FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL - UniBrasil
DOUGLAS SANTUCCI
MARCOS MARIANO
VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO:
O CASO GLADIMIR NASCIMENTO NA BAND NEWS FM
CURITIBA
2011
TERMO DE APROVAÇÃO
Douglas Santucci
Marcos Mariano
VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO:
O CASO GLADIMIR NASCIMENTO NA BAND NEWS FM
Trabalho de conclusão de curso aprovado com nota 10,0 como requisito
parcial para a obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social – Jornalismo
pelas Faculdades Integradas do Brasil – Unibrasil, mediante banca examinadora
composta por:
Prof.(a) Felipe Harmata Marinho e Presidente
Prof.(a) Ivana Paulatti
Prof.(a) Suyanne Tolentino
Curitiba, 30 de Junho de 2011.
DOUGLAS SANTUCCI
MARCOS MARIANO
VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO:
O CASO GLADIMIR NASCIMENTO NA BAND NEWS FM
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito para a
obtenção do título de Bacharel em
Jornalismo, Escola de Comunicação Social
das Faculdades Integradas do Brasil –
UniBrasil.
Orientador: Prof. Felipe Harmata Marinho
CURITIBA
2011
Resumo
O trabalho pretende mostrar, por meio de um videodocumentário jornalístico, o caso que envolve liberdade de expressão no radiojornalismo de Curitiba, a partir de fato ocorrido com Gladimir Nascimento, em 2009. O tema gera discussões e pode revelar o poder de coerção eventualmente exercido por empresas de comunicação quando questões políticas e institucionais ferem os princípios de liberdade desses veículos, ao mesmo tempo abordar a discussão relativa entre a liberdade de imprensa e a confusão entre esse conceito e o de liberdade de empresa. Para isso o trabalho usou, em um primeiro momento, a metodologia de análise de conteúdo em um segundo momento realizou pesquisa com grupo focal para verificar a repercussão do ocorrido.
Palavras-chave: liberdade de expressão; repercussão; radiojornalismo; Gladimir
Nascimento
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5
2. DELIMITAÇÃO DO TEMA ...................................................................................... 8
2.1 O significado de liberdade de expressão .......................................................... 8
2.2 Liberdade de expressão, de pensamento e de comunicação ....................... 10
2.3 Desenvolvimento da liberdade de expressão com os meios de
comunicação de massa .......................................................................................... 13
2.3 Confusão entre liberdade de imprensa e de liberdade de empresa ............. 15
2.4 A natureza do veículo rádio no Brasil .............................................................. 16
2.5 Exercício de liberdade, até onde se pode ir .................................................... 21
2.6 O gênero opinativo no radiojornalismo ........................................................... 24
3. OBJETIVOS ......................................................................................................... 26
3.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 26
3.2 Objetivos específicos........................................................................................ 26
4. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 27
5. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 29
5.1 Representações sociais e a subjetividade do sujeito .................................... 29
5.2 Documentário como visão de mundo.............................................................. 32
5.3 Aproximações e divergências do documentário e do jornalismo ................. 34
6. METODOLOGIA ................................................................................................... 37
a) Análise de conteúdo ........................................................................................... 39
b) Grupo Focal ......................................................................................................... 47
7. DELINEAMENTO DO PRODUTO ......................................................................... 55
7.1 Formato .............................................................................................................. 55
7.2 Duração .............................................................................................................. 56
7.3 Personagens ...................................................................................................... 56
7.4 Público-alvo ....................................................................................................... 58
7.5 Veiculação .......................................................................................................... 59
7.6 Processo de Gravação ...................................................................................... 61
7.7 Linguagem ......................................................................................................... 62
7.8 Orçamento ......................................................................................................... 62
7.9 Viabilidade ......................................................................................................... 63
7.10 Roteiro .............................................................................................................. 64
7.11 Processo de edição ......................................................................................... 64
7.12 Trilhas ............................................................................................................... 64
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 66
9. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 68
APÊNDICES ............................................................................................................. 75
5
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho procura dar bases de estudo, reflexão e discussão, com
a produção de um videodocumentário jornalístico sobre liberdade de expressão no
radiojornalismo de Curitiba. Expressar-se é pré-requisito para posicionar-se em
relação a diversos cenários do cotidiano da comunicação. É, sobretudo, recurso
básico da função jornalística.
A importância do tema proposto está no plano individual por ser essencial
para o desenvolvimento da dignidade do ser humano e esse direito tem um papel
fundamental na sociedade, sendo o alicerce da organização democrática. Na „era da
informação‟ em que estamos vivendo, podemos considerar que os veículos
jornalísticos assumem a responsabilidade da preservação do exercício da liberdade
de expressão, sendo indispensável que as diversas gerações do mundo
contemporâneo estejam representadas por uma pluralidade de fontes jornalísticas.
Por isso quando existem exclusões ou impedimentos aos veículos de comunicação
ou a profissionais da área de comunicação, isso pode configurar, também, exclusão
à liberdade de expressão.
A perspectiva do trabalho está nos fatos ocorridos com o jornalista Gladimir
Nascimento, que após utilizar-se de recursos como âncora de programa jornalístico,
na Band News FM, fez comentários sobre a votação, referente ao aumento do fundo
de aposentadoria de funcionários e dos deputados, por parte da Assembleia
Legislativa do Paraná, ocorrido em dezembro de 2008. O jornalista foi demitido por
conta desse comentário. Os acontecimentos serão explicados ao longo do trabalho.
O tema é pertinente e o caso abordado é emblemático, pois fere princípios
constitucionais de liberdade de expressão. A importância deste estudo para a
comunicação está em trazer discussões e a possibilidade de conscientização da
sociedade. Pode mostrar o poder de coerção eventualmente exercido por empresas
de comunicação quando questões políticas e institucionais interferem os interesses
desses veículos.
As representações sociais são uma maneira do sujeito se mostrar para a
sociedade e o videodocumentário jornalístico se serviu dessa teoria para contar a
história da representação da demissão de Gladimir Nascimento, contada pelos
próprios protagonistas, onde a subjetividade do sujeito é testada dentro desse
conceito, já que a interpretação das notícias é atributo ligado a conceitos discutidos
6
por profissionais da área.
Para fundamentar este trabalho foi utilizada a teoria das representações
sociais com conceitos da psicologia social de Serge Moscovici (1976) que aborda a
relação indivíduo-sociedade e sua capacidade de aprendizado e de adaptação ao
meio e Sandra Jovchelovitch (2007) que diz que a teoria das representações sociais
estuda a relação entre “um sujeito, que através de sua atividade e relação com o
objeto-mundo constrói tanto o mundo como a si próprio” (p.19). Por meio desta
teoria verificou-se de que maneira os meios de comunicação de massa influenciam o
chamado „senso comum‟. O trabalho aborda também de que forma são feitas as
concessões de rádio e os problemas causados pela maneira que essas concessões
são cedidas. Também é feita a abordagem sobre o conflito existente entre a
liberdade de imprensa e liberdade de empresa, mostrando de que forma os
empresários dos meios de comunicação influenciam a mídia.
Espera-se que este trabalho possa ser capaz de promover o debate sobre a
liberdade de expressão no jornalismo. O presente trabalho pode servir, ainda, para
ampliar e discussão acerca das relações entre meios de comunicação de massa e
Estado, bem como, por fim, pode estimular a reflexão de possíveis alternativas ao
atual modelo de controle da liberdade de expressão no meio jornalístico.
Na delimitação do tema é abordado o significado da liberdade de expressão,
suas vertentes; liberdade de pensamento e de comunicação o desenvolvimento da
liberdade de expressão com os meios de comunicação de massa; a confusão da
abordagem sobre liberdade de imprensa e de empresa; a natureza do veículo rádio
no Brasil, suas implicações e conseqüências; o exercício da liberdade de expressão,
mostrando até onde se pode ir.
Como abordagem da fundamentação teórica do trabalho é focada na teoria
das representações o videodocumentário do trabalho mostra as representações dos
jornalistas envolvidos no caso da demissão de Gladimir Nascimento. As
representações sociais são uma maneira do sujeito se mostrar para a sociedade e o
videodocumentário jornalístico se serviu dessa teoria para contar a história da
representação contada pelos próprios protagonistas, onde a subjetividade do sujeito
é testada dentro desse conceito.
