INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL
Departamento de Ensino
Curso de Habilitação em Homeopatia para
Cirurgiões Dentistas
MONOGRAFIA
Terapêutica homeopática em cirurgia buco-maxilo-facial
Helio Vitor Ramos da Rosa
Rio de Janeiro 2010
T231m Rosa, Hélio Vitor Ramos
Terapêutica homeopática em cirurgia buço-maxilo-facial / Hélio Vitor Ramos da Rosa. – Rio de Janeiro: Instituto Hahnemanniano do Brasil, 2010.
27 f.; 30 cm. Orientadora: Maria Thereza Alegria
1. Odontologia. 2. Cirurgia bucal. 3. Terapêutica homeopática. I. Título.
INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL
Departamento de Ensino
Curso de Habilitação em Homeopatia para
Cirurgiões Dentistas
Terapêutica homeopática em cirurgia buco-maxilo-facial
Helio Vitor Ramos da Rosa
Rio de Janeiro 2010
Monografia apresentada como requisito
parcial para obtenção do certificado de
conclusão do curso de Habilitação em
Homeopatia para Cirurgiões Dentistas.
INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL
Departamento de Ensino
Curso de Habilitação em Homeopatia para
Cirurgiões Dentistas
MONOGRAFIA
Terapêutica homeopática em cirurgia buco-maxilo-facial
Helio Vitor Ramos da Rosa
MONOGRAFIA APROVADA EM: ____/____/____
_________________________________________
Instituto Hahnemanniano do Brasil Maria Thereza de Cerqueira Alegria
Coordenadora & Orientadora
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia à minha mulher, Regina Maria, pelo apoio
incondicional durante todo o ano de 2010, até por ser o curso em finais de
semana, sábado e domingo, dias em que muitas vezes deixamos de realizar
algumas coisas.
Apesar dos impedimentos nunca houve nenhuma reclamação, somente
incentivo e ajuda.
AGRADECIMENTOS
À professora Maria Thereza de Cerqueira Alegria, pela enorme
paciência, presteza e rapidez, em atender orientar tirando as dúvidas sempre
que solicitada.
Dispensando sempre um carinho todo especial, ao pequeno grupo de
alunos componentes da turma deste ano.
Meu agradecimento em especial à mestra.
RESUMO
Esta revisão de literatura teve como principal objetivo, agrupar o maior
número de dados sobre a ação do medicamento homeopático na cirurgia buco-
maxilar, principalmente a que avaliação da dor e do edema. Com esta revisão
foi possível comprovar que um grande número de autores é favorável à
utilização da terapêutica homeopático sobre a dor e o edema pós-operatórios.
Não há dúvidas quanto a eficácia da homeopatia, entretanto faz-se necessário
uma padronização das pesquisas entre aqueles que a utilizam .
Palavras-chave: Cirurgia Buco-Maxilo-Facial; Homeopatia
ABSTRACT
This literature review aimed to collect more data on the homeopathic
medicine used in the maxillofacial surgery, which assessed pain and swelling.
This review was able to prove that a large number of authors supports the use
of homeopathic drugs acting on pain and postoperative edema in surgery. That
homeopathy works, no doubt, however it is necessary for standardization of
research among those who use homeopathy.
Key words: Maxillofacial surgery; Homeopathy
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................8
2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................11
2.1. O USO DA HOMEOPATIA NA ODONTOLOGIA .......................................11
2.2. O USO DE MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO NOS TRAUMAS
ODOTOLÓGICOS ..................................................................................14
3. DISCUSSÃO .................................................................................................23
4. CONCLUSÃO ...............................................................................................26
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................27
8
1. INTRODUÇÃO
A Homeopatia se difundiu pelo mundo através dos discípulos de
Hahnemann. Teve sua grande ascensão no terço final do século XVIII, época
de seu aparecimento. Por toda mudança que ocorreu no pensamento médico e
desenvolvimento científico deste período em diante, a Homeopatia inicia seu
declínio, aproximadamente um século depois, por não se enquadrar nos novos
moldes de experimentação dos então recém surgidos estudos experimentais
da medicina ortodoxa.
No campo da Odontologia, os primeiros passos em Homeopatia também
foram dados, de modo individual e isolado, por alguns poucos cirurgiões-
dentistas que interessados nesta arte de curar. Entre eles citamos profissionais
como o Dr. Jaime Leal e Dra. Gabriela Dorothy de Carvalho, a pioneira
habilitada em Homeopatia (1980).
