Inferências na Interface Lógico-Lingüística
Uma avaliação através de conetivos
Jorge Campos/Pucrs
Celsul 2008
Sobre Investigações nas Interfaces
Interfaces Externas ou InterdisciplinaresEx:. Física / Matemática
Biologia / Química
Lingüística /Computação
Lingüística / Lógica
Lingüística / Neurosciência
Lingüística / Sociologia
Sobre Investigações nas Interfaces
Interfaces Internas ou Intradisciplinares:
Matemática: Álgebra, Geometria, Aritmética
Física: Termodinâmica, Eletromagnetismo
Neurociência: Neurofisiologia, Neurobiologia
Computação: Programação, Web-design
Lingüística: Fonologia, Morfologia, Lexicologia,
Sintaxe, Semântica e Pragmática
Interfaces, Filosofia da Ciência
O objeto real tem sua existência pressuposta
O objeto de ciência é construção intrateórica
A construção se dá nas interfaces externas
As Interfaces externas contêm as internas
As descrições se dão nas interfaces internas
A explicação se dá nas interfaces externas
Concepção perspectivista de ciência
Linguagem e Interfaces
Interfaces Externas ou Interdisciplinares
Lingüística, Lógica Clássica, Computação
Objeto de investigação
A inferência dedutiva em argumentos da linguagem natural
Linguagem e Interfaces
Interfaces Internas-Intradisciplinares
Lingüística: Sintaxe-Semântica-Pragmática
Lógica Clássica: Proposicional, Predicados
Computação: Prolog
Interface Lógico-lingüística
Inferências: argumentos dedutivos cotidianos
Forma lógica, regras, Inferência necessárias
ou monotônicas
Conteúdo lógico, contexto e inferências não-
necessárias, não-monotônicas
Inferências MultiformesLÓGICAS:
JOÃO COMEU E SENTOU P Q-------------------------------------------------- JOÃO COMEU P -------------------------------------------------- JOÃO SENTOU E COMEU Q P
TODOS OS PROFESSORES SÃO IDEALISTAS (x) ( Px Ix) JOÃO É PROFESSOR Pj------------------------------------------------------------------------------------------
João é idealista Ij
Inferências Lingüísticas Multiformes
Fonológicas (prosódicas)
JoãoJoão beijou Maria/ não foi outro
João beijou Maria/ não outra ação
João beijou Maria/ não foi outra mulher
Inferências Lingüísticas Multiformes LEXICAIS:
JOÃO É SOLTEIRO-------------------------------- JOÃO NÃO É CASADO
JOÃO É UMA PESSOA---------------------------------------- JOÃO É UM SER HUMANO
JOÃO COMPROU UM CARRO---------------------------------------------- JOÃO COMPROU UM VEÍCULO
Inferências Lingüísticas Multiformes Morfológicas
João é feliz
---------------------
João não é infeliz
João recomeçou o texto
-------------------------------------------
João já havia começado
Inferências Lingüísticas Multiformes SINTÁTICAS:
JOÃO AMA MARIA----------------------------- MARIA É AMADA POR JOÃO
JOÃO COMPROU UMA CASA DE MARIA----------------------------------------------------------- MARIA VENDEU UMA CASA PARA JOÃO
Inferências Lingüísticas Multiformes SEMÂNTICAS:
JOÃO TEM TRÊS FILHOS--------------------------------------------- JOÃO TEM DOIS FILHOS
JOÃO PAROU DE BEBER CERVEJA------------------------------------------------------------ JOÃO BEBIA CERVEJA
Inferências Lingüísticas Multiformes PRAGMÁTICAS:
JOÃO É POLÍTICO, MAS É HONESTO------------------------------------------------------- POLÍTICOS GERALMENTE NÃO SÃO HONESTOS
ESTOU COM SONO TOME UM CAFEZINHO--------------------------------------- CAFEZINHO TIRA O SONO
JOÃO TEM TRÊS FILHOS--------------------------------------- JOÃO TEM SÓ TRÊS FILHOS
Inferências Dedutivas e Multiformes “&”
João foi ao Banco (P) João pegou o dinheiro (Q) João foi ao Banco e pegou o dinheiro(retirou) João pegou dinheiro e foi ao Banco(depositou) P&Q <--> Q&P inferência dedutiva necessária “retirou” e “depositou”inferências não-necessárias
A comutatividade do & não vale na nossa linguagem P&Q / Q&P é mais do que P+Q ou Q+P Ordem gera informações adicionais/conexão e outra
Inferências Dedutivas e Multiformais “&”João foi para casa (P)João pegou o ônibus (Q)João foi para SP (R)1João foi para casa, pegou o ônibus e foi para SP2João foi para SP, pegou o ônibus e foi para casa3(P&Q&R) < --- > (R&Q&P) A casa muda de lugar, o ônibus é diferente eA viagem pode ter sido ou não de ônibusOrdem relevante sobre as diferenças
Inferências Dedutivas Multiformes “V”João foi ao jogo ou ao cinema (PVQ)três alternativas verdadeiras: P, Q ou ambasInferências: dúvida e interpretação exclusiva,P ou Q, mas não ambas. Por quê?Continuam sendo três informações, mas uma alternativa é eliminada, diminuindo a imprecisão eaumentando a relevância. Mesmo custo e menosalternativas de dúvida.
