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1133 Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 GERNCIA DE SERVIO DE URGNCIA E EMERGNCIA: FORTALEZAS E FRAGILIDADES MANAGEMENT AND EMERGENCY SERVICE EMERGENCY: STRENGTHS AND WEAKNESSES Jarbas Galvo Enfermeiro. Especialistaem Administrao de Recursos Humanos UnC/Concrdia-SC. Especialista em Urgncia e Emergncia e APH- Faculdade Dom Bosco-Joinville-SC. Mestre em Desenvolvimento RegionalFURB.SC.DocentedoCursodeEnfermagemdaUniversidadeRegionaldeBlumenau FURB/Blumenau-SC. [email protected] RESUMO Oserviodeurgnciaeemergnciatemsofridoaolongodosanosmudanasdecorrentedoperfil epidemiolgicolocal,comisso,asinstituiesdesadesolevadasaadaptarem-seasnovas demandas.Contudo, essa adaptao pode gerar fortalezas e fragilidades nas unidades de servio de urgnciaeemergncia,levandogestoresasebeneficiaremdasfortalezasesepreparempara enfrentarasfragilidades.Esseartigoobjetivaconhecerasfortalezaseasfragilidadesdoserviode urgnciaeemergnciaeminstituiesdesadepormeiodarevisodaliteraturadeartigosque abordaramotemanoperodode2009a2013.ForampesquisadasasbasesdedadosLILACS, SCIELOeMEDLINE,considerandoartigosemportugus,descritospelaspalavraschave: enfermagemememergncia,urgncia,gernciaeemergncia.Foramencontrados30artigos, separadosemdoisgrupos(fortalezasefragilidades).Comoresultadoverificou-sequeagesto participativa,oinvestimentoaeducaocontinuada,avalorizaodoenfermeiro,comunicao eficienteeticanoambientedetrabalhosoapontadoscomofortalezasnoserviodeurgnciae emergncia.Emcontrapartida,afaltadeinvestimentonaadaptaodasorganizaesfrentes mudanas no perfil epidemiolgico, salrios baixos e excesso de carga de trabalhos dos enfermeiros, comunicaoineficiente,intolernciadosmdicoseadoecimentodoprofissionalenfermeiroforam apontadoscomofragilidadesdoservioemestudo.Comestesresultadosverifica-sequeas fortalezasapontadascomoideaisparaumserviodesadenoesto,naprtica,sendo implementadas nas organizaes de sade como rotina, havendo assim, uma distncia dialtica entre o discurso e a prtica. PALAVRAS-CHAVE: Emergency Nursing. Emergncias. Gesto em Sade. ABSTRACT Theurgencyandemergencyservicehassufferedchangesovertheyearsduetothelocal epidemiologicalscenario,andthus,healthcareinstitutionsareleadedtoadapttothenewdemand.However,thisadaptationcangeneratestrengthsandweaknessesatserviceunitsofurgencyand emergency,drivingthemanagerstotakeadvantageofthestrengthsandbepreparedtofacethe weaknesses.Thus,thisarticleaimstoknowthestrengthsandtheweaknessesofurgencyand emergencesserviceinhealthcareinstitutionsbyreviewingtheliteratureaddressedtothetopic between2009and2013.TheLILACS,SCIELOandMEDLINEdatabaseswereresearched, consideringarticlespublishedinPortugueseanddescribedbykeywordsasnursinginemergency, urgency,managementandemergency.Itwasfound30articles,separatedintwogroups(strengths andweaknesses).Asresultswerefoundthattheparticipativemanagement,continuouseducation investments,nurseappreciation,efficientcommunicationandethicsatworkplacearepointedoutas strengthsinurgencyandemergencysservice.Onotherhand,thelackofinvestmentsinthe adaptationofhealthcareorganizationduetochangesinepidemiologicalprofile,nurseslowsalaries 113$ Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 andworkoverload,inefficientcommunication,physiciansintoleranceandnursessicknesswere pointed out asweaknesses in the serviceunder study. Underthese considerations, it is realizedthat thestrengthsconsideredasidealforhealthcareservicesarenot,inpractice,implementedin healthcareorganizationsasaroutine,existingadialecticdistancebetweenthespeechandthe practice. KEYWORDS: Emergency Nursing. Emergencies. Health Management. INTRODUAO Historicamente,asfunesdoshospitaisrefletiamsuamissocomo instituiescaritativaspararefgio,penso,ouinstruodosnecessitados,idosos, enfermosoupessoasjovens.Eletinhapoucoaofereceralmdeatenode