Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo IObra arquitetônica do século XX - Hemisfèric
Professora orientadora: Ana CecíliaAluno: Thiago Fernandes
Hemisféric, Valência 1998
"Para mim, é justamente o rigor da engenharia que
alça a arquitetura a um patamar mais elevado".
Santiago Calatrava
Santiago Calatrava (1951-)
CONCEPÇÃO ESTÉTICA DINÂMICA E ÚNICA
A decisão de escolher a obra “Hemisferic” para esta pesquisa
foi pela sua grande dimensão e principalmente pelo movimento realizado
pelas estruturas metálicas laterais, uma concepção estética dinâmica
única.
O Hemisfério é um pl faz
parte de um dos complexos científico-culturais mais importantes do mundo
europeu: A Cidade das Artes e das Ciências. A construção do complexo
foi iniciado em 1990 sendo inaugurado em 1998.
anetário e um Cinema IMAX Dome que
HemisféricCidade das Artes e das Ciências
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E CULTURAL
Vista panorâmica da cidade de Valência
Valência é a capital da Comunidade Valenciana, formada por
Castellón, Alicante e a própria Valência, com cerca de um milhão de
habitantes.
A Cidade das Artes e das Ciências pode ser considerada o
maior complexo de difusão científica e cultural em na Europa.
Valência como cidade tem as suas origens em 138 aC. Durante
as suas primeiras décadas, a situação de Valência foi difícil, estava
envolvida em guerras, que enfraqueceu a cidade, a ponto de destruir-la
praticamente na Guerra de Pompeu em 76 aC, porém, a cidade foi
reconstruída no século I da nossa era e tinha um estatuto de cidade, um
reconhecimento importante no tempo dos romanos.
Uma época que durou vários séculos, e que iniciou o processo
de enfraquecimento no final do século XI, quando o Cid cercou à cidade
de Valência. Jaime I, rei de Aragão e conde de Barcelona, foi responsável
por acabar com a reconquista de Valência em 1239.
O século XV é conhecido como a Idade de Ouro castelhano,
atingindo a cidade cerca de cem mil habitantes, no final do mesmo
século. Começou a construir grandes templos, grandes igrejas, a
comercialização se estendeu e a prosperidade se fez com a cidade de
Valência. Posteriormente, e até o século XX, a cidade iniciou seu processo
de crescimento para se tornar atualmente a terceira maior cidade da
Espanha. Valência é uma cidade que defendeu a República espanhola e
foi a capital entre 1936 e 1939, ano em que a Espanha estava
mergulhada na Guerra Civil.
Indústria ao
redor do Porto e o Turismo são atualmente o que movimenta a economia
local.
A construção do Hemisfério e da Cidade das Artes e das
Ciências foi uma iniciativa da "Generalitat Valenciana" (prefeitura
de Valencia) que promoveu uma série de intervenções urbanas
para incorporar a cidade de Valencia ao Terceiro Milênio e
recuperar a área urbana localizada entre o antigo leito do rio Turia
e a autopista de Saler. O projeto da Cidade das Artes e da Ciência foi
inicialmente composto por uma Torre de Telecomunicações, um planetário
(o Hemisferic) e o Museu das Ciências Príncipe Felipe. Posteriormente
alterado, a Torre foi substituída pelo Palácio das Artes
Hoje Valência é uma cidade muito importante, a
A OBRA E ACIDADE
O Hemisferic ocupa uma área de 200 x 1.300m
(aproximadamente 26.000m²) localizada entre o Museu de Ciências e o
Palácio das Artes (Umbracle).
Está limitado ao norte e ao sul por dois piscinas retangulares,
emergindo delas como uma grande cúpula formada por uma parte centra
fixa (a coberta opaca), os elementos laterais móveis que funcionam como
brises (ou guarda - sois), e a lateral transparente envidraçada.
Localiza-se entre o antigo leito do rio Turia e a autopista de
Saler.
Foto de cima tirada em 2000e a de baixo tirada em 2010
A Cidade das Artes e da Ciência é um Centro Científico eCultural composto pelas seguintes obras:
- Palácio das Artes Rainha Sofia;
- Hemisfério;
- Umbracle;
- Museu das Ciências Príncipe Felipe;
- Ágora;
- Oceanográfic.
