PRÉ-VESTIBULARLIVRO DO PROFESSOR
LITERATURA
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© 2006-2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
Produção Projeto e Desenvolvimento Pedagógico
Disciplinas Autores
Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales Márcio F. Santiago Calixto Rita de Fátima BezerraLiteratura Fábio D’Ávila Danton Pedro dos SantosMatemática Feres Fares Haroldo Costa Silva Filho Jayme Andrade Neto Renato Caldas Madeira Rodrigo Piracicaba CostaFísica Cleber Ribeiro Marco Antonio Noronha Vitor M. SaquetteQuímica Edson Costa P. da Cruz Fernanda BarbosaBiologia Fernando Pimentel Hélio Apostolo Rogério FernandesHistória Jefferson dos Santos da Silva Marcelo Piccinini Rafael F. de Menezes Rogério de Sousa Gonçalves Vanessa SilvaGeografia DuarteA.R.Vieira Enilson F. Venâncio Felipe Silveira de Souza Fernando Mousquer
I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]
360 p.
ISBN: 978-85-387-0573-4
1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.
CDD 370.71
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Modernismo 2.a geração:
poesia
Raros momentos na história da literatura ociden-tal apresentaram, numa mesma época, tantos mes-tres da literatura. Murilo Mendes, Cecília Meireles, Jorge de Lima, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes compuseram a idade de ouro da poesia brasileira.
A produção da maioria desses poetas começa em 1930, e se estende por aproximadamente cinquen-ta anos, quando Drummond, em 1987, falece. Vamos estudar um dos momentos mais ricos e interessantes da literatura brasileira.
Contexto históricoAntecipada pela quebra da Bolsa de Valores
de Nova York, em 1929, a década de 1930 foi um período extremamente conturbado. A Revolução de 30 e a subida de Getúlio Vargas ao poder alteraram a sociedade da época.
As liberdades começaram a ser reduzidas no Brasil (o que já acontecia em diversos países euro-peus com os regimes totalitários) e atingiram seu máximo de impedimento a partir de 1937, com o Estado Novo, que se estenderia até 1945. A criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) fez com que diversas manifestações artísticas e in-telectuais fossem censuradas.
No campo da poesia o que vemos é um período de afirmações. Afirmação das conquistas dos moder-nistas de 1922 e da posição do escritor diante da so-ciedade. Antes de qualquer coisa, poesia é pensar o mundo, pensar a condição humana na sociedade.
Por meio da poesia, nesse período, procurou-se entender o mundo.
CaracterísticasAspecto medular da poesia produzida a partir
de 1930 é a consolidação das conquistas de 1922 obtidas pela vanguarda modernista. Agora o poeta não necessita mais lutar para obter a liberdade de criação. Todas as liberdades formais e expressivas já haviam sido atingidas, com o potencial destruidor da primeira geração de escritores modernistas.
A geração de 1930, antes de acabar com o já existente ela quer dizer o novo. A desintegração das velhas formas já fora realizada com sucesso. Pode-se dizer que a produção poética de 1930 é mais madura, e, por isso, demonstra-se mais construtiva e politi-zada. Os poetas discutem o “estar-no-mundo”, sua condição na coletividade.
Quanto à linguagem vemos uma mescla entre o estilo elevado e o estilo coloquial.
Autores e obras
Murilo MendesMurilo Monteiro
Mendes nasceu no ano de 1901, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Perdeu a mãe aos dois anos. Quando jovem, mudou-se para Niterói. Em 1953 foi viver na Europa, estabelecen-do-se em Roma, onde dava aulas de Litera-tura Brasileira. Faleceu em 1975.
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Murilo Mendes.
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Suas principais obras são: Poemas (1930); Histó-ria do Brasil (1932); Tempo e Eternidade (em parceria com Jorge de Lima, 1935); A Poesia em Pânico (1937); As Metamorfoses (1944); Poesia Liberdade (1947); Contemplação de Ouro Preto (1954); Convergência (1970).
Características e temas
A obra de Murilo Mendes caracteriza-se por seguir a linha modernista de 1922. Ao estilo de Oswald de Andrade, faz poemas irreverentes, bem--humorados, os poemas-piadas. Um dos seus mais célebres dessa fase é a paródia de Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. Vamos lê-lo.
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametistas.
Os sargentos do exército são monistas, cubistas,
[os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade.
Coincidindo com a morte de seu melhor amigo, o pintor Ismael Nery, a poesia de Murilo Mendes en-tra numa fase filosófico-religiosa da qual não mais sairia. Em colaboração com Jorge de Lima, escreve a obra Tempo e Eternidade, em que por meio do mis-ticismo busca a “restauração da poesia em Cristo”. Todavia, a poesia religiosa desse poeta não fez com que se desligasse da questão social, abordando di-versas vezes em seus poemas a questão da guerra.
O cristianismo serviu, dessa forma, como opção de caminho para a paz, para a justiça social, para o sentido da existência.