O Cirurgião Dentista que já desfruta, em nosso país do mais alto nível
profissional, encontra nos princípios homeopáticos uma importante abertura de
perspectivas no entendimento e tratamento do seu paciente de uma forma
holística, com sutis possibilidades, inclusive preventivas.
Na área odontológica, a ciência de Hahnemann vem evoluindo na clínica
ensejando um amplo conhecimento do organismo, isto é, a totalidade,
valorizando a função estomatológica como parte do todo.
É importante ressaltar que o dentista homeopata tem uma visão do
diferenciada, onde sintomas bio-psico-sociais são podem ser importantes para
o diagnóstico e uma futura seleção do melhor medicamento, pois existem
9
recursos terapêuticos homeopáticos adstritos a Odontologia. (BALDUCCI-
ROSLINDO et al., 1999)
O cirurgião-dentista tem evoluído na área clínica terapêutica, integrando
a prática médica homeopática na elaboração do tratamento do sistema
estomatognático. O dentista homeopata analisa e compreende o paciente
como um todo, considerando a cavidade bucal como um dos componentes do
indivíduo. Na prática homeopática, sinais e sintomas psíquicos, gerais e locais
são analisados para posteriores prescrições de medicamento.(KINOUCH,
1986)
Os cirurgiões dentistas homeopatas devem individualizar cada paciente,
observando que qualquer alteração na boca pode ser reflexo do desequilíbrio
da força vital do indivíduo, determinando assim um tratamento global, que se
inicia na anamnese e na observação do dia a dia do paciente e na criação de
um plano de tratamento de acordo com as características pessoais (GIORGIO
et al, 1994).
A dose homeopática altamente diluída e dinamizada entra no organismo
provocando neste uma “sensibilização” e, conseqüentemente, uma resposta de
defesa, sensibilizando a energia vital do doente, ativando o sistema
imunológico defensivo. Faz-se, assim, uma nova e artificial doença não tóxica,
que por ser semelhante à doença natural, acaba estimulando e levando o
organismo a se defender do seu verdadeiro mal (STOFELLA, 2002).
10
Alguns medicamentos homeopáticos possuem a capacidade de
promover melhor cicatrização e recuperação tecidual nos tratamentos de
lesões traumáticas. O objetivo deste trabalho, e através da revisão de literatura,
relatar o uso de alguns medicamentos homeopáticos que podem ser utilizados
em cirurgias buco-maxilo-faciais.
11
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. O USO DA HOMEOPATIA NA ODONTOLOGIA
A homeopatia é um método de tratar as doenças que consiste em aplicar
ao enfermo o medicamento capaz de produzir no homem são distúrbios
análogos aos da doença em questão. O tripé fundamental da terapêutica
homeopática compreende: a lei dos semelhantes; o conhecimento da ação dos
medicamentos e a experimentação no homem são; e, o emprego das doses
pequenas, infinitesimais, observando-se o mecanismo de cura dentro do
dinamismo vital3. O medicamento homeopático age no físico, no geral e no
emocional. O organismo hígido reage constantemente, a fim de manter o
equilíbrio dinâmico ou vital, através de mecanismos de auto-regulação. O fator
causal supera a reação quando se interrompe o processo, provocando o
aparecimento de um quadro clínico. Esta sintomatologia significa a expressão
orgânica de resposta individual, específica e na persistência deste quadro, o
mínimo estímulo reforça a reação defensiva. O mecanismo de cura deve ser
observado, pois indica evolução de cura dentro do dinamismo vital. (DUPRAT,
1974)
De acordo com Lacerda (1993), o cirurgião-dentista deverá observar as
seguintes regras básicas para a perfeita prescrição do medicamento
homeopático a seus pacientes. Hahnemann preconizou que o remédio homeo-
pático deve ser dado ao paciente da seguinte forma: casos agudos: em
12
pequenos intervalos e casos crônicos, a intervalos longos. As doses
homeopáticas devem seguir a seguinte norma:
Em baixa dinamização: 4 a 5 CH (centesimal); 1 a 3 DH (decimal).
Em média dinamização: 7 a 9 CH (centesimal); 1 a 6 DH (decimal).