protegeredosserviosdeenfermagemparaconsolo(GOS,2004;SANGLARD, 2007).A partir da analise histrica documental, percebe-se que ao longo dos tempos ainstituiohospitalaradotouodesenvolvimentodeprticadenaturezacurativa com a concentrao de tecnologias e na aquisio de informaes sobre fisiologia e etiopatogeniasdasdiferentesafeces,aliadasaoconfortoepraticidadedas instalaes fsicas do hospital (GOS, 2004; SANGLARD, 2007). Comaevoluodocenrioepidemiolgico,doaumentodasdoenas degenerativas e crnica, da exploso da violncia urbana e do aumento vertiginoso dosacidentes,oshospitaispassaramaenfrentarumanovarealidadenaformade atendimento.Assim, as dcadas de 70 e 80 foram marcadas no quadro da gesto dos sistemas de sade pela profunda evoluo no conceito de unidade hospitalar e osetordoserviodeurgnciaeemergnciafoiconsideradoaentradamais importantedeumhospitaleestruturaderefernciaparaatendimentorpido.Este novoconceitoexigiuumaatenodiferenciadanoquetangeaestruturafsica, tecnolgicaederecursoshumanos,assegurandoumatendimentoeateno qualificada aos pacientes graves (CALIL, 2007; BITTAR, 1996; DESLANDES, 2008). Noentanto,emfunodoserviodeurgnciaeemergncianolimitara quantidadedeatendimentos,doatendimentonaredeprimariaestarcentradoem especialidademdicaedodescasodogovernocomasade,muitoshospitaisna atualidadeencontram-secomumaestruturaprecria,inadequadaeburocratizada, sendo o servio de urgncia e emergncia alvo constante de crticas (BERTI, 2010; PAIVA, 2010).Istosignifica dizerquerequerdogestorum gerenciamentocom experincia, envolvimento,habilidadeseplanejamento,umavezqueoserviodevebuscaro equilbrioatravsdodesenvolvimentoehabilidadescommecanismosgerenciais quepermitamautilizaodospoucosrecursosdisponveiscommximode eficincia, eficcia e efetividade possveis.Assim, o enfermeiro que atua nessa unidade precisa avaliar e estar atento no seupapelcomogestoridentificandoeapontandooscaminhosparafavorecerum processodemudana,tornandoosetormaisfuncional,atendimentosmaisgeis, minimizandooestresseentreosprofissionais,eaumentandoassimosnveisde satisfao dos clientes (KURCGANT, 2010). Nesse sentido, o gerenciamento dos cuidados de enfermagem passou a exigir maisconhecimento,responsabilidade,competnciaeformaoadequada,face 113% Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 sadeebem-estardapopulaoquecobramaisparticipaoeeficinciado atendimento (MONTEZZELI; PERES; BERNARDINO, 2011).Destaforma,confereaimportnciadeconhecerasfortalezasefragilidades na gerncia de servio de urgncia e emergncia frente a constantes mudanas que seestabelecemnumainstituiohospitalar,apartirdeumarevisodaliteratura,a fimdeauxiliaroenfermeironagestodosservioseadaptaodaorganizao hospitalar para o enfrentamento das mudanas do cenrio epidemiolgico. METODOLOGIA Trata-sedeumapesquisadescritiva,exploratria,deabordagemqualitativa. A proposta da reviso da literatura compartilhar resultados de outros estudos que esto prximos ou do sustentao ao estudo a ser desenvolvido.AsbasesdedadosusadasparaabuscanaliteraturaenglobouGoogle Acadmico,LILACSLiteraturaLatino-americanaemCinciasdaSade, SciELOeMEDLINE.Ostermosdebuscaforamenfermagemememergncia,enfermagem,emergncia,urgncias,gerenciaeacombinaoentreeles. Foram considerados os artigos publicados em portugus nos anos 2009 a 2013. A partir da leitura dos resumos, foi excluda toda produo duplicada, cartas, editoriais,relatriosepidemiolgicoseoutrosestudosquenocorrespondiamao escopo da reviso, ou seja, no estavam relacionados diretamente com o objeto de estudoemquesto.Sendoassim,porfim,foramselecionados30estudospara anlise do contedo. Combasenosresultadosdescritosnosestudosselecionados,osresultados destapesquisaforamorganizadosapartirdeduasvertentes:a)Fortalezasna gernciadeServiodeUrgnciaeEmergncia;eb)Fragilidadesnagernciade Servio de Urgncia e Emergncia. RESULTADOS E DISCUSSO NaavaliaodolevantamentobibliogrficonabasededadosLILACS