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Imagens contam a história: vingança, herança da escravidão eimpunidade

Retirado de http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/ em 05.02.2014

Na madrugada do sábado (01.02.14), a artista plástica Yvonne Bezerra de Mello postou o seguintedesabafo-denúncia no Facebook, acompanhando a foto que aqui no blog sai mais abaixo, a terceira:

“Belissimo fim de noite. Depois de uma reunião do Aterro Vivo aqui em casa e me preparando para dormir,Alvaro Braga, da associação de St. Teresa voltou para me buscar porque passando de carro na Av. RuiBarbosa depois da reunião, viu um jovem todo machucado, nu e preso a um poste com uma tranca debicicleta. Tinha sido espancado por uma gangue de moto que costuma roubar aqui nessa minha rua.Acionamos os bombeiros que prontamente vieram e serraram a tranca. Logo depois chegou a ambulanciapara levar o jovem. A PM tb foi acionada por mim mas o caso dele necessitava de um hospital. Violencia noRio, mais um capítulo”

Como era previsível, os arautos da barbárie se esgoelaram xingando-a de defensora de marginais, quandona verdade ela advoga o primado da lei, e bandido é quem se julga no direito de fazer _alegada_ justiçacom as próprias mãos. A brava Yvonne não há de se incomodar, pois faz décadas que está acostumada aessa histeria. Entre outros bons serviços prestados aos mais pobres, a artista amparava os garotos e jovensque dormiam na Candelária no tempo, duas décadas atrás, em que oito meninos de rua e mendigos forammortos ali numa chacina. Três motivos conspiram para a ação perpetrada pela turma que se tratava,conforme o rapaz agredido, como “justiceiros”:

1) vingança. Em vez de encaminhar para a polícia um suposto ladrão que supostamente estaria roubando, os “vingadores” assumem o papel do Estado, surrando, em grupo, o indivíduo solitário. Comportamento típico do caldo de cultura do fascismo. E de covardes; 2) o agredido é negro e talvez seja menor de idade. Faz 125 anos que a escravidão acabou no Brasil, o que historicamente é o tempo de um espirro. Muito da nossa organização social e da cultura nacional está impregnado pela segregação do passado nem tão remoto, no qual castigos físicos a escravos constavam da lei; 3) a história evidencia que quem fere os mais fracos, mesmo que contra a lei, não costuma ser punido no Brasil. Quando o fraco fere o forte, aí, sim, sai de baixo, a lei se impõe.

Três imagens contam mais da herança da escravidão.

SÉCULO XIX – A pintura abaixo,“Escravidão no Brasil”, é do parisienseJean-Baptiste Debret, que viveu aqui de1816 a 1831.

SÉCULO XX – Esta fotografia, consagradacom o Prêmio Esso, foi intitulada “Todos

negros” pelo autor, Luiz Morier. Em 1983, oentão fotógrafo do “Jornal do Brasil” se

deparou com uma blitz policial na estradaGrajaú-Jacarepaguá, cá no Rio. E

documentou moradores da comunidadeamarrados como outrora. Todos negros.

SÉCULO XXI – Esta é a foto _escurecida, paranão identificar o rapaz_ que Yvonne Bezerra deMello publicou no Facebook. Nu, ferido e preso

pelo pescoço, como seus antepassados, o jovemnegro é humilhado numa rua do Rio de Janeiro.

Os bombeiros o levaram para o hospital.