Murilo Mendes é, dos poetas brasileiros, aquele que mais se aproxima do surrealismo literário. Seu
conteúdo metafísico o leva à construção de símbo-los e metáforas sofisticadas, que somente um leitor experiente consegue perceber a grandeza de tais escritos.
Poema barroco
Os cavalos da aurora derrubando pianos
Avançam furiosamente pelas portas da noite.
Dormem na penumbra antigos santos com os pés feridos,
Dormem relógios e cristais de outro tempo, esqueletos de atrizes.
O poeta calça nuvens ornadas de cabeças gregas
E ajoelha-se ante a imagem de Nossa Senhora das Vitórias
Enquanto os primeiros ruídos de carrocinhas de leiteiros
Atravessam o céu de açucenas e bronze.
Preciso conhecer os porões da minha miséria,
Tocar fogo nas ervas que crescem pelo corpo acima,
Ameaçando tapar meus olhos, meus ouvidos,
E amordaçar a indefesa e nua castidade.
É então que viro a bela imagem azul-vermelha:
Apresentando-me o outro lado coberto de punhais,
Nossa Senhora das Derrotas, coroada de goivos,
Aponta seu coração e também pede auxílio.
Jorge de Lima
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Jorge de Lima.Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
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Jorge Mateus de Lima nasceu em União dos Palmares, Alagoas, no ano de 1893. Filho de um senhor-de-engenho, dividia sua vida entre a cidade e o campo. Formou-se em Medicina no Rio de Janeiro. Foi deputado estadual. A partir de 1930 estabeleceu-se permanentemente no Rio, onde lecionou Litera-tura Brasileira na Universidade do Brasil. Morreu em 1953.
Suas principais obras são: XIV Alexandrinos (1914); Novos Poemas (1929); Tempo e Eternidade (em parceria com Murilo Mendes, 1935); A Túnica Inconsútil (1938); Poemas Negros (1947); Invenção de Orfeu (1952).
Características e temas
Encontramos três fases distintas na obra de Jorge de Lima. A primeira, fortemente ligada ao Parnasianismo e sem grande relevância na sua pro-dução.
A segunda fase de sua obra trata da volta às origens e do universo afro-brasileiro. A volta às ori-gens está relacionada à cultura popular nordestina, que ele vivenciou quando habitava o engenho de seu pai em Alagoas. O universo afro-brasileiro relaciona--se a tematização da cultura negra brasileira, sua história e seus costumes. A linguagem coloquial é utilizada. O poema mais conhecido dessa linha é “Essa Negra Fulô”.
Essa negrinha Fulô
ficou logo pra mucama,
para vigiar a Sinhá
pra engomar pro Sinhô!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô
Ó Fulô! Ó Fulô !
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô!
Essa negra Fulô!
“Era um dia uma princesa
que vivia num castelo
que possuía um vestido
com os peixinhos do mar.
entrou na perna dum pato
saiu na perna dum pinto
o Rei-Sinhô me mandou
que vos contasse mais cinco”.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô? Ó Fulô?
Vai botar para dormir
esses meninos, Fulô!
“Minha mãe me penteou
minha madrasta me enterrou
pelos figos da figueira
que o Sabiá beliscou.”
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Fulô? Ó Fulô?
(Era a fala da Sinhá
chamando a negra Fulô.)
Essa negra Fulô
Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no banguê dum meu avô
uma negra bonitinha
chamada negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
— Vai forrar a minha cama,
pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô!
Essa negra Fulô!
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Cadê meu frasco de cheiro
que teu Sinhô me mandou?
— Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!
O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa.
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
que nem a negra Fulô.)
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô
Ó Fulô ? Ó Fulô?
Cadê meu lenço de rendas
cadê meu cinto, meu broche,
cadê meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou.
Ah! foi você que roubou.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô
O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dele pulou
nuinha a negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô? Ó Fulô?
Cadê, cadê teu Sinhô
que nosso Senhor me mandou?
Ah! foi você que roubou,
foi você, negra Fulô?
Essa negra Fulô!
A terceira fase da poesia de Jorge de Lima situa-se na religiosidade. Observa-se a valorização do mundo do misticismo. Foi nessa fase que realizou juntamente com Murilo Mendes Tempo e Eternidade. A obra, símbolo do mundo cristão em sua produção, encontra-se na hermética obra Invenção de Orfeu, livro de poesia com metáforas sofisticadas e uma tal quantidade de referências “extraliteratura” que exige do leitor um alto nível cultural para poder fluir plenamente dessa grande obra.
Cecília Meireles
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Cecília Meireles.
Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1901. Muito cedo ficou órfã de pai e mãe, sendo criada pela avó materna. Formou-se na Escola Normal do Rio de Janeiro em 1917, seguindo carreira de professora primária. Da década de 1930 em diante lecionou em algumas universidades, dentre elas a Universidade do Texas (EUA), ministrando a cadeira de Literatura e Cultura Brasileira. Faleceu em 1964.
