História dos saberes psicológicos
Coleção
• Depressão e esperança: novas visões para o aconselhamento pastoral, Howard W. Stone• História dos saberes psicológicos, Marina Massimi•Introdução à psicologia fenomenológica: a nova psicologia de Edmund
Husserl, Tommy Akira Goto•NewAddictions: as novas dependências,CesareGuerreschi• Obstáculos ao amor e à fé (Os): o amadurecimento humano e a espiritua
lidade cristã, JoséDel-FraroFilho• Procurase Jung: metáfora da busca do humano no humano, Flora Bojunga
Matto
Históriados saberes psicológicos
MARINAMASSIMI
Direçãoeditorial: Claudiano Avelino dos SantosAssistenteeditorial: Jacqueline Mendes FontesCoordenaçãoderevisão:Tiago José Risi LemeRevisão:Caio Pereira, Tarsila DonáDiagramação:Dirlene França Nobre da Silva Capa:Marcelo Campanhã Ilustraçãodacapa:Lidiane Ferreira Panazzolo Yuri Santiago Venuto ChamounImpressãoeacabamento:PAULUS
1ª edição, 2016
DadosInternacionaisdeCatalogaçãonaPublicação(CIP)(CâmaraBrasileiradoLivro,SP,Brasil)
Massimi, MarinaHistóriadossaberespsicológicos/MarinaMassimi.–SãoPaulo:Paulus,2016.–ColeçãoTemasdepsicologia.
ISBN978-85-349-4193-8
1.Psicologia-HistóriaI.Título.II.Série.
16-00018 CDD-150.9
Índicesparacatálogosistemático:1.Psicologia:História150.9
©PAULUS–2016
RuaFranciscoCruz,229•04117-091–SãoPaulo(Brasil)Tel.:(11)5087-3700•Fax:(11)5579-3627paulus.com.br•[email protected]
ISBN978-85-349-4193-8
5
Introdução
Premissa*1
Nabuscadeentenderoqueéapsicologia,nosencontramosdiantedemuitasvozesquemodulamdiferentesdefiniçõesdessaáreadeconhecimento,demodoquenãoépossívelfornecerumaformulaçãounívocadaáreaqueobtenhaaconcordânciadetodasessasvozes.Paraexemplificaraquestão:olhemosparaalgunsmanuaisintrodutóriosaoconhecimentodapsicologia,elaboradospordiversosautoresemdiferentescontextosgeo-gráficosetemporais,todostraduzidosaoportuguês,presentesnas bibliotecas universitárias brasileiras e utilizados para oestudodaárea.Num livro escrito noBrasil em1917, diferencia-se entre
psicologiageralepsicologiahumana.Demodogeral,“apsico-logiaestudaoindivíduoemsuasrelaçõescomomundo”,emcadaespécieanimal,e“apsicologiahumanatemcomoobjetodeestudoacondutaouoprocedimentodohomem,quebuscanomundoasatisfaçãodesuasnecessidades”(Ferraz,1957,p.23-24).Garret,emummanualpublicadonosEstadosUnidosetradu-
zidonoBrasilem1968,refere-seaessavariedadedeformulações:
*AgradeçoSávioPassafaroPereseCarolinadeResendeDamasCardosopelacuidadosarevisãodestetexto.
6
AdefiniçãodePsicologiaesuautilidadevariamdeacordocomaáreadeestudo,jáquecadaumaestudaváriosaspec-tosdocomportamento.Emsuma,apsicologiaéaciênciadocomportamentohumanoeoseuobjetoéoqueaspessoasfazemecomoeporqueofazem(Garret,1968,p.18-19).
KurtKoffka,umdosexpoentesdeumaabordagemsignifi-cativadapsicologiaexperimental,aTeoriadaGestalt,afirma:
Comoosmétodosdependemdoobjetodeestudo,nósnosconcentraremos primeiro numadefinição, oumelhor, numdelineamento da nossa ciência. Podem-se distinguir trêsdefiniçõesdiferentesdonossoobjetodeestudo:apsicologiacomociênciadaconsciência,comociênciadamenteecomociênciadocomportamento(Koffka,1975,p.37).
JáRobertS.WoodwortheDonaldG.Marquisremetem-seàsorigensdotermoeàcomplementaridadedapsicologiacomasdemaisciênciasdohomem:
Psicologialiteralmentesignificaciênciado“soprodavida”,edurantemuitosséculosfoidefinidacomociência(oufilosofia)daalma.Entretanto,nemosentidoliteral,nemadefiniçãoantigadescrevemoquerealmenteapsicologiadenossosdiassignifica.[...]Aciênciadocomportamentoéatualmentecons-tituídaporumgrupodeciências.Dumladotemosafisiologia,investigandoosórgãosecélulasquefazemotrabalhoorgânico,doutro ladovemosas ciências sociais, estudandonaçõesegruposhumanos.Hálugarparaumaciênciaintermediária,quefocalizaaatençãosobreoindivíduo.Essaciênciaintermediáriaéapsicologia,queestudaasatividadesdoindivíduodurantetodaasuavida,desdeoperíodoembrionário,continuandopelainfância,meniniceeadolescência,atéamaturidade,eaindamaislonge,atéosanosdedeclínio(Woodworth;Mar-quis,1965,p.1-3).