Uma revisão de literatura foi realizada para buscar autores no embasamento
sobre a abordagem do tema do trabalho. Foram feitas duas pesquisas
metodológicas, a primeira delas uma pesquisa quantitativa para entender se houve
7
ou não repercussão do caso na mídia e qual proporção esse caso teve, por isso foi
feita esta pesquisa. Como uma das intenções do trabalho é elevar a reflexão no
meio jornalístico a discussão da liberdade de expressão foi feito um grupo focal com
estudantes de jornalismo para verificar se eles conheciam casos de liberdade de
expressão ou conheciam, especialmente, o caso que envolveu a demissão de
Gladimir Nascimento da rádio Band News FM e de que maneira eles gostariam de
ver um produto sobre isso que ajudou a definir um videodocumentário como o
melhor caminho para ser feito um produto. Esta segunda pesquisa, feita com
estudantes de jornalismo, ajudou a definir o público-alvo do trabalho.
Como prévias até a finalização do trabalho, este estudo foi apresentado no
Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procad), realizado no mês de maio
de 20100F
1 pelo curso de Direito da Unibrasil em parceria com a Escola de
Comunicação da mesma faculdade. O trabalho também foi testado no Seminário de
Inverno de Comunicação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que
foi realizado em junho de 2010 1F
2. A participação foi significativa, pois as discussões
contribuíram para o direcionamento da pesquisa. Também foi produzido um artigo
com base nesse trabalho que foi selecionado e será publicado 2F
3 na Revista Cadernos
da Escola de Comunicação da Unibrasil, número 8.
1 http://www.observatoriociudadaniadigital.org/agenda/1-latest-news/158-20-21-maio-inclusao-
tecnologica-e-direito-a-cultura.html 2 http://www.tibagi.uepg.br/uepgnoticias/noticia.asp?Page=8272
3 http://apps.unibrasil.com.br/revista/
8
2. DELIMITAÇÃO DO TEMA
2.1 O significado de liberdade de expressão
A liberdade imprensa é a extensão da liberdade de expressão, direito
fundamental de toda a sociedade, assim garantido nas constituições de diversos
países dentro do estudo de Pieranti (2008). A Organização das Nações Unidas para
a Educação a Ciência e a Cultura – Unesco (1983) têm o mesmo posicionamento
que os autores Wheeker (1997), Kunczik (2002) e Kovach e Rosenstiel (2003)
quando afirma que os jornalistas são vitais para a existência de uma opinião pública
informada, de acordo com preceitos democráticos, ao resguardar o direito de a
sociedade receber informações. Esse conceito é essencial aos meios de
comunicação de massa. A liberdade de imprensa pressupõe não apenas a liberdade
de informar independentemente das idiossincrasias e ações dos membros da
administração pública, como também a independência em relação a interesses
privados.
Saavedra Lopez (1987) define a liberdade de expressão como o direito de
difundir, publicamente, por qualquer meio e perante quaisquer pessoas, qualquer
conteúdo simbólico. Ela pode ser exercida, segundo o autor, verbalmente, em uma
reunião ou uma manifestação pública; por escrito, através de livros, panfletos,
jornais, etc.; em encenações teatrais ou filmes; ou através do rádio e da televisão e
outros meios de comunicação em que jornalistas possam utilizar a liberdade de
expressão no exercício de sua função. Mas, em nada lhe altera o conteúdo se o livro
publicado ou o panfleto escrito for por uma ou por milhares de pessoas (p.18).
Lopez (1987) defende, ainda, que a liberdade de expressão pode ter
denominações diferentes em dependendo de cada técnica ou aplicação utilizadas
para exercê-la. Nesse caso o autor categoriza liberdade de expressão em liberdade
de imprensa, liberdade de radiodifusão, liberdade de televisão, entre outros. Lopez
(1987) afirma que o termo liberdade de expressão deveria ser utilizado num sentido
genérico, significando o direito a difundir publicamente qualquer conteúdo simbólico,
para qualquer público, por meio da utilização de qualquer técnica de comunicação.
O autor aborda que a liberdade de expressão não é “produto de um indivíduo já
autônomo, mas sim uma condição para que se desse sua autonomia, uma
9
autonomia de homens emancipados da ignorância e opressão” (Apud SILVA, Antônio
Taudeu Dix. Op.cit., p.88).
Nesta perspectiva, a liberdade de expressão em sua dimensão individualista
traduz-se em um direito negativo, pois tem como objetivo uma abstenção do Estado,
ou seja, exige uma ação negativa do poder estatal no sentido de não restringir a
manifestação do pensamento. “Assim, para garantir-se a liberdade de expressão em
sua extensão subjetiva não é necessária uma prestação, mas apenas um direito de
defesa”. (VIDAL, 2009, p.19). A dimensão objetiva, por sua vez, volta-se para a
coletividade, constituindo-se na proteção do próprio regime democrático. Nesta
sintonia, a liberdade de expressão tem valor por garantir a formação da opinião
pública, a participação de todos no debate público e na vida política, bem como o
pluralismo jurídico.
A declaração de princípios sobre a liberdade de expressão, dentro do plano
internacional, afirma que toda pessoa tem o direito de buscar, receber e divulgar
livremente informações e opiniões. Este princípio está em conformidade com o artigo
13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos e que também dispõe a
Declaração Universal dos Direitos Humanos 3F
4.
A liberdade de expressão, implica, então, que todas as pessoas devam ter
igualdade de oportunidades para receber, buscar e divulgar informação por qualquer
meio de comunicação sem discriminação por nenhum motivo. Ela é, portanto, um
direito fundamental e inalienável, inerente a todas as pessoas. É um requisito
indispensável para a existência das sociedades democráticas.
A liberdade de expressão decorre da necessidade de defesa da autonomia
individual dentro do processo político. Pressupõe logicamente a garantia e respeito
tanto da autonomia privada, quanto da autonomia pública. Mas é, por definição, um
direito individual. Ou seja, reconhecido aos particulares, garantindo-lhes iniciativa e
independência diante dos demais membros da sociedade política e do próprio
Estado. (SILVA, p.190). 4 A convenção Americana sobre Direitos Humanos dispõe em seu artigo 13, que „não se pode
restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou
particulares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos
usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a
comunicação e a circulação de ideias e opiniões‟. O disposto no texto da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, em seu artigo 19, „todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão:
este direito inclui a liberdade, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
10
2.2 Liberdade de expressão, de pensamento e de comunicação
A liberdade de manifestação e expressão do pensamento, como direito civil, é
um direito que surge exatamente para permitir, na norma jurídica, a livre circulação
de ideias através dos jornais e da imprensa em geral. A liberdade de expressão,
hoje, está vinculada no que pode-se denominar de liberdade de comunicação, que
consiste no direito do indivíduo utilizar livremente as mídias de sua escolha para
comunicar seu pensamento a outro, ou para aceder ao pensamento de outro.
Mais abrangente que a liberdade de imprensa, pois engloba todas as formas
utilizadas pelo indivíduo para expressar-se, segundo Francis Balle (1997) a
liberdade de comunicação é diferente da dimensão da liberdade de expressão cujo
exercício implica na utilização de uma técnica de difusão ou de comunicação.
Nesse sentido, reconhecendo que na sociedade moderna não há que se falar
efetivamente em liberdade de expressão se não for reconhecido o direito de difundir
ideias, pensamentos, notícias, acontecimentos e opiniões através dos meios de
comunicação. Os mais importantes instrumentos internacionais e a própria
Constituição Federal de 1988 estabelecem expressamente um elo entre os meios
comunicativos e a liberdade de expressão.
Ainda segundo a Constituição Federal de 1988, os meios de comunicação
social também são reconhecidamente instrumentos imprescindíveis para o efetivo
gozo do direito à liberdade de expressão. O artigo 220 da Carta Magna determina
que “a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob
qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o
disposto nesta Constituição” (p.15-16).
Contudo não se admite afirmar que a atividade dos meios de comunicação está
minimizada a uma relação privada entre os emissores e os receptores, como
frequentemente as empresas argumentam, para evitar todo tipo de regulamentação
de sua atividade. “Tanto a liberdade de expressão, como o direito à informação são
direitos fundamentais públicos e, portanto, afetam ao mesmo tempo as pessoas
individualmente e o desenvolvimento da sociedade e da vida social”. (RAMOS, 2007,
p.274).
Os meios de comunicação, sozinhos, exercem as prerrogativas de liberdade de
expressão e exercem uma função reconhecida como serviço público e, como tal,
deve ter garantias e ser protegida pelas normas jurídicas correspondentes criadas
11
dos poderes públicos do Estado, que são os representantes legítimos dos cidadãos
e que respondem política e juridicamente por eles.