Em alta dinamização: 12 a 30 CH (centesimal); 12 a 15 DH (decimal).
Vários outros homeopatas, após a morte de Hahnemann, adotaram
doses mais altas, como o Dr. James Tyler Kent, que segundo Lacerda (1993),
preconizou, em sua obra homeopática aos adeptos de sua escola unicista, o
uso de altas e altíssimas dinamizações, valorizando o sintoma mental premente
do paciente; porém tal regra deve ser observada somente nos casos de caráter
psicogênico aos principiantes na matéria, deixando a responsabilidade de tal
tipo de prescrição aos homeopatas de maior experiência clínica, diante de
quadros eventuais de agravação do paciente em seu processo de cura. Tais
estados críticos requerem experiência acurada, inegável perícia clínica, saber
antidotar, quando assim necessário, prevenindo possível risco de vida ao
paciente em casos mais complexos. (LACERDA, 1993)
Os cirurgiões dentistas homeopatas devem individualizar cada paciente,
observando que qualquer alteração na boca pode ser reflexo do desequilíbrio
da força vital do indivíduo, determinando assim um tratamento global, que se
inicia na anamnese e na observação do dia a dia do paciente e na criação de
13
um plano de tratamento de acordo com as características pessoais (GIORGIO
et al, 1994).
Silva (2001) relatou o uso da homeopatia por dentistas em situações
normalmente tratadas com a alopatia e concluiu afirmando a eficiência do
medicamento homeopático em casos de nevralgia e disfunções
temporomandibulares. O mesmo autor citou a utilização da homeopatia no pré
e pós operatório nos casos de intervenção cirúrgica, evidenciando a diminuição
do sangramento durante o ato cirúrgico, a aceleração do processo de
reparação tecidual e o controle da dor.
Feigheltein (2001) ampliou as vantagens do uso da homeopatia em
Odontologia, afirmando que essa terapia atua, também, em certos sintomas
dos pacientes, como ansiedade, medo e náuseas, tornando qualquer
procedimento odontológico mais aceito pelo paciente.
A Homeopatia na Odontologia foi aplicada nas doenças periodontais,
nos abscessos periodontais e endodônticos, nas inflamações da polpa e em
lesões bucais, como aftas e herpes. Nos procedimentos cirúrgicos, prepara o
paciente no pré-operatório para que o mesmo apresente um pós-operatório
melhor, aliviando as dores e reduzindo o sangramento e edema. Essa terapia,
também, foi utilizada nos casos de dores e disfunções da articulação
temporomandibular. Algumas patologias não são curadas por medicamentos
tradicionais, que apenas controlam a sintomatologia, como nos casos severos
14
de aftas, nos quais o paciente apresenta múltiplas lesões ulceradas na boca,
ou nos quadros de líquen plano, entre outras, que em geral são tratadas com
corticosteróides. Estes medicamentos tradicionais além de apresentarem
contra-indicações, podem ainda causar vários efeitos colaterais desagradáveis
nos pacientes. O cirurgião dentista atualizado poderá, assim, dar a opção ao
paciente de optar pelo medicamento alopático ou homeopático. Um dos pontos
fortes do uso da homeopatia é a ausência de contra-indicações, podendo ser
aplicada em adultos, crianças e pacientes especiais (STOFELLA, 2002).
2.2. O USO DE MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO NOS TRAUMAS
ODOTOLÓGICOS
Knouch (1986) relacionou o uso dos medicamentos mais utilizados na
clínica odontológica. No caso da cirurgia buco-maxila-facial, pode-se relatar os
seguintes medicamentos:
1) Arnica Montana: Empregada em uso externo e interno. Ações
preventiva e curativa. Doses externas em T.M., e internos de T.M., a
C200. Ações gerais: anti-traumática, anti-infecciosa e anti-
hemorrágica. Medicamento de pré e pós-operatório. Indicação
central ligada a trauma passado, presente e futuro. Agravações pelo
toque, movimento e tempo frio. Sensação de dolorimento do corpo
e/ou das partes afetadas. Contusões, esquimoses. Ações eletivas:
músculos, circulação capilar. O caráter dominante da ação de Arnica
está em clara anlogia entre as manifestações de sua patogenesia e
15
aquelas decorrentes com manifestações subjetivas e objetivas de
traumatismo ou dos excessos musculares.
