IDOSOS ASILADOS E A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
por
Tânia Rosane Bertoldo Benedetti
Dissertação Apresentada à Universidade Federal de Santa Catarina
Como Requisito Parcial à Obtenção do Título de Mestre emEducação Física
Florianópolis, SC, Brasil.
1999
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOSPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
A dissertação IDOSOS ASILADOS E A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
elaborada por Tânia Rosane Bertoldo Benedetti,
e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora, aceita pelo Curso de Pós- graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de
MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICAÁrea de Concentração: Atividade Física Relacionada à Saúde
Data: 26 de fevereiro de 1999fl í
Prof. Dr Markus Vinícius Nahas Coordenador do Mestrado em Educação Física
BANCA EXAMINADORA
Dr8 ! , _____ >ra)
Prof. D 1 Ferreira Farias (membro)
PrõTDTViktor Shigunov (membro)
A Deus,
pela força que me concedeu.
A meus pais,
por minha existência.
Ao meu esposo,
Aloisio Luiz Benedetti,
e aos meus filhos
Luiza, Victor e Arthur,
a quem muito amo,
pelo apoio, amor e ânimo.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Édio Luiz Petroski pela dedicação e paciência durante
estes dois anos.
À prof. Dra Lúcia Takase Gonçalves pela competência na área
gerontológica e seriedade nas orientações.
À prof. Dra Silvia Nassar pela compreensão, competência e boa vontade
na assessoria estatística.
Ao colega e amigo Adilson Monte pelos incansáveis auxílios na área de
informática, assessoramento técnico, coleta de dados e humor nos momentos
mais difíceis deste trabalho.
A Fernanda Quint, que com dedicação, seriedade e competência trabalhou
neste estudo.
Ao prof. Dr. Assis Benedetti pela dedicação e orientação prestada.
A colega e amiga Marize Amorim Lopes pelo exemplo de dedicação e amor
aos idosos.
A Tatiana Benedetti pelas correções executadas.
A amiga e colega Giovana Mazo pelas orientações prestadas.
Aos idosos do asilo SEOVE, que são simplesmente maravilhosos!
À direção e funcionários do asilo SEOVE pela aceitação em realizar o
trabalho, pela ajuda prestada e pela dedicação aos idosos.
Ao NUCIDH (Núcleo de Pesquisa em Cineatropometria e Desempenho
Humano) pelo apoio prestado.
Ao CDS (Centro de Desportos) e ao DEF (Departamento de Educação
Física) pela acessória prestada.
A todos os colegas de trabalho e amigos que de alguma forma contribuíram
para que este trabalho se realizasse.
ÍNDICE
LISTA DE ANEXOS..................................................... .......................................... viiLISTA DE FIGURAS............................................................................................... viüLISTA DE QUADROS.............................................................................................. ixLISTA DE TABELAS................................................................................................. xRESUMO..................................................................... :........................................... xiiABSTRACT..............................................................................................................xiii
Capítulo
I. O PROBLEMA................................................ .............................................. 1
Formulação da Situação Problema e Justificativa Objetivo do Estudo Questões a InvestigarPressupostos Conceituais ou definições de termos
II. REVISÃO DA LITERATURA............................ ................... .......................10O idoso asiladoAtividade Física como Prevenção de Incapacidades Funcionais
em Idosos
III. METODOLOGIA..... ..................................................................................... 34
Modelo de estudo População e amostra Procedimento experimental Instrumentos de medida Coleta de dados Tratamento Estatístico Limitações do Método
IV. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS......................... 47
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..................................................... 80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................... .......................................... 83
ANEXOS..................................................................................................................94
Página
LISTA DE ANEXOS
1. Declaração de Consentimento....................................................................... 95
2. Protocolo para avaliar as atividades da vida diária...................................... 97
3. Protocolo dos testes de força......................................................................100
4. Protocolo do teste de resistência.................................................................103
5. Protocolo do teste de equilibrio....................................................................105
6. Protocolo dos testes de flexibilidade........................................................... 107
7. Protocolo sobre auto-estima e auto-imagem...............................................110
8. Protocolo das aulas aplicadas no asilo....................................................... 113
9. Caracterização e padrões mínimos de funcionamento das instituiçõesde atenção ao idoso.............................................................................. 116
Anexos Página
LISTA DE FIGURAS
1. Fotografias do dinamómetro e ilustrativa da medida da força.......................41
2. Fotografias ilustrativas da determinação da força de quadriceps,empregando um dinamómetro de preensão manual adaptado..]...............41
3. Fotografias de um dinamómetro de preensão manual adaptado paramedida de força de bíceps e ilustrativa da medida.................................. 42
4. Fotografias ilustrativas do teste de resistência..............................................43
5. Fotografias do cronómetro e fita métrica e ilustrativa do teste deequilíbrio dinâmico...... ............................................................................... 43
6. Fotografias do Flexômetro de Leighton para medidas de flexibilidade eilustrativa da medida...................................................................................44
7. Diferenças das medidas da força entre os grupos........................................50
8. Diferenças das medidas da flexibilidade entre os grupos............................. 55
9. Diferenças das medidas do equilíbrio entre os grupos................................ 59
11. Correlação entre auto-imagem e auto-estima dos grupos...........................75
Figura Página
LISTA DE QUADROS
Quadros Página
1. Instituições que abrigam idosos da Grande Florianópolis................................. 13
LISTA DE TABELAS
1. População Idosa Brasileira..................... .......................................................11
2. População Idosa Catarinense........................................................................ 12
3. Média e desvio padrão das medidas do pré- e pós-teste do GE e GCde idosas asiladas da SEOVE submetidas ao programa de exercícios físicos, abril a out/1998................................................ ..............................48
4. Diferenças e desvio padrão das medidas de força dos gruposentre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE,de abril a outubro/98................................................................................... 52
5. Diferenças e desvio padrão das medidas de flexibilidade dos gruposentre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE, deabril a outubro/98...................................... ................................................. 55
6. Diferenças e desvio padrão das medidas de equilíbrio dos gruposentre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE,de abril a outubro/98...................................................................................59
7. Média e desvio padrão das medidas de resistência, tempo dos gruposentre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE,de abril a outubro/98................................................................................. 62
8. Média e desvio padrão das medidas do teste de resistência, tempo edistância dos grupos entre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE, de abril a outubro/98............................................................. 62
9. Diferenças e desvio padrão das medidas de velocidade dos gruposentre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE, deabril a outubro/98........................................................................................63
10. Análise Discriminante da Aptidão Física das idosas asiladas da SEOVE, deabril a outubro/98........................................................................................66
11. Classificação dos idosos asilados da SEOVE, de abril a outubro/98quanto a análise discriminante................................................................66
Tabela Página
12. Médias e desvio padrão dos pontos obtidos no desempenho das atividades da vida diária dos grupos entre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE, de abril a outubro/98.......................
RESUMO
IDOSOS ASILADOS E A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
Autora: Tânia Rosane Bertoldo Benedetti Orientador: Prof. Dr. Edio Luiz Petroski Co-orientadora: Prof Dr8 Lúcia Takase Gonçalves
O estudo trata dos efeitos da implementação de um programa de exercícios físicos sistemáticos em idosos institucionalizados sobre a aptidão física, no desempenho das atividades da vida diária e na auto-imagem/auto-estima. Na aptidão física considerou-se os componentes força, flexibilidade, equilíbrio e resistência; e no desempenho das atividades da vida diária considerou-se o deambular, a higiene pessoal e a alimentação. Os idosos pertencem ao asilo SEOVE (Sociedade Espirita Obreiros da Vida Eterna). A amostra foi dividida em dois grupos, um grupo experimenal (n = 15) e um grupo controle (n = 12), aos quais aplicou-se um pré-teste. O grupo experimental foi submetido a um programa de exercícios físicos, com três sessões semanais de 60 min, durante cinco meses. No término deste período aplicou-se o pós-teste para ambos os grupos. Para a medida da aptidão física foram utilizados testes específicos para cada variável estudada. Mensurou-se a força de preensão manual direita e esquerda, a flexão de braço (bíceps) e a extensão de perna (quadriceps). A flexibilidade foi avaliada na flexão, extensão e abdução de ombro e flexão do quadril. O equilíbrio dinâmico foi mensurado através do teste proposto por Osness. A resistência foi mensurada através do teste proposto por Osness, calculando-se a velocidade (distância dividida pelo tempo). Para avaliar o desempenho nas atividades da vida diária (AVDs) utilizou-se o questionário OARS e para auto-imagem/auto-estima o questionário proposto por Steglich. Os dados foram tratados através da análise estatística da aptidão física, por meio da análise da função discriminante. A auto- imagem/auto-estima foi analisada por meio da correlação linear de "pearson". Os resultados da aptidão física apresentaram discriminação entre os grupos experimental e controle, sendo estatisticamente significativos (p < 0,03). Os fatores que mais contribuíram para a discriminação foram a flexibilidade de flexão de ombro e a força de quadriceps. A auto-imagem/auto-estima foi analisada por meio da correlação de "pearson" apresentando correlação positiva moderada (r =0,48). As atividades da vida diária não apresentaram diferenças na pontuação entre o pré- e pós-teste no grupo experimental e controle. Concluiu-se, neste trabalho, que o programa de exercício físico sistemático aplicado na instituição asilar com relação à aptidão física foi positivo, mesmo com idosas mais velhas e com debilidades. A auto-imagem/auto-estima apresentou correlação positiva moderada, o que foi atribuído à influência direta do programa de exercício físico aplicado na instituição.
ABSTRACT
NURSING HOME RESIDENTS AND THE PRACTICE OF PHYSICAL ACTIVITY
Author. Tânia Rosane Bertoldo Benedetti Adviser: Prof. Dr. Edio Luiz Petroski
This study discusses the application, in istitutionalized aged people, of a program of systematic physical exercises and its effects on physical fitness, performance in daily living and self-image/self-esteem. For physical fitness the following points were considered: strength, flexibility, balance and resistance; for performance in daily living the points were: wandering, personal hygiene and eating. The elderly that participated in this study live at SEOVE (the nursing home studied) in Florianópolis, Brazil. They were divided in two groups, an experimental (n = 15) and a control (n = 12) one and a pre-test was then applied to them. The experimental group was submitted to a program of physical exercise with the frequency of 3 sessions of 60 minutes each per week for a period of 5 months. At the end of this period a post-test was applied to both groups. To measure their physical fitness specific tests for each variable studied were used. Arm flex (biceps), leg stretching (quadriceps) and right and left handgrip strength were measured. Flexibility was analysed for shoulder flex, stretching and abduction and for hip flex. The dynamic balance was measured by a test proposed by Osness. Resistance was measured by the test proposed by Osness, calculating the speed (distance divided by time). To evaluate the performance in daily living activities the OARS questionnaire was used and for self-image/self-esteem the questionnaire proposed by Steglich. The data were analysed using the statistics analysis of physical fitness by means of discriminant function. Self-image/self-esteem was analysed using pearson linear correlation. The results for physical fitness showed a statistically significant discrimination between the experimental and control group (p <0.03). Shoulder flexibility and quadriceps strength were the main factors which contributed to this discrimination. Pearson correlation was also used to analyse self-image/self-esteem, showing a moderate positive correlation (r = 0.48). No difference was observed in pre and post-test data for the experimental and control groups. It was concluded in this study that the program of systematic physical exercises applied to nursing home residents was positive concerning physical fitness, even for the oldest and debilitated people. A moderate positive correlation was observed for self-image/self-esteem, which can be attributed to the influence of the program of physical exercises applied at SEOVE.
1
CAPÍTULO I
Formulação da Situação Problema e Justificativa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) caracteriza os indivíduos idosos, nos
países do Terceiro Mundo, como sendo aqueles com mais de 60 anos de idade.
Recentemente, diversos autores (Chaimowicz, 1998; Monteiro & Alves, 1995;
Silvestre et al., 1996; WHO, 1998) têm relatado que esta faixa etária é a que mais
cresce no Brasil em termos populacionais. As projeções da OMS para o Brasil, entre
1950 e 2025, indicam que a população idosa crescerá 16 vezes contra 5 vezes a
população total. Esta estimativa coloca o país até o ano 2025, em termos absolutos,
com a sexta maior população de idosos do mundo (Silvestre et al., 1996).
Monteiro e Alves (1995), ao analisarem os aspectos demográficos da
população idosa no Brasil, a partir dos dados do IBGE, observaram uma grande
mudança na estrutura etária da população, pois, enquanto a população com menos
de 20 anos cresceu 12% entre 1980 e 1991, a população idosa cresceu 46% .
O crescimento populacional de idosos, segundo Paschoal (1996a), está
acontecendo principalmente por três razões: redução da mortalidade, redução da
fecundidade e migração em algumas regiões. As mudanças observadas na pirâmide
populacional brasileira, as questões nutricionais precárias, as baixas condições
físicas dos idosos indicam problemas sócio-econômicos que a sociedade brasileira
não está estruturada para enfrentar.
No Brasil, tradicionalmente quem abriga os velhos que se encontram à
margem da sociedade são as instituições religiosas e filantrópicas, chamados asilos
(vide definições), sendo que o Estado se isenta deste “encargo”, e as famílias
carentes se utilizam desta alternativa, como único recurso. Estas instituições têm a
função social de abrigar os idosos que estão sem moradia, sem família e sem
recursos econômicos para sua subsistência.
Em 1996 os asilos entraram em evidência na mídia brasileira pela catástrofe
registrada na Clínica Santa Genoveva, no Rio de Janeiro, onde vários idososi
morreram e outros viviam em condições subumanas, tornando-se uma polêmica
nacional e chamando a atenção de autoridades governamentais para esta causa
praticamente esquecida (Menezes, 1996).
Jordão Neto (1986), ao pesquisar as instituições asilares em São Paulo,
constatou que as mesmas apresentam aspectos próprios e que determinam condutas
e comportamentos como consequência da norma social vigente e das normas
institucionais. Nelas, todos os aspectos da vida são realizados num mesmo ambiente
e sob única autoridade, sendo que a rotina diária é igual para todos. Praticamente em
todos os asilos do País, (Born, 1996; Debret, 1997; Vieira, 1998) como também
observado pela autora, evidencia-se a falta de independência e autonomia,
notadamente marcada pelas dificuldades em realizar as tarefas do dia-a-dia, tanto as
instrumentais quanto as físicas. Destacam-se aqui as repetitivas horas de ociosidade,
a falta de terapia ocupacional, o medo do trânsito, a indisposição física e o
desinteresse, que levam à angústia e à depressão. Este conjunto de atitudes faz com
que os idosos institucionalizados tenham limitações intelectuais e físicas,
apresentando muitas vezes, invalidez e profundo abatimento moral.
Em Santa Catarina, há uma população de idosos, segundo o IBGE (1991), de
306.806 habitantes sendo que 210.330 residem nas cidades e 96.476 residem no
campo. A pesquisa realizada por Benedetti e Petroski em 95/96 constatou que 1.650
(0,53%) indivíduos com idade acima de 60 anos estavam residindo em uma das 52
instituições asilares existentes no Estado. Nestas instituições, grupos de voluntários
trabalhavam realizando atividades manuais como: tricô, crochê, bordado, pintura
entre outras. Em apenas 5% delas eram realizadas atividades físicas e recreativas, e
eram praticadas por um pequeno número de idosos. Em algumas instituições havia
enfermeiros, fisioterapeutas e funcionários auxiliares que trabalhavam visando a
prática de atividades físicas, mas esse trabalho é individualizado e tenta sanar alguns
problemas físicos existentes; não tem caráter preventivo, como a manutenção da
autonomia e da independência (Benedetti & Petroski, 1996).
No Brasil, há um número relativamente baixo de idosos em asilos, quando
comparado com outros países. Neri (1997) afirma que menos de 1% da população
idosa está residindo nestas instituições. Em Santa Catarina, como visto, a populaçãoi
idosa está abaixo deste percentual embora venha-se notando seu aumento.
Ideal seria não termos idosos institucionalizados, mas a extinção dos asilos é
impossível devido à inexistência de alternativas a oferecer, principalmente nos casos
de pessoas com múltiplas incapacidades e dependências e/ou com familiares
desprovidos de um mínimo de recursos para a sua sobrevivência. Mesmo porque se
prevê um crescimento no número de pessoas idosas e cada vez mais longevas.
As instituições asilares, de um modo geral, enfrentam problemas para sua
manutenção e funcionamento por questões financeiras. Quase sempre se mantêm à
custa de doações e da boa vontade governamental em oferecer cursos para qualificar
o atendimento. Há necessidade de novas técnicas para atualização e renovação da
metodologia de trabalho. Acredita-se que as instituições asilares, apesar das
dificuldades citadas, através de uma ação integradora e contínua entre família,
instituição, sociedade e os próprios idosos interessados, possam mobilizar recursos
no sentido de melhorar a situação vigente.
No entendimento da autora deste trabalho, os idosos asilados deveriam estar
mais envolvidos, participando do processo de elaboração das normas da instituição,
bem como do cumprimento das mesmas, com o intuito de adaptarem-se à instituição
como se fosse seu próprio lar. Criando espaços para melhorar sua autonomia e
independência na realização das atividades da vida diária, os idosos mais
independentes poderiam ajudar aqueles com reais dificuldades na realização de suas
eventuais tarefas. Para que isto possa acontecer é necessário que as instituições
tenham atividades voltadas aos idosos que favoreçam a recuperação da força,
carregando objetos, caminhando; da flexibilidade, tomando banho, vestindo-se, indo
ao banheiro, pegando ônibus com a menor ajuda possível; e do bom equilíbrio,
evitando as quedas. Tudo isto resultaria na diminuição da dependência e garantiria
ao idoso aquilo que lhe é de direito - uma vida mais ativa, com mais auto-suficiência e
com auto-determinação.
Acredita-se na relevância desta pesquisa, desde o momento em que foram
levantados alguns dados nos órgãos competentes a partir dos quais observou-se
que:
• não há número nem endereços corretos das instituições existentes,
dificultando o acesso às mesmas;
• houve um aumento do número de instituições asilares nos últimos anos;
• há pouquíssima prática de atividades físicas e ocupacionais nas instituições
asilares, tornando os idosos mais sedentários e conseqüentemente diminuindo as
capacidades funcionais;
• a grande maioria dos asilos caracteriza-se por abrigar idosos doentes,
sedentários, sem objetivo de vida e dependentes. Idosos de quem a família não cuida
por apresentarem problemas de saúde, gerando maiores dificuldades ao asilo;
• não há atividades nos asilos voltadas aos idosos para melhorar sua
autonomia e independência, levando os funcionários da instituição ao desempenho
de atividades essencialmente assistencialistas.
Este trabalho pretende conhecer os efeitos desta organização social sobre o
desempenho das atividades da vida diária, bem como a auto-estima/auto-imagem dos
idosos. O que motivou o desenvolvimento deste tema foi o abandono em que vivem
os idosos nas instituições, bem como a elevada prevalência de doenças crônico-
degenerativas associadas a outras patologias, que podem ser responsáveis pela
perda progressiva de autonomia.. Sendo assim, o maior desafio que se apresenta é
fazer com que estes idosos vivam e aproveitem melhor o tempo que lhes resta de
maneira saudável, independente, com autonomia e, dentro do possível, com melhor
qualidade de vida. Por isto, a proposta é de incluir na rotina da instituição e dos
idosos exercícios físicos, como forma de contribuir principalmente na obtenção de
independência para realizar as tarefas diárias. Portanto, este trabalho busca
implementar junto aos idosos de uma instituição filantrópica um programa de
exercícios físicos sistemáticos para melhorar a aptidão física e o desempenho nas
atividades do dia-a-dia, a autonomia e independência, bem como a melhora na auto-
estima/auto-imagem.
6
Objetivo do Estudo
Verificar os efeitos da implementação de um programa de exercícios físicos
sistemáticos em idosos asilados.
Objetivos Específicos
Verificar as possíveis modificações em idosos asilados submetidos ao
programa de exercícios físicos sistemáticos:
1. na aptidão física, quanto à força, flexibilidade, equilíbrio e resistência;
2. no desempenho das atividades da vida diária, como o deambular, a higiene
pessoal e a alimentação;
3. na auto-imagem/auto-estima.
Questões investigadas
1. A adoção de um programa de exercícios físicos sistemáticos pelos idosos
asilados melhora a força de preensão manual ?
2. A adoção de um programa de exercícios físicos sistemáticos pelos idosos
asilados melhora a força de bíceps?
3. A adoção de um programa de exercícios físicos sistemáticos pelos idosos
asilados melhora a força de quadriceps?
4. A adoção de um programa de exercícios físicos sistemáticos pelos idosos
asilados melhora a flexibilidade de ombro?
5. A adoção de um programa de exercícios físicos sistemáticos pelos idosos
asilados melhora a flexibilidade de quadril?
6. A adoção de um programa de exercícios físicos sistemáticos pelos idosos
asilados melhora a resistência?
7. A adoção de um programa de exercícios físicos sistemáticos pelos idosos
asilados melhora o equilíbrio?
8. A adoção de um programa de exercícios físicos sistemáticos pelos idosos
asilados melhora o desempenho das atividades da vida diária?
9. A adoção de um programa de exercícios físicos sistemáticos pelos idosos
asilados melhora a auto-imagem?
10. A adoção de um programa de exercícios físicos sistemáticos pelos idosos
asilados melhora a auto-estima?
Definição de Termos
Asilo - “Asilo é definido como instituição de assistência pública ou privada ao idoso,
de caráter social, sem fins lucrativos, que abriga em regime de internato, por tempo
indeterminado, pessoas com semi-dependência em diferentes áreas, sem vínculo
familiar ou sem que esta tenha condições de prover sua subsistência, de modo a
satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação saúde e convivência social”
(Conselho Estadual do Idoso - SC, Fórum da Região Sul, 1998). Para
operacionalização deste trabalho, serão considerados asilos as instituições em que
os idosos pagam no máximo um salário mínimo vigente.
Aptidão Física - “ Aptidão física é o conjunto de características possuídas ou
adquiridas por um indivíduo e que estão relacionadas com a capacidade de realizar
atividades físicas” (Caspersen, et al., 1985). Para operacionalização da variável,
neste estudo, delimitou-se os componentes da aptidão física: força, flexibilidade,
resistência e equilíbrio.
Atividades da Vida Diária (AVD) - Entende-se como atividades da vida diária as
tarefas relativas ao dia-a-dia, tanto as instrumentais: uso do telefone, pegar ônibus,
táxi, fazer compras, preparar refeições, arrumar a casa, tomar medicamentos, cuidar
das finanças; quanto as físicas: tomar as refeições, vestir-se, cuidar da aparência,
locomover-se, tomar banho, ir ao banheiro, (segundo o questionário OARS, traduzido
por Cardoso & Gonçalves, 1995). Para avaliar esta variável, utilizou-se deste
questionário, considerando-se apenas as atividades físicas da vida diária que estão
relacionadas diretamente com as atividades realizadas pelos idosos no asilo.
Auto-imagem - “A auto-imagem representa a figuração de nosso corpo formada em
nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós" (Schilder,
1981, p. 11). É a representação mental que o indivíduo tem de seu corpo (Fox, 1997,
p.xii).
Auto-estima - “A auto-estima decorre da atitude positiva ou negativa que a pessoa
tem de si mesmo. Por isso, auto-estima é o que a pessoa sente a respeito de si
mesma” (Mosquera, 1974, p.47 ). “É uma construção global que propicia uma
declaração geral do grau com que um indivíduo se auto-perceba como sendo uma
pessoa “OK”, dependente dos critérios que este indivíduo usa para definir OK” (Fox,
1997, p.xii).
8
9
Para a identificação da auto-imagem/auto-estima, no presente estudo foi
utilizado o questionário desenvolvido e validado por Steglich (1978).
