1
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa
Vermelha-RS
Simone Quadros – [email protected]
Master em Arquitetura
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG
Porto Alegre, RS, vinte e seis de janeiro de dois mil e quatorze.
Resumo
A indústria da construção civil apresenta-se como um dos segmentos industriais mais críticos
no que se refere aos impactos ambientais, sendo um dos principais geradores de resíduos
sólidos na sociedade. A realidade do município de Lagoa Vermelha-RS não é diferente,
ressalvadas as características técnicas, econômicas e ambientais. Este trabalho baseia-se na
legislação federal, normativas e no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos,
além de diversas referências bibliográficas para apresentar modelo de gestão eficaz para os
resíduos da construção civil de Lagoa Vermelha-RS. A possibildade potencial de reciclagem
em canteiros de obra é apresentada como uma alternativa para destinação correta desses
resíduos, indicando essa ação como forma de contribuir para a redução dos impactos
ambientais causados pelo descarte inadequado de resíduos de construção.
Palavras-chave: Resíduos da construção civl. Reciclagem. Gestão de resíduos.
1. Introdução
É recente a percepção de que a exploração contínua dos mais variados recursos naturais sem
se preocupar com as ameaças dessa atividade ao ecossistema nos levaria rapidamente a
catástrofe (NETO, 2005). A ilusão de que o planeta teria capacidade inesgotável de fornecer
matérias-primas e de assimilar os resíduos produzidos alimentou os sistemas de produção
adotados até o momento.
O crescimento descontrolado da população mundial levou ao aumento da demanda por bens e
serviços, gerando uma sociedade de consumo e desperdício, inédita na historia, o que,
paralelamente com o progresso industrial e avanços tecnológicos dilapidou os recursos
naturais criando a visão de que a preservação da natureza era antagônica ao desenvolvimento.
No Brasil, como em outros países, os resíduos da construção civil correspondem a uma
grande parcela do total de resíduos urbanos gerados. Políticas governamentais de crescimento
e incentivo a habitação propiciam o desenvolvimento do setor da construção civil que, ao
visar lucratividade, acaba empregando mão de obra desqualificada tentando diminuir custos e
prazos, além disso, afirma Delongui et al (2011) que esse fato traz como consequência o
aumento na geração de resíduos sólidos decorrentes de sobras no processo construtivo, que
em sua maioria são dispostos indistintamente em locais de fácil acesso e irregulares como
terrenos baldios. A indústria da construção civil constitui-se, portanto, numa das principais
causas de degradação ambiental, com enorme geração e má deposição dos resíduos gerados
alem de contribuir para o esgotamento de recursos naturais, consumir energia, poluir o ar o
solo e a água (NETO, 2005).
Com o crescimento das discussões das questões ambientais surgiu o interesse por políticas
2
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
públicas e com o intuito de contribuir para o desenvolvimento da sustentabilidade deste
processo foram criadas normativas e leis. O foco das políticas ambientais relacionadas ao
tema está no adequado manuseio, visando a possível redução do uso, reutilização, reciclagem
e disposição dos resíduos e na responsabilização dos geradores dos resíduos.
De acordo com Morais (2006), o descarte inadequado do resíduo da construção civil é um dos
maiores problemas na gestão dos municípios, pois ocasiona impactos significativos no meio
ambiente urbano, o que compromete a paisagem, o tráfego de pedestres e veículos, a
drenagem urbana além de atrair resíduos não inertes que contribuem para a multiplicação de
vetores de doenças.
Como afirma Bernardes et al (2008), em diversos estudos realizados a premissa do
gerenciamento adequado dos resíduos da construção é a elaboração de um diagnóstico sobre
sua geração, identificação do volume total gerado, suas principais características e
propriedades. E é com base neste diagnóstico extraído do Plano de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos de Lagoa Vermelha que este artigo objetiva uma proposição de modelo de
gestão eficaz para os resíduos da construção civil para complementar as futuras ações a serem
tomadas com vistas ao atendimento das normas vigentes e a contribuição na preservação do
meio ambiente.
2. Legislação e Normas
A Resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº 307, de 05 de julho de
2002, estabelece que os resíduos da construção civil (RCC) são aqueles gerados em
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluindo-se os
resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis, sendo caracterizados
genericamente como constituídos por pedaços de concreto, tijolos, blocos, metais, solos, bem
como embalagens e outros gerados nas obras.
Esta Resolução, dispõe ainda sobre a gestão dos resíduos e estabelece diretrizes, critérios e
procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil e classificando os resíduos.
Conforme a Resolução CONAMA 307/2005: CLASSE A – São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais
como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras
de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e
concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meios fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
CLASSE B – São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
CLASSE C – São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais
como os produtos oriundos do gesso;
CLASSE D – São os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais
3
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros.