As garantias dessas liberdades não foram acompanhadas, porém, de
mecanismos de regulação. As liberdades de expressão e de imprensa são não raro
interpretadas, como lembra Arbex Júnior (2001), como o direito que os donos das
empresas de comunicação têm de escolher o que será veiculado e publicado. A
forma como a liberdade de expressão é afirmada na Constituição brasileira e a
inexistência, no art. 220, de mecanismos de regulação a serem operados pelo
Estado, têm funcionado, “como uma negação dos empresários à necessidade de
estabelecer limites” (CASTRO, 2002, p.124).
Herman e Chomsky (2003) demonstram ceticismo ao tratar da independência
da imprensa, lembrando que o jornalismo contemporâneo estrutura-se de acordo
com a lógica empresarial e necessariamente subjugando-se, portanto, a interesses
privados nem sempre compatíveis com os públicos. Ressalta-se que interesse
público é conceito permanentemente associado aos meios de comunicação de
massa.
Ana Carolina Ponte Vidal (2005) defende a tese de que os veículos jornalísticos
deveriam informar de maneira comprometida e ética os assuntos de interesse
público, fomentar a cidadania e servir como espaço de convergência das diversas
concepções políticas, filosóficas, econômicas e sociais existentes. Vidal (2005)
afirma ainda que a sociedade contemporânea depende da imprensa para ter acesso
aos acontecimentos diários importantes para a vida política que contribua para a
formação de uma opinião pública independente e pluralista. “Portanto, ainda que a
imprensa não exercite seus deveres de forma ideal, é certo que ela, favorecendo a
ilustração dos cidadãos, ainda contribui de forma positiva para a plena realização da
organização democrática” (Vidal, 2009, p.41).
É central para o jornalismo a defesa de interesses públicos já que a imprensa
se constitui em catalisador de demandas no âmbito público, papel que, para Kunczik
(2002), é ainda mais ressaltado em países em desenvolvimento.
Este conceito de liberdade de expressão, ligado à idéia de direito à informação,
apresenta três aspectos diferentes para Canotilho:
Em primeiro lugar, existiria o Direito de informar que consiste na liberdade de transmitir ou comunicar informações a outrem, de as difundir sem impedimentos. Pode também consubstanciar-se no direito ao acesso a meios para informar; o
12
Direito de se informar que seria a liberdade de recolha da informação. Por fim, o Direito a ser informado seria a versão positiva do direito de se informar, consistindo no direito a ser mantido informado. (CANOTILHO,2002,p225).
A liberdade de pensamento está inserida, na Constituição Federal de 1988, em
seu artigo 5° (cláusula pétrea), inciso IX, que diz:
É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença (...) é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. Art.. 220: a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto. (...) Parágrafos 1° e 2°: nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto do art. 5°, IV, V, X, XIII e XIV (...) “é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988, p.15-16).
Pieranti e Zouain (2006) frisam que nunca, na história da República do Brasil, a
liberdade de expressão e o veto à censura ficaram tão explícitos quanto na
Constituição Federal de 1988. A liberdade de expressão, dentro de um Estado
Democrático de Direito, é direito essencial não podendo sofrer nenhum tipo de
cerceamento no que se refere a censura de natureza política, ideológica e artística.
Discussões sobre os limites do tema estão sempre em pauta, jornalistas defendem
que podem expressar-se livremente enquanto alguns juristas afirmam que esta
liberdade deve ser encarada com moderação.
Liberdade de crença, opinião, de palavra, de expressão, de imprensa. Uma vez
proclamadas, essas liberdades, sujeitas ou não a deveres, e acompanhadas ou não
de garantias relativas aos meios materiais necessários para o seu exercício segundo
os países, provocam, entretanto, algumas limitações que podem ser mínimas ou,
pelo contrário, abarcar diversos aspectos relacionados com o seu exercício.
Ramos e Santos (2007) mostram em seu estudo que o direito fundamental à
liberdade de expressão é considerado um direito civil e político e o direito
fundamental à informação enquadra-se dentro dos direitos sociais e culturais. Estes
protegem a pessoa no desenvolvimento de sua vida social e coletiva como direito
subjetivo público de caráter social e cultural.
Produto da revolução industrial, esse direito desenvolveu-se com o nascimento
dos meios de comunicação de massa, dentro do novo conceito de Estado Social de
Direito. No último século, quando os meios de comunicação foram se transformando
13
em meios de comunicação de massas, a partir principalmente do desenvolvimento
do rádio e da televisão, também começaram a satisfazer as necessidades coletivas
e sociais de informação e comunicação (MEYROWITZ, 1985). O autor explica ainda
em seu estudo que o direito à informação determina deveres ao Estado para que
atenda aos interesses da sociedade. Neste caso há necessidade de reflexão maior
sobre a natureza e as funções dos meios de comunicação para que se possa chegar
a uma noção de que estes são serviços públicos, justamente por influenciarem sobre
a opinião pública.
Como posiciona-se Pieranti (2004) a liberdade de imprensa deve ter
reconhecimento por parte do Estado. Sozinhos os meios de comunicação são
incapazes de garantir essa liberdade, já que podem ser submetidos a mecanismos
de coerção por parte do poder público. Nesse contexto, há necessidade que a
Administração Pública, segundo Pieranti (2004) crie uma legislação que estabeleça
a liberdade de imprensa, mas que também não deixe que mecanismos de coerção
possam inviabilizar a prática jornalística.
2.3 Desenvolvimento da liberdade de expressão com os meios de
comunicação de massa
Em estudo de Robert Dahl (2001) o autor classificou seis instituições como
sendo essenciais à poliarquia, que para ele são modelos de democracia. Quatro
desses modelos (funcionários eleitos; eleições livres, justas e freqüentes; autonomia
para as associações; e cidadania inclusiva) não se relacionam diretamente às
atividades ligadas à comunicação. As outras duas instituições estão ligadas
diretamente à comunicação: liberdade de expressão e fontes diversificadas de
informação que relacionam-se à satisfação de critérios básicos para a vigência de
um regime democrático. Dahl (2001) aborda em seu ensaio que a imprensa deve ser
livre (numa extensão no princípio de liberdade de expressão) e a sociedade deve ter
acesso a fontes múltiplas de informação, que têm como uma de suas funções, a
fiscalização do Estado e dos atores a ele ligados.
Com base nas interpretações de Dahl (2001) os meios de comunicação são
importantes para esses mesmos atores, devido a seu poder de difusão da
14
informação. Contudo a acomodação desse impasse envolve uma ampla e constante
busca, por parte de atores ligados ao Estado, de influência sobre os meios de
comunicação para torná-los mais dependentes e, na prática, amarrados a eventuais
interesses pessoais.
Althusser (1987) relaciona os meios de comunicação como um dos meios de
aparelhos ideológicos do Estado, ou seja, instituições que, mesmo oficialmente
controlados pela iniciativa privada, reproduzem a ideologia do Estado e as relações
de produção vigentes. Em estudo semelhante, Vieira (1984) lembra disso ao afirmar
que:
Os meios de comunicação de massa são aparelhos ideológicos do Estado, mas não são apenas isso, porque, no que refletem o Estado, eles também fazem o Estado, reproduzem a ideologia do mercado e o mercado mesmo, o produto e o consumo do produto, mas, acima de tudo, a existência de um sistema fundado no consumo, ou no mercado, e, afinal, o que os aparelhos reproduzem mesmo é o mecanismo das relações de produção. (VIEIRA, 1984, p.22)
Octavio Pieranti e Paulo Matos Martins (2008) afirmam ser mais difícil para o
Estado a formulação e a implementação de políticas que se refiram ao conteúdo
informativo dos meios de comunicação, já que medidas que incidem sobre os
interesses do empresariado correm o risco de ser prontamente taxadas de
inconstitucionais e de estarem violando a liberdade de expressão. Na sua
abordagem posicionam-se que “a liberdade de imprensa caracteriza-se por seu
caráter praticamente desregulado, sem que o Estado consiga estabelecer limites
para o conteúdo a ser difundido” (p. 316).
Segundo Pieranti (2008) a falta de controle a uma censura interna nas
redações ou sem que profissionais não sejam, de alguma forma, resguardados por
cláusulas de consciência, acaba por prevalecer a liberdade de empresa, mediante a
qual os donos dos meios de comunicação e os funcionários de sua confiança
tornam-se os responsáveis por escolher o que será divulgado. O interesse público
nem sempre é encarado como prioritário.
