CESA – CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS
ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA GESTORES DO SISTEMA ESTADUAL DE AGRICULTURA
FLAVIO OLIVEIRA DOS SANTOS
EVOLUÇÃO DA CITRICULTURA NO PARANÁ: ASPECTOS ECONÔMICOS E
CONTRIBUIÇÕES DO IAPAR
LONDRINA 2011
FLAVIO OLIVEIRA DOS SANTOS
EVOLUÇÃO DA CITRICULTURA NO PARANÁ: ASPECTOS ECONÔMICOS E
CONTRIBUIÇÕES DO IAPAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura, do Departamento de Administração da UEL, como requisito final para obtenção do título de Especialista. Orientadora: Profª. Dra. Ma. de Fátima S. de S. Campos
LONDRINA-PR 2011
FLAVIO OLIVEIRA DOS SANTOS
EVOLUÇÃO DA CITRICULTURA NO PARANÁ: ASPECTOS ECONÔMICOS E
CONTRIBUIÇÕES DO IAPAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura, do Departamento de Administração da UEL, como requisito final para obtenção do título de Especialista.
COMISSÃO EXAMINADORA
____________________________________________ Profª. Orientadora Dra. Ma. de Fátima S. de S. Campos
Universidade Estadual de Londrina
_____________________________________________ Prof. Dr. João Massarutti
Universidade Estadual de Londrina
_____________________________________________ Prof. Dr. Osmar Rodrigues Brito
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, 30 de maio de 2011.
DEDICATÓRIA
A Deus toda a honra é toda a glória. “Lança o
teu pão sobre as águas, porque depoois de
muitos dias o acharás”. Prov. 11.1
À minha esposa Eunice, aos filhos Gabriel e
Flaviani, aos meus pais Rafael e Sebastiana, e
aos irmãos, Flauzina, Lúcia, Lucimara, Isabel e
Claudecir.
AGRADECIMENTOS
A minha vida é uma viagem, em cuja jornada diferentes pessoas
fizeram e fazem parte. Sou grato a cada uma destas, pela contribuição a minha
formação. Mas agradeço em especial a Jesus, meu maior exemplo de vida. A Ele
toda a minha honra, louvor e agradecimentos. Agradeço também de forma especial
todas as pessoas que colaboraram direta ou indiretamente para a realização deste
trabalho.
A orientadora, Profª. Dra. Maria de Fátima S. de S. Campos, pela
sua confiança, compreensão, amizade e paciência.
Aos colegas de curso que sempre tinham uma palavra de incentivo,
para que pudessemos continuar na jornada.
Aos colegas da Diretoria Técnica Científica pela colaboração e
compreensão.
Ao Prof. Gerson Melatti e a todos os demais professores que
trabalharam no decorrer do curso, tornando este projeto viável, inentivando-nos para
a viabilidade deste trabalho.
À Universidade Estadual de Londrina e ao Programa de Pós
Graduação em Administração, pela oportunidade concedida.
SANTOS, FLAVIO OLIVEIRA. EVOLUÇÃO DA CITRICULTURA NO PARANÁ: ASPECTOS ECONÔMICOS E CONTRIBUIÇÕES DO IAPAR . 2011. 47 FOLHAS. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APRESENTADO AO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA GESTORES DO SISTEMA ESTADUAL DE AGRICULTURA, DO
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA, LONDRINA.
RESUMO
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de investigar a evolução da citricultura na economia paranaense, com destaque para os aspectos econômicos e as contribuições do IAPAR para o seu desenvolvimento. Utilizou-se como bases de dados as seguintes fontes: IAPAR, SEAB, MTE, MDIC, MAPA, IBGE, jornais, revistas e internet. Foram avaliados os seguintes aspectos: 1) a contribuição do IAPAR no processo de liberação da citricultura para a Região Noroeste e Norte do Paraná; 2) os investimentos do IAPAR nos últimos 3 anos em projetos de citros; 3) exportações de sub produtos da laranja e SLCC do Estado do Paraná e do Brasil no período 1996/2010 e seus principais destinos; 4) geração de empregos ligados a citricultura paranaense. Os resultados obtidos indicaram que: a) Somente em 2010 o estado do Paraná exportou US$ 1.527.323.869,00, somando os sub produtos da laranja, trazendo benefícios para toda a cadeia produtiva. b) As pesquisas do IAPAR que iniciaram em 1978, garantiram a liberação para plantio de citros e três novas variedades de laranja, e suporte técnico para convívio da cultura com o cancro cítrico; c) As exportações de sub produtos da indústria da laranja está ganhando espaço no mercado externo, e já representa 5,76% das exportações brasileiras, o que tem colaborado para a geração de saldo na balança comercial; e d) Os empregos com carteira assinada no ano de 2009 foi de aproximadamente 1.050 vagas. Palavras-chave: Laranja, citricultura, investimento, exportações, renda e emprego.
SANTOS, Flavio Oliveira dos Santos. Evolution the Citrus culture in Paraná: Contributions and economic aspects of IAPAR. 2011. 47 pages. Completion of course work present to the course of expertise in public adinistration form managers of the state system of agriculture, department of administration State University of Londrina,Londrina.
ABSTRACT
This work was developed in order to investigate the evolution of the citriculture in the economy of Paraná, with emphasis on economic aspects and contributions of IAPAR for its development. Was used as base the following sources: IAPAR, SEAB, MTE, MDIC, MAPA, IBGE, newspapers, magazines and internet. We assessed the following aspects: 1) the contribution of IAPAR in the release process of citrus for the Northwest Region and northern Paraná, 2) the investments of the past three years IAPAR projects citrus, 3) exports of products under the orange SLCC and the State of Paraná and Brazil in the period 1996/2010 and its main destinations, 4) creation of jobs linked to citrus Paraná. The results indicated that: a) Only in 2010 the state of Paraná exported U$ 1,527,323,869.00, adding the orange-products, bringing benefits to the entire production chain. b) Research the IAPAR that began in 1978, secured the release for growing citrus and three new varieties of orange, and technical support for cultural interaction with the citrus canker c) Exports of goods under the orange industry is gaining space on the external market, and now represents 5.76% of Brazilian exports, which has contributed to the generation of balance in the trade balance, and d) The formal jobs in the year 2009 was approximately 1,050 jobs. Key words: Orange, citrus, investment, exports, rent and employment.
LISTA DE QUADRO
Quadro 1 – Histórico do cancro cítrico .................................................................... 20
Quadro 2 – Projeto de citros conduzidos no IAPAR em 2007/2011 ........................ 22
Quadro 3 – Descrição das NCM (nomenclatura comum do mercosul) .................... 37
LISTA DE FIGURA
Figura 1 – Principais frutas produzidas no mundo, 2008 ......................................... 27
Figura 2 – Municípios responsáveis por 49,25% do VBP da laranja, 2008 .............. 32
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Investimentos realizados pelo IAPAR em projetos de citricultura,
no período 2007-2009 ............................................................................................. 23
Tabela 2 – Principais países produtore de frutas, 2008 ........................................... 26
Tabela 3 – Principais frutas produzidas no Brasil, 2009 ........................................... 28
Tabela 4 – Fruticultura: produção e VBP no Paraná em 2008-2009 ........................ 28
Tabela 5 – Área, produção e rendimento da laranja no Paraná, 1992-2010 ............ 30
Tabela 6 – Área, produção e valor da laranja por município do Paraná em 2009 .... 31
Tabela 7 – Área, produção e valor da laranja orgânica por município do Paraná
em 2009 ................................................................................................................... 33
Tabela 8 – Os 10 principais municípios onde a laranja figura entre as cinco culturas
mais importantes no Valor Bruto da Produção no Estado do Paraná em 2008 ....... 34
Tabela 9 – Número de trabalhadores com carteira assinada na atividade laranja no
Paraná em 2009. ...................................................................................................... 35
Tabela 10 – Total de empregos gerados na citricultura em 2009-2010 ................... 36
Tabela 11 – Exportações paranaenses dos subprodutos da laranja: período 1996-
2010 ......................................................................................................................... 38
Tabela 12 – Exportações brasileiras de SLCC por origem em 2010 ........................ 39
Tabela 13 – Países importadores do SLCC do Paraná em 2010 ............................. 40
Tabela 14 – Exportações brasileiras SLCC, entre 1989-2010.................................. 41
Tabela 15 – Participação do Paraná nas exportações brasileiras de suco de laranja
SLCC, entre 1989-2010 ........................................................................................... 42
Tabela 16 – Preços reais da laranja posta na indústria paulista: período 1994-
2011 ......................................................................................................................... 43
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CANECC - campanha nacional de erradicação do cancro cítrico
COCAMAR – Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá Ltda
COPAGRA – Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de Nova Londrina Ltda
IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SEAB - Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná
MTE - Ministério do Trabalho
MDIC – Ministério do desenvolvimento, Indústria e Comércio
NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 RESULTADOS ....................................................................................................... 19
2.1 Participação do IAPAR ........................................................................................ 20
2.2 Participação das cooperativas na implantação dos projetos de citros ................ 23
2.3 Fruticultura no mundo ......................................................................................... 26
2.4 Área ocupada com laranja no Paraná ................................................................. 28
2.5 A geração de renda e trabalho ligado a produção de laranja .............................. 34
2.6 As exportações como o principal destino da produção paranaense ................... 36
3 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 44
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 46
12
1 INTRODUÇÃO
O Estado do Paraná durante várias décadas sofreu com a interdição
para plantio de citros em virtude de medidas fitosanitárias, devido a existência de
cancro cítrico no estado. Em 1978, o Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR iniciou
as pesquisas com citros com intuito de liberar as áreas para o plantio comercial.
O apoio do governo paranaense, via política de apoio a pesquisa
agrícola, assitência técnica e econômica, possibilitou a geração de conhecimentos e
a liberação da citricultura. O crescimento da citricultura paranaense se deu de forma
rápida, levando o Estado ao segundo lugar no “ranking” nacional de produção de
laranja.
Na fase inicial de expansão da citricultura paranaense projetos
ligados às cooperativas foram implantados visando criar e divulgar oportunidades de
diversificação da agricultura. Isso possibilitou a inserção do Paraná no mercado
produtor e exportador de laranja, tanto na forma de frutos “in natura” como na forma
de suco concentrado.