Os objetivos principais que os geradores devem ter segundo a Resolução são: a não geração
dos resíduos, a redução, reutilização, a reciclagem e a destinação final mais adequada ao tipo
de material, além disso há previsão da elaboração dos Planos Integrados de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil. A Resolução cita que os planos devem possuir:
- Diretrizes técnicas e procedimentos de gerenciamento possibilitando o exercício das
responsabilidades de todos os geradores;
- O cadastramento de áreas públicas ou privadas aptas para recebimento, triagem e
armazenamento temporário de resíduos;
- Estabelecimento de processos de licenciamento para áreas de recebimento e disposição final
de resíduos;
- Proibição de deposição dos resíduos em áreas não licenciadas;
- Incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo;
- Definição de critérios para cadastramento de transportadores;
- Ações de orientação fiscalização e controle dos agentes envolvidos;
- Ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar sua segregação.
A Resolução 307/2002 do CONAMA orienta ainda sobre os Projetos de Gerenciamento dos
Resíduos, suas etapas de organização e qual a destinação adequada para cada classificação.
As Normas Técnicas vem orientar tecnicamente a implementação das premissas da legislação.
Em 2004 foram publicadas Normas referentes aos RCC’s pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), cujas referências e títulos se apresentam na Tabela 1 a seguir.
Norma Título
NBR 15112/2004
Resíduos da construção civil e resíduos
volumosos – Áreas de transbordo e triagem –
Diretrizes para projeto, implantação e operação.
NBR 15113/2004
Resíduos sólidos da construção civil e resíduos
inertes – Aterros - Diretrizes para projeto,
implantação e operação.
NBR 15114/2004
Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de
reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação
e operação.
NBR 15115/2004
Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil – Execução de camadas de
pavimentação – Procedimentos.
NBR 15116/2004
Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil – Utilização em pavimentação e
preparo de concreto sem função estrutural –
Requisitos.
Tabela 1 – Normas técnicas da ABNT sobre a reciclagem de RCC.
Fonte: Adaptado de abntcatalogo.com.br (2014)
4
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
O conteúdo apresentado nas três primeiras normas prevê controles para projeto, implantação e
operação das áreas de triagem e transbordo, aterros e áreas de reciclagem de RCC. Segundo
as normas esses empreendimentos devem prezar pela minimização de impactos como geração
de poeira, ruído, drenagem, impermeabilização entre outros causados pelo processamento dos
resíduos, circulação de carroceiros, caçambeiros e outros transportadores.
Também segundo essas normas é imprescindível o licenciamento ambiental dos
empreendimentos, no qual são requisitos os estudos de minimização dos impactos na área de
entorno, a proteção das águas superficiais e subterrâneas, a anuência da população vizinha, o
respeito as leis ambientais e de uso e ocupação do solo.
De acordo com Wiens (2006) nas NBR 15115/2004 e 15116/2004 ficam estabelecidos
critérios importantes para a produção de agregados a partir dos RCC com a qualidade
necessária, estimulando o retorno dos materiais que eram resíduos à cadeia produtiva na
forma de matéria prima, deixando de causar impactos ambientais.
Em complemento a Resolução 307/2002 do CONAMA foi publicada em 02 de agosto de
2010 a Lei nº 12.305 sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que institui a
Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispõe sobre os princípios, objetivos e instrumentos,
bem como as diretrizes relativas a gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos
(incluindo os da construção civil) as responsabilidades dos geradores e do poder público e aos
instrumentos econômicos aplicáveis. Nesta Lei, quanto aos resíduos da construção civil
(RCC), fica claro que as empresas de construção civil estão sujeitas a elaboração de planos e
projetos de gerenciamento de resíduos sólidos, que por conseguinte devem atender ao
disposto no plano municipal de gestão integrada dos resíduos sólidos. Os objetivos da Lei são
a não geração de resíduos, reutilização reciclagem e tratamento adequado dos mesmos.
Seguindo as orientações da PNRS, o Município de Lagoa Vermelha elaborou o seu Plano
Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, cujo principal objetivo é dar subsídio
para a administração integrada dos resíduos por meio de um conjunto de ações normativas,
operacionais, financeiras e de planejamento.
3. Caracterização do município de estudo
O município de Lagoa Vermelha está localizado nos Campos de Cima da Serra, região
nordeste do Rio Grande do Sul, mais precisamente entre 28° 12' 31'' de Latitude e 51° 31' 33''
de Longitude, a uma altitude de 820 metros acima do nível do mar. Distante 320 km da
capital, o município é servido pela BR-285, ligando o norte da Argentina ao nordeste do Rio
Grande do Sul, e o centro do país e Porto Alegre através da BR-470.