Características e temas
Cecília Meireles participou nas primeiras dé-cadas do século XX do grupo neossimbolista Festa. Devido a isso mantém em sua poesia forte influência da lírica tradicional. Seus versos são de grande musi-calidade e apresentam com certa constância algumas imagens como o mar, a areia, a lua, a espuma, o vento. Tais imagens ascendem ao nível do símbolo, fazendo com que a poesia de Cecília muito mais sugira do que diga concretamente algo.
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Canção
Ad
rian
e B
ald
ini.
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
– depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
– não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
– mais nada.
A linguagem utilizada pela poeta ainda mantém fortes laços com a poesia tradicional, sendo toda ela de estilo elevado, uma exceção na geração de 1930. Traço interessante, relacionado aos aspectos formais de sua poesia, é a aplicação do verso sincopado. Aquele verso que faz uma quebra de ritmo na leitura, por possuir menos sílabas que os demais. Vejamos um exemplo.
O tema principal de sua obra é o tempo. A cons-ciência de sua transitoriedade, de que o tempo elimi-na tudo, ilusões, sonhos, faz com que percebamos em sua poesia uma espécie de niilismo racional, visto que chega à conclusão do sem sentido da existência a partir da brevidade e da vaguidade dessa. Conse-quência natural disso é uma visão melancólica da vida, um sentimento de ausência e solidão.
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
A minha face?
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O Romanceiro da Inconfidência (1953)
Umas das obras mais importantes e belas da literatura brasileira, O Romanceiro da Inconfidência é construído a partir de um modelo propositalmente arcaico de poesia. Um romanceiro é um conjunto de romances (não confundir com a manifestação em prosa a que estamos acostumados), que são unidades poéticas as quais possuem independência temática e simultaneamente estabelecem relação com os de-mais romances da obra.
O Romanceiro da Inconfidência possui 85 ro-mances que contam, de forma lírica e dramática, os episódios da Inconfidência Mineira. Por se tratar de um fato histórico antigo é que a autora utilizou--se de uma forma poética antiga. Possui versos em redondilha maior.
Pode-se dizer que O Romanceiro da Inconfidên-cia é uma obra de caráter nacionalista a qual exalta a liberdade, a independência e os brasileiros que se opuseram ao domínio da coroa portuguesa.
A formação da consciência de um povo revela--se de forma magistral nesses versos de Cecília Meireles.
Vamos ler um trecho do “Romance XXIV” ou da “Bandeira da Liberdade”.
E a vizinhança não dorme:
murmura, imagina, inventa.
Não fica bandeira escrita,
mas fica escrita a sentença.
Através de grossas portas,
sentem-se luzes acesas,
– e há indagações minuciosas
dentro das casas fronteiras.
“Que estão fazendo, tão tarde?
Que escrevem, conversam, pensam?
Mostram livros proibidos?
Leem notícias nas Gazetas?
Terão recebido cartas
de potências estrangeiras?”
(Antiguidades de Nimes
em Vila Rica suspensas!
Cavalo de La Fayette
saltando vastas fronteiras!
Ó vitórias, festas, flores
das lutas da Independência!
Liberdade – essa palavra,
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda!)
Mario QuintanaMario Quintana nasceu em Alegrete, Rio Grande
do Sul, no ano de 1906. Quando jovem, foi estudar no Colégio Militar de Porto Alegre. Abandonou os estudos em 1924, retornando brevemente à cidade natal. Logo após, fixou-se definitivamente na capi-tal gaúcha, levando uma vida boêmia. Trabalhou em jornais e na Editora Globo, da família Bertaso, traduzindo obras de Marcel Proust, Aldous Huxley, Conrad, Maupassant e Paul Verlaine. Mesmo consa-grado nacionalmente e muito homenageado, morreu em péssimas condições financeiras em 1994.
Suas principais obras são: Rua dos Cataven-tos (1940); Canções (1946); Sapato Florido (1948); O Aprendiz de Feiticeiro (1950); Espelho Mágico (1951); Poesias (1962); Do Caderno H (1973); Apontamentos de História Sobrenatural (1976); A Vaca e o Hipogrifo (1977); Esconderijos do Tempo (1980); Baú de Espan-tos (1986); Velório sem Defunto (1990).
Mario Quintana.
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Características e temas
Vários críticos classificam a poesia de Mário Quintana como poesia crepuscular, de heranças simbolistas. Seus versos revelam uma forte amar-gura e uma melancolia da existência, das pessoas, das coisas, de tudo.
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Permeada quase que constantemente pelo as-sunto da morte, a obra desse autor mistura a vida real do cotidiano, do banal, do prosaico com um universo onírico, um mundo de fantasias. No poema “O Mapa” o autor recria Porto Alegre.
