Curso de Serviço Social
HOMOFOBIA INTERNALIZADA: DISCUTINDO A CONSTRUÇÃO DA
“AVERSÃO” ENTRE A POPULAÇÃO LGBT.
ELIZABETE ALVES DA SILVA RAMOS DOS SANTOS
Taguatinga-DF
Julho de 2012
ELIZABETE ALVES DA SILVA RAMOS DOS SANTOS
HOMOFOBIA INTERNALIZADA: DISCUTINDO A CONSTRUÇÃO DA
“AVERSÃO” ENTRE A POPULAÇÃO LGBT.
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC,
apresentado como requisito parcial para
aprovação no Bacharelado em Serviço Social
da Faculdade UNISABER, sob orientação do
MsC. Prof. Ricardo Pereira Soares.
Taguatinga-DF
Julho de 2012
“A homossexualidade é uma ilha cercada de
ignorância por todos os lados. Nesse sentido,
não existe aspecto do comportamento humano
que se lhe compare.”
Dráuzio Varela
RESUMO
Nesta pesquisa foi retratada a homofobia entre os membros da Comunidade GLBT e eles
mesmo, a chamada homofobia internalizada, as consequências para aquelas/es que sofrem
com esse tipo de estigma e segregação por motivo de sua orientação sexual, dentre tantas
questões imbricadas que coadunam juntas no contexto da inclusão e na exclusão da sociedade.
Partindo do pressuposto que essa problemática é excludente. – Como as lésbicas, gays,
travestis e transsexuais vivem o cotidiano e de que forma este comportamento afeta as
relaçôes entre os membros da comunidade LGBT e seus pares, causando transtorno e possivel
repetição desta prática perversa em suas relações sociais. Como objetivos de pesquisa
pretendeu-se investigar, quais as ações afirmativas que Assistentes Sociais podem executar
na prática laboral para combaterem a homofobia internalizada colocando em uso politicas
públicas com enfase nos Direitos Humanos, visando amenizar as suas consequências;
analisando como as/os Assistente Sociais percebem, notam, experimentam e atuam junto a
realidade daquela/e que sofre a homofobia internalilizada. Essa pesquisa utilizou-se d’uma
abordagem qualitativa, como instrumento aplicou-se questionários, foram feitas entrevistas,
observação de campo e diálogos informais. Essa abordagem foi realizada coerentemente,
sendo um estudo construído, mediante as leituras feitas pela pesquisadora e as práticas
empíricas da comunidade pesquisada, dessa forma, essa unificação requereu equidade e
equilíbrio para o resultado encontrado e soluções do problemas a ser resolvido.
Palavras Chave: Comunidad GLBT, Homofobia Internalizada, Homossexualidade, Serviço
Social, Sexualidade.
ABSTRACT
This research was portrayed homophobia among members of the GLBT Community and they
even called internalized homophobia, the consequences for those / s who suffer with this type
of stigma and segregation because of their sexual orientation, among many issues intertwined
together that are consistent in the context of inclusion and exclusion from society. Assuming
that this problem is exclusive. - As lesbians, gays, transvestites and transsexuals live everyday
and how this behavior affects the relations between the members of the LGBT community
and their peers, causing inconvenience and possible repetition of this evil practice in their
social relations. As research goals we intended to investigate, which affirmative actions that
social workers can perform work in practice to combat internalized homophobia put into use
public policies with emphasis on Human Rights, aimed at mitigating the consequences,
analyzing how / the Assistant Social perceive, notice, and work experience with the reality of
that / and suffering internalilizada homophobia. This research used a qualitative approach d',
as the instrument was applied questionnaires, interviews were conducted, field observation
and informal dialogues. This approach has been consistently held, a study being built by the
readings taken by the researcher and the researched community empirical practices, thereby
unifying the required fairness and balance to our finding and solutions of problems to be
solved.
Keywords: GLBT Comunidad, internalized homophobia, Homosexuality, Social Work,
Sexuality.
BANCA EXAMINADORA
ELIZABETE ALVES DA SILVA RAMOS DOS SANTOS
Taguatinga-DF, 19 de julho de 2012.
Examinador: Professora Juliana Paiva
Faculdades Unisaber/AD1
_____________________________________________________
Assinatura
Examinador: Professora Tatiane Vieira
Faculdades Unisaber/AD1
_____________________________________________________
Assinatura
Professor-Orientador: MsC. Prof. Ricardo Pereira Soares
Faculdades Unisaber/AD1
_____________________________________________________
Assinatura
CESSÃO DE DIREITOS
É concedida a Faculdades Unisaber/AD1 permissão para produzir cópias deste trabalho,
emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. Ao autor se
reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte deste trabalho poderá ser reproduzida
sem a sua prévia autorização por escrito.
ELIZABETE ALVES DA SILVA RAMOS DOS SANTOS
Taguatinga-DF, 19 de julho de 2012.
DEDICATÓRIA
Dedico este Trabalho de Conclusão de
Curso em Serviço Social, ao meu esposo Paulo
Roberto Ramos dos Santos que sempre que eu
pensava em desistir, ele me dava forças para
continuar, sendo uma pessoa especial na minha
vida e que me ensinou muitas coisas e que uma
delas foi que por mais que o caminho esteja
difícil e doloroso, devo prosseguir, pois lá na
frente quando esse caminho já estiver no final,
olharei para trás e me sentirei vitoriosa,
obrigada por sempre está ao meu lado me dando
forças. Eu te amo!
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a Deus, pela minha vida e pelas oportunidades que
me foram dadas me possibilitando escolher o caminho que me levou a ser
quem eu sou;
Ao longo da minha jornada para chegar a este momento, conheci muitas
pessoas que me auxiliaram e contribuíram de certa forma para minha
formação, gostaria então de lhes agradecer:
Agradeço aos meus pais: Antônia Alves da Silva e Fernando Pereira da
Silva, por me darem a oportunidade de nascer;
Especialmente a minha mãe, uma mulher maravilhosa, que com todas as
dificuldades ao longo de nossa vida, nunca permitiu que eu passasse
necessidades de nenhuma forma me garantindo estudo e exigindo
excelência, o que contribuiu grandemente para minha formação
profissional;
Devo agradecer também a meus irmãos Edriane, Alvemon, Gizele e
Gislaine, que com todos os contratempos me apoiaram em momentos que só
irmãos podem ajudar;
Aos meus filhos Michelle Gabriela, Crystyane e Ádonis que souberam
entender minha ausência enquanto crescia nos saberes acadêmicos...
Agradeço também a minha grande família, sogros, cunhando /as,
sobrinhos/as, primas/os, tias/os, que me deram força com palavras em
momentos oportunos, alguns em especial, por momentos vividos mais
intensamente e relações estreitadas nos últimos anos;
Agradeço aos meus grandes amigos/as, Ancelmo Elizangela, Francifilho,
Jacicléia, Márcia Rejane e Rosa Maria, Rosilene, e demais colegas que
fizeram parte da minha jornada não só universitária, compartilhando
conhecimentos, momentos alegres e festivos e também de momentos difíceis
de fim de semestre, trabalhos em cima da hora e grupos que davam mais
trabalho do que ajudavam;
Não posso deixar de agradecer aos grandes mestres que além de me
ensinarem tudo que sei, contribuíram substancialmente para minha
formação;
Aos Mestres da UNISABER mesmo aqueles que não tendo ministrado aulas
para minha turma, me ensinaram muito durante meu período de busca por
novos saberes;
A todo corpo de funcionários da UNISABER que sempre esteve pronto para
me auxiliar;
Gostaria também de agradecer ao meu Mestre, Orientador e Professor
Coordenador Ricardo Pereira Soares que mesmo com todos os afazeres
encontrou tempo para tornar realidade esse TCC;
Um grande obrigado, a todos que de alguma forma são responsáveis por
essa vitória tão esperada ao longo desses quatro anos e para alguns desde
que nasci.