SegundoHebb,apsicologiadeveserdefinida“comoestudodasformasmaiscomplexasdeintegraçãoouorganizaçãodo
7
comportamento”.Dessemodo,“nelaincluímostambémoestu-dodeprocessostaiscomoaprendizagem,emoçãooupercepçãoque estão envolvidos na organização do comportamento”.AindasegundoHebb,“ométododapsicologiaétrabalharob-jetivamenteconstruindoumateoriadamentebaseadaemfatosobjetivosdocomportamento.Issosignificaquenósconhecemosamenteeaestudamos,comooquímicoconheceeestudaaspropriedadesdoátomo”(Hebb,1971,p.12).OmanualdeHennemanafirmaquepodemosdefinirapsico-
logiaapartirdatematizaçãodeseuobjeto(ocomportamento)equepelaamplidãodosignificadodessetermoocampodaáreatorna-semuitoextenso.Comefeito,“taltermoéaplicadodeformamuitoextensadiantedaamplaescaladeatividades”,que incluem“atividades que são observáveis e registráveiscomofalaroudirigirumcarro”,“processosfisiológicosdentrodoorganismo”, e ainda“processos conscientes de sensação,sentimentoepensamento”.Emsuma,“aimagemdapsicologiacontemporâneaécaracterizadaporseusextensoslimites,suacomplexidadeesuaheterogeneidade”(Henneman,1977,p.4).Tentandosintetizardiversasperspectivas,Davidoffescreve:
Apsicologiaéhojecomumentedefinidacomoaciênciaqueestudaocomportamentoeosprocessosmentais.Osassun-tos investigados pelos psicólogos incluem temas como: odesenvolvimento,asbasespsicológicasdocomportamento,aaprendizagem,apercepção,aconsciência,amemória,open-samento,alinguagem,amotivação,aemoção,ainteligência,apersonalidade,oajustamento,ocomportamentoanormal,otratamentodocomportamentoanormal,asinfluênciassociaise o comportamento social.Apsicologia é frequentementeaplicadanaindústria,naeducação,naengenharia,emassuntosdeconsumoeemmuitasoutrasáreas(Davidoff,1983,p.29).
Todorov(2007,p.57),aobuscarumadefiniçãooperacionaldepsicologiaquesupereos impasseseascontraposiçõesdopassado e que seja compreensivadaquilo queos psicólogosefetivamentefazem,colocaque
8
Apsicologiaestudainteraçõesdeorganismos,vistoscomoumtodo, comseumeioambiente (Harzem;Miles,1978).Obviamentenãoestáinteressadaemtodosostipospossíveisde interações nem emquaisquer espécies de organismos.Apsicologiaseocupafundamentalmentedohomem,ain-daque,paraentendê-lo,muitasvezes tenhaque recorrerao estudo do comportamento de outras espécies animais(Keller;Schoenfeld,1950).Quantoàsinterações,estãoforadoâmbitoexclusivodapsicologiaaquelasquesereferemapartesdoorganismoesãoestudadaspelabiologia,easqueenvolvemgruposdeindivíduostomadoscomounidade,comonasciênciassociais.Claroestáqueaidentificaçãodapsicologiacomodistintadabiologiaedasciênciassociaisnãosebaseiaemfronteirasrígidas:asáreasdesobreposi-çãodeinteressestêmsidoimportantesapontodeoriginarasdenominaçõesdepsicofisiologiaepsicologiasocial,porexemplo.As interações organismo-ambiente são tais quepodemservistascomoumcontinuum noqualapassagemdapsicologiaparaabiologiaouparaasciênciassociaisémuitasvezesquestãodeconvencionarem-selimitesoudenãosepreocuparmuitocomeles.
Poroutro lado,observamosatualmenteoutras formasderesolveroconflitoentredefiniçõesdepsicologia.Umadelaséoconstrucionismosocial.SegundoRasera,GuanaeseJapur(2004,p.159),essaabordagemdesenvolvidaporK.J.Gergen,R.Harré,J.Shottereoutrosautorescontemporâneoslevaàre-visãodotradicionalconceitodeself comoobjetodapsicologia,propondoumanovaformulação:nessesentido,
ao investigar o self,abandonaabuscapeladefiniçãouniversalde um selfnuclear,organizado,estáveleautênticocomonoprojetodaciênciamoderna.Desuaênfasenoestudodalin-guagemdecorreadescriçãodoselfcomoumdiscurso:deumlado,buscandosituarascondiçõessociohistóricasconcretasdeemergênciadeumnovovocabulário sobreo self, e, de outro,analisandoasformaspelasquaisasnarrativassobreoselfsocialmentedisponíveissãoutilizadasnasustentação dos
9
relacionamentos.Háassimumaexteriorização,multiplicaçãoecontextualizaçãohistóricadaconstruçãodoself.
