José Marques José Marques
da Silva da Silva (Arq.)(Arq.)
Marques da Silva, o arquitecto dos
edifícios-monumento
Se há um arquitecto que modelou a face
do Porto no início do século passado,
em particular a Baixa e as zonas de
expansão da cidade após o rasgar da
Avenida dos Aliados, ele é José
Marques da Silva (1869-1947).
Associamos a sua assinatura ao
desenho da Estação de S. Bento e do
Teatro São João, das sedes da
seguradora A Nacional e do banco
Pinto Leite, nos Aliados, dos edifícios
dos Armazéns Nascimento e Conde de
Vizela, entre as ruas de Santa Catarina e
das Carmelitas.
Marques da Silva, o arquitecto dos
edifícios-monumento
Mas menos conhecido é que lhe coube
também projectar os liceus Alexandre
Herculano e Rodrigues de Freitas, o
bairro operário O Comércio do Porto,
na Constituição, e a Casa de Serralves
ou, menos ainda, monumentos, igrejas e
jazigos de famílias nos cemitérios da
Lapa e de Agramonte.
Marques da Silva, o arquitecto dos
edifícios-monumento
O compara a importância da obra de
Marques da Silva no Porto nesta época
com a que Nicolau Nasoni fez no
período barroco. "Ele foi o protagonista
da transformação da cidade, ao lado de
Correia da Silva (1880-?), o arquitecto
do Mercado do Bolhão e dos novos
Paços do Concelho), e de Oliveira
Ferreira (1884-1957), autor do edifício
dos Fenianos do Porto e dos Paços do
Concelho de Vila Nova de Gaia, por
exemplo)“.
Marques da Silva, o arquitecto dos
edifícios-monumento
E acrescenta que a intervenção de
Marques da Silva na cidade vai bastante
além das dezenas de obras que aqui
projectou, prolongando-se também na
arquitectura de muitos dos seus alunos
na Escola de Belas-Artes (de que foi
inclusivamente director em dois
períodos, entre 1913-1929).
Marques da Silva, o arquitecto dos
edifícios-monumento
André Tavares, autor do livro Os
Fantasmas de Serralves (Dafne
Editora, 2007), é o responsável pelos
conteúdos do mapa que a Secção
Regional do Norte da Ordem dos
Arquitectos (OA/SRN), a Fundação
Marques da Silva e a Câmara Municipal
do Porto acabam de lançar dedicado a
José Marques da Silva, que está a ser
divulgado com um programa de visitas
guiadas que começou ontem.
Marques da Silva, o arquitecto dos
edifícios-monumento
José Marques da Silva nasceu no Porto e
diplomou-se na Academia das Belas-
Artes, ente 1882-89. Neste ano, vai para
Paris frequentar a École National des
Beaux-Arts, onde é aluno do mestre
Victor Laloux (1850-1937) e onde, em
1896, conquista o ambicionado DPLG
(um arquitecto "diplômé par le
gouvernement" pode exercer
profissionalmente a profissão, sem ter
de passar pelo crivo das ordens
profissionais).
Marques da Silva, o arquitecto dos
edifícios-monumento
No regresso à cidade natal, Marques da
Silva vai logo poder aplicar o seu
projecto de fim de curso na construção
da Estação de S. Bento, para acolher o
comboio que então acabava de chegar
ao Porto. Com o tempo e o seu trabalho
continuado, torna-se num dos
arquitectos mais influentes, tanto junto
do poder municipal como dos
empresários (na altura dizia-se
"capitalistas") e famílias que a ele
recorrem para o projecto das suas casas
e edifícios-sede.
Marques da Silva, o arquitecto dos
edifícios-monumento
André Tavares assinala "o papel muito
interveniente" que Marques da Silva
desempenhou na discussão técnica do
projecto para a Avenida dos Aliados
entregue ao arquitecto e urbanista
inglês Richard Barry Parker (1867-
1947), ligado ao movimento Arts and
Crafts, e com o qual a Câmara queria
afirmar o Porto como "a" cidade de
serviços da Região Norte.
Marques da Silva, o arquitecto dos
edifícios-monumento
"É interessante ver, nessa altura, a
associação da racionalidade de
construção promovida pelo arquitecto
inglês, desenhar a partir da ideia muito
óbvia das três janelas em grandes
fachadas de vidro sobre uma estrutura
toda muito homogénea, como vemos na
Rua do Almada, por exemplo, com a
intervenção de Marques da Silva e a sua
cultura francesa, o seu gosto mais
decorativo, com fachadas monumentais
de pedra muito trabalhadas e
requintadas".
