AMANDA RIBEIRO GUIMARÃES
Geração, Contração e Polarização de Bases Gaussianas para Cálculos Quânticos de Átomos e Moléculas.
São Carlos
2013
Dissertação apresentada à Universidade de São Paulo, no Instituto de Química de São Carlos, como parte dos requisitos para a obtenção do título de mestre em Ciências.
Área de Concentração: Físico-Química
Orientador: Prof. Dr. Albérico Borges Ferreira da Silva
Exemplar revisado
O exemplar original encontra-se em
acervo reservado na Biblioteca do IQSC-USP
A meus pais Raimundo Neto Guimarães e Raimunda Maria Ribeiro e a meu irmão Alexandre Ribeiro Guimarães, pelo amor incondicional, carinho, credibilidade e incentivo.
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr.Albérico Borges Ferreira da Silva, meu orientador, pela
paciência e confiança em partilhar conhecimentos.
Aos amigos especiais Suzy, Cícero, Willyam, Delzianny e Glaucia, pela
amizade e incentivo em minha caminhada acadêmica.
Às amigas Patrícia Raquel, Mônica e Dana.
Aos amigos LílianFiorini, Orlando Lima, Anderson Arandas, Aldinéia
Pereira, Nayane Borges, Emmanuela Ferreira (Manu), Aline Oliveira, Joice
Jaqueline e Virgínia Gonzaga, por tornarem melhores e mais divertidos
meus dias em São Carlos.
À amiga Andressa Borba e família.
Aos amigos de laboratório Glaucio, Estevão, Milena, Régis, Luís, Tiago,
Rafael e Ronaldo, pela ajuda e companheirismo.
Ao Dr. Ednilson Orestes e ao Professor Dr. Ricardo Celeste, pelos
preciosos ensinamentos em química quântica computacional.
À CAPES, pela bolsa concedida.
“Não leve essa aula muito a sério... apenas relaxe e desfrute dela. Vou contar para você
como a natureza se comporta. Se admitir que ela apenas manifesta tal comportamento,
você a considerará encantadora e cativante. Não fique dizendo para si mesmo: mas
como ela pode ser assim? Porque, nesse caso, você entrará num beco sem saída, do qual
ninguém ainda escapou. Ninguém sabe porque a natureza pode ser assim.”
Richard Feynman
Prêmio Nobel de Física 1965
RESUMO
Muitos grupos de pesquisa já trabalharam com o desenvolvimento de conjuntos de
bases, no intuito de obter melhores resultados em tempo e custo de cálculo
computacional reduzidos. Para tal finalidade, o tamanho e a precisão são fatores a ser
considerados, para que o número de funções do conjunto gerado proporcione uma boa
descrição do sistema em estudo, num tempo de convergência reduzido. Esta dissertação
tem como objetivo apresentar os conjuntos de bases obtidos pelo Método da
Coordenada Geradora, para os átomos Na, Mg, Al, Si, P, S e Cl, e avaliar a qualidade
de tais conjuntos pela comparação da energia eletrônica total, em nível atômico e
molecular. Foi realizada uma busca para a obtenção do melhor conjunto contraído e do
melhor conjunto de funções de polarização. A qualidade do conjunto gerado foi
avaliada pelo cálculo DFT-B3LYP, cujos resultados foram comparados aos valores
obtidos por cálculos que utilizam funções de bases conhecidas na literatura, tais como:
cc-pVXZ do Dunning e pc-n do Jensen. Pelos resultados obtidos, pode-se notar que os
conjuntos de bases gerados neste trabalho, denominados MCG-3d2f, podem representar
sistemas atômicos ou moleculares. Tanto os valores de energia quanto os de tempo
computacional são equivalentes e, em alguns casos, melhores que os obtidos aqui com
os conjuntos de bases escolhidos como referência (conjuntos de Dunning e Jensen).
Palavras-chave: Método da Coordenada Geradora, Discretização Integral Polinomial,
Contração, Polarização, Energia Eletrônica.
ABSTRACT
Many research groups have been working with the development of basis sets in order to
get the best results in reduced time and cost of computational calculation. It is known
that for such purpose, size and accuracy are the primary factors to be considered, so that
the number of the generated set of functions allows a good description of the system
being studied in a small convergence time. This essay aims to present the basis sets
obtained by the Generator Coordinate Method for the atoms Na, Mg, Al, Si, P, S and Cl,
as well as evaluating the quality of such clusters by comparing the electron energy at
atomic and molecular levels. A research was also performed to obtain the best set
contracted as well as the best set of polarization functions. The quality of the generated
set was evaluated by calculating DFT-B3LYP results, which were compared to values
obtained through calculation using basis functions such as cc-pVXZ of Dunning and pc-
n of Jensen. It can be noted, from the results obtained, that the basis sets generated in
this study, named MCG-3d2f, may well represent atomic or molecular systems. Energy
values and the computational time are equivalent and in some cases, even better than
those obtained with the sets of bases chosen here as reference sets (Dunning and
Jensen).
Keywords: Generator Coordinate Method, Integral Polynomial Discretization,
Contraction, Polarization, Electronic Energy.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Esquema computacional de um cálculo HF e DFT. ...................................... 30
Figura 2 - Porcentagem de publicações que utilizaram o funcional B3LYP entre os anos
de 2001-2017. ................................................................................................................. 31
Figura 3 - Sequência dos cálculos que foram efetuados com os respectivos programas
utilizados em cada etapa. ................................................................................................ 32
Figura 4 - Comparação da energia da base gerada com o Hartree-Fock numérico. ....... 34
Figura 5 - Comparativo entre os valores de energia das diferentes polarizações. .......... 35
Figura 6 - Comparação entre os tempos computacionais calculados para cada molécula
com as bases cc-pv5z e MCG-3d2f. ............................................................................... 37
Figura 7 - Comparação entre os tempos computacionais calculados para cada molécula
com as bases pc-3, pc-4 e MCG-3d2f............................................................................. 38
Figura 8 - Comparação entre os tempos computacionais calculados com o funcional
BMK para cada molécula com as bases pc-3, pc-4 e MCG-3d2f................................... 40
Figura 9 - Comparação entre os tempos computacionais calculados com o funcional
M06L para cada molécula com as bases pc-3, pc-4 e MCG-3d2f. ................................. 41
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Tamanho dos conjuntos cc-pVXZ para os átomos da primeira fila da tabela
periódica. ........................................................................................................................ 18
Tabela 2 - Tamanho dos conjuntos cc-pVXZ para os átomos da segunda fila da tabela
periódica. ........................................................................................................................ 18
Tabela 3 - Tamanho dos conjuntos pc-n para os átomos da primeira fila. ..................... 19
Tabela 4 - Tamanho dos conjuntos pc-n para os átomos da segunda fila. ..................... 19
Tabela 5 - Número de funções primitivas para os átomos de Na até o Ar. .................... 33
Tabela 6 - Funções s e p primitivas e contraídas. ........................................................... 34
Tabela 7 - Energias eletrônicas calculadas com os conjuntos de bases cc-pv5z e MCG-
3d2f. ................................................................................................................................ 36
Tabela 8 - Energias eletrônicas calculadas com os conjuntos de bases pc-3 e pc-4 de
Jensen e com o conjunto MCG-3d2f. ............................................................................. 37
Tabela 9 - Valores da energia eletrônica para as bases MCG-3d2f, pc-3 e pc-4
calculadas com o funcional hibrido BMK. ..................................................................... 39
Tabela 10 - Valores da energia eletrônica para as bases MCG-3d2f, pc-3 e pc-4
calculadas com o funcional hibrido M06L. .................................................................... 40
LISTA DE SIGLAS
HF Hartree-Fock
STFs Slater Type Function
GTFs Gaussian Type Functions
DFT Teoria Funcional da Densidade
MCG Método da Coordenada Geradora
CG Coordenada Geradora
GHW-HF Griffin-Hill-Wheeler-Hartree-Fock
DV Discretização Variacional
DI Discretização Integral
DIP Discretização Integral Polinomial
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11
1.1 Funções de bases ...................................................................................................... 11
1.1.1 Funções do tipo Slater .............................................................................. 13
1.1.2 Funções do tipo Gaussiana ....................................................................... 14
1.2 Funções de Polarização ......................................................................................... 15
1.3 Critério para adaptação dos Conjuntos de bases: O Método Variacional ............. 16
1.4 O Desenvolvimento de funções de bases .............................................................. 17
1.4.1 As considerações de Dunning .................................................................. 17
1.4.2 O trabalho de Jensen ................................................................................. 18
2. OBJETIVO ............................................................................................................ 21
3. METODOLOGIA ................................................................................................. 22
3.1 O Método da Coordenada Geradora ......................................................................... 22
3.2 A Discretização Integral e a Troca de Rótulos ......................................................... 24
3.2.1 A Discretização Integral Polinomial .............................................................. 26
3.3 A Contração de Bases ............................................................................................... 27
3.4 A Polarização de Bases............................................................................................. 28
3.5 Teoria do Funcional da Densidade ........................................................................... 28
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 31
5. CONCLUSÕES .................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 43
APÊNDICE .................................................................................................................... 48
11
1. INTRODUÇÃO
O método Hartree Fock (HF) é um dos mais utilizados para descrever a estrutura
eletrônica de átomos e moléculas. Apesar dos resultados obtidos, vale ressaltar que a
função de onda HF não consegue descrever o movimento correlacionado dos elétrons,
além de não considerar o efeito relativístico. A solução adotada para contornar tais
restrições e obter um bom cálculo HF está em escolher, primeiramente, o conjunto de
bases adequado ao sistema em estudo e, a partir daí, fazer as devidas correções.
Um cálculo HF atômico pode ser resolvido numericamente. As dificuldades
surgem com o aumento do número de elétrons e torna-se até impraticável com o
aumento da complexidade do sistema, como é o caso molecular [1]. Esse problema foi
viabilizado por D.R. Roothaan [2] que propôs, em 1951, a representação dos orbitais de
Hartree-Fock como uma combinação linear de um conjunto completo de funções
conhecidas, denominada Função de Base [3].