Em relação aos impactos econômicos, a pesquisa de citros buscou
colaborar no sentido de verificar as oportunidades de exploração agrícola, bem
como a geração de divisas e postos de trabalho, fortalecendo a economia do
Estado.
Diversos autores ressaltaram que as políticas públicas interferem
continuamente na sociedade. No caso em questão, buscou-se responder às
seguintes perguntas: os investimentos em pesquisa no setor citrícola no Paraná,
interferiram na dinâmica da economia agrícola Paranaense de forma significativa?
Qual a participação do IAPAR no processo de implantação da citricultura no estado
do Paraná, especialmente na Região Noroeste e Norte do estado? Quais os
impactos econômicos gerados a partir desta contribuição?
13
O trabalho procurou avaliar os impactos econômicos resultantes da
liberação e implantação da citricultura para a Região Noroeste e Norte do Paraná,
elegendo os seguintes objetivos específicos:
a) Levantar a contribuição do IAPAR no processo de liberação da citricultura no
estado e os investimentos nos projetos de citros do IAPAR (com enfoque nos
últimos três anos - pessoal e recursos financeiros/parcerias);
b) Analisar a evolução dos preços recebidos pelos produtores, área plantada e os
impactos econômicos diretos trazidos aos agricultores e regiões que foram
beneficiadas pela liberação da citricultura no Paraná;
c) Levantar e analisar as exportações brasileiras e do Estado do Paraná de suco
de laranja concentrado e congelado (SLCC) e subprodutos no período 1992 a
2010, bem como os principais destinos e participação das cooperativas
paranaense no segmento produtivo e exportador.
Realizou-se pesquisa bibliográfica, longitudinal, utilizando como
estratégia de estudo o levantamento de documentos e dados quantitativos
relacionados à citricultura paranaense.
No contexto desta pesquisa trabalhou-se com o método
comparativo, o que, conforme Gil (2000, p. 41-42),
Também possibilita a análise do desenvolvimento econômico de uma região, considerando sua situação em épocas distintas. (...) Como a história constitui o grande laboratório da Economia, o método comparativo torna-se o único capaz de proporcionar o controle das variáveis cuja variação se faz sentir ao longo do tempo.
A pesquisa limitou-se ao período entre 1992 a 2010, levantando e
analisando os dados relacionados à citricultura brasileira e paranaense,
provenientes das seguintes fontes: IBGE, IAPAR, MAPA, MDIC, MTE, SEAB,
jornais, internet e demais fontes de artigos.
Procedeu-se ao levantamento e análises dos documentos existentes
no IAPAR – número de projetos, pesquisadores, área plantada com os projetos e o
volume de recursos financeiros aplicados nos projetos de pesquisa com citros.
Parte dos dados utilizados neste estudo foi extraída das publicações
da Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná (SEAB), em material impresso e
divulgados em sua página na internet. Outras fontes foram as publicações e dados
disponíveis no site do Ministério do Trabalho, Ministério do Desenvolvimento
14
Indústria e Comércio Exterior, além de dados fornecidos pela Área de Gestão de
Planejamento Institucional (GPI/IAPAR). Foram realizadas, também, pesquisas
bibliográficas sobre a participação da Cocamar e Copagra no processo de
convencimento dos cooperados sobre a instalação das indústrias.
Os dados históricos obtidos nestas diferentes fontes tornaram
possível uma avaliação da citricultura paranaense, especialmente a evolução da
cultura da laranja após a liberação do Estado para o seu cultivo.
Definiu-se como o ambiente de pesquisa as Regiões Norte e
Noroeste do Estado do Paraná, trabalhando com os dados das fontes descritas
anteriormente. Com os dados coletados foi possível avaliar a situação passada e
atual, o que possibilitou diversas comparações e análises. Também foi possível
avaliar o crescimento histórico da área ocupada pela laranja, preço recebido pelo
produtor, quantidade exportada e o valor médio de cada um dos subprodutos, bem
como os destinos das exportações.
Realizou um levantamento junto aos documentos existentes no IAPAR
e jornais da época sobre a barreira fitossanitária existente até então, em virtude do
cancro cítrico, e como as pesquisas realizadas pelo Instituto Agronômico do Paraná
possibilitaram a liberação do estado como área livre do cancro cítrico. Avaliou-se,
também, o volume de recursos disponibilizados nos últimos anos para o projetos
destinados a atender a citricultura paranaense.
Pesquisou-se sobre a participação das cooperativas no processo de
liberação e implantação da citricultura na Região Noroeste do estado do Paraná.
Realizou levantamento de dados junto a Secretária de Agricultura do Estado
do Paraná (SEAB), quanto a área cultivada, produção, número de produtores no
Estado, valor bruto da produção (VBP), no período entre 1986 e 2008. Estes
números possibilitaram avaliar a regionalização da distribuição dos pomares de
laranja no estado e nas regiões produtoras objeto do estudo.
Levantou-se ainda os dados contidos nos Relatórios Anuais de Informações
Sociais - RAIS, do Ministério do Trabalho, com a finalidade de se avaliar o número
de empregos com carteira assinada gerados pela citricultura paranaense.
A pesquisa possibilitou quantificar através da análise dos dados coletados
os números relacionados ao negócio da citricultura e os benefícios trazidos às
Regiões produtoras e à economia do estado. Além disso, como o IAPAR participou
das pesquisas sobre o cancro cítrico no intuito de liberar a área para o plantio.
15
Na elaboração das tabelas apurou-se as taxas de variação
percentual e taxas de crescimento para os diferentes períodos pesquisados e
analisados:
i) Taxa de crescimento percentual para o período de 17 anos:
Taxa de crescimento = (((VF/VI)1/n)-1) x 100, onde:
VF – valor futuro;
VI – Valor do ano anterior ou inicial da série histórica;
1/n – “n” número de anos da série histórico, ou que se pretenda calcular a taxa de
crescimento;
1 - reporta-se ao número índice (1=100); e
100 - para transformar o número índice em taxa percentual.
ii) Taxa de variação percentual ano a ano ou entre dois períodos:
Taxa de variação = ((VF/VI)-1) x 100, onde:
VF – valor futuro;
VI – Valor do ano anterior ou inicial da série histórica;
1 - reporta-se ao número índice (1=100); e
100 - para transformar o número índice em taxa percentual.
16
2 RESULTADOS
Os trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelo IAPAR possibilitaram a
liberação da citricultura no Estado do Paraná.
Os trabalhos de pesquisa com a cultura da laranja no Paraná
começaram com a criação do Instituto no Estado do Paraná, sendo avaliadas desde
então variedades resistentes ao cancro cítrico, técnicas de produção e manejo, as
quais tornaram possível a convivência com a doença mais grave da citricultura à
citricultura, o cancro cítrico.
Assim a participação do IAPAR foi de fundamental importância, no
sentido de comprovar tecnicamente que era possível a convivência da citricultura
com o cancro cítrico. Diversos departamentos da Secretaria da Agricultura, foram
disponibilizados recursos humanos e financeiros, dando assim apoio institucional
para que as cooperativas pudessem implementar o projeto de citros nas duas
regiões em questão no Estado do Paraná.
Quando Keynes (PINHO, 2001) na década de 1930, sugeriu e
implementação de um plano coordenado pelo governo americano com a intenção de
tirar a economia dos EUA da grande depressão, ele foi contra o “status quo”
dominante na época que pregava o liberalismo.
As políticas keynesianas desde então passaram a disputar espaços
com as políticas neoliberais, na medida em que o Estado tem sido convidado
sempre que a situação econômica apresenta problemas. Assim aconteceu quando o
sistema bancário brasileiro ameaçou entrar em colapso em 1997/1998, e agora
durante a crise econômica mundial de 2008, o governo brasileiro investiu
pesadamente nos mercados imobiliário e automotivo entre outras áreas da economia
que apresentavam alguma redução na demanda, quando liberou crédito com a
finalidade de reativar a economia, o que foi conseguido com êxito para economia
brasileira.
No caso do Brasil, a demanda foi reativada principalmente pela
redução dos impostos de forma temporária e, taxas de juros (taxa SELIC e juros ao
consumidor final – neste caso a redução foi tímida), mas o consumo reagiu
positivamente às medidas tomadas pelo Banco Central do Brasil.
No caso dos EUA, o governo ajudou não apenas o setor financeiro,
mas também as empresas em dificuldades, assim um dos grandes defensores da
17
economia de mercado viu-se na necessidade de ceder a intervenção governamental
para salvar o sistema econômico.
Esta interferência do Estado na economia acabou por fortalecer
ainda mais o capitalismo nos períodos cíclicos de baixa atividade econômica. Os
agentes econômicos solicitam a intervenção do Estado, no intuito de minimizar os
efeitos das crises econômicas
A participação do Estado deve ser no sentido de disponibilizar
recursos, ou meios para inserção de parcela significativa dos agricultores nacionais
no mercado consumidor de bens de capital, permitindo aumentar a produtividade do
trabalho rural, mas acima de tudo tornar a atividade rural viável, colaborando assim
para manutenção do homem no campo, principalmente nas pequenas propriedades.
É neste contexto que o Estado do Paraná, através do IAPAR, ao
investir na pesquisa com o intuito de liberar o Estado para o plantio de citros, coloca-
se a disposição dos agricultores e das cooperativas agrícolas.
Neste caso, o Estado está cumprindo importante papel, no sentido
não apenas de tornar possível a inserção do Paraná no mercado produtor de laranja,
mas disponibilizando tecnologias e alternativas de diversificação aos agricultores do
Estado, gerando renda e emprego.
A riqueza gerada beneficia o agricultor e toda a sociedade (DEL
GROSSI, SANTOS e NOGUEIRA, 1992). Com esse programa de apoio a citricultura
o Estado tornou-se ao longo destes 20 anos produtor e exportador de suco de
laranja, o que contribui para a entrada de dólares na economia paranaense como
um todo.
Mesmo com os plantios realizados e os novos projetos em
andamento o Paraná ainda é importador de laranja, para atender a demanda por
fruta “in natura”.
O respaldo técnico gerado pelo IAPAR quanto a viabilidade do
plantio e condução da citricultura no Paraná, deu embasamento para a posição
política de liberação da citricultura no estado, demonstrando que era possível
conviver com o cancro cítrico e desenvolver a citricultura.