O questionário possui 78 questões divididas em 4 aspectos fundamentais:
orgânico, social, intelectual e emocional, sendo que cada aspecto possui outros
subaspectos: orgânico (genéticos, morfológicos e fisiológicos), social (socio
económicos, condições da família e realização profissional), intelectual (escolaridade,
educação e sucesso profissional), emocional (felicidade pessoal, bem-estar social,
integridade moral).
Para esta pesquisa foi utilizado apenas o aspecto emocional (felicidade
pessoal, bem-estar social e integridade moral). Das 42 questões que compõem o
aspecto emocional do questionário, 15 avaliam auto-imagem e 27 avaliam a auto
estima. Os resultados são apresentados sob a forma de somatório dos escores
(Steglich, 1978, p. 60).
Programa de Exercícios Físicos - “Programa de exercícios físicos é toda atividade
física planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a
manutenção de um ou mais componentes da aptidão física” (Caspersen et al. , 1985).
10
CAPÍTULO II
REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura divide-se em duas seções. Inicialmente será
apresentado o idoso asilado, mostrando as alterações demográficas e as instituições
que os abrigam. Na segunda seção será apresentada a atividade física como meio de
prevenção das incapacidades funcionais do idosos, salientando os idosos asilados.
O idoso asilado
A faixa etária acima de 60 anos é a que mais cresce no Brasil em termos
populacionais (Chaimowicz,1998; Monteiro & Alves, 1995; Silvestre et al., 1996;
Veras, 1988; 1994). Isto resulta em alterações demográficas na estrutura populacional
que, segundo Paschoai (1996a), estão acontecendo peJas seguintes razões: redução
da mortalidade, redução da fecundidade, aumento da.expectativa de vida e migração.
A redução da mortalidade é explicada pela diminuição das doenças infecto-
contagiosas e parasitárias, principalmente as diarréicas e das doenças respiratórias,
diminuindo assim a mortalidade infantil e neonatal. Outros fatores também
importantes são as melhorias nas condições de vida e trabalho, no atendimento da
saúde e da educação, aliados à urbanização e ao saneamento básico. A redução da
fecundidade é explicada pelo melhor acesso à educação e, conseqüentemente, ao
11
planejamento familiar, que envolve a questão de sobrevivência, e a inserção da
mulher no mercado de trabalho. A migração é outra razão do aumento da população
idosa; em certas regiões do Brasil, como os estados da Paraíba e do Rio Grande do
Norte, que possuem maior índice percentual de idosos, os filhos saem em busca de
melhores condições sócio-econômicas, abandonando seus pais, que envelhecem
pobres e sozinhos.
Com estas alterações demográficas que vêm ocorrendo com a população
mundial e brasileira cresce conseqüentemente o número de idosos que necessitam
de cuidados especiais em casas geriátricas, asilos, hospitais. O Brasil será o 6o país
mais envelhecido da terra no ano 2025 (Chaimowicz ,1998), e os gerontólogos têm
feito com insistência a seguinte pergunta: será que o país está preparado para
enfrentar este desafio? Há preocupação, ao deter-se na pesquisa realizada pelo
IBGE, a qual mostra que existem 202 370 leitos hospitalares sendo que 25% deles
são ocupados por pacientes idosos. Como será no ano 2025 quando a população
estimada de idosos será de 32 milhões, e 5% dela necessitará de internação
hospitalar?
Observando-se a tabela 1, nota-se um aumento na população idosa brasileira.
Tabela 1
População Idosa Brasileira
1940 1950 1960 1970 1980 1991 1996¡ytOtal 41.236.315 51.944.397 70.070:457 93.139.037 119.002.706 146.825.475 157.075.201
+ 60 1.675.534 2.205.341 3.312.420 4.716.208 7.216.017 8.722.707 12.339.054
% 4,0 4,2 4,7 5,0 6,0 5,9 7,8Fonte: IBGE 1991 e 1996
O Estado de Santa Catarina vem acompanhando as estimativas populacionais
do Brasil e do mundo.
12
Tabela 2
População Idosa Catarinense
; ano 1950 1960 ^5(1970:¾ ■ÿ'M:'i:980^? 1996total 1.178.340 1.560.502 2.129.252 2.901.734 _ 3.627.933 4.541.994 4.875.244+60 43.636 59.451 88.949 134.115 ' 200.899 306.806 359.897% 3,70 3,80 4,17 4,62 5,53 6,75 7,53
Fonte: Censo IBGE, 1991 e 1996
Apesar de estarem sendo discutidas e formuladas políticas sociais no Brasil,
Santa Catarina provavelmente irá passar pelos mesmos problemas que outros
estados brasileiros irão enfrentar: falta de recursos econômicos para aplicar em
benefícios relacionados aos idosos, problemas de saúde como doenças crônico-
degenerativas crescentes; grande número de idosos sem família e moradia.
Sabe-se que desde a idade média existiam instituições que abrigavam os
rejeitados e desvalorizados socialmente: crianças, velhos, mendigos, órfãos e loucos.
Com a revolução industrial, os progressos tecnológicos e a evolução da medicina,
começou-se a combater e prevenir as doenças. Houve um aumento na estimativa de
vida das pessoas, e as instituições passaram por um processo em que diferenciaram-\
se as populações carentes, que estavam agregadas num mesmo locus vivendr.
Então, passou-se a tratar a loucura, cuidar e educar a criança, punir o criminoso e
abrigar o velho num ambiente que supostamente traria “descanso merecido depois de
anos de vida árdua” (Foucault, 1993).
Tradicionalmente são as instituições de caridade, que abrigam os
idosos, sendo que o Estado e a sociedade se isentam deste “encargo”. As instituições
possuem como característica principal a caridade (Duarte & Pavarini, 1998; Schimtz,
1997).
13
Santa Catarina, em 1996, (Benedetti & Petroski, 1996) possuía 52 instituições,
abrigando idosos, que representavam 0,5% da população Catarinense, O número é
baixo, mas preocupante, principalmente quando observa-se que de 1980 até 1996 o
número de instituições que abrigam idosos na Grande Florianópolis triplicou.
Quadro 1Instituições que abrigam idosos na Grande Florianópolis
Nome da Instituição Data de Fundação
Mantenedora Valor Mensal da Instituição
A 27/03/1910 Filantrópica 80% da Aposentadoria*B 18/01/1956 Filantrópica 80% da Aposentadoria*C 20/05/1967 Filantrópica 80% da Aposentadoria*D 10/02/1972 Filantrópica 80% da AposentadoriaE 21/02/1977 Particular Aprox. R$ 600,00F 25/11/1980 Filantrópica 80% da AposentadoriaG 17/03/1987 Particular R$ 600,00H 07/03/1987 Particular Aprox. R$ 800,00I 12/10/1987 Particular Aprox. R$ 300,00J 10/03/1991 Filantrópica 80% da Aposentadoria**L 28/09/1991 Filantrópica 80% da AposentadoriaM 14/02/1992 Particular Aprox. R$ 300,00N 12/03/1992 Particular Aprox. R$ 600,00 ***0 08/12/1992 Particular Aprox. R$ 1200,00F 01/05/1993 Particular R$ 300,00 a R$500,00Q 31/05/1995 Filantrópica 80% da AposentadoriaR 01/02/1996 Particular Aprox. R$ 300,00S 17/03/1996 Filantrópica 80% da AposentadoriaT 02/05/1996 Filantrópica • Não Recebe NadaU 06/06/1996 Particular R$ 850,00 MensaisV 01/08/1997 Particular Acima de R$ 1800,00X xxxxxxxx Particular
Fonte: História das Instituições que abrigam Idosos de Benedetti e Schimtz, 1998.
Legenda: * - Instituições que também oferecem quartos particulares** - Instituições que recebem somente idosos com algum tipo de deficiência *** - Instituições que tiveram seu fechamento 1 mês após a entrevista ****- Instituições que recusaram-se a dar entrevistas
Pode-se observar no quadro 1 que na Grande Florianópolis, até 1997,
havia 22 instituições que abrigam idosos, sendo 10 de origem filantrópica (mantidas
por algum tipo de entidade) e 12 particulares (Benedetti & Schimtz, 1998). Estas
instituições abrigam 537 idosos, sendo 393 nas instituições filantrópicas e 144 nas
particulares. Nota-se também que houve um grande aumento no número de
instituições a partir de 1980, pois até então existiam apenas 6 instituições asilares. A
partir de 1987, o número de instituições aumentou de forma assutadora,
principalmente as particulares, tendo sido criadas 13 instituições na Grande
Florianópolis até o final do ano de 1996, sendo apenas 5 de origem filantrópica e 8
particulares. Este número crescente de instituições assusta, principalmente quando
não se trata de idosos carentes e desabrigados, mas idosos da classe socio
económica média ou alta, que estão sendo abandonados pelos familiares, que
buscam um lugar para abrigá-los. Os familiares buscam tais lugares em função do
trabalho que estes idosos poderiam trazer-lhes e porque não estão preparados para
atendê-los, na falta de serviços alternativos geronto-geriátricos como centro-dia,
hospital-dia, assistência domiciliar entre outros, acessíveis em nossa sociedade. .0
pagamento, nas instituições particulares, varia de 3 a 30 salários mínimos (Schimtz,
1997), enquanto que nas filantrópicas o pagamento, quando existe, é de 80 a 100%
da aposentadoria (INSS, FUNRURAL). Quando não há este tipo de benefício, o
atendimento é gratuito. Então, para muitos idosos e famílias, as instituições surgiram
como solução de problemas, tentando atender a demanda ora existente.
A estrutura familiar mudou, antes as famílias eram numerosas e sempre
alguma filha cuidava dos pais idosos, hoje, as famílias são pequenas, a mulher
trabalha fora e as condições econômicas são menores, fazendo com que as filhas
tenham dificuldade em cuidar dos idosos (Jordão Netto, 1997).
As questões apresentadas acima vêm contribuindo para que haja uma
proliferação de asilos, como vem sendo observado nas diferentes cidades brasileiras,
embora, saiba-se que exista causas específicas e comuns para que ocorra a
institucionalização. Tais como, segundo Motta (1992):
• Política social em vigor (direito uma renda mensal mínima)- inúmeros idosos não
têm recursos para viver - moradia, alimentação e remédios - e aceitam a
institucionalização como um grande favor.
• Falta de equipamentos sociais - a sociedade não investe na população idosa
porque é um gasto que não têm retorno financeiro, não dispondo assim de
equipamentos para um bom atendimento à população idosa.
• Expectativa da sociedade - há uma imagem criada pela sociedade de que asilo é
lugar para idosos pobres.
• Insuficiência de serviços comunitários - há insuficiência de recursos médicos,
habitacionais, de lazer, transporte e trabalho para os idosos. A instituição aparece
como opção que atende a problemática do idoso.
• Situação econômica - idosos que contribuíram com a previdência social, servidores
dos estados e municípios apresentam aposentadorias insuficientes para as
necessidades básicas.
• Situação familiar - os atritos familiares levam o idoso à institucionalização.
• Problemas de saúde - por razões sociais ou econômicas, falta de recursos
humanos e financeiros, os problemas de saúde se agravam, dificultando a
permanência do idoso na sua família.
Continuando, Motta (1992) afirma que as conseqüências da institucionalização
são:
• Desenraizamento - afastamento do seu ambiente material e humano, perdendo
parte de sua história de vida.
• Perda de papéis - deixam de ser pai, mãe, tio, tia, avô, avó para se transformar em
um institucionalizado. Todo o seu passado é apagado, são apenas internos, com
os mesmos papéis.
• Convivência com estranhos - na maioria das instituições os idosos são estranhos,
e há dificuldades de adaptação entre eles.
• Anonimato - pelo grande número de idosos, o anonimato é conseqüência inevitável
nas instituições.
• Segregação e isolamento - o idoso se isola social e geograficamente da sociedade.
• Submissão a regulamentos - o idoso é forçado a abandonar tradições e hábitos de
vida e adaptar-se a um novo modo de vida imposto pela instituição.
• Ociosidade - os idosos institucionalizados permanecem ociosos em sua grande
maioria.
• Acomodação - os idosos se conformam em permanecer na instituição e perdem a
esperança de sair do local.
As causas citadas por Motta (1992), são as mesmas encontradas no Estado
de Santa Catarina, sendo que em 49 instituições os idosos estão no local por algum
tipo de abandono familiar - doença, recursos econômicos, atritos ou limitações de
espaço (Benedetti & Petroski, 1996). Estas causas possuem fundamentos na
sociedade capitalista, na qual ocorrem principalmente injustiças sociais (baixas
aposentadorias), inexistência de plano assistencial e indefinição da política de
valorização do papel do idoso na sociedade em função de sua capacidade produtiva.
As conseqüências, também são observadas nas instituições; o idoso
institucionalizado se torna isolado, ocioso e acomodado, perdendo por desuso as
aptidões físicas e sociais, e fecha-se um círculo vicioso: socialmente isolado e sem
16
qualquer atividade física, permanece solitário, sente-se fraco e entra em depressão.
Os funcionários acomodam-se com as rotinas, porque é mais fácil o trabalho na
instituição com “normas” pré-estabelecidas do que tentar mudar ou estimular o idoso
a realizar diferentes atividades, embora saiba-se que não é fácil trabalhar com idoso.
Há necessidade de vocação para trabalhar com pessoas idosas.
Pesquisa realizada por Jordão Neto (1986) revela que os idosos asilados
possuíam mais apoio e consolo dos amigos do que da família: 61% dos idosos
entrevistados recebiam visitas uma vez por ano da família, enquanto 45% recebiam
visitas de amigos uma vez por ano e 37% de duas a seis vezes durante o ano. Um
agravante está no número de idosos que possuíam parentes, que era 60% maior do
que os que possuíam amigos fora da instituição.
O idoso institucionalizado está sem afeto, com poucos amigos e parentes e
apresenta inúmeras perdas físicas, sociais e emocionais, conforme pesquisa
apresentada anteriormente.
Acredita-se que no Brasil apenas de 0,6 a 1,3% dos idosos residam em
instituições. Estes percentuais foram encontrados por Hôte (1988), um sociólogo
francês que esteve no Brasil em 1984, e os gerontólogos têm concordado com este
percentual; Neri (1997) indica em torno de 1,0%. Pesquisa realizada em Santa
Catarina, Benedetti e Petroski (1996) encontraram a percentagem de 0,53%, estando
ambos os percentis previsto pos Hôte. Cançado (1982), citando Tapioca, estimou que
no Brasil existiam cerca de 2.700 instituições de atendimento ao idoso (abrigos e
asilos), internando uma população em torno de 1,3 milhões de idosos. Nos Estados
Unidos, segundo Chaimowicz (1998), cerca de 5% da população acima de 65 anos
está residindo em instituições. Nos países escandinavos, como nos afirma Bom e
Abreu (1996), este índice sobe para 7%, no Canadá 7,5%, e no Japão, diminuiu para
17
3%. Isto não significa que o restante dos idosos estejam com a família, muitos estão
morando sozinhos, outros estão internados em hospitais geriátricos. Yuaso e Almeida
(1997) preocupam-nos quando comentam que de 1985 a 2060 o número de idosos
institucionalizados no Brasil aumentará de 1,3 para 4,5 milhões, sendo que grande
parte será de idosos dependentes. É um fato que exige reflexão para mudar o quadro
de idosos dependentes, buscando-se alternativas para prevenção da dependência e
da institucionalização dos idosos.
Talvez um dos problemas cruciais para o idoso seja que as instituições
asilares apresentem aspectos próprios e determinem condutas e comportamentos
pela norma social vigente e pelas normas institucionais. Nas instituições asilares,
todos os aspectos da vida são realizados num mesmo ambiente e sob única
autoridade, sendo que a rotina diária é igual para todos, ignorando diferenças
individuais, bem como a história de vida de cada um (Jordão Netto, 1986).
O idoso, ao chegar à instituição, possui seus hábitos de vida e cultura, que
logo se modificarão, automatizando as regras e padrões impostos pela instituição
com perda quase que total do contato com o mundo externo, mudando radicalmente
seu comportamento. Isto é observado com freqüência principalmente quando as
instituições são localizadas fora das cidades, levando o idoso a demonstrar medo, e
assim, criando barreiras com relação ao mundo exterior.
O ambiente físico influencia de forma positiva ou negativa a segurança do
idoso. As instituições deveriam, na internação de um idoso, resguardar a interação
homem/ambiente para aumentar a capacidade funcional e manter ou melhorar a
capacidade emocional do idoso.
No Brasil, é muito fácil abrir uma instituição, as exigências são mínimas: os
órgãos federais ou estaduais não fiscalizam seu funcionamento quanto à qualidade, e
18
nem são oferecidas condições dignas de moradia, tanto no aspecto físico como no
humano. Há normas e padrões que deveriam ser respeitados: localização, áreas de
circulação, cômodos para diferentes necessidades (alimentação, lazer, repouso,
atendimento médico), instalações elétricas, sanitárias, mecânicas e hidráulicas,
sempre oferecendo segurança, conforto e higiene. A mão-de-obra deve ser
especializada, engajada e motivada para o trabalho com os idosos, a quem deverão
atender com carinho e respeito (anexo 9).
O que causa estranheza é a quase total aceitação das instituições asilares
pela sociedade, com um aumento da demanda de forma assustadora, principalmente
na classe sócio-econômica média. Este aumento foi observado na Grande
Florianópolis, que apresentava em 1980 seis instiuições asilares, sendo apenas uma
particular, atualmente existem 22 instituições, sendo 12 particulares. Outras causas
que favorecem o aumento do número dessas instituições são as mensalidades de R$
360,00 a R$ 3.000,00, identificando a classe sócio-econômica que pode pagar e a
facilidade de abrir novas instituições (Schimtz, 1997).
Sabe-se também dos problemas enfrentados nas instituições para manter os
locais, tanto financeiramente quanto em relação a mão-de-obra especializada e para
continuar o trabalho, cumprindo os objetivos propostos. Há necessidade de
implementar novas técnicas de trabalho para atualização e renovação de sua
metodologia de trabalho, bem como investimentos dos órgãos governamentais em
equipes multidisciplinares e em reciclagem dos funcionários das instituições asilares.
No momento, o maior desafio é como melhor aproveitar o tempo que o idoso
tem para viver de maneira saudável, independente e com qualidade (Monteiro &
Alves, 1995). Como pode-se observar nas normas do Ministério da Saúde, as
instituições para idosos em geral devem constituir-se além de atendimento médico,
19
odontológico, enfermagem, nutricionista, psicólogo, farmacêutico, fisioterapia, serviço
social, e apoio jurídico, também de atividades de lazer, que as instituições não
oferecem, algumas por falta de recursos outras por mera acomodação.
Esta autora têm observado que nas instituições asilares é muito comum a
perda da autonomia e independência, que muitas vezes é a .causa da
institucionalização. O sedentarismo é um fator marcante, contribuindo para que o
idoso se torne dependente mais cedo, pois não há atividades físicas como prevenção
para a dependência, ocorrendo muitas quedas de difícil recuperação.
Conseqüentemente, esta perda de autonomia e independência se reflete em uma
imagem corporal e auto-estima baixa. Há necessidade de mudar a rotina nas
instituições, tentando resgatar o verdadeiro significado de uma “VIDA ATIVA”.
Atividade Física como Prevenção de Incapacidades Funcionais em Idosos
Pelo medo da morte, desde o princípio da existência humana o
envelhecimento vem sendo estudado, sempre buscando tentativas de prolongar a
juventude, melhorar a forma física e o desempenho sexual. Hoje, com o aumento da
expectativa de vida, a ênfase nestas questões é maior.
Muitos são os conceitos que tentam definir o envelhecimento:
“Envelhecimento é a alteração irreversível da substância viva como função do
tempo". (Bürger citado por Weineck 1991, p.320).
“Envelhecimento representa as perdas na função normal que ocorrem após a
maturação sexual e continuam até a longevidade máxima para os membros da
mesma espécie”. (Hayflick, 1997, p.7).
“A velhice sugere uma degradação global que atinge simultaneamente todos
os tecidos, todas as funções, todos os ó rg ã o s ( Ruffié, 1988, p. 194)
20
21
Jordão Netto (1997) conceitua envelhecimento como:
“O envelhecimento, biologicamente falando, se caracteriza por ser um processo natural, dinâmico, progressivo, irreversível, que se instala em cada indivíduo desde o nascimento e o acompanha por todo o tempo de vida possível para a espécie humana, culminando com a morte” ( p.37).
Há várias alterações biológicas com o envelhecimento. Diversos autores
(Carvalho Filho, 1996; Hayflick, 1997; Jordão Netto, 1997; Nadeau & Péronnet, 1985)
têm apresentado as mais freqüentes nos indivíduos: modificações morfológicas,
bioquímicas e fisiológicas. Outros autores enfatizam muito o processo de
envelhecimento psicológico e social (Gatto,1996; Jordão Netto, 1997; Salgado, 1980).
As alterações que ocorrem com o envelhecimento são variáveis e dependem
de influências genéticas e hábitos desenvolvidos e adquiridos durante a vida.
As pesquisas apontam que a atividade física melhora a saúde (Lee et al.,
1995), afirmam que entre outros benefícios, as atividades físicas estão associadas à
diminuição na incidência de doenças coronarianas, hipertensão, diabetes mellitus
insulino não-dependente, câncer de cólon e aumento da longevidade.
A prática de atividades físicas atua como forma de prevenção e reabilitação da
saúde do idoso, melhorando os aspectos acima descritos e, conseqüentemente,
mantendo uma boa qualidade de vida.
Os programas de exercícios físicos para idosos têm como objetivos (ACM, 1996;
Skinner, 1991):
1. diminuir a morbidade e a mortalidade;
2. manter a independência e a autonomia por mais tempo;
3. melhorar a auto-suficiência e o bem-estar geral;
4. melhorar a resistência geral e a condição cardiovascular;
5. manter ou melhorar a flexibilidade, o equilíbrio e a coordenação;
6. melhorar a força e a resistência muscular;
7. controlar o peso e a nutrição;
8. aliviar ansiedades, insônias e depressão;
9. ampliar o contato social e o prazer pela vida;
10. melhorar a auto-estima e a auto-imagem;
11. promover o relaxamento;
Apesar de a maioria dos trabalhos científicos (Gobbi,1997; Lee et al., 1995;
Scharll, sd; Shephard, 1997; Skelton et al., 1995; Skinner, 1991;) salientarem os
benefícios da atividade física, um número pequeno de indivíduos beneficiam-se disso
mantendo-se ativos durante toda a vida e, com a velhice, este número torna-se ainda
menor. Atualmente, com campanhas estimuladoras, este número está aumentando
devido ao grande incentivo à esta faixa etária, principalmente nos grupos de
convivência, universidades abertas, núcleos e grupos de estudos, programas de
extensão aos idosos entre outros.
Há redução de doenças com a contínua prática de atividades físicas, o idoso
se sente melhor, mais forte, mais produtivo e retarda o uso dos sistemas de saúde,
conseguindo realizar melhor as tarefas do dia-a-dia e diminuindo a incidência de
quedas.
Por que a prática das atividades físicas não é muito procurada? Há
necessidade de incentivo e motivação para a prática de atividades físicas se tornar
hábito na vida diária dos idosos. Sabe-se que as atividades físicas previnem as
doenças através do fortalecimento do idoso nos aspectos biológicos, principalmente
relacionados à força, flexibilidade, resistência e equilíbrio, que são elementos da
aptidão física diretamente associados com a independência e a autonomia do idoso.