Seria falacioso afirmar que o Estado brasileiro contemporâneo controla os
meios de comunicação. Na verdade busca-se compreender neste trabalho essa
relação contraditória entre os meios de comunicação e o Estado, pois estes são
marcados por conflitos que opõem os interesses pessoais a princípios democráticos.
15
2.3 Confusão entre liberdade de imprensa e de liberdade de empresa
Relatório da Unesco (1983) mostra que a liberdade de imprensa, mais ampla, é
uma extensão da liberdade de expressão. Garantido esse direito, jornalistas tornam-
se aptos a informar a sociedade como acharem condizente, sem filtros prévios ou
simultâneos, devendo estar atrelados apenas em códigos de ética específicos.
Pieranti e Zouain (2006) defendem esta abordagem também ao afirmar que a
liberdade de imprensa pode ser resguardada, na prática, por instrumentos
específicos, como a „cláusula de consciência‟.
Em países onde vigora essa proteção legal, jornalistas podem se recusar a
cumprir ordens ou divulgar notícias com determinado viés, se julgarem que essas
atitudes ferem sua honra ou não refletem a veracidade dos fatos. Em alguns casos,
há proibição explícita de demissão de jornalistas com base nas crenças que
professam. No Paraná, a Convenção Coletiva de Trabalho 2009/2010, do Sindicato
dos Jornalistas Profissionais que rege a categoria, aborda o tema em sua cláusula
vigésima quinta, que trata do Código de Ética onde diz que será nula toda
advertência ou punição aplicada ao jornalista empregado que contraria orientação
ou imposição da empresa, consideradas pelo Conselho de Ética como afrontosas ao
código da profissão.
Na abordagem de conflitos entre interesses públicos e privados, Arbex Júnior
(2001), aponta a confusão entre a liberdade de imprensa e a da empresa. No
estudo, o autor mostra que o conceito de interesses públicos refere-se a uma
liberdade pública, fruto de conquistas em ambiente democrático, não podendo ser
interpretado como bem de empresas específicas. A liberdade de imprensa é
discutida, segundo Arbex (2001) como se fosse o direito que os empresários do
setor têm de transmitir informações que julgam ser de interesse. Essa, porém, no
posicionamento do autor, é a liberdade de empresa, vinculada às idiossincrasias de
pessoas específicas.
A garantia dessas liberdades não foi acompanhada, porém, de mecanismos de
regulação. As liberdades de expressão e de imprensa são não raro interpretadas,
como lembra Arbex Júnior (2001), como o direito que os donos das empresas de
comunicação têm de escolher o que será veiculado e publicado. A forma como a
liberdade de expressão é afirmada no principal documento legal do país e a
16
inexistência, no art. 220, de mecanismos de regulação a serem operados pelo
Estado, têm funcionado, “como uma negação dos empresários à necessidade de
estabelecer limites” (CASTRO, 2002).
No estudo Arbex (2001), mostra que o conceito de interesses públicos refere-se
a uma liberdade pública, fruto de conquistas em ambiente democrático, não
podendo ser interpretado como bem de empresas específicas. A liberdade de
imprensa é discutida como se fosse o direito que os empresários do setor têm de
transmitir informações que julgam ser de interesse. Essa, porém, no posicionamento
do autor, é a liberdade de empresa, vinculada às idiossincrasias de pessoas
específicas.
Outra abordagem em questão que requer consideração é que não existe
somente a censura, possivelmente, praticada pelo Poder Público, mas também as
praticadas por ocupantes de chefias de publicações ou programas de cunho
jornalístico. Esta, inclusive, não é regulamentada, fazendo parte da rotina de
empresas jornalísticas privadas.
Para que a liberdade de imprensa seja garantida, não é necessária somente a
vigência de leis que a assegurem, mesmo que estas sejam essenciais, pois a edição
das mesmas não são garantias de que trarão maior amplitude às liberdades. Muito
menos à liberdade de comunicação, pois esta não está só associada às leis vigentes
em cada país, mas à organização das empresas jornalísticas, aos atributos da
profissão e principalmente a relação entre os interesses privados de empresários e a
defesa do interesse público que deveria ser feita por jornalistas.
2.4 A natureza do veículo rádio no Brasil
Os meios de comunicação de massa são compostos por diversos veículos
jornalísticos com prerrogativas e predominâncias individuais. Este trabalho tem como
enfoque o veículo rádio e para explicar um pouco os mecanismos e como funciona
esse meio de comunicação, faremos breve contextualização e explicaremos de que
forma é concentrada a propriedade e as concessões feitas no rádio. Inclusive
falaremos também de televisão, já que esse veículo de comunicação tem forte
influência das concessões para suas transmissões.
17
Rádio e televisão têm servido no Brasil como instrumentos de poder e de troca
de favores e interesses, como moeda de troca entre o Governo Federal e o setor
privado, segundo Israel Fernando de Carvalho Bayma (2001). O autor afirma que o
ex-presidente Sarney concedeu, entre 1985 e 1988, um grande número de licenças
de emissoras de rádio e TV para empresas ligadas a parlamentares federais, os
quais ajudaram a aprovar a emenda que lhe deu cinco anos. Bayma (2001) afirma
que Fernando Henrique Cardoso, até setembro de 1996, autorizou 1.848 licenças de
RTV, repetidoras de televisão, sendo que 268 para entidades ou empresas
controladas por 87 políticos, todos favoráveis à emenda da reeleição.
O termo coronelismo é utilizado como uma forma peculiar de manifestação do
poder privado, com base no compromisso e na troca de proveitos com o poder
público, segundo Célia Stadnik (1991). Para a autora, a ciência política trata como
coronelismo a relação entre os coronéis locais, líderes das oligarquias regionais, que
buscavam tirar proveito do poder público, no século XIX e início do século XX “e não
há como deixar de se associar esse termo aos atuais impérios de comunicação
mantidos por chefes políticos oligárquicos, que têm, inclusive, forte influência
nacional” (BAYMA, 2001, p.140). Segundo o autor ainda o compadrio, a patronagem,
o clientelismo, e o patrimonialismo ganharam, assim, no Brasil, a companhia dos
mais sofisticados meios de extensão do poder da fala até então inventados pelo
homem: o rádio e a televisão.
Bayma (2001) afirma, ainda, que no Brasil constituiu-se em um dos traços
determinantes do atual poder oligárquico nacional, a posse de estações de rádio e
de televisão por grupos familiares e pelas elites políticas locais ou regionais e que se
convencionou chamar de coronelismo eletrônico.
As constituições brasileiras desde 1946 proíbem o controle das empresas
jornalísticas e de radiodifusão por parte de pessoas jurídicas, sociedades anônimas
por ações e estrangeiros. Lima (2001) afirma que a intenção dos legisladores era
permitir a identificação plena dos proprietários e impedir o controle da mídia pelo
capital estrangeiro. O autor mostra também que o efeito indireto de tais restrições
legais produziu a formação de monopólios familiares no setor de comunicação de
massa.
Bayma (2001) aborda que ao tratar da propriedade dos meios de comunicação
o art. 12 do Decreto n º 236, dispõe sobre os limites da propriedade. Ficam explícitos
na lei que não poderão ter concessão ou permissão às entidades das quais faça
18
parte acionista ou cotista que integrem o quadro social de outras empresas
executantes do serviço de radiodifusão, além dos limites já fixados. Além disso,
nenhuma pessoa poderá participar da direção de mais de uma empresa de
radiodifusão, em localidades diversas, em excesso aos limites estabelecidos. Ao
tratar, mais uma vez, da concentração de propriedade, notadamente das
organizações de sistemas de redes, o Decreto estabelece que as empresas que
foram concessionárias ou tiveram permissão para o serviço de radiodifusão “não
poderão estar subordinadas a outras entidades que se constituem com a finalidade
de estabelecer direção ou orientação única, através de cadeias ou associações de
qualquer espécie” (p.142).
Embora a lei proíba o exercício da „função de diretor ou gerente de empresa
concessionária de rádio ou televisão a quem esteja no gôzo de imunidade
parlamentar ou de foro especial‟ (Código Brasileiro de Telecomunicações, Parágrafo
Único do Art. 38), várias táticas têm sido aplicadas para burlar a norma legal (LIMA,
2001). Além disso, na tradição política brasileira, a concessão de emissoras de rádio
e televisão foi sempre usada como „moeda política‟ em troca de apoio para o grupo
transitoriamente ocupante do Poder Executivo (MOTTER, 1994). Expressões como
„coronelismo eletrônico‟ ou „cartórios eletrônicos‟ têm sido frequentemente utilizadas
para caracterizar a tentativa de políticos de exercer, através dos meios de
comunicação de massa, o controle desses veículos para ficar próximo de sua área
de atuação política.
