estudo.
Ao Analisarmos o Gráfico 3, podemos concluir o seguinte:
Dentro das amostras em estudo, as fraturas com maior predomínio foram as
adesivas, seguidas das coesivas em resina, das coesivas em dentina e em último
registaram-se as fraturas mistas.
As percentagens mais elevadas de fraturas adesivas foram registadas no sistema
adesivo Riva Bond LC quando aplicado com ácido fosfórico (RB-AF) e na sua
aplicação sem condicionamento ácido (RB-SCA).
O Sistema Adesivo Optibond XTR (XTR) foi o que apresentou um valor mais
elevado de fraturas coesivas em dentina, assim como em resina.
As percentagens mais elevadas de fraturas mistas registaram-se com os sistemas
adesivos Optibond FL (FL) e Optibond All-In-One (AIO).
0% 20% 40% 60% 80% 100%
RB-SCA
RB-APA
AIO
XTR
FL
RB-AF
Fraturas nos grupos em estudo
Adesiva
Coesiva Dentina
Coesiva Resina
Mista
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
70
4. Análise Estatística
Na presente investigação foram realizadas duas análises estatísticas. Para comparar
a resistência adesiva à microtração entre os grupos RB-AF, FL, XTR e AIO (aplicados
de acordo com o fabricante), utilizou-se o teste ANOVA One-Way que está indicado na
análise da variância de um único fator, neste caso as forças adesivas, em mais do que
dois grupos, sendo a variável dependente do tipo quantitativo.
Previamente avaliaram-se os pressupostos de variância deste teste, nomeadamente a
normalidade e homogeneidade da distribuição dos dados das forças adesivas à
microtração, não se tendo detetado violação de nenhum dos dois.
Através da ANOVA One-Way verificou-se existência de diferenças estatisticamente
significativas entre as amostras dos grupos no que respeita aos valores de resistência à
tração (p= 0.000). Em seguida, foram feitas comparações múltiplas entre os diferentes
grupos, em que o sistema adesivo foi aplicado segundo o fabricante, recorrendo ao teste
de Tukey. Este permitiu concluir o seguinte:
As amostras aplicadas com o sistema adesivo Optibond XTR (XTR) apresentam
forças de resistência adesiva significativamente mais elevadas do que as das
amostras aplicadas com os sistemas adesivos, Riva Bond LC com pré-
condicionamento com ácido fosfórico (RB-AF) (p <0.001), Optibond FL (FL) (p
= 0.001) e Optibond All-In-One (AIO) (p <0.001);
O sistema adesivo Optibond FL (FL) apresenta forças adesivas
significativamente mais elevadas do que as verificadas nos sistemas adesivos
Riva Bond LC com ácido fosfórico (RB-AF) (p = 0.003) e Optibond All-In-One
(AIO) (p = 0.023);
Os valores de tração obtidos pelos sistemas adesivos Riva Bond LC - aplicado
com ácido fosfórico (RB-AF) e Optibond All-In-One (AIO) não apresentam
diferenças estatisticamente significativas entre si (p = 0.9).
Quanto à análise dos grupos em que se aplicou o novo sistema adesivo de ionómero
de vidro modificado por resina, sendo dois deles variações ao protocolo de aplicação do
fabricante, foi realizada com o teste ANOVA One-Way, porque tal como na análise
Resultados
71
anterior a variável dependente é do tipo quantitativo e pretendia-se comparar dados da
mesma natureza presentes em mais de dois grupos. Avaliaram-se previamente os seus
pressupostos, tendo-se detetado violação do pressuposto de normalidade em dois dos
grupos (p <0.05).
