INOVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO: UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO.
Neimar Topanotti Dagostin, Patricia de Sá Freire, Leopoldo Pedro Guimarães Filho
(UNESC)
Resumo: O tema Inovação vem sendo estudado sob diversas dimensões e por diferentes disciplinas. Ao compreender a inovação para o desenvolvimento socioeconômico multiplicam-se as áreas de conhecimento e surgem dimensões ainda não exploradas. Esta pesquisa visou conhecer as características bibliométrica do tema Inovação para o Desenvolvimento Socioeconômico na base de dados internacional, eletrônica Scopus até o fev.2014. Para tal, buscou-se identificar em quais dimensões de análise as publicações científicas se concentram, bem como identificar os principais aspectos das referências bibliográficas, número de pesquisadores interessados no tema; distribuição por país; concentração de dimensões de análises e, as ondas de interesse. Primeiramente foi incluído o termo inovação e em um corte longitudinal de 39 (trinta e nove) anos, entre a publicação do primeiro artigo (1975) até fev. 2014 foram encontrados 211.429 publicações. Ao incluir posteriormente o termo desenvolvimento socioeconômico identificou-se apenas 207 (duzentos e sete) publicações que foram ao final analisados configurando-se a amostra final do estudo. A pesquisa pode ser classificada como uma pesquisa de abordagem quantitativa, com fins exploratório-descritivo e de meio bibliográfico onde utilizaram-se os métodos estatísticos descritivos, com aplicação da Lei de Lotka ou Lei do Quadrado Inverso para a medição e análise dos grupos de publicações. Conforme os resultados encontrados, confirma-se que o tema Inovação para o Desenvolvimento Socioeconômico é interdisciplinar visto que as publicações abrangem 23 (vinte e três) áreas do conhecimento. Inclusive, constatou-se que não existe concentração significativa em uma única dimensão de análise, tendo sido encontrado mais de 160 palavras chave, apenas 127 publicações tratam diretamente das variáveis deste estudo que são inovação e desenvolvimento socioeconômico. Dentre os diferentes autores e coautores (160) não pode-se destacar um em especial, pois a maior concentração está em 2,5% fortalecendo a perspectiva interdisciplinar do tema. Pela análise geográfica, com a distribuição por 43 países, percebeu-se a concentração (43%) das publicações em cinco países (China, Reino Unido, EUA, África do Sul e Rússia). Pela linha do tempo, pode-se destacar que há uma tendência de crescimento da quantidade de publicações sobre o tema, com 91,06% das publicações tendo sido registradas a partir do ano 2000 e o ápice de publicações se deu no ano de 2011. O primeiro estudo (1990) teve o objetivo de analisar as mudanças radicais na economia causadas pela inovação e seus efeitos sobre a relação centro e periferias. A última publicação (2014) levou a sua atenção para a análise as atividades de geoparques mostrando o longo caminho percorrido nestes anos de pesquisas. Ao final, destaca-se que apenas 0,06% das publicações que tratam o tema Inovação o relacionam com o termo desenvolvimento socioeconômico. Assim, a Inovação para o Desenvolvimento Socioeconômico ainda está pouco explorado pela literatura científica configurando-se como um tema emergente devendo ser melhor explorado pela academia.
Palavras-chaves: Desenvolvimento Socioeconômico; Inovação; Revisão Sistemática da
Literatura; Análise bibliométrica.
ISSN 1984-9354
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1. INTRODUÇÃO
Para Cooke, Uranga e Etxebarria (1997, p. 478), a inovação é cada vez mais entendida
como
“um processo sistêmico com diversos fluxos e direções de circulação das informações e com a participação de múltiplos atores, para os quais a inovação também é entendida como troca institucional, tanto no campo da produção como de consumo e na sociedade.”
O mercado global atual, altamente competitivo, obriga as empresas, e até mesmo os
pequenos empreendedores, a inovarem sob o risco de perderem terreno e terem seus negócios
extintos pela constante necessidade de mudança, a chamada busca pelo novo, exercida pelos
mercados consumidores em todo o mundo. Com o mercado globalizado, houve um aumento do
intercâmbio de informações, a difusão de conhecimento, o aumento das demandas sociais e das
exigências do consumidor e, de outro, a intensificação das relações de troca, o encurtamento das
distâncias e o acirramento dos processos de globalização da produção e da competição. Neste
cenário, o mercado torna-se palco de uma intensa competição. Diante disto, a inovação
compreende um fator-chave para a sustentação da competitividade.