Segue-sequeapsicologiaéoestudodasformasnarrativasdo self (Fontes, 2006), como tambéma atual teoria do self dialógicopropõe(Santos;Gomes,2010).Vemos,portanto,queexistemváriasediferentesdefinições
depsicologia,deseusobjetos,métodosecamposdeatuação.Decertomodo,então,aperguntaacercadoqueéapsicologiapermanece.
Um possível caminho para encontrar respostas...
Oqueéapsicologia?Quaissãoosfenômenosdequeelaseocupa?Deondeiniciaoestudodosfenômenosdequeelaseocupa?Podemosresponderaessasperguntasdemuitasformas,eumadelaséaviahistórica.Defato,aoreconstruirolongocaminhoatravésdoqualoshomensemsuasdiversasculturasbuscaramenfrentaroconhecimentodesimesmosedooutro,davidamentaledoscomportamentos,podemosconhecerasrespostasàsreferidasquestõeselaboradasaolongodotempoemdiversoscontextosgeográficos.Otextoqueaquipropomospretendeacompanharessepercursonoquedizrespeitoàhis-tóriadaculturaocidental,emcujoâmagoseencontraaculturabrasileira.Podemosassimreconhecerque,paraalémdamultiplicidade
dasperspectivasdapsicologiaedaspossibilidadesdedefini-la,existe,porém,umasignificaçãoprópriadetermoseconceitosutilizadosnessedomíniocientíficoque,atravésdeumlongoper-cursohistórico,foiconsolidando-secomoopatrimôniocomumaopassadoeaopresenteeoalicercedapsicologiamoderna.Ahistóriadossaberespsicológicosacompanhaoprocesso
dedesenvolvimentodealgunsdessesconceitosfundamentaisda psicologia, como psique e psicologia, pessoa, indivíduo,mente,comportamento,emoções,memória,cognição,vontade,psicossomáticaetc.Taldesenvolvimentoocorreuinicialmente
10
emdomíniosoutrosdapsicologia,quaissãoespecialmenteafilosofia,amedicina,aliteraturaeateologia.
O domínio dos estudos históricos em psicologia: a definição do campo
Acontemporâneahistoriografiadapsicologia (inspiradaem análogo posicionamento da historiografia das ciências)questionaademarcação tradicionalde inspiraçãopositivis-ta que limitava o arco temporal da reconstrução históricadapsicologia aomarco inicial do surgimentodapsicologiaexperimental,emmeadosdoséculoXIX.Demodogeral,nopanoramadahistóriadasciências,aponta-sehojeparaaexis-tênciadeumaevidentecontinuidadeentreosurgimentodaciênciamodernamenteentendidaeabagagemdeobservações,métodos e conceitos produzidos nos períodos precedentes.AlistairCrombie(1915-1996),aoatribuiraohistoriadordasciênciasaárduatarefadereconstruiropercursodoconheci-mentocientíficoemépocasanterioresaoadventodaciênciamoderna,assimcomenta:
Aapresentaçãodopensamentodeumaépocacujospressupos-toseproblemasnãoeramidênticosaosnossosimplicasempredelicadasquestõesde interpretaçãoedeavaliação.Muitosaspectosdafilosofiaedaciência[...]sãointeiramenteinteli-gíveissomentedentrodocontextocompletodacircunstânciaedopensamentometafísicoeteológicotantoquantodopen-samentocientíficoetécnico,dacondiçãosocialeeconômicaeintelectualdaqualparticipam(Crombie,1959/1987,p.18).
Esse posicionamento abre perspectivas para uma novaabordagemhistoriográficatambémnaáreadapsicologia.Comefeito,devemoslevaremcontaofatodeque,natransiçãoentresaberespsicológicoseciênciadamentee/oudocomportamentoocorridanoséculoXIX,aepistemologiapositivistadaépocaproduziuumaruptura(artificial)entreosprimeiroseasegunda,acarretandoaperdadamemóriaeoesquecimentodolongoe
11
complexoprocessodeconstruçãodoconhecimentoocorridoao longodahistória cultural doOcidente, quenumavisadaretrospectivarevela-seessencial inclusiveparaaconstituiçãodapsicologiamoderna.Atualmente, sob o rótulo de história da psicologia com-
preendem-sedoisdomíniosdistintos,odahistóriadossaberespsicológicoseodahistóriadapsicologiacientífica:oprimeiroabarcaumvastodomínioespaço-temporaleseutilizadosméto-dosprópriosdahistóriaculturaledahistóriasocial;osegundoinvestigaodomínioespaço-temporaldos séculosXIX,XXeXXI,domínioinerenteaosurgimentoeexpansãodapsicologiacientífica,eassumeasmodalidadesdeinvestigaçãosugeridaspelahistoriografiadasciências.