Desde o sucesso da contribuição de Roothaan, a busca por conjuntos de bases
que melhor representem os diversos sistemas, e que possam ser estudados com a
utilização de cálculos quânticos, tem sido intensa. Em anos de pesquisa, percebe-se que
a precisão dos cálculos das propriedades físicas e químicas de sistemas atômicos e
moleculares, obtidos pelo formalismo Hartree-Fock, depende da escolha adequada do
conjunto de funções de bases. Para isso, deve-se fazer a seguinte pergunta:
• Quantas e quais funções matemáticas devem e podem ser utilizadas para
representar o sistema em estudo?
Este trabalho procura responder a essa pergunta, tomando como ponto de partida a
geração e a manipulação dessas funções de bases, de tal modo que seu uso resulte em
boa descrição do sistema de interesse e em redução de tempo e de custo computacional.
1.1 Funções de bases
A qualidade dos cálculos HF depende da escolha do conjunto de bases que
melhor representará os orbitais atômicos e moleculares. Por sua importância, tal escolha
não pode ser feita de forma aleatória. Alguns critérios devem ser considerados para
orientar o investigador na realização da melhor seleção do tipo e do número de funções
de bases.
Segundo Morgonet al.[4], a escolha do conjunto de bases depende,
normalmente, de três critérios:
12
• as funções de bases devem propiciar a obtenção de propriedades físicas
compatíveis com as observadas experimentalmente, desde que a aproximação
Hartree-Fock-Roothaan seja suficiente para representar de forma adequada a
distribuição eletrônica;
• a quantidade de funções de bases deve corresponder a uma série completa ou
próxima disso (conjunto completo);
• quanto ao aspecto computacional, a determinação de todas as integrais
necessárias ao cálculo da propriedade a ser investigada deve ser obtida sem
grande dificuldade.
A abordagem mais simples, considerada econômica (em relação à economia de
tempo computacional), consiste em utilizar uma base mínima, onde uma única função
da base irá representar cada um dos orbitais atômicos ocupados. Por exemplo, uma base
mínima para o CH4 consiste em nove funções, das quais quatro representarão os quatro
orbitais H1s e uma função para cada um dos orbitais 1s, 2s, 2px, 2py e 2pz do
carbono[5].
Com o objetivo de aumentar a concordância entre os valores calculados e os obtidos
experimentalmente, pode-se recorrer ao aumento do número de funções de bases.
• DOUBLE-ZETA
O número de funções utilizadas é exatamente o dobro das utilizadas em uma base
mínima.
• TRIPLE-ZETA
Como o nome sugere cada função da base mínima é representada por uma
combinação linear de três funções de bases. Assim, para o caso do CH4, cada uma das
nove funções é representada pela combinação linear de três funções de bases mínima,
totalizando 27 funções.
• SPLIT-VALENCE
Nesta base, os orbitais são, inicialmente, classificados como os que pertencem à
camada interna (caroço) e os da camada externa (valência). Definido isso, cada orbital
de valência passa a ser representado por uma função e os de caroço, por duas.
Desse tratamento matemático diferenciado, dado a cada parte do sistema (atômico
ou molecular), surgem os diversos conjuntos de funções como, por exemplo, a 3-21G.
Usar um conjunto como esse nada mais é do que calcular a camada interna do sistema
13
com três funções (gaussianas) e subdividir a camada valência em interna e externa,
tratando-as com duas e uma funções gaussianas, respectivamente [6].
As primeiras funções utilizadas em cálculos quânticos computacionais foram as
do tipo hidrogenóides, geradas para resolver a equação de Hartree-Fock para átomos
monoeletrônicos, cuja forma é:
, , = , (1)
Sendo:
= − 2
(2)
onde são os chamados polinômios associados de Languerre de grau n-l-1 e de
ordem 2 + 1.
A justificativa para o uso dessas equações está no fato de elas aparecerem
naturalmente como resultado da solução da equação de Schrödinger. A dificuldade
computacional em usar esta equação surge com o aumento do número quântico n, além
de dificultar a avaliação das integrais encontradas.
A busca por novas funções que pudessem melhor descrever tanto os sistemas
atômicos quanto os moleculares resultou nos conjuntos de funções STFs e GTFs, que
serão discutidos a seguir, com mais detalhes.
1.1.1 Funções do tipo Slater
As funções de Slater [7] ou STFs são semelhantes às funções hidrogenóides,
diferindo delas na parte radial que é substituída por:
ξr)(ξ)rN(n=ξ)(r,R n
n −− exp, 1
(3)
Sendo N um fator de normalização:
2/12n
21
2
])![(
+n
ξ=ξ)N(n,
(4)
14
Na equação proposta por Slater, o parâmetro ξ corresponde ao expoente orbital e
pode ser ajustado em função de algum critério predeterminado (ajustado
variacionalmente para a obtenção da menor energia).
Tanto as funções hidrogenóides quanto as de Slater são soluções da equação de
Schrödinger. O que difere uma da outra é o tipo de potencial com o qual cada uma
delas foi gerada [4]. Enquanto a equação para o potencial das funções hidrogenóides é
= −
(5)
para as STFs, o potencial é obtido por
= − + − 1 − + 1!/2
(6)
As STFs descrevem com excelência propriedades físicas e químicas de átomos, mas
não apresentam o mesmo desempenho quando se trata de moléculas, uma vez que as
integrais multicêntricas, que surgem no cálculo, tornam-se de difícil solução numérica.
Nesse ponto, necessitava-se de um conjunto de funções que pudessem descrever
satisfatoriamente não apenas os sistemas atômicos, mas também os sistemas
moleculares.
1.1.2 Funções do tipo Gaussiana
Com o intuito de simplificar as integrais multicêntricas, Boys [8] e colaboradores
propuseram, em 1950, a utilização de Funções do tipo Gaussianas (GTFs) no lugar de
STF. A parte radial foi modificada para:
21),(),( rnn ernNrR ααα −−= (7)
sendo:
4/12/14/)12(1 )2(])!12[(2),( −++ −= παα nnN n (8)
As regiões próximas ao núcleo não são bem descritas por GTFs, o que limita a
representação eficaz do orbital atômico nesses pontos. A solução encontrada para
contornar o problema foi fazer a combinação linear de várias gaussianas oX :
15
o
N
oomXc∑
=
=1
ψ
(9)
A vantagem de se trabalhar com GTFs, consiste no fato de que a combinação
linear de várias funções gaussianas pode ser representada por uma única função
gaussiana, cujo processo denomina-se contração. Essa propriedade é importante, pois,
como já foi dito, é necessário um número muito maior de funções gaussianas para a
descrição mais efetiva de certos pontos do espaço. O processo de contração reduz a
quantidade de integrais necessárias ao cálculo, o que resulta na diminuição do número
de coeficientes omc a ser otimizados e, consequentemente, na diminuição do tempo
computacional.
1.2 Funções de Polarização
Os conjuntos de bases podem ser melhorados com o acréscimo de novas
funções. Os orbitais atômicos são distorcidos, ou seja, polarizados pelos átomos
adjacentes, quando as ligações formam as moléculas. A adição de novas funções ditas
de polarização ao conjunto de função de base resulta em uma correção do cálculo que
então levará em consideração eventuais polarizações ou distorções na estrutura
eletrônica.
As funções de polarização são aquelas com valores maiores, de momento
angular (l). Para os átomos no estado fundamental da primeira e segunda fila, é
necessária apenas uma base com funções s para se obter bons valores de energia.
Porém, quando se trata de moléculas resultantes da junção de dois desses átomos (N2,
por exemplo), funções com valores maiores que l (d, f,...) devem ser adicionadas à base,
para a obtenção de melhores resultados. Segue, então, que, para o átomo de hidrogênio,
a descrição para o estado fundamental requer apenas as funções s. Funções p, d, etc.,
centradas no hidrogênio, para o cálculo molecular, são consideradas funções de
polarização [9].
Na prática, as funções de polarização são representadas nos programas
computacionais pela adição de um ou dois asteriscos à função de base. Para uma função
genérica do tipo m-npG (m gaussianas contraídas em uma para o caroço, n gaussianas
contraídas em uma para a camada de valência interna e p gaussianas para a camada de
valência externa), a adição de funções de polarização do tipo d, para átomos diferentes
16
do hidrogênio, produz uma base m-npG*; a adição complementar de funções de
polarização do tipo p, para os átomos de hidrogênio, produz uma base m-npG** [5,6].
1.3 Critério para adaptação dos Conjuntos de bases: O Método Variacional
Após a escolha do tipo de funções de bases, o próximo passo é buscar ferramentas
que ajudem a adaptar essas funções ao sistema de interesse. Para isso, é necessário
definir o critério de ajuste.
Tanto as GTFs quanto as STFs possuem parâmetros (α e ξ , respectivamente) que
podem ser ajustados a partir de um critério predeterminado. Em geral, o critério mais
adotado é fundamentado no princípio variacional, cuja descrição é a seguinte:
Dada uma função de onda aproximada aceitável, o valor médio da energia,
calculado a partir desta função, é sempre maior que a energia verdadeira do nível
fundamental [10].
Verifica-se que
(10)
em que [ ]arbWψ é o funcional de arbψ
e 0E
é a energia verdadeira do estado
fundamental do sistema, tal que [11]
00 ψψ EH =∧
(11)
O método variacional guia-nos ao entendimento de que o que se procura são
funções de onda capazes de minimizar a energia média calculada[12]. Partindo desse
pressuposto, entende-se que os parâmetros α e ξ devem ser ajustados, para que as GTFs
e as STFs possam resultar em funções de onda que forneçam a menor energia possível.
Desse modo, o resultado do cálculo tenderá a valores próximos ao da energia no estado
fundamental.
Vale ressaltar que a possibilidade de criar qualquer função de onda, com qualquer
conjunto de base, não torna uma tarefa simples a busca pelo melhor tipo de função de
base e do número ideal de funções a serem utilizadas. Existe um número infinito de
possibilidades que resultam em funções de onda, com ótimos valores semelhantes ou
tendendo a um limite inferior (valores da energia no estado fundamental). Alguns
aspectos, tais como o custo computacional, devem ser avaliados, mesmo que todas essas
[ ] 0*
*
Ed
dHHW
arbarb
arbarb
arbarb
arbarbarb ≥
∫
∫=⟩⟨
≡τψψτψψ
ψψψψ
ψ
17
possibilidades sejam consideradas adequadas [11]. A geração de funções de bases é uma
tarefa onerosa e exige uma busca cuidadosa da melhor maneira de se obter funções que
forneçam valores mínimos de energia, com tempo e custo computacional reduzidos.