O processo de inovação e sua aplicação podem interferir diretamente no
desenvolvimento da região onde ela será propagada. Inovações no ramo da agricultura podem
trazer maior produção e consequentemente, maior renda e desenvolvimento em outros aspectos na
região em questão. Inovações na área Industrial podem reduzir custos, podendo assim se
transformar em investimentos, trazendo empregos e outros benefícios a toda a região. Inovação e
desenvolvimento socioeconômico atualmente andam lado a lado.
Nos anos 1990, a crescente relevância dada à dimensão social conferiu ao conceito de
inovação maior amplitude. Um dos postuladores da atualização
das idéias de Schumpeter, Freeman, reconheceu essa amplitude ao assinalar que o conceito de
inovação inclui além de avanços tecnológicos radicais ou incrementais nos processos e nos
produtos, novas formas de organização do trabalho, de gestão empresarial, de otimização dos
recursos humanos e inclui também o bem-estar social, ao atentar para questões de cunho social
como o prazer no trabalho e o zelo ao meio ambiente. (FREEMAN, 1991).
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Este aumento de interesse pelo tema propiciou um aumento no número de pesquisas e
produções acadêmicas acerca do mesmo nas mais diferentes esferas.
Podemos observar que não só o seguimento industrial busca a inovação. Durante a
pesquisa observamos um alto número de produções acadêmicas sobre inovação voltadas à área da
saúde, agricultura e serviços, o que demostra a busca pelo aprimoramento nestes setores.
Entretanto, verifica-se que dentre todas estas publicações que tratam do tema inovação e
desenvolvimento socioeconômico, não foram encontrados muitos que tratam da bibliometria ou
revisão bibliométrica do tema, ou seja, até o momento não se procurou levantar o que, quando,
quem e onde estão se concentrado as pesquisas e publicações referentes aos temas propostos.
Neste contexto surge a questão de pesquisa: quais as tendências das publicações científicas
e as lacunas de conhecimento sobre o tema Inovação para o Desenvolvimento Socioeconômico?
Para responder a esta questão definiu-se como objetivo investigar as características bibliométrica
do tema Inovação para o Desenvolvimento Socioeconômico identificando as tendências e as
lacunas temáticas das publicações indexadas em base de dados internacional e interdisciplinar
Scopus.
2. REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Um método científico sistemático é aquele que busca correlacionar todos os elementos
encontrados sobre um tema, com base no princípio de que, só será realmente compreendido o
objeto se for construído o quebra cabeça que permitirá o conhecimento do fenômeno como um
todo. Assim, a Revisão Sistemática da Literatura (RSL) é um método de pesquisa bibliográfica
com o objetivo de realizar uma revisão planejada para responder a uma questão específica de
pesquisa utilizando métodos explícitos e sistemáticos (DICKSON, 1999). Como afirma Freire
(2014), a RSL é um processo de levantamento de dados onde são exigidas revisões rigorosas de
publicações acadêmicas à procura de indícios que possam levar à identificação de evidências sobre
um tema de pesquisa ou tópico na área pretendida.
Freire (2014) sugere que este método seja utilizado como um procedimento exploratório
para identificar, selecionar e avaliar criticamente os estudos já realizados sobre os temas em
estudo.
A análise dos dados levantados respeita "estratégias científicas que limitam o viés de
seleção e avaliam com espírito científico os artigos e sintetizam todos os estudos relevantes em
tópicos específicos” (PERISSÉ; GOMES e NOGUEIRA, 2001. p.131).
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Inclusive, a RSL contém mecanismo para entender o contexto; entender até onde a ciência
já chegou; aprofundar o tema, suas causas e consequências; conhecer o objeto de estudo e;
descobrir estudos iguais, similares ou opostos.
