GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL: ELABORAÇÃO DE UM
PLANO PARA UMA EMPRESA LOCALIZADA NA
REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL-RN
Rodolfo Fernando Carvalho Vieira (UFRN )
Tatiane Emanuele Brito de Oliveira (UFRN )
Luana Vanessa de Carvalho Nobrega (UFRN )
Joyce Elanne Mateus Celestino (USP )
A importância da indústria da construção civil é indiscutível, sendo um
importante marco para o desenvolvimento dos municípios, só que esse nicho
mercadológico apresenta fragilidades na geração dos resíduos sólidos.
Visando essa problemática, este artigo objetiva elaborar o Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos para uma empresa do ramo da
Construção Civil (PGRSCC), localizada na região metropolitana de Natal - Rio
Grande do Norte. A metodologia é caracterizada de natureza aplicada, com
objetivos exploratório e foi utilizado o método do estudo de caso com
abordagens quali-quantitativo. Nos resultados é perceptível a importância e
estruturação adequada para execução do PGRSCC, ficando evidentes os
ganhos advindos dessa prática, tantos ambientais, sociais como econômicos
para a organização e a sociedade.
Palavras-chaves: Plano de Gerenciamento, construção civil, resíduos sólidos
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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1.Introdução
A crescente preocupação com a questão do desenvolvimento sustentável faz com que as
empresas repensem na forma do seu processo produtivo, bem como começam a gerir seus
processos pautados na reutilização, reciclagem e minimização dos desperdícios dos seus
resíduos. E tendo em vista a importância da indústria da Construção Civil e a quantidade de
resíduos que é gerada no decorrer do empreendimento, foi proposto esse estudo em uma obra
da construtora em estudo, localizada na região metropolitana do Natal - Rio Grande do Norte.
A Plano de Gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS) foi desenvolvido para uma obra, cuja
área do terreno é 27.051 m², após finalizada possuirá como áreas de uso comum: playground,
espaço fitness, salão de jogos, quadra gramada, churrasqueira, estação de ginástica, espaço
gourmet, piscinas adulto e infantil. No total, serão 712 apartamentos e 716 vagas de garagens.
O trabalho objetiva elaborar o plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS) para a
construtora em estudo, por meio de técnicas que atinjam a excelência, visando minimizar a
geração dos resíduos, bom como destinação adequada dos resíduos. Para isso, vai verificar os
tipos de resíduos existentes, categorizar, analisar o acondicionamento, coleta/transporte dos
insumos e dos resíduos gerados internamente na construtora, segregação, tratamentos
existentes internamente para os resíduos gerados e verificar a disposição final. Por fim dos
dados obtidos e o entendimento da problemática, foi elaborado o plano de gerenciamento de
resíduos sólidos.
2.Referencial Teórico
2.1. Caracterização e classificação dos resíduos da construção civil
Segundo a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA(2002), os
resíduos de construção civil são:
“os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de
obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação
de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral,
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solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados,
forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos,
tubulações, fiação elétrica etc., comumente quatro chamados de
entulhos de obras, caliças ou metralha” (CONAMA, 2002).
A referida resolução, define para a construção civil quatro classes de resíduos, que deverão ter
tratamentos distintos, como é mostrada na tabela 1 a classe, definição, exemplo e, por fim, a
destinação correta.
Tabela 1: Classificação dos RCC
Fonte: adaptado da resolução CONAMA 307 (2002)
É importante a avaliação das classes dos resíduos da construção civil, visto que ao analisar
desde a exploração da matéria prima até o acabamento das obras, conclui-se que a área da
construção civil é uma das maiores consumidoras de matérias-primas naturais. Estima-se que
a construção civil utilize cerca de 20 a 50% do total de recursos naturais consumidos pela
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sociedade e que cerca de 80% da energia utilizada na produção de um edifício seja consumida
na produção e transporte de materiais Cassa, Brum e Carneiro (2001). O macro complexo
industrial da construção civil ainda é responsável por cerca de 50% do CO2 lançado na
atmosfera John (2000) e por cerca de 40% dos resíduos gerados na economia (JOHN et al.,
2001).
2.2. Geração de resíduos na construção civil
Na Construção civil, em cada uma das etapas de uma obra acontecem perdas e desperdícios
de materiais, gerando assim os resíduos da construção civil, a tabela 2 apresenta taxas de
desperdícios de materiais, sendo possível analisar que as diferenças entre o mínimo e o
máximo, ocorrem às variações entre metodologias de projeto, execução e controle de
qualidade da obra.