Por outro lado, os limites de propriedade estabelecidos pelo Código Brasileiro
de Telecomunicações (de 1962, ainda em vigor no que se refere a radiodifusão)
raramente são cumpridos. O efeito indireto de tais restrições legais produziu a
formação de monopólios familiares no setor de comunicação de massa. Conforme
Lima (2001) apenas oito grupos familiares controlam o setor de rádio e televisão no
Brasil, conforme tabela a seguir:
Grupos familiares e números de emissoras na radiodifusão brasileira
Nacionais Televisão Rádio
Marinho (Globo) 32 20
Saad (Bandeirantes) 12 21
Abravanel (SBT) 10 -
19
Regionais Televisão Rádio
Sirotsky (RBS-Sul) 20 20
Câmara (Centro-Oeste) 08 13
Daou (Norte) 05 04
Zahran (Mato Grosso) 04 02
Jereissati (Nordeste) 01 05
(LIMA, 2001, p. 106)
Obs.: Embora a legislação em vigor limite a cinco o número de emissoras de TV
por grupo, as redes burlam as regras se associando às estações de outros
proprietários que funcionam como meras repetidoras locais ou regionais da
programação nacional.
A tabela acima mostra que os principais grupos familiares do setor de
comunicações no Brasil são: família Marinho (Globo), que possui32% de
concessões em TV no Brasil. No segmento rádio o grupo Globo tem participação de
20% dessas concessões. A família Saad (Bandeirantes) possui 12% das concessões
em TV e têm participação de 21% em rádio. Já a família do grupo Abravanel (SBT)
participa com 10% das concessões de transmissão de TV.
Já a leitura das concessões regionais na observação da tabela acima a família
Sirotsky (RBS), participa com 20% das concessões de TV e possui também 20%das
concessões de rádio; a família Câmara (Centro-Oeste), participa com 8% das
concessões de TV e possui participação de 13% nas de rádio; a família Daou (Norte)
participa com 5% das concessões de TV e tem participação com 4% das
concessões em rádio; a família Zashran (Mato Grosso) tem participação de 4% nas
concessões de TV no Brasil e com 2% das concessões em rádio e a família
Jereissati (Nordeste), participa com 1% de TV e com 5% das concessões em rádio.
No Paraná, segundo levantamento feito pelo jornal Gazeta do Povo 4F
5, publicada
dia 13 de junho de 2011, 15% das rádios registradas no Ministério das
Comunicações estão nas mãos de políticos. O jornal afirma que pelo menos 54
emissoras de rádio das 355 com registro no governo federal são de propriedade de
políticos ou familiares de políticos. Segundo a reportagem entre os empresários do
setor estão ex-governadores, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado,
5 http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1136363&tit=Politicos-sao-
donos-de-15-das-radios-no-PR. Acesso em 13/06/2001
20
secretários de estado, deputados federais e estaduais, prefeitos, ex-prefeitos e
vereadores. Destes, foram identificados 45 donos de rádios que exercem ou
exerciam cargos eletivos. (KOHLBACK, 2011).
A reportagem mostra, ainda, entrevista do ministro das Comunicações, Paulo
Bernardo, que considera um índice alto de 15% de emissoras de rádio do Paraná
ligadas a políticos ou a parentes de políticos. Na entrevista publicada no jornal
Gazeta do Povo, o ministro das Comunicações afirma ser necessária uma nova
legislação e que “está pronta a minuta de um decreto (...) que vai alterar os critérios
de concessão de rádios e TV comercial. Haverá mais exigências. Vamos exigir
parecer de auditoria dizendo que a empresa tem capacidade técnica e financeira
para implantar a emissora”. (KOHLBACK, 2011).
Em Curitiba, segundo a publicação do jornal, apenas duas rádios aparecem na
pesquisa: a Rádio Caiobá FM, pertencente ao ex-governador João Elisio Ferraz de
Campos e a Rádio LK Radiodifusão (Rádio Banda B), pertencente ao secretário
estadual do Emprego e Trabalho, Luiz Cláudio Romanelli e Maria Aparecida da Silva
Martins, mulher do ex-deputado estadual Luiz Cláudio Martins. Porém esses
números podem ser ainda maiores. Como exemplo pode-se citar a Rádio Massa 5F
6
FM, que pertence ao empresário Carlos Roberto Massa, o apresentador Ratinho,
que têm como âncora do programa „Microfone Aberto‟ seu filho, o deputado federal
Ratinho Junior.
Além do monopólio familiar, Lima (2001) aponta outra característica marcante
do sistema de mídia brasileiro: o controle de parte importante das emissoras de
rádio e televisão por políticos. O autor enfatiza que até o ano de 1988 – ano da
promulgação da atual Constituição –, a concessão de serviços de radiodifusão era
atribuição do presidente da República que usava de sua posição como moeda de
troca política. Como resultado desta legislação criou-se no Brasil como o trabalho
expôs no item anterior, o chamado „coronelismo eletrônico‟, com “políticos
controlando e usando a mídia local ou regional para seus interesses políticos e
eleitorais” (LIMA, p.108). A tabela a seguir resume a situação no panorama nacional.
6 Disponível em http://www.massafm.com.br/content/massa-fm. Acesso em 13/06/2011.
21
Emissoras de rádio e televisão controladas por políticos – Brasil (1994)
Emissoras Total Brasil Políticos e ex-políticos %
Televisão 302 94 31,12
Rádio 2.908 1.169 40,19
(LIMA, 2001, p. 107)
O veículo rádio é apontado pelo autor, na tabela acima, como possuidor de
2.908 concessões, sendo que destas 1.169 são de propriedade de políticos e ex-
políticos, o que representa 40,19% do total das concessões. De acordo com o autor,
mesmo com as novas regras definidas pela Constituição de 1988 a prática de
distribuir as concessões dos serviços de radiodifusão continuaram: das 1.848
estações repetidoras de TVs autorizadas depois de 1995, já no governo de
Fernando Henrique Cardoso 268 foram dadas a empresas ou entidades controladas
por políticos (LIMA, 2001, p.109).
Lima (2001) constatou que, em 1985, foram distribuídos pelo presidente José
Sarney 127 concessões; em 1986, 154; em 1987, 208 e, em 1988, durante os dez
meses que antecederam à promulgação da nova Constituição Federal, 539 (52% do
total do governo). Ao todo, foram outorgadas 1028 concessões – 30,9% de todas as
2200 feitas desde 1934. Conclui-se então que 16,3% dos 559 parlamentares
constituintes receberam concessões de emissoras de rádio ou televisão.
A fiscalização pelo Congresso Nacional, determinada pela Constituição Federal
de 1988, não evitou a utilização política da distribuição de concessões nos anos
posteriores à promulgação da Constituição. Critérios políticos ou econômicos,
usados como valores absolutos, não são o bastante para garantir a pluralidade de
fontes de informação. Deve-se aliar também políticas voltadas a uma maior
democratização das comunicações – depende-se, nesse caso, de ação incisiva por
parte do Estado.
2.5 Exercício de liberdade, até onde se pode ir
„Em 20 minutos tudo pode mudar‟. Com este slogan a rádio Band News FM
Curitiba entrou em operação no dia 2 de janeiro de 2006 na freqüência 96,3 onde
22
anteriormente gerava a transmissão da rádio Rock Studio 96. A rádio faz parte do
Grupo Bandeirantes de Comunicação. Transmite parte da programação da rede
Band News FM e outra parte de programação local. A rede transmite vários boletins
de notícias com duração de cerca de vinte minutos durante toda a programação,
intercalados por análises de colunistas além de programas gerados pela
programação local.
A implementação da programação local da emissora, em Curitiba, esteve a
cargo do jornalista Gladimir Nascimento, que contou com a colaboração de uma
equipe formada pelos profissionais como: Denise Mello, Daiane Figueiró, Patrícia
Thomaz, Heliberton Cesca, Aline Castro, Vinícius Sgarbe, Giselle Hishida, Tathiana
Pereira, além de técnicos e outros jornalistas que já faziam parte da emissora antes
da instalação da programação da Band News FM em Curitiba, além de técnicos e
profissionais da área comercial.