Segundo Lovatto et al (2007, p.4) com as análises oriundas da RSL pode-se tratar os
seguintes resultados:
a. CONHECIMENTO EXISTENTE = O principal objetivo de uma interpretação sistemática
é síntese do conhecimento já adquirido sobre o tema em estudo (VELLUZZI, 1998).
b. PRECISÃO = O agrupamento de várias pesquisas leva a melhor precisão na avaliação dos
resultados das pesquisas. “Isso se deve a uma análise fundamentada em uma quantidade
maior de informação, acompanhada do aumento de comparações entre temas”.
c. NOVOS RESULTADOS = Em grupo, ao se comparar e estatisticamente relacionar os
resultados de diferentes pesquisas, pode-se chegar a novos resultados que,
“individualmente, não permite estabelecer conclusões por falta de potência analítica”.
Para realizar a RSL deve-se seguir as orientações de uma das duas publicações existentes
sobre os passos a serem elaborados. São eles: Cochrane Handbook 1(Colaboração Cochrane) e;
CDR Report6 4 (NHS Centre for Reviews and Dissemination, University of York).
O Cochrane Handbook determina a sequência de sete passos para a RSL, são eles:
Formulação da pergunta; Localização e seleção das bases de dados para pesquisa; Avaliação
crítica dos estudos; Coleta de dados; Análise e apresentação dos dados; Interpretação dos dados;
Aprimoramento e atualização da revisão.
O Manual NHS/York2 determina nove fases distribuídas em três estágios: Planejamento,
Execução e Apresentação, como segue:
Estágio I PLANEJAMENTO
Fase 0 Identificação da necessidade da revisão Fase 1 Preparação de uma proposta para a revisão sistemática Fase 2 Desenvolvimento de um projeto da revisão
Estágio II EXECUÇÃO
Fase 3 Identificação da literatura Fase 4 Seleção dos estudos Fase 5 Avaliação da qualidade dos estudos Fase 6 Extração dos dados e monitorização do progresso
2Site: http://www.york.ac.uk/inst/cdr/report4.htm
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Fase 7 Síntese dos dados
Estágio III APRESENTAÇÃO
Fase 8 Relatório e recomendações Fase 9 Transferindo evidências para a prática
Assim, a RSL começa com um planejamento bem feito. Como destaca Freire (2014, p. 32)
o “Planejamento da RSL é relacionado nos dois Manuais pela sua importância estratégica, pois é
neste estágio que o pesquisador determina aonde quer chegar e como chegará lá”. A construção do
Protocolo de pesquisa bibliográfica deverá conter:
a. A pergunta da revisão,
b. Os critérios de inclusão e exclusão que determinam quais os estudos serão considerados
válidos para serem utilizados. Os critérios podem ser períodos de tempo, por objetivos da
pesquisa, pela metodologia utilizada, pela fase de avanços tecnológicos, por espaço, autor,
área do conhecimento, ou número de citações e relevância, entre outros.
c. As estratégias para busca, principalmente determinando os bancos de dados a serem
utilizados;
d. Critérios para avaliação crítica para a síntese dos dados. Averiguar qual a probabilidade
das conclusões desses estudos serem baseadas em dados viciados e não se relacionarem
com o seu foco de estudo, ou não utilizarem uma metodologia reconhecida.
A RSL absorve os resultados dos estudos de outros pesquisadores, tratando seus resultados
como estudos secundários. Da revisão são geradas análises que demandam novos estudos que, por
sua vez irão gerar novos estudos primários. Vale destacar que, para a construção da
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA a localização de Artigos deve ser mais abrangente e profunda
do que foi realizada anteriormente, quando do levantamento para a construção da
INTRODUÇÃO. Identifique quais bases de dados eletrônica são as melhores para sua área de
estudo. Melhor no sentido de que é assinante dos bancos de dados das revistas e dos congressos
científicos mais conceituadas de sua área.
2.1. ANÁLISE DOS RESULTADOS DA RSL
Existem três caminhos para e analisar os dados bibliográficos: Análise Descritiva,
Bibliométrica ou Meta análise. A análise descritiva é um tipo de análise qualitativa. As análises
Bibliométrica e Meta Análise são de base quantitativa.
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a. ANÁLISE DESCRITIVA
Com este tipo de análise o pesquisador descreverá o resultado dos agrupamentos de dados
analisados.