Marques da Silva, o arquitecto dos
edifícios-monumento
Uma influência que iria fazer mais
doutrina na configuração futura da
Avenida dos Aliados, como depois se
pôde ver com edifícios como o do
jornal O Comércio do Porto, de Rogério
de Azevedo.
Marques da Silva, o arquitecto dos
edifícios-monumento
Estação de S. Bento
Praça de Almeida Garrett
1896-1916
A Estação de S. Bento é a adaptação ao
Porto do projecto de fim de curso que
Marques da Silva desenhou na Escola de
Belas-Artes de Paris, e que expôs depois
na Câmara do Porto, logo que regressou.
"Ele sabia que o comboio estava a chegar
ao Porto e fez o seu projecto à medida das
necessidades de uma estação para a
cidade", diz André Tavares. No edifício, é
visível a influência do mestre de Marques
da Silva, Victor Laloux (autor do Quai
d"Orsay, em Paris, uma estação ferroviária
que é agora um museu).
Marques da Silva, o arquitecto dos edifícios-
monumento
R. Constituição/Serpa Pinto 1899
Para quem conhece as obras mais monumentais de
Marques da Silva, não deixa de ser surpreendente
ver que ele também abordou o problema da
habitação, e também desenhou bairros operários.
Um exemplo, que ainda sobrevive mantendo a
estrutura original essencial, é o conjunto de
pequenas casas implantadas em três ruas na zona
da Constituição, numa iniciativa do jornal O
Comércio do Porto. A tipologia base é a de quatro
habitações geminadas num só volume de quatro
frentes, com dois pisos, e rodeado por pequenos
jardins, que conseguem "o máximo aproveitamento
do espaço e a máxima contenção de custos". O
plano original incluiu 14 fogos, que foram
construídos entre 1899 e 1904.
Marques da Silva, o arquitecto dos edifícios-
monumento
Escola Alexandre Herculano
Avenida de Camilo
1914-1931
Tanto esta escola como a Rodrigues de Freitas
(1918-1932) são obras com que Marques da Silva se
envolveu no plano de expansão da cidade e de
gestão do crescimento urbano. Qualquer delas tem
uma relação estreita com o lugar: a Avenida Camilo,
no caso da Alexandre Herculano; a Praça Pedro
Nunes, na segunda. Trata-se de dois liceus da
República, que respondem ao ideário de instrução
do povo, e, arquitectonicamente, seguem "a lógica
funcional pragmática" que estava em voga na
Europa, diz André Tavares. São edifícios com grande
amplitude espacial na disposição ortogonal dos
diferentes volumes funcionais, cotando-se como
uma arquitectura versátil.
Marques da Silva, o arquitecto dos edifícios-
monumento
Seguros A Nacional
Avenida dos Aliados
1919
A Avenida dos Aliados, aberta na segunda década
do século após a demolição da antiga câmara, é
demarcada a sul por dois edifícios monumentais
encimados por duas torres-escultura. São ambos de
Marques da Silva, que assim deixou também a sua
assinatura na "sala de visitas" da cidade. O do lado
esquerdo é a sede de uma seguradora, e é marcado
por uma pujante docoração Beaux-Arts. São dois
edifícios que aproveitam as virtualidades da nova
tecnologia construtiva do betão armado que
permitia apostar nesta filigrana decorativa.
Marques da Silva, o arquitecto dos edifícios-
monumento
Seguros A Nacional
Avenida dos Aliados
1919
O interior também é muito cuidado, e este
contém ainda um hall-galeria comercial
(cafetaria, barbearia...) que fazia o espaço
urbano entrar pelo edifício dentro. É "a
arquitectura como obra total", diz André
Tavares.
Marques da Silva, o arquitecto dos edifícios-
monumento
Casa de Serralves
Rua de Serralves
1925-1943
É uma das últimas obras a que Marques da Silva tem o
nome ligado, já que só no início dos anos 40 é que foi
terminada a Casa de Serralves, para a qual o arquitecto
fizera, a pedido do proprietário, o Conde de Vizela, um
primeiro projecto de ampliação da velha moradia da
família. Sabe-se agora que Serralves resultou da
contribuição de múltiplos arquitectos e decoradores
franceses, de Jacques Émile Ruhlmann a Charles Siclis,
Jacques Gréber e Alfred Porteneuve. Mas Marques da
Silva, que era uma espécie de "arquitecto de família",
acompanhou a obra até ao fim, sendo, de algum modo,
o responsável pela síntese coerente com ar de
"modernismo temperado.