A função do conhecimento histórico para a formação em psicologia
Umrecenteartigopublicadoemrevista internacional,aorelatarumainvestigaçãodesenvolvidaemcursoscanadensesacerca do ensino da disciplina de história da psicologia nocurrículodeformaçãodopsicólogo(Barnes;Greer,2013,trad.nossa),afirmaque“oestudodopassadodapsicologiaépartedaprópriapsicologia”(p.10).Comefeito,nocontextodahistóriapresente,marcadaporumgrandedesenvolvimentodasáreasespecializadasnapsicologiae,portanto,porumamultiplicidadedeperspectivasedeabordagensteóricasepráticas,ahistóriadapsicologiaéaúnicaáreadapsicologiaemquesepropõeumpanoramadocampointeirodessaciência.Nessesentido,ahistóriadapsicologiaéumrecursopreciosocontraapossívelpulverizaçãoedispersãodaárea,comotambémparapropor-cionar umavisão global e unitária dessa ciência aos alunosemprocessode formação.Dessemodo, a disciplinahistóriadapsicologianocursodeformaçãoempsicologiarepresenta,segundoosautores,umaespéciede“meta-curso”queofereceaosalunosavisãodapsicologiacomoumtodo,numenfoquehistórico.Paraosestudantes, épossível, atravésdoconheci-
12
mentohistórico,“refletiracercadaevoluçãodoseucampodeaprendizagem,emtodaamiríadedepráticaseideias,eatravésdasváriasconexõesedisconexõesentrepassadoepresente”.Segundoosautores,“éexatamentedevidoaessaperspectivaglobalnumaépocadehiperespecializaçãoqueahistóriadapsicologiaétãoessencial”.Defato,“ahistórianãoésimples-mentealgoqueserefereaumpassadonemumacronologiapedantedosacontecimentos,maséalgopertinenteàidentidadedapsicologia”(2013,p.10).Atualmenteos estudiososdas ciências humanas apontam
para formasnovasdecolaboraçãoentrepsicologiaehistóriaqueevidenciamaproximidadeentreasduasáreas.Aafirma-çãodo caráter essencial dehistoricidadeda experiência hu-mana,inclusiveemsuadimensãopsicológica,caracteriza,porexemplo,aabordagemda“psicologiahistórica”,propostaporIgnaceMeyersonemsuaobraLes fonctions psychologiques et les oeuvres (1948).Esseautorenfatizaarelatividadehistóricadosprocessospsicológicoshumanos,subordinandoassimapsi-cologiaàhistória.Nessaótica,conceitosutilizadospelaciênciapsicológicacomopessoa,memória,emoçãonãosereferemafenômenosquepermanecemimutáveisaolongodotempo,masassumemconotaçõesprópriasemdiferentesperíodoshistóricoseemdiversosâmbitosculturais;ealgunsdelessefazempresentesapenasemdadomomentohistórico.Nessesentido,Meyersonquestionaa legitimidadedeumapsicologiageraldohomem,entendidacomoconhecimentodeleisuniversaisdamente,oudocomportamentohumano.Naóticadecontextualizaraindagaçãoacercadohomempsíquico,noâmbitohistóricosocioculturaldesuaexistênciaconcreta,Meyersonpropõeassimumapsicologiapluralista,partindodaconstataçãodeque,emtodosostemposeemtodasasculturas,ohomemtemseinterrogadoacercadesimesmo,aolongodahistóriatalinterrogaçãoassumindo,porém,formasdiferentes.Mesmoquenãosequeriacompactuarcomavisãodapsicologiahistóricaaquisintetizada(enãoseconcorde,porexemplo,comanegaçãodapossibilidadedeumapsicologiageral),éinegável,porém,anecessidade,assinaladaporMeyer-
13
son,deselevaremcontaadimensãohistóricanaconsideraçãodosprocessospsíquicoshumanos.Nessa perspectiva, a história da psicologia proporciona
aopsicólogoumacompetênciaquedizrespeitoaodomíniode seucampo inteirodeconhecimentoedeatuação,dessacompetência decorrendo a habilidade de discernir diantedas demandas intelectuais e práticas comque se depara ediantedosdesafiosdocontextodaproduçãocientíficaedaintervençãosocial,ocaminhomaisoportunodentreostantoscaminhospossíveis,proporcionadospelocampo.Aomesmotempo,oconhecimentodahistóriadapsicologiatornaopsi-cólogocapazdeautoavaliaçãocrítica,noquedizrespeitoaosprocedimentosmetodológicoseas técnicasqueemprega,enessesentido,sempreabertoaquestionamentose,sobretudo,anovasaprendizagens.Torna-o,portanto,agentedeconstruçãode uma psicologia consistente no presente e em constanteavançonadireçãodofuturo.