Desta forma, ao longo destas mais de duas décadas a produtividade
e qualidade dos frutos produzidos demonstram que a questão do cancro cítrico era
apenas obstáculo a ser superado com adoção de novas tecnologias geradas pela
pesquisa, e o IAPAR foi fundamental neste processo.
18
O IAPAR tem melhorado e disponibilizado para os produtores,
novos porta enxertos de qualidade, conforme destacou Auler (2007), in Tormen
(2007).
Os projetos desenvolvidos pelo IAPAR desde 1978 possibilitaram a
recomendação de variedades e tecnologias de ponta para que o cultivo de laranja no
Estado.
As pesquisas pelo IAPAR desenvolvidas com citros buscaram
técnicas e variedades tolerantes ao cancro cítrico, e as demais doenças e pragas
que tem acometido os laranjais no estado.
Os pesquisadores do IAPAR têm trabalhado em estreita parceria
com os principais pesquisadores de citros do Brasil e de outros países, com a
finalidade de apresentar soluções que possibilitem a continuidade da exploração
econômica da citricultura, no estado. A título de exemplo, atualmente existe uma
parceria entre o IAPAR e a Universidade da Florida-EUA, visando a busca por
soluções para o problema do “greening”1 (que causa amarelecimento e posterior
morte das plantas). Toda a cadeia produtiva esta envolvida, pois para esta doença
ainda não se encontrou um tratamento eficiente, sendo recomendado a poda e
eliminação dos restos (Seab, 2010).
Destaca-se aqui que os problemas da citricultura envolvem todos os
elos da cadeia produtiva, incluindo técnicos de cooperativas, extensão e
universidades entre elas UEL e UEM e institutos de pesquisas como o IAPAR, que
acabaram por formar uma grande rede de pesquisa para estudar e encontrar
soluções para vencer o problema do “greening”.
Pesquisadores de diversos institutos de pesquisas e universidades,
nas principais regiões produtoras do mundo, têm avaliado meios para controlar o
avanço desta doença, e entre os institutos esta o SARC (Kika de La Garza
Subtropical Agricultural Research Center), localizado em Welaco, Texas – USA.
Os pesquisadores de citros do IAPAR, universidades e institutos de
pesquisas tem estudado a infestação dos pomares pelo inseto, responsável pela
transmissão da doença do Greening nos pomares de laranja, conforme destacou
1 É uma doença que surgiu recentemente no Brasil, também chamada de amarelidão e posteriormente a morte, as
plantas atingidas estão condenadas, uma vez que ainda não há tratamento para tal doença, resta ao produtor rural
investir na prevenção, monitorando os seus pomares e erradicando as plantas quando perceber o surgimento de
plantas contaminadas.
19
Margan et all (2010, p. 2,4-7), sendo que as pesquisas iniciais prevêem que o
convívio com esta doença será por longos anos.
Se por um lado os problemas técnicos afligem toda a cadeia
produtiva, por outro, os produtores rurais apresentam sérios problemas de ordem
financeira, conforme destaca Wagner (2010), estima-se que 90% dos produtores de
citros do Estado de São Paulo estão endividados, situação que tem levado a uma
redução do número de produtores. E isto tem ocorrido mesmo com o aumento dos
preços pagos aos produtores ao longo dos últimos meses (Associtros, 2010).
Wagner (2010), destaca os vários fatores que têm contribuído para a
crise pela qual passa o setor, entre eles destacam-se:
a) queda na demanda mundial pelo SLCC e o Brasil exporta-se 95% do SLCC
produzido. Isto torna o setor altamente dependente das exportações;
b) aumento da oferta de suco de laranja no mercado mundial;
c) concorrência de outros sucos, refrigerantes, isotônicos e águas aromatizadas;
d) falta de organização dos produtores/citricultores brasileiros;
e) redução na produtividade dos pomares por falta de investimento, neste caso
principalmente na citricultura paulista2;
f) formação de cartel por parte da indústria compradora da laranja.
2.1 A participação do IAPAR
As pesquisas com citros no IAPAR tiveram início em 1978, conforme
desta Nunes et all (2010). “Este programa tinha como objetivo básico estudar o
cancro cítrico nas condições paranaenses e, consequentemente, desenvolver e
avaliar medidas apropriadas para o seu manejo e controle”.
O primeiro pesquisador responsável pelo programa de
fruticultura/citros à época no IAPAR, desde o seu início foi o Dr. Rui Pereira Leite, e
ao longo dos anos outros pesquisadores foram contratados para trabalhar no
programa de fruticultura, e realizando pesquisas com citros e outras frutíferas. A
pesquisas desenvolvidas pela instituição ao longo destes 33 anos (entre 1978 a
2
Os produtores paranaenses têm investido em tecnologia e aumento a sua produtividade, até o fato dos
pomares serem novos tem contribuído para a adoção de novas técnicas de produção e manejo, além de que, as culturas que dominavam a principal região produtora (Noroeste Paranaense) as pastagens, estas estavam degradadas e a criação de bicho da seda em dificuldades devido os baixos preços no mercado internacional.
20
2011) têm contribuindo para o desenvolvimento da citricultura paranaense. O IAPAR
tem disponibilizado suporte técnico para a citricultura, possibilitando assim o convívio
com o cancro cítrico, e as demais doenças e pragas que ao longo do tempo.
Conforme Felix (2010), a interdição do estado do Paraná para o
plantio de citros deu-se em 1972 através da Portaria Ministerial 08/1972 (Quadro 1),
e a liberação oficial para o retorno ao plantio ocorreu em 1985, através da
Resolução Estadual 038/1985, liberando assim, o cultivo da citricultura em todas as
regiões do Paraná.
Quadro 1 – Histórico do cancro cítrico no Paraná - Distribuição na América do Sul
- Distribuição no Brasil - Instrução Normativa nº 41/2008
- Histórico no Paraná - Portaria Ministerial 08/1972 (Interdição por município)
- Campanhas de Erradicação (décadas de 70 e 80)
- Pesquisa IAPAR (variedades resistentes – Primeira Resolução Estadual 038/1985)
- Resolução Estadual (variedades resistentes 066/87; 198/94; 155/2004)
- Portaria Ministerial 282/1987 (Diretrizes)
- Portaria Ministerial 062/1995 (Interdição por imóvel ou propriedade)
- Portaria Ministerial 291/1997 (Liberação por imóvel)
- Resolução Estadual 079/90 – Retomada do plantio de pomares
- Minuta IN (MAPA) – SMR 2010 – Comercialização Frutos “CFO”
Fonte: Palestra de Paulo Eduardo Felix, SEAB, Londrina, maio/2010
As parcerias trazem recursos e contribuem para gerar, compartilhar
e ampliar os conhecimentos obtidos, colaborando para que novas tecnologias sejam
alcançadas com maior rapidez, bem como a divulgação e implantação destas novas
tecnologias beneficiando o produtor rural mais rapidamente, e em consequência o
consumidor final de citros.
Com o avanço da doença do cancro cítrico nos pomares
paranaenses, o estado foi impedido de cultivar citros. Assim, foi desencadeada uma
campanha de erradicação destas frutíferas, cuja tarefa ficou a cargo da CANECC, o
processo de eliminação das plantas, atingiu todos os pomares fossem comerciais ou
apenas para consumo doméstico.
A produção de citros no Paraná é pequena se comparada ao estado
de São Paulo, conforme destacou Del Grossi et all (1992) devido a eliminação de
todos os pomares de laranja, fossem comerciais ou apenas para consumo próprio
21
existentes no estado do Paraná, apenas as Regiões do vale do Ribeira e alguns
poucos municípios puderam continuar a cultivar citros no estado.
Em 1990/91 a área de sócio economia (ASE) do IAPAR, realizou
levantamento junto aos produtores de laranja, associados da cooperativa Cocamar e
que estavam iniciando plantio na Região Noroeste do Paraná, entrevistando 24
produtores, com o intuído de apurar o custo de produção da laranja até aquele
momento de implantação das lavouras, bem como avaliar o perfil dos produtores
rurais que estavam aderindo ao projeto de citricultura para a região. Os resultados
deste foram publicados pelo IAPAR em 1992, sob o titulo de “A citricultura no
Paraná”.
Segundo Del Grossi et all (1992), o Programa de Citricultura Estadual,
previa a implantação de 62.349 ha de citros no Estado, meta que ainda em 2009 não
tinha sido alcançada. Uma possível explicação é que, ao longo destes anos o preço
da laranja no mercado internacional passou por muitas oscilações, o que prejudicou
a adesão dos agricultores ao projeto, pois há uma relação direta entre preço
recebido pelo produtor e os investimentos realizados nos pomares e a implantação
de novos laranjais. Ainda de acordo com estes autores, os produtores rurais que
aderiram ao projeto de citros da COCAMAR, eram na sua maioria pecuaristas
adeptos do uso de novas tecnologias, o que favoreceu a implantação da nova
citricultura no Paraná. Estes produtores eram empresários rurais tecnificados de
bovinos de corte. Sendo que dos 24 produtores pesquisados a época, 13 se
enquadravam nesta categoria, ou seja, estes produtores por serem capitalizados e
habituados a fazer uso de tecnologias na sua produção, colaboraram para o êxito da
nova atividade – a citricultura. A área média dos 24 produtores pesquisados era de
26 ha, tendo como principal atividade desenvolvida pastagem e cafeicultura, estas
duas atividades aconteceram em 19 das 24 propriedades pesquisadas.
A época desta pesquisa o objetivo era identificar os produtores
rurais que iniciavam o plantio de citros na Região Noroeste do Paraná, bem apurar o
seu custo de produção inicial.
Del Grossi et all (1992), verificou que o custo médio de produção era
de US$1,69/caixa de laranja, levando em consideração uma produtividade média de
800 cx/ha.
Neste ano de 2011, quinze pesquisadores do IAPAR estão
trabalhando nos vinte projetos que envolvem a citricultura, sendo onze com
22
dedicação exclusiva em fruticultura, e destes dois em dedicação exclusiva aos
projetos de citros.
No Quadro 2, apresenta-se os vinte projetos de pesquisa
desenvolvidos no IAPAR referentes à citricultura, atendendo as diferentes
demandas do setor.