LiteraturaLatino-americanaemCinciasdaSade,SciELOeMEDLINE,foram encontrados665artigos,osquaisforampesquisadospormeiodosdescritores cadastradosnoDescritoresemcinciasdasade(DeSC)fazendoreferncia enfermagem em emergncia, enfermagem,emergncia, urgncias, gerencia.Foram ainda consideradas a combinao de descritores no mesmo artigo tais como enfermagem+emergncia,enfermagem+urgnciaegerencia+enfermagem. Dos 665 artigos,foi feita uma seleo considerando artigos publicados entre 2009 a 2013,emlnguaportuguesaedeacessogratuitoaoartigocompleto.Apsesta seleo 104 artigos apresentaram potenciais para a proposta do estudo.Foram feitas leituras previas nos resumos dos 104 artigos e destes, 74 foram excludosporcentrarememoutrasunidadesdohospitalenoemnonaunidade de urgncia e emergncia, foco desse estudo. Os30artigosrestantesforamclassificadosemgruposqueidentificavamas fortalezaseasfragilidadesdagerenciadoserviodeurgnciaeemergncia.A descrio desses dois grupos segue separada em tpicos. 1136 Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 Fortalezas na gerncia de servio de urgncia e emergncia Oambientecompetitivoemqueasorganizaesdesadeestoinseridas temlevadooenfermeiroaseadaptarasnovastendnciasetecnologiasafimde manterouelevaraqualidadenoatendimentoaocliente,principalmentenoquese refere s mudanas do cenrio epidemiolgico.Dentre as adaptaes est a busca daavaliaodenovosrecursostecnolgicos,desenvolvimentodecompetncias, habilidadeseatitudes,quesimbolizamaqualificaodepessoal,gestodo conhecimentoadquiridoparasuaaplicaoemdiferentescontextos(RUTHES; CUNHA,2009),recrutamentodepessoalespecializadoparadesempenharfunes quedemandammaiorcomplexidadeeamanutenodonmeroidealde profissionaisnos setores (LIMA; KURGANCT, 2009). Paraessasadaptaessugere-seodesenvolvimentodeumlderque apresentequalidadesvoltadasgestoparticipativa,deassociaodointeresse pessoal do enfermeiro ao coletivo, dotado de competncia tcnica, que estimule as relaes interpessoais e articule o trabalho em equipe (MOURA et al., 2010).Adicionalmenteapromoodeumambientequesejapropcioparao desenvolvimentodotrabalhoequegeresatisfaoaoenfermeiropodecontribuir para a acelerao do processo de adaptao aos estmulos externos e internos. De acordocomosestudosdeMelo,BarbosaeSouza(2011),agestoparticipativa contribuiparaageraodesseambientepormeiodavalorizaodotrabalhodo enfermeiro,inserodoenfermeironosprocessosdecisrios,estabelecimentode umplanodecargosesalrioseapoioaeducaocontinuada(MELO;BARBOSA; SOUZA, 2011).Nessesentido,ressalta-sequeaadaptaodocorpodeenfermagem,por meiodagestodoconhecimento,derecursoshumanosedeoutrasatividades laboraispertencentesaoenfermeiroinfluenciadapelaorganizaodotrabalho institucionalizadapelaculturaorganizacional.Estaadaptao,baseadaem elementosculturaisdaorganizaodesadeconsideraacondutahumana,as relaesinterpessoais,osistemadecomunicaoeahierarquianosprocessos decisrioscomofatoresdeordemprticaeeficincianaexecuodasatividades relacionadasaoatendimento.Aadesodoenfermeiroaoselementosculturais organizacionais d suporte ao enfrentamento das adversidades e incertezas laborais condizentes as complexidades do ambiente hospitalar (PROCHNOW et al., 2011). Dentre os elementos culturais citados, destaca-se o sistema de comunicao comoumdosmaisrelevantesparagestoeminstituiesdesade,umavezque estesistemapodepropiciaroentendimentoclaroeefetivodasdiretrizes,tomadas dedeciseseprocedimentosrelacionadosaoatendimentodepacientesnos servios de urgncia e emergncia e estabelece a dinmica do processo do trabalho doenfermeiro.Acomunicaoeficienteestimulaatrocadeopiniesdentroda equipe multiprofissionaleestabelecerelaesdeconfianainterpessoal(SANTOS; BERNARDES, 2010). Associada a um sistema de comunicao eficiente e aos elementos culturais organizacionaisaticaapresenta-secomobaseparaaboaconduta,integridadee compromisso do enfermeiro para com a sua equipe e no seu processo de trabalho. 113& Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 Oexercciodaticadesenvolveempatiaehumanizaoambiente(GUERRAetal., 2011; TREVIZAN et al., 2009). Nessesentido,aticaeaeducaocontinuadavemauxiliarnaconstruo deumambientesaudvelparaoexercciodaprofisso,comofacilitadorasdas relaesinterpessoaisminimizandoosofrimentopsquicoegeradorasde conhecimentoqueseropercebidosnospelospacientesmasportodosos envolvidosnoprocessodocuidado.Aticaaindalevaaoentendimentodo compromisso que o enfermeiro tem no cuidado com o paciente e de sua interligao e interdependncia com este, uma vez que o paciente e o trabalho do enfermeiro, de forma geral, no podem ser analisados separadamente (BECK, 2010). Alemdacompetitividadeentreasorganizaesdesadecomofontede estimulo para adaptao do processo de trabalho e da qualificao do enfermeiro, a mudanadocenrioepidemiolgicopodesugeriralteraesnaestrutura organizacionalparaprovermelhoratendimentosnovasdemandas.O enfrentamento as nova demandas possibilita a identificao de problemas de ordem estrutural e prtica que podem ser resolvidas por meio de um novo planejamento e elaborao de estratgias para otimizar o atendimento. Nesse sentido a adaptao e readaptao das estruturas hospitalares e da qualificao do enfermeiro aumentam aprestezaeprecisodetratamentooferecidosaospacientes(COELHOetal., 2010). Fragilidades na gerncia de servio de urgncia e emergncia Emboraestudossugiramqueaadaptaodoenfermeiroemtermosde praticasgerenciaisfrenteasoscilaeseexignciasdomercadosejaconsiderada umpontofavorvelnagestodeserviosdeurgnciaeemergncia(RUTHES; CUNHA, 2009),outros estudos apontam que mesmo com benefcios considerveis oriundos desta adaptao no h evidencias sobre o investimento das organizaes desadenaqualificao,preparo,gestodoconhecimentoedecompetnciasdo enfermeiroparaelevaraqualidadedoservioprestadoeatingirosobjetivos organizacionais (RUTHES; CUNHA, 2009).Em termos de liderana verifica-se que no h um relacionamento direto entre a chefia e equipe de enfermagem o que gera inseguranaaoscomponentesdessaequipepornosaberemosplanosfuturose nem o que se espera deles (STRAPASSON; MEDEIROS, 2009). Alemdessesagravantesprovocadosporproblemasdegesto,percebe-se ainda por meios dos estudos de Montezelli, Peres e Bernardino (2010, 2011), que os hospitaisnoestoadaptadosarealidadedocenrioepidemiolgicoequeo processodetrabalhodoenfermeirosegueumaorientaovoltadaadministrao cientifica clssica, em que, o enfermeiro fica limitado a execuo de tarefas que no lhe permitem ter autonomia ou criatividade. Neste ambiente o enfermeiro levado a escolherentreaexecuodepraticastcnicasoudegesto,jqueosistema institucionalizado no lhe permite desenvolver competncias mltiplas, o que gera a superespecializaoemumareaedeficinciaemoutra.Outroagravantenesse contextoavisodequeoenfermeirossetornaprodutivopormeiodo desempenhodetarefaspraticas,enquantoastarefasdegestosovistascomo uma pseudo enfermagem (MOTEZELLI; PERES; BERNARDINO, 2010, 2011).113' Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 Alemdessesfatoresacomunicaopodeinterferirnarotinadetrabalhodo enfermeiroumavezqueestapodesertransmitidacomfaltadeclarezae objetividade, que pode influenciar a equipe de trabalho, o atendimento ao paciente e prestao de informaes aos familiares (RUTHES; FELDMAN; CUNHA, 2010). Esta comunicaoineficientepodeacarretarproblemasdeinsatisfaoemqualidade da assistncia prestada (SANTOS; BERNARDES, 2010). Umdosmotivosrelacionadosacomunicaoineficienteadesunioda equipe de trabalho devido ao no desprendimento dos interesses pessoais em favor docoletivo.Adesuniogeraproblemasderelacionamentoentreosmembrosda equipe e com a chefia, insatisfao com o ambiente de trabalho, sofrimento psquico e prestao de um servio de m qualidade (ANDRADE et al., 2009; SANTOS et al., 2011).Alemdainsatisfaogeradapelacomunicaoineficiente,htambma insatisfaocomascondiesdetrabalho,aqualpodeserdescritapelafaltade