Tabela 2: Taxas de Desperdício de Materiais
Fonte: Adaptado Espinelli, (2005)
A geração de resíduo na construção civil pode ocorrer nas diferentes fases do ciclo de vida
dos empreendimentos - construção, manutenção e reformas e demolição. Na fase de
construção, a geração está relacionada às perdas nos processos construtivos - parte dessas
perdas é incorporada nas construções e parte se converte em resíduo John e Agopyan, (2003).
A fase de manutenção e reformas, está relacionada a ações corretivas nas edificações,
reformas ou modernizações de parte ou de toda a edificação e do descarte de componentes
que atingiram o final de sua vida útil.
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2.3. Plano de gerenciamento de resíduos
O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil conforme a Resolução
307/2002, CONAMA (2002), é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar
resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para
desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em
programas e planos.
O Projeto de Gerenciamento deve, de forma sumária, seguir às exigências das seguintes
etapas da Resolução CONAMA nº 307/2002. No art. 9º da referida resolução, os Projetos de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão contemplar as seguintes etapas:
I - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos;
II - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada
nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos
estabelecidas no art. 3º desta Resolução;
III - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após a geração
até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja possível, as condições
de reutilização e de reciclagem;
IV - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo
com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;
V - destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido na referida Resolução.
3. Aspectos metodológicos
Este estudo é de natureza aplicada, segundo Appolinário (2006) a pesquisa aplicada seria
suscitada por objetivos comerciais através do desenvolvimento de novos processos ou
produtos orientados para as necessidades do mercado.
Seus objetivos de pesquisa é caracterizado como exploratório Turrioni; Melo (2012) define
que visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou
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a construir hipóteses, envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que
tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem
a compreensão.
Então, pode-se dizer que a pesquisa obteve-se abordagem quali-quantitativo, de acordo com
Oliveira (2005) e Cesar (2010) enfatizam que esses dois tipos de abordagens não são
excludentes, é possível em uma pesquisa quantitativa, recorrer a dados qualitativos para
melhor análise e vice versa, portanto um trabalho pode ser de natureza qualitativa,
quantitativa ou dos dois métodos combinados. O método da pesquisa é o estudo de caso, visto
que ele é útil para investigar novos conceitos, bem como para verificar como são aplicados e
utilizados na prática elementos de uma teoria (YIN, 2009).
Nas visitas in loco foi possível coletar dados, através de entrevistas informais com os
trabalhadores da obras, para alimentação do estudo e conhecer profundamente o trabalho
efetivo realizado na obra, além de observações realizadas durantes as visitas. De posse dos
dados e as observações feitas, foi desenvolvido o PGRSCC para a obra em estudo.
4.Estudo de Caso
4.1. Identificação da empresa e da obra
Para a empresa continuar crescendo está desenvolvendo a sua política de sustentabilidade
baseada em três dimensões: econômica, ambiental e social. A primeira reflete o investimento
em gestão sistêmica e a difusão de boas práticas, a segunda reflete o investimento para a
redução de impactos negativos e à preservação do meio ambiente e a última reflete
investimentos em apoio e incentivo à educação infantil e à formação de mão de obra.
Por possuir certificado PBQP-H nível A e ISO 9001 já existem procedimentos padrões de
treinamento, armazenamento, análise de fornecedores de forma a atender aos requisitos da
norma, e estar em busca da melhoria contínua.
A área do terreno de construção da obra é de 27.051 m², possuirá como áreas de uso comum:
playground, espaço fitness, salão de jogos, quadra gramada, churrasqueira, estação de
ginástica, espaço gourmet, piscinas adulto e infantil. No total, serão 712 apartamentos e 716
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vagas de garagens.
4.2. Caracterização dos resíduos gerados
Para compreender os resíduos gerados na obra, no decorrer de todas as etapas necessárias para
a construção, foi realizada o preenchimento da seguinte tabela 3 com um dos engenheiros
responsáveis pela obra, na qual é possível ter uma compreensão global dos possíveis resíduos
gerados. O preenchimento foi realizado do da seguinte maneira: NE: não existe resíduos
gerados no decorrer dessa etapa; VB: valor baixo; SG: significativo e MSG: muito
significativo.
Tabela 3: Resíduos Gerados no decorrer de toda obra
Fonte: Adaptadas pelos autores (2014)
Na tabela acima, a terceira coluna de resíduos gerados está caracterizada como outros metais,
estes podem ser: sucata proveniente do corte de tubos de cobre; sucata metálica de latas de
tintas ou massas de correr, tubos metálicos de silicone para rejunte ou espuma expansivas, etc.