No entanto, tal não é impeditivo para que se faça este teste, visto a razão F ser
robusta quanto a desvios à normalidade. Ao aplicar a ANOVA One-Way, nestas
condições, encontraram-se diferenças significativas quanto aos valores de resistência à
microtração entre os grupos (p=0.006). Posteriormente com o teste de Tukey
compararam-se os grupos uns com os outros, concluindo-se o seguinte:
A resistência adesiva do sistema adesivo Riva Bond LC aplicado sem
condicionamento ácido prévio é significativamente mais baixa do que a registada
na aplicação desse sistema adesivo com ácido fosfórico (RB-AF) (p = 0.010) e
com ácido poliacrílico (RB-APA) (p = 0.030);
O sistema adesivo Riva Bond LC, quando aplicado com ácido fosfórico (RB-AF)
não apresenta diferenças estatísticas significativas em relação à sua aplicação com
ácido poliacrílico (RB-AFA), no que respeita à resistência adesiva à microtração
(p = 0.931).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
72
Discussão
73
V. DISCUSSÃO
A grande recetividade e o uso generalizado de resinas compostas em restaurações
diretas e indiretas têm incentivado ao estudo dos mecanismos de adesão às estruturas
dentárias. Ao longo dos anos tem-se procurado um sistema adesivo que reúna as
características ideias. Pretendendo-se que este proporcione não só uma adesão forte e
estável entre o material restaurador e a estrutura dentária, como também permita
simplificar e facilitar a prática clínica.
O principal objetivo deste estudo foi o de comparar a resistência adesiva, por
microtração, de um sistema adesivo de ionómero de vidro modificado por resina,
recentemente introduzido no mercado, com outros sistemas adesivos aplicados de
acordo com as instruções do fabricante e com as variações ao seu método de aplicação.
A determinação da resistência adesiva, é um dos métodos mais eficazes para se
caracterizar o comportamento dos adesivos dentinários (Yesilyurt & Bulucu, 2006).
Para avaliar a resistência adesiva foi utilizado o teste de microtração (μTBS), sendo
considerado neste momento como o mais válido e um dos mais utilizados, para testar as
forças adesivas à dentina e ao esmalte, pois conseguiu ultrapassar algumas das
limitações dos convencionais testes de tração e cisalhamento (Goracci et al., 2004).
De acordo com a norma ISO/TS 11405 de 2015, quando se pretende estudar as
forças adesivas, os dentes a utilizar deveriam ser testados logo após a sua exodontia,
visto ocorrerem importantes alterações das suas propriedades nos primeiros dias e
semanas, após a saída do alvéolo dentário. No entanto, pela sua realização ser de difícil
execução, podem usar-se dentes cuja exodontia tenha sido efetuada há menos de seis
meses, desde que sejam armazenados em água destilada ou numa solução desinfetante
de cloramina tri-hidratada a 0,5% (com ação bacteriostática e bactericida), por não mais
de uma semana, e após desinfeção se conservem em água destilada à temperatura de
4ºC. As recomendações anteriormente referidas foram as que se realizaram neste
estudo.
O processo de exposição da dentina superficial, iniciou-se com um corte paralelo à
face oclusal do dente, procedimento proposto em (Perdigão et al., 2012; Sezinando et
al., 2012).
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
74
Quanto ao polimento da dentina, este foi efetuado com um disco de papel abrasivo
SiC de grão 600 (Buehler® Ltd, Lake Bluff, IL, EUA), durante 60 segundos, sob água
corrente numa máquina polidora (LaboPol-4, Struers, Dinamarca), para que se obtivesse
smear layer padronizada em todas as amostras. Este método para acabamento da
superfície dentária é utilizado em diversos estudos (Reis, et al., 2010; Walter et al.,
2011; Perdigão et al., 2012).
Após a aplicação dos sistemas adesivos, foram construídos blocos de resina com a
resina composta microhíbrida Filtek™ Z250 (cor A2, 3M ESPE) sobre a face oclusal
das amostras. A resina foi aplicada em incrementos de 2 mm, até perfazer uma altura
mínima de 6 mm. Método e material utilizado em diversos estudos (Brackett et al.,
2008; Perdigão et al., 2012; Walter et al., 2012).
A polimerização da resina foi feita com o fotopolimerizador Optilux 501 (SDS
Kerr, Orange, EUA), usando uma radiação de 600 mW/cm2. A intensidade da luz
polimerizadora foi monitorizada periodicamente com um radiómetro Optilux
Radiometer (SDS Kerr, Orange, EUA) como descrito por Oliveira et al. (2003).