A essas marés montantes do passado,
Com suas quilhas afundadas, com
Meus sucessivos cadáveres amarrados aos mastros e gáveas...
Ai de mim,
Ai de ti, ó velho mar profundo,
Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!
O mapa
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(É nem que fosse meu corpo!)
Sinto uma dor esquisita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina infinita
Tanta nuança de paredes
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar
Suave mistério amoroso
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
Semelhante a Manuel Bandeira, seu estilo é de extrema simplicidade. Quanto à linguagem vemos a mistura da lírica tradicional com a simplicidade linguística.
Vamos ler agora dois de seus poemas.
A carta
Hoje encontrei dentro de um livro uma velha carta amarelecida.
Rasguei-a sem procurar ao menos saber de quem seria...
Eu tenho um medo horrível
Da primeira vez em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha...
(Primeiro quarteto do “Soneto XVII”)
Os Quintanares
Os Quintanares – nomenclatura criada por Manuel Bandeira – são poemas em prosa. Chamados também de epigramas, esse tipo de poesia escrita por Mário Quintana apresenta como traço de destaque o humor através da ironia sutil. Vamos ler alguns.
O pior
O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.
Evolução
O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressenti-mento de que ele venha a ser nosso futuro.
A arte de ler
O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.
A voz
Ser poeta não é dizer grandes coisas, mas ter uma voz reconhecível dentre todas as outras.
Biografia
Era um grande nome — ora que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu, morreu, virou rua... E continuaram a pisar em cima dele.
Cartaz para uma feira do livro
Os verdadeiros analfabetos são os que aprende-ram a ler e não leem.
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Dos leitores
Há leitores que acham bom o que a gente escreve. Há outros que sempre acham que poderia ser melhor. Mas, na verdade, até hoje não pude saber qual das duas espécies irrita mais.
A arte de fumar
Desconfia dos que não fumam: esses não têm vida interior, não têm sentimentos... O cigarro é uma maneira disfarçada de suspirar...
Tempo
Coisa que acaba de deixar a querida leitora um pouco mais velha ao chegar ao fim desta linha.
Para encerrar, um de seus mais conhecidos poemas.
Poeminha do contra
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade.
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Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabi-ra, Minas Gerais, no ano de 1902. Filho de uma família tradicional de fazendeiros, matriculou-se no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, do qual foi expulso. For-mou-se em Farmácia, profissão que nunca exerceu. Trabalhou em jornais e no Ministério da Educação. Em 1987, sua filha, a pessoa que o poeta mais amava, morre vitimada por um câncer. Doze dias depois, com complicações cardíacas, Drummond falece.
Suas principais obras são: Alguma Poesia (1930); Brejo das Almas (1934); Sentimento do Mundo (1940); José (1942); A Rosa do Povo (1945); Claro Enigma (1951); Fazendeiro do Ar (1954); Lição das Coisas (1962); Boitempo (1968); As Impurezas do Branco (1973); Discurso de Primavera e Algumas Sombras (1977); Corpo (1984); Amar se Aprende Amando (1985); O Amor Natural (1992); Farewell (1996).
Características
Utilizando-se de uma linguagem que mescla o estilo elevado e o estilo coloquial, a obra de Carlos Drummond de Andrade caracteriza-se fundamental-mente pela ideia do gauche (literalmente esquerda, em francês, porém, em Drummond, é utilizado com o sentido de errado, torto, anormal). O poeta não se sente integrado no mundo, e essa diferença é que faz sua poesia.
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do -bigode,
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
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Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
uma carência afetiva. O amor não acontece entre os indivíduos devido ao desencontro.
Esse desencontro leva a mais um tema, muito desenvolvido na obra de Drummond, que é a solidão, a incomunicabilidade disfarçada que existe entre os seres humanos.
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Vimos que os três temas citados anteriormente estão relacionado à poesia de cunho individualista do poeta. Contudo, há um tema, presente principal-mente na obra A Rosa do Povo (sua obra de exceção temática, de 1945) em que se nega toda e qualquer forma de individualismo. A fraternidade e o enga-jamento são as pedras fundamentais desses poe-mas. É importante notarmos que tal obra foi escrita durante um período ditatorial no Brasil e durante a Segunda Guerra Mundial. Carlos Drummond de Andrade, como humanista que era, não se absteve de fazer o que podia para tentar mudar, pelo menos, a mentalidade das pessoas. A poesia era sua arma de combate.
O que motiva também tal ideia é a sensação de perda que alguns de seus poemas passam, perda das ilusões, em consequência da corrosão dos valores hu-manos. A desesperança surge da incompatibilidade entre o que se diz, o que se sonha e o que realmente acontece nas relações humanas. Dessa forma, o poeta apela para o humanismo como tentativa de se ame-nizar as ideias do gauche, da perda e da corrosão.