Quadro 2 – Projetos relacionados a citricultura conduzidos no IAPAR, no período
2007/2011
Comportamento da laranjeira 'Folha Murcha' enxertada em sete porta-enxertos.
Manejo do solo em pomares de citros para a região do Arenito Caiuá, Noroeste do Estado do Paraná.
Produção de plantas cítricas livres de patógenos utilizando a técnica de micronutrientes.
Avaliação do comportamento de variedades copa e porta-enxertos de citros.
Transferência de tecnologia da produção de mudas cítricas em ambiente protegido e técnicas de cultivo dos cítricos no município de Cerro Azul.
Características da disseminação, sobrevivência e controle da bactéria do cancro cítrico.
Diaphorina citri Kuwayama (Hemiptera: Psyllidae), vetora da bactéria do greening (huanglongbing): Abundância sazonal, inimigos naturais e incidência de Ca. Liberibacter spp. no inseto nas regiões citrícolas norte e noroeste do Paraná.
Laboratório diagnóstico de apoio à sanidade da citricultura no estado do Paraná.
Transformação genética em citros visando resistência às doenças microbianas: Cancro cítrico, Clorose variegada do Citros (CVC) e Greening (HLB).
Introdução de genótipos de laranjeiras doces (Citrus sinensis L. Osbeck) e outros citros no Estado do Paraná.
Avaliação de expressão gênica e assinatura espectral em plantas cítricas modificadas geneticamente sob pressão de HLB (huanglongbing) e sob diferentes condições nutricionais.
Indexação de plantas cítricas do IAPAR para vírus e viróides.
Caracterização de complexos do Citrus tristeza virus (CTV) presentes em acessos de laranja pêra (Citrus sinensis) do banco ativo de germoplasma de citros do IAPAR..
Avaliação do produto FEGATEX para controle de cancro cítrico sob condições de campo.
Desenvolvimento da fruticultura na região da Bacia do Paraná III.
Desenvolvimento tecnológico da fruticultura na Costa Oeste do Paraná.
Caracterização e desenvolvimento de recursos genéticos em citros, cafeeiro e cana-de-açúcar visando a eficiência no uso de insumos.
Resistência sistêmica adquirida (RSA) como controle do cancro cítrico em plantas jovens
O desenvolvimento da doença (HLB) pode ser controlada pela resistência sistêmica adquirida?
Epidemiologia e controle do cancro cítrico.
Fonte: Diretoria Técnica Científica (DTC/IAPAR)
Foram investidos nos projetos de pesquisa constantes no Quadro 2,
o equivalente a R$2,6 milhões, conforme dados da Tabela 1. O IAPAR investiu na
pesquisa e em diferentes projetos na área de citros. No período 2007 a 2009 o
investimento realizado em todos os projetos que se dedicam à citricultura, atingiu o
23
montante de R$ 8.080.386,35. Os projetos estão implantados em todo o estado do
Paraná.
Para cada R$1,00 investido nas pesquisas do IAPAR nos anos de
2007/2008, a citricultura paranaense exportou R$17,003
Tabela 1 – Investimentos do IAPAR nos projetos de citricultura ( R$1,00)
Itens 2007 2008 2009 TOTAL
Pessoal 730.791,84 693.302,85 663.361,86 2.087.456,55
Investimento/mat. Consumo* 53.025,79 191.904,43 122.601,87 367.532,09
Outros 234.294,14 51.979,27 192.725,38 478.998,79
Custos Diretos 1.018.111,77 937.186,55 978.689,11 2.933.987,43
Custos Indiretos** 1.646.511,16 1.864.147,19 1.635.740,57 5.146.398,92
Custo total 2.664.622,93 2.801.333,74 2.614.429,68 8.080.386,35
Fonte: GPI/IAPAR * As despesas de capital estão contidas neste sub-item. ** Contempla custos indiretos da pesquisa, os quais são rateados entre todos os projetos de pesquisa dentro do IAPAR, de forma proporcional aos recursos disponibilizados a cada projeto.
Além disso, tem a geração de postos de trabalho diretos – estes podem
ser observados na Tabela 10, os empregos indiretos, transporte, indústria, comércio
e demais setores da economia que se beneficiam com a citricultura.
De acordo com Felix (2010), a primeira resolução Estadual 038/1985,
autorizou o plantio das seguintes variedades: Laranjas (pêra, valência, lima verde,
folha murcha), tangerinas (ponkan, dancy, satsuma, mexerica rio) e lima ácida(tahiti).
E atualmente vigora a Resolução Estadual 155/2004, autorizando o plantio de 13
variedade de laranjas, inclusive a IAPAR 73 (selecionada no período 78/2009), de 8
tangerinas e 1 de lima ácida.
2.2 A participação das cooperativas na implantação dos projetos de citros
No início da década de 1980, as cooperativas Cocamar e Corol,
começaram um movimento de pressão política pela liberação do plantio da laranja
no estado, com a finalidade de diversificar a produção estadual, dando assim novas
alternativas aos produtores.
Os objetivos foram alcançados com a publicação da Primeira
Resolução Estadual 038/1985 (Quadro 1) liberando o plantio da citricultura. Com a
3 A soma dos valores exportados entre 2007 a 2009 = US$80.846.737,00 x R$ 1,70 =
R$137.439.452,90 A soma dos investimentos 2007 a 2009 no IAPAR = R$ 8.080.386,35 Valor exportado para cada R$1,00 investido na pesquisa = R$137.439.452,90 / R$8.080.386,35 R$17,00 de exportações/ R$1,00 investido em pesquisa no IAPAR.
24
Secretaria de Agricultura do estado do Paraná liberando o plantio de citros no
Paraná, ocorreu a participação direta das cooperativas Cocamar, Copagra e Corol.
Deve-se considerar as participações da SEAB, CAFÉ do Paraná e assistidos
tecnicamente pelas pesquisas do IAPAR e EMATER. Com estes incentivos a
produção de SLCC iniciou no ano de 1994, conforme destacou Tormen ( 2007).
Algumas características diferem a relação a citricultura dos estados
de São Paulo e do Paraná. Enquanto em São Paulo produtores e indústrias
apresentam situações de conflito, conforme descreve Troccoli e Altaf (2009), no
estado do Paraná a indústria pioneira de sucos pertence aos produtores, via
cooperativas Cocamar e Corol. De acordo com estes autores, nas duas situações os
produtores são pressionados, e como elo fraco da cadeia produtiva, não tem
conseguido sucesso nas negociações. Diante desta situação surge então as
associações de produtores para melhor representa-los.
A produção paulista está calcada em três tipos de produtores de
laranja, conforme destacou Troccoli e Altaf (2009, p. 60), tendo a indústria como
“player” forte na cadeia produtiva, liderando o processo de formação de preços.
No primeiro caso, existem pomares de três tipos: 1) os dos chamados “produtores independentes”,ou seja, plantadores que não têm vínculo pré-concebido com nenhuma empresa produtora de suco; 2) os da chamada “fruta prisioneira”: trata-se de propriedades agrícolas de diretores de empresas, de amigos e de “clientes especiais” (SOUZA, 2003) - ou seja, pomares pertencentes a pessoas ligadas às empresas esmagadoras - cuja produção é 100% destinada a estas empresas; 3) os das empresas, ou seja, pomares que formalmente pertencem às empresas produtoras de suco e cuja produção também é 100% destinadas a elas, no formato de integração vertical para trás. De acordo com avaliações informais do USDA, a atual divisão da produção paulista de laranja entre estes três tipos seria de, aproximadamente, 40% para os independentes, 20% para os pomares de “fruta prisioneira” e 40% para os pomares das empresas.
Para Boten e Monteiro (2010), argumenta que “O ideal é que fosse
estabelecido um sistema de remuneração ao produtor que incorporasse as
mudanças no cenário externo e interno de forma harmoniosa e equilibrada entre as
partes, sem necessidade de rupturas contratuais”, defendendo, assim, uma maior
participação dos produtores na formação dos preços. Este tipo de participação ativa,
envolvendo todos os elos da cadeia produtiva tem obtido êxito com os produtores de
leite/queijo da Região da Emília Romana na Itália, mas no Brasil, ainda há
dificuldades para que a classe produtora rural se organize o suficiente para
pressionarem o setor industrial a repartir os lucros da cadeia produtiva de forma
equânime.
25
A indústria detém maior poder nas negociações por serem
organizadas e deterem maior acesso à informação, pelo fato de serem apenas três
empresas atuando no mercado e associadas a CitrusBR.
Além de trabalhar na busca de eficiência na condução das lavouras
na parte técnica e gerencial, os produtores precisam se organizar na busca por
preços que remunerem a sua atividade. Boten e Monteiro (2010), no estado de São
Paulo, a preocupação dos produtores é a luta por melhores preços, tanto em épocas
de bons preços no mercado internacional, como nas crises.
Já a citricultura destinada a produção de SLCC (suco de laranja
concentrado congelado) no Paraná surgiu a partir do projeto de citros liderado pelas
cooperativas Cocamar (Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá
Ltda), Copagra (Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de Nova Londrina Ltda) e
posteriormente pela Corol (Cooperativa Agropecuária de Rolândia Ltda), o que
representa uma relação diferente entre produtores é indústria, pelo menos entre os
participantes desta integração.
O fato dos produtores estarem organizados na forma de “sócios” da
indústria na forma de cooperativas (Cocamar, Copagra e Corol), facilitou a
sobrevivência da cooperativa neste mercado oligopolizado, o que ajudou em muito
na obtenção do sucesso alcançado pela citricultura paranaense.
O diferencial desta nova empresa, com a participação das
cooperativas, que apesar se serem criadas sob os “princípios de Rochdale”, era
parceria com uma empresa Norte Americana, é isto foi possível devido as
características da atuação das cooperativas brasileiras, que atuam em um mercado
oligopolizado, mas com “espírito empreendedor e inovativo” observa Medeiros,
(1995).
Conforme Medeiros (1999), as cooperativas Cocamar, Copagra e a
Albertson Group Brazil Inc.formaram um joint venture agroindustrial para a
produção de suco concentrado de laranja e demais subprodutos vindo a exportação,
criando assim a Paraná Citrus S.A.