Um agradecimento em especial...
em específico, a Professora Especialista e Assistente Social: Graziele Lima
da Cunha Nogueira, que mais que uma professora, uma Mãe, uma
madrinha, nunca permitiu que eu desistisse, mesmo quando a minha
opinião não era a mesma da dela, é a ela que devo quase toda minha
formação acadêmica, pois me ensinou o profissionalismo, o carinho, o
respeito e a dedicação, mesmo ela tendo passado por dificuldades ao longo
de nossa formação, nunca me abandonou. Ela é o um exemplo de
profissionalismo;
a minha Supervisora e Assistente Social de Estágio na Secretaria de Ação
Social e Cidadania da Prefeitura de Águas Lindas de Goiás, Aparecida
Vieira da Silva;
a um Anjo de nome Marcus Maciel e
a amiga e filha adotiva Cosmelina Francisca que foi meu esteio nos
serviços domésticos principalmente nesta reta final.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Sigla Significado
a.C Antes de Cristo
ABC Região do ABC Paulista
AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
a.D Anno Domini
CF Constituição Federal
CFESS Conselho Federal de Serviço Social
d.C Depois de Cristo
DF Distrito Federal
EUA Estados Unidos da América
GGB Grupo Gay da Bahia
GLBT Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis.
GLT Gays, Lésbicas e Travestis.
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LGBT Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis.
LGBTTT Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais, Transgêneros.
LOAS Lei Orgânica da Assistência Social
MGL Movimento de Gays e Lésbicas
MHB Movimento Homossexual Brasileiro
OAB Ordem dos Advogados do Brasil
OMS Organização Mundial da Saúde
SDH/PR Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
RITLA Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana
STF Supremo Tribunal Federal
SUS Sistema Único de Saúde
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
UESPI Universidade Estadual do Piauí
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
UNESP Universidade do Estado de São Paulo
USP Universidade Federal de São Paulo
LISTA DE FIGURAS
Sigla Titulo Página
Figura 1 ‘fac-símile’ da primeira e da última edição do Jornal “Lampião da
Esquina” Fonte: Centro de Documentação Prof. Dr. Luiz Mott -
Curitiba/PR
21
LISTA DE GRÁFICOS
Sigla Titulo Página
Gráfico 1 Qual sua Identidade de Gênero? 31
Gráfico 2 Qual a sua Idade? 33
Gráfico 3 Qual a sua Orientação Sexual? 34
Gráfico 4 Qual sua Identidade Sexual? 36
Gráfico 5 Qual a sua Cor/Etnia /Raça? 37
Gráfico 6 Respostas Questão 08
Sua Família aceita sua orientação sexual?
39
Gráfico 7 Você já foi alvo de Discriminação/Preconceito? 41
Gráfico 8 Respostas Questão 09
Você já foi alvo de Homofobia (Lesbofobia/gayfobia/travestifobia/
transfobia)?
41
Gráfico 9 Respostas Questão 10 Você já teve aversão a si própria/o? Explique 42
Gráfico 10 Respostas Questão 11 Você já teve aversão a alguma pessoa LGBT?
Explique.
44
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14
CAPÍTULO I ..................................................................................................... 17
A HOMOSSEXUALIDADE EM DESTAQUE .............................................. 17
CAPÍTULO II .................................................................................................... 24
CONCEITUANDO HOMOFOBIA ................................................................. 24
CAPÍTULO III .................................................................................................. 28
PESQUISA DE CAMPO: A HOMOFOBIA ENTRE OS LGBT ................. 28
3.1 Metodologias Adotadas ............................................................................................................. 28
3.2 Análises dos dados. .................................................................................................................... 31
a) Questão 1 .................................................................................................................................. 31
Qual sua Identidade de Gênero? .................................................................................................. 31
b) Questão 2 .................................................................................................................................. 33
Qual a sua Idade? ......................................................................................................................... 33
c) Questão 3 .................................................................................................................................. 33
Qual a sua Orientação Sexual? .................................................................................................... 33
d) Questão 4 .................................................................................................................................. 35
Qual sua Identidade Sexual? ......................................................................................................... 35
e)Questão 5 ................................................................................................................................... 37
Qual sua Cor/Etnia/Raça? ............................................................................................................ 37
3.3. Preconceito e/ou Discriminação contra pessoa LGBT. ......................................................... 38
a) Questão 6 .................................................................................................................................. 38
Há Preconceito/Discriminação contra pessoa LGBT no Brasil? Explique. ................................. 38
b) Questão 7 .................................................................................................................................. 39
Você já foi alvo de Discriminação/Preconceito? .......................................................................... 39
c) Questão 8 .................................................................................................................................. 40
Você já foi alvo de Homofobia (lesofobia/gayfobia/travestifobia/transfobia)? ............................ 40
d) Questão 9 .................................................................................................................................. 41
Sua Família aceita sua orientação sexual? .................................................................................. 41
e) Questão 10 ................................................................................................................................ 42
Você já teve aversão a si própria/o? Explique .............................................................................. 42
f) Questão 11 ................................................................................................................................. 43
Você já teve aversão a alguma pessoa LGBT? Explique. ............................................................. 43
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 47
ANEXO “A” ......................................................................................... 49
QUESTIONÁRIO .................................................................................. 49
14
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho de pesquisa teve como objetivo entender o que leva uma pessoa
lésbica, gay, bissexual, travesti ou transexual a praticar atos de lesbofobia, homofobia,
bifobia, travestifobia ou transfobia para com outra pessoa LGBT. Conjecturou-se que isso
ocorre por conta do preconceito que há na sociedade em torno da pessoa LGBT. Como se isso
fosse um estigma, pois se esquece de que o ser humano ao nascer não traz a condição de ser
heterossexual, a sociedade é que o faz ser homem ou mulher.
O processo de construção da heteronormatividade é uma questão cultural que varia de
povo para povo e que muda ao longo do tempo dentro de uma mesma sociedade. É algo
natural, sem causa definida e encontrada em todos os povos. Ou seja, as construções sociais
do ser homem ou mulher depende de cada local do mundo. Mas o ocidente tem instituído o
pressuposto da construção da heteronormatividade como reinante independente dos corpos.
O processo de construção da heteronormatividade, ou seja, a prerrogativa de só ser
reconhecida a existência das relações heterossexuais como valor moral e ético, cria ações de
medo e repudia o que ou quem foge a regra. Por vezes, cria a ações antissexistas contra os
homossexuais. Mas o pior é a criação da não aceitação de si enquanto gay, lésbica, bissexual,
travesti e/ou transsexual.
O arcabouço teórico deste trabalho nasce em uma sala de aula; do Ensino Superior;
onde pude presenciar a discriminação de um grupo de colegas com um rapaz homossexual,
que acabou por solicitar sua transferência da instituição. Assim, antes de perceberem a
natureza da sua orientação sexual, os homossexuais internalizam uma série de mensagens
correspondentes aos valores negativos face à homossexualidade.
Coloca-se em discussão a temática objetivando elucidar a trama que historicamente
teceu um complexo novelo de conflitos, disputas, preconceitos, segregação, discriminação em
torno da construção e consolidação de uma cidadania plena na recente história da sociedade
15
brasileira. Procuramos focar a problemática da discriminação existente entre os LGBT e seus
pares, analisando e pesquisando seus motivos e consequências da homofobia interna ou
internalizada.
Segundo Tavares (2006) “é a educação em Direitos Humanos que permite a afirmação
de direitos e que prepara cidadãos e cidadãs conscientes de seu papel social na luta contra as
desigualdades e injustiças”.
Traz-se também a posição de Ávila (2006), que afirma “que a influência das posições
hegemônicas das instituições religiosas está presente no cotidiano dos processos de
sociabilidade e tem muita força na construção do senso comum. É preciso pensar então sobre
a dimensão cultural da ideia de laicidade”.
Utilizou-se a análise de conteúdo como procedimento metodológico para a avaliação
interpretativa aqui apresentada. Segundo Bardin (1979), a análise de conteúdo pode ser
definida como:
Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas
mensagens (BARDIN, 1979, p. 42).
A pesquisa é um diálogo inteligente e crítico com a realidade (DEMO, 2001).
Significa “o viver histórico cotidiano do sujeito e a sua experiência social expressando
a sua cultura” (THOMPSON apud MARTINELLI, 1994, p.24).
Dificuldades foram muitas, pois temáticas atuais, como a diversidade, Direitos
Humanos, a homofobia e a homofobia internalizada não apresentam farta literatura, apesar de
encontrou-se uma quantidade variada de dissertações e teses de novos pesquisadores que
guardam o mérito por produzirem estudos a partir de sólidas bases teóricas com a
preocupação em sustentar suas hipóteses a partir de uma diversa e consistente base
documental.
16
Para fins didáticos, esta monografia está dividida em capítulos, sendo que no Capítulo
primeiro objetiva apresentar como foi e está configurada a construção da homossexualidade
na sociedade ocidental a partir da constituição do ser homossexual que inicialmente não existe
e passa a ter concreticidade no século XIX propagando-se no século seguinte depois da sua
definição em oposição do ser heterossexual.