No dia 15 de janeiro de 2009 Gladimir Nascimento foi demitido da emissora e,
segundo ele, o motivo foi por „pressões políticas‟ (MARTIN, 2009). A demissão foi
ocasionada após um comentário que o jornalista fez ao saber da votação ocorrida na
Assembleia Legislativa do Paraná quando no dia 18 de dezembro de 2008, de
madrugada, em horário que não é habitual a votação de matérias, os deputados,
segundo Gladimir Nascimento, aprovaram a aposentadoria especial deles e de
funcionários da Assembleia e reservaram para o ano de 2009 cerca de R$ 17
milhões para esta despesa. A matéria entrou em pauta e foi aprovada sem o registro
dos votantes pró e contra, já que o painel eletrônico estava desligado.
Ao saber do comportamento dos deputados paranaenses, Gladimir Nascimento
relatou, com indignação, a notícia dessa última sessão legislativa do ano de 2008,
na Assembleia Legislativa do Paraná. Segundo o jornalista, a matéria entrou em
votação e foi aprovada sem aprovação das comissões competentes, com o painel
eletrônico desligado e sem estar na pauta de votações do dia. O jornalista informou
ainda que com esta aprovação, os deputados passariam a receber uma
aposentadoria de R$ 10,2 mil por mês.
Tal acontecimento fez com que Gladimir Nascimento fizesse comentários
exercendo a sua liberdade de expressão para comentar a atitude dos deputados
paranaenses. O jornalista teceu o seguinte comentário: “Elegemos os políticos para
serem representantes do povo e eles nos surpreendem como ladrões de galinha”
23
(MARTIN, 2009)6F
7. Nascimento informou também que Joel Malucelli, proprietário da
emissora em Curitiba, quando comunicou a sua demissão em reunião posterior „teve
coragem de lhe relatar a verdade‟, o porquê de ter sido demitido. “Os comentários
que eu fiz são fortes. Se as pessoas não gostam, que me demitam”, disse
Nascimento. “Este episódio foi um exercício de liberdade, saber até onde poderia ir,
e Joel (Malucelli) foi transparente”. (MARTIN, 2009).
Por meio de pesquisa de análise de conteúdo, que será aprofundada mais
adiante (p. 40), o trabalho verificou a repercussão do ocorrido, por meio da busca de
informações da repercussão através da internet.
Os organismos da imprensa de Curitiba e de outros Estados da federação se
manifestaram por meio de blogs e sites como o Comunique-se, que emitiram notas
ou matérias informando da votação, sem aprofundamento, sobre o aumento da
aposentadoria por parte dos deputados, principalmente da forma como a votação
aconteceu.
Este caso é emblemático e requer discussão já que o fato ocorrido pode servir
para repensar a liberdade de expressão no radiojornalismo de Curitiba. Com isso,
busca-se neste trabalho a produção de um documentário jornalístico audiovisual
sobre a liberdade de expressão na manutenção de um Estado Democrático de
direito. O enfoque está nos fatos ocorridos com o jornalista Gladimir Nascimento.
A objetividade jornalística aliada ao aprendizado profissional está presente no
exercício do jornalista fazendo com que ele informe o fato sem emissão de juízo de
valor. Esta característica é mais exigida quando se trata de jornalismo informativo.
Contudo, a alegação de objetividade, como a demonstrada nas noções dos
jornalistas, torna-se ineficiente quando o exercício profissional impõe a necessidade
de comentar, opinar e interpretar fatos da realidade. Tuchman (1999) mostra em seu
estudo que os fatos são selecionados segundo o critério de julgamento do redator,
do repórter e critério dos editores. A linha editorial do veículo se faz presente para
suprir matéria jornalística se o tema a ser noticiado contraria interesses empresariais
do veículo.
A interpretação das notícias é atributo ligado a conceitos discutidos por
profissionais da área. A subjetividade faz parte do conhecimento profissional do
jornalista, sua bagagem cultural, seus estudos e repertório adquiridos no exercício,
7Comentário político causa demissão na Band News Curitiba, disponível no site Comunique-se.com
24
sofrendo assim os efeitos da teoria organizacional. Em sua pesquisa o escritor Rossi
diz:
é realmente inviável exigir dos jornalistas que deixem em casa todos esses condicionamentos e se comportem, diante da notícia, como profissionais assépticos, ou como a objetiva de uma máquina fotográfica, registrando o que acontece sem imprimir, ao fazer o seu relato, as emoções e as impressões puramente pessoais que o fato neles provocou. (p.10)
Luiz Amaral (1996) explica o porquê a objetividade jornalística ser
considerada, por muitos estudiosos, um mito: “somos prisioneiros de sistemas de
valores adquiridos. Os nossos atos são influenciados, quando não determinados, por
nossa maneira própria de ver, sentir e reagir à ação dos agentes externos (...)” (id,
p.18). Isso aparece, principalmente, quando se trata do discurso jornalístico de rádio,
onde o jornalista interpreta as notícias. Isto é abordado pelo estudo de Diana (1987),
que ilustra bem o desafio enfrentado pelo jornalista de rádio que utiliza-se apenas da
voz para se comunicar com o público.
2.6 O gênero opinativo no radiojornalismo
A manifestação de opinião no jornalismo contemporâneo ganha classificação
em gêneros, segundo estudo de Melo (1994). O autor sustenta que o surgimento do
comentário no jornalismo brasileiro afigura-se como espaço propício para a
expressão opinativa dos seus profissionais. As oportunidades para a manifestação
de opinião nos veículos jornalísticos sempre estiveram, segundo o autor, acessíveis
aos grandes intelectuais ou aos repórteres destacados. Para Melo (1994) comentar
é uma tarefa que pressupõe ancoragem informativa e perspectiva histórica. Uma das
características do comentário é a sua continuidade, pois uma matéria que contém
uma abordagem de fatos relaciona-se necessariamente com os fatos que
antecederam e com os que virão. “O ofício do comentarista é justamente estabelecer
nexo que liga os fatos” (p.115)
Para Melo (1994) o gênero comentário no jornalismo opinativo é recente no
Brasil, pois atende a uma exigência da mutação jornalística que se processou
através da rapidez na divulgação das notícias (rádio e televisão) (MELO, p.112). O
25
autor defende a tese de que o comentarista não é um julgador partidário e sim um
analista que aprecia os fatos, estabelece conexões, sugere desdobramentos, mas
procura manter certo distanciamento dos fatos, sem deixar de ser neutro. Desta
forma “o comentário emerge como gênero definido, realizando uma apreciação
valorativa de determinados fatos. A ótica utilizada não é necessariamente a da
empresa. Abre-se a oportunidade para que o jornalista competente possa emitir suas
próprias opiniões, responsabilizando-se naturalmente por elas” (MELO, 1994, p.113).
A duração dos fatos que estão sendo abordados é uma função de projeção do
comentarista. Quando cria-se vínculo com os receptores, segundo o autor, o
comentarista torna-se um ponto de referência permanente. Suas avaliações das
ocorrências de determinados temas abordados são buscadas porque o ouvinte, o
telespectador quer saber, segundo Melo (1994) como comportar-se diante dos
assuntos tratados, testando pontos de vistas ou procurando (re)conhecer novos
parâmetros para entender o cotidiano dos acontecimentos.
Diante desse contexto, de que forma a liberdade de expressão dos jornalistas
pode ser abordada, por meio de um videodocumentário jornalístico, que conte o
caso da demissão de Gladimir Nascimento da Band News FM?
26
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Promover uma discussão sobre liberdade de expressão a partir das
representações sociais de jornalistas envolvidos com o caso da demissão de
Gladimir Nascimento da Band News FM, por meio de um videodocumentário
jornalístico.
3.2 Objetivos específicos
• Discutir os conflitos existentes entre interesses jornalísticos e empresariais
nos veículos radiofônicos do Paraná.
• Analisar por meio de pesquisa quantitativa como foi a repercussão do caso
na mídia
• Incitar estudantes e profissionais de comunicação a refletir sobre liberdade
de expressão no jornalismo.
• Apontar que, mesmo sendo direito garantido na constituição federal, a
liberdade de expressão não é exercida em sua plenitude no cotidiano
profissional dos jornalistas.
27
4. JUSTIFICATIVA
A escolha do tema que aborda a liberdade de expressão no radiojornalismo
de Curitiba, deve-se ao caso ocorrido com o jornalista Gladimir Nascimento, da Band
News FM. O tema é de relevância para o meio jornalístico porque fere um preceito
constitucional e gera uma lacuna nos meios de comunicação. A liberdade de
expressão foi vetada após o comentário do jornalista que utilizou o exercício de sua
liberdade de expressão e foi demitido por esse comentário.