1.4 O Desenvolvimento de funções de bases
1.4.1 As considerações de Dunning
Conjuntos de bases têm sido cuidadosamente desenvolvidos com o intuito de
descrever adequadamente o sistema de interesse. O tamanho e a precisão são os
principais critérios levados em consideração, uma vez que o custo computacional de
cálculos atômicos e moleculares cresce de acordo com o número de funções de bases,
numa escala de aproximadamente N4 para cálculos Hartree-Fock e N5 para a teoria de
perturbação de segunda ordem. Esse número tende a crescer com o aumento da precisão
do método [13].
A descrição teórica de propriedades, tais como energias de ligação, afinidades
eletrônicas, energias de ionização, etc., exige que os efeitos de correlação sejam
incluídos nos cálculos de estrutura eletrônica. Esta correlação instantânea no movimento
dos elétrons foi estudada por Dunning e colaboradores. Tais efeitos provaram ser um
dos problemas mais desafiadores, quando se estuda a estrutura eletrônica [14].
Os efeitos de correlação são descritos por configurações de dois ou mais elétrons,
promovidos dos orbitas de valência para orbitais virtuais. Com o aumento de tais
configurações, há também o aumento do tamanho dos conjuntos de bases. Dunning
também objetivou diminuir o número de funções de bases (tomando como referência o
tamanho dos conjuntos de bases disponíveis na época) que seriam necessárias para
atingir um dado nível de precisão.
A premissa deste trabalho surgiu com Almlöf, Taylor e colaboradores [15]. Eles
afirmaram que conjuntos de bases de orbitais naturais, derivados de cálculos atômicos
correlacionados, fornecem uma excelente descrição dos efeitos de correlação molecular.
Dunning, por sua vez, além de desenvolver um cuidadoso estudo dos efeitos de
correlação, alcançou uma maior flexibilidade. Incorporando o método geral de
contração proposto por Raffenetti[16] e a inclusão de funções de polarização, tornou
possível melhorar a energia de correlação, tal como descrito por Hashimoto[17].
Os conjuntos de bases gerados por Dunning foram determinados em nível Hartree-
Fock. Todo esse trabalho resultou no conjunto denominado cc-pVXZ (X= D, T, Q...),
18
cuja expansão se dá de forma sistemática (double-zeta, triple-zeta, quadruple-zeta...). A
cobertura dos espaços atômicos, radiais e angulares aproximam-se do limite de um
conjunto completo, isto é, X→∞ para cc-pVXZ. Para os conjuntos s e p dos átomos da
primeira e segunda filas, por exemplo, as funções cc-pVXZ são dispostas conforme as
tabelas 1 e 2.
Tabela 1 - Tamanho dos conjuntos cc-pVXZ para os átomos da primeira fila da tabela periódica.
Conjuntos sp
Primitivas Contração Polarização
cc-pVDZ (9s4p) [3s2p] (1d)
cc-pVTZ (10s5p) [4s3p] (2d1f)
cc-pVQZ (12s6p) [5s4p] (3d2f1g)
cc-pv5z (14s8p) [6s5p] (4d3f2g1h)
Tabela 2 - Tamanho dos conjuntos cc-pVXZ para os átomos da segunda fila da tabela periódica.
Conjuntos sp
Primitivas Contração Polarização
cc-pVDZ (12s8p) [4s3p] (1d)
cc-pVTZ (15s9p) [5s4p] (2d1f)
cc-pVQZ (16s11p) [6s5p] (3d2f1g)
cc-pv5z (20s12p) [7s6p] (4d3f2g1h)
1.4.2 O trabalho de Jensen
Para a maioria dos conjuntos de bases conhecidos na literatura, os coeficientes e
expoentes de contração foram obtidos por meio da metodologia Hartree-Fock. Os
conjuntos pc-n (n=1, 2, 3 e 4 )[18-20], propostos por Jensen e colaboradores, foram
criados para cálculos que utilizam o método do Funcional da Densidade e o funcional
BLYP para a obtenção dos parâmetros (expoentes e coeficientes)[18].
O processo baseia-se em otimizar, em nível atômico, as funções do tipo s e p
(tomando os átomos da primeira e segunda filas da tabela periódica) e, em nível
molecular, as funções de polarização. Para melhorar o desempenho dos conjuntos de
bases, adotou-se o processo de contração das funções s e p, seguindo a metodologia da
contração geral. Segundo Jensen, os conjuntos de bases pc-n (Tabela 2) fornecem uma
maneira sistemática de convergir para o limite dos conjuntos de bases. Seu desempenho
19
chega a ser comparável ou melhor que as alternativas existentes com o número
semelhante de funções [21]. As Tabelas 3 [18] e 4 [21] mostram o tamanho, a contração
e a polarização das bases de Jensen, para os átomos da primeira e segunda filas da
tabela periódica.
Tabela 3 - Tamanho dos conjuntos pc-n para os átomos da primeira fila.
Conjuntos s e p
Primitivas Contração Polarização
pc-0 (5s 3p) [3s2p]
pc-1 (7s 4p) [3s2p] 1d
pc-2 (10s 6p) [4s3p] 2d1f
pc-3 (14s 9p) [6s5p] 4d2f1g
pc-4 (18s 11p) [8s7p] 6d3f2g1h
Tabela 4 - Tamanho dos conjuntos pc-n para os átomos da segunda fila.
Conjuntos s e p
Primitivas Contração Polarização
pc-0 (8s 6p) [4s3p]
pc-1 (11s 8p) [4s3p] 1d
pc-2 (13s 10p) [5s4p] 2d1f
pc-3 (17s 13p) [6s5p] 4d2f1g
pc-4 (21s 16p) [7s6p] 6d3f2g1h
Inicialmente, pensou-se em comparar os resultados obtidos somente com os
conjuntos de funções de base de Dunning e com as também muito conhecidas funções
de base de Pople [22-23]. Os primeiros resultados mostraram que as clássicas funções
de Pople destacavam-se em tempo computacional, mas deixava a desejar quando as
energias eletrônicas eram comparadas com as funções geradas aqui neste trabalho.
Deste modo, escolheu-se as para fins comparativos, as funções de base de Jensen e de
Dunning as quais apresentaram resultados equivalentes (valores de energia eletrônica
total e tempo computacional) aos obtidos pelo Método da Coordenada Geradora
apresentados aqui neste trabalho.
Outra justificativa que nos levaram a escolher estes dois conjuntos de bases
dentre tantos outros conhecidos, está nos excelentes resultados que estas bases têm
20
fornecido em inúmeros trabalhos da literatura [24-34]. Os conjuntos de Dunning são
praticamente considerados clássicos com inúmeras citações as bases de Jensen tem se
destacado principalmente em cálculos DFT, usando o funcional de troca-correlação
B3LYP.
21
2. OBJETIVO
O objetivo desta dissertação é gerar conjuntos de bases, por meio do Método da
Coordenada Geradora, juntamente com a técnica de Discretização Polinomial Integral,
para os átomos pertencentes à segunda fila da tabela periódica. Buscar-se-á a melhor
contração e as funções de polarização mais adequadas para cada conjunto de base
atômica obtido, visando obter energia eletrônica, em nível atômico e molecular, mais
próxima aos parâmetros de referência identificados neste trabalho.
22
3. METODOLOGIA
Este trabalho foi dividido em quatro etapas de cálculos:
1) Geração dos Conjuntos de bases
O programa ATOMSCF[35] foi utilizado para gerar os conjuntos de
bases e tem como base teórica o Método da Coordenada Geradora. Ele foi
modificado para que o tratamento dado às integrais pudesse ser feito através da
Discretização Integral Polinomial.
2) Contração da Base
Nesta etapa, algumas funções foram eliminadas dos conjuntos de bases e,
para isso, utilizou-se o programa CONTRACT[36], que trabalha orientado pelos
conceitos de contração propostos por Davidson.
3) Polarização da Base
Neste trabalho, as funções de polarização serão obtidas a partir da
simples escolha de alguns expoentes da própria função de base primitiva. Este
procedimento vem sendo testado pelo grupo e discutido no trabalho de
Maringolo [37], cujo método pode substituir de forma eficaz o dispendioso
procedimento de otimização computacional.
4) Testes Moleculares
O programa GausView5 foi utilizado para o desenho das moléculas e o
GAUSSIAN 09[38], para a realização dos cálculos. O método utilizado para
testar a qualidade das bases foi o DFT e o funcional B3LYP[39].
As bases teóricas citadas aqui serão apresentadas e discutidas nas seções
subsequentes.
3.1 O Método da Coordenada Geradora
Em 1986, Mohallem, Dreizler e Trsic [40] propuseram uma alteração nas equações
de Griffin-Wheeler, que hoje nos permitem gerar bases universais de qualidade
excelente para cálculos atômicos e moleculares. Desse modo, nasceu o Método da
Coordenada Geradora (MCG). Inicialmente, o MCG objetivava relacionar o
movimento coletivo dos elétrons com o movimento das partículas individuais. Em 1957,
Griffin e Wheeler[28] propuseram a formulação variacional, com aplicação direta a
estados ligados. Em meados dos anos 70, houve uma tentativa de aplicar o MCG em
problemas de espalhamento e nas reações nucleares, cujo resultado deixou a desejar
23
quanto aos aspectos coletivos do núcleo. Posteriormente, Wong fez a correspondência
entre o MCG e a equação de Schrödinger, em um espaço truncado, e tornou-o um
método de aplicação geral [41,42].
A função de onda, tentativa apresentada por Hill e Wheeler, e, posteriormente,
simplificada por Griffin e Wheeler, é dada por:
∫∞
=0
1 )(),()...( αααφψ dfrrr N (12)
onde ϕ(r,α) (orbital do tipo Slater ou Gaussiano dependente de α) é a função geradora
e α e r são, respectivamente, as coordenadas geradora e espacial. As funções peso
)(αf , inicialmente desconhecidas, devem ser determinadas de modo a minimizar a
energia total no espaço das coordenadas α e r [9, 43-44].
De modo interativo, a formulação proposta da função tentativa segue os seguintes
passos:
a) o potencial sentido pelas partículas é trocado por um potencial fictício V;
b) resolve-se a equação para as partículas individuais, movendo-se sob esse
potencial;
c) monta-se o determinante de Slater, que constitui a função de onda geradora
),( αφ r , para a solução do problema de muitos corpos.
