A VISITADO OMBUDSMAI
DAFIUA
NR 5 • ANO X • FLORIANÓPOUS, 28 DE ABRIL DE 1993 • CURSO DE JORNAUSMO DA UFSC
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PLEBISCITONÃOMOBIUZAPOPULAçÃO
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
ZEBO"5ANOX
ABRIL93CURSO DE JORNALISMO
CCE-COM
Melhor
pela GráficaI, I, 11/, IVe V
Set Uni"ersitárioMaio 88
Setembro 89, 90 e 91Outubro92
Jornal-Laboratório do Cursode Jornalismo da UniversidadeFederaldeSanta Catarina
Apoio: Alessandra Meinicke,Josemar SehnemArte: José da Silva JúniorColaboração: KipperCoordenação: Maria Alice
Baggio, Viviane AraújoCopy-write: Jornalistasprofessores Gilka Girerde-110, Luis Scotto, Ricardo Barreto, Zeni RatesDiagramação: Celso Gick,Marta Scherer, Pstttcie Jacomel, Victor CarlsonDireção de Redação e Supervisão: ProfessorRicardo Barreto (MTb 2708/RS)Edição: Alexandre Gonçalves, Celso Gick, Emerson
Gssperin, José da Silva Jú
nior, Nelson Correia, Rogério Mosimann, Victor Carlson
Editoração Eletrônica:Emerson Gssperin, (senior),Victor Carlon, Angelita Correia, Jaime MoraesFotografia: Ana CarineMon
tero, Diógenes BotelhoLaboratório Fotográfico:Ana CarineMontero, Diógenes BotelhoTextos: Alexandre Gonçalves, Bob Barbosa, CelsoGick , Diógenes Botelho,Diógenes Fischer, EmersonGssperin, Ivana Back, JaimeMoraes, Janaína Toscsn, José da Silva Júnior, Jussara
Campelli, Luis Carlos Festl,Marcelo Santos, MaurícioOliveira, Meire Bertotti, PstttcieMárcia de Souza, SilvioPereiraAcabamento e impressão: ImpretsrRedação: Curso ck_JomaJismo (UFSC-C�COM),Trindade, CEP 88049-900,Florianópolis/SCTelefones: (0482) 31-9215 e
31-9290Telex e telefax: (0482)34-4069Distribuição gratuitaCirculação dirigida
ANO FÉRTIL
quisa e Extensão, César Zucco, e a professora CarmemRosa, autora de trabalhos sobre jornalismo e gênero em
jornais ingleses. Teses demestrado e doutorado na
área de comunicação, projetos de pesquisa do departamento e projetos de conclusão de curso de diversos alunos incluem a programação.Num programa à parte,
alunos formados na UFSC e
que agora trabalham em ou
tros estados deverão voltar aFlorianópolis. Rosângela dosSantos, que faz a previsão do
tempo no Jornal Nacional, jáaceitou vir contar sua experiência aos ex-colegas.Hemeroteca - Mesmo com
toda essa programação Francisco Karan, chefe do Departamento de Comunicação,ressalta que o curso precisa,antes de mais nada, de mu
danças nas instalações. Os laboratórios exigem mais e me
lhores equipamentos e, assimcomo a hemeroteca, mais es
paço físico. Está quase im
possível trafegar entre as pilhas de jornais e revistas queesperam encadernação na
"hemerô" , e de nada adiantao Laboratório de Áudio ganhar um CD-Player, se não
há verba para comprar os discos digitais.A informatização das salas
de redação é um plano quepoderá se concretizar em breve. Um minicomputadorcom doze terminais vai serdesativado da BibliotecaUniversitária, e com um pouco de sorte poderá iniciar a
substituição gradativa das
"emperradas" máquinas deescrever.
A ampliação do quadro deprofessores também é uma
necessidade urgente. Nestesemestre, o curso tem 80 turmas abertas - um recorde. Sete professores estão afastados completando sua formação, o que obrigou a contratação de sete professoressubstitutos - situação sempreincômoda, pois os contratossão feitos para seis meses e
têm que ser renovados apósesse período.Em março passado, os pro
fessores Moacir Pereira e José Hamilton Ribeiro foram�provados no concurso paratitular na área de RedaçãoJornalística. Outro concurso
para a área teórica será feitoem junho.
Jornalismo sobepara ta:no rankingexpande a circulação do Zero e vaitrazermais jornalistas este ano
.
UFSC. o projeto ainda estásem patrocínio, mas deve co
meçar este semestre. Outrosucesso: os alunos de Jornalismo também mantêm con
tato com grandes nomes daimprensa nacional através doprojeto Memória do Jornalismo que já trouxe José Hamiltom Ribeiro, WashingtonNovaes e Guillermo Piernes- só em 92.O último convidado a dar
palestra pelo projeto dia 19de março foi o jornalista e
escritor Ricardo Kotscho,atual assessor de comunicação de Lula. O objetivo doprojeto é resgatar os bons
tempos do jornalismo das décadas passadas. Ainda deverão vir a Florianópolis profissionais como Joel Silveira,que foi correspondente dosDiários Associados na 2�
£iLf··.
UFSC poderão treinar na
prática suas habilidades com
duas feras nas áreas de foto
grafia e ilustração. O cartunista Edgar Vasquez vai estardurante uma semana no cur
so, com a oficina Grafismoe Jornalismo Impresso, a Caricatura no Jornal. Vasquez,um dos melhores cartunistasdo país, é autor do Rango e
do Analista de Bagé. As histórias do Analista, escritas
pelo escritor Luís FernandoVeríssimo, foram publicadasdurante dois anos na revistaPlayboy.Entre os dias 16 e 20 de
agosto, Luís Humberto Martins Pereira também estaráoferecendo o cursoFotografia: O Registro do Óbvio ou
a Descoberta do Sensível?Luís Humberto é ex-fotógrafo de Veja e hoje é professor
Karine Montero - Zero
Um PC-386já executa parte da editoração eletrônica
Curso entra com tudo em 93
Guerra Mundial e Mino Carta, diretor de redação da re
vista Isto É.Falando sobre a fase mais
recente do jornalismo brasileiro o projeto traz em maio,o repórter Caco Barcelos daTV Globotgeração mais novade jornalistas; estão previstasas vindas para os próximosmeses de Gilberto Dimenstein, Walter Clark e AlbertoDines.
E, finalmente, dando con
tinuidade ao debate iniciadopelo ombudsman do Folhade São Paulo, Mario Vitor·Santos, dia 30 de abril estará
aqui o chefe de redação doEstado de São Paulo, DelmoMoreira, que também é res
ponsável pelo Projeto Inte
gração dentro do jornal.Cartum - Saindo da teoria,
os futuros jornalistas da
titular dáUniversidade Federal de Brasília.Talentos - As radionovelas
Luna Caliente adaptação dolivro do escritor argentinoMempo Giardinelli e o CrimePerfeito do catarinense Gustavo Neves Filho, estão em
busca do patrocínio para irao ar. Mas o Núcleo de Radionovelas não pára: uma nova produção deve sair aindaeste semestre. O Universidade Aberta, produzido pelosalunos de radiojornalismotambém poderá vo!tar à ativa. O programa que era apresentado na antiga RádioUnião está à procura de novoapoio.
Entre os meses de maio e
junho, a professora CarmemRial organiza a Semana de
Pesquisa. Alguns convidadoscomo o Pró-Reitor de Pes- Janaína Toscan
ABRIL 93
OCurso de Jornalismoda Universidade Federal de Santa Cata
rina retoma ao clube dos dezmelhores do país, segundo a
pesquisa publicada na ediçãode março da revista Playboy.Prova de que o curso estácrescendo são os ex-alunos,que hoje competem lado a lado com profissionais de todoo Brasil. Para entrar com tu
do, o Departamento de Comunicação da UFSC preparavários projetos para este se
mestre: cursos de extensão,palestras, semana de pesquisa, e em andamento, a informatização das. salas de redação.Outro grande passo para o
reconhecimento externo docurso é o jornal-laboratórioZero. O jornal vai passar a
ser distribuído a órgãos deimprensa, sindicatos, escolasde comunicação, editores detodo o país e correspondentes estrangeiros sediados no
Brasil. O projeto Gestão deJamal Laboratório e sua Relação com a Imprensa conta
agora com uma bolsa de ex
tensão para administrar essescontatos.
Com a mudança de público, o Zero também está ad
quirindo um novo perfil, compautas mais abrangentes e
um projeto gráfico que o levará de vez para a era da edi
toração eletrônica. Isso graças ao computador 386 com
40MHz e vídeo SVGA, queo Laboratório de'JornalismoGráfico adquiriu recentemente. Aos poucos, alunose professores vão mantercontato com esse processo de
diagramação, rápido e mo
derno, agilizando a produçãodo Zero e de outros projetos.O jornal que completou dezanos em 92, vai estar mostrando um pouco de sua história na Univale, em Itajaí,durante o mês de abril, coma exposiçãoDezAnos do Zero. Para o segundo semestre,o departamento pretende fazer uma mostra de 50 jornaisdo mundo todo, incluindo ca
pas do New York Times, LeFigaro e La Revolucion.Memória do Jornalismo -
O contato com a imprensa in;ternacional não pára por aí.OPaís Visto deFora prometetrazer, num prazomáximo dedois anos, 30 jornalistas es
trangeiros a Florianópolis e
ainda traduzir códigos de ética de 70 países, que serão publicados pela Editora da
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
PLEBISCITO 93
Para organizaro Estado surgiramChefes e reis
Frentes criam confusãoPropaganda
políticagratuita no Brasilsempre foi sinônimode rádios e tevês desli
gadas. E com a campanha para o plebiscito de 21 de abrilnão foi diferente. As frentesparlamentarista, presidencialista e monarquista deram um
show de desrespeito ao eleitor. Os programas exibiramdiariamente um festival deacusações, informações erradas e superficiais, brigas emuito jogo de interesses. Oresultado disso é que a maioria das pessoas votaram indecisas.