Já o Capítulo segundo, foca a discussão sobre o que é homofobia, para que se possa a
frente discutir os dados apurados na pesquisa de campo.
Enquanto que no terceiro Capítulo faz-se uma relevância sobre as teorias
metodológicas utilizadas no presente trabalho, quer na revisão bibliográfica quer na pesquisa
de campo propriamente dita, apresentando-se através de gráficos, reflexões e transcrições das
respostas para as perguntas abertas, o compêndio do apurado na Pesquisa de Campo.
O quarto e derradeiro capitulo traz as nossas Considerações Finais.
17
CAPÍTULO I
A HOMOSSEXUALIDADE EM DESTAQUE
O presente capítulo tem o objetivo de apresentar como foi e está configurada a
construção da homossexualidade na sociedade ocidental a partir da constituição do ser
homossexual que inicialmente não existe e passa a ter concreticidade no século XIX e
propaga-se no século seguinte depois da sua definição em oposição do ser heterossexual.
Essa discussão é motivada porque “na contemporaneidade, a questão da
homossexualidade” por meio de “diversos fatores”, tais como: políticos, culturais, religiosos
e, individuais, advindos do “modo de ser e de viver do próprio homossexual” tomaram a cena
pública e entram em debate a todo instante (KNIEST, 2005, p.14).
Quando se discute a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo, pensa-se que é algo
recente, porém têm-se registros históricos que comentam as relações sexuais entre pessoas do
mesmo sexo há mais de três mil anos. (HUMBERTO e LIMA, 2008)
Segundo William Naphy (2006), no Código Hammurabi1, criado na antiga
Mesopotâmia em 1750 a.C. pontua a permissão, nos cultos religiosos, da relação sexual entre
pessoas do mesmo sexo como meio sagrado de purificação. E destaca que nas Leis de Hititas2
houve o reconhecimento de uniões entre pessoas do mesmo sexo, desde que vinculado ao
ponto da sabedoria e religiosidade, ou seja, aqui a relação entre pessoas do mesmo sexo era
algo puro e tinha como fim um meio de culto.
1 O Código de Hammurabi (também escrito por kevin) é um dos mais antigos conjuntos de leis escritas já
encontrados, e um dos exemplos mais bem preservados deste tipo de documento da antiga Mesopotâmia.
Segundo os cálculos, estima-se que tenha sido elaborado pelo rei Hammurabi por volta de 1700 a.C. (Oppert &
Menant (1877). Documents juridiques de l'Assyrie et de la Chaldee. Paris. In Revista do Advogado Ed.Dez.
Brasília: OAB, 2011.) 2 O hititas, povo indo-europeu, viveram na região da atual Turquia, entre os anos de 1600 e 1200 a.C. Este povo
era originário da região do Cáucaso. Como vários povos da antiguidade, os hititas seguiam o politeísmo
(acreditavam em várias divindades). Os deuses hititas estavam relacionados aos diversos aspectos da natureza
(vento, água, chuva, terra, etc).( LEHMANN, Johannes Os Hititas. São Paulo: Hemus, 2004)
18
Na Grécia Antiga, com destaque a Atenas, a educação fornecida pelos anciãos que
faziam parte do Estado era voltada para que os jovens recebessem a sabedoria dos velhos e os
jovens, como contrapartida, deveria dar sua juventude e vitalidade. Essa troca ocorreria por
meio do sêmen. Logo, em Atenas a relação sexual entre homens, sendo um ancião e um
jovem, era para fins de sabedoria. A educação ocorria quando o jovem completava 12 anos.
Era necessário que o jovem concordasse da tutela. Esse assumiria a posição passiva na relação
educacional até completar 18 anos. Destaca-se que havia anuência da família (GUIMARÃES,
2005; FOUCAULT, 2006).
Segundo Guimarães (2005), após esse período o pupilo era dado como adulto
esperando que esse assumisse o papel ativo na sociedade, assim não podendo mais ocorrer
uma relação sexual com outro homem. Se a ordem fosse subvertida e um homem mais velho
mantivesse relações sexuais com outro de igual idade, estava estabelecida sua desgraça – os
adultos passivos eram encarados com desprezo por toda a sociedade, a ponto de o sujeito ser
impedido de exercer cargos públicos.
Humberto e Lima (2008) destacam que na Grécia Antiga o filósofo grego Sócrates
adepto do amor homossexual, pregava que o coito anal era a melhor forma de inspiração – e o
sexo heterossexual, por sua vez, servia apenas para procriar. O que nos mostra a prevalência
da relação sexual entre homens como um meio de educação.
Já na perspectiva da cidade-estado de Esparta a relação ‘sexo-afetiva’ entre os homens
só poderia ocorrer entre os militares. Tal tática foi empreendida para fazer dos guerreiros
espartanos os mais fortes no campo de batalha. A lógica pautava-se na construção de
‘companheiro-amante’ nas guerras, pois quando um da dupla fosse ferido/morto o outro agiria
com fúria na tentativa de se vingar pela perda do companheiro. Após o período de batalha
cada soldado deveria voltar a sua realidade cumprindo papéis ativos na sociedade, ou seja,
casar, ter filhos, esposa e prover o sustento da família.
19
Os historiadores Humberto & Lima (2008) pontuam que entre os romanos a
pederastia, relação entre um homem adulto e um rapaz mais jovem, era encarada como um
sentimento puro, que fazia parte do ritual para a sua formação enquanto homem e guerreiro.
Porém essa relação não durou muito. Segundo Foucault (2006) com o surgimento e expansão
do cristianismo a relação sexual que não fosse para reprodução foi tida como impura e
pecaminosa. Assim, a perseguição a qualquer tipo de relação sexual que não fosse para
procriação humana.
As relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo como algo culturalmente aceito não
era exclusividade dos gregos e romanos, na Pérsia e na Índia exista a convivência com as
práticas sexuais entre iguais, ou seja, permitia-se que dois homens mantivessem relação
sexual como um aspecto, meramente, religioso. Isso se justificava pelo culto a deuses com
sexos indefinidos ou nascidos de uma relação entre pares do mesmo sexo, Humberto e Lima
(2008) citam o exemplo do “popularíssimo hindu Ganesh”, o deus da fortuna, que segundo
eles teria nascido de uma “relação entre duas divindades femininas”. Assim, percebe-se que,
na Antiguidade, o sexo não se vinculava exclusivamente pelo ato responsável pela procriação,
mas representava uma forma de culto religioso e meio de educação e transmissão de valores e
juventude.
Mas com o advento do cristianismo e do nascimento e expansão do islamismo, a partir
do século VII, houve o reforço à teoria do sexo para procriação, abominando assim o sexo em
pares do mesmo sexo na educação, estética e religião. Assim o descumprimento dessa norma,
pelos cristãos gerava pena a ser aplicada pela Igreja que variava de acordo com o "status"
social do praticante. Como por exemplo: os monges e outros eclesiásticos eram punidos com
penas brandas, já os que não tinham nada a oferecer para o clero, ou seja: os plebeus estes
eram condenados à morte, podiam ser queimados vivos, torturados, castrados e enforcados.
20
Os católicos assistiram horrorizados à conversão ao protestantismo de diversas pessoas
após a Reforma de Lutero. E, com o humanismo renascentista, os valores clássicos – e, assim,
o gosto dos antigos pela forma masculina – voltaram à tona. Pintores, escritores, dramaturgos
e poetas celebravam o amor entre homens.
A história revela que os termos: homossexual, homossexualismo e homossexualidade
são novos sendo criados no final do século XIX e XX, respectivamente, a partir da pesquisa
do alemão Karoly Maria Benkert sobre a sexualidade humana no ocidente (FRY &
MACRAE, 1983). Mas, segundo Spencer (1999), a divulgação para o grande público se deu
pelos pesquisadores Hirschfeld e Havelock a partir do estudo dado como um dos mais
importantes no âmbito da sexualidade.
Nascimento (2011) destaca que o vocábulo homossexual foi cunhado pelo alemão
Karoly Maria Benkert e pontua que
É importante ressaltar que a gênese do termo homossexual é apontada por
Mello (2005) como sendo a união do prefixo grego (homo = igual) com a
raiz latina (sexual) que estruturou o conceito homossexual.
