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Informativo do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz

Fundação sedia debatesobre uso de antirretroviraiscomo estratégia deprevenção do HIV

Pesquisadora comentaparceria com fundaçãofrancesa no combate àleishmaniose no Brasil

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Rebert Lima - Cris

Ensp/Fiocruz, em parceria como Ministério de Saúde Públi-ca e da População do Haiti(MSPP) e a Brigada Médica

Cubana (BMC), vai realizar um cursode manutenção hospitalar no Haiti. Aestrutura do curso é com base em Edu-cação à Distância (EAD), com três en-contros presenciais entre professores ealunos, e o restante será via internet,dividido por módulos, com duração to-tal de um ano. Ele está programadopara começar no mês de julho para 15participantes selecionados pelo Minis-tério da Saúde do Haiti.

Fiocruz leva expertise emmanutenção hospitalar para o Haiti

junho2013

Nº8

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A plataforma de acesso amedicamentos para doençasnegligenciadas WIPO Re:Searchterá maior participação da Fiocruz

Foto pesquisadora

A Gestão de Recursos Físicos e Tec-nológicos na área da Saúde (REFIT) foidesenvolvida por pesquisadores da Fio-cruz, e esse modelo é utilizado desde2006 pelo Ministério da Saúde do Brasilpara formar especialistas em manuten-ção hospitalar no país. O curso é em for-mato Educação à Distância (EAD). Acoordenadora do REFIT, Luisa Pessôa, ex-plica que os alunos terão possibilidadede gerir o Parque Tecnológico que o Bra-sil está construindo no Haiti, envolvendotrês Hospitais Comunitários de Referên-cia, dois laboratórios de saúde pública,30 Unidades para a Rede de Frio (arma-zenamento de vacinas e insumos), assimcomo as unidades de saúde já existentesno país. “A questão da manutenção deequipamentos é muito importante, e paraesta finalidade estamos contando com aparceria dos engenheiros e técnicos cu-banos”, reforça Luisa Pessôa.

Carlos Linger, coordenador do

projeto tripartite na Fiocruz, ressalta queesta atividade se orienta sob os princí-pios da cooperação Sul-Sul, entre paí-ses em desenvolvimento. “A presenteiniciativa faz parte da estratégia de co-operação internacional estruturante,modelo defendido e adotado pela Fio-cruz, e fortalece o processo de implan-tação de políticas de Gestão Tecnológicaem Saúde” destaca Linger. A BrigadaMédica Cubana atua no Haiti desde1998. Atualmente, cerca de 1200 mé-dicos estão operando em todo o país,rasgado por terremoto, furacões, cóle-ra e outras doenças.

A coordenadora do REFIT escla-rece ainda que um bom gestor de uni-dades de saúde deve saber planejar egerenciar os recursos físicos e tecnoló-gicos em saúde e também levar em con-ta os aspectos sociais, econômicos epolíticos a fim de atender às necessi-dades de seu país. “É preciso ter capa-cidade para interagir com as equipesde saúde locais, regionais e nacionais,assessorar na organização de investi-mentos, apoiar a definição de necessi-dades e prioridades, planejar eprogramar os recursos físicos em saúdee gerenciar as suas execuções e a suamanutenção”, completa Luisa Pessôa.O Cris/Fiocruz convocou profissionais daCooperação Brasil-Cuba-Haiti para quea proposta do curso seja revisada, adap-tada e aperfeiçoada por representan-tes dos três países cooperantes demaneira horizontal e participativa.

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O Cris/Fiocruz presta apoioà parceria entre os Ministériosda Saúde dos três países daCooperação Brasil-Cuba-Haiti

O hospital que a Cooperação Tripartite Brasil-Cuba-Haiti está construindo nodepartamento de Bon Repôs, que será entregue no final de julho. Foto Cris/Fiocruz

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destaques

CRIS INFORMA #8 | JUNHO DE 2013 - ExpedienteCoordenadoria de Comunicação Social (CCS) | Edição e redação: Danielle Monteiro com colaboração deThiago Oliveira | Projeto gráfico e edição de arte: Guto Mesquita e Rodrigo Carvalho | Fotografia: Peter Iliccieve Arquivo CCS | Contato: Danielle Monteiro - Tel: (21) 3885-1065 - E-mail: [email protected]

Isabela Schincariol - Ensp

Rede de Escolas de Saúde Pú-blica da América do Sul (Resp/Unasul), que tem apoio do Cris/Fiocruz, iniciará uma grande

pesquisa para conhecer a capacidade deformação de recursos humanos na áreada saúde e o contexto político, social ecultural de seus países-membro: Argen-tina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia,Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Surina-me, Uruguai e Venezuela. O estudoMapeamento dos programas de forma-ção em saúde pública na América do Sulconta com a participação dos pesquisa-dores José Inácio Jardim Motta e SandraSiqueira, da Ensp/Fiocruz, que é a secre-tária executiva da Rede. O projeto do ma-peamento passou por diversas etapas. Aprimeira delas foi a construção de umtermo de referência norteador do proces-so. Além de José Inácio e Sandra, partici-param da redação do documento osecretário executivo da Resp e ex-diretorda Ensp/Fiocruz, Antônio Ivo de Carva-lho; Érica Kastrup e Ana Laura Brandão,integrantes da secretaria executiva daResp e da Assessoria de Cooperação In-ternacional da Escola.

Finalizado o documento, o gruporesponsável iniciou a fase de validaçãodos eixos e subeixos propostos no termoe o desenvolvimento da estratégia de

aplicação da pesquisa. Para tanto, foramrealizadas reuniões e oficinas das quaisparticiparam integrantes do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (Isa-gs-Unasul), da Rede de Escolas Técnicasde Saúde (Rets) e do Grupo Técnico deRecursos Humanos da Unasul. O consul-tor técnico de políticas e sistemas de saúdedo Isags, Oscar Feo, o assessor do Minis-tério da Saúde, Alexandro Dias, a inte-grante do Observatório Regional deRecursos Humanos en Saúde do Peru, Do-natila Ávila também foram responsáveispela validação do termo de referência.Segundo Érica Kastrup, a experiência jáadquirida pela Rets nesse tipo de pesqui-sa pode ajudar muito o desenvolvimentodo mapeamento da Resp/Unasul.

Para Érica, o trabalho a ser reali-zado vai além de um mero levantamentode cursos. Seu objetivo inicial é o co-nhecimento das capacidades e do po-tencial dos países, e isso será,principalmente, um grande esforço deconstrução de articulação entre as es-colas. De acordo com o secretário exe-cutivo da Resp, Antônio Ivo de Carvalho,a América do Sul conta com quase 170instituições públicas de ensino que ofe-recem formação na esfera de especiali-zação, mestrado e doutorado. “É precisomotivar e mobilizar essas instituiçõespara que se integrem de fato à Rede.Queremos fomentar o sentimento de per-

tencimento em cada um dos integran-tes da Resp/Unasul. Para tanto, precisa-mos saber quem somos, o que fazemos,aonde queremos chegar e como pode-mos responder às demandas desses 12países”, justificou Antônio Ivo.

O documento é composto dequatro principais eixos: Saúde pública;Escola e os processos de ensino; A con-cepção de rede; e Particularidades loco-regionais. O primeiro eixo se refere àcaracterização dos diferentes contextosem que se inserem as escolas e seusatores. O segundo eixo diz respeito aosconceitos político-pedagógicos, assimcomo a sua relação com a política pú-blica e a governança em saúde e sobreas características gerais dos processosde formação, a capacidade da escola/ator-rede em formular estratégias pe-dagógicas e processos de formação querespondam a demandas apontadas porpolíticas públicas, aumentando a gover-nança em saúde.

O terceiro eixo trata da compreen-são dos diferentes conceitos de rede e suacapacidade de articulação. Ele englobatambém a sua capacidade para explicaras boas práticas da formação em saúde eas necessidades de articulações bilateraise multilaterais relativas aos diferentes con-textos nacionais. Por sua vez, o últimoeixo, que se refere às particularidades loco-regionais, visa compreender as dimensõespolíticas, sociais, culturais, demográficase territoriais que constituem as necessida-des sociais de saúde no contexto da Amé-rica do Sul, suas interfaces e possibilidadespara cooperações bilaterais e multilateraisnos processos formativos da Rede de Es-colas de Saúde Pública.

A próxima etapa prevista nomapeamento, marcada para iniciar emjulho, será a construção do instrumen-to de pesquisa, baseado no documen-to orientador do projeto. A metodologiaa ser utilizada ainda não foi definida,mas provavelmente serão utilizadosquestionários e a técnica de grupos fo-cais com as instituições e países inte-grantes da Resp. O grupo aindapretende realizar um projeto-piloto comcerca de três escolas para validar ametodologia escolhida.

Resp pesquisará escolas degoverno na América do Sul

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Os participantes da oficina para mapeamento dos programas deformação em saúde pública na América do Sul. Foto Isags

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Alexandre Matos - Farmanguinhos

laboratório americano Pfizer eFarmanguinhos/Fiocruz assina-ram, no dia 13 de junho, Par-ceria de Desenvolvimento

Produtivo para transferência de tecno-logia de desenvolvimento e produçãoda Atorvastatina Cálcica, usada nocontrole do colesterol. O medicamen-to será fabricado pela unidade nasconcentrações de 10 e 20mg. A par-ceria terá a participação ainda da Nor-tec Química S/A, que será responsávelpela produção do Insumo Farmacêuti-co Ativo (IFA) para a fabricação do me-dicamento. A Atorvastatina é oprincípio ativo do Citalor, produzidopela Pfizer. O medicamento faz parteda lista de produtos estratégicos parao SUS, cujos domínios tecnológico ede produção são essenciais para o de-senvolvimento do Complexo Econômi-co e Industrial da Saúde (Ceis).Busca-se, com o acordo, não apenaso domínio da produção, como tam-

Transferência de tecnologia permiteprodução de remédio que controla colesterol

Obém o incentivo da indústria farmo-química nacional, com a fabricação doIFA em solo brasileiro. O diretor da uni-dade, Hayne Felipe da Silva, destacoua relevância do acordo. “Além de fa-zer uma atualização do nosso portfó-lio com este medicamento estratégico,a parceria segue também a linha dapolítica industrial de produzir IFAs emnosso país”, ressaltou. Farmanguinhosjá produz quatro outros medicamen-tos contra doenças cardíacas, os anti-hipertensivos Captopril, Enalapril,Metildopa e o Cloridrato depropranolol.O medicamento é um dosmais importantes do mundo no con-trole do colesterol elevado, uma do-ença de alto impacto para a saúde.Problemas cardiovasculares são a pri-meira causa de morte por doença dapopulação brasileira. “Essa iniciativacontribuirá com a saúde de mais pes-soas em todo o país e poderá ampliaro acesso à Atorvastatina no SUS”, en-fatizou o presidente da Pfizer Brasil,Victor Mezei. Atualmente o fármaco

é financiado pelas Secretarias de Es-tado da Saúde, ou seja, a distribuiçãonão é centralizada pelo Ministério daSaúde. Com isso, a parceria permitiráa redução de custo do medicamentoe Farmanguinhos poderá oferecer umproduto mais barato para as secretari-as de saúde.A demanda prevista paraatender a rede do SUS é de 175 mi-lhões de unidades farmacêuticas nospróximos cinco anos, sendo 35 milhõesanualmente. A previsão é de que em2017 sejam produzidos os primeiros lo-tes do IFA nacional. A transferência detecnologia envolve um complexo pro-cesso, que passa por transmissão deconhecimento, tecnologia, equipamen-tos, treinamento de pessoal e asses-soramento técnico. No desenhoproposto por este acordo, entre o 4º e5º anos da parceria, respectivamente2016 e 2017, Farmanguinhos produzi-rá 25% desta demanda e a Pfizer osoutros 75%. A partir do 6º ano (2018),o Instituto terá capacidade para aten-der 100% da demanda nacional.

À direita, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o diretor de Farmanguinhos/Fiocruz, Hayne Felipe, e o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Jorge Bermudez, com representantes do laboratório americano Pfizer.Foto Edson Silva/Farmanguinhos/Fiocruz

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destaques

Danielle Monteiro - CCSe Priscila Sarmento - Ipec

m dos principais pesquisadoresna área da transmissão e pre-venção do HIV, o professor ame-ricano Myron Cohen ministrou

palestra na Fiocruz, no último dia 11,sobre o uso de antirretrovirais comoestratégia de prevenção do HIV. Antesda conferência, organizada com apoiodo Cris/Fiocruz, o professor se reuniucom pesquisadores da Fundação quefazem estudos sobre Aids para apre-sentar algumas das inciativas em bus-ca da prevenção e cura da doençaconduzidas pela Rede de Estudos de Pre-venção do HIV (HIV Prevention TrialsNetwork – HPTN) dos Institutos Nacio-nais de Saúde (National Institutes ofHealth – NIH) dos Estados Unidos e deoutras instituições do mundo. Copes-quisador principal da rede, Cohen temcomo linha central de pesquisa a trans-missão e prevenção do HIV.

Fundação sedia palestra sobreuso de antirretrovirais como estratégiade prevenção do HIV

Autor de mais de 500 artigossobre o tema, Cohen destacou o papeldesempenhado pela Fiocruz, por meiodo Ipec/Fiocruz, no estudo HPTN 052,no qual o professor atuou como inves-tigador principal. Trata-se de um ensaioclínico que apontou que, quando o so-ropositivo adere a um esquema eficazde terapia antirretroviral, o risco detransmissão para seu parceiro sexualnão infectado pelo HIV pode ser redu-zido em até 96%. “A Fiocruz exerceuum papel crítico e muito importante nosensaios clínicos e participou do projetode diferentes formas, mostrando umgrande potencial na condução de futu-ros estudos. Sem a Fundação o projetonão teria sido possível”, disse. A pes-quisa HPTN 052 foi eleita a maior ino-vação científica do mundo no ano de2011 pela revista americana Science,considerada uma das melhores publi-cações científicas do mundo.

Um dos estudos destacadospelo professor, e que também teve par-

ticipação do Ipec/Fiocruz, foi o iPrEX(sigla para Iniciativa Profilaxia Pré-Ex-posição – PrEP), que testou a eficiên-cia do uso do antirretroviral Truvada,uma combinação de dois medicamen-tos (Emtricitabine e Tenofovir), na re-dução do risco de transmissão do HIV.Também entre as iniciativas aborda-das está o HPTN 068 – que analisouse a ajuda financeira, bem como a fre-quência escolar, podem ser fatores deredução da disseminação de HIV emjovens mulheres na África do Sul – e oHPTN 069, que avalia a segurança etolerância de quatro regimes com an-tirretrovirais na prevenção do HIV emhomens homossexuais.