Monumento às Guerras Peninsulares
Na guerra Peninsular, as tropas
napoleónicas invadiram Portugal por três
vezes. JUNOT mais afortunado, conseguiu
conquistar Lisboa e aí permaneceu algum
tempo. A independência do país estava
em perigo, a corte tinha retirado para o
Brasil. O povo revoltou-se contra o invasor
e os Portugueses, auxiliados por um
pequeno exército inglês que velo em
nosso auxílio, derrotaram JUNOT em
Roliça, depois no Vimeiro e obrigaram-no
a retirar.
Monumento às Guerras Peninsulares
A segunda invasão não passou do Porto e
SOULT que a comandava, depois de
vencido pela bravura dos Portuenses,
retirou-se para a Galiza.
Monumento às Guerras Peninsulares
Massena tenta mais uma vez ocupar
Portugal, mas batido no Buçaco e sustido
nas Linhas de Torres Vedras, aceita a
derrota e retira-se para Espanha em 1811.
Contudo a paz só viria a ser definitiva em
1814.
Monumento às Guerras Peninsulares
O monumento mais evoctivo desse
período que se ergue na cidade é sem
dúvida, o dos HERÓIS DA GUERRA
PENINSULAR.
Monumento às Guerras Peninsulares
Nessa época angustiosa, a guerra chegou
ao Porto e o povo portuense, sacrificado
de início, lutou com brio, até alcançar a
vitória sobre o inimigo invasor. É esse
sacrifício e essa vitória que o monumento
nos transmite. O sacrifício, mostra-o as
esculturas alusivas à tragédia da PONTE
DAS BARCAS em que uma mãe chorosa,
prestes a ser engolida pelas águas do rio,
leva ao colo, um filho de olhar
aterrorizado
Monumento às Guerras Peninsulares
O esforço da movimentação da artilharia,
a participação dos populares na luta, e a
valentia com que se bateram as nossas
tropas , irradiam das figuras dos lados e
da frente do monumento.
Monumento às Guerras
Peninsulares
O elemento feminino sobressai desse
conjunto: é a mulher que se afoga, é
aquela outra que se esforça a puxar o
canhão, é a valentia que empunha a
bandeira e vai em frente para a luta.
Monumento às Guerras
Peninsulares
No cimo da coluna, aparece a
vitória do Patriotismo português,
sobre a Águia do Império
Napoleónico. Este monumento, com
estatuária de bronze, foi construído
com muita lentidão. Erguido o
pedestal de pedra, levou muitos
anos a compor o monumento.
Monumento às Guerras Peninsulares
Tendo-se iniciado a construção em 1909,
com a participação do Arq. Marques da
Silva e do escultor Alves de Sousa, só
seria inaugurado em 1951. Durante o
longo período da construção colaboram
nessa obra, os escultores Henrique
Moreira e Sousa Caldas.
Esta fotografia de Alves de
Sousa, oferecida ao
Arquitecto Marques da
Silva com dedicatória, é
das menos vistas do
escultor.
Monumento às Guerras Peninsulares
O pedestal com 45 metros de altura,
desempenha com perfeição as
finalidades para que foi criado. Serve
para colocar no Espaço a vários níveis, a
estatuária do monumento. Esta, por sua
vez não sendo contida, escorre pela base
do pedestal.
Monumento às Guerras
Peninsulares
No alto, onde parece que já não seria
possível, estão colocadas as figuras
enormes da Águia e do Leão, que
parecem suspensos no ar.
Monumento às Guerras
Peninsulares
Na frente da coluna, está inscrito
o número MDCCCVIII no lado
oposto, outro número, MDCCCIX.
Monumento às Guerras Peninsulares
A mensagem que esses números nos
transmitem , integra-se no espírito
regional da estatuária portuense. Entre
1808 e 1809 decorreram os
acontecimentos bélicos da 2ª invasão
Francesa, comandada por Soult.
Monumento às Guerras Peninsulares
Assim, o monumento não se erigiu em
homenagem aos heróis portugueses das
três invasões mas, muito em especial, aos
portuenses que resistiram e venceram
Soult.
Cronologia do Arquitecto Marques da
Silva
http://cct.portodigital.pt/files/pdf/mus
eus/22/022_biografia.pdf
Biografia sobre José Marques da Silva
http://sigarra.up.pt/up/pt/WEB_GESSI_
DOCS.download_file?p_name=F229498
340/Bibliografia.pdf
Mapa Roteiro das obras d eMarques da
Silva na cidade do Porto
http://www.oasrn.org/pdf_upload/1111
18_roteiroF.pdf
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