JUNHO/2009
COMBUSTÍVEL RENOVÁVEL • AGROENERGIA PARA UM MUNDO SUSTENTÁVEL2
Índice
O Conselho de Informações sobre Biotecnologia
(www.cib.org.br) é uma organização não-gover-
namental e uma associação civil sem fins lucrativos
e sem nenhuma conotação político-partidária ou
ideológica. Seu objetivo básico é divulgar informa-
ções técnico-científicas sobre a Biotecnologia e seus
benefícios, aumentando a familiaridade de todos os
setores da sociedade com o tema.
EXPEDIENTE
Coordenadora-Geral: Alda LerayerEditor Executivo: Antonio Celso VillariRedação: Débora MarquesConsultores Técnicos: Fernando Araripe Torres – UnB
Lídia Maria Pepe de Moraes – UnBPatrícia Machado Bueno Fernandes – UFESRoberto Rodrigues - FGV
Apoio Operacional: Jacqueline AmbrosioJoão Paulo MendesJulia Corradi
Projeto Gráfico: Sergio BritoFotos: Sérgio Andrade e arquivo CIB
• Um pouco de história
• Origem 4
• Linha do tempo 4
• Cenário brasileiro 6
• O setor sucroalcooleiro 7
• Genética de leveduras
• Origem e melhoramento convencional 8
• Biotecnologia 9
• Tecnologia de produção de etanol
• Cana-de-açúcar 10
• Cereais e mandioca 12
• Tecnologia de produção de diesel
• Fermentação 13
• Benefícios ambientais
• Etanol e diesel renováveis 14
• Potencial econômico dos biocombustíveis
• Agroenergia: uma nova geopolítica global 15 a 17
• Mitos e verdades
• Sinergia entre alimentação e agroenergia 18
3
Agroenergia para um mundo sustentável
O Brasil é o país que mais usa biocombustíveis em relação ao
total consumido pelos veículos da frota nacional e o segundo
colocado em termos de volume, atrás dos Estados Unidos. É
também o maior exportador mundial de etanol. O desempenho
reflete as nossas condições climáticas e a tecnologia desenvol-
vida por empresas e instituições do País.
O segmento é responsável pela produção de quase 25 bilhões
de litros de etanol e biodiesel. Apenas as exportações do setor
sucroalcooleiro geraram US$ 7,8 bilhões em divisas em 2008.
Os números são resultado do trabalho de mais de um milhão de
pessoas que atuam na área.
Apesar da marca expressiva, as plantações de cana-de-açúcar
para produção de etanol – o principal biocombustível usado
atualmente – ocupam uma área relativamente pequena no Bra-
sil: cerca de 3,6 milhões de hectares. E a tecnologia – neste
caso, a biotecnologia – pode contribuir ainda mais para que o
Brasil se mantenha na posição de liderança no mercado mun-
dial. Essa é a principal razão pela qual o Conselho de Informa-
ções sobre Biotecnologia decidiu editar o presente guia.
Aqui você encontrará informações desde a origem da cana-de-
açúcar, passando pelo histórico do processo do qual resulta o
álcool – a fermentação –, até as possibilidades reais da biotec-
nologia, que, ao contribuir para desenvolver novas característi-
cas, a exemplo do diesel de cana-de-áçucar, está estabelecendo
uma realidade diferente para a produção brasileira de bio-
combustíveis.
Esperamos que este material sirva de fonte de informação e
pesquisa para educadores, estudantes, agricultores, jornalistas
e representantes da sociedade interessados no tema.
Boa leitura!
4
Um pouco de história
Origem• Os biocombustíveis que fazem parte da matriz
energética brasileira são produzidos pela transforma-
ção do açúcar por microrganismos. O principal com-
bustível de origem renovável usado no planeta é o
etanol, produzido pela fermentação de açúcares. O pro-
cesso fermentativo é uma das mais antigas reações quí-
micas conhecidas pelo homem. No Egito antigo, em tor-
no de 5.000 a.C., já se usava a fermentação, porém
sem conhecimento científico sobre o processo. Os egíp-
cios o consideravam uma dádiva do deus Osíris. Esses
primeiros produtos eram feitos com base na fermenta-
ção natural de sucos de frutas, que deram origem aos
primeiros tipos de vinhos.
• Apesar do uso desde a Antiguidade, foi apenas em
1860 que o químico francês Louis Pasteur demonstrou
cientificamente que a fermentação era promovida por
células de levedura. Pasteur inaugurava o campo da ci-
ência que conhecemos hoje como bioquímica. Ao final
do século XIX, a produção de etanol já era um processo
amplamente dominado, inclusive para fins combustí-
veis. Tanto que Henry Ford, pioneiro da indústria auto-
mobilística, projetou automóveis para rodar com etanol.