Inferências Dedutivas e Multiformes “” (Se...então...)A -> B, A |- B A->B, -B |- -A Inferências VálidasA -> B, -A |- -B A->B, B|- A Inferências FaláciasSe chove, então não chove muito.Chove muito.Portanto, não choveSe João estava correndo, então parou de correr.Parou de correr. Portanto, estava correndoSe isto é uma flor, então é uma rosa. Não é uma flor Portanto, não é uma rosa Efeitos do conteúdo sobre a forma lógica
Inferências Dedutivas e Multiformes “-” (não)“in”=“não” : João é feliz (P) João é infeliz (-P)
João é feliz ( P)----------------João não é infeliz (~ ~ P)
O argumento deveria ser válido
“Infeliz” propriedade morfossemântica positiva ou negativa?
Inferências Dedutivas e Multiformes “ <--->” ( se e somente se)
Se, e somente se, lavas meu carro, te pago
dez reais. Não lavaste. Portanto, não pago
Se lavares meu carro, te pago dez reais. Não
lavaste. Portanto, não pago.
O segundo argumento parece válido porque
carrega uma implicatura de bicondicionalidade,
caso do primeiro argumento. Ao contrário, seria
Irrelevante.
Interfaces externas e internas- exemplo
Há um acontecimento político, nesse momento (05/2001) com pesadas conseqüências para a realidade nacional brasileira:
O ex-presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (ACM), está sob acusação de ter violado o painel de votação secreta, no caso da cassação do Deputado Luís Estevão. Teriam participado do processo, como cúmplices, o senador J.R.Arruda (A) e a diretora do setor de informática do Congresso, Regina Borges (RB). A questão importante do caso é a cassação, ou não, de ACM, principal figura política envolvida.
Interfaces externas e internas- exemplo ACM: Se eu tivesse pedido a violação, eu
seria culpado. Se eu consultei RB, eu não pedi a violação; nesse caso, eu não sou culpado.
PS: Se ACM pediu a violação, então é culpado. Se não pediu a violação, mas não denunciou o fato, então é culpado. Ele não denunciou o fato. Portanto, ACM é culpado.
Interfaces externas e internas- exemploSuponhamos com Grice/Horn/Gazdar que, dada uma es-cala do tipo a,b,c , asserir a significa acarretar b e ce, ao contrário, asserir c significa implicar conversacional-mente que não-b e não-c. Nesse caso, poderíamos assu-mir, no contexto de ACM, a escalaexigir,pedir,consultar considerando que afirmar “consultar”, implica, conversa- cionalmente, não-pedir e não-exigir, o que explicaria a nossa intuição de que –Q se segue, naturalmente de P.
Interfaces externas e internas- exemplo
É preciso, contudo, considerar que uma implicatu-
ra desse tipo é uma inferência não-necessária,
ainda que seja quase-lógica. Ocorre que, na es-
cala, a opção por “consultar” implica não pedir,
ou não-exigir, sendo a implicatura um tipo de infe-
rência pragmática mais branda que o acarreta-
mento a qual pode ser cancelada.