A transformação integral é constituída pela função geradora (tentativa) e pela função
peso )(αf . Esta última, uma vez determinada, leva a uma expressão para a função de
onda de muitos corpos, )...( 1 Nrrψ . A solução da equação de Schroedinger, juntamente
com um operador Hamiltoniano, caracterizam o sistema em estudo.
Para o sucesso da aplicação do Método da Coordenada Geradora, algumas
considerações devem ser feitas:
• deve-se verificar o grau de liberdade do sistema, para que saibamos quais
coordenadas geradoras (CG) são mais importantes; tomando como exemplo o
estudo de problemas de espalhamento, adota-se como CG a distância entre os
núcleos que colidem;
• as funções geradoras devem ser escolhidas de acordo com as condições de
contorno do problema em questão, de modo que haja semelhança entre os dois;
• as funções escolhidas devem ser bem comportadas;
24
• deve-se verificar inicialmente se a função de onda de muitos corpos possui
solução analítica e, se isso não for possível, escolhe-se um procedimento
numérico adequado.
Vale ressaltar que as soluções analíticas para as equações de Griffin e Wheeler são
escassas na literatura e, em geral, o tratamento matemático adotado consiste em utilizar
técnicas de discretização ou a aproximação do recobrimento gaussiano[9-45].
Tomando como base o Método da Coordenada Geradora, Mohallem, Dreizler e
Trisc apresentaram uma nova formulação para as equações de Hartree-Fock que
denominaram Método da Coordenada Geradora Hartree-Fock. Suas equações são
conhecidas como equações de Griffin-Wheeler-Hartree-Fock (GHW-HF) e são
representadas por:
0)()],(),([ =−∫ βββαεβα dfSF ii i = 1,2,3,...m (13)
Onde F e S são, respectivamente, os núcleos de Fock e de recobrimento [30]. As
soluções das equações de GHW-HF são obtidas, partindo-se de uma função peso inicial
e de um critério de convergência arbitrário, tomado inicialmente, que fornecem as
energias orbitais iε e as funções peso )(αf [9,43,47]. Para sistemas simples como o
átomo de hidrogênio, é possível obter uma solução analítica das equações de GHW-
HF[42]. Porém, os sistemas multieletrônicos exigem um tratamento mais cuidadoso em
que as integrais envolvidas são avaliadas por técnicas de discretização.
3.2 A Discretização Integral e a Troca de Rótulos
Como não há um suporte matemático para a resolução das equações GHW-HF,
adotou-se o procedimento de fornecer às integrais valores ótimos nos pontos que as
discretizam. Para as equações de GHW-HF, esses pontos são os valores da coordenada
geradora α, que são os mesmos expoentes de uma GTF (ou o ξ de uma STF).
Nos processos usuais de discretização, os α podem ser ajustados de modo a
minimizar a energia total. Esse procedimento é denominado de Discretização
Variacional (DV) e leva às equações de Roothaan [46]. O problema da aplicação de
uma DV consiste no fato de que, quando escolhemos os expoentes que minimizam a
energia, também estamos otimizando estes mesmos expoentes para a melhor obtenção
do orbital 1s (energeticamente mais importante). Com isso, os valores médios da
energia dos demais orbitais são prejudicados.
25
Em uma proposta apresentada por Mohallen, denominada de Discretização Integral
(DI) [48], o processo de solução das equações de autovalores foi acoplado à escolha dos
parâmetros da função peso )(αf , explorando uma representação contínua do MCG, o
que evita a otimização de cada um dos pontos de discretização. Os pontos de
discretização, agora, são determinados pela escolha de N pontos igualmente espaçados
que preenchem o intervalo de integração, levando em conta a importância dos diferentes
)(αf e, de forma simultânea. As equações de GHW-HF são resolvidas com o seu
caráter integral preservado. Usar a DI é vantajoso por evitar a otimização de parâmetros
não lineares e, assim, diminuir o tempo computacional, além de construir as melhores
funções de onda, ao preencher de forma mais efetiva o intervalo de integração.
Quando se trabalha com funções de Slater, o processo de escolha dos pontos
discretizados, igualmente espaçados (DI), é suficiente para cobrir a grande região do
intervalo de integração para as funções )(αf . No entanto, observa-se um
comportamento diferente nas GTFs. Elas são muito espalhadas e tendem a decair de
modo extremamente lento, à medida que α cresce.
Esta característica das GTFs foi contornada por Mohallen, que acrescentou uma
Troca de Rótulos à DI, para o espaço da coordenada geradora α da forma:
A
αln=Ω , A >1 (14)
Onde A é um fator escalar a ser determinado numericamente, cujo valor ótimo
encontrado foi 6,0[49]. A troca de rótulos torna as GTFs mais suaves e estreitas,
podendo agora ser adequadamente discretizadas com pontos igualmente espaçados no
espaço Ω , mesmo num intervalo de integração compreendido entre ( ∞+ e ∞− ) [45].
Como já foi dito, ao utilizarmos a DI, o intervalo de integração de cada simetria
atômica deve ser coberto por pontos igualmente espaçados. Para cada simetria atômica,
constrói-se uma malha de pontos Ω n de modo que:
∆Ω−+Ω=Ω )1(min Nn (15)
Onde N é o número de pontos de discretização e ∆Ω o intervalo de integração que
define o tamanho da base.
As equações de GHW-HF são obtidas através da minimização da energia total
em relação à função peso )(αf . A Troca de Rótulos, acoplada à DI, conduz a um
conjunto de coordenadas geradoras Ω,ΩN que correspondem ao conjunto de
26
expoentes α , iα . Com essas duas afirmações, passamos a entender que, para
obtermos o melhor conjunto de integração (Ωmin,∆Ω e N ), teremos as melhores )(αf
e, consequentemente, a menor energia.
Com MCG-HF foi possível estabelecer um único conjunto de funções de bases
GTFs e STFs, que podem ser usadas universalmente em cálculo de propriedades
atômicas e moleculares, para o estado fundamental e excitado de átomos neutros, ânions
e cátions do Hidrogênio até para o Xenônio [46].
3.2.1 A Discretização Integral Polinomial
A DI original é uma preciosa ferramenta para a construção de conjuntos de bases
de alta qualidade. Porém, o fato de os pontos gerados serem igualmente espaçados, abre
uma significativa lacuna nesta estratégia, no caso da construção de conjuntos de bases
para átomos mais pesados ou na construção de conjuntos de bases de menor dimensão
[50].
Com o intuito de construir conjuntos de bases de menor tamanho e melhor
qualidade, buscou-se o aprimoramento da DI com uma nova proposta de discretização,
por meio de uma expansão polinomial da equação 15, que agora adquire a forma:
qw
qwwww
n kkkN )1(...)1()1()1( 33
221min
)( −∆Ω++−∆Ω+−∆Ω+−∆Ω+Ω=Ω (16)
onde w é a simetria do sistema a ser descrito.
Os expoentes α das GTFs serão encontrados por meio da relação:
)(32
221
)()( )1(...)1()1()1(exp wN
qwq
wwwwN
wN NNNNA −∆Ω++−∆Ω+−∆Ω+−∆Ω+Ω=α (17)
Este novo método recebeu o nome de Dicretização Integral Polinomial (DIP) e
possui a vantagem de construir conjuntos de bases mais flexíveis e menores, o que
refletirá na redução do custo computacional, sem comprometer a qualidade do conjunto
[51].
O programa ATOM-SCF, que será uma das principais ferramentas
computacionais utilizadas na execução deste trabalho, gera as funções de bases por
meio da técnica de DIP. Vale ressaltar que a discretização integral polinomial parte do
pressuposto de que a camada de valência é mais bem descrita quando os pontos não são
igualmente espaçados. Assim, não há necessidade de muitas funções de polarização
para cobrir essa região e isso refletirá no tempo e no custo computacional.
27
3.3 A Contração de Bases
No processo de geração de um bom conjunto de bases, alguns fatores devem ser
considerados, de modo que o pesquisador consiga moldar bases que forneçam uma boa
descrição do sistema em estudo em menor tempo e baixo custo computacional.
Observa-se que a qualidade de um conjunto de bases aumenta na medida em que ele
tende ao infinito, mas essa tendência aponta para a limitação das ferramentas
computacionais disponíveis.
A possibilidade de contração dos conjuntos de bases tem proporcionado a
satisfatória descrição do sistema tanto atômico quanto molecular. Tal procedimento
baseia-se no agrupamento das funções que contribuem significativamente para um
determinado orbital, reduzindo o esforço computacional.
Em seu trabalho, Dunning et. al.[52] apresentaram o conjunto de funções
primitivas disposto em grupos, onde os expoentes que contribuem significativamente
para um determinado orbital são colocados juntos. Tal procedimento foi denominado
Contração Segmentada. Apesar do baixo esforço computacional e da facilidade de
aplicação, esse método não leva em consideração que um mesmo expoente pode ser
significativo na descrição de dois (ou mais) orbitais, de modo que tal expoente pode ser
duplicado (triplicado, quadruplicado...) ou não ser contraído. Isso implicaria tanto no
aumento do número de integrais como no comprometimento do processo de contração.
Outro método de contração foi desenvolvido posteriormente para contornar os
problemas existentes na Contração Segmentada. Raffenetti[16] desenvolveu a
Contração Geral que, apesar de demandar maior esforço computacional, garante que o
conjunto contraído não necessite da repetição de expoentes importantes na descrição de
mais de um orbital, uma vez que todos os expoentes participam da geração de cada
conjunto de bases contraído para cada orbital.
O presente trabalho utiliza a contração desenvolvida por Davidson [52], pois ela
permite a eliminação de múltiplos dos coeficientes. Isso resultará na consequente
eliminação de alguns expoentes, sem comprometer a energia calculada. Esse método
tem como premissa o trabalho de Hashimoto, Hirao e Tatewaki [53] que propuseram
que o método de contração, tanto do Dunning quanto do Raffenetti, poderia ser
melhorado com a retirada das primitivas mais externas do conjunto contraído, sem
afetar a energia, proporcionando a redução do tempo computacional.