Adentrando o campo da história dos saberes psicológicos
Ahistóriadossaberespsicológicoséareconstruçãohistóricadeconceitos(esistemasconceituais)epráticasquesereferemaoconhecimentoeaocuidadodosprocessospsicológicosapre-endidosnumdomínioqueabarcaasdiversasculturassejanoOriente,sejanoOcidente,emdiferentesperíodoshistóricos.Nessesentido,ahistóriadossaberespsicológicosépartedahis-tóriacultural.Ahistóriaculturaléumdomíniodeconhecimentohistóricoqueabordaasvisõesdemundodeumadeterminadacultura,comrecursosmetodológicospróprios.ConformeafirmaChartier(1990),anoçãodevisãodemundoarticula,semosreduzirumaooutro,osignificadodeumsistemadepensamen-to,porumlado,e,poroutro,ascondiçõessociopolíticasquefazemcomqueumgrupo,ouumasociedade,emdadomomentohistórico,partilhemessesistemadepensamento.Alémdomais,visãodemundorefere-se,conformealertaDeCerteau(2000),aouniversodopensável(ouseja,doqueerapossívelpensar
14
e escrever numdadomomentohistórico) e aouniversodaspráticasqueexpressamessesaber.A história dos saberes psicológicos ocupa-se então dos
aspectosespecíficosdavisãodomundodeumadeterminadacultura,relacionadosaconceitosepráticasquenaatualidadepodemsergenericamenteentendidoscomo“psicológicos”.Adefiniçãodoqueépsicológico,nessecaso,permaneceneces-sariamente indeterminada e vaga, sendo uma denominação convencional e provisória a ser substituída, no decorrer doestudo,pelaterminologiaedemarcaçãodecampoprópriasdosuniversossocioculturaisespecíficosabordados.Porexemplo,oqueédefinidocomo“psicológico”,noséculoXVI,baseia-seemmatrizesfilosóficaseteológicas(porexemplo,amatrizaristoté-lico-tomista)eemconcepçõesantropológicas(porexemplo,aconcepçãodohomemcomo“microcosmo”),muitodiferentesdasmatrizeseconcepçõesantropológicasquefundamentamapsicologiafilosóficadoséculoXVIIIeXIX.Veremosaolongodolivroqueahistóriadossaberespsi-
cológicoséumaáreaessencialdahistóriadapsicologia,poisénesseâmbitoquepodemosencontrarasraízesdeconceitosatualmenteusadospelaciênciapsicológicapararotularosfenô-menos.Conhecerasraízeséalgonecessárioparacompreendertermoseconceitosemsuasignificaçãooriginária,comotambémparaacompanharasmudançasocorridasaolongodotempoeemdiferentescontextosgeográficos.
A estrutura do livro
Ahistória dos saberes psicológicos na cultura ocidentalrevela-nosagênesedealgunsconceitosfundamentaisdosquaisprecisamosentenderasignificação:psicologia;psique;pessoa;indivíduo;mens ecorpo.Essesconceitosetermosapareceramnocenáriointelectualemdeterminadosperíodoshistóricoseéimportanteentendê-losnascircunstânciasdeseusurgimento.Emordem cronológica, encontraremosneste livro o sur-
gimentodotermopsiquenaculturadaGréciaantigaapartir
15
doséculoVa.C;adefiniçãodoconceitodepessoanaculturamedieval,numperíodo longoque seestendedo século IaoséculoXIV;oconceitodeindivíduonopanoramadaculturahumanistaerenascentistadosséculosXVeXVI;acriaçãodotermopsicologianoperíododohumanismo,especificamentenoséculoXVI;aconfiguraçãofilosóficadoprojetodepsicologiacientíficaedosconceitosdemens(tomadacomovidaconscien-te)edecorpopelafilosofiadoséculoXVIeXVII.Parabemcompreenderasignificaçãodecadaum,deveremos
analisá-losnosuniversoshistórico-culturaisemcujosâmbitosdefiniram-seedifundiram-se.Aconstituiçãodosreferidosconceitosnãoaconteceu,porém,
demodounívocoemáreasespecíficasdeconhecimento,masatravésdeumpercursocomplexopossibilitadopelascontribui-çõesdediferentesáreasdeconhecimento.Parasignificaresseprocessodeconstituiçãodossaberespsicológicos,utilizaremosdoistermos:otermo“eixo”eotermo“estruturante”.“Eixo”éumalinharetaqueatravessaocentrodeumcorpoeemtornodaqualessecorpoexecuta(oupodeexecutar)movimentosderotação.Porexemplo,oeixoterrestreéalinhaimagináriaquecruzaocentrodaTerra,cujosextremossãoospolos.“Estrutu-rar”éumtermocomváriossignificados,entreosquaiscompor,constituir,formar,organizar,articular,sistematizar.Osconceitosacimareferidoseocampodossaberespsicológi-