Todavia os poemas de Drummond são tratados com um humor sutil. Num primeiro momento, temos como reação uma risada no canto da boca, logo após percebemos a crítica e entramos onde o poeta queria: na reflexão existencial que ele trata. É a sua forma de discutir o “estar-no-mundo”.
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Vimos que a pedra é a metáfora das dificuldades da vida. A repetição constante revela que sempre há uma pedra no meio do caminho da nossa vida. Os problemas existem, passam, e surgem outros.
Temas
Um dos temas mais constantes na obra drum-mondiana é a poesia sobre o passado, em que o poeta busca em seu passado familiar a explicação para o presente. Nesse tema vemos muitas vezes a figura de seu pai, chefe da família Drummond.
O amor também é abordado em sua poesia. Percebemos uma busca de completude devido a
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
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Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os [homens presentes,
a vida presente.
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
Você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Enfim, toda a obra de Drummond é uma inter-rogação sobre a existência, busca de respostas para a vida, a procura de um sentido em um mundo em que os valores, os quais são a base da realidade, foram perdidos.
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
A única solução é amar.
Amar
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar?
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
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Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de [rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes nas-ceu na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1913. For-mou-se na Faculdade de Direito em 1933. Trabalhou como diplomata em diversas cidades do exterior. Foi um dos fundadores da Bossa Nova, no ano de 1958, juntamente com João Gilberto e Tom Jobim. A partir de então, aproximou-se cada vez mais da música, fazendo parceria com diversos músicos, dentre eles Chico Buarque de Holanda, Baden Powel e outros. Faleceu em 1980.
Suas principais obras são: Ariana, a Mulher (1936); Novos Poemas (1938); Cinco Elegias (1943); Poemas, Sonetos e Baladas (1946); Orfeu da Conceição (teatro, 1956); Livros de Sonetos (1957); Para Viver um Grande Amor (crônicas, 1962).
Características e temas
A obra de Vinicius de Moraes divide-se, como o próprio poeta afirma no prefácio de sua antologia poética, em duas fases distintas.
A primeira fase caracteriza-se por abordar o amor transcendental, espiritualizado. As poesias dessa fase são escritas com versos longos e a lin-guagem é, por vezes, nebulosa.
A segunda fase da obra de Vinicius de Moraes é o grande momento de sua poesia. Esse é o período em que o poeta começa a produzir letras para músi-cas, especialmente letras de Bossa Nova, estilo que estava nascendo no Rio de Janeiro e se espalharia pelo mundo.
Nessa fase, sua poesia revela a aproximação com o mundo material, concreto. O amor espiritu-alizado da fase anterior passa a ser o amor carnal, envolto em uma aura de erotismo e sensualidade. A linguagem passa de um estilo sublime para o colo-quial, e seus versos são mais curtos.
Consciente de que os sentimentos não são perenes, o poeta define o amor como “chama”, algo intenso, mas que em algum momento se apaga. É uma fase de maior realismo e resignação com os acontecimentos da vida. Vamos ler, agora, dois de seus mais conhecidos poemas: “Soneto de Fidelida-de” e “Soneto da Separação”.
Vinicius de Moraes
Vinícius de Moraes.
Ber
nar
d C
ox.
Soneto de fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
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Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
A rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
O operário em construção
Era ele que erguia as casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
[...]
Soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vimos que esses dois poemas líricos são sone-tos, como os próprios títulos indicam. Vinicius de Moraes é o renovador do soneto, forma utilizada na poesia clássica, muito aplicada por Luís Vaz de Camões. Vinicius moderniza o soneto, inserindo-lhe o prosaico, o banal, o cotidiano, o amor simples, sem perder a intensidade emotiva que essa forma poética proporciona.
Além desse tema observa-se, também, a poe-sia de denúncia social, engajada, como “a Rosa de Hiroshima” e “Operário em Construção”.
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(UERJ) 1.
Mulher ao espelho
Hoje, que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus,
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.
(MEIRELES, Cecília. Poesias Completas.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973.)
A temática e alguns procedimentos característicos do Barroco no século XVII foram retomados no poema de Cecília Meireles.
Tal poema revela uma mudança de perspectiva em relação à primeira geração modernista.
Explique, em uma frase completa, por que a temá-a) tica desse poema difere da temática dominante na primeira fase do Modernismo.
Cite duas características formais do poema que b) acompanham essa mudança de atitude.
Solução: `
A temática existencial, com preocupação religiosa, a) desse poema não era comum na poesia da primei-ra geração modernista.
Dentre as características formais:b)
– versos rimados e metrificados;
– vocabulário elaborado;
– predomínio do uso da língua culta no seu registro formal.
(Elite) “A Rosa de Hiroshima”, de Vinicius de Moraes, foi 2. escrita em razão de quê? Faz parte de qual temática da obra desse poeta?
Solução: `
Foi escrita em razão do lançamento, efetuado pelas forças armadas americanas, da bomba atômica na cidade de Hiroshima no Japão, durante o fim da Segunda Guerra Mundial. Esse poema insere-se na temática social de Vinicius de Moraes.