A formação de palitos é um procedimento comum nos estudos sobre adesão, pois
segundo a teoria de Griffith, permite correlacionar pequenas áreas com elevados valores
de tensão. Os palitos obtidos devem ter áreas adesivas compreendidas entre 0,8 mm² e
1mm² (Gallusi et al, 2009; Perdigão et al., 2012).
Os testes de resistência adesiva foram efetuados numa máquina de testes universal
(Shimadzu Autograph AG-IS, Kyoto, Japão), através da microtracção de palitos a uma
velocidade de tração de 0,5 mm/min até ocorrer fratura, conforme sugerido em diversos
estudos (Gallusi et al, 2009, Andrade et al, 2010).
Segundo a norma ISO/TS 11405 de 2015 podem ser feitos testes de tração a
amostras sujeitas a termociclagem, a envelhecimentos por 6 meses e ainda testes de
resistência adesiva após 24 horas de armazenamento, sendo um procedimento muito
comum em vários estudos de adesão (Scherrer et al., 2010; Walter et al., 2011).
As fraturas das amostras foram analisadas sob uma lupa estereoscópica com uma
ampliação de 20x (Leica® MZ6, Alemanha), sendo classificadas segundo o local onde
ocorreram: em adesivas, coesivas em dentina ou em resina e mistas. Foi considerada
fratura adesiva, quando a falha ocorreu ao nível da interface adesivo-dentina, em
Discussão
75
coesiva na resina ou na dentina, se a rutura foi verificada exclusivamente na dentina ou
na resina, e por último, quando se observou resina e dentina na interface adesiva, a
fratura foi classificada como mista (Perdigão et al., 2012).
O tipo de fratura mista consiste num dos principais problemas desta classificação.
Uma vez que, através do microscópio ótico é relativamente fácil a identificação de
fraturas coesivas. No entanto, nem sempre é fácil reconhecer fraturas adesivas ou
mistas, devendo ser observadas em microscópios de maior ampliação, recorrendo-se
idealmente à microscopia eletrónica (Scherrer et al., 2010).
Recentemente surgiu no mercado um novo adesivo de ionómero de vidro, o Riva
Bond LC, cujo o fabricante recomenda, ao contrário de outros fabricantes de adesivos
da mesma classe, o ácido fosfórico como primeira opção para o pré-condicionamento da
dentina em detrimento do ácido poliacrílico (APA).
De acordo com alguns autores, o condicionamento da dentina com ácido fosfórico a
37% durante 15 segundos, diminui as forças adesivas entre o cimento de ionómero de
vidro e a dentina, devido à desmineralização e à perda de iões de cálcio, os quais são
necessários para o estabelecimento de adesão química. No entanto, estes materiais não
contêm os monómeros de resina presentes nos adesivos de IVMR, os quais podem
influenciar as forças adesivas (Tay et al., 2001).
Quando se aplica ácido fosfórico durante 5 segundos sobre a dentina, verifica-se
uma perda de iões de cálcio menor do que quando aplicado por períodos superiores,
como 10 ou 15 segundos (Scheffel et al., 2012).
Segundo Hamama e colaboradores (2014), o condicionamento com ácido fosfórico
por 5 segundos pode aumentar a infiltração dos monómeros de resina na superfície
desmineralizada da dentina, constituindo o limite máximo de perda de iões cálcio para
que se estabeleçam ligações iónicas entre o adesivo de IVMR e a dentina. Este tempo de
condicionamento é suficiente para remover a smear layer, mas não suficiente para
remover a totalidade dos smear plugs presentes na entrada dos túbulos dentinários.
Apesar do pré-condicionamento com ácido poliacrílico não ser a primeira opção do
fabricante do sistema adesivo Riva Bond LC, pode ser também utilizado, sendo
normalmente aplicado durante 10 a 20 segundos e lavado de seguida, sem desidratar a
superfície dentária. Este ácido remove a smear layer, desmineraliza parcialmente a
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
76
superfície (até 1 μm de profundidade), criando as microporosidades importantes no
processo de adesão micromecânica, e por último, estabelece ligações com os cristais de
hidroxiapatite residuais (Van Meerbeek et al, 2006).