Ao analisar esta tabela, foi possível constatar que os possíveis resíduos com maiores gerações
no decorrer da obra são: o solo, proveniente da escavação; blocos de concreto, advindo da
estrutura e por fim, na realização do acabamento tem-se o gesso como rejeito muito
significativo. Verificou-se também os que são significativos no decorrer da obra, são:
madeira, tintas, solventes e óleo.
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4.3. Caracterização, acondicionamento, transporte e destinação dos resíduos gerados
Durante a realização das visitas à obra observou-se que o RCC no âmbito da alvenaria
estrutural é em maior quantidade proveniente de entulho, principalmente, de blocos de
concreto, pois a empresa se utiliza de alvenaria estrutural, esses blocos são quebradiços e
tendem a se esfarelar.
Como a obra está com aproximadamente 1/5 de operações finalizadas então ainda não
possuem resíduos de gesso. Os resíduos produzidos nesta etapa são: entulho (resíduos de
demolição, blocos de concreto, encanamento), papelão, plástico, madeira, tintas e solventes
(são gerados na obra); eletrônico e papel (são gerados no escritório); material orgânico
(resíduos da cozinha).
No que tange a coleta, a empresa terceirizada X é a atual responsável pelo transporte de todos
os resíduos gerados na obra. Contudo, deve-se salientar que não existe a separação dos
resíduos na obra. Já a destinação final dos resíduos fica sob a responsabilidade da terceirizada
Y, a qual assume total controle e destinação adequada para todos os tipos de resíduos gerados
na obra.
Realizou-se a categorização dos resíduos analisados, a definição mais apropriada da
classificação é exposta pela Resolução 307 do CONAMA. A resolução 348, de 16 de Agosto
de 2004, e a Resolução 431, de 24 de maio de 2011, remodelaram a classificação da
Resolução 307, adicionando, como material perigoso na classe D, o amianto e alterando a
posição do gesso, de Classe C para a Classe B. A Tabela 4 mostra a classificação dos resíduos
encontrados na obra, conforme a CONAMA 307.
Tabela 4: Classificação, origem, transporte e destinação dos resíduos usados na obra de acordo com a CONAMA
307
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Fonte: Adaptado pelos autores (2014)
O acondicionamento atual dos resíduos classe A e B na obra é feito em caçambas de cinco
metros cúbicos (5 m³) e não existe a segregação efetiva, não existe local fixo para a
disposição das caçambas, podendo mudar de local de uma semana para outra. Para os da
classe D não existe uma armazenagem, pois a empresa alega não gerar resíduos significantes.
O transporte interno é feito por carrinho de mão e Caterpillar e o transporte externo é feito
pela terceirizada X que conta com caminhões guindastes que carregam as caçambas até a
terceirizada Y que dará a destinação final.
Portanto, demonstra-se a importância da realização do Plano de Gerenciamento dos Resíduos
na construtora em estudo, para que se tenha um melhor aproveitamento dos seus resíduos
gerados, procurando otimizar a rentabilidade da obra, bem como, a produtividade geral,
ocasionando em lucros.
4.4. Plano de gerenciamento dos resíduos
A necessidade de se aproveitar os Resíduos da Construção Civil, não é resultante apenas para
o pressuposto de economizar recursos financeiros, trata-se de uma fundamentação bem mais
sólida, que além de economizar os recursos financeiros ainda se torna uma atitude
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fundamental para a preservação do meio ambiente, resultando em maior eficiência produtiva,
visto que com um canteiro limpo e organizado, bem estruturado em seu layout, as
movimentações tornarão mais viáveis e rápidas.
O importante a ser implantado na obra em questão é a gestão do processo produtivo,
objetivando a diminuição na geração dos resíduos sólidos e o seu correto gerenciamento no
canteiro de obras. Isto tudo deve ter como princípio a conscientização e a sensibilização dos
envolvidos.
Dentre os objetivos pretendentes a serem alcançados na obra, preferencialmente e em ordem
de prioridade, deve-se:
1. Reduzir os desperdícios e o volume de resíduos gerados;
2. Segregar os resíduos por classes e tipos;
3. Reutilizar materiais, elementos e componentes que não requisitem transformações;
4. Reciclar os resíduos, transformando-os em matéria-prima para a produção de novos
produtos.
Com isso, pode-se citar algumas vantagens da redução dos resíduos, sendo elas: diminuição
do custo de produção; redução da quantidade de recursos naturais e energia a serem gastos;
diminuição da contaminação do meio ambiente; redução dos gastos com a gestão dos
resíduos; aumento da eficiência produtiva local; canteiros de obras limpos; evitar acidentes,
além de prolongar a durabilidade e manutenção dos edifícios construídos.