A parceria dos cooperados como um dos proprietários da indústria
de citros, pode ser uma alternativa para contornar problemas como os enfrentados
pelos citricultores de Bebedouro-Sp, que no ano de 2009 viram os preços recebidos
pela caixa de 40,8 kg cair para R$ 5,50 em plena entressafra, conforme destaca
Jakubasko (2009), além do fechamento das portas da unidade esmagadora da
26
Citrosuco, prejudicando todos os produtores da região, levando os produtores a ser
obrigados a entregarem sua safra a 100 a 250 km de distância dos pomares de
laranja. O fato dos produtores paranaenses em sua grande maioria estarem
trabalhando com indústrias que a princípio pertencem a eles mesmos, o que pode
facilitar a continuidade e o pagamento justo pela caixa de laranja produzida.
Desde a liberação do cultivo de citros no Paraná a área de laranja
tem crescido gradativamente, e substituindo principalmente as pastagens
degradadas, e cujos agropecuaristas passaram a ver na cultura da laranja uma nova
oportunidade de negócio, o que muito tem contribuído para o bom desenvolvimento
da citricultura no Estado.
2.3 A fruticultura no mundo
De acordo com Andrade (2010), em 2008 foi produzido no mundo
cerca de 705.927.741 toneladas de frutas, sendo que os três principais produtores
são a China, Índia e Brasil, que juntos são responsáveis por 42,5% do total. No
entanto, as produções destes países se destinam principalmente a seus mercados
internos, sendo que os dez maiores produtores respondem por 62,0% da produção
da fruticultura mundial (Tabela 2).
Tabela 2 - Principais países produtores de frutas, 2008
Países Produção (ton) %
China 191.141.384 27,1
Índia 68.109.200 9,6
Brasil 41.019.126 5,8
Estados Unidos 30.619.513 4,3
Itália 18.734.021 2,7
Turquia 18.581.740 2,6
Espanha 18.021.297 2,6
México 17.904.210 2,5
Irã 16.980.363 2,4
Indonésia 16.447.246 2,3
Demais Países 268.369.641 38,0
Total 705.927.741 100,0
Fonte: Extraído de Andrade (2010), in Fruticultura/SEAB/DERAL
O Brasil, pela sua extensão territorial continental, ocorre algumas
peculiaridades interessantes, para a produção de frutas, que é a existência de
27
diversos climas ao longo de seu território. Sendo que o estado do Paraná é
privilegiado, uma vez que o estado esta situado na linha do Trópico de Capricórnio,
passando pelo Norte do Paraná, onde as temperaturas são amenas, o que coopera
para a produção de frutas.
Há um grande esforço da pesquisa e assistência técnica em
conjunto com o sistema cooperativo com o intuito de inserir a diversificação nas
propriedades paranaense, e a fruticultura é uma das atividades que têm sido
apresentadas aos agricultores, com alternativa viável em função da renda gerada
para os produtores, além da oferta de emprego espaçada, permitindo que o
agricultor se dedique a varais culturas simultaneamente.
A laranja é a quarta fruta mais produzida no mundo, participando com
aproximadamente 10% do volume de frutas produzidas, perdendo apenas para a
banana, melancia e maçã (Gráfico 1). O Brasil é responsável por 26% de toda a
produção mundial de laranja e maior exportador de sucos.
Gráfico 1 - Principais frutas produzidas no mundo, 2008
Fonte: Adaptado de Andrade (2010), in Fruticultura/SEAB/DERAL
A laranja é a fruta produzida em maior quantidade no Brasil, e isto
reflete o hábito de consumo do brasileiro, em 2009, 42,69% de toda a produção de
fruta no Brasil foi de laranja, sendo que a produção do estado de São Paulo é
responsável por 77,4% da produção brasileira de 17,6 milhões de toneladas. Em
relação ao valor da produção a laranja é a responsável por 26,46% (Tabela 3).
Como o rendimento da laranja no Brasil é de 548 caixas/ha, caso os
plantios mais antigos sejam substituídos por novos pomares, e se invista em tratos
28
culturais, é possível aumentar a produção brasileira sem que a área plantada
aumente.
Tabela 3 - Principais frutas produzidas no Brasil, 2009
Frutas Área Produção Valor da produção
em ha % do total
toneladas % do total
R$1.000 % do total
Laranja 787.250 27,02 17.618.450
42,69 4.695.049 26,46
Banana 479.614 16,46 6.783.482 1.,44 3.160.040 17,81
Uva 81.355 2,79 1.365.491 3,31 1.612.043 9,09
Abacaxi 60.176 2,07 2.978.256 7,22 1.076.305 6,07
Maçã 38.205 1,31 1.222.885 2,96 943.761 5,32
Demais 1.466.756
20,35 29.968.564
72,62 11.487.198 64,75
Total 2.913.356
100,00 41.266.460
100,00 17.742.054 100,00
Fonte: IBGE
2.4 Área ocupada com laranja no Paraná
Em 2008/2009 a laranja já ocupou o primeiro lugar em volume (kg)
produzido entre as frutas no estado, e a segunda em valores (VBP), o que lhe
confere uma posição de destaque entre as frutíferas produzidas no Paraná (Tabela
4).
Tabela 4 – Fruticultura: produção e VBP no Paraná em 2008-2009.
Produto
Produção (mil ton) VBP (R$ milhões)
2008 2009 2008 2009
Uva 110,9 107,1 221,2 197,7
Laranja 570,9 566,8 147,0 100,8
Banana 251,0 261,4 96,8 90,3
Morango 15,9 16,3 66,3 78,8
Melancia 155,1 170,0 51,6 71,5
Maçã 49,9 67,9 44,4 61,6
Tangerinas 182,6 182,9 56,5 55,7
Pêssego 19,9 19,7 27,9 29,5
Ameixa 14,8 13,9 16,4 20,9
Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento – Seab Departamento de Economia Rural - DERAL
Levando em consideração que em 2010/2011 ocorreu uma
recuperação dos preços recebidos pela laranja, isto implica um VBP maior, e
consequentemente, maior renda para os agricultores e a economia em geral.
29
Atualmente a área cultivada com laranja ocupa 20.279 ha no Estado
do Paraná (Tabela 5), com perspectivas de que nos próximos 5 anos venha a atingir
a área de 28.000 ha a 30.000 ha, isto deverá ocorrer em virtude da instalação de um
planta industrial em Cianorte-PR, a qual deverá incentivar o plantio de novas áreas.
Corrobora para o aumento da área o bom preço do SLCC no
mercado internacional, o que levará as indústrias a incentivarem os seus sócios e/ou
fornecedores de frutas a incrementarem os seus plantios.
Outro fator que deverá contribuir para o crescimento da área é o
consumo da fruta “in natura” no mercado interno paranaense, pois com o
crescimento da economia e da renda, aliado a um melhor entendimento dos
consumidores quanto aos efeitos benéficos da laranja ocorrerá aumento da
demanda pela fruta no Estado do Paraná e no Brasil, expandindo o mercado interno.
Com os dados regionais de 2007(SEAB/DERAL) a principal Região
produtora é a de Paranavaí com 7.263 ha, o que é justificado pelo fato de que ali se
instalou a primeira indústria de suco de laranja no Estado através da Cooperativa
Cocamar. Dos 18.439 ha cultivados, a Região de Paranavaí responde com 7.263 ha,
representando 39,39% da área da fruta no Estado, Destaca-se também as Regiões
de Londrina 2.661 ha (14,43%) e Maringá com 2.974 ha (16,13%) da área
paranaense. As três Regiões juntas respondem por 12.898 ha, ou seja, 69,95% de
toda a área cultivada no Estado.
Quanto ao volume de produção estas três Regiões respondem por
382.210 t das 499.536 t produzidas no Estado, o que representa 76,49% da
produção paranaense.
Com relação ao rendimento médio por ha em 2003 a média era de
23.829 kg/ha, e em 2007 essa média passou para 27.091 kg/ha, ou 664 caixas de
40,8 kg, representando um crescimento médio de 13,31%, mas nesta Tabela 6 cabe
a ressalva de que sete das dezoito Regiões apresentaram um rendimento por ha
2007, inferior ao rendimento da Região em 2003.
Conforme os dados da Seab/Deral (Tabela 5) a área cultivada de
laranja no Estado do Paraná cresceu 36,59% entre 2005/2009, passando de uma
área plantada de 14.846 ha, para 20.279 ha, enquanto que a produção passou de
365.960 t, para 566.800 t, um aumento de 54,88%. O rendimento da laranja que era
de 24.650 kg/ha, passou para 27.950 kg/ha, este ganho no rendimento médio por
hectare que representou 3.300, ou 81 cx/40,8 kg de acréscimo, o que é significativo,
30
podendo ser explicado pelo aumento da produção por planta em função da de que
plantas jovens passaram a idade produtiva. Os bons preços têm incentivado os
produtores com pomares em idade adulta investiram em tratos culturais aumentando
a produção, indicando que, em relação ao rendimento médio (kg/ha) ainda existe
espaço para aumento na citricultura paranaense.
Tabela 5 - Área, produção e rendimento da laranja no Paraná, 1992-2010
Anos Área Taxa de crescimento
Produção Taxa de crescimento
Rendimento Taxa de crescimento
(ha) (t) (kg/ha)
1992 6.617 - 100.932 - 15.253 -
1993 6.808 1,43 35.871 -40,38 5.269 -41,23
1994 7.127 2,32 121.627 84,14 17.066 79,97
1995 8.807 11,16 127.452 2,37 14.472 -7,91
1996 9.803 5,50 149.394 8,27 15.240 2,62
1997 11.987 10,58 215.926 20,22 18.013 8,72
1998 12.800 3,34 274.673 12,79 21.459 9,15
1999 13.108 1,20 344.574 12,00 26.287 10,68
2000 13.805 2,62 364.992 2,92 26.439 0,29
2001 13.709 -0,35 302.324 -8,99 22.053 -8,67
2002 15.288 5,60 396.318 14,49 25.923 8,42
2003 13.945 -4,49 332.299 -8,43 23.829 -4,12
2004 13.649 -1,07 335.023 0,41 24.546 1,49
2005 14.846 4,29 365.960 4,52 24.650 0,21
2006 16.692 6,04 412.325 6,15 24.702 0,11
2007 18.439 5,10 499.535 10,07 27.091 4,72
2008 20.178 4,61 570.900 6,90 28.293 2,19
2009 20.279 0,25 566.843 -0,36 27.950 -0,61
Fonte: Secretária da Agricultura do estado do Paraná- SEAB/DERAL
A produção paranaense de laranja 566.843 toneladas, corresponde a
3,21% da produção nacional de 41.266.460 toneladas da fruta.