Inapropriadamente, alguns tomam homo por uma origem latina, atribuindo
ao termo homossexualidade o sentido de sexo entre homens, o que implica
uma equivocada supressão das mulheres do campo semântico
originariamente grego (NASCIMENTO, 2011, p.2)
A história dos homossexuais é marcada por lutas e entraves no decorrer dos anos
pontuando avanços na área política, social e legal principalmente após a década de 1960 com
avanços significativos na década de 1980 e 1990, com ganhos do tipo: retirando a
homossexualidade do rol das patologias pela Organização Mundial de Saúde – OMS, ou seja,
deixa de existir o homossexualismo como doença e emerge a homossexualidade como uma
variante da sexualidade humana. Outra conquista, no âmbito internacional é o fim da marca
do preconceito com relação à transmissão do HIV e o adoecimento com relação a AIDS com
peste gay e o rotulo de grupo de risco. E pode-se pontuar como marca nacional a partir do
21
movimento nacional homossexual do atendimento gratuito em decorrência do HIV/AIDS por
meio da política pública de saúde (SOARES, 2007).
A construção do Movimento Homossexual Brasileiro – MHB, segundo Silva (2011),
nasce no final dos anos 1970, a partir de grupos constituídos por universitários e ativistas da
luta pela “afirmação homossexual”. O trabalho pautava-se na construção da afirmação de um
desejo e necessidade de ser homossexual. Nessa época, a luta era por “sair do armário”, o
assumir-se homossexual, logo o ativismo visava o trabalho individual e subjetivo para no
futuro desfraldar bandeiras e lutar por direitos civis, sociais e direitos coletivos.
Em fins da década de 1970, debates na Universidade de São Paulo – USP acabam por
fazer nascerem os primeiros grupos de militância homossexual brasileiros, tais como: o grupo
“SOMOS” (1978), em São Paulo; o “Grupo de Atuação e Afirmação Gay”; na baixada
fluminense; no Rio de Janeiro (1979) e em 1980 o “Grupo Gay da Bahia”; em Salvador; hoje
o grupo com mais tempo de existência e funcionamento no país, como relata Silva (2011).
Há que se destacar na história da homossexualidade no Brasil o lançamento, em 1978,
do Jornal Lampião da Esquina, com temáticas homossexuais, com 37 números publicados,
sendo perseguido pela censura vigente na Ditadura Militar, e extinguindo-se em 1981. Ele foi
um veículo de comunicação importante e pioneiro, que possibilitou discussões sobre a
homossexualidade num período de grande efervescência política no país.
Figura 1‘fac-símile’ da primeira e da última edição do Jornal “Lampião da Esquina”
Fonte: Centro de Documentação Prof. Dr. Luiz Mott - Curitiba/PR
22
Em 1979 vivia-se a época das lutas pela anistia para os presos e exilados políticos a
censo das lutas operadas na região do ABC paulista e outros movimentos sociais se
reorganizavam ou iniciavam suas discussões, como os movimentos feministas, negro,
ambientalista.
No início da década de 1980 chega ao Brasil a “Síndrome do Comprometimento Gay”
assim chamado inicialmente pelo Centro Norte-Americano de Controle de Doenças, a doença
que depois passaria a ser denominada de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS.
Era 1980 e nesse ano foi registrado o primeiro caso da doença no país, em São Paulo.
(PEDROSA apud ROSSI, 2002).
Escreve Silva (2011), que neste período se inicia no país, o processo de discussões e
construção coletiva do que viria a ser o Sistema Único de Saúde – SUS, precedendo aos
debates ocorridos durante a realização da Assembleia Nacional Constituinte em 1987. Dessa
manifesta-se a luta contra a AIDS e movimentos de “minorias”, especialmente o feminista,
em âmbito nacional e internacional.
Em 1980, no auge do Movimento GLBT, temos também agências
governamentais, parlamentares e setores do mercado segmentado. Além
disso, temos uma ampliação dos espaços de participação: comissões que
discutem leis ou políticas públicas, mas também a construção de espaços
para Advocacy3 em âmbito internacional. (SILVA, 2011)
A ampliação da visibilidade social se dá basicamente pelo debate público em torno de
candidaturas e projetos de lei, adoção da estratégia da visibilidade massiva através da
organização das Paradas do Orgulho LGBT e pela incorporação do tema de um modo mais
“positivo” pela grande mídia, seja pela inserção em personagens em novelas, seja em matérias
de jornais ou revistas que incorporam LGBT como sujeitos de direito (FACCHINE, 2005).
Facchini (2005) destaca que até 1993 o movimento aparece descrito
predominantemente como MHB, depois de 1993 como MGL (movimento de gays e lésbicas);
3 O termo Advocacy significa a busca de apoio para os direitos de uma pessoa ou de uma causa, ou para um
grupo especifico o segmento: LGBT por exemplo.
23
após 1995, aparece primeiramente como movimento GLT (gays, lésbicas e travestis) e
posteriormente a partir de 1999, figura também como um movimento GLBT – de gays,
lésbicas, bissexuais e transgêneros, passando pela variante LGBT, a partir de hierarquizações
e estratégias de visibilização do segmento lésbico do movimento.
Em 2008, na Iª Conferência Nacional GLBT, realizada em Brasília, nova
mudança ocorre não sem polêmica, aprova-se o uso da sigla LGBT para
denominação do movimento o que se justificaria pela necessidade de
aumentar a visibilização do segmento de lésbicas. (SILVA, 2011)
Segundo Lima (2005, p.17), "nós, seres humanos, estamos incluídos na sociedade por
uma relação de pertencimento baseada no princípio da igualdade: há algo que nos aproxima
que nos identifica como pessoas". Entretanto, a proposta de inclusão de todos como
participantes da produção social, cultural e econômica não pode deixar de reconhecer as
diferenças físicas, psicológicas e culturais existentes entre os sujeitos. Afirma ainda que "a
diversidade não se opõe à igualdade. A desigualdade socialmente construída é que se opõe à
igualdade, pois supõe que uns valem menos que os outros". Esta é uma visão que contraria os
princípios cristãos e democráticos.
24
CAPÍTULO II
CONCEITUANDO HOMOFOBIA
O capítulo foca a discussão sobre o que é homofobia, para que se possa a frente
discutir os dados apurados na pesquisa de campo. Segundo Rios (2009) a homofobia pode ser
entendida como uma aversão ou rejeição a homossexuais e a homossexualidade. Ela a
principio seria uma forma de rejeição por parte dos heterossexuais aos homossexuais. Mas
também seria uma forma de aversão do próprio homossexual a si. Além disso, a homofobia
vincula-se a bissexuais, travestis e transexuais.
O tema vem sendo desenvolvido na perspectiva os direitos humanos na tentativa de
evitar a discriminação e atos violentos que atentem com o ser humano. Ao comparar a
homofobia com outras formas de discriminação, como o racismo e o sexismo, a homofobia é
alvo de uma maior complacência, em geral, face às manifestações homofóbicas.
Udis Kessler (1996) afirma que para conceituar homofobia se faz necessário regredir
no tempo pelo menos cinquenta anos de acontecimentos políticos-teóricos (1970 - 2010)
iniciando-se na “geração de Stonewall” até o “movimento dos anos 1960”, que atuou na
construção de uma “identidade homossexual” marcada pela opressão e perseguição social.
A sociedade é uma estrutura composta por partes interdependentes e contraditórias que
se transformam mediante rupturas socioeconômicas, políticas e culturais no seu contexto
relacional (MARTINS e GUIMARÃES, 2009). Essa é constituída por indivíduos e suas
relações sociais. Que para Norbert Elias (1994) é uma relação dinâmica que se funde e
refunde numa continua integração social, configurando o fenômeno da individualização.
No entanto, em sociedade esse indivíduo ao se associar a outro assume o pressuposto
de se reconhecer enquanto sujeito coletivo. "Reconhecer-se numa identidade supõe, pois,
responder afirmativamente a uma interpelação e estabelecer um sentido de pertencimento a
um grupo social de referência" (LOURO, 1999, p. 12).
25
Borrilo (2003), afirma “que a homofobia pode ser caracterizada como um medo das
homossexualidades e o desprezo pelos gays e lésbicas, ou para aqueles que presumem em sê-
los”.
O sentimento de pertencimento a um dado grupo social pode ser um processo tenso e
contraditório, ou mesmo, o momento de ruptura, haja vista as possíveis segregações. Isso se
percebe nitidamente dentro do movimento LGBT que antes era movimento dos homossexuais
ou movimento dos homofilos4. Mas a busca por identidade e reconhecimento da identidade
levou ao surgimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais em frações distintas
de um movimento ou grupo social.