4.4.1. Plano de gerenciamento de resíduos
A Resolução 307 do CONAMA aponta no art. 10 que os RCC classificados como classe A
devem ser reutilizados ou reciclados como agregados. Em última situação, podem ser
destinados para áreas de aterro de resíduos da construção civil. A obra em estudo está com um
moinho em construção para reciclar os resíduos dessa classe.
O “entulho” de concreto que não passar por beneficiamento, pode ser empregado na
construção de estradas ou como material de aterro, a vantagem dessas aplicações é que exige
menor tecnologia no processo, o que implica em menor custo. Caso seja moído, deve ser
posteriormente separado em agregados de diferentes tamanhos, pode ser usado como
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agregado para produção de concreto asfáltico, de sub-bases de rodovias e de concreto com
agregado reciclado.
Para moer esse entulho pode-se utilizar vários tipos de máquinas, um exemplo seria o
triturador queixada, pois possui um uma grande gama de utilizações com os modelos 200 e
300 gerando: um material triturado fino que pode ser reciclado em misturas para – contra
piso, nivelamento de laje, argamassa de assentamento de alvenaria, solo-cimento e chapisco; e
um material grosso, a brita, pode ser utilizada como base para piso Inter travado, calçada,
contra piso, revestimento de estradas e como aglomerante na fabricação de blocos, tijolos,
mourões, tubos e concreto magro usado como base. A tabela abaixo contém as seguintes
especificações técnicas.
Tabela 5: Especificações técnicas do triturador queixada – modelos 200 e 300
Fonte: disponível em <www.vegedry.com.br>
Como no momento a obra em questão ainda não está com o moinho finalizado então, o
entulho é transportado por uma terceirizada X onde é pago R$ 95,00 por cada caçamba, que
possui 5 metros cúbicos de capacidade, e enviado para a terceirizada Y que funciona como
uma usina de reciclagem de resíduos (utiliza a britagem).
A chapa plastificada é reutilizada algumas vezes em diferentes lajes, evitando desperdício,
podendo ser reutilizada ao término da obra em outras obras até a sua degradação, quando não
puder mais ser reutilizada deverá ser triturada para fazer papel ou papelão ou ainda pode ser
utilizada como combustível.
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Os resíduos B, C e D a norma não especifica formas de reciclagem e reutilização para cada
tipo de resíduo. Mas ela aponta que devem ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as especificações técnicas.
Os resíduos classe B – da administração: o papel, o plástico e o papelão pode ser doados para
catadores ou encaminhados para cooperativas; da copa: o orgânico pode ser doado para
empresas que trabalham com fertilizantes, para fazer compostagem, o alumínio e o plástico
podem ser doados para cooperativas; da construção: os sacos de cimento devem retornar à
fábrica para utilização como combustível na produção de cimento, o gesso pode ser
reutilizado para produzir pó de gesso novamente ou pode ser utilizado como corretivo do solo,
madeira no geral pode ser triturada para fazer papel ou papelão ou ainda pode ser usada como
combustível, com a política de kits a empresa estudada tenta evitar gerar o resíduo tanto de
instalações elétricas (eletroduto – pode ser utilizado em filtros anaeróbios para substituir a
brita no fundo, fios) como hidrossanitárias (encanamentos – PVC, pode ser utilizado em
filtros anaeróbios para substituir a brita no fundo), como gera o mínimo de resíduo que é
transportado pela terceirizada X e, segundo o engenheiro, é enviado a terceirizada Y, os cabos
trifásicos são utilizados como extensão pela dimensão (tamanho) até que seja finalizada cada
torre que então ficam fixos na edificação, os pregos, arame e aço (tela) podem ser devolvidos
para o fornecedor, o solo pode ser utilizado para aterro, o pó de serra quando molhado pode
ser utilizado para preencher a caixa octogonal para não deixar que o concreto entre; o
almoxarifado – telha Brasilit e madeira são reutilizadas em outros canteiros ao final da obra.
A obra não gera resíduos de classe C ainda, mas o resíduo do gesso quando for gerado deve
ser armazenado em um local seco, pode ser em caixa com piso concretado ou em caçambas, o
transporte deve ser realizado por empresas autorizadas por órgãos municipais a circular, e será
destinado a áreas de transbordo e triagem.
O resíduo de classe D gerado é o desmoldante que possui uma textura semelhante a uma tinta
e deve ser enviado a empresa de recuperação ou para a incineração. A empresa afirmou que,
nesta obra, nada está indo para incineração, também alegou que não existe sobras desse
composto.