cosemseuconjuntoresultaramdaarticulaçãodealgunsimpor-tanteseixosconstituídospordiversosdomíniosdeconhecimentoeexpressospordiversosgênerosliterários.Consideraremosos eixos estruturantesdossaberespsicológicosnasculturasgreco-romana,medieval,humanista-renascentista,enosiníciosdaépocamoder-na.Defato,nesseberço,foramaolongodotemposecompondo,constituindo,formando,organizando,articulandoesistematizandoosprincipaisconceitosquesereferemaosfenômenospsíquicos.Trata-se,portanto,deumagênesecomplexaqueimplicaaarticu-laçãodesaberesdiversosemtornodeobjetivoscomuns.Cabedefinircommaisclarezacadaumdoseixos.Cadaum
delestematiza,investigaebuscarespostasparadeterminadas
16
questõeseemtornodelassearticulam.Sãoelas:comopossorepresentarminhacondiçãoexistencialehumana,pararefletirsobreeumesmoeosoutros?Quemsoueu,epossoeuconhecera mim mesmo, edequemodo?Qualéacausadosdesequilíbriosqueexperimentamosemnósmesmoseobservamosnosoutros,ecomocuidardeles?Oquedefineesteserquesoueumesmoeodiferenciadosdemaisseres?Pararesponderaessasquestões,diferentescaminhos(métodos,queemsuaetimologiasignificamcaminhos) são trilhados e diferentes formas expressivas sãoutilizadas(osgênerosliterários).Oseixosconstituídospelatematizaçãoediscussãodessas
questões,pelospercursoscognoscitivosescolhidosparatantoe pelas respostas propostas a respeito através de determinadas formasexpressivassãoosseguintes:
1. A representação da pessoa humana (e de sua condição nesse mundo) noâmbitodegênerosliteráriostaiscomoapoesia;oteatro(ex:atragédia),osdiálogos;asnarra-tivasliterárias(novelasetc.);enoâmbitodaarte(ex.oretrato).
2. A voz interior e o imperativo de conhecer a si mesmo:trata-sedeumpercursoqueinicianafilosofia,masquetambémserealizaatravésdastradiçõesdeespiritualidadereligiosaedogênerodanarrativaautobiográfica.ComeçacomSócrates(séculoVa.C.)etemalgunsmarcosimpor-tantes:2.1.Afilosofiaestoica,especialmenteopensamentodeSêneca,CíceroeMarcoAurélio(séc.I),emqueafiloso-fiaéconcebidacomo“exercícioespiritual”;2.2.OmarcoinovadordanarrativaautobiográficadeAgostinho(séc.V);2.3.Acontinuidadenatradiçãomonástica(doséculoVemdiante);2.4.NoséculoXVI,osescritosautobiográficosdeMontaigne,InáciodeLoyolaeTeresadeÁvila.
3. O equilíbrio e o desequilíbrio psíquico na perspectiva psicossomática da medicina da alma. Opercursoocorrenaáreadoconhecimentomédico,mastambémnoâm-bitodeoutrosgêneros,comoaliteratura,aretóricaea
17
filosofiaconcebidacomomedicinadaalma.PorissoseiniciacomopensamentoexpressoporPlatãonodiálogoTimeu (séculoVa.C.).Háalgunsmarcos importantes:3.1.As tragédias, especialmente deEurípedes; 3.2.Ométododacuradaalma,própriodasfilosofiashelenistas(estoicas,epicuristaseneoplatônicas),associadasàarteretórica,queconcebeousodapalavracomoterapêuticadaalma(séculoI);3.3.Acuradaalmapelapalavra(oraleescrita)epelaortopraxispraticadaspelomonaquismoepela arte retórica; 3.4.A teoria dos temperamentoshipocrático-galenicasapropriadapelamedicinamedie-val(especialmentenoséculoXIIpelamonjamédicaemusicistaHildegardadeBingen);3.5.EntreosséculosXIVeXVI,osreceituárioseostratadosacercadaartedebemviverescritospelosmédicosepelosfilósofos;3.6.AosiníciosdaIdadeModerna,nosséculosXVIeXVII,aoratóriasagrada;3.7.DoséculoXVIaoXVII,ogênerodosensaiosereflexõesmorais.
4. A construção do arcabouço teórico dos saberes psicológicos nos conhecimentos especulativos (filosofia e/ou teologia).Nesseâmbito,debate-se,utilizando-seosmétodosdossaberesespeculativosbaseadosnousodoraciocínioindutivoehipotéticodedutivo,ouseja,afilosofiaeateo-logia,temascomoanaturezadapsique,dapessoa,doin-divíduo,damens,domecanismo.Sãoeles:4.1.AteoriadePlatãoacercadaalma;4.2.AteoriadeAristótelesacercadaalmaedesuaspotências;4.3.AconceituaçãodepessoaporAgostinho;3.4.AteoriadaalmaedesuaspotênciaseaconceituaçãodepessoaporTomásdeAquino;3.5.Oconceitodelivrearbítriodosfilósofoshumanistas;3.6.OconceitodeDescartesdementeecorpo;3.7.OconceitodeexperiênciaemHumeenosempiristasingleses;3.8.OconceitodedeterminismodeEspinoza.