Contudo, em meio a essa diversificação vem o medo ou aversão ao outro que não se
encaixa no que é tido como regra de convivência em dado grupo social. No caso dos LGBT,
além do medo oriundo do meio heterossexual que gera a lesbofobia, homofobia, gayfobia,
bifobia, transfobia. Há, também, a fobia entre si por desconhecimento.
Prado e Junqueira (2011) apontam que, paulatinamente, o termo homofobia perde seu
caráter meramente psicologizante e passa a ser utilizado para descrever preconceitos,
discriminações e demais violências cometidas contra a comunidade LGBT por causa de sua
orientação sexual e/ou identidade de gênero.
Para se compreender a homofobia temos de falar de preconceito e discriminação,
conceitos correlacionados; o preconceito pertence à esfera da psique e a discriminação à
esfera do social.
Assim, o preconceito é uma atitude pré-concebida e de negação onde se procura
inferiorizar o diferente e/ou seu grupo, bem como suas representações sociais. (Rios, 2009)
4 Segundo o Dicionário Caldas Aulete: É um termo da Medicina, porém foi utilizado inicialmente para se referir
as relações de pessoas do mesmo sexo e inicio do movimento social organizado destes. = Aquele que apresenta
afinidade ao antígeno específico.
26
Neste sentido Rios (2009) afirma: Agregam-se a este conceito, de modo exclusivo,
preponderante ou conjugado, conforme o caso, as notas de irracionalidade, autoritarismo,
ignorância, pouca disposição à abertura mental e inexistência ou pouca convivência com
membros dos grupos inferiorizados.
Já a Discriminação nos meios jurídicos está conceituada como sendo a materialização,
no plano concreto das relações sociais, de atitudes arbitrárias, comissivas ou omissivas,
relacionadas com o preconceito levando à violação de direitos do outro e dos grupos. (RIOS,
2009)
Ainda segundo Rios (2009), “da vasta literatura científica sobre preconceito e
discriminação, são as abordagens psicológica e sociológica as que mais comumente se
debruçam sobre o tema”.
Em abordagens das Ciências Sociais o preconceito é relacionado como uma forma
intergrupal que – no quadro específico das relações de poder entre grupos, leva a produção de
atitudes negativas e depreciativas com comportamentos hostis e discriminatórios, em relação
aos membros de um grupo, por pertencerem a outro grupo.
Stuart Hall (1996) destaca que em estudos culturais – nessa mesma linha teórica – as
Identidades são produzidas a partir das diferenças, na medida em que às diferenças são
atribuídas a determinadas significações, para isso evoca entre outros: Freud, Lacan, Althusser
e Foucault.
É certo que toda a sociedade é divida por grupos de pessoas que se identificam
culturalmente, mas levando a questão sobre homofobia para dentro do próprio meio LGBT
como, por exemplo: gays não andam com travestis, alguns olham torto para os efeminados,
bissexuais nunca são aceitos e vistos como gente mal-resolvida, lésbicas só andam com
lésbicas ou homens e travestis formam um gueto.
27
Muitos homens e mulheres homossexuais vêm- se confrontados com um conflito entre
os seus sentimentos, os valores e as normas sociais no que diz respeito à sexualidade, a
intimidade é mais abrangente, em relação à existência humana no seu todo.
Borillo (2003) problematiza que “a homofobia, seja um como processo exterminatório,
que não se limita a constatar uma diferença, pois ela também interpreta e tira suas conclusões
materiais”.
Homofobia interiorizada (ou também Homofobia Internalizada) é o medo, ódio ou
repulsa da homossexualidade ou de pessoas homossexuais da parte das próprias pessoas
homossexuais.
As Homofobias Interiorizadas manifestam-se de diversas formas (como a repulsa
pelos "gays assumidos", fazer gozo de outras pessoas homossexuais) e pode ter conseqüências
graves na saúde mental e física da própria pessoa ou levá-la a cometer atos homofóbicos ou
antissociais.
Junto a Xenofobia, o Racismo ou Antissemitismo, a Homofobia é uma manifestação
arbitrária que consiste em designar o outro como inferior ou anormal, ou seja, posicionando o
outro com bizarro e estranho e não merecedor de sua participação cidadã e âmbitos públicos.
Mott (2006), “considera que de todas as minorias sociais, no Brasil e no mundo, os
homossexuais (hoje, homoafetivos) continuam sendo as principais vítimas do preconceito e da
discriminação”.
28
CAPÍTULO III
PESQUISA DE CAMPO: A HOMOFOBIA ENTRE OS LGBT
Segundo dados do IBGE, o Brasil possui, nesta virada do milênio, por volta de 18
milhões de amantes do mesmo sexo população assaz significativa – se compararmos, por
exemplo, com os 400 mil índios existentes no país.
É fato, por toda a teoria bibliográfica até aqui discorrida, que existe o preconceito do
segmento LGBT para com ele mesmo, assim para validar este trabalho apresenta-se neste
capitulo as metodologia utilizadas, bem como as análises da pesquisa de campo propriamente
dita, onde é apresentada a compilação das interpelações realizadas através dos questionários
corroborados com as falas dos estudiosos e pesquisadores.
3.1 Metodologias Adotadas
Este trabalho é fruto de uma pesquisa bibliográfica, ou seja: a busca de uma
problematizacão de um projeto de pesquisa a partir de referências publicadas, analisadas e
discutindo-se as contribuições culturais e cientificas.
A pesquisa bibliográfica constitui uma excelente técnica para fornecer ao pesquisador
a bagagem teórica, de conhecimento, e o treinamento cientifico que habilitam a produção de
um trabalho original e pertinente.
Nesta pesquisa, utilizou-se a abordagem metodológica do tipo qualitativa quando o
pesquisador procura reduzir a distância entre a teoria e os dados, entre o contexto e a ação,
usando a lógica da análise fenomenológica, isto é: a compreensão dos fenômenos pela sua
descrição e interpretação.
A pesquisa qualitativa tem como característica a de que o pesquisador observa os fatos
sob a óptica de alguém interno à organização; pesquisa e busca uma profunda compreensão
29
do contexto da situação; é uma pesquisa que enfatiza o processo dos acontecimentos, ou seja,
a sequência dos fatos ao longo do tempo. Isso confere à pesquisa bastante flexibilidade e
geralmente emprega mais de uma fonte de dados.
A metodologia qualitativa traz uma visão da realidade quando tem por base o
materialismo dialético, onde:
Aponta a dinâmica do real, trata da coisa em si, a representação e a essência.
Busca o concreto mostrando as contradições querendo conhecer as leis do
movimento investigando e depois a expõe reproduzindo a realidade partindo
da atividade prática objetiva do homem visando a transformação e a
mudança da realidade tendo como vista a totalidade dos fatos e a metafísica
da vida cotidiana. (TEIXEIRA, 2000, p.60).
A abordagem qualitativa utiliza-se de características nominais, para descrever e
conhecer o objeto em estudo, e, tem por finalidade observar, registrar e analisar os
fenômenos. Envolve o uso de técnicas padronizadas de dados: questionário e observação
sistemática. Assume a forma de levantamento e logo após, o estudo sistemático de tais
levantamentos.
Para a realização da pesquisa foi aplicado um questionário com perguntas abertas que
permitiram aos informantes emitirem opiniões e fazerem considerações sobre si, e fechadas de
cunho sim e não, onde as pessoas se identificam como lésbica, gay, bissexual, travesti e, ou
transexual, segundo MARCONI e LAKATOS (1999) o questionário como ferramenta de
pesquisa é:
Um instrumento de coleta de dados com uma série de perguntas ordenadas
que devem ser respondidas. O questionário apresentado para os sujeitos
dessa pesquisa constituiu-se de perguntas: fechadas, em que o entrevistado
escolhe uma das duas alternativas propostas; e abertas em que o
entrevistado tem total liberdade para suas respostas. (MARCONI e
LAKATOS, 1999)
Posteriormente compararam-se os dados coletados e as percepções captadas com os
que foram realizados no estágio do levantamento bibliográfico, prosseguindo-se, logo após,
com a elaboração das considerações finais sobre o objeto de estudo ora apresentado.
30
Assim, o universo da pesquisa consta de trinta e quatro (34) questionários.