O agrupamento será elaborado pela combinação qualitativa dos dados. E não tratará os
dados quantitativamente, ou seja, não importa quantos artigos foram encontrados ou quantos são
semelhantes, mas principalmente o que e como eles estão desenvolvendo o tema. Os artigos,
assim, serão combinados qualitativamente e apresentados de forma narrativa.
b. META ANÁLISE
Meta análise é um termo criado por Glass (1976) em artigo publicado no periódico
Educational Research, onde afirmava que é "a análise estatística de uma coleção de resultados de
estudos individuais, com o objetivo de integrar os resultados” (Glass, 1976).
Na literatura são encontradas diferentes definições, mas pode-se concluir que é uma
revisão sistemática quantitativa que promove a combinação estatística de pelo menos dois estudos,
para produzir uma estimativa única.
Freire afirma que este método de análise é muito utilizado em pesquisas da área da saúde
para combinar resultados de pesquisas científicas sobre testes de novos medicamentos. Ao se
realizar uma leitura seletiva (caso a caso) e elaborar uma meta análise dos resultados dos estudos
selecionados, este processo diminuiu os riscos de tomada de decisão do pesquisador.
Resumidamente Freire (2014) afirma que a meta análise é: um método estatístico utilizado
na RSL; tem o objetivo de integrar os resultados dos estudos incluídos sobre uma mesma questão
de pesquisa; os resultados da meta análise são apresentados de forma quantitativa, com análises
estatísticas e intervalos de confiança; para a meta analise os resultados de um estudo único não são
conclusivos.
Para Lovatto et al (pg 287) Quando são realizadas análises estatísticas, os testes usados às
vezes não são adequados por serem dependentes do tamanho da amostra. Isso pode fazer com que
resultados não significativos não tenham mesmo peso que os significativos. A meta-análise muda
o enfoque, a direção e a magnitude dos efeitos entre os estudos.
c. BIBLIOMETRIA
O Termo bibliometria foi usado pela primeira vez, Paul Otlet (RAYWARD e OTLET,
1990). Em 1950, Ranganathan apontou que deveria ser realizada a gestão das informações
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disponíveis em uma biblioteca. Em 1969, Alan Pritchard consolidou o termo BIBLIOMETRIA
com a discussão “bibliotecometria” “bibliografia estatística ou bibliometria?” (VANTI, 2002, p.
153). E assim segue até hoje.
Lancaster (2004) e Souza (1988) afirmam que a bibliometria deve ser utilizadas para
perceber padrões de escrita, publicações e de literatura pela aplicação de análises estatísticas,
sendo uma técnica de investigação que tem por fim a análise do tamanho, crescimento e
distribuição da bibliografia num determinado campo do conhecimento.
Assim, a análise Bibliométrica como concluir Freire (2014) é uma técnica para avaliar e
medir os resultados de uma pesquisa bibliográfica sobre uma determinada questão de pesquisa ou
sobre uma determinada variável específica Figura 1.
Figura 1: Análise bibliométrica
Fonte: Freire (2014, p.39)
São leis da Bibliometria as leis de Lokta , de Bradford e a de Zipf (Quadro 1):
Quadro 1: Leis da Bibliometria
Nome da lei Data Objetivo da medição Lotka 1926 Medição da produtividade dos autores – autores/ grupo de
publicações. Bradford ou da Dispersão.
1934 Medição da produtividade das revistas assunto em um mesmo conjunto de revistas – assuntos/revista
Zipf ou do Mínimo Esforço.
1949 Medição da frequência do aparecimento das palavras em vários textos, gerando uma lista ordenada de termos de uma determinada disciplina ou assunto.
Fonte: Elaborado por Freire (2014 p. 40) com base em Souza (1988).
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Existem diferentes métricas que podem ser analisadas por esta técnica, como buscar
identificar o Total de Publicações; Total de Citações (relevância); Média do número de citações
por periódico; Média do número de citações por autor; Média de publicações por autor; Total de
abordagem de um tema/termo específico em duas ou mais publicações; Total da utilização de uma
determinada metodologia nas publicações em duas ou mais publicações; Análise do número de
autores por publicação.