No estudo de Hamama et al., 2014 as imagens obtidas por SEM (Microscopia
Eletrónica de Varrimento) do adesivo Riva Bond LC revelam a formação de resin tags
largas e cónicas, quando a dentina é pré-condicionada com ácido fosfórico a 37% por 5
segundos, e observam-se tags de resina estreitos e cilíndricos, com pré-
condicionamento com ácido poliacrílico a 20-30% durante 10 segundos (Fig.20).
Fig. 33 - Imagens obtidas por SEM da interface adesiva do adesivo Riva Bond LC aplicado com ácido
fosfórico (1 - à esquerda) e com ácido poliacrílico (2- à direita) (Fonte: Hamama et al.,2014).
No nosso estudo, as forças adesivas em MPa obtidas pelo sistema adesivo Riva
Bond LC™ quando aplicado segundo as instruções do fabricante, ou seja, aplicado após
condicionamento da dentina com ácido fosfórico a 37% (RB-AF), foram ligeiramente
inferiores às registadas nos estudos de Hamama et al. (2014) e ligeiramente superiores
às verificadas na investigação de Hamama et al. (2015).
Os estudos referidos anteriormente, também testaram as forças adesivas do sistema
adesivo Riva Bond LC™ quando aplicado com ácido poliacrílico a 20-30% como pré-
condicionante da dentina, tendo no nosso estudo o sistema adesivo Riva Bond LC
condicionado com ácido poliacrílico (RB-APA) apresentado forças adesivas médias em
MPa muito semelhantes às obtidas nos estudos de Hamama et al. (2014) e Hamama et
al. (2015).
As fraturas adesivas foram as mais predominantes nos grupos aplicados com o
sistema adesivo Riva Bond LC com ácido fosfórico (RB-AF) e com ácido poliacrílico
(RB-APA), enquanto no estudo de Hamama e colaboradores (2014), este tipo de fratura
(1) (2)
Discussão
77
ocorreu em percentagens menores comparativamente ao nosso, sendo as fraturas do tipo
coesivo no material restaurador as com maior percentagem.
Ainda em relação ao sistema adesivo Riva Bond LC quando foi aplicado na nossa
investigação com ácido fosfórico (RB-AF) ou com ácido poliacrílico (RB-APA),
verificou-se a inexistência de diferenças estatísticas significativas entre ambos, no que
respeita à resistência adesiva à microtração. O mesmo constatou-se nos estudos de
Hamama et al. (2014) e Hamama et al. (2015).
É importante referir que no estudo de Hamama et al. (2014), as amostras foram
restauradas com um cimento de ionómero de vidro modificado por resina, enquanto no
presente estudo foi utilizada resina composta. Outra diferença para com o nosso estudo
tem a ver com a velocidade de tração a que os palitos foram sujeitos. No nosso estudo
foram tracionados à velocidade de 0,5 mm/min e no desses autores foram submetidos à
velocidade de 1 mm/min até ocorrer fratura.
O estudo de Hamama et al., 2015 para além das diferenças partilhadas com o estudo
anteriormente referido, apresenta também outra alteração em relação ao nosso. As
amostras por eles testadas foram armazenadas em saliva artificial e no nosso estudo
foram mantidas em água destilada por 24 h.
No grupo RB-SCA, aplicou-se o sistema adesivo Riva Bond LC™ sem pré-
condicionamento ácido, correspondendo a uma variação ao protocolo do fabricante.
Este grupo foi criado com o intuito de avaliar a capacidade de auto-adesão dos materiais
de ionómero de vidro à superfície dentária. Este sistema adesivo por ter ácido
poliacrílico na constituição foi aplicado segundo a técnica self-etch. Pois segundo Van
Meerbeek et al. (2006) e Sezinando (2014), os ionómeros de vidro estabelecem adesão
ao tecido dentário pela abordagem self-etch, sendo inclusivamente em algumas
classificações incluídos na classe dos sistemas adesivos self-etch.