22
A força é a qualidade física que permite ao músculo ou grupo muscular opor-
se a uma determinada resistência (Dantas, 1989). A perda da força ocorre devido à
diminuição da massa muscular magra (Shephard, 1991). Esta diminuição, segundo
Aoyagi e Shephard (1992), ocorre devido ao declínio do número de fibras, redução na
área de seção transversa ou ambos os aspectos. Também acredita-se que haja
diminuição no número dos motoneurônios alfa e desinervação de um certo número de
fibras musculares, resultando na degeneração da placa motora. O número e o
comprimento dos sarcômeros diminuem. A musculatura diminui significativamente dos
30 aos 80 anos, em torno de 30 a 40% nos homens e em menor grau nas mulheres
(Hayflick.1997).
Muitas atrofias musculares são associadas à perda de força e parecem refletir
em uma desnervação seletiva das fibras musculares, com reinervação por
brotamento axonial de uma unidade adjacente que mantêm o nervo (Aoyagi &
Shephard , 1992; Brooks & Faulkner, 1994). As maiores perdas funcionais ocorreram
entre as maiores e mais rápidas unidades motoras (Dohety, Vandervoort & Brown,
1993).
A força diminui com a idade, há diminuição da unidade de seção transversa do
músculo (Frontera et al., 1991), embora alterações nas dimensões não justifiquem
toda a queda da potência máxima do músculo em indivíduos idosos. Segundo
Shephard (1997), infiltração no músculo por gordura e tecido conjuntivo, maior rigidez
do músculo em repouso talvez devido a fadiga residual, bombeamento mais lento de
ions de cálcio pelo retículo sarcoplasmático, com um relaxamento menos rápido dos
antagonistas opondo-se a um dado movimento são fatores que alteram a força.
Ainda, Fiatarone et al. (1990) afirmam que o padrão de recrutamento de unidades
motoras sub-ótimas e uma pobre sincronização de disparo neural são outros fatores
que colaboram para alterar a força. Aoyagi & Shephard (1992) também apresentam a
queda seletiva no músculo ou tamanho das fibras motoras de contração rápida com
uma grande prevalência de miosina lenta isomorfa e uma diminuição da atividade
ATPase da miosina como colaborador para alterar a força.
Segundo Spirduso (1995), há evidências de que os membros inferiores são
mais atingidos que os superiores, embora saiba-se que a perda da força não
acontece de forma proporcional em todos os grupamentos musculares. Work (1991)
afirma que 40% das pessoas acima de 65 anos caem pelo menos uma vez no ano
por fraqueza muscular e falta de equilíbrio, apresentando lesões e fraturas. Continua
ele dizendo que uma pessoa de 80 anos pode precisar de 100% da força do músculo
quadriceps para erguer-se de uma cadeira. Enquanto que uma pessoa forte levanta
se em 0,6 segundos, uma fraca pode levar até 6 segundos. Pessoas mais fracas
apresentam mais facilmente cansaço ao realizar as atividades da vida diária,
aumentando a incidência de lesões (Locke, 1983).
Berg e Lapp (1998) e Rantonen e Heikkinen (1998) associam a diminuição da
força com aumento no risco de quedas, que resulta em fraturas e limita as atividades
funcionais, aumentando as doenças.
Carvalhaes et al. (1998) afirmam que a força muscular e a mobilidade articular
principalmente nos membros inferiores são essenciais para a manutenção postural. A
fraqueza desta musculatura aumenta em cinco vezes o risco de quedas.
A flexibilidade é a qualidade física responsável pela execução voluntária de
um movimento, de máxima amplitude, por articulação ou conjunto de articulações,
dentro dos limites morfo-fisiológicos (Dantas, 1989).
É considerada um componente imprescindível da aptidão física e deve serS -,
mantida durante toda a vida, ou pelo máximo tempo possível. Com o aumento da
24
idade, o tecido conectivo se espessa, ocorre redução hidrófila dos colágenos,
podendo tornar-lo mais rígido (Badley & Wood, 1982) e com tendência de calcificação
próxima às articulações. Estes fatores mencionados favorecem a instalação da
rigidez matinal, osteoartrite, encurtamento adaptativo, desestruturando a estabilidade
corporal. Conseqüentemente, origina-se dor músculo-articular, dificultando as
atividades da vida diária, como tomar banho, pentear-se, vestir-se, ir ao banheiro
entre outros. Não se sabe se a flexibilidade diminui pelo envelhecimento ou com a
redução da atividade física dos movimentos mais amplos. Roach e Miles (1991)
identificaram que até os 74 anos de idade qualquer redução na flexibilidade não pode
ser atribuída à idade. Frekany e Leslie (1975) através de programa específico de
flexibilidade, vèrificaram melhora da flexibilidade em mulheres até os 90 anos. A
flexibilidade de ombro diminui de 15% a 20% dos 20 aos 60 anos e da coluna, de
30% a 50% (Nadeau & Péronnet, 1985).
Há necessidade de que contínuos movimentos amplos, preferencialmente em
todas as articulações, sejam mantidos para que a perda da flexibilidade ocorra o mais
tarde possível. Assim haverá continuidade na movimentação das articulações, o que
permite a execução das diferentes atividades com mais autonomia (Carvalhaes et al.,
1998).
A força e a flexibilidade são importantes para a aquisição de boa saúde. Em
idades mais avançadas diminuem riscos de lesões, fazem com que os indivíduos
estejam menos propensos a desenvolverem problemas lombares e consigam realizar
as atividades da vida diária com mais facilidade.
Resistência é a qualidade física que permite um continuado esforço,
proveniente de exercícios prolongados durante um determinado tempo (Tubino,
1980).
25
A resistência aeróbica diminui com a idade. Isto ocorre pela diminuição na
captação máxima de O2, freqüência cardíaca, volume de ejeção, ventilação pulmonar
e força muscular. A captação de O2 diminui cerca de 1% ao ano, dos 20 aos 60 anos
(Hayflick,1997). A redução do VO2 max. em idosos afeta diretamente a sua
capacidade de trabalho e limita seu desempenho nas atividades de longa duração.
Nadeau e Peronnet (1985) afirmam que a redução anual no consumo de máximo de
0 2é de aproximadamente 0,40 ml Kg '1 min'1. Diversos estudos (Gobbi,1997; Pollock
et al., 1986; Spirduso, 1995) apresentam ganhos consideráveis no VO2 max. com a
prática de atividades físicas sistemáticas.
A resistência está associada à velocidade e ao tempo da caminhada e,
segundo Berg e Lapp (1998), a mobilidade está associada a ganhos na velocidade,
que diminui com a idade. Passadas lentas são sinônimo de maior declínio na
velocidade, e conseqüentemente estão associadas às quedas.
O equilíbrio é a qualidade física conseguida por combinações de ações
musculares com o propósito de assumir e sustentar o corpo sobre uma base, contra a
lei da gravidade (Tubino, 1980).
O equilíbrio é outro componente da aptidão física que se perde ao longo dos
anos, devido à diminuição da massa muscular, alterações no sistema nervoso e
doenças neurológicas. É uma variável importantíssima para diminuir a incidência de
quedas. Há fatores intrínsecos que se correlacionam fortemente com as quedas,
aumentando os riscos: sexo feminino, idade acima de 80 anos, baixa mobilidade,
equilíbrio diminuído, marcha lenta com passos curtos, baixa aptidão física, fraqueza
muscular de pernas e braços, problemas cognitivos. Ainda 0 uso de sedativos,
ansiolíticos, hipnóticos e o exagero em geral de polifarmácia, além do sofrimento de
doenças como Parkinson (Carvalhaes et al., 1998; Cho & Kamen, 1998). O indivíduo
2 6
que possui um bom equilíbrio possui boa postura, conseqüentemente é mais seguro
na sua locomoção, facilitando o desempenho de suas funções orgânicas.
Estes elementos da aptidão física são muito importantes para a manutenção
das atividades da vida diária dos indivíduos, tanto as físicas: alimentar-se, vestir-se,
arrumar-se, caminhar, tomar banho, usar o banheiro, quanto as instrumentais:
telefonar, usar transportes, fazer compras, preparar refeições, arrumar a casa, tomar
remédios, manusear dinheiro. Todas estão relacionados diretamente com
independência e autonomia, como afirmam diversos estudos que enfatizam a
importância da atividade física para o idoso (Gobbi, 1997; Lee et al., 1995; Shephard,
1991; Skelton et al., 1995) principalmente em relação à sua independência para
realizar as tarefas diárias.
Carvalhaes et al. (1998) apresentam dados mostrando que 83% dos idosos
caem por perdas de equilíbrio no sentido posterior, lateral, percepção da perda de
equilíbrio, equilíbrio em transferências posturais e equilíbrio durante a marcha. As
conseqüências das quedas variam de traumatismos crânioencefálicos, fraturas,
complicações psicológicas e dependências físicas.
Os exercícios físicos, a caminhada e a ginástica em instituições asilares
influenciam diretamente o grau de independência para realização de tarefas. O
importante nas instituições é ajustar adequadamente a intensidade e a quantidade de
exercícios bem como sua regularidade em função da capacidade física do indivíduo e
observar atentamente os sintomas que possam aparecer advindos do esforço
provocado pela atividade.
A auto-imagem e a auto-estima são afetadas diretamente pela falta de
atividades físicas, que é comum nas instituições asilares do País, levando à angústia,
à depressão. As limitações intelectuais e físicas são evidentes na realização das
27
atividades da vida diária, sendo que o ócio, a falta de terapia ocupacional, a
indisposição física e o desinteresse colaboram ainda mais para estas limitações,
levando muitas vezes à invalidez e ao profundo abatimento moral (Bom, 1996).
A manutenção das atividades físicas, o sentir-se útil, conseguir realizar sua
higiene, são atitudes positivas que afetam diretamente a auto-imagem e a auto
estima. Com o passar dos anos os seres humanos apresentam mudanças bio-psico-
sociais havendo necessidade de adaptações aos diferentes ambientes em que estão
inseridos.
Segundo Zani (1998), desenvolver a auto-imagem é alimentar a certeza de
que se é capaz de levar uma vida plena e realizada sem se preocupar com a imagem
que deve ser apresentada à sociedade, sendo esta imagem estimulante, inquietante
ou decepcionante. Os acúmulos de danos que ocorrem ao longo dos anos são
aspectos importantes da adaptação orgânica, bem como as mudanças psicológicas,
que dependem de influências externas (culturais e ambientais). Essas mudanças
psicológicas são conseqüência da adaptação ao ambiente.
A perda da ocupação profissional ou aposentadoria faz com que o indivíduo
idoso perca vínculos afetivos e sociais no trabalho, fazendo com que se sinta
relegado e desvalorizado e provocando efeitos psicológicos negativos.
Os indivíduos, com o passar dos anos, desenvolvem uma imagem de si
através do processo contínuo relacionado à estrutura social em que estão inseridos.
Eles mesmos criam limites que estão relacionados às capacidades pessoais e à
realização humana. O prazer de achar defeitos e se criticar a todo instante,
mostrando-se inseguros, insatisfeitos e cheios de culpa é bem característico de auto
estima baixa (Zani, 1998). Estes limites podem estar acima ou abaixo de sua real
28
capacidade pessoal, podendo causar ilusões ou frustrações, sendo ideal que a auto-
imagem estivesse adequada à realidade de cada um.
Mosquera (1974) afirma que a auto-imagem está sempre em mudança na
proporção que o indivíduo adquire experiências na vida cotidiana bem como na vida
ocupacional. Se o indivíduo não se adaptar a estas mudanças haverá insatisfação
permanente com a vida.
Steglich, (1978) comenta que o idoso refere-se à auto-imagem pela história de
vida e pelo modo que ele percebe os sucessos e os fracassos. Já Mosquera (1974)
diz ter influência intensa do seu ambiente. Zani, (1998) afirma que o corpo tem
influência fundamental na construção da auto-imagem, pois ao se olhar no espelho o
indivíduo reforça a identidade física e psicológica, em busca da reafirmação visual,
gerando maior autoconfiança e aprendendo a aceitar e gostar do seu corpo.
A percepção da imagem corporal, segundo Davis (1997), é derivada e mantida
por um complexo de interações de fatores pessoais. Ele tem observado mudanças de
imagem corporal relacionadas com a estabilidade psicológica. Observou-se também
que peso corporal baixo e moderados níveis de exercícios físicos estão associados
ao aumento da auto-estima.
Com a prática de atividade física, que age sobre a estrutura corporal
melhorando os movimentos articulares, fortalecendo a musculatura, melhorando a
qualidade dos movimentos cotidianos, há uma tendência de que os indivíduos
apreciem mais sua auto-imagem (Gaya, 1985).
A atividade física, segundo Chogahara et al. (1998), possui influências sociais
nos idosos e traz benefícios em relação à família, amigos, bem estar, integração
social, e melhora na auto-estima. O autor ainda cita as lesões e as influências sociais
negativas como atitudes negativas com a prática de atividades físicas.
29
30
Schilder (1981), Davis (1997) e Fox (1997) citam a indumentária, cortes de
cabelo, ginástica, dança, entre outros como questões fundamentais na modificação
da imagem corporal, bem como a obesidade, distúrbios alimentares associados à
auto-estima negativa.
A doença orgânica, segundo Fox (1997), é um fator que modifica de forma
imediata na imagem corporal, e pode acontecer tanto em nível psicológico (câncer)
* quanto em nível físico (perda de uma parte do corpo). Sempre que existe dor existe
sofrimento, e há modificação do modelo postural do corpo.
A auto-estima, segundo Mosquera (1983), decorre das atitudes positivas ou
negativas perante si mesmo, sendo atribuído o valor do “eu”. E o mundo inteiro é
formado pelos eventos simbólicos que se materializam acerca de maneiras para
conseguir realizar a auto-imagem e afirmar a auto-estima, que são julgadas por nós
mesmas com uma simples olhada no espelho, sendo estabelecida entre a qualidade e
quantidade de afeto e valores investidos por alguém em si mesmo em sua imagem
ideal, sendo relacionada diretamente com a origem social.
Mosquera (1978) afirma que:
“Os componentes da auto-estima constituem-se em sentimentos que a pessoa possui de que amanhã poderá possuir ainda coisas que ama. Quando isto se altera, ou existem fracassos, o ser humano sente que perdeu algo precioso e conseqüentemente há uma danificação no sistema pessoal” (p. 77).
A auto-imagem e auto-estima estão interligadas, e uma depende da outra. Elas
refletem os papéis sociais que o indivíduo ocupa. A auto-estima pode ser alta ou
baixa; quando é alta surge de experiências positivas com a vida e quando é baixa,
surge com fatores negativos (Mosquera, 1974).
Com o envelhecimento, há tendências na modificação da auto-imagem,
tornando-as menos positivas (Davis, 1997). Não se sabe porquê.
Segundo Fox (1997), analisando-se a natureza das pessoas é possível verficar
se possuem uma auto-imagem alta ou baixa. A baixa estima é uma deficiência no uso
de estratégias. Pessoas com baixa auto-estima tendem a apresentar as seguintes
características:
1- São neutras mais do que negativas. São menos propensas a declarar
aspectos positivos de si mesmo e de negar aspectos negativos;
2- São incertas, confusas quanto ao auto-conceito;
3- São protetoras e defensivas quanto aos poucos atributos positivos que
percebem ter;
4- Sentem que têm poucos lugares alternativos para ir;
Segundo Jordão Netto (1997), há necessidade de adaptações sucessivas e
nestas estão presentes as lembranças subjetivas da memória como as características
de uma personalidade modulada durante a vida pelos resultados das experiências
vividas e expectativas projetadas. Nesse processo de constantes adaptações o
ambiente tem um papel muito importante. Os que são rejeitados são agressivos e
inseguros, enquanto um ambiente acolhedor e afetivo faz com que a pessoa se sinta
estimada, perceba os limites de sua capacidade e desenvolva o sentido de
autocrítica, levando à formação de uma auto-imagem positiva e objetiva.
A perda da auto-estima em idosos institucionalizados se dá pelos mesmos
motivos do idoso fora da instituição e freqüentemente pelos sentimentos de vergonha
quando há perda da fala, controle da bexiga ou dos intestinos. A vergonha é um
julgamento pessoal feito por ele mesmo. É importante a manutenção dos hábitos de
vida em relação a imagem corporal principalmente nos asilos; há necessidade do
cuidar (corte do cabelo, unhas, roupas adequadas) para que se possa resgatar ou
manter a auto-imagem alta.
31
Steglich (1978) utilizou 12 perspectivas chamadas tarefas evolutivas para
avaliar a auto-imagem e auto-estima. Elas foram agrupadas em 4 aspectos
fundamentais: orgânico, social, intelectual e emocional.
1 - O aspecto orgânico compreende abordagens genéticas, morfológicas e
fisiológicas.
2 - 0 aspecto social compreende 3 componentes, que podem ser
considerados mais salientes na compreensão da realidade da pessoa adulta: status
sócio-econômico, condições da família e realizações profissionais.
3 - 0 aspecto intelectual inclui escolaridade e educação do indivíduo e
pretende verificar os valores atribuídos à educação formal, educação com meios de
auto-realização.
4 - O aspecto emocional possui componentes como a felicidade pessoal
(conceituação de felicidade, hierarquia de valores); bem estar social (grau de
participação social que a pessoa desenvolve); integridade moral (grau de coerência
interna - poder pessoal, força interior, segurança, tolerância).
Acredita-se estar o aspecto emocional mais ligado aos interesses do estudo e
para tanto considerar-se-á:
• Felicidade pessoal - auto satisfação nos vários aspectos da vida.
• Bem estar social - segurança proveniente de interesse pelos outros e participação
social, com reconhecimento dos outros.
• Integridade moral - tranqüilidade e segurança proveniente da fixação de valores e
realização da vida com espírito de tolerância.
A auto-imagem/ auto-estima dependem de como cada um se encontra e varia
de dia após dia, principalmente com os idosos, pois neles há interferência do efeito
humor, clima, entre outros.
32
Uma outra questão que preocupa os gerontólogos hoje: o aumento na
expectativa de vida vai significar melhora na qualidade de vida? Para que a qualidade
de vida dos indivíduos possa acompanhar os anos de aumento na expectativa de
vida é necessário que o idoso possa viver com vigor físico, ser emocionalmente
equilibrado e socialmente engajado. A WHO (1998) define saúde como “estado de
completo bem-estar físico, psíquico e social, e não meramente ausência de doença
ou enfermidade”. Isto significa que mesmo pessoas que possuem doenças poderão
sentir-se saudáveis, desde que sejam capazes de desempenhar as funções diárias, e
estarem bem, podendo realizarem-se como seres humanos, ou seja, serem felizes.
Paschoal (1996 a) afirma que diversos estudos projetam uma população idosa
funcionalmente incapacitada, e que envelhecer bem é indispensável para a
manutenção da qualidade de vida. O objetivo das políticas sociais e de saúde deveria
ser o de manter a autonomia e a independência dos idosos pelo maior tempo
possível. Isto será alcançado quando grupos interdisciplinares trabalharem juntos por
uma causa comum: o idoso.
34
CAPÍTULO III
METODOLOGIA
Tipo de Estudo
Este estudo caracterizou-se, segundo Gil (1994), Campbell e Stanley (1979)
como quase-experimental, pois analisou os efeitos de um programa de exercícios
físicos sistemáticos em idosos do asilo SEOVE, sobre as variáveis aptidão física
(força, flexibilidade, resistência e equilíbrio), auto-imagem/auto-estima e atividades da
vida diária.
Campbell e Stanley (1979) explanam como delineamentos quase-
experimentais
“Há muitos contextos sociais naturais em que o pesquisador pode introduzir algo semelhante ao delineamento experimental em sua programação de procedimentos de coleta de dados (quando e quem medir), ainda que falte o pleno controle da aplicação dos estímulos experimentais que toma possível um experimento.” (p.61)
População e Amostra
População - A população deste estudo é representada por idosos residentes em
asilos, casas, lares, etc. de cunho filantrópico da Grande Florianópolis1 - SC.
1A Grande Florianópolis abrange os seguintes municipios, Tijucas, Angelina, Canelinha, Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento, São João Batista, Antônio Carlos, Biguaçu, Florianópolis, Gov. Celso Ramos, Palhoça, Paulo Lopes, Sto Amaro da Imperatriz, São José, Águas Mornas, Alfredo Wagner, Anitápolis, Rancho Queimado e São Bonifácio
35
Após o levantamento das instituições asilares da Grande Florianópolis em
1998, constatou-se a existência de 22 instituições que abrigam idosos, sendo 10 de
origem filantrópica e 12 particulares. Nas instituições filantrópicas, que é o objeto
deste estudo, residem 393 idosos, sendo 265 mulheres e 128 homens. Nas casas
filantrópicas os idosos possuem baixa renda e normalmente recebem um salário
mínimo da previdência social, proveniente de aposentadoria ou pensão, que é doado
às instituições. Os idosos destas instituições estão lá por algum tipo de abandono
(Benedetti & Schimtz, 1998).
Amostra - O asilo contemplado de forma intencional foi a SEOVE (Sociedade
Espírita dos Obreiros da Vida Eterna) porque esta instituição asilar atendeu os
seguintes requisitos previamente estabelecidos:
• instituição com grande número de residentes idosos da Grande Florianópolis;
• instituição onde não há programa de exercícios físicos sistemáticos e
nenhum outro trabalho de recreação;
• instituição sem atividade programada de lazer, geralmente realizada por
grupos de voluntários;
• instituição onde idosos internados possuem condições físicas de realizar
exercícios físicos.
A SEOVE está localizada na estrada geral do Campeche, fundada em 10 de
fevereiro de 1972, com objetivo de atender idosas (mulheres) indigentes, cobrando
mensalidade de 80% da aposentadoria para quem é aposentado ou pensionista.
Atualmente a instituição possui 38 mulheres residentes, sendo que a mais nova tem
42 anos e a mais velha 98 anos, ambas não participaram do estudo. A SEOVE possui
18 funcionários (1 enfermeira, 1 jardineiro, 1 motorista, 1 lavadeira e 14 funcionárias,
que se revezam na preparação dos alimentos, limpeza da instituição e cuidados com
as idosas). Sua manutenção é complementada com verbas mensais da Secretaria da
Ação Social (SAS) e doações voluntárias da comunidade. Para o ingresso na
instituição há uma lista de inscrição, que é analisada pela direção do asilo, dando
preferência às pessoas mais indigentes.
Para o estudo foram selecionadas 30 idosas acima de 60 anos que tinham
condições de realizar o programa proposto. Entre essas 30 idosas, apenas 2 queriam
participar do programa de exercícios físicos. Após um trabalho de esclarecimento e
repetidas explicações sobre os procedimentos do programa, bem como seus
benefícios e as precauções observadas para evitar quaisquer malefícios e num
esforço quase persuasivo, conseguiu-se que 16 aceitassem constituir o grupo
experimental e as restantes 14 alocadas no grupo controle.
Procedimento Experimentai
Conforme as questões a investigar, as variáveis deste estudo são
especificadas da seguinte forma:
Variável independente - Um programa de exercícios físicos realizados na instituição
asilar, três vezes por semana, com duração de 60 min, durante cinco meses.
Variáveis dependentes - a) aptidão motora
b) AVDs (atividades da vida diária).
c)auto-estima/auto-imagem
36
37
Desenho experimental
Grupo Experimental (GE) 01 X 02 Grupo Controle (GC) 01 02
onde: 01 - Pré-teste02 - Pós-testeX - Tratamento da variável independente (programa de exercícios físicos)
Após definida a instituição, houve contato com uma de suas diretoras para
apresentação da proposta de estudo. Inicialmente, foi discutida a proposta de
implantar um programa de exercícios físicos com as idosas do local, e desde o
momento da apresentação da proposta, aquela diretora mostrou-se muito
interessada. A anuência à realização do projeto ficou na dependência da
concordância dos demais membros da diretoria do asilo, os quais aceitaram sem
nenhuma objeção. Em seguida foi firmanda por escrito a abertura da instituição para
a realização da pesquisa.