28
3.4 A Polarização de Bases
A utilização de expoentes escolhidos da própria função de base como funções de
polarização é aqui denominada de Polarização Pinçada. No trabalho de Maringolo,
funções de bases de qualidade quíntupla-zeta, geradas a partir do MCG para os átomos
da primeira fila da tabela periódica, foram polarizadas com a adição de duas funções d e
uma f. A conclusão obtida foi de que, para átomos da primeira e segunda filas da tabela
periódica, as funções de polarização devem ser escolhidas a partir das funções p
primitivas. Além desta constatação, foram elaboradas regras que auxiliam na escolha de
expoentes:
a) o expoente de polarização d é escolhido como sendo o terceiro expoente
anterior ao expoente primitivo p mais difuso;
b) escolhe-se o segundo expoente de polarização d como sendo o segundo
expoente anterior ao expoente primitivo p mais difuso;
c) o primeiro expoente f é igual o primeiro expoente de polarização d.
Neste trabalho, o processo de polarização não segue à risca as regras apresentadas
acima, uma vez que o número de funções primitivas disponíveis e de polarização
utilizadas aqui é maior (qualidade sétupla-zeta e polarização 3d2f), do que as
apresentadas e discutidas por Maringolo.
3.5 Teoria do Funcional da Densidade
V. Fock, juntamente com Douglas Hartree, na busca de solução para a equação
de Schrödinger, mostraram que as aψ consideradas ótimas (que fornecem a menor
energia segundo o princípio variacional) satisfazem ao conjunto de equações dado por
)1()1(1 aaaf ψεψ = . Essa equação é conhecida como equação de Haetree-Fock, em que
1f é o operador de Fock, cuja estrutura engloba o hamiltoniano do caroço, a repulsão
coulombiana média e a correlação média de spin [5].
Na medida em que a complexidade do sistema aumenta, é cada vez mais
complicado realizar o cálculo da estrutura eletrônica por meio da função de onda de
muitos corpos. Tal situação motivou a comunidade científica a formular novas teorias
que viabilizassem a descrição de sistemas atômicos com vários elétrons, até chegar aos
sistemas moleculares.
29
Em 1965, Hohenberg e Kohn publicaram um artigo apresentando a Teoria do
Funcional da Densidade (DFT) [54]. Eles afirmam que todas das grandezas físicas que
podemos medir são funcionais da densidade. Na DFT, a densidade eletrônica, que antes
era uma propriedade observável, torna-se agora a responsável por fornecer a função de
onda de muitos corpos, bem como seu potencial. Esse caminho leva a todas as outras
propriedades observáveis. Desse modo, Hohenberg e Kohn provaram que é possível
escrever:
][][)( ρρρ XCClassica EEE += (18)
Onde EClássico[ρ] é a soma das contribuições da energia cinética, das interações
elétron-núcleo e da energia potencial elétron-elétron clássica, e EXC[ρ] é a energia de
troca-correlação. O termo EXC[ρ] considera todos os efeitos elétron-elétron não
clássicos provenientes do spin e aplica pequenas correções à parcela de energia cinética
de EClássicas que surge das interações elétron-elétron.
A Teoria do Funcional da Densidade se fundamenta basicamente em dois
teoremas:
1) o potencial externo ( )rvext sentido pelos elétrons é um funcional único da
densidade eletrônica do estado fundamental ( )rn0 ;
2) a energia do estado fundamental é mínima para a densidade ( )rn exata.
Assim, dada uma função densidade eletrônica tentativa ( )rn~
temos que:
[ ] [ ]ñEnE v≤00 E0[ρ0]≤ Eν [#$] (19)
O último teorema trata do princípio variacional, ou seja, a densidade verdadeira
é aquela que minimiza o funcional de energia.
O método apresentado por Hohenberg e Kohn, apesar de bem estabelecido, não
deixava claro como era possível obter esta densidade eletrônica do estado fundamental.
Tal questionamento pôde ser esclarecido com as equações de Kohn-Sham, que resolvem
o problema dos N elétrons através de um sistema de equações monoeletrônicas,
autoconsistentes, idênticas às equações de Hartree-Fockna, cuja forma é:
aaaKS xxf ε= (20)
Ond KSf
é denominado operador de Kohn-Sham e desempenha o mesmo papel do
operador de Fock.
30
De forma análoga, ax é definido como spin-orbital de Korn-Sham e aε é a energia
monoeletrônica [11]. A similaridade entre o método HF e o DFT é mostrada na Figura
1, que apresenta o esquema computacional para os dois métodos:
Figura 1 - Esquema computacional de um cálculo HF e DFT
Fonte: MORGON, N. H; CUSTÓDIO R. Teoria do Funcional da Densidade. Química Nova, 18,1, 44-55,
1995.
31
A Teoria do Funcional da Densidade, além do ganho em velocidade
computacional, possui a vantagem de levar em consideração a correlação eletrônica
(interação entre os elétrons num sistema), fator que, na teoria HF, é negligenciado e,
mesmo com as correções já incluídas nos chamados métodos pós-Hartree-Fock (CI,
CISD, MP2, MP4 etc.), o esforço computacional ainda é muito grande, quando
comparado com o DFT [55].
A qualidade de um cálculo DFT é definida pela melhor representação do termo
de troca-correlação, uma vez que recai sobre ele a descrição de todos os efeitos de
muitos corpos. Por conta disso, foi criada uma gama de funcionais para fornecer ao
método DFT uma variedade de aproximações, cabendo ao pesquisador a escolha do
funcional da densidade eletrônica mais adequado ao sistema em estudo. Neste trabalho,
utilizamos a aproximação B3LYP em todos os cálculos moleculares. O B3LYP é um
funcional comumente usado, caracterizado como um funcional híbrido, ou seja, um
funcional que mescla termos de troca oriundos da metodologia HF com parâmetros
empíricos (B3LYP - Becke (contribuição com os termos de troca) e Lee-Yang-Parr
(contribuição com os termos de correlação)) [56].
De acordo com Sousa et al., o funcional B3LYP foi o mais utilizado no período
de 2002 a 2007, com cerca de 80% de ocorrências na literatura, como mostrado a
Figura 2 [57]. Mesmo com o progresso dos trabalhos para o desenvolvimento de
funcionais, o B3LYP continua a dominar o campo, de modo que, hoje, não houve um
decréscimo significativo do percentual de trabalhos publicados que utilizam esse
funcional em seus cálculos.
Figura 2 - Porcentagem de publicações que utilizaram o funcional B3LYP entre os anos de 2001-2017.
Fonte: SERGIO, F. S.; FERNANDES, P. A.; RAMOS, M. J. General Performance of Density
Functionals. J. Chem. Phys. 111, 10439-10452, 2007.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
80%
5%
4%
3%
B3LYP
BLYP
B3PW91
BP86
Outros
32
Toda a rota dos cálculos realizados neste trabalho é mostrada na Figura 3, com
os devidos programas utilizados em cada etapa. A quantidade de cálculos relatada no
último balão não inclui os cálculos de otimização das bases, os erros e os testes feitos
para definir a contração e a polarização, de modo que este número pode ser duas ou três
vezes maior.
Figura 3 - Sequência dos cálculos que foram efetuados com os respectivos programas utilizados em cada etapa.
33
A) A geração dos Conjuntos de Bases
Os conjuntos de bases foram desenvolvidos especificamente para os átomos Na,
Mg, Al, Si, P, S e Cl. A primeira etapa do desenvolvimento de um conjunto de bases
consiste na determinação do tamanho das bases atômicas, ou seja, determinar quantas
funções primitivas são necessárias para representar os orbitais s e p dos átomos
selecionados. A Tabela 5 mostra o tamanho dos conjuntos de bases gerado para cada
átomo. Para o átomos Na e Mg, apenas 15 funções s e 12 funções p foram suficientes
para representar esses dois sistemas. Para os átomos de Al até o S, esse número
aumentou para 18 funções s e 13 funções p. Para o Cl, o número de funções primitivas
aumentou para 20 s e 15p. Acredita-se que a diferença da quantidade de funções do
conjunto primitivo esteja associada ao aumento do número de elétrons do orbital p.
Tabela 5 - Número de funções primitivas para os átomos de Na até Cl.
Átomos Primitivas
Na 15s12p
Mg 15s12p
Al 18s13p
Si 18s13p
P 18s13p
S 18s13p
Cl 20s15p
Além dos conjuntos de funções primitivas, o output do programa ATOM-SCF
também fornece o valor da energia eletrônica o qual foi comparado com o Hartree-Fock
numérico, como mostra a Figura 4. Essa comparação irá determinar se o tamanho da
base é suficiente para descrever o sistema em estudo, de modo que, se a energia
eletrônica da base gerada for próxima ao Hartree-Fock numérico, não há mais
necessidade de aumentar o número de funções s e p.
34
Figura 4 - Comparação da energia da base gerada com o Hartree-Fock numérico.
Nota-se que a base gerada pelo MCG, juntamente com a técnica de
Discretização Integral Polinomial, fornece conjuntos de bases com energias
equivalentes às do HF numérico, o que comprova que tal técnica é capaz de gerar
conjuntos de bases capazes de representar adequadamente um sistema atômico.
B) A Contração da Base
O próximo passo foi contrair o conjunto gerado. Nesta etapa, também foi
escolhida a qualidade da base, e verificou-se que seis funções primitivas, somadas ao
conjunto contraído, eram suficientes para descrever o sistema em estudo. Obteve-se,
assim, um conjunto de base de qualidade sétupla-zeta. A quantidade das funções s e p
contraídas é apresentada na Tabela 6.
Tabela 6 - Funções s e p primitivas e contraídas.
Átomos Primitivas Contraídas
Na 15s12p 9s7p
Mg 15s12p 9s7p
Al 18s13p 9s8p
Si 18s13p 9s8p
P 18s13p 9s8p
S 18s13p 9s8p
Cl 20s15p 9s8p
1 2 3 4 5 6 7
Energia -241,8765 -459,4819 -199,6141 -161,8584 -340,7187 -397,5047 -288,8542
Hf numérico -241,8767 -459,4821 -199,6146 -161,8589 -340,7188 -397,5049 -288,8544
-500
-450
-400
-350
-300
-250
-200
-150
-100
-50
0En
erg
ia (
har
tee
)
35
Para o Na e o Mg obteve-se apenas sete funções p, diferentemente dos demais
átomos que possuem oito funções. Pelo fato de esses dois átomos possuírem apenas 12
funções p primitivas, não há funções suficientes para se obter mais um conjunto
contraído.