Outra ação destacada foi o estu-do HPTN 071, que investiga se o acon-selhamento e fornecimento de testes,junto com a oferta imediata de trata-mento antirretroviral, pode ajudar naredução da incidência de HIV no sul daÁfrica; e ainda o HPTN 073, que vaiatestar a iniciação, aceitabilidade, se-

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Durante encontro compesquisadores da Fundação,o professor Myron Cohenapresentou importantesiniciativas da Rede deEstudos de Prevenção do HIVna busca da prevenção e curada Aids. Foto Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz

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gurança e viabilidade da Profilaxia Pré-exposição para homens homossexuaisnegros, em três cidades dos EUA. Já oHPTN 075 consiste na detecção de indi-víduos soropositivos que não estão emtratamento e não têm acesso aos servi-ços de saúde nos EUA. Segundo Cohen,há milhões de pessoas infectadas na-quele país, mas somente 800 mil sabemque são soropositivas. Deste total, 500mil buscam por tratamento e 300 mil setratam da forma correta. “Muitos nãotomam o coquetel ou porque estãomuito estressados com seu trabalho oupor outro motivo, a ponto de não se darconta do problema que têm, já que sesentem saudáveis”, explicou.

Cohen ainda fez um breve his-tórico das tentativas não acertadas fei-tas mundo afora na busca por umavacina contra o HIV. Segundo ele, umadas grandes dificuldades na criação deuma vacina contra a doença é que oorganismo geralmente começa a pro-duzir os anticorpos contra o HIV somen-te de oito a dez anos após receber adose. Ele contou que uma das pesqui-sas internacionais em busca da imuni-zação contra o HIV acompanhou 300mil pessoas no Malaui e na África doSul e conseguiu detectar todos os indi-víduos a partir do dia em que foraminfectados. Destas pessoas, 16 produ-ziram anticorpos neutralizantes já nosprimeiros meses de infecção, ao con-trário do que comumente ocorre. Alémde se conectar ao vírus e alertar ao sis-tema imune que destrua aquele corpoestranho, os anticorpos neutralizantespodem evitar que o vírus complete ainfecção. “A esperança é que a vacinacontra o HIV contenha esses anticorpos.Para isso, precisamos entender comofazer uma vacina que convença as cé-lulas B (tipo de linfócito que constitui osistema imune que tem como principalfunção produzir anticorpos contra antí-genos) a produzir os anticorpos em pou-cas semanas. E mais: precisamosconvencer as células B a continuar afabricar os anticorpos de uma formaconcentrada para que possam preveniro HIV por muitos anos”, disse.

Pesquisadora da Fiocruz e coor-denadora do estudo HPTN 052 no Bra-sil, Beatriz Grinsztejn disse que a visitade Cohen abre caminho para o esta-belecimento de novas parcerias com aRede de Estudos de Prevenção do HIV

no campo de prevenção e tratamentodo HIV. “Cohen é hoje uma das pesso-as mais importantes no mundo na área.Esta é uma grande oportunidade paraa Fiocruz mostrar seu potencial na con-dução de estudos no campo da preven-ção e tratamento da Aids e assim noscolocarmos disponíveis para novos de-safios”, declarou. Ela também falousobre o papel da Fundação no estudoHPTN 052. “A iniciativa nos exigiu umainteração grande com vários centros detestagem anônima. Tivemos que desen-volver uma série de estratégias paraidentificar indivíduos soropositivos quetivessem parceiros HIV negativos e ti-vessem uma alta contagem de CD4(células do sistema imune que protegeindivíduos contra infecções). Para isso,aumentamos a testagem, fizemos en-trevistas no local e tomamos uma sériede outras medidas”, contou.

Pesquisa brasileiraé pioneira

Realizada pelo Grupo HospitalarConceição (GHC), em Porto Alegre, ecoordenada pelo Ipec/Fiocruz, no Rio deJaneiro, a pesquisa brasileira HPTN 052é considerada um ensaio clínico pionei-ro da Rede de Testes para Prevenção deHIV que demonstrou que, se indivíduosHIV positivos aderem a um esquemaeficaz de terapia antirretroviral, o riscoda transmissão do vírus ao parceiro se-xual sem infecção pode ser reduzido ematé 96%. Durante palestra que minis-trou na Fundação, Myron Cohen comen-tou os resultados do estudo e suasatisfação com os resultados: “o estudo052, para mim, tem duas coisas muitoimportantes: a possibilidade de ter achance de falar com os pesquisadores,ter encontrado com os casais da pesqui-sa e perceber que ajudamos, contribuí-mos e, o mais gratificante, ver os bebêsnascendo”. O estudo mostrou que o tra-tamento com antirretrovirais tambémpode diminuir a transmissão do vírus,servindo como um método para a pre-venção da doença. Os antirretroviraissão medicamentos que controlam aação do vírus HIV no organismo. O estu-do 052 foi iniciado em 2005 e envolveu1.763 casais sorodiscordantes, sendo97% heterossexuais, em 13 centros desaúde que fazem parte da Rede de Tes-

tes em três continentes (Ásia, Américase África).

A HPTN é uma rede colaborati-va criada em 2000 e formada por insti-tuições de diversos países quedesenvolve ensaios clínicos focados noestudo da transmissão do vírus HIV/AIDS. Seu objetivo é desenvolver e im-plementar estratégias de prevenção quecontribuam para uma redução signifi-cativa e mensurável da incidência deHIV em populações do mundo inteiro.

Como foi feitaa pesquisa

Para participar do estudo, foram890 homens e 873 mulheres que deve-riam ter de 350 a 550 células de defe-sa por milímetro cúbico. Esse númeroindica a saúde do sistema imunológicodos soropositivos. Já os parceiros, to-dos inicialmente não afetados pelo HIV,fizeram testes para verificar se estavamlivres do vírus 14 dias após aceitaremparticipar da pesquisa. Os investigado-res separaram os casais em dois gru-pos. No primeiro, os portadores do víruscomeçaram a tomar remédios 60 diasdepois do início do estudo. Já no se-gundo, os soropositivos começaram aterapia tardiamente, somente depois dacontagem de células de defesa ficarabaixo de 250 por milímetro cúbico nosangue ou quando uma doença os afe-tava, como no caso da pneumoniapneumocística – doença causada pelomicro-organismo.

Ao todo, foram usados 11 me-dicamentos, em diversas combinações.Do total de casais, apenas 39 parceirosforam infectados. A transmissão entreos membros do casal ficou provada em28 casos. Sete pessoas adquiriram ovírus de outra forma e quatro casos ain-da aguardam análise. No caso das 28transmissões do portador para o parcei-ro inicialmente não infectado, 27 ocor-reram no grupo que começou a receberantirretrovirais tardiamente. Houve ape-nas um caso de contaminação do par-ceiro por um soropositivo que recebeuremédios desde o início do estudo.Durante o estudo, os participantes re-ceberam orientações sobre como seproteger contra doenças venéreas, acon-selhamentos e camisinhas grátis. Hou-ve 23 mortes durante a pesquisa.

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Carolina Landi - Ipec

egundo dados da iniciativa Me-dicamentos para Doenças Negli-genciadas (DNDi, na sigla eminglês), a doença de Chagas,

sozinha, é responsável por cerca de 12mil mortes por ano na região da Améri-ca Latina e representa um custo globalde US$ 7,2 bilhões por ano. O Brasil estáno topo do ranking em perdas de pro-dutividade com um custo de US$ 129milhões para a saúde pública anualmen-te. Foi nesse contexto que representan-tes dos Ministérios da Saúde do Brasil eArgentina, Médicos Sem Fronteiras(MSF), DNDi, pesquisadores da Fiocruze membros do Cris/Fiocruz estiveramreunidos para discutir as lacunas e osdesafios da doença no Brasil e AméricaLatina durante a décima edição do En-contro do Programa Integrado de Doen-ça de Chagas (PIDC). O evento, que foirealizado entre os dias 11 e 13 de junhono Palácio Itaboraí, também teve comointuito lançar bases para o macroproje-to que está sendo preparado pelo gru-po, que inclui pesquisadores de váriasunidades da Fiocruz.

A abertura do encontro contoucom a presença da então vice-presiden-te de Pesquisa e Laboratórios de Refe-rência (VPPLR/Fiocruz), a pesquisadoraClaude Pirmez (que deixou o cargo em12 de junho), do diretor do Ipec/Fiocruz,Alejandro Hasslocher, do diretor do IOC/Fiocruz, Wilson Savino, e o coordenadordo Programa de Desenvolvimento Tec-nológico de Insumos para a Saúde – PD-TIS, Win Degrave. Pirmez falou sobre o

objetivo do encontro, de produzir o ma-croprojeto: “É preciso agregar ideias paramudar o quadro atual da doença de Cha-gas. A Fiocruz tem uma bagagem na áreae é preciso dar um salto qualitativo e pen-sar transdisciplinarmente para dar contadas lacunas da doença atualmente”. Es-tima-se que, atualmente, mais de 10 mi-lhões de pessoas no mundo estejaminfectadas com a doença. Alejandro Has-slocher e Wilson Savino reforçaram oapoio institucional para suas respectivasunidades na participação do Programa.

Avanços e desafiosA abordagem integral da doen-

ça de Chagas deu o tom ao encontronos dias destinados às apresentações ediscussões. Foram apresentados os re-sultados de pesquisas desenvolvidas pelaFundação, como o kit em tempo realpara o diagnóstico molecular e avalia-ção da carga parasitária em pacientesportadores da Doença de Chagas, osdados e as estratégias para a vigilânciaepidemiológica da doença no Pará (noBrasil, cerca de 98% dos casos agudosocorrem nesse estado) e Amazônia.

Entre os desafios atuais, estão asubnotificação de casos e o controle dequalidade dos alimentos que podemtransmitir a doença via contaminação,como o açaí, que é o alimento mais as-sociado na transmissão pela via oral eque possui grande impacto nutricional eeconômicos no Pará e Amapá. “É umproblema principalmente de vigilânciasanitária, que tem sido falha e fraca. Acomercialização do açaí envolve a ge-

Encontro discute lacunas e desafiospara a doença de Chagas na atualidade

ração de renda do local e põe em riscoo emprego de muitas pessoas. Mas avigilância precisa atuar sem interferên-cias e chantagens por parte do capital edos políticos”, afirmou o pesquisador doInstituto Evandro Chagas (IEC/Pará) Se-bastião Aldo da Silva Valente.

O encontro ainda chamou aten-ção para a demora no fechamento dodiagnóstico para a doença de Chagas ea dificuldade de notificação de casos emcidades com pouca estrutura. “O Minis-tério da Saúde só tem notificado os ca-sos agudos. É preciso estabelecer umapolítica para os casos crônicos da doen-ça, e capacitar os profissionais de saúdeque atuam nessa área”, complementoua pesquisadora Vera Valente, do IEC/Pará.

Experiências de iniciativas comoMSF e DNDi também foram apresenta-das. Com quase 93 mil diagnósticos e 7mil tratamentos realizados desde o iníciodo seu projeto em doença de Chagas,em 1999, o MSF, representado pela Dra.Lucia Brum, apontou para a necessidadede melhorias para os testes de diagnósti-co, com provas rápidas de melhor sensi-bilidade e especificidade para uso emcondições de campo, e a formulação demedicamentos menos tóxicos e commaior eficácia na fase crônica.

A DNDi, que trabalha a partir deParcerias para o Desenvolvimento de Pro-dutos, mostrou a Plataforma de PesquisaClínica em Doença de Chagas, que agre-ga investigadores, grupos de especialis-tas em Chagas, instituições de pesquisa,organismos governamentais e não gover-namentais nacionais e internacionais,associações de pacientes e outros parcei-

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O Encontro do Programa Integradode Doença de Chagas discutiu aslacunas e desafios da doença noBrasil e América Latina. FotoGutemberg Brito/IOC/Fiocruz

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ros em uma rede colaborativa. “A ideiaé reforçar as capacidades institucionaisde pesquisa e desenvolver uma massacrítica de expertise”, informou MarianaAli-Saab, coordenadora da Plataforma.

Carta de PetrópolisAo final do evento, os pesquisa-

dores que compõem o Programa formu-laram a Carta de Petrópolis, um conjuntode propostas que visam o fortalecimen-to do grupo e de suas ações entre a Fio-cruz, governo e sociedade civil. “O quevi nessa reunião foi um grupo de pesso-as se unindo para formular uma estraté-gia de ação. Esses cientistas, técnicos esonhadores que estão aqui, diante deuma doença negligenciada, estão pen-sando em como fazer a sociedade usaro seu papel, o seu prestígio e seu co-nhecimento para formular uma deman-da que cheguem realmente às elites queestão administrando esse país”, disse opesquisador emérito da Fiocruz JoãoCarlos Pinto Dias.

Para o coordenador da UnidadeTécnica de Vigilância de Doenças Trans-mitidas por Vetores da Secretaria de Vigi-lância em Saúde/Ministério da Saúde,Renato Vieira Alves, o PIDC representauma iniciativa importante para pensar, deforma sistematizada, a contribuição quea pesquisa pode proporcionar para o ser-viço: “A organização do Programa paraoferecer respostas para o serviço é funda-mental e pode ser um marco para o Pro-grama de Doença de Chagas do Ministérioda Saúde”. O Programa Integrado deDoença de Chagas (PIDC) tem a coorde-nação de Luciana Ribeiro Garzoni, Maria-na Caldas Waghabi, ambas do IOC/Fiocruz, e Roberto Saraiva, do Ipec/Fiocruz.

Sobre o PIDCLançado oficialmente em 2006, o

Programa Integrado de Doença de Cha-gas (PIDC) visa articular a cooperação entrepesquisadores em redes temáticas, visan-do aumentar a eficiência da pesquisa na-cional e fortalecer a captação de recursosfinanceiros para o desenvolvimento depesquisas relevantes para a sociedade. Asredes temáticas do Programa são: Rede1- Medicamentos, terapêutica e ensaiosclínicos; Rede 2- Taxonomia de vetores eecologia de ciclos de transmissão do Trypa-nosoma cruzi; Rede 3- Diagnóstico; Rede4- Fisiopatogenia; Rede 5- Educação; Rede6 – Pesquisa Clínica.

Saiba mais sobre o programaaqui: www.fiocruz.br/pidc

Danielle Monteiro - CCS

lunos da Universidade de Ru-tgers, dos Estados Unidos, visi-taram a Fiocruz, em 28 demaio, para conhecer o trabalho

da Fundação no campo de saúde públi-ca, assim como seus programas de ensi-no e ações na área de cooperaçãointernacional. O encontro é fruto da visi-ta do reitor da instituição Wendell Prichettà Fundação, ocorrida em maio passadopara a análise de possi-bilidades de intercâmbioe programas de EAD.