A pesquisa foi realizada entre a primeira quinzena do mês de março e a ultima semana
do mês de maio de 2012. Os questionários foram aplicados junto a operadoras/es de
telemarketing de uma empresa particular que presta serviços para várias empresas públicas e
privadas além de órgãos públicos do Governo Federal e do Governo do Distrito Federal,
perfazendo vinte e nove entrevistas, os outros cinco questionários foram disponibilizados aos
acompanhantes dos primeiros; parceiras/os ou não; quando estes chegavam na empresa,
objetivando-se assim ter entre os entrevistados representantes de todos os seguimentos que
pretendia-se ouvir.
A hipótese girava em torno da existência de uma carga negativa que muitas pessoas
LGBT aprendem e assimilam sobre orientação sexual e identidade de gênero que resulta na
homofobia internalizada, fazendo com que as pessoas LGBT não gostem de si pelo fato de
não serem heterossexuais reproduzindo esta hostilidade com seus pares LGBT.
Para aprofundamento deste trabalho foi desenvolvida coleta de dados através de
pesquisas bibliográficas, questionários, entrevistas e observações. A entrevista é definida por
Haguette (1997, p. 86) como um “processo de interação social entre duas pessoas na qual uma
delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o
entrevistado”.
A observação criteriosa dos dados assentados nos questionários proporcionou a
confecção dos gráficos que se seguem, que nada mais são do que um resumo pontual de cada
item respondido pelos entrevistados.
31
3.2 Análises dos dados.
a) Questão 1
Qual sua Identidade de Gênero?
Do total de trinta e quatro questionários, nove das/os entrevistadas/os se identificaram
como sendo Mulher, dezenove como Homens, dois como Travesti e quatro como
Transexuais; sendo três Trans-Mulher e um Trans-Homem.
Quatro Mulheres se identificam como sendo bissexuais, e cinco como homossexuais,
muito embora todas se veem como Lésbicas.
Quatro Homens se identificam sendo bissexuais e quinze como homossexuais; porém
todos se veem como Gay; as Travestis se declararam homossexuais, embora sejam Travestis
Femininas, no segmento dos Transsexuais dois se identificaram como sendo Homossexuais,
no entanto são Trans-Mulher e dois se identificam como Heterossexuais, sendo um Trans-
Mulher e um Trans-Homem.
Nesta questão ocorreu um impasse classificatório durante a aplicação das ferramentas
da pesquisa de campo, pois inicialmente o questionário trazia para gênero somente as opções:
‘Mulher’ e ‘Homem’, o que durante as entrevista causou algum constrangimento.
Gráfico 1 Perfil dos entrevistados por Gênero
SANTOS, E.A.S.R dos. Serviço Social, Unisaber/AD1, 2012.
32
Buscou-se na fala de Louro (2009) um apoio para entender gênero “no sentido muito
específico e particular que nos interessa aqui, gênero não aparece no Aurélio. Mas as palavras
podem significar muitas coisas. Na verdade, elas são fugidias, instáveis, têm múltiplos
apelos...”.
E continua a pesquisadora:
Admitindo que as palavras têm história, ou melhor, que elas fazem história,
o conceito de gênero que pretendo enfatizar está ligado diretamente à
história do movimento feminista contemporâneo. Constituinte desse
movimento, ele está implicado lingüística e politicamente em suas lutas e,
para melhor compreender o momento e o significado de sua incorporação, é
preciso que se recupere um pouco de todo o processo. No Dicionário do
Aurélio (1994), aparece uma série de definições para gênero, desde seus
significados no âmbito da Lógica, da Biologia, da Gramática, até usos mais
correntes como "maneira, modo, estilo", "classe ou natureza do assunto
abordado por um artista" ou, ainda, expressões classificadas como gíria:
"fazer gênero" ("fingir ser o que não é") e "não fazer o gênero He" ("não
estar conforme a opinião ou gosto de alguém'; não agradar a"). (LOURO, G
L. p.14, 2007)
Conforme Lakatos (1996: 79) “A observação serve também para coleta de dados assim
conseguiremos informações sobre determinados aspectos da realidade dos pesquisados,
identificando e obtendo provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm
consciência, mas que orientam seu comportamento”.
De acordo com Minayo (2011):
...na pesquisa qualitativa, como o recorte espacial no que diz respeito á
abrangência, em termos empíricos, do recorte técnico correspondente ao
objeto da investigação (2006). Por exemplo, quando tratamos de entender as
concepções de determinado grupo social: A pesquisa social trabalha com
gente e com suas realizações, compreendendo-os como atores sociais em
relação, grupos específicos ou perspectivas, produtos e exposição de ações,
no caso de documentos. (MINAYO. p.62, 2011)
Assim, para a tabulação consideramos como gênero: Mulher, Homem, Travesti e
Transsexual, e com esse novo norteador, realizamos toda a tabulação nos gráficos e tabelas.
33
b) Questão 2
Qual a sua Idade?
Devido à quantidade de entrevistas e a dificuldade de expressar o resultado em um
único gráfico, optou-se por dividir as idades em seis faixas etárias distintas (17/22 anos, 23/28
anos, 29/35 anos, 36/41 anos, 42/50 anos e 51/62 anos).
Gráfico 2 Perfil dos entrevistados por Faixas Etárias
SANTOS, E.A.S.R dos. Serviço Social, Unisaber/AD1, 2012.
c) Questão 3
Qual a sua Orientação Sexual?
No universo pesquisado, dois entrevistados se declaram heterossexuais, o que
representa aproximadamente 6% do total, um detalhe: ambos são transsexuais, uma Trans-
Mulher e um Trans-Homem.
Dez responderam o questionamento se declarando bissexuais; quadro mulheres, quatro
homens e dois transsexuais femininos, o que representa aproximadamente 30% do total das
entrevistas.
Já aqueles que seguem a orientação da homossexualidade, são cinco mulheres, quinze
homens e duas travestis somando vinte e dois pesquisados correspondendo a um valor
34
próximo a 64% da nossa amostragem, vale salientar que no segmento dos transsexuais
nenhum se considera homossexual.
Gráfico 3 Perfil dos entrevistados por Orientação Sexual
SANTOS, E. A. S. R. dos. Serviço Social, Unisaber/AD1, 2012.
O Conselho Federal de Serviço Social através; da Resolução n° 489, de 3 de junho de
2006; estabelece normas vedando condutas discriminatórias ou preconceituosas, por
orientação e expressão sexual por pessoas do mesmo sexo, no exercício profissional do
Assistente Social, regulamentando princípio inscrito no Código de Ética Profissional.
Considerando ser dever do Conselho Federal de Serviço Social zelar pela observância dos
princípios e diretrizes do Código de Ética Profissional do Serviço Social, baixando normas
para melhor especificar as disposições do Código de Ética do Assistente Social.
A normatização fez do profissional de Serviço Social um guardião dos Direitos
Humanos, vejamos:
O Assistente Social no exercício de sua atividade profissional deve abster-se de
práticas e condutas que caracterizem o policiamento de comportamentos, que sejam
discriminatórias ou preconceituosas por questões, dentre outras, de orientação sexual; deverá
contribuir, inclusive, no âmbito de seu espaço de trabalho, para a reflexão ética sobre o
35
sentido da liberdade e da necessidade do respeito dos indivíduos decidirem sobre a sua
sexualidade e afetividade.
O Assistente Social deverá contribuir para eliminar, no seu espaço de trabalho,
práticas discriminatórias e preconceituosas, toda vez que presenciar um ato de tal natureza ou
tiver conhecimento comprovado de violação do princípio inscrito na Constituição Federal, no
seu Código de Ética, quanto a atos de discriminação por orientação sexual entre pessoas do
mesmo sexo.
É vedado ao Assistente Social a utilização de instrumentos e técnicas para criar,
manter ou reforçar preconceitos, estigmas ou estereótipos de discriminação em relação a livre
orientação sexual.
É dever do Assistente Social denunciar ao Conselho Regional de Serviço Social, de
sua área de ação, as pessoas jurídicas privadas ou públicas ou pessoas físicas, sejam
Assistentes Sociais ou não, que sejam coniventes ou praticarem atos, ou que manifestarem
qualquer conduta relativa a preconceito e discriminação por orientação sexual entre pessoas
do mesmo sexo.
Foi o fato de presenciar em sala de aula um colega ser discriminado por um grupo de
colegas fundamentalistas que decidi fazer esta pesquisa, pois não é compreensível futuras
profissionais Do Serviço Social agirem como agiram, ao ponto dele pedir seu desligamento da
e tenho certeza que fui e serei uma árdua defensora dos Diretos Humanos.
d) Questão 4
Qual sua Identidade Sexual?