C) A Polarização da Base e os Testes Moleculares
Foi feita a seleção de 10 moléculas submetidas a um cálculo DFT, com o
funcional B3LYP. Diferentes quantidades de funções d e f foram testadas como
funções de polarização e é possível observar na Figura 5 que os menores valores de
energia (Princípio Variacional) são obtidos com o conjunto de polarização que contém
três funções d e duas funções f (os tempos computacionais podem ser conferidos nas
tabelas em anexo). Esse valor já era esperado, uma vez que o acréscimo de funções de
polarização melhora o desempenho do conjunto de bases, o que reflete na diminuição de
energia.
Figura 5 - Comparativo entre os valores de energia das diferentes polarizações.
Para avaliar a qualidade dos conjuntos de bases, foram feitos novos cálculos
DTF-B3LYP, com os conhecidos conjuntos de bases de Dunning e de Jensen [58].
Nesta fase, dois critérios são considerados: o valor da energia eletrônica da molécula e o
tempo gasto para que cada cálculo alcance a convergência.
Os cálculos foram feitos usando as bases cc-pVTZ, cc-pVQZ e cc-pV5Z[59] de
Dunning e pc-0, pc-1, pc-2, pc-3 e pc-4 do Jensen. Os valores de energia obtidos com
as bases geradas neste trabalho são equivalentes aos conjuntos cc-pV5Z e pc-3 e pc-4.
Por isso, os valores obtidos com os demais conjuntos de bases serão omitidos nesta
discussão, mas podem ser conferidos nas tabelas em anexo.
AlCl3 MgCl2 P4 PCl5 SiS2 SiCl4 Cl2 P2 NaCl MgS
E3d2f -1623,4 -1120,7 -1365,6 -2642,6 -1086,0 -2130,7 -920,45 -682,76 -622,62 -598,32
E3d1f -1623,4 -1120,7 -1365,6 -2642,6 -1086,0 -2130,7 -920,44 -682,76 -622,62 -598,31
E2d1f -1623,4 -1120,7 -1365,6 -2642,6 -1086,0 -2130,6 -920,44 -682,76 -622,62 -598,31
-9000,000
-8000,000
-7000,000
-6000,000
-5000,000
-4000,000
-3000,000
-2000,000
-1000,000
0,000
Ene
rgia
em
Har
tre
e
36
Os conjuntos de bases gerados neste trabalho foram denominados de MCG-3d2f
(MCG=Método da Coordenada Geradora, 3d2f, referente à polarização utilizada). A
Tabela 7 lista a seleção de moléculas com os seus respectivos valores de energia
eletrônica calculados com as bases cc-pv5z e MCG-3d2f. Os valores de ∆E (∆E=E MCG-
3d2f - Ecc-pv5z) revelam que o conjunto de bases MCD3d2f alcançou valores bem
próximos ao conjunto cc-pv5z. Para algumas moléculas, a energia eletrônica obtida foi
menor (valores de ∆E negativos).
Tabela 7 - Energias eletrônicas calculadas com os conjuntos de bases cc-pv5z e MCG-3d2f.
Moléculas MCG-3d2f(Hartree) cc-pv5z(Hartree) ∆E(kcal/mol)
AlCl 3 -1623,4076 -1623,4085 0,572
MgCl 2 -1120,7527 -1120,7507 -1,25
P4 -1365,6082 -1365,6127 2,809
PCl5 -2642,6548 -2642,6631 5,198
SiS2 -1086,0358 -1086,0418 3,771
SiCl4 -2130,7021 -2130,7082 3,832
Cl2 -920,4499 -920,4518 1,227
P2 -682,7671 -682,7684 0,811
NaCl -622,6290 -622,6287 -0,190
MgS -598,31968 -598,3210 0,849
O conjunto MCG-3d2f, alcançou a convergência em menor tempo
computacional, como mostra a Figura 6. Para a maioria das moléculas, essa diferença de
tempo de convergência está em horas, o que comprova que o conjunto MCG-3d2f é
equivalente ou supera o conjunto cc-pv5z, não apenas em alcançar a menor energia
eletrônica, mas também no quesito tempo computacional.
37
Figura 6 - Comparação entre os tempos computacionais calculados para cada molécula com as bases cc-pv5z e MCG-3d2f.
AlCl3 MgCl2 P4 PCl5 SiS2 SiCl4 Cl2 P2 NaCl MgS
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
MCG3d2fcc-pv5z
Tem
po (
s)
Para as bases de Jensen, conforme exposto na Tabela 8, os valores do ∆E (EMCG-
3d2f - Epc-3) e ∆E2 (EMCG-3d2f - Epc-4), para a maioria das moléculas, apresentam variação
entre 2 e 3 kcal/mol. Observa-se também que, para a molécula PCl5, o valor de ∆E
alcança quase 10 kcal/mol de diferença. Quanto ao tempo computacional (Figura 7), o
conjunto MCG-3d2f atinge a convergência num tempo menor ou equivalente ao
conjunto pc-3, e significativamente menor ao conjunto pc-4.
Tabela 8 - Energias eletrônicas calculadas com os conjuntos de bases pc-3 e pc-4 de Jensen e com o conjunto MCG-3d2f.
Moléculas MCG-3d2f(Hartree) Pc-3(Hartree) ∆E1(kcal/mol) Pc-4(Hartree) ∆E2(kcal/mol)
AlCl3 -1623,4076 -1623,4121 2,826 -1623,4131 3,462
MgCl2 -1120,7527 -1120,7535 0,556 -1120,7548 1,349
P4 -1365,6082 -1365,6159 4,811 -1365,6170 5,532
PCl5 -2642,6548 -2642,6686 8,704 -2642,6706 9,968
SiS2 -1086,0358 -1086,0442 5,306 -1086,0450 5,791
SiCl4 -2130,7021 -2130,7128 6,686 -2130,7142 7,597
Cl2 -920,4498 -920,4537 2,400 -920,4543 2,815
P2 -682,7671 -682,7698 1,731 -682,7704 2,128
NaCl -622,6290 -622,6324 2,193 -622,6331 2,574
MgS -598,3197 -598,3242 2,824 -598,3248 3,250
38
Figura 7 - Comparação entre os tempos computacionais calculados para cada molécula com as bases pc-3, pc-4 e MCG-3d2f.
AlC l3 MgCl2 P4 PCl5 SiS2 SiC l4 C l2 P2 NaCl MgS
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
MCG3d2fpc-3pc-4
Tem
po (
s)
Estes resultados tão próximos dão margem para discussões a respeito de como o
desempenho dos conjuntos de bases MCG-3d2f poderia melhorar. Foi feita a permuta
das funções primitivas p, testadas como funções de polarização. Os resultados
apresentados aqui, foram os melhores que a polarização pinçada pôde fornecer, e outra
opção seria submeter o conjunto à polarização por otimização computacional.
Com relação aos resultados das bases de Jensen, vale ressaltar que nos conjuntos
pc-3 e pc-4 os parâmetros foram otimizados via DFT-B3LYP. Tal fato levantou a
dúvida se esse comportamento permaneceria caso os cálculos DFT fossem realizados
com outros funcionais. Jensen afirmou que, devido à dependência dos coeficientes de
contração com o método DFT-B3LYP, os conjuntos de bases pc-3 e pc-4 fornecem
resultados menos confiáveis quando submetidos a cálculos com outros funcionais[60],
sendo preferível utilizar o conjunto não contraído(o que levaria a um maior esforço
computacional). Submeter os conjuntos de bases a outros funcionais estava fora do
objetivo deste estudo, porém, diante de tal dúvida, foi feito um teste com outros dois
funcionais, para que tal desempenho pudesse ser avaliado.
Para esta etapa do trabalho, escolheu-se um funcional puro, o M06L, e o BMK
que, assim como o funcional B3LYP, é classificado como funcional híbrido, ou seja,
aquele que mescla os termos de troca oriundos da metodologia HF com parâmetros
empíricos. Esses dois funcionais apresentaram resultados de destaque quando
comparados com o B3LYP [61-63], podendo ser uma alternativa confiável de funcional
de troca-correlação. O objetivo aqui é avaliar como o conjunto de bases MCG-3d2f se
39
comporta diante de funcionais de diferentes classificações (puro e híbrido) e se tal
conjunto consegue apresentar um desempenho equivalente ou superior aos conjuntos de
bases pc-3 e pc-4 que aqui tomamos como referência.
Usando o funcional híbrido BMK, podemos observar, na Tabela 9, a diferença
das energias eletrônicas entre os conjuntos de bases MCG-3d2f e os conjuntos pc-3 e
pc-4. Foi um pouco menor que o cálculo com o funcional B3LYP, porém o tempo
computacional é significativamente inferior para o MCG-3d2f.
Houve grande destaque quando passamos da classe de funcionais híbridos para o
funcional puro M06L. A Tabela 10 mostra que o conjunto de bases MCG-3d2f supera
os conjuntos pc-3 e pc-4 tanto no tempo computacional quanto na diferença de energia
que apresentou valores negativos para todas as moléculas, exceto para a molécula MgS.
Mesmo com essa exceção, nota-se que a diferença de energia é de apenas 0,339
kcal/mol para o conjunto pc-3 e de 2,1165kcal/mol para o conjunto pc-4. Vale ressaltar
que este procedimento também foi feito para o conjunto cc-pv5z de Dinning, porém não
foi possível obter a convergência para algumas moléculas, principalmente no cálculo
com o funcional puro M06L, razão pela qual tais resultados foram omitidos nesta
discussão.
Tabela 9 - Valores da energia eletrônica para as bases MCG-3d2f, pc-3 e pc-4 calculadas com o funcional hibrido BMK.