Segundo a pro-fessora da universidade,Susan Norris, o encon-tro será muito importan-te para a formação dosestudantes, pois vai con-ceder a eles uma visãodo que outro país faz naárea de saúde públicaalém de contribuir paraque adquiram experiên-cias fora dos hospitais.“Nos Estados Unidos,estamos trabalhando para incluir o cam-po da saúde pública na enfermagem,pois percebemos que esse é o caminhoque essa área deve seguir. Essa é umaoportunidade para dar início a essa novaorientação e estimular o desenvolvimen-to da enfermagem em nosso país”, jus-tificou. Norris também elogiou as açõesdesenvolvidas pela Fundação dentro efora do país e disse que o encontro abrepossibilidades para futuros intercâmbiosentre pesquisadores das duas instituições.“Já temos parceria com outras institui-ções brasileiras que prevê o intercâm-bio entre alunos. Estaríamos muitointeressados em estabelecer esse tipode acordo com a Fundação”, afirmou.

Com interesse em conhecer os di-ferentes sistemas nacionais de saúde, ahaitiana Ariel Delane, aluna do quartoano da Escola de Enfermagem da uni-versidade, comentou que ficou impressi-onada com o trabalho da Fundação emdiferentes áreas. Ela destacou que o co-nhecimento sobre as ações da Fundaçãoem outros países e o aprendizado sobresaúde global adquiridos foram os princi-pais ganhos desta visita. “Eu não sabiaque o Brasil tinha um renome internacio-nal no campo da saúde, isso é muito ins-pirador. Esse encontro me fez conhecer

o alcance internacional de um país emdesenvolvimento e também me mostrouque o trabalho de poucas pessoas emoutros países faz muita diferença”, dis-se. “Seria maravilhoso poder participardos programas de ensino da Fiocruz etrabalhar em um projeto em conjunto.Isso me traria maior conhecimento sobrepolíticas públicas no campo de enferma-gem, o que seria fascinante para mim”,acrescentou.

Para Christopher Berg, graduado

em ciências da enfermagem, a visita àFundação vai agregar a sua bagagemcultural um maior conhecimento sobrepolíticas públicas no sistema de saúde,principalmente no que diz respeito aoacesso ao cuidado. “Vi que a Fiocruz tema preocupação de prover o cuidado àsaúde a comunidades carentes além deprestar apoio a sistemas de saúde de pa-íses que precisam de ajuda nisso, comoos africanos e alguns sul-americanos. Es-ses princípios me incentivam a estar maisenvolvido com essas temáticas”, afirmou.

Segundo o assessor do Cris/Fio-cruz, Luiz Eduardo Fonseca, a vinda deestudantes estrangeiros à Fundação podeampliar o papel da instituição no cená-rio internacional em saúde, além de aju-dar a reforçar a comunidade científica.“Ultimamente tem sido cada vez maioro interesse de instituições de ensino es-trangeiras nas suas congêneres brasilei-ras por razões variadas que vão desde apossibilidade de acesso ao financiamentopara o Ciências sem Fronteiras quantoas chances de ampliação da participa-ção brasileira em projetos de pesquisa.A Fiocruz tem se mostrado sensível aisso e recebido todas as instituições in-ternacionais que demonstram interesseem nos conhecer”, finalizou.

Estudantes de universidade norte-americana visitam a Fundação

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Os alunos da Universidade de Rutgers, dos EstadosUnidos, em visita à Fiocruz. Foto CCS/Fiocruz

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Danielle Monteiro - CCS

ministro da Saúde da Alema-nha, Daniel Bahr, esteve em vi-sita à Fiocruz no dia 24 de maiopara debater com gestores das

instituições a renovação de algumasparcerias além de possibilidades dedesenvolvimento de novas coopera-ções. Acompanhado por representan-tes do parlamento federal e do mercadoda saúde alemão, Bahr afirmou que acooperação vai contribuir para o com-bate a doenças infectocontagiosas nosdois países, um problema que, segun-do ele, tem sido vivenciado mais inten-samente por todo o mundo, devido aoprocesso de globalização. “A Fiocruz éuma instituição de renome na Alema-nha e nosso interesse com a Fundaçãoseria o trabalho em conjunto entre pes-quisadores brasileiros e alemães nasmesmas questões. Além disso, gostarí-amos de oferecer bolsas pra pesquisa-dores alemães no Brasil ou vice versa,

facilitando assim o trabalho entre a Fi-ocruz e instituições alemãs”, afirmou.

O presidente da Fiocruz, PauloGadelha, que na ocasião fez uma bre-ve apresentação sobre as atividadesdesenvolvidas pela Fundação e as di-retrizes seguidas pela instituição nocampo de cooperação internacional,sugeriu a ampliação de parcerias noâmbito do programa Ciência Sem Fron-teiras e no setor industrial e de inova-ção, e de assistência farmacêutica.“Uma ideia seria analisarmos juntoscomo essas redes farmacêuticas sãoestabelecidas no Brasil e na Alema-nha para propormos novas ideias esoluções na área”, disse Gadelha.

Bahr também anunciou que acooperação da Sociedade para a Coo-peração Internacional (GIZ, na sigla emalemão) no projeto de combate à Aidsna América Latina e Caribe já foi con-cluído e propôs a extensão dessa par-ceria com a Fundação. “O Brasilexerceu um papel fundamental neste

Ministro da Saúde da Alemanha propõenovas parcerias com a Fundação

projeto e muitos problemas referentesa esta doença foram resolvidos, porém,outros países ainda precisam de apoionisso, e uma cooperação entre nós e aFiocruz poderia ajudá-los nesta ques-tão”, argumentou.

O coordenador do Cris/Fiocruz,Paulo Buss, sugeriu a ampliação dasrelações entre a Fundação e institutosde saúde alemães, por meio da elabo-ração de projetos conjuntos de pesqui-sa e da concessão de bolsas de estudode pós-doutorado a pesquisadores dosdois países. “Falamos muito em formaresse tipo de parceria, mas ainda faze-mos pouco para concretizar isso”, dis-se. Ele também propôs a participaçãoda Alemanha na Rede de InstitutosNacionais de Saúde (RINS), que tem aFiocruz entre seus participantes e en-volve institutos dos países membros daUnasur (União de Nações Sul-America-nas) e da CPLP (Comunidade dos Paí-ses de Língua Portuguesa). “Até omomento, além de países da América

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O encontro com o ministro da Saúde da Alemanha reuniu gestores da Fundação para a identificação de novasparcerias com o país europeu. Foto: Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz

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Latina e da CPLP, só participam da redepaíses americanos. A entrada da Ale-manha nessa rede seria marcante paranós, o ministério da saúde alemão po-deria estar presente já na próxima reu-nião da RINS, isso seria muitoimportante”, sugeriu. Para Bahr, a pos-sibilidade de cooperar na RINS tambémé bem vista pela Alemanha. “Temosmuito interesse em participar dessacooperação sul-sul com financiamentodo Ministério da Cooperação e Desen-volvimento”, afirmou.

Outra possível cooperação suge-rida foi no campo de zoologia (doen-ças transmitidas por animaisdomésticos). “O Brasil é um grande pro-dutor de gado e isso, associado a obrascom desvio de rios entre outras ques-tões, tem tido forte impacto no meioambiente, aumentando as chances desurgimento de doenças transmitidas poranimais. Acho que esse campo deve-ria ser um dos pontos focais de futurascooperações com a Alemanha”, suge-riu a então vice-presidente de Pesqui-sas e Laboratórios de Referência daFiocruz, Claude Pirmez. Além do cam-po de doenças transmissíveis, de acor-do com Bahr, outras áreas querequerem parcerias e são preocupan-tes na Alemanha são os campos de de-senvolvimento de antibióticos e higienehospitalar. Possibilidades de parceriasna área de marcos regulatórios, juntoà Anvisa, para o aprimoramento do se-tor no Brasil, também foram discutidas.

Para Buss, a visita do ministro àFundação revelou oportunidades decooperação que têm grandes chancesde serem materializadas. “O ministromostrou que percebe como é importan-te cooperar com o Brasil, que tem aFiocruz como instituição de enormeexperiência nessas áreas debatidas noencontro. Identificamos nessa reuniãotanto parcerias já existentes quantooutras áreas de cooperação que, emoutros tempos, seriam impensáveis,como o campo de doenças transmissí-veis”, concluiu. Mais adiante, a Fiocruze o Ministério da Saúde alemão vãodefinir quem serão membros de cadapaís responsáveis em dar os próximospassos para a concretização das ideiaspropostas no encontro.

Daniel Bahr é economista e temMBA em Gerenciamento Internacional deHospitais e Cuidados com a Saúde. Atuouno setor financeiro e, em 2002, foi eleitopara o parlamento alemão. Exerce o car-go de Ministro Federal da Saúde da Ale-manha desde maio de 2011.

CooperaçãoFiocruz –Alemanha

Há décadas a Fiocruzdesenvolve ações de coope-ração com a Alemanha. Umadas mais recentes parceriascom o país europeu foi firma-da em 2011, no caso, com oBernhard Nocht Instituto deMedicina Tropical (BNTIM),uma fundação pública - fi-nanciada conjuntamentepelo Governo da RepúblicaFederal da Alemanha, o Go-verno da Cidade Livre e Han-seática de Hamburgo eoutros governos estaduaisalemães - dedicado à inves-tigação, formação e serviçospara o controle de doençastropicais e infecções emer-gentes. O memorando deentendimento prevê a trocade material acadêmico, co-laboração em pesquisa e pu-blicações, organizaçãoconjunta de conferências, se-minários e outros encontrosacadêmicos, desenvolvimen-to de cursos e programas acadêmicose intercâmbio de estudantes e pesqui-sadores pertencentes aos quadros ins-titucionais.

A Fundação também tem coo-peração tripartite com o país europeuem conjunto com o Uruguai com vis-tas ao fortalecimento do Sistema Na-cional Integrado de Saúde do paíssul-americano em localidades com me-nos de 5 mil habitantes. Para alcançaresse objetivo, a parceria é baseada emquatro eixos estratégicos: fortalecer acriação da Escola de Governo em Saú-de uruguaia, aprimorar a formaçãodos integrantes da equipe de vigilân-cia sanitária do país e fortalecer seusserviços de saúde rurais, por meio daformação dos profissionais de saúde edos técnicos de saúde em gestão daatenção básica.

Em abril, uma comissão cientí-fica liderada por representantes do Ser-viço Alemão de IntercâmbioAcadêmico (DAAD, na sigla original)visitou o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) para identificar ao longo dospróximos meses oportunidades de par-cerias no âmbito do programa Ciên-cia Sem Fronteiras. O DAAD é o

Em encontro com gestores daFiocruz, o ministro da Saúde daAlemanha, Daniel Bahr, propôsa ampliação de parcerias coma instituição além de novaslinhas de cooperação. FotoPeter Ilicciev/CCS/Fiocruz

parceiro alemão do programa CiênciaSem Fronteiras e, até 2015, pretendeenviar 10 mil brasileiros à Alemanhacom o auxílio de bolsas de graduação,doutorado e pós-doutorado.

A Fundação ainda tem parceriacom a Alemanha no campo de produ-ção de medicamentos. Por meio detransferência de tecnologia feita pelacompanhia farmacêutica BoehringerIngelheim, o Instituto de Tecnologia emFármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) vaiiniciar a distribuição do dicloridrato depramipexol genérico, medicamentousado no tratamento da doença deParkinson. A iniciativa vai beneficiarcerca de 20 mil pessoas que sofrem coma doença e permitirá uma economiade R$ 90 milhões aos cofres públicosdurante os cinco anos do acordo detransferência tecnológica.

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Marina Lemle – VPAAPS, IsabelaSchincariol – Ensp e Luciene Paes - Ensp

papel dos hospitais de alta com-plexidade no Sistema Nacionalde Saúde e o desafio da cria-ção de dois institutos nacionais

vinculados à Fiocruz - o Instituto Nacio-nal de Saúde da Mulher, da Criança edo Adolescente Fernandes Figueira (IFF)e o Instituto Nacional de InfectologiaEvandro Chagas (Ipec) - estiveram emdiscussão no 1º Colóquio Franco-Brasi-leiro de Política Hospitalar: o desafioda gestão dos centros hospitalares dealta complexidade, que ocorreu de 15a 17 de maio no Hotel Everest, no Riode Janeiro. O colóquio é fruto de coo-peração técnica entre a Ensp/Fiocruz ea Escola de Altos Estudos em SaúdePública da França (EHESP) – parceriaapoiada pelo Cris/Fiocruz - e teve apoioda Vice-Presidência de Ambiente,Atenção e Promoção da Saúde (VPA-APS/Fiocruz). O encontro teve o objeti-vo de propiciar a troca de experiênciasentre profissionais brasileiros e france-

processos, mas também num sentidomais amplo e pleno, dialogando com oscontextos em que os hospitais estão in-seridos”, disse.

Gadelha observou que os desafi-os do SUS ainda se apresentam devidoà sua grande abrangência - o Brasil é oúnico país do mundo com mais de 100milhões de habitantes que se propõe adar cobertura universal de saúde. O pre-sidente acrescentou que a Fiocruz estáconstruindo uma rede de atenção quereúne hospitais e institutos para estimu-lar a troca de experiências técnicas degestão, a análise dos perfis epidemioló-gicos e a reflexão sobre como os hospi-tais e institutos da Fundação se inseremno contexto maior do SUS.

Entusiasta da cooperação entreBrasil e França, o vice-presidente daVPAAPS/Fiocruz, Valcler Rangel Fernan-des, mediou a mesa sobre as políticashospitalares atuais nos dois países. Eleapontou os desafios brasileiros de es-cala e escopo na inserção dos hospitaisnum sistema de saúde com singulari-dades pelo seu tamanho, o quadro epi-

Brasil e França discutem gestãohospitalar de alta complexidade

Oses em políticas e gestão da atençãohospitalar. Também estiveram na pau-ta do evento novas tendências em ges-tão da atenção hospitalar, arranjosorganizacionais, sistemas de governan-ça e o funcionamento de redes inte-gradas nos sistemas de saúde.

Presente à mesa de abertura, opresidente da Fiocruz, Paulo Gadelha,lembrou que os laços de cooperação doMinistério da Saúde com a França sãoantigos e estão sendo fortalecidos pelacooperação com a Fiocruz. Gadelhaabordou as mudanças no IFF e no Ipec,que surgiram com foco na atenção àsaúde nas suas respectivas áreas, incor-poraram a pesquisa acadêmica e o en-sino de pós-graduação e, agora,transformam-se em institutos nacionais.“Estamos buscando definir com maiorclareza a missão dos institutos nacionais,levando em conta os componentes cen-trais da atenção, mas incorporando tam-bém as dimensões de pesquisa e ensinoe da formulação de políticas de estadode atenção à saúde. Precisamos pensara gestão não só nas tecnicalidades dos

O diretor de ensino da EHESP, Phillip Marin.Foto Virginia Damas/Ensp/Fiocruz

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demiológico com diversas doenças,como as cardiovasculares, o câncer etraumas por violência, e a necessidadede atenção especializada. Além disso,Rangel destacou que a população estácada vez mais exigente em relação àqualidade dos serviços.