Os presidencialistas alertaram a população contra o que
. chamam de o "golpe do parlamentarismo", ou seja, o fimdas eleições diretas para presidente. Mas, segundo os parlamentaristas , pelo modeloparlamentar proposto pelaFrente Ulisses Guimarães, opresidente da República seráeleito pelo voto direto. Masa frente parlamentarista não
Desinformação, mentirase fofocas dão espetáculona propaganda gratuitaficou atrás na hora do ataque,e em seus programas nãocansou de repetir que no sistema presidencialista é maisfácil eleger u.m I?�e.si�e!ltecorrupto e mars difícil tua-lodo poder. O parlamentarismo foi apresentado como
um sistema imune à corrupção, mas seus apoiadores "esquecem" de mencionar a avalanche de escândalos que vemacoritecendo na Itália, paísque adota o sistema de governo parlamentarista.Rei das BesteirasOs monarquistas tiveram a
coragem de ir à televisão pedir ajuda financeira para a
campanha. Bastava telefonarpara "coroar a democracia"e fazer contribuições de Cr$
100 mil, Cr$ 500 mil, ou Cr$1 milhão. Provavelmente écom esse dinheiro que elespretendem continuar falandobesteiras como a que foi ditanos programas: segundo os
monarquistas, o brasileirotem uma grande atração pelacoroa, e um exemplo disso éo grande número de casas co
merciais que usam símbolosreais, como o "Império dasTelhas" ou "O Rei do Bacalhau" .
Preocupado com o rumo
que a campanha estava tomando, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral, PauloBrossard, decidiu intervir nosprogramas. Ele gravou trêsdepoimentos, de 15 minutoscada, para explicarmelhor ao
eleitor os sistemas e as formasd� governo em jogo no plebiscito de abril. Usando termos que não são comuns àmaioria das pessoas como"eletividade" e "vitaÍiciedade", o pronunciamento nãoalcançou o resultado esperado. Uma pesquisa realizadapelo Data-Folha, dois diasapós os pronunciamentos,constatou que 44% dos entrevistados consideram as explicações do ministro pouco esclarecedoras.
Mas quem pensa que a idado ministro Brossard aos programas intimidou as frentes,se enganou. Elas continuaram mantendo a campanhano mesmo nível. E pior. Prometeram "pegar" mais pesado. E incrível, mas isso sãocoisas do Brasil. Usar instrumentos democráticos, como a
propaganda política gratuita,para promoção pessoal, nummomento tão importante co
mo esse, é com certeza, deplorável.
Ivana Back
Eleitores votam no escuro
Depoisde 67 anos de di
nastia Bragança e 103anos de República a so
ciedade brasileira vai escolhera forma de governo e tambémo sistema pelo qual quer ser gov:rnad�. Quanto à forma, a opçao sera entre a volta à monarquia e a permanência da republica. Com relação ao sistemadeverá decidir entre presiden�cialismo ou parlamentarismo.Para ajudar nesta tarefa é indispensável que o eleitor conheçao mínimo sobre cada possívelescolha. Na monarquia, não épreciso prenunciar-se sobre osistema de governo, já que, deaco�do com a Constituição, elasera constitucional, necessariamente parlamentarista. A função de chefe de Estado é exer-
ABRIL 93
cida por um rei com direito hereditário. Suas atribuições, porém, limitam-se a representaro país externamente, já que o
governo, de fato, é entregue a
um primeiro-ministro. Caso es
ta forma de governe ganhe, caberá ao Congresso Nacional definir quem será o monarca.
Se o eleitor escolher a república, deverá então optar entreos dois sistemas de governo.No Presidencialismo, as fun
ções de chefe de estado e chefede governo confundem-se nu
ma só pessoa - o presidente daRepública. Seu mandato é fixo,bem como o dos membros doparlamento; a não ser nos casos
excepcionais de impeachmentd.o presidente, e da cassação domandato dos parlamentares.Na República Parlamentarista.
o chefe de Estado é o presidente e o chefe de governo e
o primeiro-ministro eleito peloparlamento. Diante de uma decisão polêmica, de queda de
prestígio ou de fissuras na .bas�de apoio do governo, o pnmeiro-ministro e o resta�te. d� gabinete podem ser distituídospor uma moção de desconfiança aprovada pelo parlamento.Em contrapartida, o parlamento pode ser dissolvido pelo chefe de Estado. Isto demonstraa mistura entre os poderes executivo e legislativo, que no parlamentarismo se confundem e
interferem um no outro.
Mesmo com todos os esclarecimentos, nomomento de votaro eleitor deu um salto no escu
ro Algumas questões impor-
tantes só vão ter respostas de
pois do plebiscito: O sistema es
colhido para o País será aplicado também nos estados? Votarno presidencialismo significaaprovar o modo como ele temfuncionado até agora? Se o parlamentarismo ganhar, qual seráo papel dos governadores? Oprimeiro-ministro será obrigatoriamente um parlamentar?Uma coisa, porém, é certa:
seja qual for o resultado do plebiscita, o Congresso Nacionalsairá fortalecido. No parlamentarismo - monárquico ou republicano - o parlamento será o
governo de fato. No presidencialismo, a forma proposta peloMovimento Republicano Presidencialista (MRP) limita os poderes do presidente.
QUANDO os homens realizaram as primeiras tentativas de organizar um Estado, surgiram os problemassociais e políticos, e com
eles os grandes chefes e reis.O rei era coroado por di
reito divino, isto é, todo o
poder se concentrava nas
suas mãos e ele não precisava responder pelos seus
atos. Era a monarquia absoluta. Em 1215, surgiu a mo
narquia constitucional,quando 'os nobres inglesesdecidiram limitar por uma
constituição (a Carta Magna) o poder absoluto do ReiJoão Sem Terra. Nenhumimposto poderia ser lançadosem consulta a um conselho(o Parlamento) onde estariam representadas as principais figuras do reino. Estefoi o primeiro passo na direção de uma democracia mo
derna.A Revolução Inglesa, em
1688, trouxe como, conseqüência a deposição do ReiJaime II. Seus sucessores,Guilherme III e Maria II foram coroados não mais pordireito divino, mas por decisão do Parlamento que se
afirmava como fonte de poder. A partir daí, o regimeparlamentarista se aprimorou até atingir a formaatual, onde o rei ou o presidente detém um papel simbólico, cabendo o poderefetivo ao gabinete formadopela maioria parlamentar.Contrário ao Parlamenta
rismo e fruto de uma longaevolução histórica, o Presidencialismo nasceu de um
evento: a independência dasColônias Americanas. Em1787, na Filadélfia, os constituintes americanos inventaram um sistema baseadonuma figura dominante para comandar o Poder Executivo - o presidente -,mas com margem de mano
bra severamente controladapelos poderes Legislativo e
Judiciário, e pelas imposições do regime federativo.Praticamente toda a
América Latina imitou o
bem-sucedido presidencialismo americano, e o parlamentarismo inglês ganhouespaço em quase todos os
países europeus.
Textos:Meire Berto"; ,
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
MíDIA PERDEU
Povo respondeA reportagem do Zero foi às
ruas em Florianópolis entre os dias5 e 7 de abril e fez as seguintesperguntas: Você já sabe em quevotar DO plebiscito? Qual o motivode sua escolha?"Eu vou votar no parlamenta
rismo presidencialista. Não, querodizer, sou parlamentarista e achoque essa é a única proposta quetraz algo de novo. E é bom paraosjovens".Eduardo Goes - artesão"O parlamentarismo é melhor,
porque é o sistema que mais condiz com a realidade brasileira. Pelo passado se sabe que o presidencialismo não dá resultado, é só observar o que aconteceu com o último presidente".Paulo Roberto Paes
os:
Ii18'õmo
Õu.
Paes: "Presidencialismo não dá"
"Vou votar no parlamentarismo republicano para dividir o
poder, só assim o monopólio no
governo acaba. Na propaganda daTV as frentes preocupam-se em
criticar-se mutuamente não trazendo nada de novo para o debate"Erivelto Peixoto
Soares: "Não voto em ninguém"
"Não vou votar em proposta alguma. Já faz um tempão que eu
não voto em ninguém, pois tô sa
bendo que político é tudo igual.O único que prestava era o Getúlio, que já morreu faz uns dezanos, não é verdade"?
Seu Soares-mendigoVoto no parlamentarismo por
que nesse sistema se escolhe um
primeiro-ministro que é obrigadoa apresentar um plano de governo,que tem urn prazo fixo para ser
cumprido. Votar no parlamentarismo é apostar no futuro do Brasil".Priscila Souza
4 ZERO ABRIL
Imprensa opta pelamudançaA
grande imprensa brasileira se posicionou a
favor do parlamentarismo durante toda a campanha pelo plebiscito. Apesar damaioria dos jornais terem feito um serviço de esclarecimento a seus leitores, apresentando prós e contras de ca
da proposta, nos editoriais e
nos artigos dominaram mes
mo as idéias parlamentaristas.O mais engajado entre os
"jornalões" foi o Folha de SãoPaulo. Mesmo abrindo espaçoaos artigos de todas as trêsfrentes, o FSP favorecia o par-
Todos os grandes jornaisquerem o país governadopor um primeiro-ministrolamentarismo. Além dos editoriais defendendo a mudançado sistema, o jornal publicouquase que diariamente as co
lunas de José Serra, DelfimNetto, Tasso Jereissati e JoséSarney, principais membrosda Frente ParlamentaristaUlysses Guimarães. Depois
de 'ter saído na frente duranteas Diretas-Já e nas críticas ao
governo Collor, com editoriais de primeira página, o
FSP vacilou: apostava na vitória parlamentarista e na sua
consagração como o principalveículo escrito de formação de
opinião.