Segundo dados do IBGE (2010), a população do município é estimada em 27.525 habitantes,
sendo que na área urbana residem 24.136 habitantes e na área rural 3.389 habitantes. A
densidade demográfica é de 21,78 hab./km² onde a população urbana residente no município
representa 87,69% da população total, já a população rural representa 12,31% da população
do município e apresenta 10.722 domicílios ocupados. O agronegócio é o grande potencial da economia de Lagoa Vermelha, destacando-se a
produção de soja, milho, trigo, aveia, cevada e centeio. A pecuária também é destaque no
Município, principalmente pelas excelentes pastagens e ótimo clima que facilitam o
desempenho dessa atividade. A indústria moveleira, as empresas de alimentos e o comércio,
nos diversos ramos também contribuem para o crescimento do município. Neste meio a
construção civil tem participação bastante singela porém, em constante crescimento e
5
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
desenvolvimento.
O abastecimento de energia é pela Rio Grande Energia S/A assim como o de água, que tem
sistema de captação hídrica do rio local chamado Rio Passinho Fundo, e é administrado pela
Companhia Riograndense de Saneamento.
O município não possui estações de tratamento de esgoto. Outros sistemas existentes e
individuais para o tratamento do esgoto são as fossas sépticas e os sumidouros, os quais são
obrigatórios para aprovação de projetos de construção civil, conforme disciplina o Plano
Diretor.
Figura 1 – Localização do Município de Lagoa Vermelha (marcador "A")
Fonte: Google Earth (2014)
4. Estimativa de geração de RCC e dados segundo o Plano Municipal de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos
De acordo com o Plano de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos elaborado pelo município
de Lagoa Vermelha em 2012, os Resíduos da Construção Civil provém basicamente de duas
fontes principais de geradores: as empresas construtoras formais e os construtores informais,
além das empresas que produzem ou processam os materiais de construção como madeireiras,
marmorarias e fábrica de pré-moldados de concreto.
6
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Figura 2 – Gráfico dos geradores de Resíduos na Construção Civil em Lagoa Vermelha
Fonte: PMLV (2012)
As construtoras formais são as responsáveis pelas obras de maior volume e impacto
ambiental, sendo que na maior parte dos casos é feito algum tipo de controle dos resíduos
gerados, seja por quantidade ou por tipo de resíduo, e há maior preocupação com a não
geração, reutilização e reciclagem dos materiais aplicados nas obras.
Dentre os geradores entrevistados apenas 33% afirmaram realizar controle dos resíduos,
porém este controle retrata apenas quantidades de volume geral e, a maioria das vezes, não
tem o objetivo de realizar nenhum tipo de separação para reciclagem ou reutilização.
Figura 3 – Gráfico do controle dos resíduos gerados.
Fonte: PMLV (2012)
Segundo o diagnóstico do Plano as obras de construção informal geralmente não ultrapassam
os 400 m² (Figura 4). Nestas não existe muita preocupação com o controle dos resíduos
gerados e com a política de não geração de resíduos. Em alguns casos é feita a reutilização
dos resíduos na própria obra, como acontece com os concretos, argamassas, solos e
cerâmicas, ou em outras obras no caso das peças de madeira, porém sem nenhum tipo de
beneficiamento do resíduo.
58%
11%
5%
26%
Geradores de Resíduos na Construção Civil segundo o Tipo de Obra
Construção Reforma Demolição Processamento ou fabricação
Sim 33%
Não 67%
Controle de resíduos gerados
7
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Figura 4 – Exemplos de canteiro de obras informais pesquisados na elaboração do Plano.
Fonte: PMLV (2012)
É possivel notar no mapa (Figura 5) que há maior concentração de construções novas nos
loteamentos implantados recentemente e também no Centro, onde está localizada a maior
parte das obras de grande porte e maior impacto ambiental.
8
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Figura 5 – Mapa de maior concentração das construções novas.
Fonte: PMLV (2012)
Os dados apresentados pelo município apontam que 69% dos resíduos gerados fazem parte da
Classe A e são passíveis de reutilização ou reciclagem, assim como as madeiras (Classe B)
que representam 15% do total gerado (Figura 6). Os papéis, as tintas e o gesso aparecem
também com certo destaque no total de resíduos gerados.
9
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Figura 6 – Gráfico do percentual de resíduos gerados segundo o tipo de resíduo.
Fonte: PMLV (2012)
Segundo a pesquisa realizada pela Prefeitura Municipal os resíduos que têm maior índice de
reaproveitamento são os da Classe A. Além destes, as tintas também têm bom
reaproveitamento como demonstra a Figura 7.
O reaproveitamento do RCC é feito de diversas formas, porém sempre empiricamente, sem
qualquer tipo de organização, separação, controle ou beneficiamento. Os resíduos de Classe A
geralmente são reaproveitados na própria obra ou em outras obras como aterro, nivelamento
ou enchimento de valas. Os resíduos de concreto, argamassa e tijolos são reaproveitados para
enchimento da caixa de obra e confecção de contrapiso, ou ainda em forma de agregado para
preparação de concretos não estruturais (Figura 8). Em alguns casos a sobra dos revestimentos
é utilizada em outra obra. As sobras de tintas são reaproveitadas em outras obras segundo
relata a pesquisa.