O sistema adesivo Riva Bond LC, aplicado nas condições mencionadas em cima,
apresentou forças de resistência adesiva significativamente inferiores às obtidas pela
aplicação desse mesmo sistema adesivo com ácido fosfórico (RB-AF) ou ácido
poliacrílico (RB-APA), como pré-condicionantes da dentina. O estudo de De Munck et
al. (2004), em que utilizaram Fuji Bond LC™ (GC Corp), um sistema adesivo da
mesma classe do Riva Bond LC™, verificaram o mesmo que nós, ou seja, as forças
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
78
adesivas das amostras em que não se fez pré-condicionamento ácido, foram
significativamente mais baixas, quando comparadas com as dos grupos em que se fez
pré-condicionamento da dentina, utilizando como pré-condicionantes da dentina os
mesmos ácidos aplicados no nosso estudo.
Diversos estudos consideram a abordagem etch-and-rinse de três passos como o
“gold standard” dos sistemas adesivos atuais, pois têm revelado elevada resistência
adesiva à microtração, pouca nanoinfiltração e um bom grau de conversão (Loguercio et
al.,2014). Um exemplo desses sistemas adesivos é o sistema adesivo Optibond FL (FL).
No presente estudo, as forças adesivas do sistema adesivo Optibond FL (FL)
tiveram um comportamento semelhante ao descrito nos estudos de (Armstrong et al.,
1998; Scherrer et al., 2010; Walter et al., 2011) e foram mais fracas quando comparadas
com as do estudo de Sezinando et al. (2012).
No estudo de Sezinando et al. (2012), também se testaram as forças adesivas em
MPa dos sistemas adesivos Optibond XTR (XTR) e Optibond All-In-One (AIO), tendo
a sua investigação registado valores substancialmente mais elevados do que os nossos,
em relação a esses dois sistemas adesivos.
Contudo, tal como no estudo de Sezinando et al. (2012), o sistema adesivo
Optibond XTR (XTR) registou forças adesivas à microtração mais elevadas do que as
obtidas pelos sistemas adesivos Optibond FL (FL) e Optibond All-In-One (AIO).
As nossas diferenças em relação ao estudo de Sezinando et al. (2012) podem estar
eventualmente relacionadas, com a velocidade a que os palitos foram microtracionados,
pois no nosso estudo as amostras foram submetidas a uma velocidade de 0,5 mm/min e
nesse estudo foram sujeitas à velocidade de 1mm/min.
Podemos verificar no estudo de Walter et al. (2011), que as forças adesivas do
sistema adesivo Optibond XTR (XTR) foram muito semelhantes às nossas. Tal como no
nosso estudo, esse sistema adesivo apresentou valores de resistência adesiva superiores
aos do sistema adesivo Optibond FL (FL). É importante realçar que na investigação de
Walter et al.. (2011) foram utilizados dentes incisivos de bovino e o teste de resistência
adesiva utilizado foi o de cisalhamento.
Discussão
79
Ao comparar as forças adesivas por nós registadas no sistema adesivo Optibond
XTR (XTR) com as obtidas na investigação de (Marchesi, et al., 2013), concluímos que
são muito semelhantes, no entanto, o meio de armazenamento usado para as amostras
foi saliva artificial e no nosso estudo utilizou-se água destilada.
As forças adesivas registadas pelo sistema adesivo Optibond All-In-One (AIO) na
nossa investigação, foram mais baixas relativamente aos estudos de Brackett et al.
(2008) e Walter et al. (2012). É importante referir, que no estudo de Brackett e
colaboradores (2008), as diferenças podem estar relacionadas com o facto do polimento
da dentina ter sido efetuado com um disco de papel abrasivo SiC de grão 320 durante 30
segundos, e no nosso ter sido usado um disco de papel abrasivo SiC de grão 600 durante
60 segundos.
As nossas diferenças em relação ao estudo de Walter et al. (2012), podem estar
relacionadas com o facto de terem utilizado dentes incisivos de bovino e o teste de
resistência adesiva usado ter sido o de cisalhamento.
Segundo Coelho et al. (2012), os sistemas adesivos de gerações mais recentes não
são necessariamente os que apresentam melhor desempenho. Prova disso, são os
resultados que obtivemos às 24 h com o sistema adesivo Optibond All-In-One, que é um
self-etch de um passo, ou seja, da 7º geração.