A pesquisadora Guacira Louro (2000) em seu livro: “O Corpo Educado Pedagogias da
Sexualidade”, assim ensina quando fala de Identidade Sexual: “Por outro lado, na medida em
que várias identidades - gays, lésbicas, queers, bissexuais, transexuais, travestis - emergem
36
publicamente, elas também acabam por evidenciar, de forma muito concreta, a instabilidade e
a fluidez das identidades sexuais”.
Como tinha-se o objetivo de trazer para a Academia dados os mais fidedignos
possíveis, procurou-se no decorrer dos trabalhos adaptá-lo as linhas teóricas mais atuais. Sem
causar polêmica junto aos mais conservadores que devem ter seus motivos para não abraçá-
las.
Gráfico 4 Perfil dos entrevistados por Identidade Sexual
SANTOS, E. A. S. R. dos. Serviço Social, Unisaber/AD1,2012.
Nesta questão, seis (06) das/os entrevistadas/os questionaram o porquê de não ter sido
apresentada a opção para elas/es poderem se expressar, pois sendo Travestis ou Transsexuais
não se sentiam a vontade para marcar as opções ‘Gay’ ou ‘Lésbicas’, para por fim ao impasse
acrescentou-se a opção ‘Outra’.
Com as adaptações e os esclarecimentos realizados, encontrou-se 56% dos
entrevistados se reconhecendo como Gays; 26% se veem como Lésbicas e 18%; dos
interpelados preferiram marcar a opção ‘Outra’, por não verem suas Identidades Sexuais
contempladas no questionário, são duas Travestis e quatro Transsexuais.
37
e)Questão 5
Qual sua Cor/Etnia/Raça?
Aqui novamente foi necessário rever os critérios, uma vez que algumas/uns
entrevistadas/os questionaram o fato de uma pesquisa acadêmica não acompanhar os ditames
proclamados pelo IBGE no último CENSO:
A SUA COR OU RAÇA É: Leia as opções de cor ou raça para a pessoa e considere
aquela que for a declarada. Caso a declaração não corresponda a uma das
alternativas enunciadas no quesito, esclareça as opções para que a pessoa se
classifique na que julgar mais adequada. Assinale a quadrícula, conforme o caso:
1 - BRANCA - para a pessoa que se enquadrar como branca;
2 - PRETA - para a pessoa que se enquadrar como preta;
3 - PARDA - para a pessoa que se enquadrar como parda ou se declarar mulata,
cabocla, cafuza, mameluca ou mestiça;
4 - AMARELA - para a pessoa que se enquadrar como amarela (de origem japonesa,
chinesa, coreana, etc.);
5 - INDÍGENA - para a pessoa que se enquadrar como indígena ou se declarar índia
Esclareça à pessoa, quando necessário, que a classificação amarela não se refere à
pessoa que tenha a pela amarelada por sofrer de moléstia como empaludismo,
malária, amarelão, etc. A classificação Indígena aplica-se aos que vivem em
aldeamento como, também, aos indígenas que vivem fora do aldeamento (Manual
do recenseador, 2000, p.60).
Gráfico 5 Perfil dos entrevistados por Etnia
SANTOS, E.A.S.R dos. Serviço Social, Unisaber/AD1, 2012.
Dos trinta e quatro entrevistadas/os, um se declarou Indígena, o que representa 3% do
nosso universo, nove pessoas se declararam brancas, representando vinte seis por cento das
entrevistas, e vinte e quatros dos interpelados afirmaram serem ‘pardos’ ou ‘pretos’
38
significando 71% do total. Aqui para fins estatísticos realizou-se a soma daquelas/es que se
identificaram como ‘pardos’ com as/os que se classificaram como ‘pretos’, surgindo à
classificação ‘NEGRA’, haja vista que ‘pardo’ e ‘preto’ não são definições étnicas.
3.3. Preconceito e/ou Discriminação contra pessoa LGBT.
Aqui chegamos, ao ápice do nosso trabalho, momento que a observação foi primorosa
ao analisar as reações dos respondentes, mesmo que a distância, porque, apesar de estar
trabalhando como um grupo de seres humanos com mentes mais arejadas, era possível prever
as respostas enquanto liam as perguntas conforme suas falas fisionômicas.
Algumas/ns entrevistadas/os após a entrega do questionário fizeram colocações que
não escreveram por timidez ou receio em atestar suas experiências. Nem todas as garantias do
anonimato foram suficientes para obter-se a totalidade de respostas às perguntas abertas.
a) Questão 6
Há Preconceito/Discriminação contra pessoa LGBT no Brasil? Explique.
Este foi o primeiro questionamento misto (pergunta de múltipla escolha, acompanhada
de explicação) da nossa ferramenta de pesquisa, a totalidade dos entrevistados respondeu
‘SIM’, admitindo haver preconceito/discriminação ao segmento LGBT no Brasil. Já as
explicações são as mais diversas, mas fazemos questão de comentar a resposta do Homem, 50
anos, Bissexual, Gay e Branco “SIM Na Família, na Escola, na Igreja e no Trabalho”, sem
dúvida o poder de síntese deste entrevistado é o retrato fiel da discriminação/preconceito que
está arraigado na nossa sociedade.
39
b) Questão 7
Você já foi alvo de Discriminação/Preconceito?
Gráfico 6.-. Respostas Questão 07
SANTOS, E. A. S. R. dos. Serviço Social, Unisaber/AD1, 2012.
Quando perguntados se já tinham sido alvo de Discriminação/Preconceito? A
totalidade dos entrevistados que se assumem como Travestis e aqueles que se declaram
Transsexuais responderam positivamente, o que representa 18%, do total, entre as Mulheres
2/3 já foram discriminadas representando também 18% do total, já entre os Homens 16 deles
afirmam terem sofrido discriminação o que perfaz 46% do total das entrevistas.
A negativa para as mulheres foi de 27% em sua categoria e para os Homens de 38%
em seu segmento. Aplicada à proporcionalidade matemática e estatística, comprova-se que a
discriminação entre o segmento das pessoas que biologicamente nasceram ‘Mulher’ é menor,
sem duvidas devido a patriarcado luso-português que vê com normalidade duas moças ou,
duas senhoras irem juntas ao toalete, fazendo com que o ‘lesbianismo’ passe quase que
despercebido. Já os altos índices para a discriminação a aquele que biologicamente nasceu
‘Homem’, devido à sua ‘herança’ enquanto ‘macho’, ‘garanhão’ impede que vá ao toalete
acompanhado de outro rapaz ou homem.
40
c) Questão 8
Você já foi alvo de Homofobia (lesofobia/gayfobia/travestifobia/transfobia)?
Aqui de uma forma mais filtrada objetivou-se apurar a discriminação/preconceito,
nominalmente para as diversas variáveis da HOMOFOBIA, os resultados não se diferenciam
muito da questão anterior. O dado novo fica no segmento dos Homens, onde aparecem quatro
entrevistados que responderam afirmativamente terem sofrido discriminação/homofobia na
questão anterior e agora declaram não terem sofrido Homofobia.
Assim o segmento dos Homens passa a ter a seguinte analise? 35% do total (7
representantes) admitem não terem sofrido Homofobia e 65% afirmam que já sofreram atos
homofóbicos (12 representantes).
Por ocasião da apresentação deste trabalho a Banca Avaliadora, no mesmo momento
era divulgada para a imprensa pela Secretaria de Direitos Humanos - SDH/PR, o ‘Relatório
sobre Violência Homofóbica no Brasil: o ano de 2011’, e para nossa satisfação os
resultados não se diferem desta ‘simplória pesquisa’; simplória comparando-se ao universo,
ao investimento, e a comissão de notáveis que elaborou tal relatório.
Segundo o Relatório da SDH/PR, em 2011 aconteceram 6.809 denuncias de
homofobia, com 278 óbitos, o que nos trás um triste record, mais de quatro casos de
homofobia acontecem no Brasil por dia.
Destaca-se ser este relatório primeiro documento com chancela oficial; até então só
dispúnhamos de levantamento histórico feito pelo GGB, tendo como fonte informações
midiáticas (jornais, rádios, revistas e televisão).
41
Gráfico 7 - Respostas Questão 08
SANTOS, E. A. S. R. dos. Serviço Social, Unisaber/AD1, 2012.
d) Questão 9
Sua Família aceita sua orientação sexual?