Linha do tempo
Antiguidade
Registros arqueológicosindicam que, nestaépoca, os egípciosjá se beneficiavam dafermentação paraproduzir pão e vinho
Proálcool
Com o primeirochoque do petróleo,o governo brasileirolança um programapara substituiras importaçõespelo etanol
Aquecimentoglobal
A partir da Rio 92,dá-se início à discussãosobre as causas doaquecimento globale os meios de evitá-lo
Genomada levedura
Pesquisadorestornam disponívelna Internet ogenoma da leveduraS. cerevisae
5.000 a.C. 1975 1990 1996
Biocombustíveise o século XXI
2005-presente
Novas técnicasde produção debiocombustíveisampliam o usodas fontes renováveisde energia
COMBUSTÍVEL RENOVÁVEL • AGROENERGIA PARA UM MUNDO SUSTENTÁVEL
Melhoramentoconvencional
Novas cepas delevedura maisresistentes e capazesde produzir etanolcontinuamente sãodesenvolvidas no Brasil
Década de 80
5
Um pouco de história
Novas tecnologias
aumentam a
produtividade na
fabricação e a
eficiência no uso
dos biocombustíveis
Saiba também que...• A cana-de-açúcar é uma gramínea de ori-
gem asiática, historicamente usada como fonte
de açúcar. Atualmente, é cultivada globalmen-
te, especialmente na região tropical.
• As principais matérias-primas usadas para
produzir biodiesel são a soja, o girassol e a
canola. Porém, todas elas rendem menos ener-
gia por unidade de área colhida do que a cana-
de-açúcar.
• Os biocombustíveis representam cerca
de 1% da matriz mundial de transportes.
Os maiores produtores são Estados Unidos,
Brasil, China e Alemanha. O Brasil é o maior
exportador de etanol do mundo.
• É possível produzir um diesel renovável muito
similar ao de origem mineral com base na fer-
mentação do açúcar.
• Apenas 2% da área agrícola do Brasil é ocu-
pada pela cultura de cana-de-açúcar destina-
da à produção de etanol. Isso representa me-
ros 0,8% de todo o território nacional.
• As usinas brasileiras são capazes de contro-
lar o volume produzido de açúcar e etanol con-
forme as necessidades de mercado.
• Entre 2003 e 2008, a produção de etanol
nos Estados Unidos aumentou 220%. Os nor-
te-americanos chegaram ao final de 2008 com
produção de 34 bilhões de litros, o que os co-
loca no primeiro lugar do ranking mundial de
produtores. Toda a produção norte-america-
na, contudo, não foi suficiente para atender a
demanda interna. O país ainda precisou im-
portar 2,2 bilhões de litros para atender o mer-
cado doméstico. O Brasil é, historicamente, o
maior exportador de etanol para os Estados
Unidos.
A cana-de-açúcarencontra condiçõesótimas de produção noBrasil, graças à insolação,ao regime de chuvas eao solo disponível
• O grande impulso ao combustível derivado da cana-
de-açúcar, contudo, veio apenas quase um século
depois, com a criação, no Brasil, do Programa Na-
cional do Álcool (Proálcool), na década de 1970.
• Apesar de o etanol ser um bom substituto para a
gasolina, há limitações para usá-lo em veículos pe-
sados. A alternativa entre os biocombustíveis, para
este caso, é o biodiesel, produzido com base em óleo
e gorduras, em um processo denominado transeste-
rificação. O biodiesel não tem as mesmas caracterís-
ticas do diesel derivado de petróleo. Contudo, já exis-
te um método que produz um diesel renovável com
características muito similares ao de origem fóssil
feito por meio da fermentação de açúcares, a exem-
plo do etanol.
6
Cenário brasileiro
Um pouco de história
• O Brasil dispõe de terra, água e insolação para
suprir a demanda doméstica e manter uma posição
importante no mercado internacional de etanol. Além
disso, pode transferir tecnologia para outros países
em desenvolvimento que têm potencial para se tor-
nar grandes produtores desse biocombustível.
• A biotecnologia deve contribuir para avanços im-
portantes no setor, assim que novas técnicas de pro-
dução de combustíveis renováveis ganharem escala
comercial.
• O uso de biocombustíveis no Brasil pode ser divi-
dido em três fases. A primeira começa em 1931 e se
estende até a criação do Proálcool, e serviu para es-
tabelecer uma ampla base de produção no País. O
programa governamental criado em decorrência da
primeira crise do petróleo, na década de 1970, foi o
estopim para o uso em larga escala e o desenvolvi-
mento da tecnologia para produção de etanol no
País. A partir do Proálcool, deu-se vida nova ao se-
• Etanol (anidro+hidratado) 19,6
• Biodiesel 1,2
• Gasolina 18,8
• Diesel 43,6
tor, com investimentos em equipamentos, serviços e
desenvolvimento de novas tecnologias, tanto para a
parte agrícola quanto para a industrial. Atualmente,
o setor sucroalcooleiro conta com mais de 400 uni-
dades de produção e emprega mais de um milhão
de pessoas. Entre 1976 e 2004, o uso de etanol
combustível no Brasil permitiu uma economia de
US$ 60,7 bilhões (em valores de dezembro de 2004).