Após algum tempo de convivência com as idosas do local, entre fevereiro e
março de 1998, foi possível selecionar as 30 idosas segundo os critérios pré-
estabelcidos para inclusão na amostra.
Começou-se a coleta de dados inicial, o pré-teste, dia 01 de abril, com
término no dia 08 de maio. Muitos testes foram repetidos, quando necessário, para
assegurar a confiabilidade dos resultados. As dificuldades foram muitas, pois foi um
dos poucos momentos em que as idosas estavam recebendo atenção demorada e
personalizada da pesquisadora e aproveitavam para contar sua história de vida e a
razão de estarem no asilo, outras ainda queriam saber se seus familiares estavam
bem, pois há tempo não as visitavam, e algumas vezes queriam tomar chimarrão
juntas. Isto tudo fez com que os testes se tornassem demorados, mas permitiu que se
conquistasse a confiança das idosas para desenvolver o trabalho que seria
implantado em pouco tempo. Tanto assim que com o passar do tempo, chegando-se
ao local de coleta de dados, surgia a seguinte pergunta: “o que vamos fazer hoje?”
Todos os testes foram realizados devagar e respeitando a individualidade de cada
urna das idosas.
A série de medidas pré-teste contou com a aplicação dos questionários de
AVDs, e de auto-estima/auto-imagem, realização da dinamometria manual direita (D)
e esquerda (E), flexibilidade de ombro e quadril, força de bíceps, força de quadriceps,
resistência, equilíbrio e agilidade. Para esta série de medidas consumiu-se 38 dias
com a participação das trinta idosas da amostra.
O programa de exercícios físicos sistemáticos executados na instituição asilar
foi realizado conforme experiência adquirida no estudo piloto na instituição asilar
Irmão Joaquim, em Florianópolis - SC (Benedetti et al.,1996). Neste estudo, as
sessões foram de 60 min, sendo 10 minutos de alongamento, 25 minutos de dança,
15 minutos de trabalho de força e flexibilidade e 10 minutos de relaxamento final. As
sessões tiveram frequência de três vezes por semana, e o programa teve duração de
três meses.
No presente trabalho foram realizadas as seguintes modificações em relação
ao plano piloto: a duração total do programa de exercícios passou de 3 para 5 meses;
no trabalho de resistência aeróbica incluiu-se em média 15 min de caminhada e o
tempo de dança foi reduzido para uma média de 10 min; quando chovia trabalhou-se
a resistência apenas através da dança, durante 25 minutos. Com tais alterações, as
idosas ficaram mais motivadas.
O programa de exercícios físicos começou a ser realizado no dia 15 de maio
de 1998, com o objetivo de trabalhar a resistência, força, flexibilidade e equilíbrio.
Acredita-se que o fortalecimento dessas condições melhora as atividades da vida
diária (deambular, alimentar-se, cuidar da higiene pessoal), bem como interfere
positivamente na auto-estima e auto-imagem das idosas. A duração passou para 5
meses para que houvesse maior adaptação dos indivíduos e apresentasse maior
margem de segurança em relação às possíveis modificações bio-psico-sociais. A
realização do programa, na medida do possível, aconteceu ao ar livre e quando
chovia eram realizadas no refeitório da instituição. Os exercícios físicos foram
aplicados até 15 de outubro de 1998. A partir de então, começou-se nova coleta de
dados para as medidas pós-teste.
No pós-teste aplicou-se a mesma ordem das medidas realizadas no pré-teste.
O tempo gasto para esta nova etapa foi de apenas uma semana, pelo fato de a
pesquisadora já conhecer as idosas, e elas estarem habituadas com sua presença.
Instrumentos de Medidas
Os instrumentos utilizados para as medidas foram os seguintes:
(a) Para medida do desempenho das atividades da vida diária foi utilizado o
questionário OARS (Older American Resourses and Services Program), desenvolvido
pela Universidade de Duke, Centro para o Estudo do Desenvolvimento do Idoso e
Humano, EUA, que foi traduzido e adaptado por Cardoso e Gonçalves (1995).
Este instrumento é composto de 7 itens relativos ao desempenho das
atividades físicas da vida diária e cujas três respostas são ocpionais em cada item em
escore:
39
2 - Sem ajuda; 1 - Com alguma ajuda; 0 - Não consegue de modo algum por si só.
Portanto, uma idosa totalmente independente no desempenho das AVDs
físicas deverá obter resposta com escore total de 14 pontos. Assim a gradação deste
valor até o valor zero representa a diminuição da independência nas AVDs até a
dependência total (anexo 2)
(b) A aptidão física foi determinada pelas medidas dos valores de força,
equilíbrio, flexibilidade e resistência:
Força: Foram utilizadas as medidas de força de preensão manual direita (D) e
esquerda (E), força de bíceps e de quadriceps. Os músculos avaliados estão
diretamente relacionados com as atividades da vida diária realizadas pelos idosos.
Estas medidas seguiram os protocolos já validados por outros pesquisadores -
preensão manual (Jonhson & Nelson, 1979), força de bíceps e quadriceps (Zaciurskij
citado por Weineck, 1991) (anexo 3).
A força de preensão manual (direita e esquerda) foi realizada por meio de um
dinamómetro de preensão manual, marca JAMAR (Kgf) com precisão de 100
gramas, sendo que sua escala varia de 0 a 90 Kgf. O objetivo foi medir a força
máxima exercida pela mão, conforme ilustrado na figura 1.
41
Figura 1- Fotografias do dinamómetro (esquerda) e ilustrativa da medida da força (direita).
A força de quadriceps foi medida pela extensão do joelho. Foi adaptado o
dinamómetro de preensão manual, marca JAMAR (Kgf), com precisão de 100
gramas, sendo que sua escala varia de 0 a 90 Kgf, em um equipamento específico. A
força de quadriceps foi medida em ângulo de 90 graus entre a perna e a coxa em
relação ao solo, sendo realizada a máxima força em movimento de extensão do
joelho (vide ilustração na figura 2).
Figura 2 - Fotografias ilustrativas da determinação da força de quadriceps, empregando um dinamómetro de preensão manual adaptado.
A força de bíceps foi mensurada pela flexão do cotovelo, através do
movimento de rosca direta. Para avaliar esta medida, adaptou-se o dinamómetro de
preensão manual, marca JAMAR, precisão de 100 gramas, em um equipamento
específico, onde foi realizada a máxima força de bíceps.
Figura 3 - Fotografias de um dinamómetro de preensão manual adaptado paramedida de força de bíceps e ilustrativa da medida.
Resistência: Esta foi medida por meio do teste de caminhada de 800 m,
proposto por Osness et al. (1990), específico para indivíduos idosos. A distância
percorrida foi determinada por uma fita métrica de 50m de comprimento em local
plano. O tempo foi medido por um cronómetro e anotado em ficha específica.
Quando o indivíduo não conseguiu realizar todo o teste, anotou-se a distância
percorrida e o tempo gasto, para que pudesse ser calculada a velocidade em
metros/minuto (anexo 4).
43
Equilíbrio: O equilíbrio dinâmico foi mensurado pelo teste proposto por
Osness et al. (1990). O teste necessita de uma cadeira com braços, dois cones, um
cronômetro, uma fita métrica, ficha de anotação e um local amplo e plano (anexo 5).
Figura 5 - Fotografias do cronômetro e fita métrica e ilustrativa do teste de equilíbrio dinâmico.
Flexibilidade: Foram utilizadas as medidas de flexibilidade da articulação do
ombro, extensão, flexão e abdução e do quadril, flexão, utilizando-se o protocolo de
Leighton (1987). A medida foi realizada no lado direito do corpo, duas vezes em cada
local. A flexibilidade foi mensurada através do flexômetro de Leigthon. Este
instrumento têm o formato de um relógio que é fixado no local proposto, com um
velcro. O ponteiro opera livremente pela ação da gravidade. O zero dos dois discos
do aparelho devem coincidir quando na posição horizontal e na posição de repouso.
Fixa-se um dos discos do aparelho e o indivíduo movimenta a articulação na máxima
amplitude, registrando-se o movimento em graus (anexo 6).
Figura 6 - Fotografias do Flexômetro de Leighton para medidas de flexibilidade eilustrativa da medida.
(c) Para avaliar a auto-estima/auto-imagem aplicou-se o questionário
desenvolvido por Stegiich (1978), validado para idosos.
Para esta pesquisa foi utilizado apenas o aspecto emocional (felicidade
pessoal, bem-estar social e integridade moral) porque correspondia à área de
interesse da pesquisa, bem como à dificuldade de aplicá-lo na íntegra (cansativo). As
questões de cada grupo são:
Felicidade pessoal - 26, 27, 31,35,44,45,47,59,64,72 e 75
Bem-estar social - 36.41,42,43,48,49,50,54,63,68,69 e 70
Integridade moral - 28,29,30,33,34,52,53,55,58,60,61,62,66,67,73,74,76,77 e 78
As questões em negrito correspondem à auto-imagem, num total de 15 itens, e
os 27 itens restantes à auto-estima. Os itens do questionário possibilitam cinco
respostas alternativas que variam os escores de 1 a 5 (sim, quase sempre, várias
vezes, algumas vezes e não). Quanto mais alta a pontuação, mais alta a auto-
imagem/auto-estima. Para avaliação em seu conjunto foi utilizada a escala somatória
do total de pontos.
Tratamento Estatístico
Os dados foram analisados através do pacote estatístico Statistics para PC.
Com o objetivo de verificar os efeitos dos exercícios físicos na aptidão física
(força, flexibilidade, resistência e equilíbrio ) do idoso asilado procedeu-se a análise
discriminante (DA). Com base nas medidas de pré e pós-teste, calculou-se a
diferença das mesmas. Para as variáveis que apresentam diferenças positivas no
pós-teste (flexibilidade, força), utilizou-se o pós menos o pré-teste, enquanto que para
as variáveis negativas, utilizou-se o pré menos o pós-teste (equilíbrio e resistência).
Com o objetivo de verificar os efeitos dos exercícios físicos sobre a auto-
imagem/auto-estima utilizou-se a correlação linear de “Pearson”.
Com o objetivo de verificar os efeitos dos exercícios físicos sobre as atividades
da vida diária, utilizou-se análise descritiva e comparação entre as médias.
45
46
Limitações do Método
Sabe-se que o resultado de qualquer procedimento aplicado ao ser humano
depende de um conjunto de muitos fatores, alguns mensuráveis e passíveis de serem
determinados com maior ou menor confiança, e outros de difícil avaliação
quantitativa, mas que alteram, em maior ou menor grau e diferentemente de um
indivíduo para outro, a resposta obtida ao procedimento adequado. É evidente
portanto, que qualquer avaliação de um grupo dificilmente será global e infalível.
Embora haja limitações por tempo ou por não se considerar o conjunto total de
fatores que influem em determinada resposta, ainda é bastante preferível fazer uma
avaliação do que não fazê-la. Isto porque, mesmo que limitada, contribuirá para a
melhoria do conhecimento do comportamento humano, no sentido mais amplo da
palavra.
Com esta visão, acredita-se que o método utilizado neste estudo possui
limitações, especialmente porque não foi possível evitar que o grupo controle
observasse as sessões realizadas no local. Isto se deve ao fato do trabalho ter sido
realizado com dois grupos, experimental e controle, na mesma instituição, sendo que
os resultados encontrados no grupo controle podem ter sido influênciados pelo
programa aplicado no grupo experimental nas medidas do pós-teste.
47
CAPÍTULO IV
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados estão apresentados em tabelas e figuras demonstrando uma
análise descritiva das diferenças dos resultados obtidos no pré- e pós-teste dos
grupos experimental e controle em relação à variável aptidão física (força,
flexibilidade, resistência e equilíbrio). A seguir, é apresentada a análise estatística em
relação à aptidão física e auto-imagem/auto-estima. Para finalizar, são apresentados
os resultados obtidos no questionário das atividades da vida diária aplicado às
idosas.
Os grupos possuíam características semelhantes. No grupo experimental a
média de idade era de 74,73 ± 8,36 anos. Havia duas idosas com problemas de
epilepsia, uma com aneurisma, uma com surdez, uma com hipertensão arterial, uma
com demência senil, uma com diabetes mellitus e quatro com pequenas seqüelas de
derrame cerebral (D.C.), como monoplegia de braço esquerdo e dificuldade para
andar. No grupo controle a média de idade era de 74,00 ± 12,27 anos, e havia duas
com surdez, duas com cegueira, uma hipertensão arterial, duas com psicose
compulsiva, uma com demência senil e uma com diabetes mellitus.
Os grupos eram internamente heterogêneos quanto à aptidão física e quanto
à auto-imagem/auto-estima.
48
Média e desvio padrão das medidas do pré- e pós-teste dos grupos de idosas asiladas da SEOVE submetidas ao programa de exercícios físicos, de abril a out/1998.
Tabela 3
Variáveis grupo experimental grupo controlePré-teste
■; -■ ?£ vv • ' ‘ X sPMD (Kgf)
■ • . , : ; : ' -v ' >■$$. / A ’v v ï 1 ?**.<:'.\13,27 3,3
PME (Kgf) 12,65 5,3■ i ■' ■ : ‘
Força bíceps (Kgf) 5,58 3,0- - ■ ;•■ ■■ •• ■■ ‘ , . • • ■\ - ■?,*' ' ■
Força quadriceps 4,39 2,5(Kgf)
Flexão ombro 130,33 26,2(graus)
Extensão ombro 28,06 10,6(graus)
Abdução ombro 127,8 25,1(graus)
Flexão quadril 73,23 25,4(graus)
Velocidade 50,42 11,9(m/min.)
Equilíbrio (seg) 85,62 54,5CV-. * -- - v f c ' o./ .... / /-..
AVDs (pontos)■
Al (pontos)• ? ;- > • í-l3' - ‘J
v / - , ! '.y „
AE (pontos)
12,26 2
Pós-teste Pré-teste Pós-teste7 s X s X s
11,9 4,8 10,07 6,1 9,23 6,9
11,64 5,5 10,16 5,3 9,92 6,9
3,30 2,2 4,7 :2,9 3,45 2,9
10,13 3,8 2,78 3,2 5,22 4,3
138,66 22,2 145,72 21 125,27 23,51
35,06 15,8 30,9 1 29,09 8,5
128,26 24,4 134,36 20,6 113,18 21,2
80,86 14,3 53,72 16,1 66,18 18,5
38,32 10,1 38 19,5 42,30 22,1
79,89 34,9 84,39 35,5 80,92 28,9
12,6 2 10,54 2,6 10,63 2,8
50,84 9 59,44 11,5 52,88 10,2
93,23 13,6 95,22 20,1 94,33 18
Legenda:PMD - Preensão manual mão direitaPME- Preensão manual mão esquerdaFB- Força de bícepsFQ - Força de quadricepsAVDs - Atividades da vida diáriaAl - Auto-imagemAE- Auto-Estima
49
A tabela 3 apresenta os resultados das variáveis pesquisadas para os grupos
experimental e controle.
Nas tabelas 3 a 9, encontram-se os resultados das médias do pós-menos o
pré-teste (força e flexibilidade) e do pré-menos o pós-teste (resistência e equilíbrio)
das variáveis analisadas no grupo experimental e controle.
Tabela 4
Diferenças e desvio padrão das medidas de força dos grupos entre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE, de abril a outubro/98.
. . . , .Variaveis ____________________ grupo_____________________experimental controle
■■v.'-'v;.'.'T;\T '''i:Preensão manual D -1,37 3,72 -1,22 4,33
tf
Preensão manual E -1,02 3,15 -0,46 3,12Força de bíceps
Força de quadriceps-2,28 2,42 -1,17 3,315,74 3,67 1,39 3,82
Na tabela 4 e na figura 7 que se referem a análise da força, observa-se que no
grupo experimental não sofreram diferenças significativas as variáveis de força de
preensão manual D e E e a força de bíceps. A força de quadriceps melhorou
significativamente conforme se observa na análise estatística apresentada na tabela
10.
Uma preocupação deste estudo foi verificar se a adoção de um programa de
exercícios físicos sistemáticos pelos idosos asilados melhoraria a força de preensão
manual e de bíceps.
50
Kg/f
PMD PME FB FQ
Figura 7 - Diferença das medidas de força, entre os grupos
Legenda:PMD - Preensão manual direita PME - Preensão manual esquerda FB - Força de bíceps FQ - Força de quadriceps
No programa aplicado não houve melhora na força de preensão manual e nem
na musculatura do bíceps. Acredita-se que o programa não tenha sido intenso o
suficiente para melhorar a força de preensão manual e a força de bíceps, provocando
modificações nestes músculos. O tempo de aplicação do programa não foi suficiente
e o programa não se preocupou em trabalhar de forma específica determinado
músculo. Trabalhou-se de forma generalizada, utilizando-se pesos leves,
substimando a capacidade dos idosos no que se refere ao trabalho de força manual e
de bíceps. O programa visou a aptidão das idosas para que se sentissem melhores,
sem riscos para elas.
A perda de força isocinética com o envelhecimento ocorre mais rapidamente
em mulheres do que em homens. A velocidade da perda de força muscular isométrica
e isocinética pode refletir-se, nas diferenças influenciadas pela idade e em padrões
de atividade física habitual entre homens e mulheres. Era et al. (1994) descobriram
maior perda de força relativa em trabalhadores braçais, com a idade, do que em
homens com profissões de “colarinho branco”, no entanto a força de mulheres idosas,
não está relacionada à história de trabalho físico pesado (Rautanen, Sipilá &
Suominen, 1993).
Diversos autores (Doherty et al., 1993; Keh-Evans et al., 1992) acreditam que
há perda seletiva de fibras de contração rápidas com o envelhecimento. Estas podem
ser perdidas porque idosos raramente exercem contração muscular vigorosa contra
uma resistência.
Hãkkinen et al. (1998) afirmam que com o envelhecimento parece haver
aumento na ativação dos músculos antagonistas, especialmente nos movimentos de
“explosão dinâmica”.
Sabe-se que os músculos das mãos são os mais trabalhados no dia-a-dia das
idosas nas pequenas tarefas de comer, pentear, entre outras. Existem também
grande perdas referentes ao efeito fisiológico “envelhecimento”, que diminui a massa
muscular e a quantidade de água, ocorrendo com mais intensidade nas mulheres
(Hayflick, 1997). A atrofia muscular, que justifica tantos decréscimos na massa magra
com o envelhecimento, reflete tanto na queda do tamanho como no número de fibras
musculares (Aoyagi & Shephard, 1992). Segundo o autor, a degradação da força das
mãos diminui, em uma velocidade acelerada, pela diminuição da massa muscular
com o processo de envelhecimento.
51
52
Outra questão que se pode levantar é o fator motivação. O estímulo para a
realizar as medidas do pré-teste pode ter sido maior que o destinado para o pós-
teste. Astrand e Rodahl (1987) afirmam que a motivação para os sujeitos executarem
a força máxima é um fator de erro metodológico em pesquisa, pois sabe-se que a
força máxima tem ligação com fatores psicológicos e que pode ser reduzida por um
comando ou grito, embora isto não tenha sido totalmente avaliado.
Osness et al. (1990) comentam no seu manual:
“Cac/a i t e m d o t e s t e u s a d o é s u j e i t o a f a t o r e s m o t i v a c i o n a i s e
p s ic o l ó g ic o s . E s t e s f a t o r e s n ã o p o d e m s e r t o t a l m e n t e e l i m i n a d o s e m
s i t u a ç õ e s d e t e s t e d e c a m p o , m a s t o d o o c u i d a d o d e v e s e r t o m a d o p a r a
f o r n e c e r a o a d m i n i s t r a d o r d o s t e s t e s u m a d i r e ç ã o a p r o p r i a d a p a r a
p a d r o n i z a r o s p r o c e d i m e n t o s d e m o d o q u e o s e f e i t o s d e s t e s f a t o r e s s e j a m
m i n i m i z a d o s ’’ (p 19).
A diminuição da força em maior parte dos grupos musculares mostra um
declínio do tecido de massa magra com o envelhecimento. Embora parte desta
diminuição possa ser por problemas na mensuração e parte realmente pelas
alterações do tecido magro, a correlação pode não ser tão próxima quanto se
imagina. (Shepard, 1991).
Continuando com trabalho de força o presente estudo verificou se um
programa de exercícios físicos sistemáticos realizado pelos idosos asilados
melhoraria a força de quadriceps.
Pode-se observar na tabela 4, 10 e na figura 7 que a força de quadriceps
aumentou significativamente no grupo experimental. Acredita-se que o ocorrido deva-
se principalmente à caminhada. As idosas eram muito sedentárias e no momento que
a musculatura do quadriceps, que é o principal músculo ativo na caminhada, foi
estimulado constantemente com maior intensidade (caminhada e exercícios), houve
melhora mais acentuada. Isto confirmando o observado por Laforest et al. (1990), que
afirmam ser a resistência muscular melhor preservada que a força máxima muscular
com o envelhecimento, embora alguns autores já tenham descrito quedas na
resistência muscular relacionadas com a idade (Clarke, Hunt & Dotson, 1992).
Em um estudo com idosos de 65 anos (Sidney, Shepard & Harrison, 1977)
constatou-se o aumento de força do quadriceps de 11% após sete semanas de
condicionamento aeróbico e 13% após um ano. No presente estudo o aumento da
força no músculo quadriceps foi de 130%, evidenciando um aumento extraordinário
da força, provavelmente pelo incremento da caminhada.
Heislein et al., (1994) aplicaram um programa de exercícios físicos com
levantamento progressivo de peso em um grupo de mulheres de 50 a 64 anos. Foram
incluídos no programa de 8 semanas uma sessão supervisionada e 2 sessões não
supervisionadas de atividades físicas. Este programa produziu ganhos significativos
na força do quadriceps (21%), tendões (9%) e força de preensão manual (14%).
Também Cress et al. (1991) adotoram um programa de subida em escadas
para desenvolver a força e potência aeróbica em sujeitos idosos. Houve ganhos
significativos em ambas as variáveis analisadas, principalmente na força de
quadriceps com acréscimo de 29% da fibra tipo IIB enquanto o grupo controle
apresentou um decréscimo de 22%.
Dupler e Cortes (1993) aplicaram um programa de treinamento de alta-
intensidade de peso; os participantes se exercitavam com cargas que aumentavam
de 45 a 75% a força máxima de uma repetição. A força muscular aumentou em média
66% e refletiu-se principalmente numa melhor coordenação, uma vez que nenhum
aumento significativo de massa corporal magra foi percebida.
53
Frontera et al. (1988) treinaram especificamente os extensores de joelho em
homens de 60 a 72 anos, durante 12 semanas. Houve aumento da força máxima em
110% em uma repetição; embora a secção tranversa do quadriceps tenha aumentado
apenas 9%, as fibras tipo I aumentaram 34% e as fibras do tipo II 28%.
Pyka et al. (1994), estudando homens e mulheres de 61 a 78 anos que
executaram circuito de 12 exercícios de resistência 3 vezes por semana por 50
semanas, encontraram significantes aumentos na força após 8 semanas de
participação.
Mc Murdo e Rennie (1993) estudaram idosos com idade média de 83 anos em
um programa de exercícios isométricos 2 vezes por semana. A força de quadriceps
no grupo experimental aumentou significativamente em relação ao grupo controle.
Os programas, de maneira geral, como pode-se observar em várias e
diferentes pesquisas apresentadas, provocam ganhos de força quando os trabalhos
são específicos. Trazem também melhores resultados na caminhada, no equilíbrio e
na capacidade funcional. Os programas mantidos por longos períodos de tempo
apresentam pequenos aumentos na massa tecidual magra.