O armazenamento proposto baseou-se no descrito pela SindusCon-SP (2005), na qual foi
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fundamentada e descrita a adequada maneira de armazenar os resíduos, dando uma adequação
inicial de acordo com a característica de cada tipo de resíduo. Segue na tabela 6 a proposta
para os resíduos oriundos da construção.
Tabela 6: Acondicionamento adequado dos Resíduos gerados na obra
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Fonte: Adaptado pelos autores (2014)
Já para os resíduos não oriundos da construção, segue as seguintes recomendações de acordo
com a tabela 7.
Tabela 7: Acondicionamento adequado dos resíduos não oriundo da construção
Fonte: Adaptado pelos autores (2014)
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4.4.2 Programa de educação ambiental
Foi desenvolvido um plano de educação ambiental para propor melhores condições
ambientais no canteiro de obra, procurando conscientização e comprometimento dos
envolvidos na construção civil. Este projeto foi dividido em três partes, sendo elas:
apresentação do PGRSCC em conjunto com o mutirão de limpeza; disponibilização de
recursos visuais; e realização de palestras quinzenais.
A apresentação do PGRSCC objetiva expor o trabalho desenvolvido a todos os colaboradores
ligados diretamente com os trabalhos operacionais e estratégicos da obra, para isso, poderia se
utilizar vídeos sobre o tema ou até mesmo realizar uma oficina, que permita apresentar o
conteúdo e estimule os colaboradores a produzir cartazes sobre o tema; também poderia ser
efetuada uma apresentação abordando o PGRSCC, buscando apresentar o volume de resíduos
sólidos oriundo do canteiro de obra, mostrando a responsabilidade social de cada um, a
composição dos resíduos e seu potencial para a reciclagem, além de mostrar o que pode ser
produzido a partir da reciclagem dos resíduos.
O segundo passo, seria elaborar cartazes contendo: a classe dos resíduos segundo a resolução
CONAMA 307 e o local adequado para depositar cada tipo de resíduo, procurando
disponibilizar esses cartazes em locais bem visualizais e estratégicos.
E por fim, realizar palestras quinzenais, com tempo máximo de 20 minutos, sobre o tema em
questão, podendo abortar assuntos como: apresentação de novas práticas construtivas; mostrar
os resultados das ações realizadas pelos funcionários; apresentar os indicadores de resíduos
gerados na obra; evidenciar os ganhos produtivos com as ações realizadas pelo PGRSCC;
ações inovadoras realizadas no decorrer da semana, procurando diminuir a utilização de ações
que gerem resíduos; bem como, poderia mostrar vídeo sobre os resíduos da construção civil.
Portanto, pode-se concluir que o plano de educação ambiental está voltado para a
conscientização dos profissionais envolvidos no processo de trabalho no canteiro de obras.
Procura-se minimizar os resíduos gerados, e ainda melhorias para proporcionar maiores
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eficiências produtivas no decorrer da obra. O responsável por cada etapa desse plano seria o
engenheiro ou responsável pelo PGRSCC elaborado.
5.Conclusão
O objetivo de elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Para alcançar esse
objetivo foi realizado um estudo bibliográfico sobre a construção civil, os resíduos da
construção civil e o PGRSCC, e um estudo de caso com visitas regulares a empresa para
conhecer o empreendimento e analisar os resíduos para assim poder realizar um PGRSCC,
depois dessa fase concluída, inicia-se a fase do plano de educação na obra, que é a etapa mais
importante, pois é o que garante que o plano será seguido ou não.
Com o estudo verificou-se que a empresa já possui algumas políticas para reduzir a geração
de resíduos que é o caso da implementação da central de kits, mas não possui uma posição
bem definida quando o resíduo já foi gerado, existe uma destinação para a terceirizada Y que
não informou qual é o “paradeiro” do resíduo, fora que não existe uma política eficiente para
a separação do resíduo.
A proposta apresentada nesse trabalho é a segregação, o acondicionamento, o transporte e a
destinação final visando o aproveitamento do resíduo e a reinserção, se possível, do mesmo
no processo produtivo.
A incorporadora terá grandes benefícios ao implantar o PGRSCC, pois além de poder
“economizar” com a reciclagem e reutilização dos resíduos em processos internos e poder está
de acordo com a nova norma do PBQP-H, posta em vigor em dezembro de 2012, ainda
apresentará uma imagem melhor da empresa junto ao consumidor e aos seus concorrentes.
Portanto, diante do que foi apresentado espera-se favorecer tanto essa incorporadora como
diversas construtoras interessadas em reduzir gastos, a médio e longo prazo, assim como
ajudar a sociedade e sua população evitando que haja contaminação do ambiente.
Referencial Bibliográfico
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