A terceira fase dos biocombustíveis no Brasil teve
início no começo do século XXI. O advento dos mo-
tores flex fuel, aliado às crescentes preocupações
ambientais e à elevação dos preços da energia pro-
duzida com base em fontes fósseis, colocaram os
biocombustíveis em destaque, não apenas no País,
como também no mundo. Na safra 2007/2008, o
Brasil produziu 22,5 bilhões de litros de etanol, 50%
a mais que no período 2003/2004. Em 2008, o con-
sumo de combustível foi o seguinte:
Preço do petróleo
em alta e
preocupação com
meio ambiente
encontraram uma
solução na dupla
etanol-motores
flex fuel
No Brasil, o etanol e obiodiesel estão presentesem todo o combustívelvendido nos postos
em bilhões de litros
COMBUSTÍVEL RENOVÁVEL • AGROENERGIA PARA UM MUNDO SUSTENTÁVEL
7
Um pouco de história
• O setor sucroalcoleiro brasileiro deve aumentar o
faturamento de US$ 20 bilhões na safra 2006/2007
para US$ 45 bilhões na safra 2015/2016. Deste to-
tal, 33% deve vir da venda de açúcar e 67% da
agroenergia, sendo 51% da venda de etanol e o res-
tante, 16%, de bioeletricidade. Na parte agrícola, é
importante destacar os programas de melhoramen-
to genético da cana-de-açúcar, em especial os cria-
dos pela Ridesa (antigo Programa Nacional de Me-
lhoramento da Cana-de-Açúcar) e pelo Centro de
Tecnologia Canavieira (antigo Centro de Tecnologia
da Copersucar). As variedades desenvolvidas por
esses dois programas representam quase a totalida-
de da cana usada para produzir biocombustíveis no
Brasil. Em 30 anos de melhoramento tradicional, as
novas variedades de cana-de-açúcar aumentaram o
rendimento em cerca de 50%.
O setor sucroalcooleiro• Na parte industrial, o Brasil se tornou fonte de
fabricantes de equipamentos para o processamento
da cana-de-açúcar, que vão de moendas a turbinas
para geração de energia, passando por caldeiras e
equipamentos, além de software para controle da
produção. A frota nacional de veículos leves equipa-
dos com motores flex fuel representava apenas 28%
da frota total em 2008. Este número deve chegar a
65% em 2015. Em 2008, 87% do veículos desta
categoria vendidos no País podiam usar etanol e
gasolina em qualquer proporção de mistura em seus
tanques.
• Em 2009, entrou em operação a primeira planta
piloto do Brasil para produzir diesel com base em
cana-de-açúcar. Localizada em Campinas (SP), a
unidade usa leveduras geneticamente modificadas
em seu processo de produção.
O uso dos
biocombustíveis
impulsionou o
desenvolvimento de
novas tecnologias
agrícolas e
industriais no setor
A maior parte dabioeletricidade do País égerada no período deseca, o que ajuda apreservar o nível dosreservatórios dashidrelétricas
Origem e melhoramento convencional
Genética
8
O fermento no comércio
• A levedura é um dos microrganismos usados pelo
homem há mais tempo e é de vital importância para
o ser humano na fabricação de alimentos e bebidas.
Por esta razão, este tipo de fungo está entre os mi-
crorganismos mais estudados pela ciência. O pro-
cesso de produção do etanol com base no açúcar é,
na verdade, o processo de respiração anaeróbica (na
ausência de oxigênio) de uma espécie de levedura
conhecida como Saccharomyces cerevisae. O proces-
so rende energia a este tipo de fungo e gera, como
subprodutos, etanol e gás carbônico. Desde o século
XIX, as linhagens de levedura são estudadas com
base científica. Entre as mais de 1.500 espécies exis-
tentes, uma das mais pesquisadas é a Saccharomyces
cerevisae.
• Em 1880, o cientista Emil Christian Hansen conse-
guiu obter culturas puras de leveduras. Para tanto,
isolou uma única célula e a colocou em um meio
rico em açúcar. Este tipo de levedura é conhecido
como Saccharomyces carlsbergensis, e é usado na
produção das cervejas do tipo lager. Hansen desen-
volveu diferentes técnicas para a obtenção de cultu-
ras puras de leveduras, nomeou um grande número
de espécies e propôs uma taxonomia – ciência que
• Até o século XIX, as leveduras, comercial-
mente denominadas de fermento, eram usa-
das, diariamente, na fabricação de pão e be-
bidas fermentadas, mas o processo dependia
das leveduras disponíveis no ar ou em restos
de produtos fermentados. Em 1876, Charles
Fleishmann apresentou uma versão comercial
do produto e um método de uso da Saccharo-
myces cerevisae nos Estados Unidos.