A manutenção e/ou aumento da força e flexibilidade têm a mesma importância
na capacidade funcional para a qualidade de vida na velhice extrema. A força
muscular pode ser aumentada por exercícios de resistência apropriadamente
graduados, sem induzir a um excessivo e perigoso aumento da pressão sanguínea
sistêmica.
O trabalho de força na instituição em nenhum momento sobrecarregou as
idosas, por não ser um trabalho específico de força. Começou-se de forma lenta, e
gradativamente a carga foi sendo aumentada.
55
A tabela 5 e figura 8 mostram as diferenças na flexibilidade.
Tabela 5
Diferenças e desvio padrão das medidas de flexibilidade dos grupos entre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE, de abril a outubro/98.
Variáveis grupo W Ê Ê Ê m r i(graus) experimental
X scontroleX s
Flexão de ombro 8,33 22,62 -20,30 13,67Extensão de ombro 7,00 14,52 -2,30 17,47Abdução de ombro 0,47 28,24 -21,60 22,52Flexão de quadril 7,63 18,78 13,70 19,87
Z _
graus ̂ 15-T1050
-5-10-15-20-25
FO EO AO FQ
■ Experimental □ Controle
Figura 8 - Diferenças nas medidas de flexibilidade entre os grupos. Legenda:FO - Flexão de ombro EO - Extensão de ombro AO - Abdução de ombro FQ - Flexão de quadril
Outro objetivo deste estudo foi verificar se um programa de exercícios físicos
sistemáticos praticado pelas idosas asilados melhoraria a flexibilidade.
Há evidências que ambos os programas de exercícios generalizados e
específicos de atividades físicas em relação ao grau de amplitude articular possam
melhorar a flexibilidade em sujeitos idosos e muito idosos. Além do mais, tais
programas parecem ser mais efetivos que a fisioterapia convencional como recurso
para melhorar a amplitude do movimento articular. Deve ser enfatizado, contudo, que
na presente pesquisa, constatou-se um aumento estatisticamente significativo apenas
na flexibilidade de flexão de ombro, como mostra a tabela 10.
Observando-se a tabela 5 e figura 8, flexibilidade de extensão e abdução de
ombro e flexão de quadril, verificou-se aumento numérico, embora não
significativamente estatístico. No grupo controle os valores numéricos das diferenças
nas medidas entre o pré- e pós-teste de flexibilidade de ombro diminuíram. Acredita-
se que a prática de exercícios físicos contribuiu para melhorar a flexibilidade
independente da idade e das condições físicas. Roach e Miles (1991) afirmam que
até 74 anos qualquer redução na flexibilidade não é atribuída à idade, embora outros
autores afirmam que haja uma diminuição de 15 a 20% entre as idades de 20 a 60
anos na flexibilidade de ombro. Nadeau e Perronet (1985), pesquisando idosas com
média de idade de 65 anos, constataram redução de 10% por década na flexibilidade
de abdução de ombro.
Outra pesquisa apresentada por Badley e Wood (1982), utilizando o mesmo
instrumento da presente pesquisa para avaliação da flexibilidade (flexômetro de
Leighton), demonstrou influência negativa, com o envelhecimento, pela perda da
flexibilidade de abdução de ombro para realizar as atividades da vida diária. Os
referidos autores relatam que para tomar banho há necessidade de abduzir o ombro
em 170°, 130° para lavar as costas, 60° para vestir calças e meias e 40° para usar o
toalete. Neste trabalho de dissertação, observou-se que os grupos avaliados no asilo
56
estão abaixo do nível mínimo constatado pelos autores (tabela 3) para que haja
melhor eficiência na realização das tarefas prescritas pela pesquisa. No final do
programa de exercícios físicos sistemáticos o grupo experimental que está sendo
estudado, apresentou média de abdução de ombro em 128°, enquanto para o grupo
controle a média foi de 113°. Na pesquisa apresentada pelos autores Badley e Wood,
utilizando-se 894 pessoas, foram encontrados escores de 124° (±19°) para mulheres
e 129° (±14°) para homens, menores que os encontrados nos 27 idosos asilados do
SEOVE.
Quando observam-se as tabelas propostas por Leighton (1987) (anexo 6)
evidencia-se que as idosas do asilo SEOVE estão com a flexibilidade baixa, embora
este autor não tenha trabalhado com idosas e sim com a população adulta,
dificultando esta mevidência.
Em relação à flexibilidade de flexão do quadril pode-se observar na tabela 5 e
figura 8 que ambos os grupos, experimental e controle, aumentaram os graus
numericamente, não sendo estatisticamente significativo este aumento. Acredita-se
que o aumento no grupo controle deve-se ao maior número de caminhadas realizadas
pelo grupo controle quando não se estava presente no local. Pelo que parece o
programa de exercícios físicos proposto na instituição atingiu também o grupo
controle, como afirmou uma funcionária: “e l a s e s t ã o c a m i n h a n d o b e m m a i s q u e
a n t e s ” , sendo provavelmente a causa do aumento da flexão de quadril.
Resultados positivos também foram obtidos por Voorips et al. (1993). Eles
estudaram idosos com média de idade de 71,5 anos e encontraram associação entre
as atividades físicas habituais e flexibilidade do quadril e coluna vertebral. No entanto,
não está claro se a atividade física aumentou a flexibilidade ou se a flexibilidade
permitiu um envolvimento contínuo na atividade física. Já por exemplo, Mulrow et al.
57
(1994) pesquisaram o impacto de um programa padrão de fisioterapia em 163
residentes em asilos ( n u r s i n g h o m e ) . Os idosos que foram submetidos ao programa
de fisioterapia não mostraram ganhos de flexibilidade quando relacionados àqueles
que receberam apenas visita social. Acredita-se que isso se deve às múltiplas
condições mórbidas destes idosos. O presente estudo pode ser comparado ao de
Voorips et al. (1993), que verificaram ganhos da flexibilidade no grupo estudado.
Rider e Daly (1991) executaram um programa de exercícios específicos de
flexibilidade, avaliando a soma da flexão e extensão do quadril após 10 semanas de
tratamento. Os indivíduos do grupo experimental mostraram vantagens significativas
sobre o grupo controle, que recebem formas mais generalizadas de exercícios.
Nesta pesquisa trabalhou-se o programa de forma geral e houve aumento na
flexibilidade de quadril em 10%. Outro caso de aumento da flexibilidade foi descrito
por Mc Murdo e Rennie (1993). Estes autores descobriram que pessoas com 87
anos, quando submetidas a exercícios com música, apresentaram ganhos
significativos na flexibilidade da coluna. No mesmo estudo a mobilidade do joelho não
modificou-se significativamente.
Outros autores têm testado os benefícios de exercícios específicos no grau de
movimentação. Hopkins et al. (1990) encontraram 9% de ganhos na movimentação
da coluna nos escores do teste “sentar e alcançar” relacionados ao grupo controle.
Rider e Daly (1991) pesquisaram mulheres com média de idade de 72 anos
executando 4 exercícios específicos de mobilidade da coluna durante 10 semanas; os
escores delas no teste “sentar e alcançar” melhoraram em 14,8% comparadas com
os 2,3% de piora no controle.
Minser et al. (1992) pesquisaram um grupo de 12 mulheres participando de
exercícios de flexibilidade e exercícios aquáticos durante 5 anos; as medidas foram
58
59
realizadas com o flexômetro de Leighton e mostraram aumento significativo no grau
de flexibilidade em todas as articulações exceto no ombro.
A tabela 6 mostra os resultados do teste de equilíbrio do grupo experimental e
grupo controle.
Tabela 6
Diferenças e desvio padrão das medidas de equilíbrio dos grupos entre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE, de abril a outubro/98.
equilíbrio
Figura 9 - Diferenças das medidas de equilíbrio entre os grupos.
Verificando se o programa de exercícios físicos sistemáticos executado pelos
idosos asilados melhorou o equilibrio, podemos observar na tabela 6 e na figura 9
que houve redução no tempo para realizar o teste de equilíbrio, embora não tenha
sido estatisticamente significativa como mostra a tabela 10. Este aumento númerico
provavelmente se deve ao programa executado no asilo, principalmente a caminhada,
à qual houve grande adesão das idosas (dificilmente faltavam e sentiam-se
motivadas para realizá-la). Ela trouxe resultados positivos na melhora do equilíbrio,
que é primordial para diminuir a incidência de quedas entre os idosos.
Yan (1998) avaliou 38 idosos asilados com idade entre 76 a 89 anos. Eles
escolhiam entre duas atividades propostas: Tai Chi (n=28) e atividades locomotoras
(caminhadas ou jogging n=10). Os resultados apresentados mostraram que houve
melhora mais acentuada no equilíbrio dinâmico com a prática de Tai Chi do que com
a prática de atividades locomotoras.
O estudo da variável equilíbrio é muito importante na prevenção no número de
quedas, que na grande maioria ocorre por falta de equilíbrio. Como citam Carvalhaes
et al. (1998), os idosos institucionalizados são mais frágeis e mais doentes e correm
mais risco de cair. E as quedas são ocasionadas pelos distúrbios da marcha e do
equilíbrio, fraqueza, tontura e confusão mental. Nos asilos pesquisados, 26% tiveram
como causas da queda fraqueza muscular e problemas de marcha e equilíbrio.
Continuam os autores que a associação de doenças crônicas cria condições
favoráveis ao aumento da vulnerabilidade, deixando o equilíbrio estático e dinâmico
mais precário e trazendo modificações posturais que contribuem para as quedas.
As quedas predizem probabilidade de dependência ou comprometimento físico
e funcional. Como fatores intrínsecos que se correlacionam fortemente com quedas
temos: idàde avançada (+ 80 anos), sexo feminino, imobilidade, equilíbrio diminuído,
60
marcha lenta com passos curtos, baixa aptidão física, fraqueza muscular de pernas e
braços. Ainda o uso de sedativos, ansiolíticos, hipnóticos e o exagero em geral de
polifarmácia, além do sofrimento de doenças como Parkinson (Carvalhaes et al.,
1998; Cho & Kamen, 1998). Todos os itens citados são fortemente evidenciados nos
asilos.
Exercícios físicos como a ginástica e o bom condicionamento físico diminuem
o risco de quedas por apresentarem impacto positivo sobre os fatores de risco, bem
como manutenção da postura ereta e da estabilidade de ficar em pé (Carvalhaes et
al., 1998).
No asilo estudado, durante a pesquisa aconteceram 14 quedas, sendo 8 no
grupo experimental e 6 no grupo controle. Entre elas, 8 idosas que caíram não sabem
explicar como aconteceu, acredita-se que tenha sido pelos problemas citados
anteriormente, e 6 caíram por empurrão das colegas. Duas idosas que caíram
sofreram fraturas e continuam se recuperando, deixando de fazer parte do presente
estudo.
Há incentivo da WHO (1998) para que os idosos se mantenham ativos,
ingressando em grupos de exercícios físicos para diminuir a incidência de quedas e
doenças, reduzindo assim os gastos com problemas de saúde.
Serão apresentados os resultados da resistência nas tabelas 8 e 9 de forma
descritiva, pois para o tratamento estatístico será utilizada a velocidade (distância
dividida pelo tempo). A resistência foi mensurada utilizando o teste proposto por
Osness et al. (1990) para idosas do grupo experimental e controle no pré- e pós-
teste.
Apenas 4 idosas do grupo experimental e 3 do grupo controle conseguiram
completar o teste proposto.
61
Tabela 7
Média e desvio padrão das medidas de resistência, tempo dos grupos entre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE, de abril a outubro/98.
variáveis. grupoexperimental n-04 controle n=03
f - , 1 pré-teste pós-teste pré-teste pós-testeX s x s x s x s
tempo 17,86 1,04 12,99 1,7 20,15 2,91 14,63 5,37
Observando-se a tabela 7, constatou-se diminuição númerica no tempo para
realizar o teste de resistência proposto por Osness et al. (1990) para o grupo
experimental e para o grupo controle.
Para as idosas que não conseguiram concluir o teste de resistência, foram
anotados a distância em que conseguiram realizar e o tempo que foi gasto para o
mesmo.
Tabela 8
Média e desvio padrão das medidas do teste de resistência, tempo e distância dos grupos entre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE, de abril a outubro/98.
Variáveis
tempodistância
grupoexperimental n=11
pré-teste pós-testex s x s
5,16 2,83 8,3 4,15 180 146,21 397,27 245.11
controle n=09 pré-teste pós-testex s "x s
4,7 4,38 3,69 2,15 189 238,17 114,44 98,50
Pode-se observar na tabela 8 que o tempo e a distância no grupo experimental
aumentou em 60%, e 120%, respectivamente. Indicando um ganho real na distância
percorrida por estes idosos. No grupo controle, o tempo diminuiu em 21% e a
distância em 39%, apresentando a queda de resistência aeróbica deste grupo.
Acredita-se que o programa proposto trouxe benefícios na distância percorrida
melhorando a resistência no grupo experimental, como já observado por diversos
estudos (Berg & Lapp, 1998; Pohl & Winstein, 1998; Skinner, 1991; WHO, 1998).
Na tabela 9, serão apresentadas as diferenças na variável velocidade nos
grupos experimental e controle, utilizando-se o teste de resistência para seu calculo
(distância dividido pelo tempo-d/t).
163
Tabela 9
Diferenças e desvio padrão das medidas de velocidade dos grupos entre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE, de abril a outubro/98.
Variável grupoexperimental ¡ P lp llll controle
x" s I I 818118 X sVelocidade (m/seg) 12,10 8,59 -4,01 23,24
No grupo experimental houve melhora na velocidade da caminhada em m/min
para realizar o teste de resistência, enquanto que no grupo controle os resultados
pioraram. Os resultados não foram estatisticamente significativos, confome mostra a
tabela 10.
A caminhada é muito enfatizada nos programas de exercícios físicos para
idosos pelos benefícios que ela proporciona, principalmente em nível
cardiorrespiratório e força muscular, além de poder ser realizada pela maioria dos
idosos, mesmo que debilitados, por ser um movimento natural do ser humano, como
é o caso deste estudo em que as idosas são extremamente velhas e debilitadas.
Berg e Lapp (1998) afirmam que a velocidade da caminhada diminui com a
idade, os passos são mais lentos e há maior declínio nos ganhos de velocidade.
Continuam eles, afirmando que a mobilidade está associada a ganhos de velocidade,
que por sua vez está associada à diminuição na incidência de quedas. Este achado
corrobora o presente estudo, em que as idosas melhoraram a velocidade,
aumentando a distância ou diminuindo o tempo para realização do teste.
Coggan at al. (1992) pesquisaram pessoas de 64 anos que se exercitavam
com exercícios de caminhada a 80% da frequência cardíaca máxima (neste trabalho
a FC foi trabalhada em torno de 60% da FC máx.) por 45 min, 4 vezes na semana,
com duração de 9 a 12 meses. Houve aumento de 11% nas fibras do tipo II, bem
como aumento na secção transversa das fibras, e a densidade capilar aumentou
20%. Estudos longitudinais (Brown & Rose, 1985) de programas aeróbicos
envolvendo o teste da milha (1.609 m) têm mostrado benefícios semelhantes.
Os ganhos observados com a performance muscular (resistência) reflete
fatores como melhora na coordenção e na ativação neural (Moritani & Uries, 1980).
Um programa de treinamento adequado pode ainda reverter a atrofia muscular e
induzir a ganhos de tecido da massa magra (Brown & Rose, 1985; Fiatarone et al.,
1990).
O mesmo ocorreu nâ presente pesquisa, em que participaram idosas de 60 a
89 anos. Todas caminharam, aumentando progressivamente a distância percorrida
durante as aulas. No pré-teste em relação ao pó-teste houve aumento na velocidade
em 24%. Um resultado também interessante foi obtido por Fiatarone et al (1990):
pesquisando um grupo de idosos de um asilo com idade entre 72 a 98 anos de idade,
conseguiram obter 94% de adesão a um programa de 10 semanas de treinamento de
resistência progressiva; foi fornecido também um suplemento nutricional. A força
'I64
muscular local aumentou 113% no grupo exercitado; além disso, houve ganhos
associados em medidas menos específicos como na velocidade de caminhada
(11,8%) e no poder de subir escadas (18,4%). No entanto, na área da secção
transversa dos músculos da coxa, houve apenas aumento de 2,7%. Assim, há boa
evidência que mesmo na velhice extrema possa-se aplicar programas de exercícios
de resistência. Bassey et al. (1988) constataram em um trabalho utilizando a
caminhada uma forte correlação entre a força e a velocidade da caminhada.
Um resultado importante foi obtido observando-se as passadas das idosas.
Pode-se observar que as idosas no final do trabalho estavam mais seguras em
relação às suas passadas, percorrendo maior distância, mais rápidas, saindo da
instituição para observar a natureza, enfim caminhando muito mais. Disse uma idosa:
“eu nunca tinha passado aqui” ; esta idosa está há 5 anos no local e pela sua fala,
nunca tinha saído da instituição além de 100 metros da mesma.
Atualmente os exercícios físicos são parte da vida das idosas, que esperam
ansiosas e preparadas para mais uma sessão de exercícios. Uma palavra que no
início do estudo (fase de observação) nunca tinha sido escutada é constante
atualmente, “felicidade”. As idosas se expressam com frequência: “estou feliz hoje,
porque vocês vieram aqui”, mostrando as diferenças que acabaram surgindo na
instituição asilar estudada.
Análise Estatística
Para analisar os resultados da aptidão física nos dois grupos, experimental e
controle, realizou-se a análise da função discriminante, resultando em Lambda de
Wilks’ de 0.30, F =3.06 e estatisticamente significativo o p < 0.03. Portanto, há uma
discriminação entre os grupos, mostrando que após o programa de exercícios físicos
66
o grupo experimental encontrou-se com melhor aptidão física. Os fatores que mais
contribuíram para a discriminação foram a flexibilidade de flexão de ombro e a força
de quadriceps.
A tabela 10 mostra os resultados da análise discriminante e a tabela 11
classifica os idosos.
Tabela 10
Análise Discriminante da Aptidão Física das idosas asiladas da SEOVE, de abril a outubro/98.
Flexão de ombro (graus) Extensão de ombro (graus)
' Abduçãofde ombro (graus)■ Flexão de quadril (graus) Preensãd manual D (Kgf) Preensão manual E (Kgf)
; Força de bíceps (Kgf); ’ Força de quadriceps (Kgf)
^ Veíocidade (m/min)" \ „ " Equilíbrio (seg)_____
Wilks’ Lambda0,54 10,75 0,005*0,31 0,75 0,4010,30 0,27 0,6090,30 0,07 0,7880,32 0,78 0,3920,36 2,69 0,1240,31 0,54 0,4740,43 6,03 0,028*0,30 0,01 0,9140,30 0,12 0,736
*p < 0.05
Tabela 11
Classificação dos idosos asiladas da SEOVE, de abril a outubro/98 quanto à análise discriminante.
; grupo observado - ̂ a grtipp. preditoí 1 ' * » \ r ', . 1 experimental
controle
experimental150
controle012
Na tabela 11 pode-se observar que na análise da função discriminante da
aptidão física houve a classificação dos idosos com 100% de acerto: todos os idosos
67
do grupo experimental com relação as medidas de aptidão física foram classificados
como experimental e os do grupo controle como controle. Apresentando que no início
do trabalho os idosos estatisticamente quanto à aptidão física, eram iguais e no final
do programa de exercícios físicos sistemáticos ficaram diferentes.
A tabela 12 apresenta a análise do desempenho das atividades da vida diária.
Tabela 12
Médias e desvio padrão dos pontos obtidos no desempenho das atividades da vida diária dos grupos entre o pré- e pós-teste de idosas asiladas da SEOVE, de abril a outubro/98.
Variável V:Q grupo experimental : grupo.controle .’ Pré- Pós- , _Pré- „ . , _Pós-
\ X s X s X s X s> r N°* Pontos i 12,26 2,01 12,6 2,06 10,54 2,62 10,63 2,87
Com o objetivo de verificar os efeitos da implementação de um programa de
exercícios físicos sitemáticos em idosos institucionalizados no desempenho das
atividades da vida diária, utilizou-se a análise descritiva.
Analisando a tabela 12 e considerando a escala de 0 (dependência total) a 14
(independência total) para realizar as atividades da vida diária, como higiene pessoal
(tomar banho, vestir-se, pentear-se), controle das necessidades fisiológicas,
alimentação e locomoção, o grupo experimental apresentou média inicial de pontos
12.26±2.01 e o grupo controle de 10.09±2.38. Pela tabela 12, observa-se que ambos
os grupos não são totalmente independentes (soma de pontos =14). Após o
programa de exercícios físicos sistemáticos durante 5 meses, os grupos continuaram
no mesmo nível, o grupo experimental com escalas de 12.6+2.06 e grupo controle de
10.63±2.87.
Nas apresentações acima, pode-se observar que não houve correlação entre
as AVDs e a aptidão física trabalhada. Acredita-se que o ocorrido, seja devido a
estrutura da instituição onde os funcionários estão com as rotinas pré-estabelecidas,
e os idosos apenas realizam esta rotina.
A rotina pré-estabelecida na instituição consiste:
6h: banho e café;
8h: arrumação das camas;
9h 30min.: lanche da manhã;
11 h: almoço;
12h: descanço ou sesta;
14h: lanche da tarde;
17h: jantar e troca de roupa para dormirem;
O banho é executado pelas funcionárias, que banham 78% das idosas
residentes, sendo que muitas, pelas observações realizadas, teriam condições de
tomarem banho sozinhas sem nenhuma ajuda, com certeza de forma mais demorada.
O mesmo acontece no vestir e pentear, em que outra funcionária realiza a tarefa. A
“atividade” banho termina às 9h 30min. Apenas 6 idosas tomam banho sozinhas. As
roupas sujas são levadas para a lavanderia e lavadas por funcionárias, uma idosa
ajuda nesta tarefa. Apenas duas idosas lavam suas próprias roupas, apesar de a
instituição oferecer tanque e sabão para que quem quiser ou puder lavar suas
roupas.
As camas são arrumadas por uma outra senhora idosa, sendo que 10 idosas
arrumam suas camas sozinhas.
68
No lanche são servidas frutas, preparadas por uma idosa do asilo, que
descasca e pica as mesmas, oferecendo às idosas nos diferentes locais da
instituição. As idosas nem descascam e nem se levantam do local para pegar o
lanche, algumas inclusive, recebem o lanche na boca.
Uma idosa ajuda a varrer a instituição. Nenhuma idosa ajuda na cozinha no
preparo do almoço.
Depois do lanche as idosas possuem diferentes hábitos, algumas ficam
quietas, fumando, assistindo televisão, escutando rádio, outras falam sozinhas, duas
têm o hábito de caminhar e observar as plantas. E neste momento do dia, três vezes
por semana, que o grupo experimental realizava os exercícios físicos propostos. O
grupo controle continuava com os hábitos anteriormente descritos. Com alguma
exceção, as idosas do grupo controle observavam o grupo experimental realizando os
exercícios físicos.
No almoço as refeições são servidas nos pratos, inclusive a carne é cortada
para que a idosa não tenha este “trabalho”, embora muitas não possuam condições
de realizar tal tarefa. Neste momento, percebe-se que algumas idosas recebem
alimentação na boca, inclusive passado no liquidificador, por problemas dentários,
falta de visão, dificuldade em conseguir se alimentar. Em seguida, todas sem
exceção, descansam.
No lanche da tarde o café é servido em xícaras, e o pão é previamente
preparado.
Em seguida todas sentam-se pelos cantos da instituição. Este horário é muito
triste observa-se o sedentarismo e a passividade, cada vez mais presente.
Raramente este ciima é quebrado por visitas ou orações.