”A população necessita e exigequalidade, segurança e relações pes-soais cultivadas no momento do cuida-do da atenção à saúde. Essa é umaquestão fundamental para dirigenteshospitalares”, disse. Rangel acrescen-tou que profissionais de saúde tambémtêm um grau de exigência e engaja-mento e colocam questões para a ges-tão, como as de logística e de modelosde financiamento. Ele citou ainda odesafio do conhecimento, no qual épreciso encontrar soluções com criati-vidade e inovação.

Sobre os institutos nacionais daFiocruz, cujo processo de implantaçãoestá sob responsabilidade da VPAAPS,Rangel disse ser necessário discutirquais características diferenciadas de-vem ter em relação aos institutos quejá existem e como formar pessoas efazer pesquisas para atender a essasnecessidades. “Estamos construindonovos hospitais que já existem, elesestão em metamorfose. Nosso entusi-asmo é gerado por esses desafios. Se-rão três dias de troca, e este é apenaso primeiro colóquio”, concluiu.

A diretora do Departamento deAtenção Especializada da Secretaria deAtenção à Saúde do Ministério da Saú-de (DAE/SAS/MS), Maria do Carmo,apresentou a situação hospitalar no Bra-sil: são, ao todo, 7.219 hospitais, sen-do 4.266 (59%) privados e 2.953 (41%)públicos. A maioria dos hospitais públi-cos é municipal (76%).

Segundo o levantamento doMS, 97% dos leitos públicos estão vin-culados ao SUS e 70% dos leitos doshospitais privados. Do total de 417 milleitos, 350 mil são vinculados ao SUS(85%). A maioria dos hospitais (58%)possui menos de 50 leitos, e a maiorconcentração deles está no Nordeste.A maioria dos hospitais de pequenoporte (menos de 30 leitos) é públicomunicipal (91,7%). A maior parte doshospitais de grande porte (acima de500 leitos) está na região Sudeste(48,9%). A maioria dos leitos de UTIestá localizada em hospitais acima de100 leitos (88,8%) e em hospitais pú-blicos estaduais (61,3%).

Maria do Carmo disse que aatenção à saúde hoje no país segue um

modelo médico-hegemônico, centradoem procedimentos, voltado para aten-ção aos quadros agudos, organizado pordemanda espontânea, é fragmentadoe desarticulado. O novo modelo para aatenção hospitalar, de acordo comMaria do Carmo, deve buscar humani-zação, qualidade, eficiência e atuaçãoem rede. “A atenção básica e de altacomplexidade devem ser complemen-tares na integralidade do cuidado, den-tro do mosaico epidemiológico queexiste no país”, afirmou.

Redes de atenção:Brasil devereestruturar gestão

Entre os principais temas deba-tidos no segundo dia do encontro, des-tacaram-se a reforma hospitalar noBrasil; a evolução desse sistema naFrança; a organização das redes deatenção e a assistência hospitalar dealta complexidade; a estratégia de con-tratualização na política hospitalar bra-sileira; e os novos arranjos para aorganização interna dos hospitais. Parao pesquisador da Ensp/Fiocruz, VictorGrabois, que esteve presente nos de-bates, é urgente pensar na governan-ça em rede e na tentativa de superar ogrande nível de fragmentação dos sis-temas de saúde brasileiros.

Phillip Marin, diretor de ensinoda Ecole des Hautes Etudes en SantéPublique (EHESP), da França, apontouque, após muitas transformações e odesenvolvimento de algumas leis, oshospitais franceses passaram a ser ope-radores complementares da rede deatenção. Assim, tornaram-se um doselos que trabalha e colabora com osoutros equipamentos de saúde. A rela-tora-geral do Pacto de Confiança eAssistência Social, Claire Scotton, fa-lou sobre a reestruturação das relaçõesleais entre Estado, hospitais e gestores.Segundo ela, esse pacto também temfoco no estabelecimento da confiançaentre os profissionais de saúde.

Sobre as tendências na organi-zação e no funcionamento da atençãohospitalar, Claire comentou que fusõese reagrupamentos não podem ser vistoscomo mágica ou milagre para a gestão.Devem ser realizados com bastante cons-ciência, pois as características e distân-cias geográficas podem ser fatoreslimitantes da reestruturação. No quetange à cooperação e ao reagrupamen-to hospitalar, o diretor de gabinete da

Federação Hospitalar Francesa (FHF),Cedric Arcos, disse que toda contribui-ção visa à melhoria da qualidade docuidado medido. Para tanto, a FHF as-sume o papel de protagonista, com oobjetivo de ser uma força que articula osistema nacional de saúde e as açõesentre operadores nacionais de saúde.

Para o pesquisador da ENSP Vic-tor Grabois, integrante dessa mesa dediscussão, é preciso pensar se haveriaalgum futuro para os hospitais fora dalógica de rede. “Ainda que tenhamosde melhorar as políticas, é necessárioanalisar como elas se relacionam comoutras políticas públicas existentes.Hoje, temos um sistema de saúde bas-tante fragmentado e com baixa resolu-tividade na atenção primária, ainda quetenhamos implementado uma série deestratégias para suprir esse gap. Por-tanto, as definições de escopo e perfildevem ser desenvolvidas e tomadascoletivamente, envolvendo não apenasos hospitais, mas todos os outros equi-pamentos nos demais níveis de com-plexidade”, disse ele.

“Muito se avançou com o passardos anos. Porém, ainda não temos umapolítica que direcione a atenção hospi-talar”, disse Ana Paula Silva Cavalcan-te, coordenadora-geral de AtençãoHospitalar, do Ministério da Saúde, nodebate sobre a contratualização na po-lítica hospitalar brasileira. Segundo ela,o Brasil possui, ao todo, 4.266 hospitaisprivados e 2.953 públicos, dos quaisquase 80% são municipais. Apenas0,8% dos hospitais brasileiros, revelouela, são de grande porte, ou seja, pos-suem mais de 500 leitos, e o número deunidades acreditadas é insignificante.

A pesquisadora da Ensp/Fiocruz,Sheila Lemos, explicou que o objetivoda utilização dos arranjos contratuaisna saúde visa possibilitar um melhordesempenho desses prestadores e in-crementar a prestação das contas so-bre os resultados para usuários,financiadores e governo. Para ela, existeum incentivo inadequado para tais pres-tadores, e o grande questionamentoestá relacionado à estruturação de umsistema de incentivos para induzir oprestador a agir de acordo com o dese-jado pelo contratante. A pedido do Mi-nistério da Saúde, desenvolveu-se umapesquisa para avaliar o processo de im-plementação da contratualização doshospitais de ensino e filantrópicos, daqual Sheila Lemos participa.

As considerações finais da pes-quisa indicam a necessidade de revi-

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são do processo, a elaboração e moni-toramento dos contratos, que contem-plem outras dimensões com maior focopara a qualidade assistencial, ensino epesquisa; a revisão da metodologia deestimativa do financiamento; práticase mecanismos de monitoramento incre-mentados com a incorporação de visi-tas regulares nos hospitais; estruturaçãode sistemas de informação, entre ou-tros. “Não há, ainda, o monitoramen-to contínuo do conjunto de experiênciascontratuais em cursos no Brasil. Esse éum processo complexo, e o conheci-mento de riscos e benefícios ainda estásendo acumulado”, finalizou.

Encerrando o segundo dia doevento franco-brasileiro, a quarta mesade discussão abordou os novos arranjospara a organização interna dos hospi-tais. A professora Laetitia Laude, do Ins-tituto de Gestão da EHESP, comentouque a organização em polos é um rea-grupamento de unidades. Segundo ela,quanto mais os médicos estiverem en-volvidos na reforma dos hospitais, nessemodelo de organização, melhor será asua administração, pois eles são os pro-fissionais mais preparados para inovarno percurso do cuidado por estarem di-retamente envolvidos no processo.

Sobre a organização do hospitalem linhas de cuidado, o professor daUniversidade Federal Fluminense (UFF)Túlio Franco afirmou que o cuidado seproduz por meio do trabalho multipro-fissional, em que a ação de cada umse combina e é parte do processo tera-pêutico como um todo. “Os profissio-nais já exercem suas funçõesdividindo-as em linhas, isto é, impera-tivo ao trabalho do ser humano. A or-ganização dos hospitais nesse modeloé apenas uma forma de institucionali-zar o que é empírico”, concluiu.

Mudançasorganizacionais emcentros hospitalares

No último dia do colóquio ocor-reram três mesas de apresentação edebate. Em pauta, temas como mudan-ças organizacionais em centros hospi-talares de alta complexidade; comodeve ser um hospital do futuro; e a cons-trução de hospitais eficientes.

A primeira mesa teve como temaOs processos de mudança organizacionalem centros hospitalares de alta comple-xidade. O ortopedista do Instituto de Trau-

matologia e Ortopedia (Into/Ministério daSaúde), Tito Henrique de Noronha Ro-cha, apresentou a experiência desse hos-pital, que tinha 20.860 pessoas à esperade uma cirurgia em 2005. A nova sede,inaugurada em 2011, tem aproximada-mente 70 mil metros quadrados de área,e a anterior contava apenas com 14 mil.Houve acréscimo de mais de 177 leitos,além do aumento de salas cirúrgicas econsultórios. Tito destacou que a transfe-rência de pacientes, inclusive de Unida-de de Terapia Intensiva, foi realizada semnenhuma intercorrência, além do iníciodas atividades na nova sede ocorreremsem eventos adversos. Acreditado inter-nacionalmente pela JCI/Consórcio Brasi-leiro de Acreditação (CBA) e integranteda Rede Sentinela e da Rede de Hospi-tais Sustentáveis, o Into inaugurou, aolongo de 2011, ambulatório, reabilitaçãoe centro cirúrgico.

A experiência do Centro Hospi-talar Universitário (CHU) da Ilha de Nan-tes, França, foi apresentada porChristiane Coudrier e Gilles Potel, am-bos do CHU. Composto de sete hospi-tais, localizados em Nantes e arredores,o centro hospitalar era caracterizado poruma dispersão geográfica das ativida-des como hospital, escola e laboratóriosde pesquisa, e três grandes hospitais sa-turados, além de forte concorrência pri-vada. “O CHU dificilmente podiadesenvolver atividades atraentes e bempagas. Seus edifícios são obsoletos, demanutenção cara, porque foram proje-tados como hospitais no período de 1960a 1980”, disse Christiane.

O novo Plano Diretor que previua reestruturação do espaço teve comoobjetivos acompanhar um projeto mé-dico inovador com a consolidação dos

serviços em cinco unidades de saúdeclínica; promover ligações entre o gru-po de atendimento e cuidado ao paci-ente, ensino e pesquisa; procurar umlocal coerente com a intensidade dasrelações entre os polos de emergência,já que são 100 mil entradas de emer-gência anuais; usar plataformas técni-cas; atentar para o fluxo de pacientesespecializados com atendimento progra-mático e marcado; reforçar a atraçãopara o CHU em termos ambulatorial;ofertar serviços urbanos como hotéis,entre outros. Segundo Christiane, foramdez anos de estudo de cenários e viabi-lidade de investimento, custo e questõesoperacionais, e dois anos para valida-ção do projeto, atividades, localização,dimensão e custo.

A mesa também teve a presen-ça do professor da Universidade de Cam-pinas, Gastão Wagner, que falou sobreos desafios da mudança nos hospitaispúblicos brasileiros. Para ele, a base damudança está no sujeito. “O hospitalpúblico não é negócio, sua gestão é maiscomplicada e precisa ser pensada emrede, aliada à política nacional do Siste-ma Único de Saúde”, completou.

A segunda mesa - a profissiona-lização da gestão e a formação dos diri-gentes como estratégia fundamental noprocesso de mudança organizacional -trouxe o diretor-geral da Federação In-ternacional de Hospitais (FIH), Eric Ro-ondenbeke. Segundo ele, os objetivosda FIH são profissionalizar a gestão dosserviços de saúde; aumentar as compe-tências de gestão e de direção dos ser-viços de saúde e apoiar os quadrosexistentes e tentar melhorá-los; desen-volver um quadro internacional de iden-tificação das competências universais de

A pesquisadora da Ensp, Creuza da Silva Azevedo, falou sobre a formaçãodos dirigentes hospitalares do SUS. Foto Virginia Damas/Ensp/Fiocruz

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gestão e liderança; utilizar esse quadropara reforçar a formação, emprego epromoção dos gestores que trabalhamna área da saúde; incentivar os formu-ladores de políticas de saúde para de-senvolver uma verdadeira carreira nagestão da saúde; e promover o papeldas associações de gestores de saúde.

A formação dos dirigentes hos-pitalares do SUS foi a questão debati-da pelos pesquisadores da Ensp/Fiocruz,Creuza da Silva Azevedo e WalterMendes. De acordo com a pesquisa-dora, não há desenvolvimento demo-crático sem administração profissional.Para obtenção de uma massa crítica dedirigentes, é preciso, segundo ela, ado-tar programas de desenvolvimento di-retivo combinando recrutamento,remuneração, carreira e formação. Eladisse que a função diretiva é um lugarde interface entre gestão do espaçopolítico, gestão estratégica e gestãooperacional.

Ela citou a experiência exitosada Ensp/Fiocruz, que oferece formaçãopara gestores. São cursos de aperfei-çoamento em Gestão em Saúde a dis-tância; aperfeiçoamento em GestãoHospitalar; especialização em GestãoHospitalar; e pós-graduação em SaúdeColetiva – mestrado e doutorado. Con-forme informou Walter, o SUS abarca5.183 hospitais e 139 deles são unida-des com mais de 300 leitos: “O desafioatual é definir um modelo hospitalarpúblico brasileiro”.

Roland Ollivier, da EHESP daFrança, expôs dados sobre uma pesqui-sa realizada em 2011 com líderes egestores de hospitais. Segundo ele, ashabilidades para formação desses pro-fissionais devem considerar a amplitu-de da mudança da área geográfica dohospital, os ciclos de transformação nasorganizações cada vez mais curtos, aeficiência da investigação em curso eo aumento da responsabilidade social.Ele citou três grandes competências aserem desenvolvidas: gerenciar e con-trolar a conduta de mudança, garantira mobilização dos atores e organizar acooperação entre os atores. Outra per-cepção importante da pesquisa é que75% dos entrevistados consideraramcomo atitudes e valores primordiais dosdirigentes de hospitais a capacidade delidar com a equipe.

O diretor de Ensino da EHESP,Phillipe Marin, descreveu os princípiosda Escola, cujo recrutamento se dá porconcurso com quatro provas escritas etrês provas orais. A formação desses pro-

fissionais tem três dimensões na forma-ção: cultural, humana e profissional. Sãotrês métodos de implantação de forma-ção: dimensão acadêmica e profissio-nal, aprendizagem e desenvolvimentoda lógica de habilidades gerenciais indi-viduais, e papel de tutoria e treinamen-to. A perspectiva é fortalecer a formaçãoconjunta com outras partes interessadasnas decisões em instituições entre presi-dentes de polos líderes, diretores e ge-rentes seniores de atendimento.