Maria Cristina Romo Gil (1987) ilustra bem o desafio enfrentado pelo jornalista
de rádio que utiliza-se apenas da voz para se comunicar com o público. No estudo, a
autora aborda que o audiovisual mostra mais força, pois olhos e ouvidos atuam em
conjunto, com isso retêm-se 85% da mensagem até três horas após a emissão, e
após três dias, 65% do que foi mostrado ainda é lembrado. (JUNG, 2007, p.16). Isto
permite a abordagem através de entrevistas de jornalistas e pessoas com imagens
que possam trazer uma representação mais próxima da realidade, provocando uma
reflexão maior no telespectador. No jornalismo radiofônico existe uma preocupação
maior quanto à linguagem a ser utilizada, pois a mensagem tem que ser entendida
corretamente pelo ouvinte.
A delimitação do trabalho discute temas como a liberdade de expressão,
pensamento e comunicação; o desenvolvimento da liberdade de expressão com os
meios de comunicação de massa; a confusão entre liberdade de imprensa e de
liberdade de empresa e suas implicações, a natureza do veículo rádio no Brasil, e a
influência das concessões no meio de comunicação, mas tem como base
principalmente a discussão sobre liberdade de expressão, porque este foi algo
fundamental para o jornalismo e é emblemático e também vital para entender o
caso.
A liberdade de expressão, implica que todas as pessoas devam ter igualdade
de oportunidades para receber, buscar e divulgar informação por qualquer meio de
comunicação sem discriminação por nenhum motivo. Ela é, portanto, um direito
fundamental e inalienável, inerente a todas as pessoas. É um requisito indispensável
para a existência das sociedades democráticas. A liberdade de expressão e o
acesso a fontes de informação diversificadas estão relacionados à satisfação de
critérios básicos para a vigência de um regime democrático. Expressar-se livremente
é pré-requisito para que atores sociais possam se posicionar em relação a qualquer
28
cenário diverso.
Vidal (2009) afirma que a liberdade de expressão em sua extensão subjetiva
não é necessária uma prestação, mas apenas um direito de defesa (p.19). A
dimensão objetiva, por sua vez, volta-se para a coletividade, constituindo-se na
proteção do próprio regime democrático. Neste diapasão, a liberdade de expressão
tem valor por garantir a formação da opinião pública, a participação de todos no
debate público e na vida política, bem como o pluralismo jurídico.
A teoria das representações sociais embasa o trabalho porque este conceito
dá espaço para o sujeito, para ele mostrar sua singularidade, sua individualidade.
Como o documentário quer contar a partir das próprias pessoas envolvidas no caso,
a teoria ajuda a entender isso, a singularidade das pessoas. As representações
sociais abordam a relação indivíduo-sociedade e sua capacidade de aprendizado e
de adaptação ao meio. Reflete “sobre como os indivíduos, os grupos, os sujeitos
sociais, constroem seu conhecimento a partir da sua inscrição social, cultural, por
um lado, e por outro, como a sociedade se dá a conhecer e constrói esse
conhecimento com os indivíduos” (ARRUDA, 2002, p.128).
Outro fator que justifica a escolha pelo videodocumentário está na dificuldade
em divulgar o produto tanto em rádio comercial quanto emissoras em geral, pois o
presente trabalho aborda justamente o veículo, seus problemas de concessões e
modos de relacionamento com os profissionais de comunicação. Como a pesquisa
com grupo focal direcionou o público-alvo, além da divulgação no meio universitário
para professores e estudantes de jornalismo, e para profissionais de comunicação,
este trabalho pretende utilizar como uma das formas de divulgação a internet por
meio do site YouTube. É importante a divulgação na internet para que a visualização
não se restrinja, considerando que o público-alvo é abundante e a discussão é válida
no país todo. A internet permite que o videodocumentário jornalístico alcance
qualquer lugar do mundo.
Com o documentário finalizado, objetiva-se incitar uma reflexão no meio
jornalístico e uma conscientização de que a liberdade de expressão é atributo
assegurado pela Constituição Federal, mas que torna-se inoperante pela falta de
uma Lei de Imprensa que regulamente esse conceito sem que defronte com
princípios estabelecidos na Constituição.
29
5. REFERENCIAL TEÓRICO
Como abordagem da fundamentação teórica neste momento o trabalho foca
na teoria utilizada para sustentar o tema proposto que também se relaciona ao
videodocumentário do trabalho. Os reflexos da teoria das representações sociais no
que se refere às atuações no campo jornalístico e também relacionado ao produto
estão colocados a seguir.
5.1 Representações sociais e a subjetividade do sujeito
Angela Arruda (2002) as representações sociais atravessa as ciências
humanas e não é tratada apenas a uma determinada área do conhecimento. Seu
alicerce, segundo ela, está no campo da sociologia, com presença marcante na
antropologia e na história das mentalidades.
O aumento do interesse pelos fenômenos do domínio do simbólico, a partir dos
anos 60, fez com que aumentasse a preocupação com explicações para eles, as
quais recorrem às noções de consciência e de imaginário. Arruda (2002) aborda
ainda que as noções de representação e memória social também fazem parte
dessas tentativas de explicação e irão receber mais atenção a partir dos anos 80.
Como vários outros conceitos que surgem em determinadas áreas e recebem
teoria de outra, as representações sociais teve origem na sociologia de Durkheim,
mas ganhou uma teorização, desenvolvida por Moscovici, na psicologia social. E as
representações sociais neste campo abordam a relação indivíduo-sociedade e sua
capacidade de aprendizado e de adaptação ao meio, embora não esteja situado no
paradigma clássico da psicologia. Reflete sim “sobre como os indivíduos, os grupos,
os sujeitos sociais, constroem seu conhecimento a partir da sua inscrição social,
cultural, por um lado, e por outro, como a sociedade se dá a conhecer e constrói
esse conhecimento com os indivíduos” (ARRUDA, 2002, p.128). A forma como
interagem sujeitos e sociedade para construir a realidade, como terminam por
construí-la em parceria, segundo a autora, sem dúvida, passa pela comunicação.
Sandra Jovchelovicth (2007) diz que a teoria das representações sociais estuda
a relação entre “um sujeito, que através de sua atividade e relação com o objeto-
mundo constrói tanto o mundo como a si próprio” (p.19). A autora afirma ainda que a
esfera pública é uma ponte que liga e separa as pessoas, pois se todos os
30
indivíduos fossem idênticos, não haveria necessidade de comunicação, e assim a
fala perderia seu fundamento. Jovchelovicth (2007) conceitua, ainda, que:
A teoria das representações sociais se articula tanto com a vida coletiva de uma sociedade, como com os processos de constituição simbólica, nos quais sujeitos sociais lutam para dar sentido ao mundo, entendê-lo e nele encontrar o seu lugar, através de uma identidade social. (...) estão necessariamente radicadas no espaço público e nos processos através dos quais o ser humano desenvolve uma identidade, cria símbolos e se abre para a diversidade de um mundo de outros. (p.65).
Moscovici (1976) caracteriza sua noção de representação social como
“fenômenos específicos que estão relacionados com um modo particular de
compreender e se comunicar – um modo que cria tanto a realidade como o senso
comum” (p.49). Na sociedade contemporânea, está no senso comum a chave para
compreender as representações sociais. Para Moscovici (1976) esses conjuntos de
conceitos, afirmações e explicações que devem ser considerados como verdadeiras
teorias do senso comum.
O modelo liberal da esfera pública nas sociedades burguesas está hoje no
centro dos debates relacionados aos problemas da cidadania, da democracia e
participação política. Para Habermas (1990; 1992) esses conceitos estão no centro
dos debates entre cientistas sociais das mais variadas disciplinas onde questiona-se
a denotação e conotação do modelo liberal de esfera pública.
Habermas (1990; 1992) define, então, esfera pública “como espaço em que
cidadãos se encontram e falam uns com os outros de forma que garanta acesso a
todos. É a esfera onde o princípio da transparência e prestação de contas se
desenvolve” (apud p. 69). Porém, para o autor, esse espaço público deve ser aberto
e acessível a todos e as questões que estiverem em discussão nesse espaço devem
ser preocupações comuns, não cabendo nesse contexto interesses privados, que as
desigualdades de posições sejam desconsideradas e que os indivíduos que estejam
em participação decidam como iguais. O resultado, para Habermas (1990; 1992)
então seria esse espaço público a opinião pública, considerada como consenso
coletivo.
Dentro do estudo de Jovchelovitch (2007) ao abordar os conceitos que
Habermas defende, é por meio da ação de sujeitos sociais que agem no espaço que
é comum a todos, e pensar nisso é pensar em esfera pública, é justamente nesse
lugar em que uma comunidade pode desenvolver e sustentar saberes sobre si
31
própria– o que a autora defende serem as representações sociais.