O rendimento média no estado, em 2009 foi de 685 cx de 40,8kg/ha.
Segundo Felix (2010), a média produzida pelos produtores de laranja para a
indústria paranaense é de 900 cx 40,8kg/ha, ou seja, o rendimento dos produtores
com pomares em plena produção é superior a média paranaense em 31,38%.
A área plantada de laranja em 2009 (Tabela 6) era de 20.279 ha,
distribuídos em 290 municípios do Estado do Paraná, sendo que, a área colhida dos
dez municípios com maior área plantada corresponde há 49,58% da área estadual
(Figura 2). Apenas o município de Cerro Azul não pertence a área de atuação da
31
COCAMAR, com a incorporação da Corol pela Cocamar, a produção das cidade de
Rolândia e Cambé passaram para esta cooperativa. Esta alta concentração nos
municípios das Regiões Norte e Noroeste é resultado da implantação das indústrias
de suco de laranja que se instalaram em Paranavaí e Rolândia.
Tabela 6 - Área, produção e valor da laranja por município do Paraná em 2009.
Município Area Colhida Frequência relativa Frequência acumulada
(ha) (%) (%)
Paranavaí 2.000 9,86 9,86 Nova Esperança 1.302 6,42 16,28 Rolândia 1.236 6,09 22,38 Guairaçá 1.202 5,93 28,30 Alto Paraná 1.120 5,52 33,83 Floraí 940 4,64 38,46 Cerro Azul 850 4,19 42,65 São João do Caiuá 500 2,47 45,12 Cambe 487 2,40 47,52 Cruzeiro do Sul 417 2,06 49,58 Outros 10.225 50,42 100,00 Total 20.279
Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento – Seab Departamento de Economia Rural – DERAL Laranjas indústria + mesa + laranja orgânica Elaboração do autor.
Paranavaí é o município com a maior área plantada do estado com
2.000 ha de laranja. Como a indústria da Cocamar está situada neste município,
colabora para a expansão da área plantada ao redor da mesma, em virtude de um
custo de transporte menor, aliado a maior facilidade de contato dos agricultores com
o sistema de assistência técnica, e demais informações sobre a cultura.
Os demais 280 municípios respondem por uma área de 10.225 ha, sendo
que a área esta concentrada nos municípios vizinhos às cidades de Paranavaí e
Rolândia.
32
FIGURA 2 - Municípios responsáveis por 49,58% do valor bruto da produção de
laranja no Paraná em 2009.
Curitiba
24º
25º
26º
49º50º51º52º
23ºParanava í
Umuarama
Tole do
Cascavel
Foz do Iguaçu
Francisco Beltrão
Pato Branco
Guarapuava
Ponta Grossa
da Plat inaSto Antônio
Corné lioProcó pio
Apucarana
Maring á
Pa ra na guá
Ivaiporã
53º54º
Camp o Mourão
MAA/ FINATEC/ IAPAR/ EMBRAPA/ DNAEE/ IN METBa se Municipal 1.997 Fonte: S.E.M.A. - PR
Lond rina
Cianorte
Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento – Seab Departamento de Economia Rural – DERAL Laranjas indústria + mesa + laranja orgânica Elaboração do autor.
No estado do Paraná 8 municípios produzem 38 toneladas de laranja
orgânica, faturando R$ 235.569,00 em 2009, destacando-se o município de Florida,
seja pela área de 11 ha, ou pelo volume da produção de 335 t, o município de Uraí
com 11 ha também é destaque, conforme destaca os dados da SEAB na Tabela 8.
Cabe ressaltar que, o preço médio recebido pela caixa de 40,8 kg da
laranja orgânica foi superior ao preço da laranja convencional, vendida para a
indústria de suco. O produtor recebeu no Paraná o valor de R$7,55/cx 40,8 kg pela
laranja entregue a indústria, e o produtor de laranja orgânica recebeu em média
R$25,30/cx 40,8 kg, conforme os dados da SEAB/DERAL.
33
Conforme a Tabela 7, os municípios de Flórida e Uraí possuem a
mesma área plantada de 11 ha, a explicação esta na idade dos pomares situados
em Uraí, os quais ainda não estão produzindo plenamente.
Tabela 7 - Área, produção e valor da laranja orgânica por município do Paraná
em 2009.
Município Área Produção Valor (ha) (ton) (R$)
Florida 11 335 207.700,00 Assaí 1 2 1.140,80 Uraí 11 28 17.459,20 São Tomé 5 10 5.952,00 Fernandes Pinheiro 0 1 775,00 Inácio Martins 0 1 620,00 Irati 0 3 1.550,00 Teixeira Soares 0 1 372,00 Total 28 381 235.569,00
Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento – Seab Departamento de Economia Rural – DERAL
Na Tabela 8, estão relacionados os 10 principais municípios que
cultivam laranja. Selecionou-se com base na participação do VBP do ano de 2008,
Alto Paraná (13,0%) se destaca como o município de maior peso do VBP da laranja
no estado do Paraná, seguido de Floraí (11,0%) e Nova Esperança (11,0%), estes
foram os municípios cujo VBP da laranja foi superior a 11%, mostrando a
importância que esta cultura já representa para estes municípios e toda a Região
Noroeste do estado do Paraná.
Muito além do da participação do VBP do município, a laranja
representa a geração de empregos e renda, e uma nova alternativa de perspectiva
para a diversificação das atividade agrícolas principalmente da Região Noroeste do
Paraná, onde tem predominado grande áreas com pastagens para criação de
bovinos de forma extensiva.
34
Tabela 8 – Os 10 principais municípios onde a laranja figura entre as cinco culturas mais importantes no VBP no Estado do Paraná em 2008.
Unidade da Federação VBP Total (em milhões
reais)
VBP laranja l(em milhões reais)
Participação (%)
Nova Esperança 70,26 7,72 11
Alto Paraná 56,14 7,24 13
Guaraniaçu 5,72 0,57 10
Floraí 9,63 5,45 11
Cruzeiro do Sul 60,90 3,65 6
São João do Caiuá 30,95 3,09 10
São Carlos do Ivaí 43,58 2,61 6
Atalaia 27,65 1,93 7
Pres. Castelo Branco 31,95 1,91 6
Paraíso do Norte 33,88 1,35 4
Fonte: www.seab.pr.gov.br Acesso realizado em 31/01/2011 Elaborado pelo autor
2.5 A geração de renda e trabalho ligado a produção de laranja
Tão importante quanto uma nova alternativa de uso da terra para a
Região tem sido a geração de renda no meio rural, seja pelo lado do produtor rural
que passou a ter uma alternativa rentável de investimento, ou mesmo pela ótica do
aumento do número de postos de trabalho para a região, uma vez que a cadeia
produtiva da laranja gera empregos e renda desde a produção de insumos,
passando pelos empregos na propriedade diretamente, até os empregos gerados na
indústria, e setores da exportação.
Somente na indústria de suco de laranja da Cocamar gera 120
postos de trabalho na época de safra, reduzindo para 86 na entressafra. Levando
em consideração que a renda média mensal situa-se na faixa de R$1.200,00, o que
gerará uma massa salarial de R$ 1.652.920,00 anuais.
Os dados da RAIS (2009) revelam um total de 1.045 trabalhadores
com carteira assinada ocupados na atividade de citricultura no estado do Paraná.
Contudo, segundo estimativas de Felix (2009) (Tabela 10), o número de
trabalhadores ocupados na atividade fica próximo a 6.000.
35
Tabela 9 - Número de trabalhadores com carteira assinada na atividade laranja no
Paraná em 2009.
Municípios Número trabalhadores
Carteira Assinada
Participação Relativa
(%)
Participação acumulada
(%)
Paranavaí 386 36,94 36,94
Guairaça 165 15,79 52,73
Floraí 105 10,05 62,78
Nova Esperança 85 8,13 70,91
São Jorge do Ivaí 50 4,78 75,69
Alto Paraná 44 4,21 79,90
Cruzeiro do Sul 35 3,35 83,25
Presidente Castelo Branco 32 3,06 86,32
Rolândia 30 2,87 89,19
Atalaia 13 1,24 90,43
Outros (28 municípios) 100 9,57 100,00
TOTAL 1.045
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, www.mte.gov.br
Elaborado pelo autor
Acesso: 03/12/2010
De acordo com os dados apresentados na Tabela 9, apenas 10
municípios respondiam por 90,43% dos trabalhadores com carteira de trabalho e
registrados na atividade da laranja no Estado do Paraná. Paranavaí, principal
empregador, respondia por 36,94% dos empregos nesta atividade. Os demais
municípios respondiam por 9,57% dos postos de trabalho na laranja, ou seja 100
trabalhadores registrados na atividade.
Levando-se em consideração as estimativas de Petti e Fredo (2009),
em que estimam para a agricultura paulista a demanda de 11 trabalhadores para
cada 100 ha, partindo dessa estimativa de demanda a citricultura paranaense, com
seus 20.297 ha poderia gerar em torno de 2.200 postos de trabalhos.
Já para Felix (2010), a citricultura gera 270 empregos diretamente
na indústria, e diretamente no campo 3.150 empregos, somados a outros 5.900
empregos indiretos, conforme Tabela 10.
Os números estimados pela SEAB (Tabela 10) são superiores aos
verificados através da RAIS e apresentados na Tabela 10. Esta diferença pode ser
36
originada no fato de que, a RAIS capta apenas o trabalho formal, com carteira
assinada.
Apesar da cultura da laranja estar presente em 290 municípios
paranaense, apenas 38 municípios apresentam trabalhadores com carteira
assinada, como atividade declarada como trabalhadores na laranja.