2) Hyperium Perforatum: 1 X a C200. Trauma sensitivo. Contra o trismo
e as seqüelas neuróticas, pós-traumáticas. Dores agudas,
intoleráveis, lancinantes no trajeto dos nervos. Traumatismo por
objetos pontiagudos, feridas acidentais, ou pós-operatório dentário.
3) Calendula: Anti-séptico, uso externo em bochechas, uso tópico e
internamente de 1 X a C3. Facilita a cicatrização dos tecidos, impede
a supuração e a dor. Analgésico pelo seu teor em ácido salicílico.
Ação analgésica sobre os tecidos lesados, havendo afinidade sobre
o edema que comprime os filetes nervosos; ação estimulante sobre
a cicatrização após o edema.
Além destes medicamentos, Knouch (1986) citou que o uso da
homeopatia como substituto do antibiótico, não destrói a flora intestinal,
principalmente na criança. Existe o antibiótico homeopático que é o
Pyrogenium quer na dose curativa, como preventiva. Além da Arnica, usada em
todos os casos resultantes de traumatologia, antes, durante e depois de um ato
cirúrgico, inclusive prevenindo a formação de pus, no processo hemorrágico
pode-se receitar o Trilliam pend tintura-mãe, que usado dentro do alvéolo como
estético embebido em algodão, deixando-o durante alguns minutos e não
haverá hemorragia. Como medicação preventiva para todos os atos cirúrgicos,
16
contra a predisposição à hemorragia dar Trilham pend - C30, Arnica - C5,
China-office - C5. Essa medicação deixa o local sem sangue, nem para sujar o
algodão exposto.
A medicação pós-cirúrgica, no caso o paciente apresentar uma
hemorragia secundária, pode-se colocar dentro do alvéolo, algodão embebido
em Trillium pend. Se fôr hemorragia de sangue claro ou vermelho vivo,
administrar Hamamelis - CL1; caso seja sangue venoso, receita-se o Mille-
follium - CLI. Três doses desses remédios, conforme o caso, dados de 10 em
10 minutos, estanca a hemorragia. (KNOUCH, 1986)
Lacerda (1993) relata que o medicamento homeopático em baixa
dinamização decimal ou centesimal apresenta notável efeito farmacodinâmico
organotrópico, ou seja, atua somente ao nível orgânico, sem manifestar
eventual agravação no quadro do paciente, devido a distúrbios constitucionais
que o mesmo sofra, evitando o estresse perante tal piora aparente de seu
quadro clinico. Além de vários medicamentos homeopáticos que o dentista
deve possuir em seu consultório, Lacerda (1993) aconselha ao dentista solicitar
à farmácia homeopática o preparo de isopático, feito a partir dos tipos de
anestésicos que utilizar em sua clínica diária.
O anestésico isopático é utilizado em Homeopatia para negativar de
imediato qualquer reação colateral que o paciente venha a sofrer após ou
17
durante o procedimento cirúrgico dentário advinda do anestésico, tais como
lipotomia, queda ou aumento da pressão arterial.
Seu efeito é rápido e seguro, conforme a experiência internacional com
este tipo de medicamento, segundo a Lei dos Iguais “Aequalis aequalibus
curantur", ou seja, os "Iguais curam os iguais".
Deve ser administrado ao paciente por via oral; em caso de
impossibilidade, pode ser aplicado por via intradérmica, porém somente se o
mesmo estiver acondicionado em ampola estéril, para aplicação com seringa
milimetrada de pequeno calibre.
Pode-se fazer uso deste medicamento em pacientes com histórico
prévio de reações colaterais a anestésico, visando facilitar o ato cirúrgico de
forma preventiva. Entretanto, deve-se evite misturar no estojo próprio para os
medicamentos homeopáticos qualquer outro alopático, em especial os que
contenham princípio aromático ativo, tal como o eugenol, cânfora etc., pois
ocorrerá negativação dos homeopáticos. (LACERDA, 1993).
Lacerda (1993) também indica o uso de Myristica nos processos
inflamatórios crônicos com tendência à supuração, especialmente no panarício;
o profissional em Odontologia deverá usá-la no caso de hemorragia acidental,
ocasionada por instrumento cortante como o bisturi.