A CIDADE DAS ARTES E DAS CIÊNCIAS
Vista aérea da Cidade das artes e das Ciências
São 350 mil m² destinados aoaprendizado e descobrimento das
artes e das ciências, abrigadaspela imponente arquitetura de
Santiago Calatrava e FelixCandela
O Oceanogràfic inaugurado em 2003 é o
maior aquário da Europa. Único equipamento da
Cidade das Artes e das Ciências que não foi projetado
por Calatrava; o projeto é de Félix Candela.
Um parque oceanográfico de 80.000m², com
túneis envidraçados com 70m de comprimento, réplicas
perfeitas de setores costeiros com aquários de diferentes
ecossistemas com 10,5m de profundidade, que
permitem conhecer os mais diversos animais aquáticos
de cada região do planeta.
OCEANOGRÀFIC
O museu, concluído em 2000, tem a proposta
de ser um lugar aberto e dinâmico onde o que é proibido
é não tocar nas obras, a interação com a obras é a
principal característica de suas exposições.
Possui mais de 26.000m² de uma estrutura
metálica com vidro, onde o visitante passa por diferentes
áreas com temas científicos relacionados a biologia e a
física até as mais avançadas tecnologias aplicadas à
comunicação, construção , esportes, dentre outros.
MUSEO DE LAS CIENCIASPRÍNCIPE FELIPE
O Palácio das Artes Rainha Sofia foi concluído
em 2005. Construído com as mais modernas
tecnologias, tem uma altura de 75m e um espaço com
mais de 40.000m²; é uma escultura com grande
conteúdo simbólico, vanguardista e moderno. Criado
para destacar a secular tradição musical da cidade de
Valencia.
É o centro artístico e cultural mais importante do
mundo; pois une arquitetura, engenharia e tecnologia
para criar um espaço onde há lugar para todos os
estilos: dos clássicos até as últimas tendências em ópera,
teatro, musica e dança. Possui três auditórios: Sala
principal com capacidade para 1.800 pessoas, Sala
de câmara para 400 pessoas e um Auditório ao ar livre
situado no alto para 2.500 pessoas.
PALAU DE LES ARTS REINA SOFIA
Concluído em 2000 e inaugurado junto com o
Museu Principe Felipe, o L'Umbracle é o portal de
entrada para a Cidade das Artes e das Ciências.
É um mirante com mais de 17.500m²
constituída por uma imensa área verde de 7.000m²,
com 300m de comprimento e 60m de largura.
Possui esculturas contemporâneas e diversos
jardins com plantas mediterrâneas e tropicais.
UMBRACLE
Inaugurado em 2009, a Ágora é uma estrutura
metálica com planta semelhante a uma elipse com 88m
de comprimento por 66m de largura e área coberta
4.811m².
A coberta atinge uma altura máxima de 70
metros acima do solo, é feita por painéis de vidro e na
área inferior coberta por painéis opacos.
Estão dispostas na parte superior estruturas
móveis que servem de para-sol que abrem e fecham
permitindo regular a intensidade de luz solar que ilumina
o interior da Ágora.
ÁGORA
Nome da obra: Hemisfèric.
Ano do projeto: 1990.
Inauguração: 1998.
Autor do projeto: Santiago Pevsner Calatrava Vall.
O Hemisferic (planetário) é um dos edifícios
fundamentais do complexo. Foi o primeiro a ser
construído e inaugurado (início em 1990 e conclusão
em 1998). É a maior sala de projeção da Espanha, com
três sistemas de projeção em uma tela côncava de
900m², grandes filmes no formato IMAX Dome
semiesférico, cinema 3D digital com tela de 12x6m e
projeção digital para exibições astronômicas e
espetáculos de entretenimento.
Tem capacidade para 300 espectadores por
sessão. Sua estrutura conta com um dos melhores
suportes tecnológicos do mundo e proporciona aos
visitantes as mais inovadoras sensações audiovisuais.
HEMISFÈRIC
O ORGANICISMO E A ARTISTICIDADE NAOBRA TECNOLÓGICA DE
SANTIAGO CALATRAVA
Santiago Calatrava nasceu próximo de Valença , Espanha, em
28 de julho de 1951.
Segundo Montaner, Calatrava recebeu uma ampla formaçãoentre as quais estão: artes plásticas, engenharia , arquitetura ematemática. Estudou arquitetura em Valença, e fez cursos de pósgraduação em urbanismo e em engenharia civil. Tem um Ph.D. de ciênciastécnicas do instituto de tecnologia federal suíço, e doutorado honoráriodas universidades: Politécnica de Valença, universidade de Sevilha,universidade de Heriot-Watt em Edimburgo, em Scotland, e da escola deengenharia de Milwaukee.