3% 3% 5% 1%
57%
6%
2%
15%
1% 4% 3%
Percentual de resíduos gerados por Tipo
CLASSE A Concretos CLASSE A Argamassas CLASSE A Cerâmicas
CLASSE A Rochas CLASSE A Solos CLASSE B Papel
CLASSE B Plástico CLASSE B Madeiras CLASSE C Gesso
CLASSE D Tintas CLASSE D Equipamentos sujos
10
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Figura 7 – Gráfico do percentual de resíduos aproveitados segundo o tipo de resíduo.
Fonte: PMLV (2012)
Grande parte dos plásticos e papéis possíveis de reciclar são queimados no canteiro de obra.
As madeiras reutilizáveis são transferidas para outras obras, porém o que é considerado
metralha se transforma em lenha.
Os resíduos do gesso, segundo afirmam os trabalhadores especializados neste material, são
geralmente encaminhados para descarte nas caçambas do tele-entulho. Em alguns casos os
proprietários se responsabilizam pelo descarte utilizando o resíduo como aterro na própria
obra ou lote.
Figura 8 – Fotos de reaproveitamento dos resíduos de Classe A como aterro de obra e pavimentação.
11%
11%
15%
3% 11% 5%
3%
6%
10%
3%
2% 16%
2% 2%
Resíduos Reaproveitados
Concretos Argamassas Cerâmicas
Rochas Solos Papel
Plástico Metais Vidros
Madeiras Gesso EPS
Tintas Solventes Equipamentos sujos
Óleos
11
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Fonte: PMLV (2012)
O serviço de coleta dos Resíduos de Construção Civil é realizado por empresas que prestam
serviço de aluguel de caçambas diretamente pelos munícipes, sendo o resíduo de inteira
responsabilidade do gerador conforme Art. 6º da Lei Municipal nº 5.890 de 21 de dezembro
de 2006, segundo a qual a destinação dos resíduos deve ser processada em conformidade com
as normas e legislação ambiental vigente em nível estadual e federal, porém os locais de
deposição de resíduos utilizados pelos serviços de caçamba particulares não possuem licença
ambiental para recebimento deste tipo de resíduo.
A prestadora do serviço de coleta e transporte de entulhos afirma que existe uma seleção do
material pelo próprio motorista. Os resíduos da Classe A são destinados para aterro de lotes
particulares. A empresa orienta os usuários para fazer a separação para reciclagem dos papéis
e plásticos, que são encaminhados para os recicladores. Os locais de disposição dos resíduos
coletados não possuem licença, porém a empresa está em busca de um local apropriado. O Aterro Sanitário Municipal licenciado ambientalmente não está apto a receber os resíduos
provenientes da construção civil, por isso foi citado apenas nos casos da coleta seletiva, onde
são recolhidos os plásticos, papéis e latas e encaminhados para o pavilhão da triagem
existente em anexo ao Aterro (Figura 9).
Figura 9 – Gráfico do percentual de resíduos segundo o tipo de coleta utilizada.
Fonte: PMLV (2012)
As áreas encontradas onde estão sendo depositados os RCC's recolhidos são particulares,
como grandes áreas que necessitam de aterro, e até mesmo áreas de domínio público, como as
faixas de domínio de estradas.
Nenhum dos locais possui licenciamento para depósito de qualquer tipo de resíduo de
construção civil, em alguns deles nem o aterro é licenciado.
Pinto (1999) condena a prárica de deposição de RCC em locais irregulares e ambientalmente
inadequados pois, além de degradar o espaço urbano pode destruir áreas naturais que devem
ser presevradas. Segundo ele, a solução para as áreas de "bota-fora" está na instalação e
implementação das centrais de triagem e reciclagem dos RCC nesses locais com atração de
2%
98%
Tipo de Coleta
Pública
Privada
12
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
grandes volumes desses resíduos e centralização dos pequenos volumes captados. Esse
conjunto de medidas pode garantir a sustentabilidade dessas áreas.
Figura 10 – Foto de descarte de RCC ao lado da Sede Campestre do Clube Lagoense no Bairro Oliveira.
Fonte: PMLV (2012)
13
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Figura 11 – Foto de descarte de RCC no Bairro Medianeira ao lado da BR 285.
Fonte: PMLV (2012)
Figura 12 – Foto de descarte de RCC nas margens da BR 285 entre a empresa Rota Agrícola e os Silos da
Oleoplan e também em terrenos particulares no Bairro Nossa Senhora Consoladora.
Fonte: PMLV (2012)
14
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Figura 13 – Foto de descarte de RCC em terrenos particulares no Bairro São Sebastião.