BMK
Moléculas MCG-3d2f
Tempo pc-3
Tempo ∆E pc-4
Tempo ∆E
(Hartree) (Hartree) (kcal/mol) (Hartree) (kcal/mol)
AlCl3 -1622,9200 30 min
-1622,9223 58min
1,415 -1622,9250 11h30min
2,973 58.2 s 24.8s 57.5s
MgCl2 -1120,4070 8 min
-1120,4060 9min
-0,661 -1120,4090 1h26min
1,033 54.3 s 51.9s 32.4s
P4 -1365,1933 10 min
-1365,1932 11min
-0,056 -1365,1990 1h22min
3,527 44.9 s 1.0s 9.6s
PCl5 -2641,8666 1h13 min
-2641,8775 1h58 min 6,844 -2641,8820
15h55min 9,915
7.4s 29.5s 22.0s
SiS2 -1085,7012 9 min
-1085,7106 11min
5,882 -1085,7130 1h44min
7,37 44.5 s 38.9s 25.8s
SiCl4 -2130,0727 15 min
-2130,0804 39min
4,824 -2130,0840 5h22min
7,137 34.2 s 33.9s 21.7s
Cl2 -920,1706 2 min
-920,1730 5min
1,499 -920,1744 43min
2,373 29.2 s 9.4s 16.2 s
P2 -682,5436 3 min
-682,5451 8 min
0,911 -682,5481 51min
2,811 10.7 s 16.2s 23.0s
NaCl -622,4355 3min
-622,4391 1min
2,347 -622,4405 29min
3,133 12.2 s 52.5 s 48.8s
MgS -598,1141 45.9 s -598,1290 2min 9,346 -598,1304 50min 10,257
40
Figura 8 - Comparação entre os tempos computacionais calculados com o funcional BMK para cada molécula com as bases pc-3, pc-4 e MCG-3d2f.
AlCl3 MgCl2 P4 PCl5 SiS2 SiCl4 Cl2 P2 NaCl MgS0
10000
20000
30000
40000
50000
60000M
CG
-3d2
f
MCG-3d2f pc-3 pc-4
Tabela 10 - Valores da energia eletrônica para as bases MCG-3d2f, pc-3 e pc-4 calculadas com o funcional hibrido M06L.
M06L
Moléculas MCG-3d2f
Tempo pc-3
Tempo ∆E pc-4
Tempo ∆E
(Hartree) (Hartree) (kcal/mol) (Hartree) (kcal/mol)
AlCl3 26min
56min
7 h56 min
-7,144 -1623,3249 6.7s -1623,3084 36.5s -10,348 -1623,3135 46.1s
MgCl2 5min 9 min 1 h 11 min
-7,456 -1120,6859 48.9s -1120,6681 24.0 s -11,138 -1120,6740 38.3 s
P4 7min
13 min
1 h 26 min
-4,032 -1365,5606 25.8s -1365,5507 7.7 s -6,189 -1365,5542 54.2 s
PCl5 49min 1h18min 9h50min
-5,218 -2642,5491 29.4s -2642,5321 44.5 s -10,636 -2642,5407 34.3s
SiS2 5 min
11min
1h36 min
-2,602 -1085,9817 29.6s -1085,9746 49.6s -4,503 -1085,9776 51.9 s
SiCl4 10min 24min 3 h 23 min
-6,165 -2130,6115 53.5s -2130,5950 54.1s -10,351 -2130,6017 41.5 s
Cl2 2min
5min
44 min
-2,306 -920,4032 1.9s -920,3971 8.4s -3,813 -920,3995 31.8 s
P2 2min 9 min 1h25min
-9,096 682,7181 38.3s -682,7119 9.2 s -3,871 -682,7036 20.4s.
NaCl 2 min
1min
14 min
-5,375 -622,5917 33.4 s -622,5797 50.0 s -7,533 -622,5831 46.1 s
MgS -598,2550 47.5s -598,2556 2 min 35.3 s
0,339 -598,2585 20 min 28.8 s
2,116
41
Figura 9 - Comparação entre os tempos computacionais calculados com o funcional M06L para cada molécula com as bases pc-3, pc-4 e MCG-3d2f.
AlCl3 MgCl2 P4 PCl5 SiS2 SiCl4 Cl2 P2 NaCl MgS0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000T
empo
(s)
MCG3d2f pc-3 pc-4
42
5. CONCLUSÕES
Com base nos resultados, podemos concluir que o número de funções sugerido para
os conjuntos de bases gerados neste trabalho é suficiente para fornecer valores de
energias atômicas bem próximas ao hf numérico, como pode ser observado na figura 4.
São necessárias três funções d e duas funções f como funções de polarização. O
acréscimo dessas funções melhorou os valores da energia eletrônica calculada, sem
aumentar significativamente o tempo computacional.
No teste molecular, o conjunto de base MCG-3d2f apresentou valores de energia
próximos aos obtidos com os conjuntos de bases cc-pv5Z, pc-3 e pc-4, quando
submetidos a um cálculo DFT-B3LYP. O tempo computacional obtido para a maioria
das moléculas foi inferior ou equivalente aos três conjuntos de bases tomados como
referência. O conjunto MCG-3d2f também mostrou bons resultados, quando os cálculos
DFT foram feitos com outro funcional híbrido BMK, superando as bases de Jensen em
tempo computacional. Quando submetido a outro cálculo DFT, agora com o funcional
puro M06L, o conjunto MCG-3d2f superou os conjuntos de bases pc-3 e pc-4,
apresentando os menores valores de energia e de tempo computacional . Uma maneira
de melhorar esses resultados seria submeter os conjuntos aqui apresentados à
polarização por otimização computacional e refazer os cálculos DFT.
Como sugestão para trabalhos futuros, outros conjuntos de bases poderiam ser
gerados pelo MCG, para outros grupos de átomos (metais de transição, por exemplo), e
a avaliação da qualidade do conjunto ser efetuada com um número maior de funcionais.
O desempenho desses conjuntos também poderia ser testado com moléculas de maior
peso e, além da energia eletrônica, outras propriedades, tais como frequências
vibracionais, momento de dipolo etc., também seriam consideradas. Espera-se,
futuramente, melhorar esses conjuntos de bases e tornar o MCG-3d2f uma alternativa
confiável de conjunto de bases capaz de fornecer bons resultados, com baixo custo e
menor esforço computacional.
43
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48
APÊNDICE
CONJUNTOS DE BASES PARA OS ÁTOMOS Al, Cl, P, Si, S, Mg e Na.
Na Na 0 s 7 1.0 0.1370968E+06 0.6442853E-04 0.2655769E+05 0.3467107E-03 0.6186464E+04 0.2155760E-02 0.1690294E+04 0.8337790E-02 0.5283570E+03 0.3575156E-01 0.1842963E+03 0.8218155E-01 0.6996929E+02 0.2372402E+00 s 5 1.0 0.1690294E+04 0.2243565E-03 0.5283570E+03 -0.1735553E-03 0.1842963E+03 0.3711987E-02 0.6996929E+02 -0.3423335E-02 0.2820190E+02 0.4780458E-01 s 4 1.0 0.1842963E+03 0.4708859E-04 0.6996929E+02 0.5972432E-04 0.2820190E+02 0.8206794E-03 0.1177084E+02 0.8172735E-03 s 1 1.0 4.96218750 1.0 s 1 1.0 2.06088249 1.0 s 1 1.0 0.82248115 1.0 s 1 1.0 0.30765891 1.0 s 1 1.0 0.10521121 1.0 s 1 1.0 0.03208349 1.0 p 6 1.0 0.2138178E+04 0.4328000E-04 0.6807653E+03 0.2346800E-03 0.2464558E+03 0.1239740E-02 0.9922470E+02 0.5034270E-02 0.4345007E+02 0.1666517E-01 0.2023961E+02 0.4631321E-01 p 1 1.0 9.80856715 1.0 p 1 1.0 4.83672812 1.0 p 1 1.0 2.37351165 1.0
49
p 1 1.0 1.13364101 1.0 p 1 1.0 0.51541269 1.0 p 1 1.0 0.21816293 1.0 d 1 1.0 1.13364101 1.0 d 1 1.0 0.51541269 1.0 d 1 1.0 0.21816293 1.0 f 1 1.0 1.13364101 1.0 f 1 1.0 0.51541269 1.0 ****
Mg Mg 0 s 7 1.0 0.1617662E+06 0.6360224E-04 0.3206673E+05 0.3664672E-03 0.7570299E+04 0.2074230E-02 0.2080302E+04 0.8789140E-02 0.6503658E+03 0.3257083E-01 0.2260842E+03 0.8415968E-01 0.8541362E+02 0.1585532E+00 s 5 1.0 0.2080302E+04 -0.1541284E-04 0.6503658E+03 -0.4511490E-04 0.2260842E+03 -0.6589229E-03 0.8541362E+02 -0.2503799E-02 0.3427612E+02 -0.1094697E-01 s 4 1.0 0.2260842E+03 0.3150887E-04 0.8541362E+02 0.2442839E-03 0.3427612E+02 0.1130060E-02 0.1427995E+02 0.2974782E-02 s 1 1.0 6.03664852 1.0 s 1 1.0 2.53082448 1.0 s 1 1.0 1.02846233 1.0 s 1 1.0 0.39594799 1.0 s 1 1.0 0.14114792 1.0 s 1 1.0 0.04553659 1.0 p 5 1.0 0.7188740E+03 0.3274100E-03
50