O Hospitaldo Futuro

A última mesa do evento, inti-tulada O Hospital do Futuro, iniciou como diretor-geral da Federação Internacio-nal de Hospitais, Eric de Roodenbeke,que, dessa vez, falou sobre a constru-ção de hospitais eficientes. Ele apre-sentou 12 fatores-chave a respeito dasituação de saúde dos países que pes-quisou. São eles: aumento do envelhe-cimento da população, melhorias decondições de vida e de habitação, fu-turo aumento do número de migrantesde diferentes culturas, hospitais maisabertos à vida social da cidade, preo-cupações ambientais e aumento doscustos dos serviços de utilidade públi-ca, mudanças de tecnologia da infor-mação remodelando as organizaçõesde saúde, medidas de segurança dopaciente, entre outros.

O projeto arquitetônico do Com-

plexo dos Institutos Nacionais de Saúdeda Mulher, da Criança e do Adolescen-te e de Infectologia (CIN) da Fiocruz foiexposto pelo assessor da presidência ecoordenador técnico do projeto. Leonar-do Lacerda explicou que essa ideia sur-giu da necessidade de adequar aestrutura dos institutos, não havendocondições de manter onde estavamcada uma das unidades. Serão ocupa-dos 38 mil metros quadrados da área(35% do terreno), localizado em SãoCristóvão, RJ. “O projeto arquitetônicovai adaptar-se à topografia do lugar”,esclareceu. Além disso, várias interven-ções urbanas vão ocorrer na região porcausa dos eventos das Olimpíadas eCopas das Confederações e do Mundo.Estão previstas estratégias de eficiênciaenergética e sustentabilidade. O prédiocontemplará áreas de assistência, pes-quisa, ensino, gestão, alojamento, cre-che, almoxarifado, estacionamento ecentral de utilidades. O custo do projetoestá previsto para cerca de R$140 mi-lhões. As obras devem ser iniciadas emmeados de 2014.

Ao fim do evento, formou-seuma mesa de perspectivas de coope-ração 2013-2014 com representantesdo Ministério da Saúde do Brasil, Ensp/Fiocruz, instituições francesas e Embai-xada e Consulado da França no Brasil.De acordo com a declaração de inten-ções entre Ministérios da França e doBrasil, será assinado um acordo pre-vendo vários temas de cooperação naárea de saúde.

Membros da Ensp e da EHESP, que participaram do 1º Colóquio Franco-Brasileiro de Política Hospitalar. Foto Virginia Damas/Ensp/Fiocruz

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Danielle Monteiro - CCS

om o intuito de discutir possí-veis ações para o combate à tu-berculose, a Fiocruz promoveu,nos dias 13 e 14 de maio, um

encontro entre a Secretaria de Ciên-cia, Tecnologia e Insumos Estratégicos(SCTIE) do Ministério da Saúde, a dire-ção da Aliança Global de Desenvolvi-mento de Drogas para Tuberculose –Aliança TB (Global Alliance for TB DrugDevelopment – TB Alliance, em inglês)e pesquisadores de várias instituiçõesbrasileiras que atuam em ensaios clíni-cos de novas drogas e regimes terapêu-ticos contra a doença. A TB Alliance,que tem como presidente de seu Con-selho de Diretores o diretor do CDTS/

Fiocruz, Carlos Morel, é uma organi-zação internacional sem fins lucrativosque busca curas mais eficientes, rápi-das e acessíveis para a doença.

Na abertura do encontro, o pre-sidente e diretor executivo da TB Alli-ance, Melvin Spigelman, fez umaapresentação sobre a história e açõesda organização e traçou um panora-ma da tuberculose. Os dados apresen-tados sobre a incidência da doença nomundo são preocupantes: dois bilhõesde pessoas estão infectadas pela tu-berculose multirresistente, são registra-dos nove milhões de casos detuberculose ativa por ano, 1,5 milhãomorrem por conta da doença anual-mente, 12 milhões apresentam co-in-fecção HIV-tuberculose, e a

TB Alliance e Fiocruz promovemdiálogo em busca de novassoluções no combate à tuberculose

enfermidade é a doença infecciosa quemais mata soropositivos e mulheres emidade fértil.

A baixa eficácia, a longa dura-ção e a interação com medicamentospara HIV em pacientes co-infectados,contou Spigelman, agravam esse qua-dro: “O tratamento para tuberculosesensível inclui quatro comprimidos edura 26 meses, para tuberculose resis-tente há poucos medicamentos efica-zes, alguns são injetáveis e apresentamalta toxicidade, e para as crianças sãogeralmente usadas fórmulas inapropri-adas”. Foi essa realidade que, segun-do ele, motivou a criação da TBAlliance. A organização tem como prin-cipal missão encontrar e desenvolvernovos e mais eficazes medicamentos

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O vice- presidente de desenvolvimento e pesquisa da TB Alliance, Carl Mendel, apresentou as principais iniciativas daorganização no combate à tuberculose e chamou atenção para o que, segundo ele, é o principal desafio na luta contraa doença: a falta de incentivo comercial. Foto Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz

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para a tuberculose, além de garantirque novos tratamentos sejam adotados,tenham amplo acesso e cheguem aomercado com preços acessíveis. “Per-cebemos que são necessárias novasdrogas para todos os tipos de casos dadoença”, justificou.

Spigelman revelou que a orga-nização tem desenvolvido novos trata-mentos mais eficazes e de menorduração (de dois a quatro meses). Otratamento para a doença disponível nomercado dura de 6 a 30 meses e a di-ficuldade de aderência dos pacientesao complexo regime de medicamen-tos tem provocado o desenvolvimentode cepas cada vez mais resistentes emortais. “Nosso objetivo é conseguirdesenvolver um regime de tratamentoque inclua o menor número de compri-midos possível e leve somente de setea dez dias. Para obtermos sucesso, sãonecessárias novas e variadas combina-ções de medicamentos”, disse.

Novos e melhorestratamentosem vista

Para alcançar seu objetivo, a TBAlliance realiza uma série de experimen-tos com uma gama diversificada de subs-tâncias que, transformadas em um únicocomponente, podem dar origem a no-vos e potenciais regimes de medicamen-tos. “Acreditamos que os medicamentosque desenvolvemos são mais eficientese rápidos que os atuais. Até agora con-seguimos atingir a duração de tratamen-to de seis semanas em animais e vamoscomeçar a testar esse experimento emhumanos para ver se a duração é a mes-ma, o que deve acontecer no ano quevem, dependendo de quanto tempo oprocesso regulatório levar”, adiantou ovice- presidente de desenvolvimento epesquisa da organização, Carl Mendel.Ele acredita que a não aderência ao tra-tamento deve ser atribuída aos própriosmedicamentos. “Em alguns locais, ospacientes são culpados por provocar aresistência à doença, pois alguns nãoaderem ao tratamento ou não seguemas orientações médicas. Mas esse pro-blema não deve ser atribuído a eles, massim aos medicamentos, que ainda nãosão bons o suficiente”, defendeu.

O primeiro teste de regime demedicamentos conduzido pela organi-zação, denominado NC-001, mostrouque o regime experimental com PaMZ -que inclui os compostos PA-824 moxilo-

xacin e pyrazinamide - mata mais bac-térias do que o atual tratamento paratuberculose durante as primeiras duassemanas de uso. Os resultados forampublicados na revista The Lancet em2012. A descoberta pode vir a tratar in-clusive os infectados com tuberculosemultirresistente, eliminar a necessidadede uso de drogas injetáveis e, com isso,reduzir em 90% o custo do tratamentopara esse tipo de pacientes. Mendelcontou que, nos experimentos com com-binações de drogas indicadas para o tra-tamento de pacientes infectados pelatuberculose causada pela mycobacte-rium tuberculosis, somente pacientessensíveis às drogas participam dos tes-tes clínicos. “Os pacientes devem sertratados com base em sua sensibilida-de, e não em sua resistência”, disse.

No dia mundial de combate àtuberculose, no ano passado, a TB Alli-ance deu início ao experimento comoutro regime de medicamentos, deno-minado NC-002, a fim de testar o PaMZpor dois meses em pacientes com tu-berculose e tuberculose multirresisten-te. O experimento, o primeiro a testar acapacidade de um único regime paratratar ambos os casos, tem atualmentea participação de pacientes de váriasregiões. Os resultados, se promissores,vão levar à fase III do estudo, que en-volve ensaios de registro do regime comPaMZ. No mesmo ano a organizaçãotambém iniciou experimentos com umaterceira combinação de medicamentosque envolve quatro regimes de segun-da geração com o potencial de reduzirpara duas semanas o tratamento paratuberculose e sua forma resistente. “Esseano também começamos a traçar pla-

nos para garantir que regimes de medi-camentos novos e já existentes cheguema crianças com tuberculose o mais rápi-do possível”, adiantou Mendel.

Para ele, o grande desafio na lutacontra a doença é a falta de incentivocomercial. “A maioria dos medicamen-tos testados falham ou porque não fun-cionam ou por questões de segurança.O grande problema é que não há dro-gas suficientes, porque não há empre-sas suficientes para fabricá-las, devido àinsuficiência de incentivos comerciais”,explicou. Segundo Mendel, o impactode estudos como esses será enorme parao Brasil e outros países em desenvolvi-mento, regiões que de fato são acome-tidas pela doença. “Esperamos que, como desenvolvimento de um regime maiseficaz, mais fácil e menos caro, tenha-mos como resultado a erradicação datuberculose e a ausência de resistênciaaos medicamentos”, finalizou.

Ao final do encontro, que tambémcontou com apresentação das atividadesdesenvolvidas no campo da tuberculosepor cada uma das instituições participan-tes, foi recomendado o estabelecimentode uma parceria formal entre a SCTIE ea TB Alliance, com o apoio do CDTS/Fiocruz e o Instituto Nacional de Ciên-cia e Tecnologia de Inovação em Do-enças Negligenciadas (INCT-IDN). “Aideia é constituir um plano estratégicocom ações prioritárias para o fortaleci-mento da capacidade nacional nestesensaios clínicos com vistas ao desen-volvimento dos novos fármacos e regi-mes terapêuticos tão necessários à lutacontra esta enfermidade ainda tão pre-valente em nosso país”, afirmou o di-retor do CDTS/Fiocruz, Carlos Morel.

O CDTS/Fiocruz vai apoiar a parceria entre a TB Alliance e a Secretaria deCiência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. O acordo terá como foco odesenvolvimento de novos fármacos e regimes terapêuticos contra atuberculose. Foto Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz

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Danielle Monteiro - CCS

presidente da universidade fran-cesa Pierre et Marie Curie(UPMC), Jean Chambaz, , sereuniu em 10 de maio com ges-

tores e pesquisadores da Fiocruz para dis-cutir a elaboração dos cursos depós-graduação em bioterapia e de ma-temática aplicada à biologia que as duasinstituições pretendem desenvolver emconjunto ainda esse ano. Segundo Cham-baz, a elaboração dos cursos de pós-gra-duação nessas áreas será muito benéficatanto para o Brasil quanto para a Fran-ça. “A biologia está mudando rapida-mente. Estamos coletando dados novosnesta área e agora precisamos urgente-mente da contribuição de matemáticose de pessoas da ciência da computaçãopara interpretá-los para que, com isso,possamos construir a biologia do futuro.Isso é muito desafiador para ambos ospaíses”, argumentou.

Para o diretor do IOC/Fiocruz ecoordenador do Laboratório Internacio-nal Associado (LIA) Fiocruz/UPMC/In-serm, Wilson Savino, a elaboração doscursos de pós-graduação em comum,principalmente na área de terapia ce-lular, vai permitir um esforço conjuntoem uma área científica contemporâneae muito importante para a medicinainvestigativa e medicina clínica do fu-turo. Ele destacou que estudos no cam-po de terapia celular são atualmenteuma das prioridades do Ministério daSaúde e também da Fundação, que selança cada vez mais para temas rele-vantes de medicina investigativa. “Aterapia celular está sendo cada vezmais usada como alternativa a deter-minadas doenças neurodegenerativas,sejam elas crônicas ou agudas, e tam-bém doenças do músculo cardíaco,como enfarte, ou degenerativas domúsculo, como as distrofias muscula-res. Daí a importância da formação ede estudos nesse campo”, justificou.

O presidente da Fiocruz, PauloGadelha, lembrou da forte tradição decooperação entre as duas instituições, aqual já rendeu diversos frutos, entre eles,o Laboratório Internacional Associado de

Imunoterapia e TerapiaCelular, criado em 2011em parceria com o princi-pal centro francês de pes-quisa biomédica, o InstitutoNacional Científico e dePesquisa Médica (Inserm,na sigla em francês). Tra-ta-se de um laboratório“sem paredes” que coma união das experiênciasbrasileira e francesa reali-za projetos científicos co-muns em imunologia,biologia de músculo esque-lético e distrofias muscu-lares. “Estamos ampliandonossa parceria agora pormeio de um componentemuito importante na áreade ensino, a pós-gradua-ção, a qual tem um potencial enormeque vai além da própria formação, dan-do estímulo à pesquisa e à renovaçãode liderança”, disse.

A previsão é de que a pós-gradu-ação em bioterapia celular seja iniciadaem setembro desse ano e o mestrado debiomatemática em 2014. “A ideia é quea parceria envolva instituições de finan-ciamento, como a Capes, além de ou-tros renomados institutos do Rio deJaneiro, ainda a definir”, adiantou o as-sessor do Cris/Fiocruz, Vincent Brignol. Pes-quisadores das duas instituições vão seencontrar mais adiante para definir osdetalhes e pontos focais dos dois cursos.

CooperaçãoFiocruz – UPMC

Parceiras há oito anos, a Fiocruze a UPMC tem procurado cada vez maisestreitar suas relações de cooperação.Durante visita do presidente da univer-sidade francesa em dezembro do anopassado, as duas instituições acordaramem, juntamente com o Inserm, renovaro convênio do Laboratório InternacionalAssociado (LIA) de Imunoterapia e Te-rapia Celular para os próximos quatroanos. A renovação do projeto vai per-mitir a realização de novos estudos so-

bre a distrofia muscular de Duchenneque visam à melhoria da qualidade devida das pessoas que sofrem com o mal.A doença provoca degeneração muscu-lar e afeta somente meninos. O diretordo IOC/Fiocruz e coordenador da inicia-tiva no Brasil, Wilson Savino, conta que,em 2014, será iniciado um ensaio clíni-co da doença com o uso de um inibidorda molécula VLA4, visando à inibiçãoda inflamação muscular que acelera oagravamento da enfermidade.

