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SOBRE O SOM
assobio aos gatos
que do nada se entretm
assobio do nada do vento
em resposta ao meu assobio aos gatos
miar de assobios ao vento
que do nada se entretm como os gatos
assobio monocromtico
das passadeiras felizes
de vindima
vindimam os gatos felizes
que assobiam enquanto eu mio s passadeiras de vento
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SEM TTULO
puxa a forma da depresso para longe da porta encostada
tem smen
a maaneta que jorrou
do chifre aveludado.
na jaula est
a me que ferve o filho em gua e o seca ao Sol
unha encravada na mquina do tempo.
a cama de luz onde me deito tem tido falhas por causa do electricista
a mudana dos tempos na permanncia dos mesmos de verdade inundada de soro.
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LUGAR
Corro pelo prado
bbado de loucura
Despeo-me dos comboios
opulentos
canta-me o sonho
e eu com ele.
as crianas danam
porque algum morreu
sacode
menina
os deuses de asfalto
tocar-se-o
frenticos.
Quando nos encontrarmos
porta da terra
dana menina
em xtase
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Seremos os perdedores
de asas cortadas
em procisso descala
para a queda livre.
Farejo o fundo da noite
eu ousada maravilha
cedo demais
para a mente que molda
o Vale ensolarado
de vidro
vibra o divino
parceria estranha
minha
fuso de fria
rasgo a menina que dana
na fronteira do sonho
descanso
correndo.
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SEM TTULO
o tdio derrete-me o rosto
demasiado calor para acender uma vela se tenho que arder
que seja de tdio.
H um grande silncio
que abre camadas de monstros enquanto dou forma ao mundo que passa
como o arteso desmembrado.
H uma cidade num copo de vinho
que me derrete as mos
e um cavalo que me d coices prximo do Sol.
H um pequeno amarelo Sol
que abre as folhas rpidas.
H um grande nada
de carros velozes
Unio de tudo e nada de bocas molhadas.
Tempo de zarpar para a ilha embebedar-me, escrever
e entoar.
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As mulheres esto obsoletas
nas suas ancas saborosas
enquanto os novios as trepam como hera.
Com cola quente selei os lbios. H um guia para o labirinto
de cabeas democrticas com olhos espelhados de cores.
Ponho a mo no templo
e este no sagrado. A minha crena vive num fsforo
com cabelos de fogo.
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JARDIM DAS DELCIAS
Cinco sentidos que se multiplicam Cinco Homens que se subtraem sem sentido.
lcool que tinge as gargantas roucas
tempestade elctrica
sem possibilidade de abrigo
o porto aberto indica o caminho.
Porteiro generoso
como as putas da avenida. Corpos brandos, semi-voltados
para o Sol sangrento
Uma queimada
no jardim dourado
Fumo espesso de cheiro doce
O porto aberto indica o caminho.
Cu aberto de nuvens
nuvens abertas de Sol Corpo fechado de Cu
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Sol aberto no corpo
Meio copo basta!
Homem que ladra
em busca da voz
Homem que olha em busca do tacto
Homem que toca
em busca do cheiro.
sono real acordado de faces que censuram.
Vida em poiso tranquilo
e a aranha to grande quanto eu que se escapa por entre os lenis.
Tudo na sua ordem
na ordem de olhar julgado que completa o sentido.
Mo que suplica para tragar o vinho.
estraga a uva o bicho salgado
ser milagre?
Ps de suplica
para separar o po.
amassa a farinha o homem doente
ser milagre?
Peito de cuspe para molhar a terra.
Uiva o solo
o dente azul
milagre por certo!
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SEM TTULO
dobra a curva do tempo para eu escorregar
desenfreado
sou o auge da cidade
que devora os tolos
o homem que mergulha no lixo dos outros
o caador de ocasies.
do passeio de Sol vai certo o compasso
' - Sr.Joaquim, sirva-me l
outro bagao. '
quimeras de espera
sob o toldo dos amantes a rapariga que vai no centro
o rapaz nas extremidades
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