Fonte: PMLV (2012)
15
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Figura 14 – Mapa dos locais de maior descarte dos resíduos da Construção Civil encontrados no perímetro
urbano.
Fonte: PMLV (2012) e Google Maps (2013)
O Plano aponta a necessidade de realizar o cadastramento dos geradores, pois só assim o
município poderá definir as responsabilidades dos geradores, dos órgãos públicos, das
empresas privadas de transporte ou coleta e também a responsabilidade do município. E
considera ainda que a melhor alternativa para um destino adequado aos resíduos da
construção civil e demolições é a reutilização, seguida da reciclagem e nos casos em que os
resíduos não forem reaproveitados ou reciclados deverão ser encaminhados para uma área
apta para o recebimento dos mesmos.
Segundo Wiens (2006), a redução é fator essencial do panejamento do gerenciamento de
RCC, seguidos pela reutilização, que reduz custos e a geração de outros resíduos. A
16
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
reciclagem fecha a cadeia do resíduo que se transforma em matéria-prima e inicia um novo
ciclo.
6. Gestão diferenciada dos resíduos da construção civil e reciclagem
A gestão atual da maioria dos municípios brasileiros e também no caso de Lagoa Vermelha,
chamada de "gestão corretiva" por Pinto (1999), adota apenas medidas emergenciais. Os
contínuos aterramentos acarretam impactos ambientais, que progressivamente, podem
eliminar áreas naturais.
É notável que os espaços urbanos assim como as reservas naturais não suportam mais
soluções emergenciais e não preventivas para impactos causados pelo RCC, afirma Neto
(2005).
Um dos principais objetivos da mudança de modelo para a gestão diferenciada, segundo Pinto
(1999), é o incentivo à captação, reciclagem e reutilização dos RCC nos ambientes urbanos. A
localização das centrais dentro da malha urbana, segundo John (2000), atrairia as caçambas de
coletores autônomos pela redução das distâncias de transporte.
Dados hipotéticos dos estudos de Pinto (1999,) construídos a partir de situação real dos
municípios de Santo André, Jundiaí e São José do Rio Preto, todos no estado de São Paulo,
identificam a sustentabilidade econômica da substituição da gestão corretiva para a
diferenciada conforme apresentado na Tabela 2.
Municipalidade em situação hipotética
População: 414.188 habitantes
Remoção de deposições irregulares: 132 ton/dia
Consumo de agregados convencionais: 357 ton/dia
Geração de RCD: 857 ton/dia
Rede de atração com 13 áreas
Central de reciclagem: 1 (260 ton/dia)
Parâmetros de gestão corretiva Parâmetros de gestão diferenciada
Custo da remoção= R$ 11,22/ton Custo rem. res. densos= R$ 7,60/ton
Custo rem. res. leves= R$ 8,40/ton
Custo mensal da correção= R$ 38.373,00 Custo mensal rede atração= R$ 14.300,00
Custo mensal gestão= R$24.065,00
Custo mensal do aterramento= R$ 1.560,00 Custo mensal aterramento= R$ 125,00
Custo aquisição agregados= R$ 12,51/ton Custo reciclagem= R$ 5,00/ton
Custo mensal agregados= R$ 84.568,00 Custo mensal reciclagem= R$ 33.800,00
Despesas totais com correção
R$ 124.501,00
Despesas totais com gestão
R$ 72.290,00
Tabela 2 – Indicadores da sustentabilidade da estão diferenciada.
Fonte: Pinto (1999)
Pinto (1999) afirma ainda que os problemas oriundos dos resíduos da construção e demolição
nas cidades precisam ser reconhecidos e assumidos pelos gestores de limpeza pública e as
soluções devem ser duráveis e ambientalmente adequadas. A prática de deposição do RCC em
locais irregulares e ambientalmente inadequados é condenável, pois além de degradar o
espaço urbano pode destruir áreas naturais que devem ser preservadas.
A reciclagem vem de encontro com a busca pelo desenvolvimento sustentável, possibilita
economia energética, além de reduzir os impactos negativos dos resíduos nas cidades. Uma
17
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
nova matéria-prima é produzida e pode substituir a natural, que não é renovável. Assim, o
reaproveitamento de resíduos auxilia na limpeza das cidades e contribui para a economia,
conforme Delongui (2011).
Diversos estudos em diferentes cidades brasileiras qualificam os principais resíduos gerados
como sendo de alto potencial reciclável. Na escala de maior quantidade levantada de resíduos
gerados, estão nos primeiros lugares, as cerâmicas e tijolos, argamassas, concretos e gesso.
Em Lagoa vermelha além desses tipos de resíduos encontrados nos estudos, destacam-se
também os solos e as madeiras, como já foi demonstrado pela Figura 6.