69
Apenas três idosas realizam trabalhos manuais (crochê, colcha de retalhos e
sacolas), as restantes ficam olhando o tempo passar, algumas com visões de
familiares, amigos, outras choram, outras falam sozinhas, reclamam, querem morrer,
as doenças se acentuam, mas enfim... a tarde passa, como se o único objetivo de
vida fossem as refeições.
No jantar como sempre, os pratos são prontos sem exigir esforço de ninguém;
elas comem e em seguida começam a colocam seus pijamas ou camisolas e estão
prontas para mais uma noite que ninguém sabe como será.
Desta forma é muito difícil os exercícios físicos aplicados na instituição
apresentarem alguma interferência na rotina citada acima. Esta é preestabelecida, e
seria muito difícil modificar os hábitos tão consolidados no local, não apenas .das
idosas, mas da instituição como um todo. Com certeza esta mudança traria mais
trabalho para as funcionárias do local, na limpeza de comidas derramadas, bem como
demora no banho, no vestir-se; é mais prático “fazer” do que deixar-lás tentar realizar
estas tarefas.
A direção e funcionários da instituição nos afirmam que sentiram mudanças
nas idosas com relação à aceitação de determinadas tarefas, como exemplo, na
alimentação: “não gosto desta fruta, eu quero outra”, bem como ajudar a se vestir
dizendo “pode deixar que eu consigo me pentear sozinha” ou "eu sei me vestir1’, “eu
sei chupar laranja”, sendo que antes pareciam mais passíveis na aceitação em
relação à prestação de serviços das funcionárias. Todas as funcionárias foram
unânimes em dizer que as idosas estão mais felizes e mais ágeis. Com certeza são
modificações importantes que aconteceram com as idosas em relação ao ambiente
tão aceito até o momento pelas mesmas, mas não foram suficientes para haver
modificações em nível de teste de AVDs aplicado.
70
71
A questão da dependência nas instituições asilares é verificada em quase
todas as instituições do país em que realizaram-se trabalhos. Born e Abreu (1996),
Debret, (1997), Rezende et al. (1998) puderam observar que os idosos
institucionalizados na grande maioria são semi-dependentes. Há necessidade de
investir na qualificação dos funcionários, reciclando-os permanentemente, diminuir a
rotatividade dos mesmos, aumentar os salários, bem como trabalhar com equipes
multidisciplinares, formando um grupo coeso e pronto para atender os diferentes
problemas que surgem com idosos no dia-a-dia, desde a trocas de fraldas até “saber
escutar o idoso”, consolando-os nas diferentes situações apresentadas nas
instituições. Mas isto será possível com as verbas destinadas às instituições?
Costa (1983) observou em uma instituição a inexpressiva vida sócio-cultural,
pois as atividades se limitavam a assistir televisão, ouvir rádio, jogar dominó, dama,
bingo e comemorar os aniversários do mês, promovidos pela instituição, bem como
algumas oficinas de artesanato. A maioria ficava isolada, permanecendo sentadas
nos bancos, fumando muito e sem conversar com outras pessoas. Afirma a autora:
’’Observa-se no abrigo, idosos parados, isolados, tristes, passivos, dependentes física e emocionalmente, sem capacidade de decisão, insatisfeitos com o tipo de vida que levam, sem opção de atividades e sem objetivo de vida, a não ser esperar a morte chegar1’ (p.89).
Outro aspecto levantado pela autora é que 54% dos idosos institucionalizados
têm dificuldades quanto a locomoção e precisam de ajuda para o cuidado pessoal, e
apenas 30% conseguem realizar todas as atividades do dia-a-dia. Neste estudo pelo
teste de AVDs, 44% ficaram classificadas como independentes (14 pontos). Embora
digam ter condições, não utilizam esta independência. Como exemplo tem-se a tarefa
“banho”, que apenas 6 realizam (22%).
Pode-se observar no trabalho realizado por Gersten et al. (1970) a relação
existente entre a força muscular e o grau de movimentação articular com as AVDs em
idosos asilados.
Avlund et al. (1994) e Era et al. (1994), têm demonstrado associação entre a
atividade funcional dos idosos e a força muscular.
Programas tradicionais de exercícios físicos que trabalham a aptidão física
como treinamento não produzem melhora em medidas funcionais. A performance
funcional requer a integração de múltiplas articulações e vários grupos musculares no
trabalho (Cress et al., 1996).
Apesar de diferentes trabalhos (Gersten, 1970; Paschoal, 1996 b; Sihvonen et
al., 1998; Yan, 1998) citarem modificações nas AVDs com a prática de exercícios
físicos, não foram encontradas estas diferenças apresentadas, provavelmente pela
característica do grupo: ser asilado.
A WHO (1998) coloca a importância de se manter um estilo de vida ativo para
diminuir os riscos de doenças e continuar mais tempo independente.
Diferentes gerontólogos afirmam que “todos querem viver muito, mas ninguém
quer envelhecer”, porque o envelhecimento está ligado diretamente com perdas bio-
psico-sociais que irão comprometer as atividades funcionais. Essas perdas fazem
com que se necessite de ajuda parcial ou total para realizar as atividades da vida
diária e estão na maioria das vezes, ligadas à problemas de saúde. Santana (1998),
em uma pesquisa recente, afirma que os idosos temem mais a dependência de um
funcionário, perdas da fala, do andar e controle dos esfíncteres do que a morte.
Ramos et al. (1993), analisando a população de três bairros da cidade de São
Paulo, mostrou que, conforme se envelhece, existe maior necessidade de ajuda para
realizar as atividades da vida diária. Estes idosos viviam em seus lares, sabe-se que
72
73
em asilos o grau de dependência é maior, sendo muitas vezes a causa de internação
do idoso na instituição. Bom e Abreu (1996) apresentam dados que mais de 50% dos
idosos residentes nas instituições são semi-dependentes ou dependentes. A
dependência em asilos, segundo Rezende et al. (1998), é um problema crescente nas
instituições asilares.
Outra pesquisa (Jordão Netto et al., 1993) realizada entre 1989 e 1992 nas
sedes das regiões metropolitanas do Brasil e na capital federal, com pessoas acima
de 60 anos, mostrou que a relação dependência/autonomia possui baixos níveis de
dependência. Os autores alertam que o aspecto preventivo deve ser trabalhado com
esta população devido ao alto índice de idosos com dificuldades em subir e descer
escadas. Saem de casa apenas se estiverem acompanhados. Exigindo da
comunidade maior apoio para realizar programas de suporte ou de prevenção,
evitando-se o aumento do índice de idosos dependentes.
O grande problema das instituições asilares são os idosos dependentes que
precisam de cuidados permanentes dos funcionários, que por sua vez possuem
formação precária em atendimento a idosos. Há necessidade de preparar os
funcionários antes de entrar neste mercado de trabalho, para que os idosos possam
receber os cuidados necessários e possuir uma vida mais digna.
Se observarmos o plano integrado de ação governamental para o
desenvolvimento da Política Nacional do Idoso, quanto ao atendimento asilar o
Ministério da Saúde - Brasil, tem por objetivos:
“Difusão de informações necessárias à preservação da saúde, prevenção e recuperação de incapacidade; orientar a pessoa idosa visando prepará-la a exercer o auto-cuidado; preparo de agentes envolvidos com atendimento às pessoas idosas, para prestarem cuidados específicos a estas; formação de grupos de auto-ajuda; capacitação de recursos humanos; estabelecimento de normas básicas de funcionamento de asilos e fiscalização sanitária.(p. 22)”
74
Pela portaria n° 810 de 22 de setembro de 1989, ficam aprovadas os padrões
mínimos para funcionamento de casas de repouso, clinicas geriátricas e outras
instituições de atendimento ao idoso, acrescidas de alguns itens em nível estadual
(anexo 9).
Conforme os objetivos previstos na legislação citada, o governo deveria
investir permanentemente nas instituições asilares, mas sabe-se que isto não ocorre.
O asilo possui normas de funcionamento básico conforme a legislação. A
grande maioria das insituições filantrópicas da Grande Florianópolis estão fora do
padrão recomendado por esta portaria, não sendo tomada nenhuma providência para
que as instituições possam se adequar às normas. Também não é tomada nehuma
providência, pela vigilância sanitária, no fechamento destas instituições, deixando a
lei de lado.
As instituições não devem manter pessoas doentes nos estabelecimentos,
segundo os estatutos. Então, se asilo é substituto de idosos sem família, onde serão
abrigados os idosos doentes ou que adoecem nos asilos? E assim sucessivamente:
as leis que existem não são cumpridas ou não são suficientes para acolher todas as
questões sociais que envolvem os idosos.
A seguir serão apresentados os dados referentes à análise da auto-imagem e
auto-estima do grupo experimental e controle.
No que diz respeito ao objetivo de verificar os efeitos da implementação de um
programa de exercício físico em idosos institucionalizados sobre a auto-imagem/auto-
estima, aplicou-se o teste de correlação de “Pearson” entre as diferenças do pós e
pré-teste em ambos grupos.
A correlação linear de Pearson indicou o r=0.48, e o p=0.031 sendo
estatisticamente significativo. Portanto há correlação positiva moderada entre a
diferença do pós- menos o pré-teste da auto-estima e auto-imagem em ambos os
grupos. Observa-se na figura 10 que os idosos do grupo experimental mostram
melhora mais acentuada na auto-estima e auto-imagem que o grupo controle.
75
12
E<¡>O)CU£»o3<4>■o&c£
-4
-8
-12
-16
-20 -30
1;0
1 1
1O
0 1o
1
2
2 O O 1
O
O 1 0
2O
O! 2
o
2O
° :
;o
-20 -10 0 10 . 20 Diferença de Auto-Estima
30 40 50
Legenda: 1 - grupo experimental 2 - grupo controle
Figura 10 - Correlação entre auto-imagem e auto-estima dos grupos
Acredita-se que a correlação apresentada no grupo experimental se deva a
prática de exercícios físicos aplicados na instituição durante 5 meses, onde trabalhou-
se diferentes elementos da aptidão física, que devem ter influenciado na melhora da
auto-imagem e auto-estima.
Desde que começou o trabalho na instituição, observaram-se modificações nas
imagens das idosas da instituição: melhoraras na sua imagem corporal através de
roupas mais coloridas, uso de variadas e coloridas bijouterias, rábicos no cabelo,
modificações no corte do cabelo, uso de batom, utilização de perfumes entre outros.
Ao elogiá-las sobre estas modificações, observou-se que ficavam muito felizes. No
entanto, com muitas idosas aconteceu o contrário, sempre reclamando de doenças,
que não sentiam-se bem, realmente a degradação aconteceu muito mais rápido
nestas idosas; atualmente nem saíam mais da cama, deixando inclusive de fazer
parte deste trabalho. Observou-se que as idosas que faziam parte do grupo
experimental realmente eram as que começaram a modificar sua aparência física.
A auto-imagem, segundo Davis (1997), Fox (1997), Mosquera (1983) depende
do peso corporal, das habilidades, roupas, cabelos, bem como da integração e
harmonia do “eu”.
Diversos estudos (Fox, 1997; Mosquera, 1983; Mutrie, 1997; Scherrill, 1997;
Schilder, 1981) afirmam que com o processo de envelhecimento e sedentarismo, há
baixa na auto-estima e conseqüentemente na auto-imagem, sendo que segundo
Mosquera (1983) e Mutrie (1997) os exercícios físicos e desportivos são fatores de
restauração da saúde e promovem maior equilíbrio nesta etapa da vida, trazendo
maior integração e independência.
Segundo Fox (1997), a auto-estima tem sido desenvolvida positivamente com
a intervenção de programas de exercícios físicos e esportes, tendo resultados
inéditos na qualidade de vida e bem-estar mental. A auto-estima está correlacionada
diretamente à auto-imagem.
Segundo Carvalho (1996) a participação em grupos de ginástica traz
sentimentos positivos em relação ao próprio corpo, níveis mais altos de auto-estima e
também “competições saudáveis” gerada dentro dos próprios grupos.
Muitos autores (Debret, 1997; Jordão Netto, 1997; Papaléo Netto & Borgonovi,
1996) têm identificado a fase de pós-trabalho ou “inativos” como a morte social, e as
idosas passam a ficar reclusas e isoladas. Nas instituições asilares esta fase é mais
complicada, sendo que os idosos possuem apenas a aposentadoria da previdência.
Além da morte social, sentem-se inúteis, abandonados pela família, quando esta
existe, e freqüentemente apresentam quadros depressivos, diminuindo drasticamente
sua auto-estima. Para que se possa resgatar a auto-estima e recuperar a auto-
imagem é necessário retomar a cidadania, participando de grupos de discussão,
trabalho voluntário, atividades físicas de maneira geral, fazendo-os sentirem-se úteis
para a sociedade e ocupando seu tempo livre. No asilo fica muito difícil, a
participação dos idosos em grupos é inexistente porque grande parte deles não sai da
instituição de maneira nenhuma, como diz uma idosa “eu nunca saí daqui nem para ir
no médico, eu não gosto”, dificultando mais o resgate da auto-estima; pequenas falas
ou carinhos de terceiros são muito importantes e gratificantes para elas. A auto
estima positiva indica bem-estar, saúde mental e ajustamento emocional, implicando
diretamente em satisfação com a vida.
Gaya (1985), pesquisando grupos de cardiópatas praticantes e não praticantes
de exercícios físicos, em relação à auto-imagem, aplicou o mesmo questionário
utilizado neste estudo e verificou melhora significativa nos cardiópatas praticantes de
exercícios físicos; o mesmo não ocorreu com os indivíduos que não eram
cardiópatas, concluindo que a pratica de exercícios físicos resgatou a auto-imagem
perdida por eles com a doença. Com as afirmações de Gaya (1985), pode-se
77
evidenciar que o grupo de cardiópatas possui características semelhantes com o
grupo estudado, idosos asilados, pela presença de doenças que, segundo Fox
(1997), é um fator agravante muito importante para auto-imagem negativa.
Schilder (1981) afirma que a imagem corporal é tanto imagem mental quanto
percepção; se a percepção do corpo é positiva a auto-imagem será positiva, e se há
satisfação com a imagem de seu corpo, a auto-estima será melhor. O autor afirma
que podemos modificar a imagem do corpo através de todo tipo de ginástica,
mudando o modelo postural do corpo. Este modelo é modificado a cada momento em
que é realizado movimento, por isto os movimentos físicos agem de forma positiva,
pois utilizam reflexos posturais que não estão inteiramente em nossa consciência. A
dança e a ginástica são consideradas métodos para transformar a imagem corporal e
diminuir a rigidez de sua forma.
Os movimentos estão ligados ao esporte e ao exercício, criando estratégias de
auto-representação com modificações constantes na auto-aparência. Embora os
movimentos sejam questões culturais, a auto-estima e auto-imagem também são
diferentes nos povos (Davis, 1997).
Por meio da dança e da ginástica, Schilder (1981) afirma que há sequência
nos estados de tensão e relaxamento. A tensão se associa à sensação de dispor
energia, e o relaxamento se liga à perda de energia, com sensação de peso nas
diferentes partes do corpo. Estas atitudes corporais se conectam à atitude psíquica,
que se liga com diferentes estados musculares, modificando a postura corporal que
irá se refletir na auto-imagem.
Os idosos asilados, pelo fato de serem abandonados pela família ou não
possuírem mais familiares com quem possam viver, encontram dificuldades em
manter a aparência que gostariam, pelas dificuldades físicas e distúrbios mentais, ou
78
simplesmente por não possuírem recursos econômicos para adquirirem materiais
para manutenção de uma boa aparência.
Stleghich (1978), ao verificar a auto-imagem e auto-estima nos idosos acima
de 65 anos, não aposentados, aposentados ativos e aposentados inativos, em seu
estudo concluiu: os aposentados inativos possuem auto-imagem e auto-estima
significativamente mais baixas que os idosos não aposentados e aposentados ativos,
sendo que entre esses não houve diferença significativa entre a auto-imagem e auto
estima. O aspecto em que mais se pode notar estas diferenças é o aspecto
emocional, principalmente o sub-item felicidade pessoal.
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CAPÍTULO V
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Conclusões
Concluindo o presente estudo, pode-se afirmar que a proposta do programa de
exercícios físicos aplicado na instituição asilar estudada, com relação a aptidão física,
proporcionou pequenas melhoras em praticamente todas as variáveis analisadas,
havendo discriminação entre grupo experimental e grupo controle. A auto-imagem e a
auto-estima mostraram correlação positiva no grupo experimental (r=0.48, p=0.031).
Quanto à aptidão física, o programa proposto de exercícios físicos com relação
à força de preensão manual direita e esquerda e força de bíceps não apresentou
alteração significativa.
Em relação à força de quadriceps, o programa foi significativo (p< 0,028)
evidenciando o valor da caminhada proposta nas sessões. Todas as idosas
demonstraram habilidade para executá-la por ser um movimento natural. A força de
quadriceps aumentou no grupo experimental e no grupo controle, sendo que no
primeiro o aumento foi maior.
A flexibilidade mensurada nas idosas, a flexão de ombro, foi significativa
estatisticamente, havendo aumento positivo desta variável no grupo experimental. As
medidas restantes de flexibilidade melhoraram, porém em menor proporção.
As idosas do grupo experimental ficaram mais rápidas, adquirindo mais
segurança nas passadas e, como conseqüência, melhor resistência aeróbica.
O equilíbrio também melhorou com a prática de exercícios físicos, sendo que o
teste foi realizado em menor tempo pelas idosas do grupo experimental.
O programa de exercícios físicos aplicado na instituição asilar, com relação a
aptidão física, obteve saldo positivo, animando as pessoas a trabalharem com grupos
de idosos asilados. Trata-se de um grupo complexo, mas com habilidade e dedicação
se conseguem excelentes resultados, mesmo com idosas mais velhas e com
debilidades.
As atividades da vida diária, quando correlacionadas com a aptidão física, não
mostram diferenças entre o pré- e pós-teste em ambos os grupos. O questionário
fechado talvez não tenha sido o mais adequado para esta amostra de asiladas. As
rotinas distorcidas da instituição que não abre às reais capacidades das idosas no
desempenho das AVDs e as pequenas mudanças que ocorrem em função do
programa de exercícios físicos, as instituições asilares não apresentem espaço para
mudança.
Em relação à auto-estima e auto-imagem, houve correlação positiva entre o
aumento da auto-imagem e auto-estima, principalmente no grupo experimental, o que
foi atribuído à influência direta do programa aplicado na instituição.
Sobretudo, este estudo apresenta a importância de manter os idosos das
instituições asilares ativos, melhorando principalmente a força de quadriceps e a
flexibilidade de flexão de ombro, trazendo benefícios na auto-imagem e auto-estima,
fazendo-os mais felizes, diminuindo o sedentarismo em que estão impostos.
81
Com o presente estudo, introduziu-se diferentes atividades para as idosas,
modificando-se a rotina proposta pela instituição. No entanto, é como uma semente
que foi plantada e agora precisa ser regada para dar bons frutos.
Recomendações
A conclusão do presente estudo implica em apresentar algumas
recomendações mais relevantes:
• adoção de programas de exercícios físicos nas instituições asilares;
• estudo junto aos idosos do sexo masculino e em instituições particulares;
para verificar se os efeitos se repetem;
• inclusão, no programa, mais intensidade na força de preensão manual e de bíceps;
• estudo do processo de mudanças no desempenho das AVDs em idosos asilados
que participam do programa de exercícios físicos por meio de observação
participante;
• revisão da filosofia e política de trabalho da equipe administrativa e operacional
dos asilos no sentido de resgatar a vida ativa e significativa dos seus residentes;
• estudar os fatores, sobretudo os corporais que contribuem para melhoria da auto
estima e auto-imagem dos idosos institucionalizados;
• Promoção debates que favoreçam a criação e o redirecionamento das políticas e
programas, visando um viver ativo das pessoas idosas até o fim de suas vidas.
82
84
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DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO
A instituição SEOVE (Sociedade Espírita Obreiros da Vida Eterna) aceita, por
livre e espontânea vontade, participar do projeto de Dissertação de Mestrado da Sra
Tânia R. Bertoldo Benedetti.
Acresecento que a intituição têm resguardada total liberdade para:
1) submeter ou não os idosos às técnicas de pesquisa empregadas;
2) expressar-se, interrogar, questionar ou interromper os trabalhos que são
realizados;
3) garantia do anonimato e sigilo absoluto das informações dos idosos,
resguardando-se apenas de utilizar na pesquisa os dados, sem qualquer
tipo de identificação.
Presidente da Instituição
Florianópolis,____de abril de 1998.
98
ESCALA DE ATIVIDADES FÍSICAS DA VIDA DIÁRIA DE “OARS”
OARS - Older American Resourses and Services Program -Traduzido e adaptado por Gonçalves (Cardoso & Gonçalves, 1995).
Possui duas partes compostas de 7 questões cada uma. A primeira parte refere-se às atividades instrumentais, as que não foram aplicadas neste estudo porque as questões formuladas não condizem com a realidade da instituição. A segunda parte refere-se às atividades físicas desenvolvidas pelos idosos, e foi aplicado na íntegra. Existem três respostas para cada questão, cada uma equivalente a um número de pontos (2 -1- e 0), que será somado no final da entrevista. O teste apresenta uma escala de escores variando de zero a 14; deve ser circulado o número somado no local apropriado. Esta pontuação refere-se subjetivamente ao grau de dependência e independência do indivíduo, sendo que, quanto mais alto os escores, mais independente é o indivíduo e quanto mais baixo os escores, mais dependente é o indivíduo.
Atividades físicas da vida diária (AFVD): (Assinale o número em frente à resposta alternativa que mais se aplica à resposta do paciente).
1. O Sr. (a) toma as refeições?2 - Sem ajuda (capaz de tomar as refeições por si só).1 - Com alguma ajuda (necessita de ajuda, como, por exemplo: cortar carne,
descascar laranja).0 - Ou é incapaz completamente de alimentar-se, pôr si só.
2. O Sr. (a) consegue vestir e tirar as roupas:2 - Sem ajuda (apanhar as roupas e usa-las por si só).1 - Com alguma ajuda.0 - Ou não consegue de modo algum apanhar as roupas e usá-las por si só.
3. O Sr. (a) cuida de sua aparência como pentear-se e barbear-se (para homens):2 - Sem ajuda.1 - Com alguma ajuda.0 - Ou não pode cuidar-se por si só de sua aparência.
4. O Sr. (a) locomove-se:2 - Sem ajuda (exceto com bengala).1 - Com alguma ajuda (de pessoas ou suporte qualquer).0 - Ou é completamente incapaz de locomover-se.
5. O Sr. (a) deita-se e levanta-se da cama:2 - Sem qualquer ajuda ou apoio1 - Com alguma ajuda (de pessoas ou suporte qualquer)0 - Ou o Sr.(a) é totalmente dependente de alguém para levantar-se da cama.
99
6. O Sr. (a) toma banho em banheira ou chuveiro:2 - Sem ajuda1 - Com alguma ajuda ( necessita de ajuda para entrar no banheiro e sair dele,
ou um suporte especial durante o banho).0 - Ou é completamente incapaz de banhar-se por si só.
7. O Sr. (a) já teve problemas em conseguir chegar em tempo ao banheiro?2 - Não1 - Sim0 - Usa sondagem vesical ou colostomia.
Se sim, com freqüência o Sr. (a) se molha ou se borra (seja à noite ou de dia)?1 - Uma ou duas vezes por semana 0 - Três ou mais vezes por semana
Pontuação da Atividade Física da Vida Diária (AFVD)
14 13 12 11 10 09 08 07 06 05 04 03 02 014- ....................................................................................................................................................................................................................
independência----------------------------------------------------- ----------------------------------------------------------------------
Dependência3
( Circule ou destaque a pontuação atingida pelo cliente na escala, somando-se os pontos obtidos em cada um do sete itens)
101
PROTOCOLOS DOS TESTES DE FORÇA
Força de Preensão Manual - (Johnson & Nelson, 1979)
Objetivo: medir a força da mão.Equipamento: dinamómetro manualTeste: o dinamómetro manual é ajustado de acordo com o tipo de mão. Em pé,
braço estendido ao longo do corpo, mãos voltadas para o corpo. O instrumento é zerado e sua escala varia de 0 a 90 quilos. O indivíduo pressiona o aparelho com máxima força.