Questionados se suas famílias aceitavam a sua Orientação Sexual, 68% dos
entrevistados (24 sujeitos), responderam de forma positiva, 29% (09 sujeitos) afirmaram que
não são aceitos pelas famílias e um indivíduo com o qual conversamos após o preenchimento
do questionário fez com que fosse acrescentada a opção ‘OUTRA’,
Gráfico 8 - Respostas Questão 09
SANTOS, E. A. S. R. dos. Serviço Social, Unisaber: 2012.
42
Trata-se do entrevistado: Homem, 34 anos, Homossexual, Gay Branco “O fato de eu
ser gay e bem sucedido profissionalmente promove a aceitação da minha família, mas eles
não aceitam eu como filho único não deixar um descendente, já sugeriram até eu realizar um
casamento de fachada para ter um filho/a ou então arrumar uma ‘barriga de aluguel’, por isso
respondi mais ou menos, pois essa atitude me causa dissabores.”.
e) Questão 10
Você já teve aversão a si própria/o? Explique
Gráfico 9 - Respostas Questão 10
SANTOS, E. A. S. R. dos. Serviço Social, Unisaber/AD1, 2012.
Neste gráfico apresenta-se a compilação para a pergunta de número 10 da nossa
ferramenta de pesquisa.
Quando perguntados se já tinham sentido aversão a si próprio, 38% dos entrevistados;
(13 em números absolutos); responderam de forma positiva e 62%; (21 em números
absolutos); de forma negativa.
Dentro de cada segmento obteve-se os seguintes percentuais: Uma entrevistada
Mulher respondeu afirmativamente, o que representa 11% no seu grupo (de 9 mulheres), dez
Homens afirmaram já terem tido aversão a si próprio (de um total de 19), o que significa 53%
43
para o segmento, uma Travesti respondeu sim, significando 50% do total entrevistado (duas) e
um Transsexual; de quatro entrevistados; respondeu de forma positiva significando 25% do
segmento.
Doze entrevistados explicaram suas respostas, uma reflexão é do segmento Mulher,
dez reflexões são do segmento Homens e uma do segmento Transsexual, as Travestis
responderam apenas se “SIM” ou “NÃO”, para o questionamento, optando por não
apresentarem explicação e/ou reflexão.
Abaixo; são apresentadas três reflexões mais significativas; e, que fazem acreditar que
a exigência ao cumprimento da heteronormatividade; por questões morais e religiosas; seja o
principal fator gerador d’a aversão ao seu “eu”.
Mulher/20 anos/Homossexual/Lésbica/Negra SIM. Em razão da minha orientação Sexual, minha família queria me fazer acreditar que era doente por ser Lésbica. Homem/33 anos/Homossexual/Gay/Negro SIM. Quando me descobri um sujeito Gay. Não quis aceitar a situação por questões morais e religiosas. Transsexual/22 anos/Bissexual/Trans-Mulher /Negra SIM. Porque é difícil ser diferente.
f) Questão 11
Você já teve aversão a alguma pessoa LGBT? Explique.
Todo ano, o Ministério da Educação (MEC) registra, em média, seis mil casos de
homofobia na rede pública do país.
44
Uma Pesquisa de 2009, da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana5
(Ritla) apontou que 44,4% dos alunos do Distrito Federal não gostariam de estudar com
homossexuais.
Aqui temos a pergunta que é todo o motivo de nosso trabalho, “Você já teve aversão a
alguma pessoa LGBT?”
Entre os entrevistados obtivemos 24% de respostas positivas a pergunta ou seja
inconscientemente ou conscientemente já praticaram a homofobia interiorizada aos seus
pares, desse publico temos duas Mulheres, quatro Homens, uma Travesti e um Transsexual,
conforme demonstra o gráfico abaixo.
O que vai ao encontro do que ensina Rios (2009) “o preconceito é uma percepção negativa
efetuada acerca de indivíduos ou grupos socialmente considerados inferiores, bem como as
representações sociais ligadas a tais percepções”.
Gráfico 10 - Respostas Questão 11
SANTOS, E. A. S. R. dos. Serviço Social, Unisaber/AD1, 2012.
5 Esta pesquisa resultou na publicação do Livro: Revelando tramas, descobrindo segredos: violência e
convivência nas escolas. ABRAMOVAY, M; CUNHA, A. L.; CALAF, P. P Rede de Informação Tecnológica
Latino-americana - RITLA, Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEEDF, Brasília, 2009.
45
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa buscou visualizar dentro do movimento LGBT a ocorrência ou
sua negativa para a Homofobia internalizada. A hipótese girava em torno da existência de
uma carga negativa que muitas pessoas LGBT aprendem e assimilam sobre orientação sexual
e identidade de gênero que resulta na homofobia internalizada, fazendo com que as pessoas
LGBT não gostem de si pelo fato de não serem heterossexuais reproduzindo esta hostilidade
com seus pares LGBT.
A pesquisa foi realizada entre a primeira quinzena do mês de março e a ultima semana
do mês de maio de 2012. Foram aplicados trinta e quatro questionários. Aplicaram-se os
questionários entre operadores de telemarketing de uma empresa privada que presta serviços
para várias empresas públicas e privadas alem de órgãos públicos do Governo Federal e do
Governo do Distrito Federal.
Enfim, o que parece alimentar todas essas discussões a respeito da Homofobia e sobre
a Homofobia interiorizada é a questão da intimidade e sua relação com passado-presente,
público-privado e a herança moderna.
Nossa hipótese da existência da homofobia interiorizada foi comprovada, se mais
subsídios não apresentam a baila, foi porque mesmo no universo estudado há o pudor ao tratar
da intimidade individual, e por se tratar de um tema que está com a visibilidade em seu auge,
ninguém mesmo anônimo; gostaria de ser rotulado de preconceituoso ou homofóbico.
Assim sendo, é importante destacar que ao realizar esse trabalho de enfrentamento dos
desafios postos na relação entre intimidade e sociedade, as ações profissionais na área de
Assistência Social podem ser entendidas como espaços educativos.
Afinal, contribuem para elaborar novas formas de conhecimento para além da
Assistência Social, seus integrantes e para além da homossexualidade, o que com certeza há
46
de contribuir para amenizar a violência homofóbica interiorizada. O respaldo para essa
afirmação está nas palavras de SANTOS (2001) que entende a educação como todo campo de
criação das “subjetividades paradigmáticas”, ou seja, local em que o pensamento crítico
independente, de transformação emancipatória, pode e deve ocorrer.
A certeza de está trilhando o caminho certo veio com a semelhança dos resultados
desta pesquisa com o Relatório da SDH/PR com igual temática.
O trabalho foi iniciado, que outros atores do Serviço Social formulem suas hipóteses a
partir deste estudo, a discussão está aberta.
47
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249.
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ANEXO “A”
QUESTIONÁRIO
Faculdade Unisaber
Curso de Serviço Social
Olá! Eu sou Elizabete Alves da Silva Ramos estudante do curso de Serviço Social da Faculdade
Unisaber e venho por meio deste solicitar seu auxilio, se possível, para que eu possa realizar a
construção do meu trabalho de conclusão de curso. O trabalho versa sobre os motivos que levam a
construção da homofobia (gay/lesbo/trans/bifobia) internalizada. Assim, você poderia contribuir
respondendo o questionário que se segue? Caso não, eu agradeço a atenção. Mas caso sim, fico grata
em você poder contribuir com o meu processo de formação acadêmica.
I – Dados iniciais
1) Identidade de gênero: ( ) Homem ( ) Mulher 2)Idade: _______________
3) Orientação sexual: ( ) Homossexual ( ) Heterossexual ( ) Bissexual
4) Identidade sexual: ( ) Lésbica ( ) Gay ( ) Travestis ( ) transexual
5) Cor/raça/etnia: ( ) Negro ( ) Branco ( ) Pardo ( ) Indígena ( ) Amarelo ( ) Outros
II – Questões
6) Em sua opinião há preconceito/discriminação contra a pessoa LGBT no Brasil? ( ) Sim ( ) Não
Explique? ______________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
7) Você já foi alvo de preconceito/discriminação? ( ) Sim ( ) Não
8) Você já foi alvo de Homofobia (lesbo/gay/trans/bifobia)? ( ) Sim ( ) Não
9) Tua família aceita a sua orientação sexual? ( ) Sim ( ) Não
10) Você já teve aversão a si própria/o? ( ) Sim ( ) Não
Caso sim, por quê?____________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
11) Você já teve aversão a alguma pessoa LGBT? ( ) Sim ( ) Não
Caso sim, em qual situação? ____________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Muito Obrigada!
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