Estes indicadores da Análise Bibliométrica, conforme descrito por Freire (2014), é muito
utilizada como ferramenta para mapear e gerar indicadores de tratamento e gestão da informação e
do conhecimento para apoiar, principalmente, a identificação de lacunas e tendenciosidade dos
estudos científicos. Este tipo de análise pode ser utilizado inclusive para:
• Analisar o Impacto da Produção Científica em diversas áreas do Conhecimento;
• Estudar Indicadores de Produção Científica sobre um tema para apontar originalidade ou ineditismo;
• Apontar o desenvolvimento de um campo em uma área do conhecimento;
• Analisar as Tendências de Pesquisas – identificar as ondas de interesse e as áreas emergentes;
• Mapear ONDE e com que FREQUÊNCIA temas ou artigos específicos são publicados e/ou citados.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa pode ser classificada como uma pesquisa de abordagem quantitativa, com
fins exploratório-descritivo e de meio bibliográfico onde utilizaram-se os métodos estatísticos
descritivos, com aplicação da Lei de Lotka ou Lei do Quadrado Inverso para a medição da
produtividade dos autores e grupos de publicações.
A RSL foi utilizada como um procedimento exploratório para identificar, selecionar e
avaliar criticamente os estudos anteriores que versaram sobre os temas Inovação e
Desenvolvimento Socioeconômico e com isso eliminar qualquer risco de tendenciosidade na
escolha dos paradigmas das publicações.
Na fase de planejamento da RSL foi escolhida para este estudo a análise bibliométrica para
responder a questão de pesquisa sobre quais as tendências das publicações científicas e as lacunas
de conhecimento sobre o tema Inovação para o Desenvolvimento Socioeconômico.
Na pesquisa que deu origem a este artigo, foi utizada como base de dados a plataforma
Scopus, base internacional e que abrange publicações em várias áreas do conhecimento.
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Primeiramente foi inserido o termo inovação, e em um corte longitudinal de 157 (cento e
cinquenta e sete) anos, entre a publicação do primeiro artigo (1857) até fev. de 2014 foram
encontrados 211.429 publicações. Ao incluir posteriormente o termo desenvolvimento
socioeconômico identificou-se apenas 207 (duzentos e sete) publicações que foram analisadas
configurando-se a amostra final do estudo.
O segundo passo foi selecionar, na amostra final, as publicações que tratam mais
especificamente do nosso tema. Foram aplicados novos filtros, que retornaram apenas publicações
que continham as palavras chave: Socio-economic development, Economic development,
Sustainable development, Economic and social effects, Innovation, Development, Knowledge,
Technological development, Technology transfer, Regional development, Socioeconomic impact,
Innovation policy, Innovation system, Innovation policies e Organizational Innovation. Após este
procedimento, obtivemos o número de 127 publicações.
Em posse destas 127 publicações, iniciou-se a tabulação dos dados, buscando identificar
qual a área do conhecimento explorada pela publicação, quais os autores que mais publicaram
quais os autores mais citados, quais os países de origem que mais publicaram, quais os tipos de
documento mais utilizados para publicação e a evolução/crescimento das produções acerca do
tema ao longo do tempo.
4. RESULTADOS E ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA
O tema Inovação vem sendo estudado sob diversas dimensões e por diferentes disciplinas.
Realizando uma pesquisa preliminar na base de dados Scopus, encontrou-se mais de 210.000
(duzentas e dez mil) publicações que tratam de inovação. A primeira publicação encontrada foi do
ano de 1857 e o ápice das publicações se deu no ano de 2011, com cerca de 20.500 (vinte mil e
quinhentas) publicações, cerca de 9,7% do total.
As publicações sobre inovação se dividem em 27 áreas do conhecimento, sendo que a mais
explorada é a área da engenharia com um pouco mais de 26% do total. Foi verificado também a
pluralidade de países de origem, onde 160 (cento e sessenta) países estão presentes nesta busca,
sendo que os Estados Unidos é o mais representativo em torno de 23% do total.
Ao compreendermos a inovação aplicada ao desenvolvimento socioeconômico
multiplicam-se as áreas de conhecimento e surgem dimensões ainda não exploradas.
Conforme os resultados encontrados, na amostra final com 127 publicações, confirma-se
que o tema Inovação para o Desenvolvimento Socioeconômico é interdisciplinar visto que as
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publicações abrangem 23 (vinte e três) áreas do conhecimento (Gráfico 1Error! Not a valid
bookmark self-reference.). Inclusive, constatou-se que não existe concentração significativa em
uma única dimensão de análise, tendo sido encontrado mais de 160 palavras chave.