O Jornal do Brasil foi o único dos quatro principais jornais do país que inclinou, ainda que disfarçadamente, parao lado monarquista. Para o
JB, o apoio à volta a monar
quia era quase uma questãode tradição: sua fundação, em1891, estava ligada a simpatizantes da Coroa, que ainda so
nhavam em reimplantar a monarquia. Se depender do discreto poder de persuasão doJB, o Brasil não vai cair na
real tão cedo.
Diário peca pelavontade de dar tudo,
até o que é fútil
A cobertura feita pelos quatro principaisjornais de Santa Catarina sobre o plebiscito,não conseguiu evitar a opinião. Eles criticaram a falta de informação sobre o assuntoe a péssima qualidade dos programas eleitorais, tratando disso em editoriais e colunasassinadas.
O Estado é o que menos se preocupoucom uma cobertura informativa, dando
pouco espaço aos fatos da campanha e publicando apenas os mais relevantes ou maisinteressantes. As poucas matérias sobre o
plebiscito foram escritas e editadas dentrode uma ótica parlamentarista. Embora o
jornal não toque no assunto nos editoriais,a coluna Ponto de Vista do dia 28 de fevereiro resume a sua posição. O editor-chefe,Mario Pereira, assina o artigo entitulado"Parlamentarismo sim".O Diário Catarinense procura cobrir tudo
o que acontece na campanha do plebiscito.A preocupação em "dar tudo", que o DCassumiu leva o jornal a publicar coisas do
tipo Videntes prevêem parlamentarismo.Amnésia - O jornal publicou duas edi
ções especiais, nos dias 10 de fevereiro e
21 de março, e mantém uma coluna permanente chamada ABCdo Plebiscita, que res
pondeu às dúvidas enviadas pelos leitores.Mas toda essa busca pela informação é prejudicada quando o jornal comete erros primários, como usar o mesmo título, em duasedições diferentes na semana - ver box.
O Jornal de Santa Catarina, RBS em Blumenau, chama para si toda a opinião queo DC procura evitar. De cada dez artigostratando do plebiscito, em média sete foramsimpatizantes ou defensores ferrenhos doparlamentarismo. Os outros três são divididos entre os presidencialistas, os monarquistas e os defensores simplesmente da República, sem especificar o sistema de governo.
Outro dos quatro grandes, o jornal ANotícia, de Joinville , procura manter um
tom de imparcialidade. Apesar de abrir espaço para opiniões e artigos assinados. ANotícia distribui esses espaços igualmenteentre as três frentes.
Diógenes Fishel'
Maciel quer responder àFrente Parlamentarista
José da Silva Jr.
é rece; '; ":0com},,,
Bah u,
DC usa
títuloduas vezes
Sábado, 13 de março de 1993. Página 6 do Diário Catarinense.D título: "Macie
quer responder à Frente Parlamentarista". Bonitinho, não? E o que deve te
achado o editor de política, pois na edição do dia 15, segunda-feira, iá estav
o mesmo título novamente, alegre e saltitante, só que desta vez na página oitoAcorda DC!
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
SantaCatarina utilizou
o fax para agilizar a
apuração dos votos noplebiscito de 21 de
abril, repassando os dados dointerior diretamente para o
Tribunal Regional Eleitoral(TRE), em Florianópolis. Adivulgação do resultado finalfoi tabulada até a meia-noitedo dia 21, quando os númerostotais do estado foram enviados para Brasília.O sistema de apuração foi
elaborado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília e repassado para todo o
PRÓS E CONTRAS
Fax agiliza apuração em se
Sistema impede fraudes e
possibilitu contagem dosvotos em tempo recorde
país. Os votos passaram pelas dade foram remetidos, via fax,juntas apuradoras que totali- ao TRE, em Florianópolis. Ozaram o resultado e entrega- sistema é considerado à provaram o boletim de urna ao Juiz de fraude, pois os fiscais con
Eleitoral da região. Ao térmi- ferem o boletim de urna antesno da apuração o resultado fi- e depois dos números passanal de todas as umas da locali- rem pelo computador.
Políticos ficam desacreditadoscom festival de contradiçõeso flagrante desinteresse dos eleitores
em relação ao plebiscito de 21 de sbrilmostra, entre outras coisas, o descrédito que sofre a classe política do país.Fato que não é de se estranhar, poisas lideranças políticas fazem da campanha do plebiscito um festival de contradições, onde cada grupo busca viabilizar seu êxito eleitoral em 94.O líder do PT, Luís Inácio Lula da
Silva, que defendeu veementemente o
parlamentarismona Constituinte de 88,atualmente afirma estarpresidencialista. "ApesãRas vou dizer que meu partido recomenda o voto neste sistemadegoverno e temos que acatar'a decisãodo plebiscito interno".Mas o próprio Lula e as lideranças
do PT jogaram o partido na posiçãoptesidencieliste mesmo antes doplebiscito interno. Na verdade o PT já se
sente com ospés no Planalto, prevendoa derrota do parlamentarismo.Obviamente quase toda esquerda é
presidencislists, este é o caminho maiscurto e viável para sua chegada ao poder. Esta afirmação serve também parao PDT de Leonel Brizola que é, semdúvida, o partido mais coeso na proposta presidcncielists. Posicionamentoesperado, porque com a vitória parlamentarista seria enterrado de vez o obstinado sonho de Brizola de ser presidente do país.Mas Brizola nem sempre foi tão pre
sidencialista. Em dois momentos defendeu o regime de gabinete. Em 1947achava que o melhor sistema de governo para o Rio Grande do Sul era o
parlamentarismo, também em 1957disse que opresidencislismo teria morridocom Vargas. "Só falta exorcizarmos o
fantasma que ficou e nos atormenta".Metamorfose
Outra figura que costura sua base política para 94 é o prefeito de São Paulo,Paulo Ma/uf O prefeito que nunca falou em parlamentarismo, hoje é um deseus maiores defensores, comorome-
ABRIL 93
tendo-se até a subir em pslsnque paradefender a proposta. Mas essa metamorfose política tem explicação. Malufdefendendo o parlamentarismo ampliaseu campo de negociação política. Assim se aproxima do PSDB e de setoresde centro direita e com a provável vitória presidcncislists, a seu ver, terámelhores condições de trânsito nosgruposderrotados no plebiscito.O ex-governador Orestes Ouercie»
presidencislists, quase ausente da campanha no vídeo pela repercussso dasdenúncias que recaem sobre sua administreçéo, também sonha com a presidênciadopaís. Quércia instrumentalizasua campanha para 94, através do programa de rádio da frente presidencielista, espaço que usa quase diariamen- .
te. Sobre Quércia o atual governadorde São Paulo, LuisAntônioFleury, disse em entrevista: "Ele teve um papelimportante naminha eleição, mas apopulação já vê que existem diferençasentre nós". .
Celso Gick
ZERO
Para atender os 260 municípios catarinenses esta eleiçãocontou com 66 mil mesários e
quatro mil escrutinadores. Omaterial eleitoral (urnas, cédulas, cabines) foi remetidopara todas as comarcas eleitorais do estado, e está prontopara receber os 2.974.926 eleitores de Santa Catarina. Oseleitores catarinenses que es
tavam fora de seu domicílioeleitoral, puderam justificar aausência e os de outros estados
puderam votar em trânsito.
Diógenes Botelho
Convergência fazcampanha pejaanulação do voto
A Convergência Socialista e várias outras frentes de esquerda com
tendências trotskistas defendem a'anulação do voto para o plebiscitodo dia 21 de abril. Consideram que"seja qual for o resultado da consulta, será o Congresso que terá os poderes para definir o regime". Expulsa do PT em 1992, a ConvergênciaSocialista está reunindo várias tendências de esquerda para formar umnovo partido, a Frente Socialista.Para Edilson Francisco da Silva, daConvergência, todos estes' gruposdefendem o voto nulo no plebiscitode abril."Caso milhões de pessoas anulas
sem o voto, o mandato do Congresso estaria questionado e poderia haver reformas mais democráticas na
sociedade", foi isso que TarcísioEberhardt, dirigente da Convergência em Florianópolis afirmou durante um debate realizado dia 18 demarço, no Centro de Filosofia e
Ciências Humanas da UFSC. Nomesmo dia e horário, no Centro Sócio Econômico, outro debate sobreo plebiscito estava sendo realizado.Lá também estavam representantesda Convergência Socialista, defendendo o voto nulo.Entre as opções disponíveis, a
Convergência considera o Parlamentarismo como o sistema "maisdemocrático", mas segundo Eberhardt somente se ele vier acompanhado de reformas que incluam am
pla liberdade partidária, representação proporcional dos estados nãoao voto distrital. Para ele, votar emum dos sistemas é passar "um cheque em branco ao Congresso".
Sílvio Pereira
"Eu e meu marido vamos vo
tar em branco porque não adianta confiar nesses políticos, Naeleição passada votei no Collore deu no que deu, se não fosseobrigado votar nem ia." Rita deCássia Antunes, dona de casa.
"Defendo o presidencialismo,em primeiro lugar porque sou
presidente de uma entidade e
acho que é o melhor sistema parao país. Além disso, tenho medode entregar o poder para nossos
parlamentares." Fernando deMattos, presidente do C. A. deCiências Contábeis da UFSC.
Rita: "Vou porque é obrigado"
"Sou presidencialista porqueacho que o problema da crisebrasileira não está na forma degoverno, o que falta são adrninistradores sérios. Prefiro elegerum bom presidente do que con
fiar em 503 deputados." NicoleOrfali, estudante.
Nicole: "Falta gente séria"
"Esta história de parlamentarista é puro aluguel na cabeçado povão. Sou presidencialistaconvicto, e acredito que esta
campanha vai botar todo nosso
dinheiro na mão dos tubarões.No ano que vem, vou fazer quenem em 89: vou votar no Maluf." Francisco Silva, comerciante."Escolhi o presidencialisrno
pOrque quando o presidenterouba, a gente tira como fez como Collor. Atualmente, rvâo se
aceita mais políticos corruptos,hoje os cara pintadas vão às ruase tiram eles do poder." Carolinados Santos, almoxarife.