0.2451277E+03 0.1934240E-02 0.9172747E+02 0.8879400E-02 0.3712424E+02 0.3236502E-01 0.1601588E+02 0.9352776E-01 p 1 1.0 7.25876541 1.0 p 1 1.0 3.40625804 1.0 p 1 1.0 1.63109376 1.0 p 1 1.0 0.78550827 1.0 p 1 1.0 0.37495307 1.0 p 1 1.0 0.17484018 1.0 d 1 1.0 0.78550827 1.0 d 1 1.0 0.37495307 1.0 d 1 1.0 0.17484018 1.0 f 1 1.0 0.78550827 1.0 f 1 1.0 0.37495307 1.0 **** Al Al 0 s 10 1.0 0.2545875E+07 0.2002485E-05 0.4101530E+06 0.2150549E-04 0.7993728E+05 0.1536086E-03 0.1850382E+05 0.8417600E-03 0.4994549E+04 0.3884870E-02 0.1543361E+04 0.1445681E-01 0.5360306E+03 0.4581785E-01 0.2054358E+03 0.1083070E+00 0.8529850E+02 0.1908434E+00 0.3767030E+02 0.1108153E+00 s 6 1.0 0.1543361E+04 -0.4105745E-04 0.5360306E+03 -0.2836314E-03 0.2054358E+03 -0.2635687E-02 0.8529850E+02 -0.1165820E-01 0.3767030E+02 -0.4370875E-01 0.1737254E+02 -0.6116801E-01 s 4 1.0 0.8529850E+02 0.9912466E-04 0.3767030E+02 0.2277114E-03 0.1737254E+02 0.1477573E-02 0.8213878E+01 -0.9864054E-03
51
s 1 1.0 3.90901748 1.0 s 1 1.0 1.83838085 1.0 s 1 1.0 0.83881437 1.0 s 1 1.0 0.36456311 1.0 s 1 1.0 0.14817333 1.0 s 1 1.0 0.05529321 1.0 p 6 1.0 0.2221656E+04 0.1034234E-03 0.4791056E+03 0.1303645E-02 0.1333547E+03 0.8203756E-02 0.4592131E+02 0.3594942E-01 0.1875234E+02 0.6744974E-01 0.8704381E+01 0.1362460E+00 p 3 1.0 0.1875234E+02 -0.5216766E-03 0.8704381E+01 -0.8895048E-03 0.4402182E+01 -0.4071342E-02 p 1 1.0 2.32515511 1.0 p 1 1.0 1.22940787 1.0 p 1 1.0 0.62374401 1.0 p 1 1.0 0.29106460 1.0 p 1 1.0 0.11974330 1.0 p 1 1.0 0.04162920 1.0 d 1 1.0 0.62374401 1.0 d 1 1.0 0.29106460 1.0 d 1 1.0 0.11974330 1.0 f 1 1.0 0.62374401 1.0 f 1 1.0 0.29106460 1.0 ****
Si Si 0 s 10 1.0 0.7143202E+06 0.1633552E-04 0.1423194E+06 0.8705522E-04 0.3336316E+05 0.4921341E-03
52
0.9058851E+04 0.2204770E-02 0.2804488E+04 0.8457510E-02 0.9744958E+03 0.2629126E-01 0.3741311E+03 0.6707160E-01 0.1562271E+03 0.1139539E+00 0.6984727E+02 0.9620584E-01 0.3291351E+02 -0.1397293E+00 s 7 1.0 0.2804488E+04 -0.4681528E-05 0.9744958E+03 -0.1602222E-03 0.3741311E+03 -0.1038003E-02 0.1562271E+03 -0.6333114E-02 0.6984727E+02 -0.2189089E-01 0.3291351E+02 -0.5255652E-01 0.1609171E+02 -0.2364386E-01 s 5 1.0 0.1562271E+03 -0.1266937E-04 0.6984727E+02 0.4175153E-04 0.3291351E+02 0.2973784E-03 0.1609171E+02 0.1256452E-02 0.8035347E+01 -0.1840957E-02 s 1 1.0 4.03416200 1.0 s 1 1.0 2.00456238 1.0 s 1 1.0 0.97045371 1.0 s 1 1.0 0.45059931 1.0 s 1 1.0 0.19753231 1.0 s 1 1.0 0.08048021 1.0 p 6 1.0 0.2290912E+04 0.1381968E-03 0.5575846E+03 0.1317044E-02 0.1663116E+03 0.8054759E-02 0.5886081E+02 0.3249050E-01 0.2393345E+02 0.6793096E-01 0.1082536E+02 0.8733102E-01 p 3 1.0 0.2393345E+02 -0.4391745E-03 0.1082536E+02 -0.1692494E-02 0.5273767E+01 -0.4303293E-02 p 1 1.0 2.67931413 1.0 p 1 1.0 1.37446446 1.0 p 1 1.0 0.68934022 1.0 p 1 1.0 0.32727056 1.0 p 1 1.0
53
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P P 0 s 10 1.0 0.9262659E+06 0.1272179E-04 0.1951874E+06 0.6624560E-04 0.4765239E+05 0.3629980E-03 0.1328932E+05 0.1578900E-02 0.4174210E+04 0.6128680E-02 0.1456021E+04 0.1933267E-01 0.5560980E+03 0.5425340E-01 0.2292944E+03 0.1078939E+00 0.1006381E+03 0.1615061E+00 0.4635821E+02 0.6115892E-03 s 6 1.0 0.1456021E+04 -0.1255638E-03 0.5560980E+03 -0.5670197E-03 0.2292944E+03 -0.4523457E-02 0.1006381E+03 -0.1599564E-01 0.4635821E+02 -0.5380219E-01 0.2209807E+02 -0.4942879E-01 s 5 1.0 0.2292944E+03 -0.3492358E-04 0.1006381E+03 0.2940961E-04 0.4635821E+02 0.2555523E-04 0.2209807E+02 0.1520548E-02 0.1074766E+02 -0.1232743E-02 s 1 1.0 5.25864625 1.0 s 1 1.0 2.55212797 1.0 s 1 1.0 1.21134504 1.0 s 1 1.0 0.55441958 1.0 s 1 1.0 0.24125863 1.0 s 1 1.0 0.09841677 1.0
54
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S S 0 s 10 1.0 0.1691437E+07 0.6702497E-05 0.3489173E+06 0.3784754E-04 0.8292252E+05 0.2218138E-03 0.2240663E+05 0.1008950E-02 0.6793686E+04 0.4146429E-02 0.2281025E+04 0.1399779E-01 0.8369917E+03 0.4294935E-01 0.3312451E+03 0.9812530E-01 0.1395359E+03 0.1796077E+00 0.6174489E+02 0.9202609E-01 s 7 1.0 0.6793686E+04 0.3955853E-05 0.2281025E+04 -0.5813238E-04 0.8369917E+03 -0.3620891E-03
55
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56
0.54078706 1.0 f 1 1.0 0.23674818 1.0 ****
Cl Cl0 s 12 1.0 0.5056009E+07 -0.2029651E-06 0.1075509E+07 0.1081171E-04 0.2613588E+06 0.6115840E-04 0.7174829E+05 0.2719700E-03 0.2200250E+05 0.1116961E-02 0.7453375E+04 0.3739412E-02 0.2757967E+04 0.1205688E-01 0.1102339E+04 0.2859425E-01 0.4706145E+03 0.6569682E-01 0.2122142E+03 0.5475885E-01 0.9994870E+02 -0.2461237E-01 0.4861922E+02 -0.5351394E+00 s 9 1.0 0.2200250E+05 0.1387492E-05 0.7453375E+04 -0.5084559E-05 0.2757967E+04 0.5827268E-06 0.1102339E+04 -0.2586041E-03 0.4706145E+03 -0.8879656E-03 0.2122142E+03 -0.6132987E-02 0.9994870E+02 -0.1635996E-01 0.4861922E+02 -0.4513035E-01 0.2415469E+02 -0.1142071E-01 s 6 1.0 0.4706145E+03 0.2769529E-04 0.2122142E+03 0.4533757E-04 0.9994870E+02 0.4654046E-03 0.4861922E+02 0.1149294E-02 0.2415469E+02 0.3224297E-02 0.1211971E+02 -0.4133925E-02 s 1 1.0 6.07316556 1.0 s 1 1.0 3.00541428 1.0 s 1 1.0 1.45242812 1.0 s 1 1.0 0.67782974 1.0 s 1 1.0 0.30207644 1.0 s 1 1.0 0.12712119 1.0 p 8 1.0 0.7990193E+04 0.2943455E-04 0.2185107E+04 0.2240571E-03 0.6946005E+03 0.1437188E-02
57
0.2516878E+03 0.6844950E-02 0.1019464E+03 0.2396194E-01 0.4526703E+02 0.5997733E-01 0.2160780E+02 0.9958317E-01 0.1087366E+02 0.1097738E+00 p 5 1.0 0.1019464E+03 -0.6046455E-04 0.4526703E+02 -0.5282800E-03 0.2160780E+02 -0.2389362E-02 0.1087366E+02 -0.5844593E-02 0.5657112E+01 -0.1204547E-01 p 1 1.0 2.98391211 1.0 p 1 1.0 1.56483061 1.0 p 1 1.0 0.80012263 1.0 p 1 1.0 0.39117545 1.0 p 1 1.0 0.17932067 1.0 p 1 1.0 0.07558763 1.0 d 1 1.0 0.80012263 1.0 d 1 1.0 0.39117545 1.0 d 1 1.0 0.17932067 1.0 f 1 1.0 0.80012263 1.0 f 1 1.0 0.39117545 1.0 ****
58
Tabela A - Tamanho dos conjuntos de bases, energia eletrônica
obtida e energias HF para os respectivos átomos.
Átomos Base Energia(Hartree) Hfnum(Hartree) ΔE(Hartree)
Al 18-13 -241,8764874 -241,8767072 0,0002
Cl 20-15 -459,4819221 -459,4820721 0,0002
Mg 1512 -199,6140794 -199,6146363 0,0006
Na 1512 -161,858447 -161,8589116 0,0005
P 18-13 -340,7186567 -340,7187808 0,0001
S 18-13 -397,5047145 -397,5048958 0,0002
Si 18-13 -288,854191 -288,8543624 0,0002
Tabela B- Valores de energia e tempos computacionais para as diferentes polarizações.
Moléculas MCG2d1f(Hartree) Tempo MCG3d1f(Hartree) Tempo2 MCG-3d2f(Hartree)
Tempo3
AlCl3 -1623,404599 6 min0,4 s -1623,406307 8 min53,2s -1623,407603 30min38,0 s
MgCl2 -1120,748096 3 min11,8 s -1120,751708 4 min40,3s -1120,752676 8 min35,5 s
P4 -1365,604713 2 min30,5 s -1365,604812 3 min16,4 s -1365,608243 8 min47,4 s
PCl5 -2642,646627 23min21,1 s -2642,65102 33min56,3 s -2642,654782 1h6min7,4 s SiS2 -1086,034084 2 min59,5 s -1086,035541 4 min14,4s -1086,035824 9min 21,9 s
SiCl4 -2130,697986 5 min16,7 s -2130,700232 7 min 19,5 s -2130,702123 13min 4,0 s
Cl2 -920,4487611 39,0 sec -920,449285 52,1 s -920,4498827 2min 29,6 s
P2 -682,7644855 45,9 sec -682,7665295 1 min1,6 s -682,7670689 2 min39,7 s
NaCl -622,6270743 42,6 s -622,6287498 58,5 s -622,628965 3 min23,1 s
MgS -598,3100409 32,4 sec -598,3100409 32,5 s -598,3196836 4 min4,0 s
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