Independente do uso dado ao entulho, conforme citado por Neto (2005), sempre existem
vantagens econômicas, sociais e ambientais dentre elas a economia na aquisição de matéria-
prima, o decréscimo da poluição gerada pelo entulho e de suas consequências negativas,
preservação de reservas minerais não renováveis, preservação e redução de áreas de aterros de
inertes, criação de alternativa para as mineradoras (cada vez mais sujeitas a restrições
ambientais) e redução de energia e de geração de gases poluentes na produção e transporte de
materiais.
A implantação das usinas de reciclagem (Figura 15) é uma forma de instalação fixa de
reciclagem onde existe o recebimento da metralha, seu processamento e criação do produto
reciclado para a utilização de um novo consumidor.
18
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Figura 15 – Circuito típico da indústria recicladora para obtenção de brita de concreto.
Fonte: Ferreira (2013)
Conforme Ferreira (2013), de uma forma geral, o processo de reciclagem constitui-se das
seguintes etapas: triagem, homogeneização, trituração, extração de materiais metálicos,
eliminação de contaminantes e estocagem. Comumente são utilizados equipamentos diversos
para a reciclagem dos resíduos como pá carregadeira, alimentador vibratório, britador,
eletroímã para separação das ferragens, peneiras, mecanismos transportadores e
eventualmente sistemas para eliminação de contaminantes.
Esses equipamentos devem permitir que o processo aconteça com minimização da geração de
ruídos e materiais particulados e, no caso das usinas, deve-se inclusive dispor de área
suficientemente grande para armazenagem dos diversos tipos de entulho e dos agregados
produzidos.
Além da possibilidade de reduzir custos de transporte e destinação e da criação de centrais de
triagem e reciclagem, ressaltam-se outros benefícios decorrentes de uma gestão diferenciada
dentro dos canteiros de obra. A reciclagem além de ser promovida em instalações
19
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
permanentes, pode ser realizada no próprio canteiro, utilizando equipamentos móveis (Tabela
3), com um sistema de gestão de resíduos que garanta que os resíduos da Classe A não serão
contaminados com gesso, solo ou outros.
Equipamento Funcionamento Produto
gerado
Capacidade
de produção Motorização
Preço
aproximado
Masseira-
moinho
Trituração a úmido
por ação de rolos
Agregados
miúdos p/ uso
em
argamassas
2,0 m³/hora 7,5 CV R$ 16.000,00
Britador de
mandíbulas
Trituração por
compressão de
mandíbulas
Agregados
miúdos e
graúdos
2,0 a 3,0
m³/hora 15,0 CV R$ 11.000,00
Moinho de
martelos
Trituração por
impactos de
martelos giratórios
Agregados
miúdos e
graúdos
1,4 a 1,8
m³/hora 15,0 CV R$ 9.000,00
Moedor de
caliça
Trituração por
mandíbulas e ação
de rolos
laminadores
Agregados
miúdos e
graúdos
0,5 a 1,0
m³/hora 3,0 CV R$ 4.500,00
Tabela 3– Características de alguns equipamentos utilizados na reciclagem de RCC em canteiros de obras.
Fonte: Neto (2005)
Segundo John (2000), é necessário que o setor da construção civil consiga reciclar seu próprio
resíduo a fim de reduzir sua responsabilidade ambiental. Os Projetos de Gerenciamento de
Resíduos são documentos importantes previstos na Lei n°12.305/2010 que visam estabelecer
as estimativas de quais tipos de entulhos são produzidos, as quantidades de entulho gerado,
quais medidas redutivas serão tomadas em relação ao resíduo produzido e, enfim quais
destinações finais ambientalmente corretas serão escolhidas para o entulho gerado.
7. Possibilidades para aplicação dos resíduos reciclados
Devidamente reciclado o resíduo apresenta características físicas e químicas apropriadas para
o seu emprego como material de construção. No entanto, a composição das diversas
variedades dos RCC é bastante heterogênea, motivo principal da baixa utilização dos
reciclados. Existe ainda o temor de que os clientes considerem um produto contendo resíduos
como de menor qualidade.
Segundo Ferreira (2013) a separação do RCC na fonte geradora dos resíduos facilita muito a
reciclagem e é indispensável para a obtenção de reciclado de melhor qualidade, pois um dos
principais condicionantes do processo de reciclagem é a necessidade de gerar produtos
homogêneos e de características adequadas para sua utilização em novas obras.
Independentemente da aplicação que se queira dar ao RCC, cabe salientar que o resíduo deve
sempre passar por processos de beneficiamento antes de se tornar um agregado reciclado e ser
aproveitado.