Celso Gick e
Diógenes Botelho
o.J:;
Q;ÕID
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8isúi
Õu,
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
ZERO DEPOIMENTOEIID Qual o perfil dosprofissionais que chegam iaimprensa hoje: seucompromisso com o leitor.seu empenho profissional?KotIeho - Eu sou sempremuito otimista. Tenho a esperança que a geração de vocês tenha mais
disposiçlo para a luta do que aquela que fica entre a
minha geraçlo e a de vocês. Aqueles que hoje estio com30 anos entregaram os pontos. Nem tentaram fazer alguma coisa. E nlo é só questlo de ser bom proíissioaal, desaber escrever bem. Acima de tudo émna questIo de serbom cidadlo. Jornalista não é um poeta que escreve
bonito. Deve ter compromisso com a sociedade do seu
tempo. com omomento que o pais está vivendo. Vejo as
gerações que safram das faculdades nos últimos anos
muito individualistase com poucahumildadepara aprender as coisas. Se pensava que com o fim da ditadura e a
liberdade de imprensa as coisas fossem melhorar. O quehouve foi um retrocesso. Os jornais de hoje 510 piores doque há 10 anos. Isso nlo quer dizer que tenham quecontinuar assim. É preciso pensar em mudar isso daquipara a frente.
resumo daquilo que a TV veiculou Ao invés do jornal irmais fundo, fica aquém daprópria TV.1ssodecorredessejornalismo estilo telegráfico. igual Asnoticias daFolhadeSio Paulo. que mais parecem boletins de ocorri!nciapreenchidos pelo cscrivlo de policia. O jomal USA Today. que introduziu essemodelo na impn:Dsa americanaestá falido e nós continuamos a copiar isso noBrasil NaEmopa, ao contrário. os jornais sIo s6lidos, porque é umjornalismo de autor. Em vez de dizer que a bomba foidaqui para lá, na guerra da Iugoslávia, você conta a
história de um personagem. de uma famflia, ou faz umaanálise das causasda guerra e o quepode 8CClIltecerdaquia alguns dias. Para fazer isso é necessério compet&lciaproflSSional.muita informaçlo e vontade de trabalhar.Existe também uma grande IRguiça do pessoal maisnovo que se acomodou. Hoje é comum fazernoticias portelefone. Se cOrtarem. todas as linhas telefônicas dasredações dos principais jornais brasileiros. eles nIo circulam no dia seguinte. Esse é um jornalismo de segundamio.Nlo é nem jornalismo de gabinete. émuito pior. OSrepórteres nem saem da redaçlo.É fácil botara culpa nosoutros, no chefe.nopatrlo.MasosrqXmeres.o queestlofazendo? Devem ser eles a levar a boa infonnaçlo parao jornal. e convencer o chefe que vale a pena gastardoisou três dias para cobrir aquilo. edepois brigarpara que seja publicada. E por isso nlo pode trabalhar seis horas por dia como em
um banco. Outro capitulo ébrigarno sindicato pelas horas extras e
um salário melhor. O que não
pode é trabalhar aquelas horinhas. deixaro texto pelomeio e irembora. Quem quer ter horáriocerto deve procuraroutro emprego. não ser jornalista. Há um distanciamento completo entre a
imprensa e a realidede brasileira.Os jornais estio cheios de opiniões sobre plebiscito. parlamentarismo. presideaeialismo, comoseessafosseaquestio fundamental.MasexisteumBrasiltal com outras preocupaçOes. como a de conseguir umprato de comida, por exemplo.
ojornalista Ricardo Kotscho esteve na
UFSC no dia 20 de março como o quartoconvidado doprojeto MemóriJ'do
JorlUllismo. PromovidofpeloDepartamento de ComunicdÇlto da
Universidade e o Sindicato dosJornalistas Profissionais de Santa
Catarina, com o apoio da Souza Cruz, oprojeto já trouxe à Florianópolis
Washington Novaes, José HamiltonRibeiro e Guillermo Piernes.
Ao contrário dos outros convidados, que'fizerampalestras, Kotschopreferiu ser
"entrevistado"pelos presentes. Durante aconversa resgatou alguns episódios de
sua trajetóriaprofissional em 30 anos na
imprensa brasileira.
Jornalistanão é poeta
..
Z - Dizem que a imprensa brasileira sofre depessimismo. que 56 publica notrcias ruins.Você concorda com isso?
Z - Você est6 de acordo com a t... de que nofuturo sobreviver6 somente um grande jornalem cada capital? OU existem outras
perspectivas?Kotscho - A tend&lciaéa regionaJizaçloe a segmentaçloda i.mpn:nsa. Existem hojemilhares de publicaçOes dirigidas. Omercado seamplioumuitonosúltimos anos. EmSIo Paulo estio crcsccodo as te1evisties regionais quecriaram mercados locais. A própria Folha de SIo Paulo
Ele iniciou naprofissão aos 15 anos emumjornal de bairro em SantoAmaro,
São Paulo. Aos 18, foipara O Estado de
São Paulo, ondeficou 11 anos,
exercendo as funções de repórter. editore chefe de reportagem. Em 1977,
Kotscho realizou "o sonho de todo
jornalista: ser correspondente noexterior". Ficou dois anos naAlemanha
como con-espondeltte do J017lll1 doBrasil. Entre os momentosmais
imponantes de sua carreira ele cita acampanha das Diretas-Já em 84. Na
época ojomal onde trabalhava, a Folhade São Paulo, "acreditou e incentivou a
camJ!Hl1tha". Em 1989 Kotscho viveu"uma experiênciafantástica, como
profissional e cidadIJo", assessorando o-, candidato da Frente Popular nas
eleiçõespresidenctais.A reportagem doZero destaca algunspontos do
"bate-papo" entre Kotscho,os alunos e profissionais.
Enfrevi.fa: Jaime Morae.
criou cadernos por região, abrindo novos mercados nointerior. A verdade é que os grandes meios. incluindo os
quatro ou cinco maiores jornais. nlo tem essa força todaque já tiveram no Brasil. É uma ilusão imaginar que elespodem tudo. A campanha das Diretas em 84 foi umexemplo disso.ARede Globonãonoticiava nada até queo povo na rua começou a virar seus carros e as concor
rentes transmitiam ao vivo os grandes comicios. QuandoaGlobocomeçouaperderaudi&lciafoiobrigada amudaro comportamento.
.
Z - Como você vê os jornais das ddades dointerior e sua influência sobre a população?Kotldao - Quantomenor a cidade emenoro jornal, maisfacilmenteele émanipuladoporquemdetém opoder. Emuma pequena cidade o coronel local é o dono do jornalque serve para fazer suas campanhas politicas. E se o
proflSSional não é do mesmo grupo politico nlo temliberdade nenhuma. Em 1988. houve uma ampliaçlo dosCUITaisde imprensa. com a distnbuiçlo de canaisderádioe televisão durante aquela batalha pelos cinco anos parao Samey. Foram distribuídos centenas de canais de rádio
Z - Qual é a sarda para a demoaatização dos Kotleho - Eu nIo digo que alguém deva ser um Dommeios de comunicação? Quixote. que jogue tudo para o alto. Mas quando eu
Kotleho - A saidanlo é única. É preciso brigarem todas comecei nlo se pensava só no emprego. A gente brigavaas frentes. É importantissimo semobilizar pera lutar no muito. não por idéias politicas.mas pelo nosso trabalho.Congresso durante a revislo constitucional. Isso nlo E esta é uma briga�an�. A� é o
impede a criaçlo de rádios-pirata onde for possível, ou a valor ftmdamental do Jornalista e tam� do Cl�.participaçlo na im- XY����=��=�X��=��=�W�======��W�����XW��WA�'X:WA'X���WI�� ��o 8CC1tar as C01S8S doprensa sindical. do jeito que �o. V�
. movimento popular. "No caso Collor a imprensa � que brigar até o li-daIgreja.Masépreci- �te das forças de queso que aesça a cons- deu um sbonr
. dispõe, sem ser�ciência de cidadania. 'n Quando não dá mais
Essas coisas devem para fazer um bom tra-
vir juntas. quanto de hipocrisia" balhoeudemitoojornalmaior a consciência e vou embora. Émelhordo cidadio maior a do que ficarfazendoum
dem�çIo e quanto mais democráticos forem os trabalho indigno e se queixando da vida.meios, maior a consciência de cidadania. Há 10 aos os
metalúrgicos de sao Bernardo estio brigando por umarádio própria, ao invés de lutarcontra a rádio dos cheRIespoliticos. E agora, no govemo Itamar. finalmente saiu a
v
"Jornais de hoje são piores doque há deúmos"- - -
-
Z- Durante o processo de impeachment sefalou muito do papel da imprensa. doressurgimento do jornalismo investigativo.Kotlebo·-- Houve um grande festival de hipocrisia. Aimprensa se auto-endeusou exageradamente nesse episódio. Desde 1989. dunmte a campanha presidencial todosos jornais e todos os jornalistas sabiam de todas aquelashistórias do Fernando Collor de Mello. O que o PedroCollor contou não era novidade para nenhum jornalista.A novidade é que ele procurou uma revista de prestígio! como a Veja e tomou público o que todos sabiam e
J'estavam escondendo. Se nlo fosse a brigaenR osmem-
o bros da quadrilha o Collor estaria no poder até hoje.Todos os heróis que surgiram depois. inclusive a impren
� sa, não teriam aparecido se o Pedro não tivesse colocadoo dedo na ferida. Houve bons trabalhos de investigaçêo, �O resto foi tudo festivo. muito oba-oba. E depois? Tão Igrave quanto a roubalheira da quadrilha das Alagoas é a �fome e a seca no nordeste. Aliás. essas coisas estão .