(Cesgranrio)1.
Pátria Minha
Vinicius de Moraes
A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.
Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei [...]
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos [...]
Vontade de mudar as cores do vestido
[(auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!
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Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contacto com a dor do tempo [...]
Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão [...]
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.
Apesar de modernista, Vinicius apresenta, no texto, características da estética romântica.
Assinale a única característica romântica não presente nesse texto.
Preocupação com o eu-lírico, através da expressão a) de emoções pessoais.
Valoração de elementos da natureza como forma de b) exaltação da terra brasileira.
Sentimentos de saudade e nostalgia, causados c) pela dor do exílio.
Preocupação social, através da menção a proble-d) mas brasileiros.
Abandono do ideal purista dos neoclássicos na e) prevalência do conteúdo sobre a forma.
O texto a seguir refere-se às questões 2 e 3.
(Unirio)
Metade Pássaro
Murilo Mendes
A mulher do fim do mundo
Dá de comer às roseiras,
Dá de beber às estátuas,
Dá de sonhar aos poetas.
A mulher do fim do mundo
Chama a luz com um assobio.
Faz a virgem virar pedra,
Cura a tempestade,
Desvia o curso dos sonhos.
Escreve cartas ao rio,
Me puxa do sono eterno
Para os seus braços que cantam.
Cite o movimento de vanguarda a que o texto acima 2. pode ser associado.
No texto, o autor desestrutura o senso e instaura o 3. contrassenso.
Teça um breve comentário que justifique a afirmativa acima.
O texto a seguir refere-se às questões 4 e 5.
(Unirio)
Cantiga Outonal
Cecília Meireles
Outono. As árvores pensando...
Tristezas mórbidas no mar...
O vento passa, brando, brando...
E sinto medo, susto, quando
Escuto o vento assim passar...
Apesar de modernista, a autora apresenta tendências 4. de outro movimento literário, evidentes no texto. Que movimento é esse?
Retire do texto uma passagem que justifique a sua 5. resposta anterior e, a seguir, cite a característica que ela apresenta.
(Mackenzie) 6.
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem
acontece a Inconfidência.
Liberdade, ainda que tarde
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira já está viva
e sobe na noite imensa.
E os seus tristes inventores
já são réus – pois se atreveram
a falar em Liberdade.
Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda.”
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Os versos, relacionados à Inconfidência e em redondilha maior, fazem parte da obra de:
Vinicius de Moraes.a)
Mário Quintana.b)
Murilo Mendes.c)
Cecília Meireles.d)
Jorge de Lima.e)
(Mackenzie) 7.
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
O poema acima faz parte da obra de:
Cecília Meireles.a)
Mário Quintana.b)
Jorge de Lima.c)
Murilo Mendes.d)
Carlos Drummond de Andrade.e)
(UFMG) Com relação à religiosidade popular, a atitude 8. presente no livro Novos Poemas, de Jorge Lima, é de:
irreverência impiedosa.a)
crítica ideológica.b)
tolerância condescendente.c)
adesão afetuosa.d)
(Faap)9.
Texto I
Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Texto II
Murilo Mendes
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
O texto II pertence ao estilo de época do:
Modernismo.a)
Dadaísmo.b)
Futurismo.c)
Pré-modernismo.d)
Simbolismo.e)
(Elite) Na década de 1930, despontaram escritores 10. cuja obra poética aproveitou e aprofundou princípios estéticos e ideológicos do movimento modernista de 1922. Entre os poetas dessa geração impõem-se os nomes de:
Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes a) e Mário Quintana.
Manuel Bandeira, Augusto dos Anjos e João Cabral b) de Melo Neto.
Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes e c) Augusto dos Anjos
Murilo Mendes, João Cabral de Melo Neto e Vini-d) cius de Moraes.
Jorge de Lima, Ferreira Goulart e Manuel Bandeira.e)
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(Cesgranrio) Texto:1.
As sem-razões do amor
Carlos Drummond de Andrade
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
O texto lido inclui-se em Corpo, um dos últimos livros publicados em vida do autor, em 1984. O amor representou um dos temas recorrentes no universo drummondiano. Na segunda fase de sua obra poética, na década de 1930, entretanto, sua preocupação mais evidente centraliza-se na(o):
incomunicabilidade.a)
metafísica.b)
poesia reflexiva.c)
poesia social.d)
experimentalismo formal.e)
(ITA) Dadas as afirmações:2.
A poesia de Carlos Drummond de Andrade, de ca-I. ráter fundamentalmente regionalista e preocupada
com o cotidiano, restringe-se a um inventário das emoções mineiras do poeta.
A poesia de Manuel Bandeira, de inspiração jor-II. nalística e de caráter confidencial e autobiográfico, exprime-se tanto pelo verso livre quanto pelo tra-dicional.