Atualmente são poucos os estudos in vitro realizados com o sistema adesivo Riva
Bond LC, por ser ainda relativamente recente no mercado. A publicação de poucas
investigações torna assim complicada a comparação da sua resistência adesiva em
relação à dos outros sistemas adesivos testados neste estudo, após 24 horas de
armazenamento.
Relevância Clínica
O constante desenvolvimento de novos sistemas adesivos torna necessária a sua
avaliação não só clínica, como também a nível laboratorial. Esta investigação in vitro
pretende, dentro das suas limitações, ajudar os clínicos na hora de decidir qual o melhor
método a utilizar e quais os sistemas adesivos testados com melhores forças adesivas.
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
80
O facto do sistema adesivo Riva Bond LC (SDI, Austrália) ter sido lançado há pouco
tempo no mercado suscita o interesse pelas suas capacidades adesivas em relação a
outros sistemas adesivos frequentemente utilizados na prática clínica.
O pré-condicionamento quando se utilizam materiais de ionómero de vidro é
efetuado normalmente com o ácido poliacrílico, no entanto, o fabricante do sistema
adesivo Riva Bond LC (SDI, Austrália) recomenda o condicionamento prévio da
superfície dentária com ácido fosfórico, sendo importante avaliar se os diferentes pré-
condicionamentos induzem diferenças na resistência adesiva.
O Optibond™ XTR ao ter obtido forças adesivas superiores às de um sistema
adesivo etch-rinse de 3 passos, considerados como o “gold standard” dos sistemas
adesivos, pode ser uma boa alternativa a estes, pois além da elevada resistência adesiva,
a forma de aplicação é mais simples e tem menor sensibilidade técnica.
Conclusões
81
VI. CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos na presente investigação, concluiu-se o
seguinte:
1. O sistema adesivo Riva Bond LC™ quando aplicado de acordo com as instruções
do fabricante, ou seja, após pré-condicionamento com ácido fosfórico a 37%,
apresenta forças adesivas significativamente mais baixas do que as verificadas nos
sistemas adesivos Optibond XTR™ e Optibond™ FL, mas estatisticamente
semelhantes às do sistema adesivo Optibond™ All-In-One.
2. O Sistema Adesivo Optibond™ XTR foi o que apresentou valores mais elevados de
resistência adesiva por microtração, tendo-se verificado diferenças estatísticas em
relação aos outros sistemas adesivos, Riva Bond LC™ - aplicado após o
condicionamento com ácido fosfórico, Optibond™ FL e Optibond™ All-In-One.
3. Os valores de microtração do adesivo Riva Bond LC™ quando aplicado com ácido
fosfórico ou com ácido poliacrílico, como formas de pré-condicionamento
revelaram ser semelhantes, não apresentando diferenças estatísticas significativas.
4. O pré-condicionamento ácido da dentina, com ácido fosfórico a 37% e com ácido
poliacrílico a 20-30%, aumenta significativamente as forças adesivas do sistema
adesivo Riva Bond LC™, do que quando não se faz pré-condicionamento.
Mediante os resultados obtidos, na presente investigação, rejeita-se a hipótese nula
1 e a hipótese nula 2. Aceitando-se as hipóteses alternativas 1 e 2.
Estudo in vitro da resistência adesiva, por microtração, de um novo sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina
82
Perspetivas Futuras
Avaliar a resistência adesiva do sistema adesivo de ionómero de vidro
modificado por resina testado neste estudo, o Riva Bond LC™, quando sujeito a
diferentes períodos e métodos de envelhecimento;
Observar, através da Microscopia Eletrónica de Varrimento (SEM) a interface
adesiva dos diferentes sistemas adesivos em estudo, de forma a identificar
possíveis diferenças nas suas camadas hibridas (caraterização morfológica);
Verificar a integridade das interfaces adesivas dos diferentes adesivos desta
investigação, através de testes de micro e nanoinfiltração;
Comparar as forças adesivas à microtração do sistema adesivo Riva Bond LC™
com um outro sistema adesivo de ionómero IVMR.
Bibliografia
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Anexo 2 – Declaração da Direção Clínica da Clínica Dentária Universitária a autorizar a
utilização de dentes do Banco de Dentes Humanos.
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