Tabela 10 - Total de empregos gerados na citricultura em 2009-2010
Local gerado Cocamar Citri Corol Total
Diretos na indústria 100 80 90 270
Diretos no campo 1700 1200 260 3.150
Indiretos no campo 3000 2400 500 5.900
Extraído: Palestra de Paulo Eduardo Felix, SEAB, Londrina, maio/2010
Os números estimados pela Seab Tabela 10, são superiores aos
verificados através da RAIS, e apresentados a Tabela 10. Esta diferença pode ser
originada no fato de que, a RAIS capta apenas o trabalho formal, com carteira
assinada. Apesar da cultura da laranja estar presente em 290 municípios
paranaense, apenas 38 municípios apresentam trabalhadores com arteira assinada,
como atividade declarada como trabalhadores na laranja.
A laranja tornou-se uma atividade de grande importância econômica
para os municípios onde os pomares se instalaram, mas ainda há a necessidade da
formalização da mão-de-obra na atividade, o que levará a uma maior segurança a
empresários e trabalhadores envolvidos nesta atividade, reduzindo a precariedade
nas relações trabalhistas.
2.6 As exportações como principal destino da produção paranaense
Os investimentos realizados na citricultura das Regiões Norte e
Noroeste do Paraná foram realizados para atender ao mercado internacional, pois, o
brasileiro não dispõe de renda e hábito para consumir o SLCC, principal sub produto
da laranja após a industrialização. No entanto, esta posição deverá ser alterada em
breve em virtude do crescimento da renda interna e o maior consumo de SLCC.
O Quadro 3 apresenta as nomenclaturas dos sub produtos da laranja
exportados pelo Brasil. Quanto ao bagaço da laranja, este é utilizado para
alimentação animal.
37
As exportações brasileiras atingiram o maior volume em US$ no ano de
2007, quando país exportou US$2.120.615.690. Já as exportações de 2010 em
dólares ficaram 5,17% acima do ano de 1994.
Esta expansão nas exportações ao longo destes 15 anos, e
inclusive apresentando redução quando comparado ao ano de 2007, pode estar
relacionada as crises internacionais ao longo deste período e a valorização da
moeda brasileira em comparação ao dólar, o que tem influenciado nas exportações
brasileiras não apenas de suco de laranja mas sobre a pauta de exportações como
um todo.
Quadro 3 – Descrição das NCM (nomenclatura comum do mercosul)
NCM Descrição
2009.1100 sucos de laranjas, concentrados, congelados
2009.12.00 sucos de laranjas não congelados, com valor Brix L = 20
2009.19.00 outros sucos de laranja, não fermentados
0805.10.00 laranjas frescas ou secas
3301.12.10 óleo essencial de “Petit grain” de laranja
3301.12.90 outros óleos essenciais de laranja
9804.20.00
2824.90.10
abílio (Zarcão) e mínio-laranja (“mini-orange”)
mírio (Zarcão) e mínio-laranja (“mini-orange”)
Fonte: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br Acesso realizado em 14/04/2011 Elaborado pelo autor
Na Tabela 11, as exportações paranaenses dos subprodutos
da laranja em 2010 representaram US$ 42.294.801, ou seja apenas 2,77% do valor
das exportações Brasileiras para as mesmas NCM no período em análise.
Partindo desta pequena participação paranaense junto ao mercado
internacional, pode-se conjecturar que ainda há muito espaço para o crescimento
das exportações paranaenses, em virtude principalmente do crescimento do
mercado internacional, seja pela mudança de hábitos, ou mesmo pelo crescimento
de mercados como o dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), que deverá incluir
milhões de consumidores no mercado mundial de suco de laranja.
Conforme a Tabela 11, o principal sub produto paranaense na pauta
de exportação é o SLCC, cuja exportação em 2010 foi da ordem de US$ 39.458.337
(NCM 2009.11.00), seguido pelas exportações de outros óleo de laranja (NCM
3301.12.90) com exportações de US$ 2.773.178.
38
Diferentemente das exportações do Brasil, o Paraná tem conseguido
aumentar a sua participação, atingindo em 2010 o montante de US$ 42.294.801,
sendo o principal responsável pela expansão o SLCC, com a participação de
93,29% do total exportado pelo Paraná em 2010.
Os outros subprodutos também têm como mercado consumidor o
mercado externo, exceto o bagaço que é utilizado para a alimentação animal. O sub
produto outros óleos de laranja (NCM 3301.12.90) representou 7,03% do volume
exportado a titulo de SLCC, ou seja, é significativo o ganho obtido pela indústria por
este sub produto.
Tabela 11 – Exportações paranaenses dos subprodutos da laranja 1996 a 2010
Ano SLCC 2009.11.00
SLNC 2009.19.00
Óleo petit grain
3301.12.10
Outros óleos
3301.12.90
Laranjas frescas
0805.10.00
Total var. %
1996 5.346.851 304 197.537 5.544.692 0,0
1997 4.351.195 900 131.124 4.483.219 (10,08)
1998 5.294.068 - 67.880 5.361.948 9,36
1999 15.300.390 - 158.363 15.458.753 69,80
2000 12.372.164 241 186.309 12.558.714 (9,87)
2001 3.133.311 899 79.335 3.213.545 (49,42)
2002 12.039.873 22.530 453.857 12.516.260 97,35
2003 8.529.296 - 603.401 9.132.697 (14,58)
2004 9.603.650 50.034 19.509 289.580 637 9.963.410 4,45
2005 12.032.025 286.813 1.572 466.745 6.880 12.794.035 13,32
2006 27.301.957 58.110 2.775 1.131.942 - 28.494.784 49,24
2007 27.437.730 72.629 4.115 1.438.073 - 28.952.547 0,80
2008 24.089.353 22.048 4.790 1.787.877 - 25.904.068 (5,41)
2009 24.662.176 45.289 16.013 1.263.152 3.492 25.990.122 0,17
2010 39.458.337 1.867 61.419 2.773.178 - 42.294.801 25,57
Fonte: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br Acesso realizado em 14/04/2011 Elaborado pelo autor
Quando se observa a Tabela 12, a participação do Paraná em 2010
exportou 5,76% do volume em US$, em relação às exportações dos demais estados
brasileiros, enquanto São Paulo exportou 88,68% de tudo que o Brasil enviou ao
exterior.
A Tabela 12 apresenta o volume total de 466.8 milhões kg de SLCC
exportado pelo Brasil em 2010, o Estado de São Paulo ocupa o 1º lugar, com
419.477.808 kg, ou seja 89,85% do volume das exportações brasileiras de SLCC,
39
enquanto o Estado do Paraná está em segundo lugar exportando 24.133.191 kg,
ou 5,17%, os demais estados brasileiros participam com 4,98% do total das
exportações.
Tabela 12 – Exportações brasileiras de SLCC por origem em 2010
Unidade da Federação
Peso Liq. (kg)
Part (%)
Valor Export. (US$)
Part (%)
São Paulo 419.477.808 89,85 607.904.359 88,68
Paraná 24.133.191 5,17 39.458.337 5,76
Sergipe 20.914.347 4,48 34.233.163 4,99
Santa Catarina 1.594.362 0,34 2.478.034 0,36
Rio Grande do Sul 692.396 0,15 1.338.810 0,20
Ceará 54.796 0,01 116.223 0,02
Bahia 1.980 0,00 1.921 0,00
TOTAL 466.868.880 100,00 685.530.847 100,00
Fonte: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br NCM 2009110100 Acesso realizado em 03/02/2011 Elaborado pelo autor
Projeta-se que a área de citros no Paraná ainda tem muito a
avançar, seja pela qualidade de seus frutos, ou pelas técnicas modernas que os
novos produtores acabam incorporando para poder entrar no mercado de produção
da fruta, seja para exportação ou para consumo interno na forma de suco ou da fruta
“in natura”.
O Paraná desponta como pólo produtor e exportador de laranja, isto
em função de uma agricultura dinâmica e inovadora que já é praticada no Estado
nas demais culturas, e que tem sido praticada desde a liberação até o momento, o
resultado da colaboração pela presença do IAPAR que tem investido fortemente em
pesquisas, de um sistema cooperativo que é muito forte na produção visando os
mercados interno e externo, aliado a um sistema de assistência técnica atuante.
Estes fatores fazem com que o Estado do Paraná apresente todas as condições
para a expansão da citricultura, e isto pode ser comprovado pelo crescimento da
área e o interesse por novos grupos produtores de laranja, buscando parcerias ou
aquisição da indústria local de suco, isto fará com o setor seja impulsionado tanto
em área planta, como pela buscas de novas tecnologias, o que o levará a citricultura
a ocupar um lugar de maior destaque na produção de citros no cenário brasileiro e
mundial.
40
O Paraná exporta SLCC para trinta países, com destaque para as
exportações para a Suíça, que corresponde a US$10,4 milhões, ou 26,56% das
exportações do estado. Os dez principais países importadores do SLCC paranaense
respondem por 92,67% do total exportado pelas indústrias paranaenses, isto
demonstra que há uma forte concentração nos destinos dos sucos de laranja.
(tabela 13).
Tabela 13– Países importadores do SLCC do Paraná em 2010
Países US$ FOB Peso
Líquido Part.
relativa %
Part. Preço
acumulada US$/kg
US$ FOB US$ FOB
Suiça 10.478.327 6.841.435 26,56 26,56 1,53
Bégica 6.360.584 4.103.602 16,12 42,68 1,55
EUA 4.389.760 2.894.985 11,13 53,80 1,52
Israel 4.289.610 2.512.230 10,87 64,67 1,71
PaísesBaixos(Holanda) 3.643.022 2.086.735 9,23 73,90 1,75
Chipre 2.289.459 1.137.400 5,80 79,71 2,01
Japão 1.473.961 660.475 3,74 83,44 2,23
Austrália 1.372.318 1.045.920 3,48 86,92 1,31
Rússia 1.020.710 526.900 2,59 89,51 1,94
Irã 712.647 368.500 1,81 91,31 1,93
NovaZelândia 535.680 267.840 1,36 92,67 2,00
ArabiaSaudita 444.183 192.260 1,13 93,80 2,31
Outros países 2.448.076 1.494.909 6,20 100,00 1,64
Total 39.458.337 24.133.191 100,00
Fonte: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br
Acesso: 03/02/2011
O preço médio obtido pelas exportações do SLCC foi de US$1,64 /kg, sendo
que os melhores preços foram obtidos para as exportações realizadas para Coveite
US$ 2,33/kg, Arábia Saudita US$ 2,31/kg e Japão US$ 2,23/kg.