Resultado: é a máxima preensão exercida pelo indivíduo que será lida no aparelho. É computado o melhor resultado de duas tentativas com repouso de um minuto.
Força de Quadriceps - Extensão da perna (Zaciurskij, citado por Weineck, 1991)
Objetivo: medir a força do músculo quadriceps.Equipamento: dinamómetro manual, adaptado em equipamento específico
para realizar o teste; sua escala varia de 0 aos 90 quilos.Teste: o dinamómetro manual é ajustado no equipamento e este, no tornozelo
do indivíduo. O instrumento é zerado e o indivíduo senta-se em uma cadeira, numa posição confortável.
Posição inicial: sentado em uma cadeira em que a perna faça um ângulo de 90° com a coxa.
Posição do instrumento: instrumento zerado, no tornozelo a ser mensurado (direito).
Movimento: o indivíduo faz movimento de extensão de perna com a máxima força possível, sem movimentar o corpo.
Resultado: é a máxima força exercida pelo movimento de extensão de perna que será lida no aparelho. Foram realizadas duas medidas com intervalo de 1 min. entre elas, adotando-se a mádia das mesmas.
Força de bíceps - Flexão de braço (força de bíceps) (Zaciurskij, citado por Weineck, 1991)
Objetivo: medir a força do músculo bíceps.
102
Equipamento: dinamómetro manual, adaptado em equipamento específico para realizar o teste, sua escala varia de 0 a 90 quilos
Teste: o dinamómetro manual é ajustado no equipamento e este, na mão do indivíduo que realizará o teste.
Posição inicial: sentado em uma cadeira de braços planos. O braço do indivíduo realiza um ângulo de 90° com o antebraço.
Posição do instrumento: instrumento zerado na palma da mão direita em supinação.
Movimento: o indivíduo faz movimento de flexão do braço com a máxima força possível, sem movimentar o corpo e sem sair da posição de 90° entre o braço e antebraço.
Resultado: a máxima força exercida pelo braço que será lida no aparelho. Foram realizadas duas medidas com intervalo de 1 min. entre elas, adotando-se a média das mesmas.
104
TESTE DE RESISTÊNCIA (Osness, W.H.; Adrian M.; Clark, B.; Hoeger, W.; Raab, D & Wiswell, R. -1990).
Objetivo: medir o tempo que o individuo leva para realizar a distância predeterminada
Item testado: caminhada de 800 metros (880 jardas - 1 jard = 91,4 m) Equipamento: cronômetro, fita métrica, montagem.Série: uma única vezPontuação: registrar o tempo em minutos e segundos.Média aproximada: 5min Os até 14min 30sConsiderações especiais: estudar possíveis contra indicações cardiovaculares
e ortopédicas nos indivíduos.
TESTE DE EQUILÍBRIO DINÂMICO E AGILIDADE (Osness, W.H. et a l.-1990)
Objetivo: medir o equilíbrio dinâmico e agilidade em idosos.Equipamento: cadeira com braços, cones, cronometro e fita métrica.• teste foi executado utilizando-se uma cadeira de braços, 2 cones e um
cronômetro. A posição inicial da cadeira foi marcada com o indivíduo sentado, com os pés no chão. Medido o ponto no chão onde os pés serão postos (X), os cones são colocados com a extremidade mais longe a 1,88 para o lado e 1,52 para atrás do ponto inicial (X). Permanecendo estes na diagonal posterior direita e esquerda da cadeira. A área deve ser bem iluminada, o chão plano e não escorregadio. Os sujeitos iniciam sentados, com os pés no chão. Ao sinal, levantam-se da cadeira, seguem para a direita, passando pela parte interna do cone, rodeando o mesmo e retornando à cadeira, sentando-se e levantando os pés do chão. Sem hesitar, o sujeito levanta-se novamente e realiza o mesmo percurso para a esquerda, completando o primeiro circuito.
Série: consiste em dois circuitos completos. Deve-se realizar duas séries com intervalo de descanso de 30s. entre elas. Anotar o tempo de cada série, sendo considerada a melhor série.
Obs: quando sentar-se o indivíduo deve fazê-lo de maneira completa e total, podendo utilizar as mãos para auxiliar no sentar e levantar da cadeira.
188cm 188cm
108
PROTOCOLO DOS TESTES DE FLEXIBILIDADE (Leighton, 1987)
Flexão do ombroEm pé, em posição lateral a uma paredeFlexômetro: colocado na parte superior (lateral) do braço.Movimento: eleva-se um dos membros superiores (flexão do ombro) estendido
ultrapassando a borda da parede. A palma da mão desliza na direção da parede.Registra-se a amplitude do movimento indicada pelo ponteiro.Considerações: a cabeça, coluna, quadril e calcanhar devem estar encostados
na parede durante todo o tempo da avaliação. Os cotovelos devem se manter estendidos.
Extensão do OmbroEm pé, em posição lateral a uma paredeFlexômetro: colocado na parte superior (lateral) do braço.Movimento: move-se um dos braços estendido, para baixo e para trás
(extensão do ombro). A palma da mão voltada na direção da parede.Registra-se a amplitude do movimento indicada pelo ponteiro.Considerações: a cabeça, coluna, quadril e calcanhar devem estar encostados
na parede.
Tabela - Flexão e extensão de ombro
Baixo
homens 206 e < mulheres 225 e <
moderada- médio mente baixo207 - 223 224 - 242226 - 242 243 - 261
moderada- alto mente alto243 - 259 260 e >262 - 278 279 e >
Abdução do OmbroEm pé, lateralmente à parede, com ombro que não está sendo avaliado
encostado na parede.Flexômetro: colocado na parte superior do braço, entre o ombro e o cotovelo. Movimento: abdução do ombro.Registra-se a amplitude do movimento indicada pelo ponteiro.Considerações: para evitar a flexão lateral do tronco, o ombro do lado não
avaliado deve ficar em contato com a parede.
Baixo
homens 153 e< mulheres 188 e <
moderada- médio mente baixo154- 171 172- 192189-206 207-227
moderada- alto mente alto193-210 211 e>228 - 245 246 e >
109
Flexão do QuadrilEm pé, joelhos estendidos, braços ao longo do corpo.Flexômetro: na parte lateral do quadril.Movimento: flexão do quadril com o joelho estendido o máximo possível. Considerações: os joelhos devem permanecer estendidos durante o
movimento.
Baixo
homens 49 e < mulheres 81 e <
moderada- médio mente baixo50 - 67 68 - 8882-99 100- 120
moderada- alto mente alto89- 106 107 e>121 - 138 139 e >
I l l
QUESTIONÁRIO SOBRE AUTO-ESTIMA E AUTO-IMAGEM NA TERCEIRA IDADE Steglich (1978)
Será utilizado o aspecto emocional (felicidade pessoal, bem-estar social e integridade moral) para esta pesquisa, divididas nas seguintes questões:Felicidade pessoal - 26, 27, 31,35,44,45,47,59,64,72 e 75Bem-estar social - 36,41,42,43,48,49,50,54,63,68,69 e 70Integridade moral - 28,29,30,33,34,52,53,55,58,60,61,62,66,67,73,74,76,77 e 78As questões em negrito correspondem à auto-imagem, e as restantes, à auto-estima.
As questões: 26, 27, 35, 36, 41, 52, 55, 59, 62, 63,72 e 75 receberam um valor numérico de 5 a 1, que seguem a ordem inversa, ou seja:
Alternativas sim quase várias algumas nãosempre vezes vezes
Valor numérico 5 4 3 2 1
As questões: 28, 29, 30, 31, 33 34, 39, 42, 43, 44, 45, 47, 48, 49, 50, 53, 54, 55, 58, 60, 61, 64, 66, 67, 68, 69, 70, 73, 74, 76, 77 e 78 receberam um valor numérico de 1 a 5, que seguem a ordem direta, ou seja:
Alternativas sim quase várias algumas nãosempre vezes vezes
Valor numérico 1 2 3 4 5
AUTO-IMAGEM - # AUTO-ESTIMA -
sim
quasesempre
váriasvezes
algumasvezes
não
# 26- Considero-me uma pessoa feliz?# 27- Considero-me uma pessoa realizada na vida?28- Sinto conflitos interiores?29- Fico tenso e perturbado (a) quando encontro problemas?3 0 - 0 meu passado deveria ter sido diferente?31- Preocupo-me muito comigo?33- Sinto-me ansioso (a)?34- Sinto-me deprimido (a)?35- Aceito a vida como ela é?# 36 - Interesso-me pelos outros?41- Sinto-me abandonado (a) pelas outras pessoas?42- Sinto-me abandonado (a) pelos meus amigos?43- Sinto solidão?
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44- Sinto pena de mim mesma?45- Considero-me uma pessoa desconfiada?47- Sinto-me inferior aos meus conhecidos?48- Sinto que os outros me evitam?49- Penso que os outros não têm consideração comigo?50- Sinto que gosto de conversar e não encontro com quem?52- Sinto segurança em minhas atitudes?53- Tenho dúvidas sobre que atitudes tomar?54- Tenho receio de ferir outras pessoas quando expresso minhas opiniões?# 55- Considero-me uma pessoa tolerante?# 58- Sinto-me magoado quando os outros me criticam?# 59- A minha vida ainda tem significado para mim?60- Sou uma pessoa revoltada?# 61- Acuso os outros dos erros que cometo?# 62- Tenho certeza sobre o que está certo ou errado?# 63- Tenho senso de humor?64- Sou uma pessoa triste?66- Sou uma pessoa medrosa?67- As opiniões dos outros têm influenciado sobre mim?68- Considero-me uma pessoa sujeita às convenções sociais?# 69- Sou uma pessoa submissa?# 70- Sou egoísta?# 72- Sou uma pessoa tranqüila?# 73- Tenho explosões de raiva?# 74- Sou uma pessoa nervosa?# 75- Considero-me uma pessoa satisfeita?76- Tenho medo da morte?77- Sinto, nos últimos anos, um aumento da religiosidade?78- Se pudesse começar de novo, gostaria de ter uma vida diferente?
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PLANO DE AULA
No trabalho realizado na instituição as sessões foram de 60 min, três vezes por semana (segunda, quartas e sextas das 9:30 às 10:30), com duração de cinco meses. As sessões foram assim constituídas:
Parte inicial (10 minutos): aquecimento e alongamento Parte principal (40 minutos): resistência aeróbica -caminhada (15 minutos)
dança (10 minutos).Obs: nos dias chuvosos ou muito frios, apenas dançava-se. Houve controle da frequência cardíaca, tomando por base 60% da frequência cardíaca máxima de cada idosa (FC máx. = 220 - idade X 60%).
Aptidão Física: (15 minutos)Força: os exercícios foram realizados através de repetições e/ou com materiais que
ofereciam resistência, estando os movimentos em conformidade com as condições físicas de cada indivíduo (flexão e extensão de pernas e braços, abdução e adução de pernas e braços).Flexibilidade: os exercícios foram trabalhados principalmente nas articulações mais solicitadas (ombro, quadril, joelho) por meio de diferentes tipos de movimentos. Equilíbrio: os exercícios foram realizadas por meio de movimentos do dia-a-dia (dinâmico - caminhadas em locais mais largos e mais estreitos. Estáticos - ponta dos pés, elevação de uma perna, ficar em pé sem olhar para chão).
Parte final: (10 minutos)Exercícios de alongamento como forma de resfriamento e relaxamento com
músicas apropriadas.Obs: as aulas foram realizadas com diferentes materiais - corda, pesos, sacos
de areia, bolas de nogan, arcos, borrachas, jornais.
Exemplo de uma aula no asilo:
Parte Inicial (10 min): aquecimento e alongamento
Movimento no pescoço:• para cima e para baixo;• para um lado e para outro;• rotação para a direita e para a esquerda.
Movimento de ombro:• girando para trás e para frente;• extensão do braço;• flexão do braço;
Movimento de tronco:
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• extensão de tronco;• flexão de tronco;• flexão lateral de tronco.
Movimento de pernas:• elevação de perna;• extensão de perna;• flexão de perna;• abdução de perna;• adução de perna.
Flexão, extensão e rotação de pulso e tornozelo.
Parte principal (40 min):Caminhada (15min): terreno plano;Dança (10min):. em diferentes ritmos (valsa, forró)Força: flexão e extensão de braços e pernas, abdução e adução de braços e pernas; Flexibilidade: extensão e flexão de braços, pernas e tronco, segurando durante 15 s numa mesma posição.
Parte final (10 min): alongamento através de extensão, flexão de braços, pernas e tronco. Relaxamento utilizando músicas apropriadas, respiração lenta e tranqüila, movimentos amplos de braços junto com a respiração.
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CARACTERIZAÇÃO E PADRÕES MÍNIMOS DE FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES DE ATENÇÃO AO IDOSO
Fórum Permanente Da Região Sul - Política Nacional Do Idoso
INTRODUÇÃO
Atender o idoso, em regime de internato e semi-internato, na complexidade de suas necessidades e carências, é tarefa que apresenta cada vez menor qualidade. É comum encontrarmos nas instituições problemas com a falta de higiene (do idoso, do ambiente, do vestuário, da alimentação, etc.); uso indiscriminado de medicamentos; superlotação; alimentação inadequada ou mal preparada; proprietários e/ou dirigentes pouco conscientes de suas responsabilidades e de conhecimento das especificidades do processo de envelhecimento; falta de técnicos e de pessoal de apoio ou de capacitação dos mesmos e outros.
É preciso não perder de vista, que estas instituições, além de apresentarem denominações diversas, também atendem idosos com diferentes graus de dependência, e oferecem, via de regra, somente serviço de hotelaria e muitas delas são improvisações, oriundas das próprias demandas e necessidades das comunidades.
Face a esta realidade, torna-se mister empreender esforços com vistas a mudança dessa situação, que forçosamente passa em primeiro lugar pela caracterização dos diferentes tipos de instituições e neste sentido, é imprescindível ter presente a concepção de se instituir uma rede de serviços ao idoso, que responda as suas necessidades e deficiências. E, em segundo lugar, estabelecer padrões mínimos de funcionamento que concretamente subsidiem a necessária atuação dos órgãos competentes pela fiscalização.
No que diz respeito a legislação, observa-se que as sanitárias, hospitalares, de serviços de saúde e outras, contemplam algumas áreas, embora não específicas para instituições geriátricas. Já a Portaria 810/89 do Ministério da Saúde, estabelece as normas de funcionamento para instituições destinadas ao idoso, sem que haja uma diferenciação entre elas, com ou sem fins lucrativos, o que torna bastante difícil sua aplicação.
Essa dificuldade, inevitavelmente vai se refletir nos órgãos fiscalizadores, que além disso, constam com quadros reduzidos e demandas super-dimensionadas. Acaba por prevalecer a exigência mínima, com relação a higiene geral e alimentação mais adequada.
Com relação ao funcionamento dessas instituições, o conhecimento é parcial (vide anexo 1). No entanto, a clientela abrigada, sabidamente apresenta limitações na capacidade funcional, que caracterizam os diferentes graus de dependência as quais o idoso fica sujeito.
Esses graus de deficiência deverão ser levados em consideração no momento da triagem / admissão do idoso, pois servirão como base para a caracterização dos diferentes tipos de instituições propostas neste documento.
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Além dessa definição, o presente documento estabelece os critérios básicos da planta física e a necessidade mínima de recursos humanos e suas respectivas cargas horárias, para atender cada tipo de instituição, tomando-se por base o número de até 100 idosos atendidos.
GRAUS DE DEPENDÊNCIA
No que diz respeito ao grau de dependência do idoso, consideramos:
1. Autônomos e Independentes - estariam assim consideradas as pessoas com capacidade de escolher suas regras de conduta, orientar seus próprios atos e realizar as principais atividades da vida diária sem ajuda (domínio físico, mental, social e econômico) e de adaptar-se ao seu meio ambiente.
2. Dependentes - ao contrário dos independentes, são aqueles idosos que dependem de outras pessoas ou até mesmo de serviços especializados para atender a maioria das suas necessidades básicas, tanto físicas como mentais.
3. Semi-dependentes - são os idosos que apresentam limitações para realizar atividades da vida diária ou suprir suas necessidades psicológicas e/ou sociais e/ou econômicas.
CARACTERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES
As instituições que têm atividade com a população idosa e lhes prestam diferentes serviços, encontram-se designadas das mais diversas formas, e mesmo, por vezes, há denominações que não condizem com o tipo de serviço prestado, seja no que diz respeito a área física, seja no tipo de cuidados dispensados.
A perda da capacidade funcional é uma das principais causas de boa parte dos problemas médicos, psicológicos, sociais e econômicos do idoso.
Nessa dimensão, o trato com a Terceira Idade demanda uma atitude multidisciplinar por parte dos profissionais das áreas médica, enfermagem, serviço social, psicologia, fisioterapia, nutrição e outros.
Cada um desses profissionais desempenha sua função com escassos conhecimentos dos demais, o que requer a integração, levando em conta as contribuições de cada membro da equipe.
Essa integração é alcançada mediante a realização de reuniões sistemáticas de equipe, o que permitirá uma atuação coordenada e interdisciplinar, de maneira que a avaliação e a decisão dos serviços prestados se faça com base num nível de conhecimento homogêneo e de respeito mútuo.
O dimensionamento da equipe multiprofissional necessária à assistência ao idoso institucionalizado deverá se basear:
1. nas necessidades da população atendida;
2. na disponibilidade de recursos humanos regionais ou locais;
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3. nos critérios dos respectivos Conselhos Regionais de profissionais.
ASILOS
1. ConceituaçãoA classificação ora adotada engloba diferentes denominações identificadas,
tendo em vista as características contidas na conceituação a seguir:
* instituição de assistência pública ou privada ao idoso, de caráter social, sem fins lucrativos, que abriga em regime de internato, por tempo indeterminado, pessoas com semi-dependência em diferentes áreas, sem vínculo familiar ou sem que esta tenha de prover a sua subsistência, de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social.
É importante atenta nessa classificação, para o artigo 4o - parágrafo único da Lei Federal 8842/94:“é vedada a permanência de portadores de doenças que necessitem de assistência médica de enfermagem em instituições asilares de caráter social”.
Tomando por base a conceituação acima, os recursos profissionais mínimos e suas respectivas cargas horárias são assim definidos:
- Assistência Médica - 10 horas/semana- Assistência de Enfermagem - 24 horas/dia -Assistência Psicossocial - 10 horas/semana- Assistência Nutricional - 05 horas/semana- Assistência de Reabilitação - 10 horas/semana.
2. Atribuições e Exigências Mínimas Profissionais:
2.1. ASSISTÊNCIA MÉDICA:O médico deve tomar iniciativas e dispor do uso adequado dos recursos para
menor utilização dos distintos serviços para o idoso.Cabe ao médico desempenhar as funções de:
a) Avaliação pré-admissional das condições físicas do idoso;b) avaliações periódicas, solicitando exames complementares e prescrição
terapêutica;c) orientação e supervisão da realização de condutas terapêuticas do pessoal de
apoio;d) encaminhamento para internações hospitalares, quando necessário;e) atestar os óbitos ocorridos na instituição.
2.2. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:Será obrigatória a prestação permanente dos serviços de enfermagem,
devendo ter um número mínimo de profissionais (técnicos e auxiliares de enfermagem) para cobrir 24 horas do dia, durante os sete dias da semana e sob a supervisão de uma enfermeira.
Cabe aos profissionais dessa área, desempenhar as funções básicas de:
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a) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas do cliente idoso;b) executar ações dos tratamentos prescritos;c) atender as solicitações de chamada: dos idosos, prestando cuidados de
higienização, alimentação, movimentação, auxílio de deambulação e conforto do paciente;
d) comunicar anormalidades à chefia;e) prestar cuidados necessários após a morte do paciente;f) manter ordem e limpeza no ambiente de trabalho, bem como processar artigos e
superfícies;g) promover ações educativas visando a prevenção e promoção da saúde do idoso.
2.3. ASSISTÊNCIA PSICOSSOCIALDeverá ter na instituição, profissionais que atendam os aspectos psicossocial,
econômico e cultural dos idosos internados, desde a triagem/admissão até o decorrer da sua convivência asilar.
Este serviço será prestado por profissional do Serviço Social, facultando-se à instituição, uma divisão do tempo mínimo de trabalho entre este e o Psicólogo.
Cabe ao Assistente Social desempenhar as funções de:a) realizar entrevistas de triagem/admissão com os idosos, seus familiares e/ou
responsáveis;b) trabalhar com o idoso a sua convivência grupai;c) promover atividades que propiciem a integração da família do idoso à instituição;d) trabalhar com os dirigentes da instituição, a importância da participação do idoso
com e na comunidade;e) manter informação dos idosos em prontuários individuais, acessíveis aos demais
profissionais da equipe;f) organizar e manter registros de equipamentos/instituições sociais públicas e
privadas que prestariam serviços de apoio, seguridade e assistência médico-social;g) fornecer aos outros elementos da equipe, uma síntese do estudo social, com
uma visão integrada e contínua do cliente, abordando também os aspectos relativos a atitudes e reações frente a sua situação e à instituição;
h) coordenar a prestação de serviços, mediante orientação e educação às pessoas que atendem ao idoso.
Cabe ao Psicólogo desempenhar as funções de:a) usar de técnicas e instrumentos que possibilitem uma avaliação psicológica, a
nível de personalidade, interesses, aptidões, nível intelectual e indicação de tratamentos individuais ou grupais, que proporcionem o desenvolvimento emocional do idoso, sua autoconfiança e integração;
b) coadjuvar o Assistente Social nas atividades relacionadas aos aspectos individual, grupai, comunitário e institucional.
2.4. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL:O serviço de Nutrição deverá contar com um Nutricionista para atuar em todas
as áreas nas quais a alimentação e nutrição constituem fatores de promoção, manutenção e recuperação da saúde.
Cabe ao Nutricionista desempenhar as funções de:a) planejar, orientar e elaborar a execução de dietas normais e dietas terapêuticas;
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b) supervisionar e avaliar o Serviço de Alimentação da entidade, zelando pela segurança higiênico-sanitária;
c) avaliar periodicamente os internos, no tocante às suas necessidades nutricionais específicas.
2.5. ASSISTÊNCIA DE REABILITAÇÃOA reabilitação deve buscar o melhoramento máximo do idoso no físico, mental,
social, ocupacional e econômico.A assistência de reabilitação será prestada por profissionais da Fisioterapia e
Terapia Ocupacional.Cabe ao Fisioterapeuta desempenhar funções de:
a) realizar com o idoso avaliação físico-funcional, para reunir o máximo de dados, subjetivos e objetivos, relacionados com suas deficiências e incapacidades e assim determinar o melhor programa de atendimento;
b) planejar, executar e orientar programas de prevenção, manutenção e reabilitação, motivando o idoso a melhorar, manter e retornar a uma vida ativa e adequada ao seu meio;
c) elaborar relatórios mensais de controle do estado do idoso.
Cabe ao Terapeuta Ocupacional desempenhar as funções de:a) propiciar treinamento para atividades da vida diária e da vida-prática, dentro e
fora da instituição, facilitando a independência e auxílio mútuo;b) executar o atendimento individual e/ou grupai, usando como instrumento
terapêutico atividades funcionais, ocupacionais, psico-educacionais, psicomotoras, expressivas e recreativas, as quais irão facilitar a adaptação do idoso à internação;
c) propor alterações ambientais para prevenir acidentes e suas conseqüências, além de facilitar o ajustamento de pessoas acometidas por determinadas patologias;
d) promover atividades de lazer, visando a ocupação do tempo livre, como forma de prevenir doenças.