• A maior parte das linhagens de Saccha-
romyces cerevisae usadas atualmente na in-
dústria é de origem doméstica. Porém, as le-
veduras são facilmente encontradas em qual-
quer ambiente que contém açúcar.
lida com a descrição, a identificação e a classifica-
ção dos organismos – para o grupo.
• Com base em seus trabalhos, o uso de linhagens
isoladas de leveduras nos diferentes processos
fermentativos tornou-se viável, sendo que muitas in-
dústrias têm estabelecido e desenvolvido suas pró-
prias linhagens para garantir e melhorar a qualida-
de de seus produtos.
Apesar de a fermentaçãoser usada pelo homemdesde a Antiguidadepara fabricar pão evinho, apenas em 1876 ofermento começou a sercomercializado
Desde o
século XIX, as
leveduras são
estudadas por
cientistas
interessados na
melhoria do
processo de
fermentação
COMBUSTÍVEL RENOVÁVEL • AGROENERGIA PARA UM MUNDO SUSTENTÁVEL
9
Biotecnologia
Genética
• A Saccharomyces cerevisiae foi o primeiro orga-
nismo eucarioto (que tem o interior da célula com
núcleo) a ter o genoma completamente sequenciado.
Desde abril de 1996, a sequência do genoma dessa
levedura está depositada em um banco de dados
público na internet. A S. cerevisiae apresenta carac-
terísticas muito interessantes para aplicação na
biotecnologia, porque o DNA de outra espécie pode
ser diretamente colocado em posição específica em
seu genoma. A levedura também permite a produ-
ção de diversos produtos farmacêuticos. Exemplos
dessas aplicações são a produção de insulina e do
hormônio da tireóide. Além desses fatores, vale res-
saltar que a levedura não é patogênica, ou seja, não
é normalmente causadora de doenças. Assim, sua
manipulação é mais segura – mesmo quando feita
em grandes quantidades – em relação a de outros
organismos microscópicos usados em pesquisa de
laboratório. Especificamente em relação à fermen-
tação, têm sido obtidas linhagem adaptada a condi-
ções específicas e altamente produtiva.
A biotecnologia deve ajudar
no desenvolvimento de
leveduras que aproveitem
melhor os diversos tipos de
açúcares, reduzindo a
necessidade de matéria-prima
Linhagens resistentes adiversos tipos de estresse ecapazes de produzir outroscombustíveis, como o diesel,são apenas algumas daspossibilidades doaprimoramento genéticodas leveduras
• Outras linhas de pesquisa procuram aumentar a
assimilação de frutose, glicose e de outros açúcares
pela levedura e produzir novos combustíveis. Estu-
dos genéticos têm sido conduzidos buscando a com-
preensão da fisiologia da levedura durante as diver-
sas fases da fermentação e submetendo tais micror-
ganismos aos mais diversos tipos de estresse encon-
trados nas condições práticas. O foco principal des-
tas pesquisas é a obtenção de uma nova linhagem
adaptada a condições específicas e altamente pro-
dutiva.
10
Cana-de-açúcar
Tecnologia de produção de etanol
O Brasil é o país mais avançado, do ponto de
vista tecnológico, na produção e no uso do etanol
como combustível. A produção mundial de ál-
cool aproxima-se dos 65 bilhões de litros, dos
quais, presume-se, até 59 bilhões de litros se-
jam utilizados para fins energéticos. O Brasil res-
ponde por 19,6 bilhões de litros deste total.
• A cana-de-açúcar é a segunda maior fonte de energia
renovável do Brasil, com 12,6% de participação na ma-
triz energética atual, considerando-se o álcool combus-
tível e a cogeração de eletricidade (bioeletricidade), ten-
do o bagaço como matéria-prima. O álcool pode ser
obtido por meio de diversas formas de biomassa, sen-
do a cana-de-açúcar a mais eficiente.
A produção de etanol combase em cana-de-açúcar é feitanas seguintes etapas:
1. Moagem da cana, obtendo-se o caldo,
também conhecido como garapa, que contém
alto teor de sacarose;
2. Aquecimento do caldo sem adição de
produtos químicos;
3. Evaporação da água e concentração do caldo;
4. Resfriamento do caldo (agora chamado mosto)
e envio às dornas (tanques) de fermentação;
5. Adição de Saccharomyces cerevisiae ao mosto;
6. Fermentação do mosto pela levedura, a
partir do, então, chamado vinho;
7. Destilação do vinho em aparelhos que
separam, concentram e purificam o álcool.