Interfaces externas e internas- exemplo Q R, P -Q , P - -R A pretensa demonstração abaixo 1 (1) Q RS 2 (2) P -Q S 3 (3) P S 2,3 (4) -Q 2,3 MP 1,2,3(5) -R 1,4 MP (*)Além da segunda premissa ser obtida por implicatura, por Inferência cancelável portanto, a prova lógica também in-valida o argumento pelo passo falacioso de 4 a 5.
Interfaces externas e internas- exemplo
A idéia básica que move o argumento de PS
é a de que , tenha pedido ou não, a violação,
ACM é culpado, já que não pedi-la, mas ob-
tê-la e não denunciá-la, também caracteriza
a culpabilidade.
Interfaces externas e internas- exemplo PQ, (PR)Q, R Q 1 (1) PQ P 2 (2) (PR)Q P 3 (3) R P 4 (4) Q S(RAA) 1,4 (5) P 1,4 MT 1,3,4 (6)PR 3,5 I 1,2,3,4(7)Q 2,6 MP 1,2,3,4(8)QQ 4,7 I 1,2,3 (9) Q 4,8 RAA 1,2,3 (10) Q 9 DN Prova da validade do argumento de PS
Interfaces externas e internas- exemplo
Se convincente e bem sucedido, o exercício
acima deveria sugerir que argumentos da
linguagem cotidiana freqüentemente são
heteromórficos, exigindo compatibilizar
Inferências formais com não-triviais.
Considerações Conclusivas1 Os argumentos em linguagem natural são construídos
com inferências multiformes
2 O tratamento de tais argumentos se dá nas Interfaces
entre Lingüística e Lógica
3 Os conteúdos semânticos interferem na forma lógica dos
argumentos
4 Os argumentos práticos envolvem validade, correção e
relevância/problemas de formalização
5Conseqüência, problemas para a computação tipo Prolog
Bibliografia Relevante CANN, R. Formal Semantics. New York: Cambridge University Press, 1993. CHIERCHIA,G. & McCONNEL-GINET,S. Meaning and Grammar: an
introduction to Semantics. Cambridge, Mass., MIT Press, 1990. GRICE, P. Studies in the Way of Words. Cambridge, Harvard University Press,
1989 GROARKE, L. Informal Logic. Stanford Encyclopedia of Philosophy, from
http://plato.stanford.edu/entries/logic-informal/ 2006 Johnson, Ralph J.,The Rise of Informal Logic. Newport News: Vale
Press, 1996 K. TURNER (ED.) The Semantics/Pragmatics Interface from Different Points of
View (CRiSPI 1). Elsevier Science, 1999 LEPORE, E. Meaning and argument. Oxford, Blackwell, 2000 REED, C.A. & Norman, T.J. 2003. Argumentation Machines: New Frontiers in
Argument and Computation.. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers.
Bibliografia Relevante SAINSBURY, M. Logical Forms. Cambridge, Blackwell, 1991 TINDALE, Christopher W. 2004. Rhetorical Argumentation:
Principles of Theory and Practice. Sage Publications. Walton, Douglas N. 2004. Abductive Reasoning. Tuscaloosa,
University of Alabama Press. Walton, 2004. Argument: Critical Thinking, Logic and the
Fallacies Woods, John, Andrew Irvine and Douglas Walton, Argument:
Critical Thinking, Logic and the Fallacies, 2004 Association for Informal Logic and Critical Thinking (AILACT)
Lingüística e Lógica, Links Relevantes http://plato.stanford.edu/entries/logic-informal/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Lógica_informal http://iml.univ-mrs.fr/~mrd/linguistic_page.html#abrusci An argument is a tree of inferences http://books.google.com.br/books?id=-xSPePoZveEC&printsec=
frontcover&source=gbs_similarbooks_r&cad=4_1 http://books.google.com.br/books?id=sudwUhM9KJUC&dq=logic+
and+linguistics&printsec=frontcover&source=bn&hl=pt-BR&sa=X&oi=book_result&resnum=4&ct=result#PPP1,M1
http://books.google.com.br/books?lr=&q=logic+and+linguistics&sa=N&start=0
http://www.phillwebb.net/Topics/Communication/xLanguage.htm
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