ligadas porque o Collornlo é o único responsável. Ele é io produto de um sistema politico. do comportamento de �uma elite que o levou ao poder e continua mandando e imatando no pais. E eles continuam todos soltos. E o que
Ia imprensa está fazendo agora?Z - Por que você deixou de fazer reportageme se tomou assessor de imprensa? IKotleho - Eu não gosto muito da paíavra assessone de �imprensa. Elaestámais parapublicidade e omeu negócio ié jornalismo.Estou nisso devido às circunstâncias. Em ,1989 o Lula me convidou para fazer a campanha e�o
pude recusar. Sempre fomos amigos. desde antes daexistência do PT e por isso aceitei. Quando terminou a
campanhavolteiparaoJomaldoBrasil. Láeaeoatreidoisproblemas. O primeiro é que não se podia mais viajar edevia fazerasmatériasporte1efone. Sempre combati issoporque é enganaro leiter. Em algunsmomentos chegueià viajar pagando do meu bolso. E mesmo quando faziaessas aben'a9Oes profissionais você chegava na redaçêocom 'Cmft(IU duas páginas sobreo assunto e temandavam-fazer 30 linhas. E esse era o segundo problema: nlo tinhaespaço para publicar. E o Jomal do Brasil ainda era o
último quepermitia fazerum bom trabalho. Na coberturado impeachment, duranteo grande comicio doAnhangabaú, CDCOJItRi o Clóvis Rossi num canto. triste. Tinhampedidoparaelemandaro textodanoticiaaté as oito horasdanoite.an 2S linhas,nlo importandooque acontecesse.Quer dizer, não importa mais o fato. Isso é o fim dojomalismo.. Nunca quis deixar a reportagem. Fui obriga-do porque não havia mais espaço para mim. Nesse momento eu senti que tinha chegado ao teto cm um jornal.Tudo o que eu podia fazer. tinha feito. E o caminho queencontrei pera continuar tentando mudar as coisas e influindosobreatalidadefoivoltaratrabalharcomoLula.Penso que cada um deve encontrar um caminho na vidaeeunlogostodegentequeficareclamandootempotodo.Você tem que brigar por aquilo em que acredita.
Z - Qual a sua opinião sobre os quatrograndes jornais brasileiros?Kotldao - É dificil generalizarporque os jornaismudammuito dependendo de quem os faz. Nlo importa tanto
quem é o dono do jornal ou a linha editorial. mas qual aequipe que está fazendo o jornal naquele momento: doeditor-chcfe ao último repórter, Por exemplo, um dosjornais mais conservadores do pais. O Estado de 810Paulo, foi o que mais combateu a censura durante a
ditadura militar. A equipe de redação daquela épocabrigava muito com os censores para publicar as noticias.AFolha de Sio Paulo teve doismomentos completamente diferentes: um de subordinação total ao regime e outrode confronto e insubordinação. quando Cláudio Abramoassumiu a direção de redação, E os donos eram e conti-.nuam sendo osmesmos. Por isso. digo que não é sempreigual e não depende só do dono do jornal. O Globo é um
jornal queháalgum tempoeunem lia.Hojeachoumbomjornal. Tecnicamente está sendo bem feito e também porquestOes de mercado resolveu abrir espaço para temas epersonagensqueantesnãopodiam aparecer. Porque alémda ideologia do pado. há uma questio de mercado.�ente. o problema domcrcadonIo pode ser leva--� a extremos como 8CClIltece atualmente em sao Paulo. Kotleho - Concordoplenamente. Há�adefonnaçlo naH
.
e a de nossa unprensa porqueseOJdá :.:par� :w.«<�:;(«*:;;>:.m:<<<<<,,<<<�<<:::;;::<<<:::;;:y.<*<:;;:;;<:::;::::::;;:::;;:;::;;«mm::<::m«::<:;;<<<<:;;<<<<<'i�'i:<<<<<::::::::m<<<<<<::<'ió<<<<«<<< �coumais fácil denun-quemtemamelhorno- "A
•
ub dlnGta"" Clarasdesgraças.oqueticia, a melhor man- IDS or uau,yao e � errado. ��todlcte, mas quem faz o ISSO tem mwta COIsa
mel�or caderno de fundam.ental para o boa8CODnio�otic·�:;classifioados. É o "en- que aauD
deusaménto" do mar-•
alista Idad"'" O desafio que se apre-
keting, Em nenhum Jorn e o c.
ao senta não é tanto �-desses jornais você contr'a! asmás notiCIastem grandes jomalis- mas SIDl as boa. c ter
tas,mas tem 8f8IJdcs "mll'lc:eteiros". coragan de divul�á-las. Nós.temos um� flDtásticoque está conseguindo soIRviver nesta ense, que supera
Z - As reportagens estão desapaNatdo dos dificuldades imensas. Eparamudaranossarealicl8deDiojornais. É urna polrtica das empresas de besta denunciar o que está cnado. É prcciIo tambémcomunicaçio ou Incompetênda dos aptacntarso�moslrlr o quead funciooando.profissionais?Kotleho - Uma qucstIo central é an=ssIo ccon6mica.Um bom jornalismo exige dinheiro. Mas não é s6 isso.Hoje. na chefia das reda¢Gcs está mna geraçio que nIofez reportagem. O sujeito sai da faculdade. trabalha umano e vira editor-chcfe. Como formaros novos profissionais senasredaç&:snlohá gente que fezrcportagcm com
conhecimento para transmitir? Houve uma evoluçlo nojornalismo dos meios eletrônicos - principalmente a TV- e retrocesso no jornalismo i.mpn:sso. O que se vê é um
AM, FM. c TV. Iocas, criIDdo-se assim um imensoCUII'II eleta&ico. Eale é o ..... poder noBrasil hoje.Nio é IÓ a Rede Globo. ou OI grandes jornais. SiopriDcipalmcnte asdIdios locais.UIIdas com finspoliticoso tempo inteiro. Servem pera desIruir os adversários eenaltecero dODo da tWlio. Isso -=-be criando um inocêncio de Oliveira. prcsideDte da camara Federal.
rádio para eles. É uma primeira amostra, também paraoutras categorias, que é possivel rompcrcssemonopólio.Isso nlo impede que se use os espaços nas rádios quecstIoai
Z - E o problema da insubordinação c:ktntro dahierarquia da empresa?
1,
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
vembro de 92. Passados quatro meses sem negociação, a
Secretaria de AdministraçãoFederal entregou uma res
posta que os servidores acharam inaceitável. No dia 2 demarço em Brasília, foi realizado um ato público de protesto em frente ao Ministérioda Fazenda. Entre os pontosdefendidos pela categoria es
tão uma política salarial comreajustes mensais de acordocom a inflação, recuperaçãodas perdas salariais a partirde 90, liberação do fundo degarantia e combate ao suca
teamento do serviço públicoe à privatização.Na última semana o gover
no liberou um reajuste de33%. Gelson Luis Albuquerque, tesoureiro da APUFSC,diz que isto não representanada, já que as perdas de janeiro a março chegam a maisde 100%. Pelos cálculos doDieese a reposição de janeirode 90 a dezembro de 92 deveria ser de 3.353,77%.
CAMPUS
o Catharinensereaparece,na surdina
Reapareceu, na BibliotecaUniversitária, o único exemplarconhecido da primeira edição OCatharinense, de 1931. O jornal,marco inicial da imprensa em
Santa Catarina, estava desaparecido há mais de três anos. Os funcionários da Biblioteca resolveram procurar o exemplar porquehavia o boato de que ele estaria"no lugar de sempre". Dito e feito: no primeiro dia de trabalhodeste ano, 4 de janeiro, depoisde uma semana de feriado, O Cstharinense foi encontrado entreos jornais antigos da seção deobras raras. O jornal estava dentro de um saco plástico, o quechamou a atenção por se tratarde um procedimento incomumentre as obras raras.
Mesmo com o reaparecimentodo jornal O Catharinense , a
UFSC abriu inquérito adrninistrativo para investigar o caso. Acomissão já foi nomeada e os tra
balhos, que incluem depoimentos dos envolvidos - devem estarconcluídos em cinqüenta dias.A dúvida é saber se o jornal
nunca saiu da sala de obras raras
ou se estava, de fato, sumido portanto tempo. O certo é que, pormais que tenha sido procurado,o jornal não foi visto desde outubro - quando o Zero denunciouo seu desaparecimento - até o
dia em que foi encontrado, maisde dois meses dapóis.A sala de obras raras, foi inter
ditada em novembro para reformas e reavaliação do acervo. A
partir desta data, o acesso à salaesteve limitado aos funcionários- ou a quem que, por ventura,tenha uma cópia da chave da porta.
Segundo a diretora da Biblioteca Universitária, Maria Ghisoni, as reformas na sala de obrasraras estão lentas por falta de verbas e funcionários. A colocaçãode cortinas "black-out" e o con
serto do ar-condicionado, únicostrabalhos feitos até agora, us-aram dinheiro das multas por atraso na devolução de livros.
Maurício Oliveira
8
Servidores preparam greve geral
Vamos ver esta cena de novo?
Paralisaçãotem indicativopara mala
osservidores públi
cos federais decidiram dar início aos
preparativos para a
greve geral unificada da cate
goria, a realizar-se na primeira quinzena de maio. Os ser
vidores fizeram paralisaçãonacional na quarta-feira, dia14, exigindo a moralização doserviço público, e uma política salarial que garanta a re
cuperação de perdas e a ma
nutenção do valor do vencimento. Em Santa Catarinaparticipam do movimento o
Sindicato dos Trabalhadoresda Universidade Federal(Sintufsc), o Sindicato da Justiça Federal, a Apufsc daUFSC e outras entidades.A pauta de reivindicações
contém 43 pontos e foi aprovada no encontro nacional dacategoria, realizado em no- Jussara Campelli
Estudantes pressionam K1einübingOs estudantes secundaris
tas de Florianópolis tomaramgosto pelas ruas, e no últimodia 12 experimentaram o sa
bor de vitória da mobilizaçãocoletiva. Depois de sair em
passeata e ocupar o plenárioda Assembléia Legislativa,conseguiram que os deputados aprovassem por unanimidade a Lei n� 081, de autoriade Miguel Ximenes, que regulamenta a cobrança de meiaentrada para estudantes de 1�,2� e 3� graus em todo o estado.