Variedades geneticamente modificadas decana-de-açúcar são desenvolvidas para termelhor rendimento desde o momento doplantio até a produção de etanol
COMBUSTÍVEL RENOVÁVEL • AGROENERGIA PARA UM MUNDO SUSTENTÁVEL
Menos produção de fumaça e uso de água
11
Tecnologia de produção de etanol
• A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica)
assinou um protocolo com o governo de São Paulo
para antecipar o fim da queima dos canaviais pré-
colheita. Antes do protocolo, a lei estipulava o
fim das queimadas para o ano de 2031. Agora,
toda a cana deve ser colhida mecanicamente até
2017. O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC)
desenvolveu um limpador de cana a seco. Isso
substitui o processo de lavagem da cana com
água antes de ela ser enviada para moenda.
Uso do bagaço e da palha
• Do total da energia contida na cana-de-açúcar,
aproximadamente um terço está no caldo. O res-
tante se divide em partes quase iguais entre o
bagaço e a palha.
• Atualmente, boa parte da palha é queimada para
facilitar o corte manual da cana. Já o bagaço é
queimado para gerar energia para a própria usi-
na, e o excedente é vendido para a rede elétrica.
Porém, tanto a palha quanto o bagaço poderão
ser usados no futuro para produzir mais etanol
por meio de duas rotas tecnológicas principais.
• A primeira ficou popularmente conhecida como
etanol celulósico. Nesta rota tecnológica, podem
ser usados ácidos ou enzimas para quebrar as lon-
gas cadeias de moléculas que formam o material
vegetal. As moléculas menores de açúcares po-
dem ser fermentadas para a produção de etanol.
• A segunda é conhecida como Fischer-Tropsch.
Neste caso, a palha e o bagaço são queimados
em ambiente sem oxigênio para serem transfor-
mados em gás de síntese – uma mistura de
monóxido de carbono (CO) e hidrogênio. Este gás,
posteriormente, pode formar diversos tipos de
combustíveis, dependendo dos elementos quími-
cos nele presentes.
• A limpeza da cana é fundamental para reduzir
a quantidade de agentes contaminantes e,
consequentemente, aumentar a produtividade.
• Outra tecnologia que promete reduzir o consu-
mo de água no setor sucroalcooleiro é a usina
autossuficiente em água. Uma empresa brasilei-
ra de equipamentos lançou, em 2008, uma usina
de açúcar e álcool capaz de evitar a captação de
1,8 mil litros de água por tonelada moída.
A colheita
mecanizada da
cana-de-açúcar irá
reduzir a poluição
do ar e aumentar
a geração de
eletricidade
12
Tecnologia de produção de etanol
• Como a fermentação é feita com base em açúca-
res, os vegetais ricos em carboidratos também são
uma fonte possível para a produção de etanol. O
mais usado é o milho, que é a matéria-prima usada
nos Estados Unidos. Mas o etanol também pode ser
produzido do trigo, do sorgo e da mandioca. A pro-
dução de biocombustível com tais matérias-primas
apresenta ao menos duas desvantagens em relação
à cana-de-açúcar. A primeira é que o processamento
nesses casos produz amido, que precisa ser “cozi-
do” para que se transforme em açúcares que pos-
sam ser aproveitados pelas leveduras. Este processo
de produção mais longo e complexo exige uma
maior quantidade de energia para produzir o mes-
mo volume de etanol. No caso americano, a energia
extra é oriunda de fontes fósseis, o que encarece o
processo e reduz os benefícios ambientais dos bio-
combustíveis. A segunda desvantagem de outras
matérias-primas é que a cana-de-açúcar contém mais
energia por unidade de área do que qualquer outra
usada para produzir biocombustíveis.
Cereais e mandiocaOutras opções
• As mesmas matérias-primas que são usa-
das para produzir etanol podem ser usadas
para produzir outros combustíveis. O buta-
nol, por exemplo, é um álcool produzido com
base na fermentação desencadeada pela
bactéria Clostridium acetobutylicum. O
butanol apresenta vantagens e desvantagens
em relação ao etanol. Embora contenha mais
energia por unidade de volume, sua octa-
nagem (índice de resistência à detonação da
gasolina) é menor do que a do etanol, o que
reduz seu desempenho em motores à gaso-
lina. O biodiesel feito por meio de óleos e
gorduras pode atender a demanda de curto
prazo por biocombustíveis destinados a mo-
tores a diesel. Porém, as principais matérias-
primas usadas em tal processo rendem me-
nos energia por unidade de área do que a
cana-de-açúcar.