18
Balducci-Roslindo et al. (1999) relataram que o processo de reparo em
feridas de extração dentária vem sendo estudado em ratos, cães, macacos, e
no homem, com o objetivo de estabelecer padrões normais das ocorrências
biológicas nele envolvidas. A influência de fatores sistêmicos, como
quimioterápicos, antibióticos e medicamentos homeopáticos, ou locais, como
osso orgânico e estimulação ultra-sônica na região alveolar, tem sido
demonstrada em vários trabalhos que discutem o processo de reparo alveolar.
Investigações a respeito do processo de reparação utilizando Symphytum
officinale como terapêutica homeopática se fazem necessárias, pois na
literatura são poucos os trabalhos que citam a utilização da homeopatia como
modalidade terapêutica. A Calendula officinallis é uma planta da família das
Compostas, conhecida popularmente como Maravilhas, possui flores
alaranjadas das quais se extrai óleo por maceração que apresenta ação
externa e interna sobre todas as feridas traumáticas, produzindo rápida
cicatrização e impedindo a supuração. Além disso, a Calendula officinallis é
dotada de propriedades antissépticas, anti-inflamatória, calmante, cicatrizante e
na prática médica é utilizada para aliviar cólicas, dores de estômago, resfriado
e até tuberculose.
Balducci-Roslindo et al. (1999) utilizaram esses a Symphytum officinalle
e Calendula officinallis similares em um complexo para verificar o seu efeito no
reparo em feridas de extração dentária em camundongos. O complexo
Symphytum officinalle e Calendula officinallis nas potências de 6CH e 3CH,
respectivamente, foi ministrado por via oral ao grupo tratado durante 5 dias
19
antes e após a extração do incisivo superior direito. No grupo controle,
administraram-se 5ml de álcool etílico a 70% diluídos em 30 ml de soro
fisiológico. A análise histológica mostrou que, tanto no grupo controle como no
tratado, o alvéolo dentário estava preenchido por tecido de granulação e tecido
ósseo neoformado, com graus variáveis de maturação, rico em osteócitos. No
entanto, nos animais tratados, o processo de reparo em feridas após extração
dentária do incisivo superior direito mostrou um avanço progressivo de
neoformação óssea mais acentuado quando comparado ao grupo controle, em
tempos equivalentes. Estes resultados enfatizam as propriedades biológicas do
complexo Symphytum officinalle e Calendula officinallis e sua possível
utilização como recurso terapêutico na Odontologia.
Preparações com flores, raízes e folhas de arnica têm sido usadas na
medicina tradicional há bastante tempo para o tratamento de distúrbios
inflamatórios. A arnica apresenta extratos com propriedades na absorção de
edemas, e cicatrização de feridas, propriedades analgésicas e antinflamatória
(MIRANDA, 2001).
O uso tópico da arnica é atualmente muito utilizado em contusões,
inflamações (CARVALHO; BONAMIM, 2001), ferimentos e hemorragias
subcutâneas (ROCHA, 2006). Preparações homeopáticas de arnica são
freqüentemente usadas em combinação com outras drogas, como alternativas
clínicas para fins terapêuticos em condições como trauma (ALFREDO, 2008),
parto, hematoma e dor dental (CONFORTI et al., 2007). A maior dificuldade na
20
aceitação da homeopatia reside na compreensão dos mecanismos de ação das
doses mínimas, já que frequentemente se espera uma atitude relacionada à
dose-efeito, como habitualmente ocorre com medicamentos alopáticos
(BEVILAQUA, 2003).
Norred (2002), em pesquisa feita com pacientes de dezesseis hospitais
dos Estados Unidos, aonde 67% deles nunca utilizaram medicina alternativa;
27% utilizavam ervas; 39% dietas complementares; 54% tomavam vitaminas e
1%, relataram o uso de Homeopatia. Entre o total dos pacientes cirúrgicos da
pesquisa, 34% relataram uma interação medicamentosa com anestésicos e
alterações da hemostasia, quando da utilização de medicamentos
homeopáticos. O mesmo autor relata também que, em pesquisa feita com 496
pacientes, aonde 73,4% receberam medicação homeopática pré-operatória,
40% tiveram inibição na cascata de coagulação, 32% tiveram alterações de
pressão arterial, 20% tiveram alterações na função cardíaca e em 17% ocorreu
sedação. Intensa pesquisa, educação e muita comunicação com pacientes, são
necessários na utilização de medicina alternativa nos casos cirúrgicos.