Esses eixos estruturantes, alémde se estender ao longodetemporalidadesmuitodiferentes,nãodevemsertomados
18
comocompartimentosentresirigidamenteseparados,poisháapropriaçõese influências recíprocas, interfacescomuns,usodomesmoconceitoemdiversosâmbitosetc.Demodogeral,tambémveremosque,paraqueseconstituaumdadoconceitoesedefinaousodesteeasterminologiasquelhesãoapropriadas,houveoaportedediversoseixosestruturantes.Dessemodo, precisamos acompanhar a gênese de tais
conceitosperpassandoesseseixos,osquaisseevidenciamemprocessoshistóricosdelongaduraçãoeatravessamassimdife-rentesregimesdehistoricidade,ouseja,modosdiferentesdohomemviverosentidodotempoedahistória(Hartog,2003).SegundoHartog,naculturadoOcidentepodemosreconhecerosuceder-sedediversosregimesdehistoricidade:oregimedehistoricidade,queentendeotempoeahistóriacomomagistra vitae (mestradavida)equevigorouaolongodetodaAntigui-dadeclássicaeIdadeMédia,afirmaqueopassadoesclareceofuturoe,nessesentido,areferênciaaopassadoédeterminantenas ações dopresente e noplanejamento do futuro.A esseregime,queéomaisantigo,segueoregimedehistoricidademoderno: apartir daRevolução francesa, não cabemais aopassadoesclarecerofuturo,mas,inversamente,éofuturoqueesclareceopassadoequedásentidoàaçãonopresente.Apartirdosanos1960,inaugura-seumnovoregimedehistoricidadechamadodepresentista: a contestação juvenil cria o slogan “esquecerofuturo”einauguraumanovamaneiradeentenderatemporalidadecentradaefechadanopresente.Opresentetorna-seseuprópriohorizonte,sempassadoesemfuturo.
Evidentemente, essasmodalidades diferentes de viver otemposeespelhamnãoapenasnocampodoconhecimentopsicológico,mastambémnopróprioacontecerdosprocessospsíquicosenaformadeestruturar-sededistúrbiosedoençasligadas ao psiquismo, como assinalado pela psicopatologiamoderna, especialmente a de E.Minkowski (1885-1972).Opsicopatólogoe fenomenólogo russo, autor, entreoutros,do livro O tempo vivido. Fenomenologia e psicopatologia
19
(1933/2014),afirmaqueadistorçãotemporaldasvivênciasimpede o ímpeto vital necessário para olhar ao futuro.Oadoecimento psíquico semanifesta assim por particularespercepções do tempo e organizações da temporalidade.Alembrançadopassadoeaesperadofuturodeterminamcon-tinuidades,oudescontinuidades,naautopercepçãodapessoabemcomoemsuasrelaçõessociais.Podem-seassimvivenciarpossibilidadesproporcionadasporumsentimentodotempoquefluieéprodutivoou,pelocontrário,sensodeimpossibi-lidadeedeimpotênciaproporcionadoporumsentimentodotempo,imóveleestéril.Essasreflexõessobreatemporalidadenoslevamadescobrirumaspectoimportantedoestudodahistória,queéodaformaçãohumana:trata-sedeabrir-seàvivênciadeformasdiferentesdeviverotempo;enele,deviveromundo.Eis,então,umadicademétodomuitoimportanteparaonossoleitor:ofilósoforussoN.Berdiaev(1874-1948)afirmaquenósnãopodemoscompreenderumahistóriaexclu-sivamenteobjetiva.Precisamosdescobrir“umnexointerior,profundoemisteriosocomoobjetohistórico”(1971,p.29).Nessesentido,éprecisoqueoleitordescubraemsimesmoadimensãohistórica.Somenteassimépossívelcompreenderos períodos da história.“Semumahistoricidade interior, éimpossívelcompreenderahistória”(idem).Nessesentido,ahistóriaéum“atopeloqualserealizaaconquistainteriordoobjetohistórico,umprocessointeriordeaproximaçãoentreoobjetoeosujeito”(ibid.,p.30).Asprofundezas,aextensãodostemposhistóricosencontram-senoprofundodecadaho-mem,segundoBerdiaev.Existeumaestratificaçãoprofundanointeriordecadaumdenós,daqualmuitasvezesnãonosapercebemos,masquepodeserdescoberta;sendoqueessadescobertapodeserintroduzidapeloestudodahistória.De-sejamos,portanto,queessasejatambémafunçãodestelivro.