recursos para desempenhar as tarefas, baixos salrios, desvalorizao da profisso, sobrecargadetrabalho,desorganizaodoservioefaltadeseguranae salubridade(FURTADO;ARAUJOJUNIOR,2010;MELO;BARBOSA;SOUZA, 2011; MOSCHEN; MOTTA, 2010).Estainsatisfaopodeserpercebidapelopacientecomonocuidado,ou seja,oenfermeirotransfereasresponsabilidadesparaoutrosprofissionais,no valorizaossinaisecomunicaonoverbalevalorizaatecnologiadura,no priorizaatendimentoaosidosos,demonstrafaltadepacincia,respeitoeagede formagrosseira,friaeinsensvel(BAGGIOetal.,2010;BAGGIO;CALLEGARO; ERDMANN, 2011).Pode-seaindacitarcomoumadasfragilidadesnodesempenhodastarefas deenfermagemadedicaoaatividadesassociadas(HAUSMANN;PEDUZZI, 2009).DeacordocomosestudosdeGarciaeFugolin(2010),12%dajornadade trabalhodoenfermeirodedicadoaodesempenhodeatividadesassociadas,as quaispoderiamsermigradasparaumoficialadministrativo,ouseja,oenfermeiro teriamaistempoparasededicaragerenciadocuidadoaumentandoassimsua produtividade (GARCIA; FUGOLIN, 2010). Todoestecenriodeproblemasnoambientedetrabalhoanteriormente descritos assim como a superlotao da unidade e as restries do sistema pblico desade,impacinciadosmdicos,podedesencadearoadoecimentodos profissionais,comoporexemplooestressefsicoepsquico(DALPAI;LAUTER, 2009, 2011; DALRI; ROBAZZI; SILVA, 2010; FARIAS et al., 2011).Sendo assim os enfermeirosutilizamestratgiasdeenfrentamentoaestasfragilidades,adotando atitudesdedespersonalizaopormeiodafriezaedistanciamentonoatendimento ou humor no ambiente de trabalho (DAL PAI; LAUTER, 2009; 2011; FARIAS et al., 2011). CONSIDERAES FINAIS Apartirdeumarevisodaliteratura,buscou-seconhecerasfortalezaseas fragilidadesdagerenciadoserviodeurgnciaeemergncianas organizaesde sade.113( Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 Comofortaleza,foiidentificadaqueaadaptaodoenfermeiropormeiode qualificaoedesenvolvimentodecompetncias,habilidadeeatitudesemfuno dosurgimentodenovastcnicasetecnologias,assimcomoareestruturaodo sistemahospitalaremfunodonovocenrioepidemiolgicoedacompetitividade entreasorganizaesdesadepodemlevaraprestaodeserviosauma qualidade superior.Outra fortaleza est relacionada gesto participativa, em que a incluso do enfermeironoprocessodecisrio,sistemadecomunicaoeficiente,estimuloa educaocontinuadaedemonstraodaticanoambientedetrabalhopodelevar aomaiorcomprometimentodoenfermeironoatendimentoaopaciente.Alemdisto, oselementosculturaisorganizacionaispodemsubsidiaroenfermeirono enfrentamento nas complexidades dos atendimentos.Por outro lado, verificou-se em estudos empricos que os maiores fragilidades nogerenciamentodeurgnciaeemergnciaestorelacionadasfaltade investimentoeemqualificao,adaptaodaorganizaodesadefrenteao cenrio epidemiolgico, grande distncia de poder entre chefia e equipe de trabalho, promovendo comunicao verticalizada e ineficiente. No se pode negligenciar que as condies de trabalho como baixos salrios, faltadeseguranaesalubridade,associadoscomaintolernciadosmdicos, superlotaoeestressenosatendimentospodemprovocaroadoecimentodos profissionais. Comessasconsideraesverifica-sequeospontosfavorveisoufortalezas dagerenciadaunidadedeurgnciaeemergncia,citadosnaliteraturacomo ferramentasdeaprimoramentosdaprestaodeserviosso,contudo,pontos frgeis evidenciados na prtica.Assim, h um discurso divergente entre o percebido como ideal ou fortaleza e o existente nas estruturas hospitalares.Em suma, acredita-se que as divergncias entre o ideal no gerenciamento de serviosdeurgnciaeemergnciaearealidadepercebidanosambientes hospitalaresestorelacionadasspolticasderecursoshumanosfalhase qualificao dos gestores baseada nos modelos da administrao, em que o foco no resultado e na produtividade se tornam elementos essenciais da gesto e os fatores ambientaisehumanossetornamcoadjuvantesnoprocessodetrabalhodo enfermeiro.

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