A obra lírica de Cecília Meireles, marcada por cons-III. tantes formais – como o mar, o espaço, a solidão, o sentimento do efêmero – é essencialmente des-critiva, voltada para a natureza brasileira e nossos vultos históricos.
Está (ão) correta(s):
nenhuma.a)
apenas I.b)
apenas II.c)
apenas III.d)
todas.e)
(UFSC) Mário Quintana, considerado pela crítica um 3. lírico autêntico, possuía rigoroso domínio da forma poética e uma agilidade criadora que lhe permitiam passar de uma inspiração a outra, sem deter-se em lugares-comuns. Seus poemas têm um direcionamento mais filosófico do que social. Assinale as proposições em que o comentário está correto de acordo com o texto de Mário Quintana.
(01) “Que dança que não se dança?/ Que trança não se destrança?/ O grito que voou mais alto/ Foi um grito de criança.” O autor fez uso, nesse texto, a exemplo dos simbolistas, da musicalidade obtida pela repeti-ção e/ou semelhança de palavras e sons.
(02) “Eu quero os meus brinquedos novamente!/ Sou um pobre menino... acreditai.../ Que envelheceu, um dia, de repente!...” Mário Quintana revela saudade da in-fância, tempo feliz, em contraste com o desagrado da velhice, digna de piedade.
(04) “Ah!, se eu pudesse, tardezinha pobre,/ Eu pintava trezentos arco-íris/ Nesse tristonho céu que nos en-cobre...” O poeta faz uso das figuras de linguagem hipérbole (exagero) e prosopopeia (personifica-ção).
(08) “Quantas coisas perdidas e esquecidas/ no teu baú de espantos... Bem no fundo,/ uma boneca toda es-traçalhada!/ É ela, sim! Só pode ser aquela,/ a jamais esquecida Bem-Amada./ Em vão tentas lembrar o nome dela.../ E em vão ela te fita... e a sua boca/ tenta sorrir-te mas está quebrada!” Mário Quintana, através de metáforas, sugere uma divagação pelo seu tempo de infância, haja vista a saudade da me-nina amada, de cujo nome e sorriso não consegue lembrar-se.
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(16) “A morte deveria ser assim:/ um céu que pouco a pouco anoitecesse/ e a gente nem soubesse que era o fim.” O poeta faz uma reflexão em torno do mis-tério que a palavra morte sugere, porque não sabe como, nem quando vai ocorrer, mas aspira a que seja simples e suave como o anoitecer.
Soma ( )
(Unesp) A partir da leitura dos seguintes poemas, 4. assinale a alternativa incorreta com relação ao Mo-dernismo.
I – Vício da Fala
Oswald de Andrade
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
II – Poema do Beco
Manuel Bandeira
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
– O que eu vejo é o beco.
III – Festa Familiar
Murilo Mendes
Em outubro de 1930
Nós fizemos – que animação!
Um pic-nic com carabinas.
IV – Cota Zero
Carlos Drummond de Andrade
Stop
A vida parou
ou foi o automóvel?
Os poemas quando não se fixam em uma cena da a) vida cotidiana podem refletir sobre a nossa história com muito humor e ironia.
Predomínio do verso livre e cultivo de uma poesia b) sintética.
Introdução da fala popular e elementos caracterís-c) ticos da prosa.
Os poemas mostram claramente uma ruptura com d) os códigos literários anteriores na forma; no con-teúdo buscam penetrar mais fundo na realidade brasileira.
As experiências de linguagem desses poemas mo-e) dernistas tentam resgatar o formalismo e a riqueza sonora da poesia parnasiana.
(UFMG) Todas as alternativas contêm trechos do 5. Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, que tematizam a importância da palavra como estruturadora da realidade, exceto
“Ai, palavras, ai, palavras,a)
que estranha potência, a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...”
“Como pavões presunçosos,b)
suas letras se perfilam.
Cada recurvo penacho
é um erro de ortografia.
Pena que assim se retorce
deixa a verdade torcida.”
“Liberdade – essa palavrac)
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda!”
“Morre a tinta das sentençasd)
e o sangue dos enforcados...
– liras, espadas e cruzes
pura cinza agora são.
Na mesma cova, as palavras,
o secreto pensamento,
as coroas e os machados
mentira e verdade estão.”
“Pelas gretas das janelas,e)
pelas frestas das esteiras,
agudas setas atiram
a inveja e a maledicência.
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Palavras conjeturadas
oscilam no ar de surpresas,
como peludas aranhas
na gosma das teias densas,
rápidas e envenenadas,
engenhosas, sorrateiras.”
(UEL) Na década de 1930:6.
o Modernismo viu esgotados seus ideais, com a re-a) tomada de uma prosa e de uma poesia de caráter conservador.
a poesia se renovou significativamente, graças a b) poetas como Carlos Drummond de Andrade e Mu-rilo Mendes.
não houve surgimento de grandes romancistas, o c) que só viria a ocorrer na década seguinte.
predominou, ainda, o ideário modernista dos pri-d) meiros momentos, sendo central a figura de Graça Aranha.
a poesia abandonou de vez o emprego do verso, e) substituindo-o pela composição de palavras soltas no espaço da página.