O preço médio em 2010 de US$1,47/kg de SLCC(Tabela 14), apesar de
ser o mesmo recebido em 2008, a valorização cambial do real, fez com que, uma
quantidade menor de reais tenha entrado em circulação na economia brasileira, e
consequentemente menos reais chegou aos produtores quando comparado ao ano
de 2008, quando a cotação do dólar era de R$2,41/US$1,00. O agricultor não deve
ficar apenas lastimando a queda do dólar frente ao real, mas sim, tomar medidas
efetivas que venha a aumentar o rendimento médio de cx/planta, e por outro lado,
deve buscar meios para reduzir o seu custo de produção, aumentou-se assim o lucro
41
por caixa de 40,8kg produzido. Outra medida que os diversos setores da agricultura
devem tomar é pressionar o governo, no intuito de implantação de uma medida
compensatória para fazer frente a queda do dólar.
Tabela 14 - Exportações brasileiras SLCC, entre 1992-2010.
Período US$ FOB Peso líquido Valor Tx de
(Kg) (US$/kg) cresc
1992 1.046.271.766 973.630.539 1,07 1993 826.738.734 1.174.568.315 0,70 -11,11 1994 985.476.671 1.146.857.477 0,86 9,18 1995 1.105.080.937 960.905.329 1,15 5,89 1996 1.392.919.396 1.183.288.543 1,18 12,27 1997 1.003.015.399 1.179.571.236 0,85 -15,14 1998 1.262.339.132 1.227.871.628 1,03 12,18 1999 1.235.055.419 1.168.134.743 1,06 -1,09 2000 1.019.256.475 1.224.461.415 0,83 -9,16 2001 812.554.429 1.219.524.848 0,67 -10,71 2002 869.231.799 1.002.664.622 0,87 3,43 2003 910.227.220 1.054.058.657 0,86 2,33 2004 789.684.175 1.010.259.212 0,78 -6,86 2005 796.132.284 1.059.074.156 0,75 0,41 2006 1.043.141.727 972.750.412 1,07 14,47 2007 1.542.603.312 976.363.590 1,58 21,61 2008 1.144.612.427 778.781.318 1,47 -13,86 2009 706.131.149 574.788.087 1,23 -21,46 2010 685.530.847 466.868.880 1,47 -1,47
Fonte: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br
Acesso:03/02/2011
Oscilou as exportações brasileiras de SLCC entre 1992 a 2010,
sendo que entre 2007 a 2010, a redução verificada foi de 55,56% quando observado
o volume exportado, o que reflete a crise na economia mundial.
Desde que começaram as exportações paranaenses de SLCC, os
valores das exportações têm crescido de maneira consistente, apesar da redução
nos anos de 2008/2009, já em 2010 o valor exportado superou os US$ 39 milhões
de dólares, apresentando em 2010 um aumento de 60% quando comparado com o
ano anterior (Tabela 15).
42
Tabela 15 – Participação do Paraná nas exportações brasileiras de suco de laranja
SLCC, entre 1994-2010.
Ano US$ FOB Brasil US$ FOB Paraná Part. % PR/BR
variação percentual
PR
1994 985.476.671 563.926 0,06 -
1995 1.105.080.937 3.478.671 0,31 148,37
1996 1.392.919.396 5.346.851 0,38 23,98
1997 1.003.015.399 4.351.195 0,43 -9,79
1998 1.262.339.132 5.294.068 0,42 10,30
1999 1.235.055.419 15.300.390 1,24 70,00
2000 1.019.256.475 12.372.164 1,21 -10,08
2001 812.554.429 3.133.311 0,39 -49,68
2002 869.231.799 12.039.873 1,39 96,02
2003 910.227.220 8.529.296 0,94 -15,83
2004 789.684.175 9.603.650 1,22 6,11
2005 796.132.284 12.032.025 1,51 11,93
2006 1.043.141.727 27.301.957 2,62 50,64
2007 1.542.603.312 27.437.730 1,78 0,25
2008 1.144.612.427 24.089.353 2,1 -6,30
2009 706.131.149 24.662.176 3,49 1,18
2010 685.530.847 39.458.337 5,76 26,49
Tx crescimento anual PR entre 1994 a 2010 28,39
Fonte: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br
Acesso:03/02/2011
A Tabela 16 apresenta os preços reais recebidos pelo produtor
paulista. Os preços recebidos em 2010/2011 são os maiores da série histórica
acompanhada pelo Cepea da Esalq/Usp (2011), recuperando os baixos preços
praticados em 2009/2010, os bons níveis de preços, quando comparado a série
histórica os preços atuais são considerados bons para o setor produtivo paranaense,
o que é comprovado com o aumento da área plantada. O preço médio recebido pelo
produtor entre 1994 a dezembro/2010 foi de R$6,42, sendo que em 2010 o produtor
recebeu R$ 12,90 /cx de 40,8kg.
43
Tabela 16 - Preços reais da laranja posta na indústria paulista, 1994-2010.
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
1994 2,92 3,06 3,16 3,05
1995 3,03 2,68 2,6 2,35 2,18 1,96 1,66 1,55 1,58 1,53 1,61 1,5 2,02
1996 1,44 1,29 1,31 1,4 1,46 1,52 1,81 1,95 2,11 2,48 2,46 2,5 1,81
1997 2,62 2,57 2,49 2,5 2,5 2,5 2,49 2,5 2,49 2,59 2,82 3,07 2,6
1998 3,24 3,54 3,8 3,8 3,93 4,3 4,76 5,2 5,24 5,19 5,2 4,77 4,41
1999 3,91 3,89 3,95 2,71 2,46 2,06 1,86 1,65 1,52 2,67
2000 1,46 1,45 1,61 1,8 1,7 1,67 1,66 1,57 1,66 2,01 2,47 2,94 1,83
2001 3,98 5,11 5,46 5,5 5,5 6,96 7,16 7,44 8,07 8,96 9,27 6,67
2002 8,7 7,18 6 5,79 5,03 5,55 7,75 8,25 8,48 10,9 11,2 11 7,98
2003 10,1 7,57 6,25 5,67 5,78 7,3 7,85 8,75 9,24 9,72 10,2 9,98 8,2
2004 9,87 7,05 5,29 4,91 5,03 4,99 5,51 6,22 5,98 6,39 7,23 7,31 6,32
2005 7,08 6,83 6,01 5,85 6,1 7,14 8,71 8,44 7,94 7,86 9,7 11,5 7,77
2006 12,1 9,9 8,66 7,58 7,21 8,1 10,1 10,8 11 11,5 12,5 14,3 10,31
2007 15,5 15,5 13,7 8,79 7,88 7,97 10,9 10,2 9,78 9,89 11,8 12,6 11,2
2008 13,5 12,4 9,66 8,38 8,27 9,72 11 9,71 9,33 9,57 8,63 7,27 9,78
2009 6,8 5,92 4,95 4,5 4,05 3,68 3,65 5,04 5,66 5,86 6,41 6,95 5,29
2010 7,7 9,77 10,2 8,24 13 14,7 14,9 14,9 15,2 15,2 15,4 15,7 12,9
Média 7,44 6,92 5,74 5,14 5,31 5,79 6,4 6,54 6,58 6,68 7,13 7,37 6,42
www.cepea.esalq.usp.br/citros/?id_page=707&i=2
Valores médios a prazo em R$/cx de 40,8 kg, no portão da indústria e sem contrato
Acesso: 14/03/2011
Valores reais corrigidos pelo INPC-IBGE.
Os preços recebidos pelos citricultores no decorrer de 2010 têm sido
um incentivo para a atividade, no entanto, as expectativas para os próximos anos
são de preços estáveis com tendência de queda, e o governo brasileiro deverá
intervir criando o preço mínimo ao produtor, ou criando um política de estoque com
o intuito de não permitir a queda acentuado do preço ao produtor.
44
3 CONCLUSÕES
Apesar da meta inicial de 62.349 ha plantados ainda não ter sido
atingida, pode se concluir que o projeto de citricultura ao estado do Paraná iniciado
em 1978, com as instalações dos primeiros experimentos no IAPAR, e posterior
implantação dos plantios nas Regiões Norte e Noroeste, tem alcançado êxito.
Com área plantada em 2009 de 20.279 ha, o projeto de citricultura
paranaense esta cumprindo os seus objetivos, gerando renda e emprego a toda a
cadeia produtiva.
Para cada R$1,00 investido nos projetos de pesquisa em citricultura
no IAPAR no triênio 2007/2009, a citricultura paranaense exportou R$17,00.
O valor das exportações paranaense dos sub produtos da laranja,
em 2010 foi de US$ 1.527.323.869 (R$ 2.520.084.383,85), contribuindo para o
desenvolvimento e crescimento econômico do Paraná.
A implantação da citricultura no Paraná ampliou as oportunidades de
diversificação da produção agrícola nos últimos cinco anos a área plantada de
13.649 ha em 2004 passou para 20.279 ha em 2009, com tendência de continuar
crescendo.
A citricultura paranaense tem desempenhado importante papel na
pauta de exportações paranaenses, colaborando não apenas para o
desenvolvimento das regiões Norte e Noroeste do estado do Paraná, mas inclusive
para a geração de saldo na balança comercial do estado e o do Brasil.
Os postos de trabalhos detectados através da RAIS foram de 1.045
trabalhadores com registro em carteira, no entanto, a cadeia produtiva gera em torno
de 6000 postos de trabalho, a diferença deve-se ao fato da RAIS captar apenas os
empregos formais, enquanto que as estimativas da Seab levam em consideração os
empregos formais e informais gerados pela citricultura.
Ainda há o mercado interno a ser explorado, seja na forma de
laranja para mesa ou SLCC, em razão do crescimento da renda per capita dos
brasileiros.
O objetivo relacionado à participação da Cocamar não foi totalmente
atingido, em virtude das dificuldades em se obter os dados referentes ao
relacionamento indústria/cooperado.
45
Sugere-se para pesquisa quais os impactos econômicos que o
“greening” deverá trazer para citricultura paranaense nos próximos anos? E como
esta doença poderá interferir na formação do preço ao consumidor final do SLCC?
46
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