A Fiocruz e a UPMC tambémpretendem atuar em conjunto na áreade neurociências. Para isso, foi feito nocomeço desse ano um levantamentode interesses específicos com pesqui-sadores da Fundação no campo. Osresultados foram apresentados em ju-nho na França. Será realizada, no se-gundo semestre desse ano, uma oficinacom pesquisadores franceses na Fun-dação para a elaboração de um planode trabalho para uma cooperação ci-entífica no campo.

Universidade Pierre et Marie Curie e Fiocruzvão elaborar cursos de pós-graduação parapesquisadores brasileiros e franceses

Uma das universidades maisantigas da França, a UPMCpretender estreitar relaçõescom Fundação, por meio daelaboração conjunta de novoscursos de pós-graduação eparcerias no campo deneurociências. Foto UPMC

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Danielle Monteiro - CCS

epresentantes do ICC/FiocruzParaná e da Universidade deGlasgow, da Escócia, selaramum acordo com vistas ao inter-

câmbio de informações, pesquisadorese estudantes de pós-graduação; elabo-ração de projetos de pesquisa; e organi-zação de simpósios e seminários na áreade parasitologia molecular e outros cam-pos de interesse mútuo. A parceria, fir-mada em 9 de maio, foi motivada pelaatuação de pesquisadores da Fundaçãona área de parasitologia molecular dauniversidade nos últimos meses.

“A universidade é um centro deexcelência, que tem uma infraestruturamuito boa para o trabalho neste campo,e a Fundação tem várias equipes que tra-balham nessa área. Eles são muito bonsno que diz respeito ao desenvolvimentode ferramentas genéticas para o traba-lho com parasitas”, justificou o diretor doICC/Fiocruz Paraná, Samuel Goldenberg.Segundo ele, a parceria será de grandevalia para o Brasil, já que o país é aco-metido por várias doenças provocadas porparasitas, como mal de Chagas, malári-as e outras doenças negligenciadas. “Pormeio do conhecimento de processos bio-lógicos básicos, poderemos identificarnovos alvos terapêuticos, como medica-mentos e vacinas, para o combate a es-tas enfermidades no país”, explicou.

Segundo o professor do InstitutoWellcome Trust do Departamento de Pa-rasitologia Molecular e Doenças Negli-genciadas da Universidade de Glasgow,Jeremy Montram, a proposta é estabe-lecer uma cooperação em diversas áre-as da parasitologia molecular. “Nossaintenção é cooperar nos campos de in-fecção e imunologia, virologia molecu-lar e clínica e bacteriologia. Além disso,dispomos de certos tipos de tecnologiaque poderiam ser usados em qualquerárea da biologia, o que contribuiria como desenvolvimento de mecanismos paraa produção de novos medicamentos etecnologia de imagem no Brasil”, disse.

O vice-presidente de Produção eInovação em Saúde (VPPIS/Fiocruz), Jor-ge Bermudez, propôs que as instituiçõestambém desenvolvam ações conjuntas naárea de doenças crônicas não transmissí-veis, como o câncer, uma vez que o ob-jetivo da Fundação é ampliar suas ações

para além do campo de doenças infecci-osas. “A Fiocruz já tem extensa parceriacom o Instituto Nacional do Câncer (Inca)e seria interessante trabalharmos nessecampo também com a universidade”. Eleainda destacou que colaborações na áreade nanotecnologia e sua aplicação no de-senvolvimento de kits diagnósticos, me-dicamentos e vacinas também seriaválido. “Todo o ciclo de inovação na Fio-cruz se enriquece muito na cooperaçãocom esta universidade e isto terá rele-vante impacto no sistema de saúde bra-sileiro, pois tudo que fazemos naFundação é para o SUS”, acrescentou.

Também presente no encontro, odiretor do CDTS/Fiocruz, Carlos Morel,sugeriu que a cooperação entre as duasinstituições também seja voltada a estu-dos sobre dengue. “Como não há casosdessa doença lá, essa parceria daria aeles uma oportunidade de fazer um tra-balho de campo no Brasil, utilizando aFiocruz como um bom campo de traba-lho em conjunto”, disse. Ele tambémsalientou que a parceria pode contribuirpara reduzir a lacuna entre produção deconhecimento e inovação. “A produçãoem pesquisa fica restrita à publicação deteses e artigos, são raros os casos em queesse conhecimento é aproveitado e co-locado em prática. Não podemos focarsomente na produção de pesquisa e épreciso que eles explorem ao máximotodo o potencial que uma instituição tãoséria como a Fiocruz tem”, propôs.

Segundo a vice-presidente de En-sino, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), Nísia Lima, a cooperação seráuma oportunidade de a Fundação organi-zar melhor sua participação no programaCiência Sem Fronteiras. “Temos que nosorganizar para termos uma participaçãomenos individualizada e mais institucio-nal, é importante que a ida dos estudan-tes da Fundação à Glasgow estejaassociada a um projeto de pesquisa”, dis-se. Em abril do ano que vem a Fiocruz e auniversidade vão promover um workshopcom pesquisadores de ambas instituiçõespara definir suas linhas de cooperação e opasso a passo da parceria.

“Esta convergência científica daUniversidade de Glasgow com a Fiocruzno campo da medicina molecular é im-portante para que possamos desenvol-ver parcerias produtivas para nossospesquisadores e estudantes e também ino-vadoras para o Brasil, principalmente notocante às doenças infeciosas e negligen-ciadas”, finalizou o coordenador técnicodo Cris/Fiocruz, José Roberto Ferreira.

O professor do Instituto Wellco-me Trust do Departamento deParasitologia Molecular e Doen-ças Negligenciadas da Universi-dade de Glasgow, Jeremy Mon-tram, em apresentação sobre auniversidade na Fundação. FotoPeter Ilicciev/CCS/Fiocruz

Fiocruz sela parceria com Universidade deGlasgow para a elaboração de projetos

RUniversidade de Glasgow

Fundada em 1451, a Univer-sidade de Glasgow é a quarta insti-tuição universitária mais antiga entrepaíses de língua inglesa no mundo.A universidade, que tem ampla atu-ação no desenvolvimento de pesqui-sas em diversas áreas,principalmente no campo de parasi-tologia molecular, oferece mais de900 cursos de graduação e acima de300 programas de pós-graduação emvariadas disciplinas. Seu Instituto deInfecção, Imunidade e Inflamaçãoconta com quatro centros de pesqui-sa que desenvolvem atividades nasáreas de imunologia e inflamação,parasitologia, bacteriologia e virolo-gia. Um de seus centros de pesquisamais conhecidos é o Wellcome TrustCentre for Molecular Parasitology(WTCMP), que estuda os processosbásicos (biologia e interações entrehospedeiro e vetor), as diferenças epropriedades dos parasitas causado-res da malária, tripanosoma, toxo-plasma e leishmaniose visando ocombate das doenças por eles cau-sadas, as quais acometem principal-mente países em desenvolvimento.

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Fiocruz vai ampliarparcerias emplataforma de acessoa medicamentos paradoenças negligenciadas

Danielle Monteiro - CCS

A Fiocruz é uma das integrantesdo consórcio mundial WIPO Re:Search,criado em 2011 pela Organização Mun-dial de Propriedade Intelectual (Ompi)para assegurar e ampliar o acesso emescala global a medicamentos para do-enças negligenciadas. A fim de identifi-car potenciais áreas de interesse mútuoe ações conjuntas no âmbito do consór-cio, o vice-presidente de Produção e Ino-vação em Saúde (VPPIS/Fiocruz), JorgeBermudez, e membros do Cris/Fiocruz ede outras unidades da Fundação se reu-niram, no dia 14 de junho, com a diplo-mata da África do Sul e diretora deConhecimentos Tradicionais e Saúde Glo-bal da WIPO Re:Search, Konji Sebati. AVPPIS/Fiocruz é o ponto focal da rela-ção da Fundação com o consórcio.

O escopo do trabalho da WIPORe:Search está restrito a 17 doenças ne-gligenciadas - com inclusão de maláriae tuberculose - classificadas pela Organi-zação Mundial da Saúde (OMS). Duran-te a reunião a Fiocruz acordou em reverseu portfólio de inovação para averiguarquais produtos dispõe no campo dessasdoenças visando sua ampliação a outrospaíses; em verificar e ampliar as coope-rações que tem sido feitas no campo deprodução de vacinas; e em analisar pos-síveis parcerias que podem ser feitas noâmbito do programa Ciência sem Fron-teiras. Outra proposta é, juntamente coma TB Alliance – organização internacio-nal sem fins lucrativos que busca curas

perações com a Fundação nas áreas dee-health (práticas de cuidado em saú-de apoiadas pela comunicação e pro-cessos eletrônicos) em regiõesamazônicas; governança em saúde;prevenção e educação em saúde; pro-dução de vacinas; e no âmbito do pro-grama Ciência sem Fronteiras. “Vimosa importância crescente do Brasil emáreas diferentes inclusive na saúde. Sa-bemos que a Fiocruz tem uma qualida-de muito alta em pesquisa e nós temospesquisa médica de alta qualidade,além de um bom sistema de cuidado egovernança em saúde. A ideia é queambas as partes se beneficiem dessacooperação”, comentou Tina Vihma-Purovaara, do Ministério da Educaçãoe Cultura do país nórdico. “O objetivoda Fundação vai em direção aos nos-sos valores de sistema público de saú-de, que são a igualdade e a equidade”,acrescentou.

Tina comunicou que esse anoserá realizada uma reunião dos altosescalões dos Ministérios da Educaçãoe das Relações Exteriores na Finlândiapara a definição das linhas gerais ebases para futuras cooperações bilate-rais. Esse encontro poderá favorecer oestabelecimento de pontes com o Bra-sil, através da Fiocruz, atualmente res-tritas ao setor de governança em saúdeno âmbito do projeto EU – LAC Heal-th. Será ainda elaborado um relatóriocom as áreas e projetos de interessedo país nórdico que possam estar den-tro das potencialidades da Fiocruz. Apartir do documento, será programadoum workshop, que deve ser realizadoem outubro, já com as áreas e respon-sáveis definidos para aprofundar os pro-jetos de cooperação mútua.

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mais eficientes, rápidas e acessíveis paraa tuberculose - checar os medicamentospediátricos e de curto regime que têmsido desenvolvidos em conjunto voltadosà forma resistente da doença.

Além disso, a Fundação, por meiodo Cris/Fiocruz, se comprometeu emidentificar todas as cooperações que temcom países africanos, a fim de verificaras ações que podem ser ampliadas aoconsórcio, e ainda estreitar a relação coma Rede Africana para Inovação em Diag-nósticos e Medicamentos (Andi, na siglaem inglês), também integrante da plata-forma. Outra ideia seria verificar quais dos23 acordos estabelecidos entre institui-ções participantes da WIPO Re:Searchpoderiam contar com a participação daFiocruz como usuária da tecnologia deforma a ampliá-la não somente ao Brasilmas também a toda a América Latina.

A WIPO Re:Search pode eliminarpatentes ou outras formas de proteçãode medicamentos usados no combatea doenças negligenciadas e, com isso,facilitar o acesso ao tratamento paradoenças como tuberculose e malária.Única instituição brasileira convidadapela OMPI para integrar o consorcio, aFiocruz integra a iniciativa nas três cate-gorias: como provedor, usuário e apoia-dor, podendo assim conceder e utilizara tecnologia disponibilizada na platafor-ma. Segundo Bermudez, uma das gran-des contribuições prestadas pelaFundação no âmbito do consórcio foi aproposta de inclusão da tuberculose emalária no escopo de trabalho da plata-forma e a sugestão da participação nãosomente de países de baixa renda mastambém de média renda no consorcio.

Possibilidades decooperação cominstitutos de saúdee universidadesfinlandesas

Danielle Monteiro - CCS

Em encontro com membros doCris e de Bio-Manguinhos em 20 demaio, um grupo de representantes doMinistério da Educação e de institutosde ensino superior da Finlândia mos-traram interesse em desenvolver coo-

A representante do Ministério da Educa-ção e Cultura da Finlândia, Tina Vihma-Purovaara, e o diretor do Centro de Mobi-lidade Internacional, Samu Seitsalo, emencontro no Cris/Fiocruz. Foto Cris/Fiocruz

A diretora de Conhecimentos Tradicionais eSaúde Global da WIPO Re:Search, Konji Sebati,e o vice-presidente de Produção e Inovaçãoem Saúde, Jorge Bermudez. Foto Cris/Fiocruz

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Membros deuniversidadecolombiana sereúnem no Cris

Thiago Oliveira - Cris

O reitor José María Mejía e ocoordenador de Relações Internacionais,Juan Arroyale, da Universidade CES, daColômbia, visitaram a Fiocruz no dia24 de maio. Os visitantes foram recebi-dos no Cris pela coordenadora de pós-graduação da Vice Presidência deEnsino, Informação e Comunicação(VPEIC/Fiocruz), Cristina Guilam, coma presença de representantes do IOC/Fiocruz, a fim de estabelecer futurasparcerias na área de medicina tropicale epidemiologia, assim como intercâm-bio de estudantes.

Ambas as partes demonstraraminteresse em fortalecer o acordo já exis-tente entre as duas instituições. “A Fio-cruz é uma instituição de peso, commuito a agregar. Acredito que uma par-ceria com nossa universidade possa ge-rar benefícios para uma grande parcelada população”, garantiu Mejía. Além dointercâmbio, outras propostas sugeridaspelos participantes foram a promoção deuma oficina de trabalho para troca deconhecimento entre os pesquisadores euma linha de pesquisa sobre malária nafronteira entre Brasil e Colômbia.

A Universidade CES é uma or-ganização privada, sem fins lucrativos,que oferece cursos de graduação a ní-vel tecnológico e profissional em todasas áreas do conhecimento. Possui di-versos acordos com universidades dosEstados Unidos, Europa e América La-tina, oferecendo a estudantes e pes-quisadores oportunidades de programasde intercâmbio.

Akira Homma recebehomenagem dogoverno do Japão

O presidente do Conselho Políti-co e Estratégico de Bio-Manguinhos/Fi-ocruz, Akira Homma, recebeu, em 7de junho, no Consulado do Japão noRio de Janeiro, uma condecoração doMinistro dos Negócios Estrangeiros doJapão, Fumio Kishida, em “reconheci-mento à sua valiosa contribuição naampla apresentação e divulgação datecnologia médica japonesa ao Brasil,e no fortalecimento da capacitação tec-nológica na produção de vacinas”. AComenda Ordem do Sol Nascente, Rai-os de Ouro com Laço, como é chama-da a condecoração, simboliza ofortalecimento das relações entre os go-vernos brasileiro e japonês, por meiodas parcerias estabelecidas por Bio-Manguinhos e instituições daquele país,que contribuíram significativamente naerradicação da pólio e na redução doscasos de sarampo no Brasil. A cerimô-nia contou com presença do presiden-te da Fiocruz, Paulo Gadelha, o diretore vice-diretores de Bio, além de mem-bros da família Homma e alguns cola-boradores convidados pessoalmentepelo homenageado.