A cana-de-açúcar
produz mais energia
por unidade de área
colhida do que
qualquer outra
cultura usada para
produzir
biocombustíveis
Todo vegetal ricoem carboidratos podeser usado paraproduzir etanol
COMBUSTÍVEL RENOVÁVEL • AGROENERGIA PARA UM MUNDO SUSTENTÁVEL
13
Tecnologia de produção de diesel e combustível de aviação
• As técnicas de produção de biocombustíveis sem-
pre procuraram adaptar os sistemas produtivos às
moléculas existentes. A biotecnologia permite alte-
rar esta lógica, abrindo caminho para ganhos de pro-
dutividade, seja pela redução de insumos, seja pelo
aumento da produção. O processo de fabricação do
diesel baseado na fermentação de açúcares é o exem-
plo mais próximo da escala comercial de produção.
Uma planta piloto para produção de tais tipos de
combustíveis renováveis e produtos químicos já en-
trou em operação em 2009, em Campinas (SP).
• Por meio da tecnologia, é possível identificar mo-
léculas com desempenho ótimo em motores movi-
dos a gasolina, diesel ou mesmo turbinas. Posterior-
mente, cientistas desenvolvem rotas biotecnológicas
para produzir essas moléculas.
• O processo de produção do diesel por meio da
biotecnologia é bastante parecido com a atual pro-
dução de etanol, descrita anteriormente. A maior di-
ferença é que novas linhagens de leveduras são ca-
pazes de transformar o açúcar em diferentes produ-
tos, com as propriedades dos derivados de petróleo
e as vantagens dos biocombustíveis.
Fermentação
Leveduras geneticamentemodificadas podem levara uma revolução naforma como o homemproduz combustíveis
• O primeiro produto a ser produzido é o diesel, que
representa cerca de metade dos combustíveis usa-
dos no Brasil e no mundo.
• A empresa também desenvolve leveduras capazes
de produzir combustível para a aviação e já usou a
levedura, pelo mesmo processo, para produzir uma
droga contra a malária, doença que mata mais 800
mil pessoas todos os anos e atinge mais de 240 mi-
lhões em todo o mundo. As possibilidades vão de
produtos farmacêuticos a polímeros, passando por
plásticos e produtos químicos. A capacidade de adap-
tar microrganismos para desenvolver diferentes pro-
dutos pode ser um fator importante para superar as
limitações dos biocombustíveis de primeira geração,
a exemplo de menor conteúdo energético e produ-
ção de resíduos indesejados.
14
Etanol e diesel renováveis
Benefícios ambientais
• A vantagem dos combustíveis renováveis em rela-
ção aos derivados de petróleo depende da cultura
usada e do local onde é plantada. Algumas das van-
tagens são:
• Menor emissão de gás carbônico na atmosfera,
pois uma parte das emissões é absorvida pelas
plantas em seu processo de crescimento. Neste
processo, sol e gás carbônico são transformados
durante a fotossíntese em energia, água e oxi-
gênio.
• Os biocombustíveis são renováveis, ou seja, po-
dem ser produzidos sem risco de esgotar os recur-
sos naturais do planeta, ao contrário do que ocor-
re com o petróleo.
• No caso do etanol produzido com base na cana-
de-açúcar, diversos estudos científicos mostram tra-
tar-se do biocombustível com o melhor balanço ener-
gético de todos. É o que gera mais energia em rela-
ção àquela usada para produzi-lo. No caso da cana,
este número está perto de nove, tanto para o etanol
quanto para outros combustíveis baseados na biotec-
nologia. Outros biocombustíveis apresentam relações
menores.
• O diesel produzido por meio de açúcares é livre de
enxofre, uma molécula que faz parte do diesel deri-
vado de petróleo, e precisa ser excluído do produto
final no processo de refino. Muitos países, a exem-
plo do Brasil, ainda usam diesel com um alto teor de
enxofre, um composto muito poluente. No Brasil, a
maior parte do diesel vendido tem 1.800 partes por
milhão de enxofre.
Os biocombustíveis apresentam
uma ampla vantagem ambiental em
relação aos derivados de petróleo.
Interessa aos próprios produtorespreservar os mananciais,
pois as culturas agrícolas dependemde água limpa e solo fértil
COMBUSTÍVEL RENOVÁVEL • AGROENERGIA PARA UM MUNDO SUSTENTÁVEL
15
Potencial econômico dos biocombustíveis
• A agricultura mundial tem um enorme conjunto
de desafios para o futuro, representados pela neces-
sidade de aumentar a produção agropecuária com
sustentabilidade. A demanda por alimentos, fibras e
madeira vai aumentar consideravelmente, devido ao
aumento da população e da renda, principalmente
em países em desenvolvimento. Mas produzir alimen-
tos não será o único grande desafio dos agricultores
contemporâneos.
• O neozelandês Alan Mac Diarmid, prêmio Nobel
de Química de 2000, afirmou que, nos próximos 50
anos, cinco dos 10 maiores problemas da humani-
dade terão que ser resolvidos pela agricultura. São
eles: energia, água, alimentos, meio ambiente e po-
breza.