A Arnica Montana é uma planta originária das regiões montanhosas do
norte da Europa, de terras silicosas. As indicações do medicamento
homeopático Arnica montana estão bem estabelecidas nas Matérias Médicas
Homeopáticas, por ser um dos mais conhecidos remédios homeopáticos.
(MARQUES, 2006)
21
O uso da arnica como agente antinflamatório foi testado em cirurgias
para colocação de implantes dentários como alternativa ao uso de antibióticos.
Em um total de 736 implantes a terapia antiinflamatória da Arnica Montana foi
testada em comparação a ação da nimesulida 100mg. A taxa de sucesso foi de
96,2% (MAZZOCCH et al., 2007).
Conforme Santos (2008), os medicamentos homeopáticos são
apresentados de diversas formas, e indicados para diversas patologias. Nos
traumas cirúrgicos, os mais indicados são:
a) Arnica Montana – C30 (no pré operatória);
b) Arnica Montana – C3 ou C12 (no pós operatório);
c) Hipericum – C3 (Se atingir os nervos alveolar inferior);
d) Symphytum – C1 (trauma ósseo) ou C6.
Soares et al. (2009), relataram um caso clínico de uma paciente com
necessidade cirúrgica de exérese dos terceiros molares. O tratamento indicado
foi cirúrgico radical com o uso da medicação homeopática na exérese dos
terceiros molares superior e inferior do lado esquerdo, e o uso de medicação
alopática na exérese dos elementos do lado oposto em sessões cirúrgicas
distintas e posterior comparação dos sinais e sintomas. As exodontias
cirúrgicas dos terceiros molares inclusos com remoção de tecido ósseo são
bastante frequentes e apresentam a necessidade de prescrição de
medicamentos a fim de minimizar os processos alérgicos e impedir os
infecciosos no período pós-operatório. O plano de tratamento foi dividido em
22
duas fases, a primeira do lado direito, onde o paciente foi submetido ao uso da
medicação convencional alopática: Amoxicilina 500 mg, Diclofenaco de Sódio
50 mg e Dipirona Sódica. A segunda fase onde o lado esquerdo foi submetido
ao tratamento cirúrgico sob o uso da medicação homeopática abaixo
enunciada, obedecendo às Leis de Similitude, propostas por Samuel
Hahnemann, introdutor da Homeopatia. Foram utilizados a Arnica Montana, a
Staphysagria - atua sobre o sistema nervoso simpático; por sua ação simpática
ataca vísceras cujas funções serão mais lentas, e vasos sangüíneos cujo
relaxamento causa estase sanguínea. Sua atuação é eficaz em pós-operatório,
curando a ferida cirúrgica muito dolorosa e de difícil cicatrização É indicado em
infecções ósseas e inflamações dolorosas, e o Streptococcinum - é obtido
através da lise de culturas Streptococcus pyogenes atenuados, sem adição de
antissépticos. Com os resultados obtidos com a cirurgia verificou-se que a
terapêutica homeopática mostrou-se eficaz no tratamento pós-cirúrgico da
exodontia nos terceiros molares inclusos verticais e bem posicionados onde a
osteotomia é pequena, quando necessária. Mostrou-se, segundo exames
clínicos e relato da paciente, tão eficaz na prevenção de edema, trismo e
hemorragia em cirurgias de terceiros molares com osteotomia, quanto a
terapêutica alopática de uso rotineiro da Odontologia.
23
3. DISCUSSÃO
Na prática médica homeopática é muito comum e difundido o uso de
alguns medicamentos que possuem a capacidade específica de promover a
cicatrização e a recuperação tecidual nos tratamentos de lesões traumáticas.
Os cirurgiões dentistas homeopatas devem individualizar cada paciente,
determinando um tratamento global, que se inicia na anamnese e na
observação do dia a dia do paciente criando um plano de tratamento de acordo
com as características pessoais (DUPRAT, 1974, GIORGIO et al, 1994).
Na área odontológica, o cirurgião-dentista está evoluindo para uma
clínica terapêutica ensejando melhor e mais amplo conhecimento do organismo
em geral, dado importância da própria estomatologia como parte integrante do
organismo.