Fonte Bio-Manguinhos

Países da CPLPplanejam novas açõesde cooperação emsaúde

Danielle Monteiro – CCS

O Grupo Técnico em Saúde daComunidade dos Países de Língua Por-tuguesa (CPLP) se reuniu em Lisboa,Portugal, para avaliar a execução doPlano Estratégico de Cooperação emSaúde da CPLP (PECS CPLP). No en-contro, ocorrido em abril, os EstadosMembro acordaram em trabalhar parao fortalecimento da estrutura do PECS;fazer um levantamento de acordos naárea da saúde de cada país participantede forma a evitar sobreposição de ações;desenvolver os Centros Técnicos de Ins-talação e Manutenção de Equipamen-tos (CTIMES) junto aos ministérios dasaúde de Moçambique e Cabo Verdeaté o final desse ano; criar uma rede defaculdades de medicina; e trabalhar naárea de emergências de saúde públicacomo dengue e saúde dos viajantes.

Em palestra que ministrou duran-te a reunião, o coordenador do Cris/Fio-cruz, Paulo Buss, expôs os últimos grandeseventos vinculados aos preparativos dasNações Unidas para a elaboração de di-retrizes e recomendações para o desen-volvimento pós-2015. A partir daexposição, o grupo acordou em fazeruma reunião entre ministros da saúdesobre os Determinantes Sociais da Saú-de e a saúde na agenda do desenvolvi-mento pós-2015 por ocasião daAssembleia Mundial da Saúde que acon-tecerá em Genebra, Suíça. O grupo tam-bém pretende promover um seminárioonline sobre saúde ambiental e desen-volvimento sustentável. O relatório da reu-nião pode ser acessado em https://www.dropbox.com/s/1bzwdurl0irwrpd/NV_558_GSE_CPLP.pdf

Membros do Cris/Fiocruz emencontro com representantes daUniversidade CES. Foto Cris/Fiocruz

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Unicef divulgaseu informeanual

O tradicional informe anual doFundo das Nações Unidas para a Infân-cia (UNICEF) está disponível no site daorganização. Denominado State ofWorld Children 2013 (O estado das cri-anças no mundo), o documento é oprimeiro informe global dedicado a cri-anças com deficiência. O informe, quedefende a igualdade de direitos dessaparcela da população infantil, explicacomo países e sociedades podem pro-mover a inclusão social de crianças comdeficiências de forma que ambos sebeneficiem. O documento traz aindadados recentes no que diz respeito àdemografia, saúde, educação, proteçãoinfantil, HIV e Aids, além de indicado-res de disparidade e progresso.

Fonte: Unicef

Agenda doDesenvolvimentopós-2015

Danielle Monteiro - CCS

A Plenária de Alto Nível da Assem-bleia Geral sobre os Objetivos de Desen-volvimento do Milênio (ODM) preparoudocumento com propostas de objetivosde desenvolvimento sustentável que de-vem constar nos próximos ODM.

O documento será entregue aosecretário geral das Nações Unidas, BanKi-moon, durante a Assembleia Geraldas Nações Unidas, que vai acontecer

em setembro desse ano. O texto dis-corre sobre temáticas como desigual-dades; população; saúde; educação;crescimento econômico e emprego;conflito e fragilidade; governança; es-tabilidade ambiental; seguridade ali-mentar e nutrição.

A Fundação, por meio do Cris/Fiocruz, tem marcado presença em fó-runs internacionais de debate sobre ospróximos Objetivos de Desenvolvimen-to do Milênio. No começo do ano, ocoordenador do Cris/Fiocruz, Paulo Buss,elaborou um documento para subsidi-ar a posição do Brasil no que diz res-peito ao objetivo global que conviverácom (ou substituirá) os atuais três obje-tivos de saúde que constam nos ODM.A proposta foi apresentada em encon-tro ocorrido entre os Estados Membrono mês de março, em Botswana, naÁfrica. O documento pode ser acessa-do em http://www.post2015hlp.org/wp-c o n t e n t / u p l o a d s / 2 0 1 3 / 0 5 /UN-Report.pdf

FundaçãoHumboldtapresentaprogramas depós-doutoradoà Fundação

Thiago Oliveira - Cris

Estiveram reunidos no Cris/Fio-cruz, no dia 16 de maio, o secretáriogeral da Alexander von Humboldt Foun-dation (Fundação Humboldt), Dr. Tho-mas Hesse, e a diretora do Escritóriode Apoio da Fundação e do Centro Ale-

mão de Ciência e Inovação (DWIH, nasigla em alemão) em São Paulo, NoraJacobs. Na ocasião eles apresentaramao Cris , IOC e COC/Fiocruz a institui-ção alemã e mostraram seus progra-mas de bolsas de estudo parapesquisadores e cientistas pós douto-rados em universidades do país euro-peu.

Voltada para o entendimento uni-versal, a Fundação Humboldt, no seunovo formato pós-guerra em 1953, ori-entou seus recursos para um network in-ternacional de cooperação acadêmicacomposto hoje por mais de 25 mil “hum-boldtianos” em todo o mundo, que in-cluem 47 vencedores do Prêmio Nobel.O Brasil está entre os seis países prioritá-rios de atuação da instituição alemã, queconta com um budget anual de 112.5milhões de EUR, trabalhando com maisde 100 universidades na Alemanha. Se-gundo Hesse, a concessão das bolsas étotalmente dirigida para as pessoas e nãopara projetos, seguindo critérios de avali-ação baseados na excelência acadêmi-ca e voltada para todas as áreas doconhecimento humano.

ConferênciaInternacionalsobreComunicaçãoPública da Ciênciae Tecnologia

Com o tema Divulgação da Ci-ência para a inclusão social e o engaja-mento político, a próxima ConferênciaInternacional sobre Comunicação Públi-ca da Ciência e Tecnologia será realiza-da no Brasil. Organizado pela RedeInternacional PCST, o evento, que vaiacontecer em Salvador, Bahia, terácomo anfitriões brasileiros o Museu daVida da COC e o Laboratório de Estu-dos Avançados em Jornalismo, da Uni-versidade Estadual de Campinas (Labjor/Unicamp). Interessados em participar daconferência podem enviar até o meio-dia de 1° de setembro de 2013 propos-tas de trabalho em divulgação científicae pesquisa sobre ciência e sociedade,jornalismo científico, museus de ciênciae engajamento público em ciência e tec-nologia. Mais informações em www.pcst-2014.org

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O Brasil está entre os seis paísesprioritários de atuação da instituiçãoalemã. Foto Fundação Humboldt

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Plataformacomum paramelhoria demedicamentos

A Anvisa e agências regulado-ras de todo o mundo se reuniram nestemês em Roma, Itália, para discutir aimplantação de uma plataforma co-mum entre os países para ações na áreade medicamentos. A proposta é me-lhorar os produtos disponíveis para apopulação e abrir novos mercados paraos produtos brasileiros. Segundo o di-retor-presidente da Anvisa, Dirceu Bar-bano, a globalização dos produtos naárea de saúde exige que as agênciasde todo o mundo trabalhem em con-junto para dar conta do crescimentodeste mercado tanto em volume comem complexidade dos produtos.

Fonte: Anvisa

Prêmio PéterMurányi 2014

Estão abertas as inscrições paraconcorrer ao Prêmio Péter Murányi. Ostrabalhos deverão ser indicados por umainstituição ligada à área e que faça par-te do Colégio Indicador. Cada institui-ção poderá indicar até dois trabalhos edeverá levar em conta os critérios doedital e formulário de participação doprêmio e ainda se o trabalho indicado érealmente inovador, tem aplicabilidadeprática e melhora a qualidade de vidadas pessoas situadas abaixo do paralelo20 de latitude norte. O envio dos traba-lhos indicados deve ser feito até 30 desetembro de 2013. A análise pela Co-missão Técnica e Júri será realizada emfevereiro de 2014 e a cerimônia de en-trega em abril do mesmo ano.

Clique aqui para baixar o editale formulário de participação do prêmio.

Fonte: Fundação Peter Murányi

Unasul ganhaespaço noConselhoExecutivo da OMS

A Assembleia Mundial da Saú-de (MAS) elegeu três países-membroda União das Nações Sul-Americanas(Unasul) para compor o Conselho Exe-cutivo da Organização Mundial da Saú-de (OMS). Com isso, Breasil, Argentinae Suriname vão ocupar até 2016 trêsdos seis lugares destinados à Rgeião dasAméricas. O total de 34 países integrao conselho, que tem a função de as-sessorar a AMS e ajudar na viabiliza-ção de suas resoluções. O representantedo Brasil será o secretário de Vigilânciaem Saúde, Jarbas Barbosa, tendo comosubstituto o coordenador da AssessoriaInternacional do Ministério da Saúde,Alberto Kleiman. A duração do man-dato é de três anos.

Fonte: Ministério da Saúde

Acesso aantirretroviraisna pauta deencontrointernacional

Foi realizado entre os dias 10 e12 de junho, em Brasília, um encontrointernacional que debateu os desafiosque os países de renda média enfren-tam para garantir o acesso aos medi-camentos antirretrovirais. Organizadopelo Departamento de DST, Aids eHepatites Virais do Ministério da Saú-de, o Programa Conjunto das NaçõesUnidas sobre HIV/Aids (Unaids), a Or-ganização Mundial da Saúde (OMS), aCentral Internacional de Compra deMedicamentos (Unitaid), a OrganizaçãoPan-Americana da Saúde (Opas) e aOrganização Internacional Pool de Pa-tentes de Medicamentos, a reunião teveo objetivo de compartilhar experiênci-as sobre a provisão de medicamentose discutir alternativas para promover aredução de preços nesses países.

A Consulta Técnica sobre aces-so aos antirretrovirais para países derenda média tem cerca de 90 repre-sentantes, de 20 países, para discutiros desafios da sustentabilidade de pro-gramas nacionais de tratamento da Aidsem todo o mundo. O vice-presidentede Produção e Inovação em Saúde (VP-PIS), Jorge Bermudez, a pesquisadorada vice, Marilena Corrêa, e as pesqui-sadoras no Núcleo de Assistência Far-macêutica (NAF) da Ensp, MariaAuxiliadora Oliveira e Gabriela CostaChaves, estiveram presentes como re-presentantes da Fiocruz.

Fonte: Ensp

Intercâmbiode médicosbrasileirose portugueses

Como parte do conjunto demedidas adotadas para enfrentar odéfice de médicos no Brasil, os gover-nos brasileiro e português estudammecanismos para promover o reconhe-cimento mútuo de diplomas de medi-cina, concedendo autorização para queprofissionais formados na universidadede um país possam atuar no outro. Oassunto foi discutido em reunião entreos ministros da Saúde do Brasil, Ale-xandre Padilha, e de Portugal, PauloMacedo, no dia 10 de junho, em Lis-boa. O Tratado de Amizade, Coopera-ção e Consulta, em vigor desde 2000,já incluía esse mecanismo, porém, nãotinha envolvimento direto dos Ministé-rios da Saúde. A ação foi adotada poroutros países de línguas semelhantespara estimular e facilitar o intercâmbiode profissionais, como Canadá e Esta-dos Unidos e países da União Europeia.

Fonte: Ministério da Saúde

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Curso de Atualizaçãoem Políticas Públicas deCooperaçãoInternacional em Saúde

O Núcleo de Estudos sobre Bio-ética e Diplomacia em Saúde (Nethis/UnB/Opas/Fiocruz) e a Fiocruz MatoGrosso do Sul ministrarão a segundaedição do Curso de Atualização em Po-líticas Públicas de Cooperação Interna-cional em Saúde em PerspectivaBioética. A capacitação será nos dias21, 22, 29 e 30 de outubro, em Cam-po Grande, Mato grosso do Sul. As ins-crições e outros detalhes do curso serãodivulgados em breve. O coordenadordo Cris/Fiocruz, Paulo Buss, dará aulasobre A Agenda Global do Desenvolvi-mento e a Cooperação em Saúde; e ocoordenador do Nethis, José Parana-guá, ministrará disciplina sobre os Pa-radoxos da Cooperação Internacionalcomo Desafios Bioéticos. Seis profes-sores ainda serão definidos pelo Nethise três pela Fiocruz MS.

Fonte: Nethis

Curso internacional nocampo de doençasinfecciosas

O Programa de Pós-GraduaçãoStricto Sensu de Pesquisa Clínica emDoenças Infecciosas (mestrado e dou-torado) do Ipec/Fiocruz está com inscri-ções abertas para o Curso Internacional“Molecular Methodologies for Epidemi-ology and Diagnosis of Systemic Myco-ses”. Realizado no âmbito do programaCiências Sem Fronteiras, o curso vaiacontecer em Campo Grande (MS) de12 a 15 de agosto de 2013. Ele serácoordenado por Wieland Meyer, pro-fessor e pesquisador da Universidadede Sydney, Austrália, na área de mico-logia, chefe do Laboratório de Micolo-gia Molecular e vice-presidente daInternational Society for Human andAnimal Mycology (ISHAM); e tambémpor Bodo Wanke, pesquisador titular edocente permanente do Programa dePós-Graduação Stricto Sensu de Pesqui-sa Clínica em Doenças Infecciosas doIpec/Fiocruz. Inscrições devem ser en-viadas por e-mail com CV Lattes [email protected] com có-pia para [email protected]

Fonte: Ipec/Fiocruz

Bolsas de pós-doutorado eminstitutos de pesquisanorte-americanos

A fim de fomentar projetos depós-doutorado em institutos e centrosnorte-americanos, o programa Ciênciasem Fronteiras e os Institutos Nacionaisde Saúde (NIH, na sigla em inglês) dosEstados Unidos abriram inscrições parainteressados em concorrer a bolsas parao desenvolvimento de pesquisas em bi-ociências e ciências da saúde na mo-dalidade Pós-Doutorado no Exterior(PDE). As propostas devem ser enca-minhadas ao Centro Nacional de De-senvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq/MCTI) por meio do site da insti-tuição, preenchendo o Formulário dePropostas On-line, disponível na Plata-forma Carlos Chagas. Para mais infor-mações clique aqui.

Projetos denanobiotecnologiacom o Japão

O CNPq lançou chamada para pro-jetos de nanobiotecnologia em parceriacom a Agência Japonesa de Ciência eTecnologia (JST). Serão oferecidas bolsas,com vigência máxima de 12 meses, nasmodalidades Doutorado Sanduíche noExterior (SWE), Pós-doutorado no Exterior(PDE), Desenvolvimento Tecnológico eInovação no Exterior Júnior (DEJ) e Sênior(DES). As temáticas contempladas são ali-mentação funcional, conversão de biomas-sa, microalgas e desagregação microbiana,biorremediação, biolixiviação, reabilitaçãoambiental e sensores nanobiotecnológicos,Biofármacos, Biomateriais e Biologia sin-tética. Confira aqui.