Agroenergia: uma nova geopolítica global• Na verdade, a agropecuária contemporânea será
responsável pela produção de três eixos fundamen-
tais para a vida humana: alimentos, fibras e energia.
• No que diz respeito à energia, tal responsabilida-
de ganha uma dimensão extraordinária. Nos próxi-
mos 30 anos, de acordo com a Agência Internacio-
nal de Energia, a demanda crescerá 50% em todo o
mundo. Só a demanda por combustíveis líquidos será
55% maior no período, e está claro que o petróleo
não resolverá tudo isto sozinho, ou o fará a preços
elevados, uma vez que as reservas remanescentes
estão em locais de extração difícil ou de alto custo.
A demanda por energiacrescerá 50% nospróximos 30 anos
16
Potencial econômico dos biocombustíveis
• O debate sobre seus altos preços e seus efeitos
perversos para o aquecimento global e para a polui-
ção atmosférica, sobretudo nos grandes centros ur-
banos, tem conduzido a investigação para fontes
renováveis e não poluentes de energia. Fontes como
energia solar, eólica e hidráulica são temas recor-
rentes de eventos realizados diariamente em diver-
sos países. E, no caso dos combustíveis líquidos, tam-
bém estão sendo estudadas alternativas, como a cé-
lula combustível a hidrogênio e o carro elétrico.
• No entanto, é indiscutível que a agroenergia tem
um papel reservado neste cenário, no qual os biocom-
bustíveis se apresentam como uma solução simples.
Isso ocorre porque os processos de produção já são
dominados. Além disso, diversos tipos de matérias-
primas podem ser usadas, dependendo das caracte-
rísticas geográficas, para atingir o máximo em de-
sempenho.
A agroenergia é
a fonte renovável
que pode ser
ampliada mais
rapidamente ao
redor do mundo
Diversos tipos dematérias-primas podem
ser usadas para produziretanol, biodiesel e
bioeletricidade
COMBUSTÍVEL RENOVÁVEL • AGROENERGIA PARA UM MUNDO SUSTENTÁVEL
17
• Qualquer país pode produzir seu próprio etanol e
biodiesel, embora os custos favoreçam uns mais que
outros. De forma geral, contudo, a produção de
biocombustíveis permite a substituição, ao menos
parcial, da importação de petróleo e derivados. A
produção desses biocombustíveis traz cinco grandes
vantagens:
1a – Ambiental – qualquer planta cultivada seques-
tra carbono, e a cana-de-açúcar é a grande campeã
neste quesito. Desta forma, a agroenergia contribui
de maneira efetiva pra a redução do aquecimento
global.
2a – Renovável – petróleo queimado não volta
mais, ao passo que o etanol e o biodiesel são produ-
zidos sempre, e cada vez com melhor tecnologia, mais
produtiva, competitiva e sustentável. O biocom-
bustível pode ser produzido em qualquer lugar do
mundo, com base em diversas matérias-primas.
3a – Social – gera emprego ao longo de toda a
cadeia de produção. Este é um fator que pode ser
multiplicado em todos os países que optarem pela
agroenergia.
4a – Econômica – o impacto na balança comercial
de quem depende do petróleo é evidente. O Brasil é
hoje autossuficiente em óleo por causa dos bio-
combustíveis, especialmente do etanol. E, mais ain-
da, a cogeração de eletricidade por parte das usinas
de álcool ganha crescente importância no País, re-
duzindo a necessidade de novas hidrelétricas e
termelétricas. O Estado de São Paulo, o mais indus-
trializado do Brasil, já tem 17% de sua energia elé-
trica vinda da cana-de-açúcar.
5a – Novo paradigma – a agroenergia vai mudar
a geoeconomia agrícola mundial. Diferentes matéri-
as-primas vocacionadas para os mais diversos paí-
ses mudarão o panorama rural. Só a cana-de-açú-
car, que ocupará áreas de pastagens, por exemplo,
permitirá a produção de grãos, especialmente
leguminosas, onde antes isto não existia. Isso ocorre
porque a cada cinco anos, em média, os canaviais
precisam ser replantados. Porém, antes disso, são
usadas as leguminosas, a exemplo da soja e do amen-
doim, para fixar nitrogênio no solo. Além do mais, a
agroenergia demanda terra, sol, água, recursos hu-
manos, tecnologia e capital. Os primeiros cinco itens
estão disponíveis entre os trópicos, seja na América
Latina ou na África.
Qualquer país
pode produzir
biocombustível
a partir de
matérias-primas
e técnicas mais
apropriadas para
suas condições
geográficas
A agroenergia irá mudaro cenário geopolíticoglobal dominado desde aI Guerra Mundial pelaquestão energética
18
Mitos e verdades
Sinergia entre alimentação e agroenergiaO aumento no uso dos biocombustíves pode
levar à escassez de alimentos no mundo?