O uso da homeopatia em Odontologia, atua em certos sintomas dos
pacientes, como ansiedade, medo e náuseas, tornando qualquer procedimento
odontológico mais aceito pelo paciente. (FEIGHELTEIN, 2001)
Como especialista em Homeopatia, o dentista vê o paciente de um modo
mais completo, tanto que, na abordagem deste, todos os sinais e sintomas,
sejam psíquicos, gerais ou locais são valorizados na busca do melhor
24
medicamento para o mesmo, pois existem recursos terapêuticos homeopáticos
adstritos a Odontologia.(GIORGIO et al, 1994; FEIGHELTEIN, 2001)
Autores como Kinouchi (1986), Lacerda (1993) e Campbell (1991),
preconizam o tratamento homeopático como complementar à terapêutica
tradicional, tendo como único opositor Norred (2002), que afirma alterações na
hemostasia e interação com anestésicos.
O cirurgião-dentista deverá observar as regras básicas para a perfeita
prescrição do medicamento homeopático a seus pacientes preconizado por
Hahnemann: casos agudos: em pequenos intervalos e casos crônicos, a
intervalos longos. (LACERDA, 1993)
Sendo a Homeopatia uma ciência e arte de curar que se baseia em uma
lei biológica natural que rege toda verdadeira cura chamada Lei dos
Semelhantes, dentro da atuação do cirurgião buco-maxilar pode-se selecionar
alguns medicamentos utilizados nesta prática.
O uso dos medicamentos homeopataicosmais indicados nos traumas
cirúrgicos são: Arnica Montana, no uso externo e interno; Hyperium Perforatum,
no trauma sensitivo; Calendula, como Anti-séptico (KNOUCH,1986; SANTOS,
2008), além do Symphytum – C1 (trauma ósseo) ou C6. (SANTOS, 2008).
25
Dentre eles, o Symphytum officinale, medicamento homeopático possui
em sua composição química a alantoína cuja atividade biológica foi
comprovada como cicatrizante, anti-irritante e removedora de tecido necrosado,
além de possuir outros componentes que em união agem como emoliente e
calmante (BALDUCCI-ROSLINDO et al.,1999; SANTOS, 2008).
A Calendula officinallis é extraído um óleo de ação externa e interna
sobre feridas traumáticas acelerando a cicatrização e impedindo a supuração.
Sua composição compreende várias aplicações na prática médica,
propriedades antissépticas, anti-inflamatórias e calmantes (KNOUCH,1986;
BALDUCCI-ROSLINDO et al.,1999).
O uso tópico da arnica é atualmente muito utilizado em contusões,
inflamações (CARVALHO; BONAMIM, 2001), preparada com flores, raízes e
folhas de arnica apresenta extratos com propriedades na absorção de edemas,
e cicatrização de feridas, propriedades analgésicas e antinflamatória
(MIRANDA, 2001) e freqüentemente usadas em combinação com outras
drogas, como alternativas clínicas para fins terapêuticos em condições como
trauma (ALFREDO, 2008, SOARES, 2009). Seu uso foi testado em cirurgias
para colocação de implantes dentários como alternativa ao uso de antibióticos,
com taxa de sucesso de 92,6% (MAZZOCCH et al., 2007).
.
26
4. CONCLUSÃO
Na busca do melhor tratamento possível, quando necessário, pode e
deve buscar ajuda no campo médico geral, potencializando a sua capacidade
de ação preventiva e curativa, em busca dos ideais de saúde a que se propõe.
Portanto, deve-se ter em mente que a saúde oral é parte integrante e
inseparável da saúde da pessoa como um todo, não apenas uma questão de
dentes e gengivas isolados, mas de seres humanos completos e equilibrados.
A maioria dos autores considera os medicamentos homeopáticos
Arnica Montana, Calendula officinallis e Symphytum officinale eficientes no
tratamento utilizado pelo cirurgião dentista no combate à dor e edema pós
operatórios.
A terapêutica homeopática pode ser usada como terapia complementar
à terapêutica convencional, inclusive na redução da ansiedade dos pacientes.
27
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALFREDO, P.P.; ANARUMA, C.A.; PIÃO, A.C.S; JOÃO, S.M.A; CASAROTTO, R.A. Análise qualitativa dos efeitos da sonoforese com Arnica montana sobre o processo inflamatório agudo do músculo esquelético de ratos. Fisioter Pesq.,v. 15, n. 3,2008.
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