Gráfico 1: Áreas do conhecimento
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)
Reorganizando estas áreas do conhecimento, podemos reagrupa-las em grandes áreas, que
correspondem às áreas da ciência em geral, com 48% das publicações, economia, com 21,7%,
engenharias com 9,4% e saúde com 6% das publicações. Os 14,9% restantes se dividem entre
outras áreas como matemática, astronomia, energia e ciência da decisão, por exemplo.
Das 207, apenas 127 publicações tratam diretamente das variáveis deste estudo que são
inovação e desenvolvimento socioeconômico. Dentre os diferentes autores e coautores (159) não
pode-se destacar um em especial, pois a maior concentração está em 2,5%, fortalecendo a
perspectiva interdisciplinar do tema. No Quadro 2 podemos ver os autores que mais contribuíram
em publicações. Outro índice interessante é o número de citações das publicações, Quadro 3
destacamos as dez publicações mais citadas.
Quadro 2: Autores que mais contribuíram
Autor Núm. de
publicações Mulej, M. 4
Farsani, N.T. 3 Coelho, C.
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Costa, C. Avgerou, C.
2
Caniels, M.C.J.(2)
Komninos, N.(2)
Li, T.(2)
Long, H.(2)
Macdonald, S.(2)
Hrast, A.(2)
Makkonen, T.(2)
Pallot, M.(2)
Potocan, V.(2)
Romijn, H.A.(2)
Schaffers, H.(2)
Surie, G.(2)
Wang, J.F.(2)
Wossink, A.(2)
Wu, J. Zenko, Z.
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)
Tendo como base os estudos de Lotka (1926), que estabeleceu os fundamentos da lei do
quadrado inverso, onde ele afirma que o número de autores que fazem n contribuições num
determinado campo científico é aproximadamente 1/n2 daqueles que fazem uma só contribuição, e
que a proporção daqueles que fazem uma única contribuição é de mais ou menos 60%, verificou-
se na amostra final a participação de 159 (cento e cinquenta e nove) autores e coautores, onde 138
(cento e trinta e oito) apresentaram apenas uma publicação/ contribuição, o que corresponde a
86,8% do total, ou seja, apenas 13,4% contribuíram com mais de uma publicação. O Quadro 2
apresenta os autores que tiveram mais de uma contribuição/ publicação.
Quadro 3: Número de citações
Autor Título da publicação Núm.
de citações
Avgerou, C.
Information systems in developing countries: A critical research review
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Fernández, E., Junquera, B., Ordiz, M..
Organizational culture and human resources in the environmental issue: A review of the literature
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High, C., Nemes, G. Social learning in LEADER: Exogenous, endogenous and hybrid evaluation in rural
development 27
Romijn, H.A., Caniëls, M.C.J. The Jatropha biofuels sector in Tanzania 2005-
2009: Evolution towards sustainability? 13
Farsani, N.T., Coelho, C., Costa, C.
Geotourism and geoparks as novel strategies for socio-economic development in rural áreas
13
Stahl, A.B.
Innovation, diffusion, and culture contact: The holocene archaeology of Ghana
13
Schaffers, H., Komninos, N., Pallot, M., (...),
Smart cities and the future internet: Towards cooperation frameworks for open innovation
12
Wu, N., Yan, Z. Climate variability and social vulnerability on the Tibetan Plateau: Dilemmas on the road to pastoral
reform 12
Chell, E., Nicolopoulou, K., Karataş-Özkan, M.
Social entrepreneurship and enterprise: International and innovation perspectives
10
Robson, P.J.A., Haugh, H.M., Obeng, B.A.
Entrepreneurship and innovation in Ghana: Enterprising Africa
10
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)
Pela análise geográfica, com a distribuição por 43 países, percebeu-se a concentração
(53%) das publicações em oito países (China, Reino Unido, EUA, África do Sul, Rússia,
Alemanha, Itália e Portugal). O Gráfico 2 detalha o percentual de cada um desses países em
relação ao total de publicações encontradas (127).
Gráfico 2: Distribuição geográfica das publicações
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Fonte: Elaborado pelos autores (2014)
Quanto aos tipos de documentos utilizados para publicação, os artigos dominam
amplamente com 60% do total, os papers vem em segundo com 29%. Os demais tipos de
documento utilizados podem ser vistos no Gráfico 3.