A lei da meia-entrada jáexistia desde 1990, mas algumas falhas na sua redação davam margem a várias inter
pretações e artimanhas porparte dos empresários, comopor exemplo, a instituição da"meia-entrada para todos",adotada pela maioria dos cinemas locais. De acordo com
a Lei n� 081, teatros, cinemas,casas de shows e eventos es
portivos são obrigados, a terestipulados os valores das entradas inteiras e meias entradas. Terão desconto de 50%todos os estudantes portadores de carteirinha expedidapor entidades filiadas à UniãoNacional dos Estudantes(UNE) ou União Brasileira
Acampados brigam pels sanção da lei da meia entrada
dos Estudantes Secundaristas(EBS).Para entrar em vigor, a no
va lei. da meia-entrada deveainda ser sancionada pelo governador Vilson Kleinübing e
depois publicada no DiárioOficial, o que deve levar cercade um mês. Rui Oliveira, presidente da União Catarinensede Estudantes Secundaristas,o mesmo que organizou passeatas e até um acampamentoem frente ao Palácio SantaCatarina, diz que a pressão
vai continuar, até que a 081saia dos trâmites burocráticose ganhe os guichês de cinemas,teatros e estadíos.
Os únicos que não fícaràmcontentes, é claro, foram os
empresários. "Vai ficar piorpara todo mundo", garanteMário Santos, dono da Em
presa Cinemas Arco-Íris Lt
da, responsável pela programação de todos os cinemas comerciais -de cidade. As casas
da rede vinham cobrando Cr$
40 mil pelO ingresso, a chamada "meia-entrada para to
dos". Agora, Santos diz quevai igualar os preços aos co
brados no eixo Rio-São Paulo- cerca de Cr$ 100 mil pelainteira e Cr$ 50 mil para estudantes. "É um blefe" , dizRuide Oliveira, que aposta na
realidade de mercado paraimpedir que os empresáriosexagerem nos preços. "Se elesfizerem isso, as casas vão ficarvazias".
ABRIL 9:
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
-----------------------------------------------------.-- - �_.- � -_._--_. -'.
Durante a ditadura, Manoel se escondeu quatro meses no forro de sua casa
Primeiro comunista de secompleta 90 anos aindafiel a sua ideologia
Seu Mimo acuso Roberto Freire de traidor
por participar do governo Itamar Franco
e'"N
os:
�'""
iis
III
, I
I
, ,A esquerda doBrasil tem me
do de liderar asmassas rumo ao poder". Esta é a opinião de ManoelAlves Ribeiro, primeiro ve
reador comunista eleito em
Santa Catarina. "Seu Mimo", como é conhecido porfamiliares e amigos, comemorou 90 anos dia 13 demarço, com um almoço oferecido a parentes, amigos e
personalidades como o prefeito de Florianópolis Sérgio Grando.
Eleito para o período59-63, sua candidatura sófoi possível graças a uma falha da polícia que permitiuque um companheiro departido fosse nomeado presidente do diretório muncipal do PSP na capital.' OPartido Comunista, na ilegalidade desde a década an
terior, pôde então colocarna Câmara Municipal seu
primeiro representante,ainda que ele estivesse oficialmente no PSP de Adernar de Barros.
Trabalhador da constru
ção civil, talvez o único ainda vivo a ter trabalhado na
edificação da ponteHercílioLuz, Manoel Ribeiro ouviufalar em comunismo pelaprimeira vez aos 15 anos,quando ajudou na fuga de
ABRIL 93
PERFIL
dois jovens anarquistas, ironicamente, anticomunistas.Logo tratou de saber maisa respeito daquele novo tipo de pensamento que o havia fascinado. Aos 16 anos
já chefiava a primeira greve, na mina de carvão deLauro Müller. Participouativamente do chamado Socorro Vermelho, espécie decomitê de arrecadação defundos para os revolucionários russos.
A amizade com Luís Carlos Prestes, qt.� perdurariaaté a morte do C« valeiro daEsperança, começou durante a famosa Coluna Prestes, em 1924. Prestes foi tãoimportante para Manoel,que ele o homenageou com
o nome do seu primeiro filho, Luís Carlos. A sua participação na Intentona Comunista de 1935 rendeu-lhetrês dias de cadeia. Em 39,ajudou na primeira manifestação a favor da entradado Brasil na guerra. No ano
de 62. já como vereador emFlorianópolis, visitou a
União Soviética, onde foiconhecer de perto as reformas implantadas por seus
"camaradas" ,
Com o golpe militar de64, foi obrigado a se escon
der para não ser preso. Aoinvés de ir para longe , o que
seria mais 'seguro, preferiuse ocultar em casa mesmo.
Ficou durante quatro meses
entre o forro e o telhado decasa. Só voltou a viver umpouco mais tranqüilo quando foi anistiado, cinco anos
depois.Sobre a União Soviética,
ele diz que as recentes reformas vividas por lá já eram
esperadas, que elas não significaram o fim, e sim um
avanço do socialismo. Dissetambém que o povo soviético deu um rumo à humanidade. Ele considera sem
fundamento as acusaçõesde Kruschev a Stálin. Dizque foi um ato de leviandade do ex-líder.Com relação a Cuba, Ma
noel Ribeiro é enfático:"O povo brasileiro não
tem moral para criticar Cuba, pois os cubanos fizerama revolução, tiveram a cora
gem de enfrentar a situaçãoque existia lá". Assim eledefende Cuba, destacandoque o regime deve permanecer como está, e com Fidel Castro no poder.O deputado federal Ro
berto Freire é por ele considerado um traidor desdeque resolveu apoiar um governo que ele avalia como
seqüência do de Collor.
Marcelo Santos
ZERO
Nove entre dez crülce s musicais moderninhas contéma palavra crossover. Significa misturar, fundir, mixar
estilos musicais diversos e, aparentemente, sem nadaem comum. A banda Urban Dance Squad nãoexistiria se não fosse este conceito. Desde seu
primeiro disco, Mental Floss For The Globe (89), elesapontam as diretrizes de toda essa mistureba, tanto na
qualidade como na quantidade. Não satisfeitos,lançaram o segundo Ip com uma verdadeira profissãode fé como t(tulo: Life 'N Perspectives Of A Genuine
Crossover. Pretensãol Megalomanial Não. Poucos
conjuntos conseguem tanta coesão ao lidar com
coisas tão diferentes como rap, rumba, tecno e ritmos
ISSG latinos com a maestria do UDS.
É QUE ÉFormado em 1987 em Amsterdam, na Holanda, oUrban Dance Squad não se limita a apenas uma
praia. Se na estréia com Mental... o astral era "dancemusic a quilômetros de distância de baterias
eletrônicas", é neste Ufe 'N... �ue a fórmula realmentevingou. Não há nada que lembre uma discoteca, e
tudo parece que foi feito sob medida para discoteca."Careless", com baixa rotação e uma batida pra lá
de safada, é capaz de agradar a reggaemanfacos, fãsdo Red Hot e coroas que adoram saborear um bornjazz. Não é a toa que a banda já arrancou elogiosde Rick Rubin (produtor do Red Hot e visionário do
rap), Anthony Kieldis (vocalista do Red Hot) e VernonReid (guitarrista do living Colour),
Continuando com as
perspectivas de um genuínocrossover, podemos usar
como material didático a
faixa l'(Thru) The Gates OfX The Big Fruit', que soa
� como se o Cure tivesse idoã2 passar uma temporada noC.!) Caribe e lá encontrasse umaQ excursão do Harlem. Jimi5 Hendrix diz presente emu, NHarvey Qulnnt", uma
mClsica que pra acompanharo swing, só sendoinverte6rado mesmo. E a
faixa t(tulo, loucura dasloucuras, é dividida em
quatro pedaços que variamde 50 segundos a um
minuto e meio. Todos elescom urn rap poderos(ssimo,de rachar o assoalho como
o ultra radicai Public Enemy.Tanto é que o inimigopúblico Chuck O declarouque o UDS era o seu grupopreferido e se ofereceu paraproduzir e remixar suas
próximas gravações.
A banda é formadapor Rude Boy (vocal),Tres Manos (guitarra).
Silly' Sir (baixo)Magic Stick (bateria)e DNA (dj). Um do
Suriname, um daIndonésia e três
holandeses.
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
C:ULTURA
Grammy consagra ClaptonJURADOS PREMIAM SOM ACÚSTICO
PARA SE REDIMIREfVl DAS FARSAS DO PASSADO
O público da música popinternacional acompanhou em fevereiro des
te ano a 35': edição do prêmioGrammy, patrocinado pelaAcademia de Ciências Fonográficas dos Estados Unidos. Apremiação dos artistas foi marcada pela prudência na escolhados nomes e conseguiu unir sucesso comercial e consistênciaartística em muitas categorias.Com a sua singela composiçãoTears in heaven, Eric Claptonfoi o grande vencedor desseano. A música foi feita em ho
menagem ao seu filho Conor,que morreu em 92, ao cair do53': andar do prédio onde mo
rava.
Aquilo que inicialmente se
ria um desabafo emocional se
transformou em sucesso e ren
deu quatro prêmios Grammy:melhor álbum, melhor cantorpop, canção do ano e melhorprodução. Clapton também re
cebeu o prêmio de melhor canção de rock, pela músicaLayola composta em 1970.