As aplicações dos agregados reciclados são inúmeras. Nesta explanação adotam-se dois
aspectos diversos para a exemplificação da utilização dos reciclados: a aplicação dos
reciclados dentro do próprio canteiro de obra de origem e a reciclagem dos agregados
reciclados beneficiados em usinas recicladoras:
20
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
São possíveis utilizações do RCC dentro do canteiro de obras segundo Neto (2005):
- Assentamentos de batentes;
- Assentamentos de contramarcos e esquadrias metálicas;
- Enchimentos de rasgos de paredes;
- Chumbamentos de tubulações hidráulicas e elétricas;
- Assentamentos de blocos cerâmicos:
- Chumbamento de caixas elétricas;
- Execução de shaft para passagem de tubulação;
- Enchimentos em rebocos internos;
- Enchimentos em degraus de escadas;
- Contrapisos internos em unidades habitacionais;
- Concreto de piso para abrigos de automóveis leves;
- Drenos de floreiras;
- Estaqueamento de fundações de muros com pequenas cargas;
- Contrapisos ou enchimentos de casas de máquinas e áreas comuns de tráfego leve.
Segundo Neto (2005) e a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção
Civil e Demolição (ABRACON) são potenciais utilizações para os agregados reciclados:
- Uso em pavimentação: aplicação na forma de brita corrida ou em misturas do resíduo com o
solo, em bases, sub-bases e revestimentos primários. Possui uma série de vantagens como o
menor custo operacional e a utilização de todos os componentes minerais do entulho sem
necessidade de separação;
- Utilização como agregado para concreto: os agregados convencionais que compõe o
concreto podem ser substituidos por agregados provenientes dos RCC reciclados. Os estudos
mostram que a substituição de 20% de agragados de concreto ou alvenaria por reciclados,
desde que livres de contaminantes e impurezas, não interfere na resistência mecânica e na
durabilidade dos concretos;
- Utilização como agregado para argamassas: conforme Neto(2005) os agregados reciclados
de RCC podem ser usados em argamassa de assentamento ou em revestimentos internos e
externos (chapisco, emboço e reboco) nos prórpios canteiros de obras, com as vantagens da
redução dos custos de transporte, do consumo de cimento e cal e pelo ganho na resistência a
compressão do material reciclado em relação as argamassas convencionais.
Imagem Produto Características Uso recomendado
Areia
reciclada
Material com dimensão máxima
característica inferior a 4,8 mm, isento
de impurezas, proveniente da reciclagem
de concreto e blocos de concreto.
Argamassas de assentamento de
alvenaria de vedação, contrapisos, solo-
cimento, blocos e tijolos de vedação.
Pedrisco
reciclado
Material com dimensão máxima
característica de 6,3 mm, isento de
impurezas, proveniente da reciclagem de
concreto e blocos de concreto.
Fabricação de artefatos de concreto,
como blocos de vedação, pisos
intertravados, manilhas de esgoto, entre
outros.
21
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Brita
reciclada
Material com dimensão máxima
característica inferior a 39 mm, isento de
impurezas, proveniente da reciclagem de
concreto e blocos de concreto.
Fabricação de concretos não estruturais
e obras de drenagens.
Bica
corrida
Material proveniente da reciclagem de
resíduos da construção civil, livre de
impurezas, com dimensão máxima
característica de 63 mm (ou a critério do
cliente).
Obras de base e sub-base de
pavimentos, reforço e subleito de
pavimentos, além de regularização de
vias não pavimentadas, aterros e acerto
topográfico de terrenos.
Rachão Material com dimensão máxima
característica inferior a 150 mm, isento
de impurezas, proveniente da reciclagem
de concreto e blocos de concreto.
Obras de pavimentação, drenagens e
terraplenagem.
Tabela 4 – Usos recomendados para os resíduos reciclados.
Fonte: ABRECON (2014)
8. Conclusão
Diante das informações contidas neste trabalho, constata-se que:
a) O município de Lagoa Vermelha é de pequeno porte e a atividade da construção civil, não é
a predominante da economia local, os efeitos da deposição de RCC ainda não são sentidos
com tanta desaprovação. Este fato compromete a facilidade da implantação de sistemas de
descarte de resíduos ambientalmente adequados já que a economia da cidade não está baseada
na indústria da construção civil e as pessoas, usuários, trabalhadores e empresas podem vir a
considerar o processo como desnecessário;
b) A melhor solução imediata seria a aplicação do Plano de Gestão Integrada dos Resíduos
Sólidos elaborado pelo município de Lagoa Vermelha, no que diz respeito ao cadastramento
dos geradores e a definição das responsabilidades, junto aos quais destacar-se-ia a
conscientização dos mesmos para com as premissas apresentadas tanto pela Resolução 307
CONAMA, pela Lei 12.305/2010 PNRS, quanto pelo próprio Plano.
c) A sequência de ação a ser tomada, considerando a alínea “a”, e considerando também que
uma usina de reciclagem implantada nessas condições dificilmente seria sustentável, é a
implementação dos sistemas de reciclagem dentro dos canteiros de obras, figurando como a
mais adequada para o cumprimento das Políticas de Resíduos Sólidos e para garantia da
preservação das áreas naturais do município.