Gráfico 3: Tipos de documentos publicados
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)
Pela linha do tempo, pode-se destacar que há uma tendência de crescimento da
quantidade de publicações sobre o tema, com 91,06% das publicações tendo sido registradas a
partir do ano 2000 e o ápice de publicações se deu no ano de 2011. Esta evolução pode ser
verificada no Gráfico 4.
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Gráfico 4: Número de publicações por ano
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Perante os resultados encontrados pode-se perceber uma grande variedade de autores e
subtemas discutidos dentro dos temas inovação e desenvolvimento socioeconômico.
Mulej, M. é o autor que possui o maior número de publicações. Nelas Mulej trata de
inovação e visão sistêmica na gestão da logística (Competitiveness by requisitely holistic and
innovative logistic management, 2010), Responsabilidade social como uma forma de
comportamento sistêmico e inovação que levam para fora da atual crise sócio-econômica (Social
responsibility as a way of systemic behavior and innovation leading out of the current socio-
economic crisis, 2009), Responsabilidade social - Uma inovação de valores para que os seres
humanos tenham prazer em criar (Social responsibility - An innovation of ethic toward requisite
holism as a basis for humans to make a difference in affluence, 2008) e Marketing e inovação
como forma de aumentar o bem-estar social dos stakeholders (A requisitely holistic approach to
marketing in terms of social well-being, 2008). Fica evidenciado que as publicações de Mulej tem
o seu enfoque em questões que visam o bem-estar social.
A publicação mais citada, Information systems in developing countries: A critical research
review, do ano de 2008, de autoria de Avgerou C. faz uma revisão dos Sistemas de Informação
(SI) e investiga sobre a forma como os países em desenvolvimento têm tentado se beneficiar de
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tecnologias de informação e comunicação (TIC), e como tais sistemas podem auxiliar os países
em desenvolvimento à uma melhora no desenvolvimento socioeconômico. A publicação com o
segundo maior número de citações é A publicaç Organizational culture and human resources in
the environmental issue: A review of the literature do ano de 2003, do autor Fernández, E. et al
tem como objetivo integrar a literatura clássica sobre cultura empresarial e de recursos humanos
com o pequeno número de trabalhos sobre estes aspectos na gestão ambiental. Já a publicação com
o terceiro maior número de citações é Social learning in LEADER: Exogenous, endogenous and
hybrid evaluation in rural development do ano de 2007, de autoria de High, C. que trata da
avaliação do programa LEADER na Europa, que foi um programa para o desenvolvimento das
comunidades rurais.
Pelas análises realizadas, confirma-se que o crescimento de atenção sobre o tema é uma
tendência mundial, porém o Brasil ainda está aquém deste movimento, o que configura-se em uma
lacuna a ser preenchida com novos estudos sobre a Inovação para o Desenvolvimento
Socioeconômico
6. REFERÊNCIAS
AVGEROU, C.Information systems in developing countries: A critical research review Journal of Information Technology 23 (3) 2008. PP. 133 - 146
CHELL, E.,NICOLOPOULOU, K., KARATAŞ-ÖZKAN, M. Social entrepreneur ship and enterprise: International and innovation perspectives, Entrepreneurship and Regional Development 22 (6), pp. 485-493, 2010
COOKE, P.; URANGA, M. & ETXEBARRIA, G. Regional innovation systems: institutional and organizational dimensions. Research Policy. Vol. 26, p. 475-491, 1997
DICKSON R. Systematic Reviews In Hamer S, Collinson G. Achieving evidence-based pratice: a handbook for practitioners London: Baillière Tindall; 1999. P.41-60
FARSANI, N.T., COELHO, C., COSTA, C. Geotourism and geoparks as novel strategies for socio-economic development in rural areas, International Journal of Tourism Research 13 (1), pp. 68-81, 2011
FERNÁNDEZ, E.,JUNQUERA, B., ORDIZ, M.. Organizational culture and human resources in the environmental issue: A review of the literature. International Journal of Human Resource Management 14 (4), pp. 634-656, 2003
FREEMAN, C. Technology, progress and the quality of life. In: Science and Public Policy, v. 8, n. 6, p. 407-418, 1991.
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