A festa do Grammy teve ou
tras atrações marcantes. Entreelas as apresentações do grupoRed Hot Chili Peppers (melhor canção de hard rock, comGive itaway) e do grupo Arrested Development (melhor grupo de rap, com Tenessee); as
premiações do brasileiro Sérgio Mendes (melhor disco deworld music, com Bresileirai eda dupla Celine Dion & PeaboBryson (melhor duo pop, coma música The Beauty and thebeast, tema do filme a Bela e
a Fera) e a homenagem ao su
perastro da música pop, Michael Jackson prêmio especialpelo conjunto de sua obra. Esta foi uma das raras ocasiõesem que o público concordoucom os críticos. aoós uma longa
Um jornalque fala deimprensaProfissionais, professores e es
tudantes de jornalismo devemsair atrás da edição comemora
tiva dos 70 do jornal A Notícia,de Joinville, publicada dia 21 deabril. E que o jornal em vez dese curvar sobre si mesmo, publicou cinco cadernos (72 páginas)falando só de jornalismo e im
prensa. Reportagens investigaram o futuro da profissão, comosão todos os cursos do Estado e
do Rio Grande e deram um vasto
perfil da imprensa em Santa Catarina. Artigos de jornalistas re
conhecidos abordaram a ética e
outros temas. Confira.
Clapton: tributo tardio
história de equívocos e grandesfarsas, patrocinadas peloGrammy.Em 1990, a Academia Fono
gráfica norte-americana conce
deu o prêmio de grupo revelação à dupla de cantores MilliVanilli, por Girl, you know it'strue. Alguns meses depois, a
dupla teve que devolver o prêmio. pois foi comprovado publicamente que os dois inte-'grantes do grupo não passavamde imitadores profissionais. Asvozes de seus discos eram deanônimos cantores de estúdio.O prêmio foi devolvido-mas a
promoção da dupla rendeu setemilhões de discos em todo o
mundo.Nos anos seguintes, o pres
tígio do Grammy foi novamente arranhado. Em 91, o prêmiode melhor cantora pop era disputado por Sinead O'Connor(Nothing compares to you),
Memória doJornalismo trazDimensteinGilberto Dimenstein, chefe da
sucursal de Brasília da Folha deSão Paulo é o próximo convidadocom palestra confirmada para o
projeto Memória do Jornalismo.Vai ser no dia 8 de junho no auditório do CCE, às nove da manhã.Na véspera, será exibido o filmeA Guerra dosMeninosde SandraWerneck ;- exigência de Demenstein. E que ele aproveita para fazer o lançamento em Florianópolis de seu best-seller Meninas da Noite. O projeto,já trouxeJosé Hamilton Ribeiro, Washington Novaes, Ricardo Kotsho e
Guillermo Piernes.
Mariah Cerey (VÍsions of lave), Lisa Stansfield (Allaround the World) e outras. Sinead O'Connor, que na épocaera apotada como favorita declarou à imprensa que iria recusar o prêmio, caso fosse con
templada. Disse também quea arte e a música dos EstadosUnidos estavam sendo usadascomo forma de controle da informação, comercialismo e
materialismo.No ano passado a imparcia
lidade do Grammy foi novamente posta em dúvida. Natalie Cole é a grande vencedoracom a música Unforgettable,sucesso dos anos 50, inicialmente gravada por seu pai NatKing Cole. O que pesou realmente na escolha de Natalie foio fator eletrônico. A regravação de sua voz, mixada em duócom a voz original, arrebatouseis prêmios. O videoclipe damúsica teve tons de nostalgia,com imagens da cantora mes
clados com as do pai feitas em
1951.Nesta trajetória de 35 anos,
o Grammy já esqueceu de gente como Little Richard e os Rolling Stones. Por outro lado, jápremiou exaustivamente artistas consagrados com as maiores vendagens de discos, os
contratos mais bem pagos pelasgravadoras e os videoclipesmais caros e mais assistidos.Fazem parte desse clube: Michael Jackson (Thriller, 83Bad, 87 e Dangerous, 91) Madonna (Like a virgin, 80), Prince (Purple rain, 84) e outrosmenos cotados. O maior prêmio da indústria fonográficados Estados Unidos, que se au
to-proclama o Oscar da mÚSIca, revela, então, a sua preocupação básica: o retorno financeiro.
Luis Carlos Festl
UniversidadeAberta voltaem agostoDia l� de agosto volta ao ar o
programa Universidade Aberta,experiência bem-sucedida do Laboratório de Audio do Curso deJornalismo. O programa que, emdez minutos conta tudo que de
importante acontece na UFSCvai ser apresentado de segundaa sábado dentro do noticioso Primeira Hora, transmitido pelaBarriga Verde FM, a partir dassete da manhã. A coordenaçãoé da professora Valci Zuculotoe a produção de seis alunos bolsistas. Em sua primeira fase, o programa foi apresentado durante
quatro meses de 91.
ZERO10
Curso de Jornalismoresgata radioteatroUm dos patrimônios do rádio brasileiro
está sendo resgatado peloCurso deJornalismoda UFSC. As famosas radionovelas queemocionaram vovós e titias estão de volta,graças ao trabalho desenvolvido por alunosdo Curso junto ao Núcleo de Produção deRadioteatro, comandado pela professoraValeiZuculoto.A "operação resgate" começou em 91,
comarealização doprimeiro projetodoNúcleo,urna adaptação para Luna Caliente, livro do
.
-""-_....
escritor MempoGiarginelli. Os novecapítulos Prokssora VaieIZucololo
da novela foram concluídos em um ano e sua pré-estréia aconteceu em abrilde 92, nwnmovimentado bar de Florianópolis. A idéia de se trazer de voltaas radionovelas chamou a atençãodemuitagente, atraindo tambémdiretoresdas rádios da cidade. Começou a surgir então, a possibilidade de veiculaçãocomercial da radionovela, que ainda não foi acertada.Valei Zuculoto pretende apresentar em breve urn projeto de patrocínio,
que viabilizará a veiculação das radionovelas. Com o projeto pronto, Valeivai correr atrás de empresas que banquem um espaço nas rádios para queLuna Caliente e O CrimePerfeito, de GustavoNeves Filho, atualmente emfase dereedição. possam ser apresentadas ao grande público. Enquanto issonão acontece, Valei e os alunos preparam a terceira radio-novela do Núcleo.provavelmente A Caminho do Céu, também de Gustavo Neves Filho.
principal autor da "fase áurea" do rádio catarinense. Lá pelo mês de maiocomeça a seleção de rádio-atores. feita com a colaboração da diretora doteatro Carmem Fossari. Qualquer pessoa pode participar. basta entrar em
contato com o Curso de Jornalismo da tJFSC.
FM critica ImitaçõesA TransaméricaFM(lOI,7MHZ) Em parte a Transamérica tem ra-
vem colocando lenha na fogueira na zão. OPonha aBocana Cidade éte
briga das FMs de Florianópolis. almente wna cópia mal-feita, muitoatravés de wna vinheta veiculada em mal-feita e sem graça do Transa/ousua programação. Na vinheta, a ca. Uma pergunta babaca, com res
Transamérica critica, citando nomes, postaspiores ainda. Em contrapartida,as rádios Cidade (99.3 MHZ) e osprogrametesdehumordaAtlântidaAtlântida (100.9 MHZ). A critica é conseguem ser melhores que o TVdirecionada ao programa Ponha a Cover por urn simplesmotivo: o caraBoca na Cidade e aos programetes quefazas imitações chama-se Escovade humor que aparecem de hora em (aquele que trabalhoucom o Faustãohora na Atlântida. O que a naépocadoPerdidosnaNoite),semTransamérica faz é tirar uma onda dúvida um dos melhores imitadores,em cima das concorrentes, afirmando pelo menos ele consegue ser muito
que os novos programas não passam mais engraçado que a maioria. Suade cópiasmal-feitas da Transalouca imitação do Clodovil é impecável e oe do TV Cover, transmitidos pela bordão "quer café, quer vinho do
Iemissora. porto" fica ainda mais hilário.
·1Espottestem alta
Alegria Iem baixai'
Tremenda manobra. As rádiosCidade FM (99.3 MHZ) e AtlântidaFM (100,9 MHZ) abriram espaçopara programas sobre esportesradicais (surf. skate, vôo livre, entreoutros). O Rock Paim (sábado, àsoito da noite, na cidade) e o Zona deImpacto (segunda, às oito da noite,na Atlântida) surpreendem pelaquantidade e pela qualidade dasinformações. Não pinta nadatruncado e às vezes tem até entrevista.Tudo numa linguagem que às vezes
chega a ser didática, fazendo até o
mais leigo dos leigos sacar algumacoisa de vôo livre, por exemplo.
Trabalhando na boa, sem muitobarulho, a Antena I FM(92ml MHZ)acirra a disputa com a Alegria FM
(96,9 MHZ) pela preferência do povão. Pelomenos osmotoristas de ônibus estão sintonizando a Antena commaior frequência. Essa vantagem de92, I é explicada pelo fato da sua programação popular, ao contrário doque acontece naAlegria, não seprendea massificada música sertaneja. Oimpacto inicial daAlegria aos poucosvai se acabando, junto com o furorsertanejo, estranguladopelaexcessivaexecução. Resumindo: encheu tantoo saco que ... filão se acabou.
ABRIL 93
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Oportunismo ressuscita RaulRaul
Santos Seixas, omessias do rock nacional, ressuscitou. Não no terceiro dia, masapós o terceiro aniversário de sua morte.