Emcadaperíodohistóricoencontraremosapresençadosquatro eixos estruturantes acima definidos.Dessemodo, opercursodolivroseguiráumaordemcronológicaeevidenciará,
20
porcadaumdosperíodosfocados,dequemodonoâmbitodoseixosestruturantesossaberespsicológicosconstituíram-seosconceitosfundamentaisdaáreapsi.Ascategoriasqueirãoorganizarotextoequeconstituirão
amolduradecadapartedotextosãoasseguintes:
1. Periodizaçãoeregimedehistoricidade;2. Contextohistórico;3. Eixosestruturanteseidentificaçãonesteâmbitodode-senvolvimentodeumoumaisconceitospsicológicospordadoautor;
5. Biografiadoautor;6. Textodoautor(ouautores)ilustrandooconceito;7. Referênciasbibliográficas.
Paracadacapítulohaveráumaintroduçãoexplicativadoqueseráabordadoesepretendeensinaraoaluno,eumasíntesedopercursorealizadoedosprincipaisresultadosobtidosdopontodevistadaconstituiçãodossaberespsicológicos.Por fim, a compreensão do desenvolvimento da história
dossaberespsicológicosnaperspectivaqueaquiassinalamospode ser exemplificadapelametáfora da tecelagem: o panodefundoéocontexto;otearéatemporalidade,osfiossãooseixosestruturantes;otecidoresultantesãoconceitosesaberespsicológicos.Esperamosqueotecidoquecadaleitoriráobteratravésdesualeiturapossaefetivamenteenriquecersuaforma-çãohumanaeprofissionalepossacontribuirparaaprofundarumamelhorcompreensãodohorizontedeconhecimentoemqueseconfiguraaprópriapsicologia.
Referências bibliográficas
BARNES,M.E.;GREER,S.“Doesthefuturehaveahistoryofpsy-chology?”In:History of Psychology 30,2013,p.1-11.
BERDIAEV,N.Il senso della storia. Milão:JacaBook,1971.CHARTIER,R.A história cultural. Entre práticas e representações. (M.M.Galhardo,trad.)Lisboa:Difel:Memóriaesociedade,1990.(originaisde1982a1988).
21
CROMBIE,A.Historia de la Ciencia, siglos XIIIXVII.Vol.2.Madri:AlianzaUniversitaria,1987.
DAVIDOFF,L.Introdução à psicologia.SãoPaulo:McGrawhilldoBrasil,1983.
DECERTEAU,M.A Escrita da História.(TraduçãodeM.L.Menezes).SãoPaulo:ForenseUniversitária,2000(original,1975).
FERRAZ,J.S.Noções de psicologia educacional.SãoPaulo:EdiçãoSaraiva,1975(primeiraedição,1917).
FONTE,C.A.“Narrative in psychological science as a process ofmeaning constrution”.Psicologia: teoria e prática, 8(2), 2006,p. 123-131.Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872006000200009&lng=pt&tlng=en>.Acessoem:3mar2015.
GARRET,H.Psicologia.6ªed.FundodeCultura,1968.HARTOG, F. Régimes d’historicité. Paris:Seuil,2003.HEBB,D.O.Introdução à psicologia. SãoPaulo:Atheneu,1971.HENNEMAN,R.H.O que é psicologia.RiodeJaneiro:EditorJoséOlympio,1977.
KOFFKA, K. Princípios de Psicologia da Gestalt. SãoPaulo:Cultrix,1975.
MEYERSON, I.Les fonctions psychologiques et les œuvres. Paris:Vrin,1948.
MINKOWSKI,E.Il tempo vissuto. Fenomenologia e Psicopatologia. Milão:Fabbri,2014(originalpublicadoem1933).
RASERA,F;GUANAES,C.;JAPUR,M.“Psicologia,Ciênciaecons-trucionismos:dandosentidoaoself”. In:Psicologia: Reflexão e Crítica,17(2),2004,p.157-165.
SANTOS,M.A.;GOMES,W.“Selfdialógico:teoriaepesquisa”.In:Psicologia em Estudo,Maringá,v.15,n.2,abr/jun2010,p.353-361.
TODOROV,J.C.“Apsicologiacomoestudodeinterações”.In:Psicologia: Teoria e Pesquisa,vol.23,n.especial,2007,p.57-61.
WOODWORTH,R.S.;MARQUIS,D.G.Psicologia. RiodeJaneiro:CompanhiaEditoraNacional,1965.
Sumário
5 Introdução
Capítulo 1 23 ConCeIto de psIque na GréCIa antIGa
Capítulo 2107 a medICIna da alma e a Cura da alma na roma antIGa
Capítulo 3141 o homem, a anima e as orIGens do ConCeIto de pessoa na tradIção judaICa e na prImeIra era CrIstã
Capítulo 4183 saberes psIColóGICos no Contexto medIeval
Capítulo 5259 o surGImento da psychologia e a Construção do ConCeIto de IndIvíduo na Cultura humanIsta e renasCentIsta
Capítulo 6325 o perCurso da modernIdade rumo à Construção de uma CIênCIa psIColóGICa
Capítulo 7361 o fIm do nosso perCurso
365 bIblIoGrafIa Complementar
Top Related