(Fuvest) Como o próprio título indica, no 7. Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, os romances têm como referência nuclear a frustrada rebelião na Vila Rica do século XVIII. No entanto, deve-se reconhecer que:
a base histórica utilizada no poema converte-se no a) lirismo transcendente e amargo que caracteriza as outras obras da autora.
as intenções ideológicas da autora e a estrutura b) narrativa do poema emprestam ao texto as virtudes de uma elaborada prosa poética.
a imaginação poética dá à autora a possibilidade c) de interferir no curso dos episódios essenciais da rebelião, alterando-lhes o rumo.
a matéria histórica tanto alimenta a expressão poé-d) tica no desenvolvimento dos fatos centrais quanto motiva o lirismo reflexivo.
a preocupação com a fidedignidade histórica e com e) o tom épico atenua o sentimento dramático da vida, habitual na poesia da autora.
(PUC-Rio)8.
Não faça versos sobre acontecimentos,
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
Não aquece nem ilumina.
Uma das constantes da obra de Carlos Drummond de Andrade, como se verifica nos versos anteriormente citados, é:
a louvação do homem social.a)
o negativismo destrutivo.b)
a violação e desintegração da palavra.c)
o pessimismo lírico.d)
o questionamento da própria poesia.e)
(UM-SP) É 9. incorreto afirmar sobre a obra de Carlos Drummond de Andrade que:
seu posicionamento individualista o afasta da pro-a) blemática do homem comum, do dia-a-dia.
uma de suas temáticas é a reflexão em torno da b) própria poesia.
a lembrança de Itabira, sua terra natal, aparece em c) parte de sua obra.
ocorre-lhe, muitas vezes, a mostragem de uma an-d) gústia proveniente de acreditar que não há saída para a problemática existencial.
a ironia madura é uma das características marcan-e) tes de sua poesia.
(Elite) Classifique a oração “que ninguém tem nada com 10. isso” encontrada neste epigrama de Mário Quintana.
O Pior O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.
(Unicamp)11.
Aquarela
Murilo Mendes
Mulheres sólidas passeiam no jardim molhado da chuva,
o mundo parece que nasceu agora,
mulheres grandes, de coxas largas, de ancas largas,
talhadas para se unirem a homens fortes.
A montanha lavada inaugura toaletes novas
pra namorar o sol, garotos jogam bola.
A baía arfa, esperando repórteres...
Homens distraídos atropelam automóveis,
acácias enfiam chalés pensativos pra dentro das ruas,
meninas de seios estourando esperam o namorado na janela.
estão vestidas só com uma blusa, cabelos lustrosos
saídos do banho e pensam longamente na forma
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do vestido de noiva: que pena não ter decote!
Arrastarão solenemente a cauda do vestido
até a alcova toda azul, que finura!
A noite grande encherá o espaço
e os corpos decotados se multiplicarão em outros.
O título do poema de Murilo Mendes poderia ser explicado a partir de qualquer uma das definições a seguir:
Aquarela:
Massa com pigmento de várias cores, que se deve 1. dissolver em água para reduzi-la a tinta.
Técnica de pintura [...] na qual o aquarelista deve 2. trabalhar rapidamente, sem se deter em minúcias e sem poder sobrepor a tinta para retoques.
(fig.) Visão alegre ou otimista de uma época, uma 3. situação, um lugar etc.
Escolha um dos significados da palavra a) aquarela e explique a escolha desse título para o poema.
Em “b) Aquarela”, o verso “o mundo parece que nas-ceu agora” concentra algumas imagens poéticas que são recorrentes no poema todo. Explicite duas dessas imagens e encontre em outros versos do poema expressões que reflitam essas imagens.
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C1.
Surrealismo.2.
Há falta de lógica apresentada em cada verso, na relação 3. dos verbos com os substantivos.
Exemplo: 2.° v, 3.° v, 6.° v etc.
Simbolismo.4.
Passagem: resposta pessoal.5.
Característica: o esquema rímico e o esquema rítmico traduzem a musicalidade;
há presença de elementos sensoriais;
há presença de palavras etc.
D6.
E7.
D8.
A 9.
A10.
C1.
A2.
Soma: 29 (01+04+08+16).3.
E 4.
C 5.
B6.
D 7.
E 8.
A9.
Oração subordinada substantiva apositiva.10.
11.
3. (fig.) “Visão alegre ou otimista de uma época”, a) pois corresponde à caracterização constante do texto.
“o mundo parece que nasceu agora” sugere um b) mundo reconstruído por imagens surrealistas e po-éticas: “Homens distraídos atropelam automóveis”, “meninas de seios estourando”, “alcova toda azul”.
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