CENTRO DIA
1. Conceituação41 Serviço de atendimento diário, público ou privado, com ou sem
fins lucrativos, às pessoas idosas que possuem limitações para o desenvolvimento de suas atividades da vida cotidiana, que convivem com sua família, mas no entanto não têm quem as cuide no domicílio. Destina-se a atender pessoas idosas portadoras de incapacidades bio-psicossociais ou que estão em processo de recuperação.
CLÍNICA GERIÁTRICA
1. Conceituação* Instituição de caráter público ou privado, com ou sem fins
lucrativos, destinada a prestar assistência de saúde especializada, em regime
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de internato, por tempo indeterminado, a pessoas idos doentes ou dependentes.
Tomando-se por base a conceituação acima, os recursos profissionais mínimos e suas respectivas cargas horárias são assim definidos:
- Assistência Médica - 40 horas/semana e mais sobreaviso diário- Assistência de Enfermagem - 24 horas/dia- Assistência Psicossocial - 20 horas/semana- Assistência Nutricional - 20 horas/semana- Assistência de Reabilitação - 20 horas/semana.
2. Atribuições e Exigências Mínimas Profissionais:2.1. ASSISTÊNCIA MÉDICA
Cabe ao médico desempenhar as funções de:a) avaliação pré-admissional das condições físicas do idoso;b) avaliações periódicas, solicitando exames complementares e prescrição
terapêutica;c) orientação e supervisão da realização de condutas terapêuticas do pessoal de
apoio;d) encaminhamento para internações hospitalares, quando necessário;e) atestar os óbitos ocorridos na instituição.
2.2. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:Será obrigatória a prestação permanente dos serviços de enfermagem,
devendo ter um número mínimo de profissionais (técnicos e auxiliares de enfermagem) para cobrir 24 horas do dia, durante os sete dias da semana e sob a supervisão de uma Enfermeira.
Cabe aos profissionais dessa área, desempenhar as funções básicas de:a) prestar assistência completa de enfermagem;b) registrar dados em prontuário;c) repassar informações rápidas e precisas, sempre que houver necessidade de
intervenção de outros profissionais;e) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas do cliente idoso;f) executar ações dos tratamentos prescritos;g) atender as solicitações de chamada: dos idosos, prestando cuidados de
higienização, alimentação, movimentação, auxílio de deambulação e conforto do paciente;
h) comunicar anormalidades à chefia;i) prestar cuidados necessários após a morte do paciente;j) manter ordem e limpeza no ambiente de trabalho, bem como processar artigos e
superfícies.
2.3. ASSISTÊNCIA PSICOSSOCIALFaculta-se à instituição uma divisão do período mínimo de trabalho entre o
Assistente Social e o Psicólogo.Cabe ao Assistente Social desempenhar as funções de:
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a) realizar entrevistas de triagem/admissão com os idosos, seus familiares e/ou responsáveis;
b) trabalhar com o idoso a sua convivência grupai;c) manter informação dos idosos em prontuários individuais, acessíveis aos demais
profissionais da equipe;d) fornecer aos outros elementos da equipe, uma síntese do estudo social, com
uma visão integrada e contínua do cliente, abordando também os aspectos relativos a atitudes e reações frente a sua situação e à instituição;
e) coordenar a prestação de serviços, mediante orientação e educação às pessoas que atendem ao idoso.
f) estudar possibilidades de desligamento do idoso e retorno à família.
Cabe ao Psicólogo desempenhar as funções de:a) usar de técnicas e instrumentos que possibilitem uma avaliação psicológica, a
nível de personalidade, interesses, aptidões, nível intelectual e indicação de tratamentos individuais ou grupais, que proporcionem o desenvolvimento emocional do idoso, sua autoconfiança e integração;
b) coadjuvar o Assistente Social nas atividades relacionadas aos aspectos individual, grupai, comunitário e institucional.
2.4. ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL:Cabe ao Nutricionista desempenhar as funções de:
a) planejar, orientar e elaborar a execução de dietas normais e dietas terapêuticas;b) supervisionar e avaliar o Serviço de Alimentação da entidade, zelando pela
segurança higiênico-sanitária;c) avaliar periodicamente os internos, no tocante às suas necessidades nutricionais
específicas.
2.5. ASSISTÊNCIA DE REABILITAÇÃOCabe ao Fisioterapeuta desempenhar funções de:
a) realizar com o idoso avaliação físico-funcional, para reunir o máximo de dados, subjetivos e objetivos, relacionados com suas deficiências e incapacidades e assim determinar o melhor programa de atendimento;
b) planejar, executar e orientar programas de prevenção, manutenção e reabilitação, motivando o idoso a melhorar, manter e retornar a uma vida ativa e adequada ao seu meio;
c) elaborar relatórios mensais de controle do estado do idoso.
Cabe ao Terapeuta Ocupacional desempenhar as funções de:a) propiciar treinamento para atividades da vida diária e da vida-prática, dentro e
fora da instituição, facilitando a independência e auxílio mútuo;b) executar o atendimento individual e/ou grupai, usando como instrumento
terapêutico atividades funcionais, ocupacionais, psico-educacionais, psicomotoras, expressivas e recreativas, as quais irão facilitar a adaptação do idoso à internação;
c) propor alterações ambientais para prevenir acidentes e suas conseqüências, além de facilitar o ajustamento de pessoas acometidas por determinadas patologias;
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CASA-LAR
1. Conceituação* Resistência em sistema participativo, cedida por instituição
pública ou privada, destinada a atender idosos com renda insuficiente para sua manutenção para até sete (7) idosos.
UNIDADE GERIÁTRICA EM HOSPITAL
1. Conceituação* Unidade de terapia especializada, instalada para atendimento
exclusivo ao idoso doente em Hospitais Gerais, que conte com equipe multidisciplinar profissional e equipamentos adequados a este fim.
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
1. Estatutos e RegulamentosToda instituição de atenção ao idoso deve ter um estatuto e regulamentos
onde estejam explicitados os seus objetivos, a estrutura da sua organização e também, todo o conjunto de normas básicas que regem a instituição.
2. Direção TécnicaAs instituições de caráter social para idosos, devem contar com um
responsável técnico detentor de título de ensino superior de uma das profissões da área da saúde, que responderá pela instituição junto à autoridade sanitária.
As instituições de saúde, necessitam obrigatoriamente de um responsável técnico médico. A designação de especialização em geriatria e gerontología deve obedecer às normas da Associação Médica Brasileira.
3. AlvaráAntes de iniciada a construção, reforma ou instalação de qualquer
estabelecimento destinado ao atendimento de idosos, deverá ser consultada a Autoridade Sanitária, quanto ao local e projeto.
A obra concluída deverá corresponder ao projeto aprovado. O “habite-se” será fornecido após vistoria feita pela Autoridade Sanitária.
Ao iniciar o funcionamento, o responsável pelo estabelecimento deverá requerer Licença Sanitária que só será liberada mediante o cumprimento das normas dispostas neste documento.
Todas as instituições de atendimento a idosos, precisam obrigatoriamente efetuar o registro no órgão sanitário competente a nível estadual ou municipal ou no órgão correspondente no Distrito Federal.
4. Registro de AdmissãoTodos os idosos ao serem admitidos na instituição, deverão ser registrados,
em livro Com Termo de Abertura pelo órgão sanitário competente, dados de
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identificação, familiares, de saúde e outros que estejam relacionados ao seu bem- estar e segurança.
Além dos dados acima, devem ser anexadas ao registro, informação demonstrando a capacidade funcional e o estado de saúde do indivíduo, a fim de comprovar a adequação dos serviços às necessidades da pessoa a ser entendida. Serão anotados neste registro, todos os fatos relevantes ocorridos no período de atendimento, relacionados à saúde, bem-estar social, direitos providenciarias, alta e/ou óbito.
5. ProntuárioAs instituição precisam obrigatoriamente manter um prontuário de atendimento
contendo descrição da evolução dos pacientes, ações propedêuticas e terapêuticas.
6. Termo de Compromisso ou Contrato de Prestação de ServiçosDeverá ser firmado entre a Instituição e o responsável pelo idoso, contendo
descrição de:• serviços prestados• valores cobrados• responsabilidade de ambas as partes• medicamentos• serviços complementares• hospitalização, etc.
ÁREA FÍSICA
Área física destinada a atender idosos, deve ser planejada levando-se em conta que uma parcela significativa dos usuários apresenta ou pode vir a apresentar dificuldades de locomoção e maior vulnerabilidade a acidentes, o que justifica a criação de um ambiente adequado. Assim sendo, é exigível:
* as instituições deverão funcionar, preferencialmente, em construções horizontais de caráter pavilhonar. Quando dotadas de mais um plano, terão que dispor de equipamento adequado como rampa ou elevador para a circulação vertical.
* os prédios deverão dispor de meios que possibilitem o rápido escoamento, em segurança, dos residentes, em caso de emergência, de acordo com as normas estabelecidas pelo Corpo de Bombeiros ou, quando inexistir essa Corporação na localidade, pela Coordenadoria de Defesa Civil.
1. AcessosOs acessos ao prédio deverão possuir rampa, dotada de guarda-corpo e
corrimão, piso revestido com material anti-derrapante, que permita o livre rolamento de cadeiras de rodas, inclusive.
Exige-se que haja no mínimo dois (2) acessos independentes.
2. Portas e esquadriasAs portas externas e internas devem ter vão luz de 0,80 cm, no mínimo,
dobradiças externas e soleiras com bordas arredondadas. Portas de correr, terão os
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trilhos embutidos na soleira e no piso, para permitir a passagem de nível, especialmente para cadeiras de rodas.
As portas dos sanitários devem abrir para fora e devem ser instaladas de forma a deixar vãos livres de 0,20 cm na parte inferior.
As maçanetas das portas não deverão ser do tipo arredondado ou de qualquer outra forma que dificulte a abertura das mesmas.
3. Circulação InternaOs corredores principais das instituições, deverão ter largura mínima de
1,50m. Exige-se que todas as instituições equipem os corredores com corrimão de ambos os lados, instalados a 0,80 cm do piso e distantes 0,05 cm da parede.
4. EscadasDevem ser em laces retos, com largura mínima de 1,20 m, dotadas de
corrimão em ambos os lados, não devendo existir vão livre entre o piso e o corrimão. Os espelhos do primeiro e do último degraus devem ser pintados de amarelo e equipados com luz de vigília permanente. Exige-se que as escadas tenham portas de contenção com molas e travas leves, que as mantenham em posição fechada.
5. Aspecto Ambiental* os pisos sujeitos a lavagem constante, devem ser de material resistente à
resistente à água e solução germicida, isentos de ranhuras que dificultem a limpeza;* piso de material, preferencialmente monocromático, anti-derrapante e de bom
aspecto, fácil limpeza e conservação nas áreas de circulação, banheiros, refeitórios e cozinha;
* passagens claras e diretas que permitam a circulação de cadeiras de rodas, alimentos, roupas, etc.;
* as paredes e tetos deverão possuir revestimento de cores claras, alegres, permitindo a limpeza e desinfecção. Não é permitida a instalação de paredes de material inflamável com o objetivo de dividir ambientes;
* condições ambientais adequadas quanto à ventilação e iluminação;
* a área de iluminação natural deverá ser igual ou superior a 1/5 da área dopiso;
* a área de ventilação deverá ser, no mínimo, igual à área de iluminação;
* as janelas e portas dos ambientes devem apresentar condições adequadas à segurança dos idosos, tais como grades de proteção nas janelas, quando necessário, e portões de segurança nas escadas para evitar acidentes;
* que as escadas já existentes sejam transformadas em rampas ou sejam construídas rampas externas com declividade máxima de 8,33% e cobertura com piso anti-derrapante e proteção lateral. A largura não deve ser inferior a 2,00 m.;
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* a cada leito deverá corresponder a área de 6,5 m2 , não devendo ser alojados mais que três (3) leitos por quatro;
* a existência de espaço reservado para o isolamento destinado a idosos que venham a adoecer;
* instalação obrigatória de luz de vigília nos pontos estratégicos da instituição.
6. Instalações SanitáriasAs instalações sanitárias devem constar de chuveiros, vaso sanitário e
lavatório, em material impermeável e de fácil limpeza.Devem ter espaço físico suficiente, permitindo a entrada e saída de cadeira de
rodas e outros meios de locomoção.Instalações de corrimão nas paredes dos banheiros para facilitar a
independência das pessoas que necessitam de apoio na utilização do vaso sanitário, chuveiro na própria locomoção.
Instalação de um banco fixo no box, para facilitar a higiene dos pés.Existência de um sanitário próximo aos quartos.Cumprimento obrigatório de um banheiro completo para cada seis (6) idosos.
7. LavanderiaDeverão estar de acordo com o disposto na Portaria 1884/94 do Ministério da
Saúde.
8. Área de LazerDeverá haver uma área interna destinada ao lazer dos idosos e área externa
que possibilite inclusive, cultivo de hortaliças, flores e folhagens, ervas medicinais, etc.
DISPOSIÇÃO DO LIXO
a) Deverá haver separação entre lixo contaminado e lixo não contaminado. Por lixo contaminado, compreende-se curativos, seringas e agulhas, caixas ou recipientes usados de medicamentos e restos de alimentos.
Por lixo não contaminado, compreende-se resíduos de limpeza de pisos e de trabalhos administrativos;
b) o lixo contaminado deverá ser embalado em saco plástico diferenciado através de cor e sinalização, de forma a distingui-lo do lixo não contaminado. O lixo contaminado poderá ser embalado em sacos plásticos comuns.
c) o lixo contaminado deverá ser transportado por carrinho destinado a este fim ou por outra forma equivalente, de modo que não seja arrastado no trajeto;
d) o transporte do lixo contaminado não deverá passar por áreas de cozinha e armazenagem de alimentos;
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e) os objetos cortantes e perfurantes deverão der previamente embalados de forma a não perfurar os sacos plásticos;
f) o lixo contaminado dos quartos deverá se depositado em sacos plásticos dentro da lixeira, com tampa e pedal;
g) os sacos plásticos deverão ser enchidos no máximo até a metade, de modo a permitir seu perfeito fechamento;
h) o lixo contaminado e não contaminado, deverão ser guardados em latões com tampa, em local seco, protegido e que facilite o acesso a coleta pública.
SERVIÇO DE ALIMENTAÇÃO
O fluxo de uma cozinha deve apresentar a seguinte seqüência:a) Recepção e Controle - local ou área onde os alimentos e matérias primas são recebidos e controlados.
b) Despensa - local onde os alimentos são guardados e estocados.
c) Preparo e Cocção - onde os alimentos são preparados e transformados. É a cozinha propriamente dita.
d) Distribuição - local onde os alimentos são divididos e distribuídos, seja em pratos ou bandejas individuais.
e) Lavagem - local onde são recebidas as louças e utensílios usados que deverão der separados da área de recepção de louças limpas.
Para fins de controle do serviço de alimentação, os locais ou áreas acima citados, deverão cumprir os requisitos discriminados a seguir:
1. Condições Sanitárias dos Manipuladores:O cardápio de rotina e dieta especial para os idosos, devem ter orientação
nutricional especializada.Os manipuladores devem ter asseio pessoal quando estiverem em atividade,
devem manter as mãos limpas, unhas curtas, sem esmalte, sem adornos nos dedos e punhos.
Devem utilizar uniforme de trabalho completo (avental, gorro, botas, se necessário, de tonalidades claras, em bom estado e limpos.
Devem rotineiramente, adotar hábitos higiênicos para evitar a contaminação dos alimentos, como lavagem cuidadosa das mãos ao chegar ao serviço, depois de manusear qualquer objeto sujo ou contaminado, antes de manipular os alimentos e depois de defecar ou urinar; não espirrar, tossir ou conversar sobre os alimentos, também não fumar.
O responsável pela limpeza dos sanitários, não deve manipular alimentos; se isto se fizer necessário, deverá tomar uma ducha e trocar de roupas.
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Manipuladores com afecções cutâneas, feridas, supurações, tosse, febre, transtornos gastro-intestinais e outros comprometimentos no estado de saúde, não devem manipular alimentos enquanto perdurarem esses sinais e sintomas. Devem portar Carteira de Saúde fornecida pelo órgão competente, atualizada anualmente.
2. Condições Sanitárias dos Alimentos e Matérias-Primas:a) Os alimentos que chegam, devem ser avaliados quanto a sua fonte, marca, aparência, qualidade, embalagens, datas de fabricação e validade;
b) devem ter suas características organológicas normais, como cor, odor, sabor, textura, quando comprados e recebidos e antes de seu preparo e distribuição;
c) devem ser adquiridos em estabelecimentos autorizados (com Licença Sanitária atualizada, o que indica que são inspecionados) e, preferencialmente devem ser registrados no órgão competente, isto é, os produtos de origem animal e bebidas, com o registro no Ministério da Agricultura; os produtos de origem vegetal e mistos, no Ministério da Saúde;
d) devem ser protegidos contra contaminação do pó, saliva, insetos, roedores e animais domésticos;
e) alimentos não perecíveis devem ser guardados em prateleiras ou sobre estrados afastados da parede, pemitindo a aeração, a limpeza e desinfecção do piso;
f) substâncias tóxicas como desinfetantes, detergentes, raticidas e outros não devem ser armazenados no mesmo local dos alimentos e não transportados no mesmo veículo utilizado para alimentos;
g) alimentos perecíveis, isto é, aqueles que necessitam de temperaturas especiais para a sua conservação, devem ser mantidos em temperaturas de congelamento, refrigeração ou acima de 90° C, de acordo com o tipo de produto, ficando um mínimo de tempo possível à temperatura ambiente;
h) quando os alimentos perecíveis forem estocados em câmara fria, deverão ser colocados em estantes com rodízios, removíveis, para facilitar a limpeza e desinfecção;
i) a manipulação dos alimentos deve ser mínima (somente o necessário) e feita de forma higiênica;
j) os alimentos devem ser preparados na quantidade suficiente para o consumo imediato;
I) os restos alimentares devem ser eliminados imediatamente após as refeições e a localização do depósito de restos alimentares deve ser em local independente e de fácil acesso ao exterior;
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m) as sobras alimentares que venham a ser reaproveitadas, devem ser mantidas sob refrigeração e serem reaquecidas por tempo e temperatura suficiente e adequada para cada tipo de alimento;
n) nas prateleiras, os alimentos mais antigos devem ser usados antes dos adquiridos recentemente, de modo a se fazer uma rotatividade dos produtos armazenados;
o) carnes, laticínios e outros perecíveis, não devem entrar em contato direto com alimentos que vão ser servidos crus ou já prontos para o consumo, para evitar contaminação cruzada;
p) manter outros alimentos sem qualquer contato com a água resultante do congelamento de um produto;
q) para reconstituição de alimentos secos, deve ser evitada a contaminação destes através da água, das mãos dos funcionários ou recipientes e vasilhames contaminados;
r) se os alimentos reidratados não forem servidos imediatamente, deverão ser rapidamente resfriados e mantidos sob refrigeração;
s) os alimentos cozidos não devem ser deixados a temperatura ambiente durante várias horas antes de serem refrigerados;
t) refrigerar os alimentos logo após o seu uso ou quando sua temperatura cair abaixo de 55X;
u) os alimentos devem ser resfriados rapidamente em banhos de água ou gelo e após, refrigerados;
v) dentro do refrigerador, os alimentos devem ser mantidos em recipientes fechados.
3. Condições Sanitárias dos Equipamentos e Utensílios:a) Os móveis, maquinários, utensílios e instalações para a proteção dos alimentos devem ser diariamente submetidos a rigorosa limpeza e desinfecção e devem estar em bom estado de conservação para armazenar todos os produtos;
b) os móveis como mesa, estantes, armários, prateleiras, devem ter capacidade suficiente;
c) as superfícies que entram em contato direto com os alimentos devem ser de material não contaminante, liso, lavável e impermeável;
d) as máquinas e instalações para proteção e conservação de alimentos como moedores, batedeiras, refrigeradores, congeladores, câmaras frigoríficas, freezeres e outros, devem estar em perfeito estado de funcionamento;
e) os freezeres devem ser degelados mensalmente;
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f) devem ser lavados e desinfetados imediatamente após o uso: amassadeiras, balanças (pratos), bandejas, carrinhos diversos, descascadoras, desossadeiras, facas, fogões, ganchos de carne, liquidificadores, louças, máquinas de cortar, mesas diversas, misturadeiras, moedores, panelas de todos os tipos, pias, serras e talheres;
g) devem ser lavados e desinfetados diariamente: câmara frigorífica (pisos, paredes e prateleiras), estufas, estrados de madeira, fornos, geladeiras, máquinas de fazer gelo;
h) utensílios e equipamentos de pequeno porte depois de lavados com detergente adequado, podem ser desinfetados por imersão em água fervente durante dez minutos;
i) equipamentos de grande porte devem ser lavados com solução detergente e desinfetados com solução de hipoclorito de sódio a uma concentração de 1 a 5%, ou seja, 10 a 15 ml de hipoclorito se sódio por litro de água.
4. Condições Sanitárias do Local:a) As áreas de manipulação de alimentos, cozinhas, depósitos de matérias-primas, despensas e outras, devem estar em bom estado de conservação e limpeza;
b) as imediações devem ser isentas de focos de insalubridade (lixo, esgoto aberto, etc.);
c) os pisos devem ser de material liso, resistente, impermeável e lavável, com ralos;
d) as paredes de revestimentos de cor clara, impermeabilizada até 2m de altura no mínimo, de material liso, resistente e lavável;
e) forros e pisos de cor clara;
f) portas de cozinha e banheiro providas de molas para o seu fechamento automático;
g) janelas com vidros e quando necessário, teladas;
h) iluminação natural e artificial adequada para permitir uma boa visibilidade, sem zonas de sombras ou contraste excessivos e fontes luminosas limpas;
i) o local deve ser ventilado naturalmente, não devendo acumular fungos, bolores, gases, fumaças e condensação de vapores, sendo a eliminação dos mesmos feita sem causar danos à vizinhança;
j) deve haver água potável ligada à rede pública ou poço profundo, suficiente em volume e pressão;
I) todos os estabelecimentos devem ter reservatório de água (caixa d’água) com capacidade mínima correspondente ao consumo diário. Quando as caixas d’água forem subterrâneas, deverão der protegidas contra infiltração de qualquer natureza e dispor de tampa de inspeção com fácil acesso à limpeza;
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m) a limpeza e desinfecção de caixas d’água deverão acontecer a cada seis (6) meses;
n) nas cozinhas, as pias devem dispor de água corrente fria e quente;
o) as instalações sanitárias não devem ter comunicação direta com as salas de processamento, elaboração e armazenamento de alimentos; p) as instalações sanitárias para os manipuladores devem ser ventiladas, ligadas à rede pública de esgotos ou à fossa aprovada, portas com fechamento automático, chuveiros, vasos sanitários em número adequado ao número de usuários, papel higiênico, sabão líquido, escova para unhas individual e toalhas de papel para mãos ou toalha de pano de uso individual;
q) os empregados devem ter um local próprio para guardar roupas e objetos de uso pessoal, podendo ser em armários individuais;
r) o lixo deve ser acondicionado em embalagens plásticas e recipientes laváveis com tampa, de fácil transporte, em número suficiente e acondicionado adequadamente para coleta pública, aterramento ou queima;
s) nas áreas de estocagem devem ser prevenidas situações que possam contaminar ou colocar em risco alimentos por gotejamento, água de esgoto, umidade excessiva, insetos e roedores.
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