Fonte: CNPq

Chamadas públicaspara projetos de pesquisana área da saúde

Até o dia 22 de julho estão aber-tas inscrições para projetos de pesqui-sas na área da saúde financiados peloMinistério da Saúde por meio do Fun-do Setorial da Saúde. Quatro chama-das públicas foram lançadas pelo CNPqdestinadas a esses projetos. A Chama-da MCTI/CNPq/MS - SCTIE - Decit Nº07/2013 apoiará o desenvolvimento deprojetos sobre Práticas Integrativas e

Complementares (PICs) no SUS, consi-derando Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura; Homeopatia, Plantas Me-dicinais e Fitoterapia; e TermalismoSocial e Medicina Antroposófica.

A Chamada MCTI/CNPq/MS-SCTIE- Decit Nº 15/2013 selecionarápropostas de pesquisas que visem con-tribuir com a realização de ensaios clí-nicos e a consolidação de produtosestratégicos para o SUS; enquanto aChamada MCTI/CNPq/MS - SCTIE -Decit Nº 08/2013 será voltada a proje-tos de pesquisas científicas, tecnológi-cas e de inovação que ajudem nofortalecimento da capacidade nacionalda pesquisa em educação permanentee aquisição de novas tecnologias paradimensionamento da força de trabalhoem saúde no SUS. Já a Chamada MCTI/CNPq/MS- SCTIE- Decit Nº 06/2013apoiará projetos que visem contribuirpara o fortalecimento da capacidadenacional das pesquisas de avaliação detecnologias em saúde em eixos comoatenção primária; envelhecimento econdições crônicas; e monitoramentode tecnologias em saúde.

Fonte(s): CNPq

Chamada para projetosconjuntos com 12 países

O Conselho Nacional de Desen-volvimento Científico e Tecnológico(CNPq/MCTI) lançou a chamada pú-blica n° 17/2013 Cooperação Interna-cional – Acordos Bilaterais, queobjetiva apoiar projetos conjuntos com12 países da Europa, América do Sule Central e Caribe. Os países incluí-dos estão Alemanha, Argentina, Bél-gica, Colômbia, Costa Rica, Cuba,França, Itália, México, Portugal, Uru-guai e Peru. As propostas devem sercadastradas até o dia 17 de julho, naPlataforma Carlos Chagas, na páginado CNPq. A divulgação dos resultadosocorrerá a partir do mês de outubro eo início do apoio às propostas será apartir de novembro.

As bolsas concedidas terão du-ração máxima de 12 meses nas mo-dalidades doutorado sanduíche(SWE), pós-doutorado (PDE) e desen-volvimento tecnológico e inovaçãojúnior (DEJ) e sênior (DES), somentepara áreas contempladas no progra-ma Ciência sem Fronteiras (CsF).

Fonte: Ministério da Ciência Tec-nologia e Inovação (MCTI)

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OTAMIRES SILVAentrevista

leishmaniose é uma das doenças negligenciadas que mais afeta paísesem desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),são notificados por ano dois milhões de casos novos da enfermidade nomundo. E o Brasil não foge desse contexto: 90% dos casos registrados na

América Latina ocorrem no país, segundo dados do Ministério da Saúde. No Su-deste, a doença tem crescido e quase dobrou de 2000 a 2011; porém, as regiõesmais afetadas ainda são a Norte e Nordeste que, juntas, respondem pela maiorparte dos casos (71%, entre 1992 e 2011). Essa realidade vivenciada pelas regiõesbrasileiras motivou o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz-PE),em parceria com a Fundação Sanofi Espoir, a criar o Programa Multidisciplinar deSaúde, que tem como principal objetivo o combate à doença no país. A iniciativafaz parte do Programa Mundial de Acesso a Medicamentos do Grupo Sanofi.

Iniciado em 2003, o projeto conseguiu reduzir em cerca de 80% os casos deleishmaniose em cinco municípios do estado de Pernambuco. Em breve, a açãoserá levada ao Ceará, inicialmente aos municípios de Baturité e Pacoti, localizadosa cerca de 100 km de Fortaleza. Com a expansão do programa, os participantesesperam repetir o sucesso da iniciativa. A coordenadora e executora do projeto,Otamires Silva, contou ao Crisinforma como ele tem sido conduzido e falou sobresuas expectativas quanto à ampliação do programa a outras regiões brasileiras.

A

Danielle Monteiro

Como surgiu a ideia de selar essaparceria com a Fundação Sanofi Espoirvoltada ao combate à leishmaniose?

Otamires: Desenvolvi minhatese de doutorado na Universidade Pier-re et Marie Curie e os trabalhos práticossobre leishmaniose foram desenvolvidosno Laboratório de Parasitologia do Hos-pital Pitié Salpêtrière, em Paris, ondepassei quatro anos. Fui indicada e apre-sentada pelo meu orientador de tese,Mr.Loic Monjour, ao grupo Sanofi paradesenvolver um projeto de pesquisa so-bre leishmanioses no Brasil. O projetode pesquisas inicial foi apresentado aocomitê em Paris, em 2003, sendo apro-vado e financiado por um ano com di-reito a ser renovado por mais outro. Oprojeto foi desenvolvido inicialmente nomunicípio de São Vicente Férrer e de-pois ampliado para mais quatro municí-pios: Macaparana, Goiana, Água Pretae Timbaúba. Todos na zona da mata dePernambuco, com casos humanos deleishmaniose tegumentar. O projeto depesquisas que teria uma duração de maisou menos dois anos teve uma duraçãode nove anos. De acordo com os resul-tados obtidos, me foi sugerido apresen-tar um projeto de pesquisas em outrasáreas, aplicando a mesma metodologia,

o mesmo modelo. E em junho de 2012,o projeto foi julgado entre 17 outros pro-jetos, sendo somente dois aprovados: onosso e outro da Índia.

Quais são os principais obje-tivos do programa?

Otamires: O projeto tem por ob-jetivo reforçar as capacidades locais emelhorar a saúde pública em particularnos domínios seguintes; a formação ereciclagem do pessoal da saúde alvo so-bre o conhecimento das doenças endê-micas da região; a educação sanitária; aavaliação da evolução e das modalida-des de transmissão das leishmanioses nomeio urbano e rural; o acompanhamen-to dos doentes antes, durante e após otratamento, notadamente por registrofotográfico através de testes de laborató-rio e das visitas domiciliares; e ações decontrole dos reservatórios de transmissão(cão doméstico – exames parasitológicodireto e sorológico) e de vetores de trans-missão (flebótomos).

Qual o papel de cada uma daspartes no programa? E por que aSanofi foi escolhida como parceira?

Otamires: A Fiocruz funcionacomo parceira operacional. A Funda-ção Sanofi Espoir é um grupo forte naárea de medicamentos. São eles quefabricam a Glucantime, medicação usa-da para tratamento da leishmaniose.

Cooperação com fundação francesa prometereduzir casos de leishmaniose no Brasil

Por isso a escolha. Além do mais, elesfinanciam nosso projeto de pesquisa.

O programa será estendido aalgumas regiões endêmicas no Ce-ará. Há previsão de ampliar essaação a outros estados do país?

Otamires: Sim, esperamos am-pliá-la. Vamos desenvolver o projeto depesquisas inicialmente em duas áreasendêmicas do Ceará: Baturité e Paco-ti, procurando aplicar o mesmo mode-lo utilizado nos cinco municípios dePernambuco. Durante o desenvolvimen-to do projeto nessas áreas seleciona-das, vamos analisar os resultados compretensão de expandir para outras áre-as já visitadas no Ceará. O importanteé chamar a atenção da população, sen-sibilizar os moradores, garantir o acom-panhamento próximo dos AgentesComunitários de Saúde (ACS) e Agen-tes de Combate às Endemias (ACE) ecriar um núcleo de capacitação de pro-fissionais de saúde para disseminar oconhecimento em outras regiões endê-micas.

Estão incluídas no programaações de combate ao mosquito? Sesim, de que forma isso será feito?

Otamires: Sim. Os flebótomos(vetores responsáveis por transmitir adoença) serão trabalhados nesse pro-grama, e vamos trabalhar em equipe.

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Em Baturité, já existe um laboratórioda antiga FUNASA com pessoal que jávem trabalhando com os vetores, alémde pesquisadores do estado do Cearáque lecionam nas universidades e de-senvolvem pesquisas com seus estudan-tes de mestrado e doutorado.

E que outras ações são con-templadas pelo programa?

Otamires: Como medidas pre-ventivas o programa visa os seguintespilares: melhoria no diagnóstico; capaci-tação de profissionais de saúde; e cam-panhas de alerta e sensibilização dapopulação. Para garantir o diagnóstico nosmunicípios e áreas vizinhas, o programaimplantará um laboratório de diagnósti-co sorológico e parasitológico humano eanimal. Outra iniciativa é o treinamentodos ACS, ACE e de profissionais da saú-de que trabalham nos Programas de Saú-de da Família (PSFs). Nas escolas, vamostrabalhar com os alunos, pois as crian-ças, como boas disseminadoras de infor-mação, também receberão orientações,auxiliadas por material de apoio para re-forçar a conscientização sobre a doença.A integração das autoridades públicas daregião nesse processo garantem incisiva-mente os efeitos do Programa Multidis-ciplinar de Leishmaniose.

Ainda como prevenção, indica-mos o uso de mosquiteiros (de malhafina), repelentes, assim como telas emportas e janelas das residências. E lim-par diariamente o entorno da casa, nãoacumular pedaços de madeira, garra-fas, pedras e restos de alimentos apo-drecidos, além de recolher o lixo emsacos plásticos, enterrar ou incinerar. Aosaber de alguma ocorrência de conta-minação na vizinhança, é preciso solici-tar a presença do ACE para aplicaçãode inseticida (Borrifação) nas áreas in-ternas e externas da casa. É preciso tam-bém acompanhar atentamente a saúdedo animal doméstico (cão), importantesreservatórios considerados membros dafamília. São medidas simples que aju-dam a evitar a proliferação do mosquito(flebótomo) e da contaminação.

Já foi dado início ao programano Ceará? Se sim, quais dessas açõesjá foram implantadas até agora?

Otamires: Sim, o programa já teveinício com o levantamento da estruturado sistema de saúde de cada localidadevisitada, com as prefeituras municipais esecretarias de saúde, conversando comtodo pessoal da área médica que faz par-te do Programa de Saúde da Família (mé-dicos, enfermeiros, Agentes Comunitáriosde Saúde e Agentes de Combate às En-

demias), observando as necessidades dasestruturas e de condições de trabalho noatendimento aos pacientes. Nestas visitas,observamos as necessidades (que, infeliz-mente, são muitas) relacionadas ao co-nhecimento da doença, diagnóstico,prevenção e tratamento. Finalmente, es-colhemos duas localidades para início dasatividades: Baturité e Pacoti.

Em maio deste ano, iniciamos acampanha do programa com a presençade autoridades nacionais e internacionais.Visitamos o Hospital São José, localizadoem Fortaleza e que serve de referênciaaos municípios; visitamos o laboratório daFunasa em Baturité, onde vamos implan-tar o laboratório de diagnóstico humanoe animal, anotando as deficiências de ma-teriais e de equipamentos; visitamos umaUnidade Básica de Saúde acompanhadapelo médico local realizando um dos di-agnósticos – Teste de Montenegro; dis-tribuímos alguns mosquiteiros nasresidências visitadas; e, no auditório lo-cal, reunimos todos os ACS e ACE dasduas localidades para distribuição de sa-colas que usarão durante as visitas domi-ciliares e camisas para uso diário.

A iniciativa conseguiu redu-zir em cerca de 80% os casos dadoença em cinco municípios daZona da Mata Norte em Pernambu-co. A que se deve essa conquista?

Otamires: A leishmaniose éuma doença negligenciada e um pro-blema de saúde pública que não é difí-cil de ser tratado. Priorizamos odiagnóstico específico para o encami-nhamento rápido dos pacientes ao tra-tamento e promovemos a formação dosprofissionais da saúde. A maior dificul-dade dos profissionais da saúde está re-lacionado ao diagnóstico da doença. Elatem cura, mas o tratamento dependedo diagnóstico rápido e específico. Ape-nas medicamento não é suficiente. Ogoverno brasileiro já faz um esforço gran-de de distribuir o medicamento, mas oprograma não envolve apenas um mé-dico ou um medicamento.

Quanto de redução no núme-ro de casos da enfermidade se espe-ra com a implantação do programano Ceará? Qual a previsão de térmi-no do programa no estado e quan-do vocês devem ter os resultados?

Otamires: Vamos tentar o máxi-mo de redução, iniciando nas duas áre-as. O projeto de pesquisa foi aprovadopara três anos. Estamos iniciando as ati-vidades práticas em julho. Ainda é muitocedo pensar em resultados para poder-mos comparar com nosso modelo.

Qual o grande desafio na lutacontra a leishmaniose no Brasil?

Otamires: São realmente mui-tos os desafios. Os principais desafiosestruturais são a formação dos ACS eACE; o transporte dos pacientes; o aces-so às regiões sem nenhuma estruturade intervenção; o seguimento dos paci-entes em tratamento; e o diagnósticoepidemiológico, clínico e laboratorial.

Há previsão de ampliação deparceria entre a Fiocruz Pernambucoe a Fundação Sanofi Espoir com focoem outras doenças negligenciadas?

Otamires: Acredito que sim eisso é importante. Quando realizamosa qualificação dos ACS e ACE chama-mos atenção para outras doenças en-dêmicas como doença de Chagas,dengue, esquistossomose, entre outras.

O que é leishmaniose?A leishmaniose é uma doença

crônica provocada por protozoários dogênero Leishmania. Existem duas for-mas da doença: a leishmaniose tegu-mentar americana e a leishmaniosevisceral. Esta última é caracterizadapor febre de longa duração, perda depeso, anemia, entre outras manifes-tações; e, quando não tratada, podelevar a óbito em mais de 90% doscasos. Anteriormente restrita a zonasrurais, a forma da doença tem se ex-pandido para áreas urbanas nos últi-mos anos, tornando-se um crescenteproblema de saúde pública não so-mente no país, mas também em ou-tros países das Américas. Atransmissão da leishmaniose visceralno Brasil se dá pela picada dos veto-res Lutzomyia longipalpis e Lutzomyiacruzi – espécies de flebotomíneos po-pularmente conhecidos como mosqui-to palha - infectados pela Leishmaniachagasi. Em áreas urbanas, a princi-pal fonte de infecção da forma dadoença é o cão. Já a leishmaniose te-gumentar americana se manifesta pormeio de úlceras na pele e mucosas,sendo transmitida pela picada das fê-meas de flebotomíneos infectadas. NoBrasil, são sete as espécies de leish-manias envolvidas na ocorrência decasos da forma da doença. Assimcomo na leishmaniose visceral, ani-mais domésticos como canídeos, felí-deos e equídeos estão entre oshospedeiros. O país é acometido pe-las duas formas da doença.

Fonte: Ministério da Saúde

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