Não. De acordo com a FAO, braço para alimentação
da Organização das Nações Unidas (ONU), há terra
para alimentos mesmo com o crescimento do uso
dos biocombustíveis.
O exemplo brasileiro mostra bem a falta de relação
entre o aumento no uso dos biocombustíveis e a
escassez de alimentos. Hoje, no País, são cultivados
72 milhões de hectares de todas as plantas, e ape-
nas 5% disto (3,6 milhões de hectares) são planta-
dos com cana para produzir o etanol. Outro tanto é
destinado para o açúcar.
O Brasil tem ainda mais 71 milhões de hectares que,
atualmente, são usados por pastagens, mas que po-
dem ser cultivados. Destes, apenas 21 milhões de
hectares serviriam para a cana. Além disso, o au-
mento da produção de biocombustíveis será impul-
sionado pela biotecnologia, o que permitirá dobrar
a produção na mesma área, em razão de melhora-
mento genético de plantas e de leveduras.
Dessa forma ainda sobrariam, só no Brasil, cerca de
50 milhões de hectares de área agrícola, terra sufici-
ente para dobrar a atual produção de alimentos.
A oferta de alimentos deverá crescer não apenas por
conta do aumento da área cultivável, como também
em decorrência do aumento da produtividade.
A julgar pelos avanços obtidos nos últimos 15 anos
com a área e a produção de grãos, há muito ainda
por avançar.
Adicionalmente, a perspectiva de fazer álcool do
bagaço de cana e das folhas de cana cortada crua
com colhedeiras viabiliza dobrar a produção de ál-
cool por hectare. Tudo isso leva ao horizonte hipoté-
tico da produção de 300 bilhões de litros de álcool
por ano, 15 vezes mais do que nos dias atuais.
COMBUSTÍVEL RENOVÁVEL • AGROENERGIA PARA UM MUNDO SUSTENTÁVEL
19
As plantações de cana-de-açúcar
irão invadir a Amazônia, destruindo
ainda mais a floresta da região?
Não. Está claro que não vai ser preciso ir à Amazô-
nia em busca de terra, porque as pastagens substi-
tuídas pela cana estão nas regiões Centro-Oeste, Su-
deste e Leste do Brasil. Além disso, a Amazônia é
longe dos centros de consumo e a logística comple-
xa e custosa inviabilizaria o etanol para as capitais
do Leste e do Sul ou para exportação. E por último,
vastas regiões da floresta são impróprias para o cul-
tivo da cana porque chove todo o tempo, o que im-
pede a maturação da gramínea. Por todas estas ra-
zões, a floresta não será destruída para plantar cana.
Também é tolice dizer que nenhuma área da Ama-
zônia legal terá cana. Terá, até porque na região vi-
vem hoje 25 milhões de brasileiros que também con-
somem. Mas esta é a exceção à regra.
O aumento no preço dos alimentos é fruto
do aumento no uso dos biocombustíves?
Não. Um estudo econométrico realizado pela Fun-
dação Getulio Vargas (FGV) mostra que o aumento
recente dos preços dos alimentos se deve a dois fa-
tores:
• Desequilíbrio entre oferta e demanda
• Especulação dos grandes fundos nos mercados
futuros.Com a crise financeira mundial, os especu-
ladores saíram do mercado agrícola e os preços já
caíram bastante.
A América Latina e a Áfricadispõem de áreas suficientespara garantir a oferta dealimento e energia
Biocombwww.biocomb.com.br
Biodieselbrwww.biodieselbr.com
Centro Nacional de Referência em Biomassahttp://cenbio.iee.usp.br
Centro de Tecnologia Canavieira (CTC)www.ctc.com.br
Embrapawww.embrapa.br
Empresa de Pesquisa Energéticawww.epe.gov.br
Energy Information Administrationwww.eia.doe.gov
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirozwww.esalq.usp.br
Etanol Verdewww.etanolverde.com.br
European Bioethanol Fuel Associationwww.ebio.org
Instituto Agronômicowww.iac.sp.gov.br
JUNHO/2009
SITES RELACIONADOS
Instituto de Economia Agrícolawww.iea.sp.gov.br
Ministério da Agricultura (Mapa)www.agricultura.gov.br
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)www.mct.gov.br
Ministério das Minas e Energia (MME)www.mme.gov.br
Núcleo de Biotecnologia da Univ. Federal do Espírito Santo (Ufes)www.prppg.ufes.br/biotecnologia
Rede Interuniversitária para Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleirowww.ridesa.com.br
Renewable Fuels Associationwww.ethanolrfa.org
União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica)www.unica.com.br
União dos Produtores de Bioenergiawww.udop.com.br
Universidade de Brasília (UnB)www.unb.br
Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)www.ufes.br
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