Subindo pelo elevador dos fundos, nem foi preciso vir em seu corpo físico: o que insiste em
viver são suas músicas e sua memória, propagadas por seus fãs como um autêntico evangelho.Mas enquanto as confrarias raulseixistas se
multiplicam pelo país e seu corpo espera o NovoAeon no cemitério Jardim da Saudade, em Salvador, os vermes trabalham. Empresários e oportunistas de ocasião, que sempre dedicaram um desdém todo especial a Raul, roem suas magras entranhas atrás de míseros milhões. São os vendilhões no templo, que tentam pasteurizar as idéiasdo maior rocker brasileiro para que caibam nas
agendas das menininhas, impondo-lhe um tristepurgatório. E Raulzito bem que implorou: "Deusme livre, eu tenho medo de morrer penduradonuma cruz".E dá-lhe ignorância em toda circunstância.
Quemmeteu os dentes primeiro foi a SonyMusic,que contratou artistas (?) para gravar um LP interpretando as músicas de Raul. O esquálido corpo do baianinho certamente se revirou no caixãoao saber quem eram os tais "artistas". Ultrajea Rigor, Nenhum de Nós, Barão Vermelho, Cidade Negra, Vange Leonel (quem mesmo?) e
até a "aberração de laboratório" conhecida porRPM.
O ex-parceiro Paulo Coelho também tentouabocanhar prestígio, escrevendo por aí que sesentia orgulhoso com a renascença raulseixista,como se o mérito fosse seu. Logo ele, que traiua Sociedade Alternativa e que posa hoje como
mago convertido. Aliás, a única mágica do PCdas livrarias foi ter vendido mais de dois milhõesde livros às custas da paranóia da nossa gente.Até os new-sertanejos estão faturando, regravando os sucessos de Raul sem escrúpulo algum.E, a gente nem sabe mais de que lado estãocertos cabeludos ...Exílio e boicote - Para aprende o jogo dos ratos,
Raul Seaixas tinha que transar com Deus e como lobisomem. Sem fazer concessões, Raulzitosempre foi a verdadeira mosca na sopa, voandode gravadora em gravadora-os diretores o consideravam um artista maldito. Mexeu com os militares e foi exilado nos Estados Unidos, onde co
nheceu John Lennon.Também nunca acumulou riquezas materiais;
não queria se sentar no trono de um apartamento\
e esperar a morte chegar. Preferia convencer as
paredes de seu quarto sobre seu idealismo e dormir tranqüilo.
Raul sempre viveu segundo sua própria maneira, desde seu nascimento, em 28 de agosto de1945 (não, não foi há dezmil anos atrás). Inicioucedo no rock, influenciado por jovens norte-americanos que eram seus vizinhos. Em 1957, fundouo primeiro conjunto de rock de Salvador; depoisde dez anos, grava o primeiro disco, com o nome
da banda: Raulzito e os Panteras. Três anos depois, a Metamorfose Ambulante se transformaem diretor artístico da CBS, no Rio de Janeiro.Em 1972, após o fim da banda e já fora da CBS,polemiza no Festival Internacional da Culturacom seu Let me sing. No ano seguinte, gravaseu primeiro LPKrig-Hs Bandolo.Para Nóia - No recém-lançado livro O Baú
do Raul, os escritos até há pouco inéditos dorocker baiano provam que ele não era um malucotão beleza quanto se proclamava. Os textos do
r\BRIL 93
OURO DE TOLO
''Sempre estivemos mortosantes de nascer.
Vivemos um curta periodocom a capacidadee a certezade que oamos
voltar para a morte.
Nascer de novo
para o absurdoda vidaé impossívelA morte éo verdadeiro lugardo homem.
.
A vida, um
pequenopasseio curta
num lugar doidoe de mau gosto.
1/
Fragmentodo livroBaú do Raul
livro, escolhidos pela esposa Kika Seixas, apresentam um Raul depressivo e paranóico, que chorava depois de ficar um dia inteiro grudado no
rádio sem ouvir uma única música sua. A fasemais triste se passa no início da década de 80,quando osDJ's cuspiam em seus discos. Raulzito,em seu diário, se lembrava dos conselhos desua mãe, que sonhava com um filho presidenteda República. Dedicava seus textos a sua paranóia de ser alguém de "por o polegar para carimbar a História".
. Foi seu fã Marcelo Nova, o ex-vocalista dabanda Camisa-de-Vênus, que ajudou Raul a eliminar sua paranóia. Depois de ter gravado algunsdiscos em pequenas gravadoras entre 1983 e 1988,Raulzito voltou a excursionar com Marcelo Novae prepararam um LP em parceria, A Panela doDiabo. Aclamado nos shows por sua legião de
fãs, o baianinho se consagrava definitivamentecomo o maior roqueiro do país. Sem querer dizer
nada, cantando por cantar, Raulzito mostrou
porque tantos admiradores, a maioria pobre,identificavam-se com suas músicas: Macunaímada MPB era a cara do Brasil.A Terra parou - Mas, cansado da presença
constante damorte em seu calcanhar, Raul Seixas"deu um tempo" no dia 21 de agosto de 1989.
Agora, Raulzito é celebridade: reportagem na
Veja, coletâneas com seus sucessos, fica difícilaté distinguir os fiéis dos profanos. Mas não se
preocupe: Raul, agora junto do Pai do rock, ébem capaz demandar um dilúvio que desmascareos falsos profetas. "E a chuva promete não deixarvestígios ...
"
José da Silva Jr.
ZERO
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
COBERTURA À LA FSP
_; 'IIf'
"Folha tem debilidade informatiya emuitos erros de português. Seu acabamento é fraco para jornal que pretende ser omelhor do pais"
Ombudsman não poupa seu jornalcoin o leitor.Hoje, o FSP é um jornal que cria tendências,
modas jornalísticas e tem uma imagem de jornalmoderno, visualmente atraente. Mas Mário Vitor não se esquece de dizer dos poucos correspondentes que o jornal tem nos estados brasileirose no exterior e da estrutura econômica aindadébil embora seja um dos que paga os melhoressalários. "A Folha tem mais prestígio fora do
que dentro de São Paulo, ou seja, gosta menos
do jornal quem o conhecemelhor(...) Seu méritoé que, com tantas debilidades, ainda assim mos
tra seus erros, expondo-se à opinião pública,"assegura.
A Folha ainda tem grandes debilidades informativas e há muitos erros de português. Seuacabamento, embora exuberante, ainda é fracopara um jornal que tem a pretensão de ser o
melhor do país" reconhece o jornalista.A Folha de São Paulo foi o primeiro jornal
da América Latina a ter um ombudsman. Essanecessidade veio depois da campanha DiretasJá, quando atingiu projeção nacional, devidoà sua postura radical a favor da campanha. Erapreciso segurar a nova posição e a velha fórmulade "conservador em economia, liberal em política e radical em cultura" precisava ser repensada. O que poderia sustentar o jornal era a
boa informação, valiosa, bem escrita, clara e
rapidamente. Era preciso preocupar-se mais
Oombudsman da Folha de São Paulo,Mário Vitor Santos esteve no auditório do Centro. de Convivência daUFSC, no dia 10 de março. Sua vinda
concretizou a proposta feita ao Curso de Jornalismo e ao Departamento de Comunicação parauma visita patrocinada pelo seu jornal para falarde jornalismo e do Zero.Mas o que é ombudsman? It a pessoa encarre
gada de representar a opinião pública dentrode uma empresa, jornalística ou não. No caso
de·Mário Vitor, além de atender diariamenteo público e levar suas reclamações à direção dojornal, escreve uma coluna semanal na Folhade São Paulo onde, com toda liberdade, apontaos erros e as falhas do jornal: Patrícia Marcia de Souza
"Zero possui unidade grálica mas desconhece leitor••. . •.deve ousar e definir linha editorial com clareza"
CRiTICA DO OMBUDSMAN
.:.e não foi poupado por nosso crítico",' jFolha. E Mário Vitor, ao que parece, não se
ressente com sua condição dentro do jornalmais "moderninho e radicalzinho" do país, segundo sua própria definição.
"Vocês sabem o que é a coisa mais importente em no� vides? É o dinheiro, ràpazes.O dinheiro!"E esse o ideal do nosso "advogado"?De quell.!Mário Vitorpretende nos defen-der?
'
Por fayor, Mário Vitor, diga que você estsv«blefando. Fale, em sua próxima coluna na Folha, sobre seu idealismo e sobre seu compromisso com o leitor. Ou, se preferir, liste quinhentasmentiras, apenaspara lembrar ao público que a demagogia da Folha é o dobro daconcorrente.
se conhece um jornal, menos ele é apreciado.Omesmoacontece com a ligura deMário Vitor:suas opiniões em nada lembram o que se possaesperar de um pretenso "adyogado do leitor".Sua função parece servir apenas para atenuaras eventusds falhas da Folha. No caso deMárioVitor, "advogado do patrão" soaria melhor.As declarações do ombudsman da Folha dei
xaram dúvidas na cabeça dos alunos da UFSC.Mário Vitor, porexemplo, admitia que sua opinião, preferencialmente, coincide com a do patrão. Os estudantes, então, perguntam: comuma ligação tão umbilical com os interessesda Folha, há espaço para a credibilidade dojornal?Não seria a função do ombudsman umafarsa, um engodo aos leitores desayisados?Possivelmente, o tal "advogado do leitor"
sirve apenas para aumentar a vendseem da
MárioVitor Santos visitou o Curso
de Jornalismo da UFSC para co
nhecer de perto o sistema de produção do Zero. Durante amanhã,
Mário Vitor conversou sobre jornalismo com
os a1uDOS e professores do Curso, relatandosua experiência como ombudsman. Pela tarde,participou de uma aYaliação doZero, opinandoe comentando o jornal-laboratório da UFSC.Por definição, ombudsman é o jornalista pa
go para avaliar o jornal em que trabalha, buscando a satisfação do leitor - e, conseqüentemente, melhores vendas. A cada edição, MárioVitor elabora um comentário escrito, com cir-
, culação interna. Além disso, garimpa as falhasda imprensa nacionalpara expô-Ias em sua coluna dominical na Folha.Segundo opróprio ombudsman, quantomais EII/otNe••
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
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