Esta formação o permite desenvolver uma obra pessoal onde as
belas e dinâmicas formas de cada contrução - pontes, fábricas,
pavilhões, estações, etc. - são o resultado da expressividade formal no
próprio percorrido das forças. Seus projetos são considerados únicos e
altamente influentes.
O partido arquitetônico de Calatrava é marcante e escultural;
combina conhecimentos em estruturas e tecnologia com a utilização de
diversos materiais com relevância plástica, principalmente o aço e o
vidro.
Segundo Montaner, a obra de Calatrava apresenta uma síntese
de dois paradigmas aparentemente opostos: a máquina e a obra de arte.
Calatrava soube romper, nas suas primeiras obras, fronteiras
tradicionais entre escultura, arquitetura e engenharia, pórém depois dos
primeiros avanços caiu em um declarado maneirismo e arbitrariedade.
Milwaukee Art Museum
Milwaukee Art Museum
Estação de trem do Aeroporto Lyon-Saint ExupérySundial Bridge, Redding, California, EUA
Ponte Mujer, Buenos Aires, Argentina
O Hemisfèric está composto por três corpos diferenciados. No
extremo este situam-se a cafeteria, lojas e escritórios. No centro da
cobertura a cúpula que abriga a sala de projeções, e no extremo oeste os
serviços técnicos.
A estrutura geral está constituída por uma cobertura ovoidal,
formada por cinco arcos rebaixados de secção caixão, que apóiam nos
extremos sobre tripés de concreto armado, unidos entre sim por perfis
laminados e vigas - caixão curvas. Dentro de esta estrutura se dispões a
outra secundária que constitui a sala de projeções, executada em
concreto armado, assentada sobre uma fundação de lajes de grande
espessura.
No conjunto arquitetônico se destaca o acabamento de
"trencadís" de cor branco brilhante (revestimento de mosaico de azulejos
fragmentados), recobrimento típico das cúpulas mediterrâneas.
O CONJUNTO ARQUITETÔNICO
O PROJETO
Podemos observar diversas figuras geométricas (elipses, círculos,
triângulos e trapézios) na composição do Hemisferic ou Hemisfério. Estas
figuras estão presentes nas demais obras que fazem parte do complexo
científico-cultural e são recorrentes nas obras do arquiteto Calatrava que
tem admiração e inspiração nas formas orgânicas.
Calatrava evidenciou nesta obra a dinâmica nas estruturas
metálicas utilizadas juntamente com vidro.Planta do planetário
Corte Transversal
Corte Longitudinal
O PROCESSO CONSTRUTIVO
A arquitetura exterior, a cúpula ovóide do Hemisféric,
está formada por grandes laminas tóricas, formadas por vigas
metálicas caixão de 90m de comprimento, que surgindo do
nível da água envolvem a cúpula.
Estas laminas estão provistas de enormes cancelas
móveis parecidas com as pálpebras do olho. O movimento é
obtido por meio de um sistema hidráulico, semelhante ao
usado em portões de garagem.
Os espaços vazios das costelas entre viga inferior e a
sua imediata superior servem como janelas envidraçadas
executadas com vidro laminado.
A cúpula se fecha sobre uma arquibancada
semicircular inclinada fechando-se em uma serie de volumes
esféricos que assumem as diversas funções: telão esférico de
projeção de 24m de diâmetro, abóbada de concreto com
32m de diâmetro, e a abóbada tórica que envolve todo o
conjunto.
A arquibancada está disposta sobre as máquinas de
projeção e tem capacidade para 302 espectadores mas 4
espaços para deficientes físicos.
A esfera está composta por armadura e base de perfis
laminados do tipo IPN de 160mm.
Curvadas com o raio da esfera e com dupla
armadura, vigas separadoras destes meridianos e fortalecidos
em forma de cruz de Santo André. Na face interna existe junto
com as armaduras, uma camada de nervometal que serve de
fôrma ao concreto realizado desde o exterior.
A construção da esfera foi realizada em três fases
por trechos de altura.
Na primeira fase se executou a soldagem dos perfis
laminados curvos às placas de ancoragem, unindo as cabeças
destes meridianos a um anel horizontal formado por um tubo
metálico curvado.
Posteriormente colocou-se o resto da armadura e os
reforços, concretando a continuação. A segunda fase é uma
repetição da primeira enquanto que a terceira consistiu no
içamento, montagem e colocação do casquete superior da
esfera.