Referências
ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15112: Diretrizes
para projeto, implantação e operação de áreas de triagem e transbordo. Rio de Janeiro: ABNT,
2004.
ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15113: Diretrizes
para projeto, implantação e operação de aterros. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
22
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15114: Diretrizes
para projeto, implantação e operação de áreas de reciclagem. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15115:
Procedimentos para execução de camadas de pavimentação utilizando agregados reciclados
de resíduos de construção. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15116: Requisitos
para a utilização em pavimentos e preparo de concreto sem função estrutural com agregados
reciclados de resíduos da construção. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ABRECON, Associação Brasileira para Reciclagem dos Resíduos da Construção Civil e
Demolição. Disponível em <hhttp//www.abrecon.com.br>. Acesso em janeiro de 2014.
BERNARDES, Alexandre; THOMÉ, Antonio; PRIETTO, Pedro D. M.; ABREU, Aguida G.
Quantificação e classificação dos resíduos da construção e demolição coletados no
município de Passo Fundo, RS. Porto Alegre: Ambiente Construido, 2008.
BRASIL. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Lei n° 12.305 de 02 de agosto de 2010.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>.
Acesso em: Novembro 2013.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA nº 307. Dispõe
sobre gestão dos resíduos da construção civil. Brasília, 2002.
DELONGUI, Lucas; PINHEIRO, Rinaldo J. B.; PEREIRA, Deividi da S.; SPECHT, Luciano
P.; CERVO, Tatiana C. Panorama dos resíduos da construção civil na região central do
Rio Grande do Sul. Revista Teoria e Prática na Engenharia Civil, n. 18. Disponível em
<http//www.editoradunas.com.br/revistatpec> acesso em dezembro de 2014.
EVANGELISTA, Patricia P. De A.; COSTA, Dayana B.; ZANTA, Viviana M. Alternativa
sustentável para a destinação de resíduos de construção classe A: sistemática para
reciclagem em canteiros de obras. Porto Alegre: Ambiente Construído, 2010.
FERREIRA, Aline R. L.; MOREIRA, Hélinah C. Análise crítica da gestão de resíduos de
construção civil: estudo de caso do município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Monografia (Graduação), 2013.
GEHRKE, Amanda E. B. Indicadores de sustentabilidade como ferramenta de apoio de
gestão pública de residuos da construção civil em municipios de pequeno porte. Porto
Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dissertação (Mestrado), 2012.
23
Gestão de Resíduos da Construção Civil – Proposta para Lagoa Vermelha-RS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
JOHN, Vanderley M. Reciclagem de resíduos na construção civil: contribuição à
metodologia de pesquisa e desenvolvimento. São Paulo: Universidade de São Paulo, Escola
Politécnica, Tese (Livre-Docência em Engenharia Civil), 2000.
JOHN, Vanderley M.; AGOPYAN, Vahan. Reciclagem de resíduos da construção. São
Paulo: PCC-EPUSP, Artigo. Disponível em <http//www.reciclagem.pcc.usp.br>, acesso em
novembro de 2013.
KARPINSKI, Luisete A.; MICHEL, Patricia D. L.; MACULAN, Laércio S.; GUIMARÃES,
Jalusa; SAÚGO, Andréia. Proposta de gestão de resíduos da construção civil para o
município de Passo Fundo-RS. Rio de Janeiro: XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE
ENGENHARIA DA PRODUÇÃO, Anais..., 2008.
MIRANDA, Leonardo F. R.; ANGULO, Sergio C.; CARELI, Élcio D. A reciclagem de
resíduos de construção e demolição no Brasil: 1986-2008. Porto Alegre: Ambiente
Construído, 2009.
MORAIS, Greiceana M. D. Diangóstico da deposição clandestina de resíduos da
construção e demolição em bairros periféricos de Uberlândia: subsídios para uma gestão
sustentável. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Dissertação (Mestrado), 2006.
NETO, José da Costa M. Gestão dos Resíduos de Construção e Demolição no Brasil. São
Carlos: RiMa, 2005.
PINTO, Tarcisio de Palua. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da
construção civil. São Paulo: Universidade de São Paulo, Tese (Doutorado), 1999.
SECRETARIA MUNICIPAL DO PLANEJAMENTO DE LAGOA VERMELHA. Plano de
Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos de Lagoa Vermelha-RS. Lagoa Vermelha:
Secretaria do Planejamento, 2013.
TESSARO, Alessandra B.; SÁ, Jucelito S. De; SCREMIN, Lucas B. Quantificação e
classificação dos resíduos procedentes da construção civil e demolição no município de
Pelotas, RS. Porto Alegre: Ambiente Construído, 2012.
WIENS, Ivy C.; HAMADA, Jorge. Gerenciamento de resíduos da Construção civil- uma
introdução à legislação e implantação. Bauru: XII SIMPEP, Anais..., 2006.
Top Related