A esfera foi posteriormente impermeabilizada e
recoberta pelo material de acabamento.
A fundação do Hemisféric utiliza muros de arrimo
perimetrais. A concretagem foi realizada por etapas.
A laje de fundação ancorada aos muros de arrimo
tem de 1,50 a 2,00m de espessura pois recebem as cargas
normais da construção e deve resistir ao empuxo da água pois
enquanto a cota mais baixa de fundação esta a -15,00m, o
nível freático sobe até o nível -9,00.
Tanto a laje como os muros perimetrais tem função
impermeabilizante, sendo o encontro entre ambos elementos
selados com um duplo cordão de isolamento, o primeiro em
massa expansiva e o segundo com tubos porosos
posteriormente injetados com poliuretano.
IMAGENS DA CONSTRUÇÃO
ASPECTOS SIMBÓLICOS E SUBJETIVOS
O projeto de suas fachadas laterais é
nitidamente inspirado no olho humano com a pupila
representando o planetário e as pálpebras a
estrutura móvel, compondo sua proteção.
As fachadas menores de acesso sugerem
um animal parecido com uma tartaruga.
Sua forma lembra elementos orgânicos.
Um
planetário em formato de olho humano adornado
com gigantescas pálpebras de aço em constante
abre e fecha
Croquis do arquiteto
Vista Lateral externa
Vista superior
Vista frontal externa Vista interna
O HEMISFÉRIO E OUTRAS OBRAS
Segundo Curtis, a arquitetura final do século XX evidentemente
seguiu muitos caminhos e tem se caracterizado tanto pela diversidade
geográfica qunto pelo pluralismo intelectual. Para compreender e aceitar
a arquitetura recente, precisamos ir além de tais afirmações importantes e
analisar as sensibilidades e os mitos sociais que elas exemplificam; levar
em consideração tanto as intenções únicas de cada edificação quanto a
posição desta no campo geral da investigação arquitetônica.
Os edifícios de Calatrava têm em comum o fato de jamais se
integrarem harmonicamente à paisagem, eles sempre se chocam com a
paisagem. Podemos identificar na sua obra as formas orgânicas também
utilizadas nas obras de Gaudi e de Joseph Paxton,além do desenho
aerodinâmico norte-americano dos anos 50 e de todos os mestres da
arquitetura escultórica e expressiva do período pós-guerra: Félix Candela,
Eeero Saarinem, Kenzo Tange, Pier Luigi Nervi e Jom Utzon.
Diz-se na Espanha que Calatrava representa para Valência o
mesmo que o catalão Antonio Gaudí significou para Barcelona, no
princípio do século XX.
A arquitetura-espetáculo representada por Calatrava não
compõe exatamente uma nova corrente – tais são as diferenças de estilo
entre seus mais proeminentes nomes, como o americano Frank Gehry
(autor do Museu de Bilbao) e o holandês Rem Koolhaas (do Museu Gug-
genheim de Las Vegas). Suas obras, no entanto, guardam uma notável
semelhança: utiliza técnicas de construção que permitem edificar prédios
em formatos tão ousados desafiando as leis da física, elas sempre
provocam uma transformação radical no cenário.
Os prédios-esculturas têm se prestado à função de valorizar
áreas decadentes e abandonadas – sendo às vezes decisivos na sua
revitalização. Por exemplo o Museu Guggenheim, transformou a cidade
de Bilbao, na Espanha, tornando-a um polo turístico.
O Palácio de Cristal - 1851, de Paxton.
Casa Batlo - 1875, de Gaudi
Museu Guggenheim Bilbao - 1997, de Frank Gehry
O TWA-terminal, New York International - 1956 , de Saarinem
St. Mary's Cathedral Tokyo - 1963, de Kenzo Tange
Sydney Opera House, de 1973Jom Utzon -
Museu Gug-genheim de Las Vegas - 2002, de Rem Koolhaas Catedral de Santa Maria da Assunção, de Pier Luigi Nervi - 1967
BENEVOLO, Leonardo. São Paulo: Estação Liberdade, 2007.
COLIN, Silvio. Rio de Janeiro: Uapê, 2004.
A arquitetura no novo milênio.
Pós-modernismo: Repensando a arquitetura.
CURTIS, William J. R. São Paulo: Bookman, 2008.
MONTANER, Joseph M.
Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2001.
Arquitetura moderna desde 1900.
Depois do movimento moderno: Arquitetura da Segunda
metade do século XX.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
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