Sá (1993) aborda que essas definições ocorrem tanto na interpretação como na
construção das realidades sociais e que a representação social é um conhecimento
específico (p.26). “Entretanto, é tida como objeto de estudo tão legítimo quanto este,
devido à sua importância na vida social e à elucidação possibilitadora dos processos
cognitivos e das interações sociais” (Jodelet apud Oliveira, 2008, p. 42).
Berger e Luckmann (1985) afirmam que o senso comum é um costume natural,
que passa despercebido pelas pessoas, porque é um universo compartilhado por
muitos indivíduos em atividades cotidianas. Os autores sustentariam esta
abordagem pelo método da linguagem, pois quando falamos, o que dizemos se
torna mais palpável ao ser ouvido por nós mesmos, ou seja, a própria subjetividade
se torna mais real pela linguagem. Ela oferece papel imprescindível também no
processo de institucionalização. “A partir do momento em que essas informações
começam a ser justificadas por meio de argumentos aceitáveis, o senso comum
começa a evoluir em direção à ciência” (SANTOS, 2009, p. 9). O autor ratifica ainda
que o senso comum lida com aspectos subjetivos, com juízos de valores, que devem
ser levados a um formalismo, para se desenvolver como ciência.
Para compreender as representações sociais e seus efeitos, é fundamental
compreender os processos que as produzem e sua transformação de acordo com
Duveen (2007). Estudar a função que o jornalismo desempenha por meio dos
veículos de comunicação é pesquisar uma parcela significativa de meios de
propagação das representações sociais, pois de uma forma ou de outra, as pessoas
acabam estando em contato com a comunicação midiática.
Um importante papel é desempenhado, nesse processo de transferência e transformação dos conhecimentos, pelos divulgadores científicos de todos os tipos – jornalistas, cientistas amadores, professores, animadores culturais, pessoal de marketing – e pela crescente ampliação dos meios de comunicação de massa (SÁ, 1993, p. 30).
Os métodos que serão realizados no trabalho, como caminho metodológico das
pesquisas empíricas, tentam mostrar de que forma o discurso de um jornalista pode
representar a repercussão do caso que envolveu a demissão de um jornalista na
sociedade, com base na teoria das representações sociais. A subjetividade faz parte
do conhecimento profissional do jornalista, sua bagagem cultural, seus estudos e
repertório adquiridos no exercício da profissão e é impossível não ter opinião já que
32
a vida do sujeito está recheada de representações e no contato com o mundo o
indivíduo coloca essas representações em cheque.
A fundamentação teórica das representações sociais dão base para sustentar o
videodocumentário, pois esse conceito é aplicado já que as histórias são contadas
pelos próprios protagonistas, considerando a subjetividade individual, seus
repertórios. As representações sociais são uma maneira do sujeito se mostrar para a
sociedade e o videodocumentário jornalístico se serviu dessa teoria para contar a
história da representação da demissão de Gladimir Nascimento.
5.2 Documentário como visão de mundo
Existem várias argumentações e posicionamento com relação a
documentário. Sem desprezar outros conceitos, este trabalho posiciona-se a favor
da teoria de Nichols (2005) de que “todo filme é um documentário. Mesmo a mais
extravagante das ficções evidencia a cultura que a produziu e reproduz a aparência
das pessoas que fazem parte dela” (p.26). O autor afirma ainda que existem dois
tipos de filme: documentários de satisfação de desejos, que são os que
normalmente chamamos de ficção, e, documentários de representação social, que é
o caso deste trabalho, onde não existe ficção. Cada tipo conta uma história, mas
essas narrativas são de espécies diferentes.
Nichols (2005) afirma que ambos os tipos sugerem que o interpretemos. A
interpretação é uma questão de compreender como a forma ou organização do filme
transmite significados e valores. O filme documentário tem sido usado como um
meio estratégico pelos documentaristas, pois desse recurso os espectadores podem
interpretar e avaliar o que se vê, da mesma maneira que o cineasta planejou. O
autor afirma que o documentário é uma representação e não uma reprodução da
realidade, pois parte de uma “determinada visão do mundo” (p.47).
Para o autor, documentário representa uma determinada visão do mundo,
“uma visão com a qual talvez nunca tenhamos deparado antes, mesmo que os
aspectos do mundo nela representados nos sejam familiares” (NICHOLS, 2005,
p.47).
Penafria (1999) afirma serem três os princípios que pautam o documentário: o
33
uso de imagens „in loco‟; a exploração dos assuntos a partir de um ponto de vista
específico e a apresentação do material de forma criativa. Penafria explicita ainda
que o elemento essencial na construção de um documentário são as imagens que,
nesse contexto, representam uma fonte de informação. A partir da imagem, os
demais elementos serão organizados.
No documentário a imagem não é utilizada com fins meramente ilustrativos ou para confirmação do que é dito; a exploração do seu lado conotativo é o que de mais importante o documentário imprime nas imagens que utiliza. São elas o elemento essencial do documentário e que se sobrepõem ao que possa ser dito. (PENAFRIA, 1999, p.23).
Para a autora, a forma aprofundada como o documentário aborda
determinadas temáticas é outra particularidade do meio. Com base nisso, o trabalho
procura explorar o lado conotativo das imagens, aliando-as ao contexto em que
estão inseridas.
Silvio Da-Rin (2006) afirma não ser possível definir o documentário e as suas
atribuições a partir de um plano teórico. Para o autor o documentário não é um
gênero bem definido.
O termo documentário não é depositário de uma essência que possamos atribuir a um tipo de material fílmico, a uma forma de abordagem ou a um conjunto de técnicas. Todas as inúmeras tentativas que conhecemos de explicar o documentário a partir da absolutização de uma dessas características, ou de qualquer outra tomada isoladamente, fracassaram. (DA-RIN, 2006, p. 18).
O filme documentário tem sido usado como um meio estratégico pelos
documentaristas, pois desse recurso os espectadores podem interpretar e avaliar o
que se vê, da mesma maneira que o cineasta planejou. “O que faz um filme
„documentário‟ é o modo como nós vemos; e a história do documentário tem sido a
sucessão de estratégias das quais os cineastas têm tentado fazer os espectadores
verem os filmes deste modo” (DA-RIN, 2006, p.17).
Os estudos que trazem conceitos sobre documentários são complexos.
Porém, só pelo fato de o documentário poder apresentar distorções do real e a
opinião do diretor o transforma em uma representação da realidade e não em
reprodução do real. O documentário apresenta forte ligação com a realidade e com o
mundo em que vivemos, e esta relação deve ser privilegiada. Penafria (1999)
destaca que a relação conteúdo-forma está em permanente criação e recriação,
34
mesmo porque os atores sociais não são profissionais, mas sim pessoas comuns,
testemunhas da história.
5.3 Aproximações e divergências do documentário e do jornalismo
A relação entre jornalismo e documentário se dá quando a notícia ajuda no
encadeamento da narrativa documental e é por essa razão que vem sendo utilizada
com frequência nos documentários, Gustavo Souza (2006). O autor mostra em seu
estudo que um documentário reserva a surpresa do que acontecerá, saber o que os
„valores-notícia‟ não consideraram relevantes para ser veiculados. Para ele, essas
informações ficam à margem, mas que têm um papel decisivo para o enriquecimento
da história a ser contada pelo documentário e que essa abordagem precisa de um
tempo para se distanciar do fato para e evitar restringir-se ao campo da descrição.
O jornalista Eugenio Bucci (2004) considera a urgência dos fatos um item
indispensável à profissão: “o jornalismo, que pode ser entendido como a função
humana de narrar a aventura humana para os humanos, tudo isso no calor da hora,
ou seja, é sempre um discurso de um sujeito sobre um segundo sujeito (sua fonte ou
seu personagem) para um terceiro sujeito, o público” (BUCCI, 2004, p.135).
Souza (2006) explica que a definição de Bucci traz para o debate que é a
figura do narrador a responsável pela coesão entre a realidade e os personagens.
Walter Benjamin (1994) afirma que o narrador exerce um papel fundamental para a
sua elaboração e manutenção, por ser sua narrativa uma “forma artesanal de
comunicação”. “Um aspecto chave é a capacidade do narrador de construir a sua
história a partir de novos rearranjos, para que oralmente ela possa ser passada
adiante e absorvida pelo ouvinte” (BENJAMIN, 1994, p.205).
Consuelo Lins (2007) exalta que um esquema narrativo que exclui a presença
de um narrador é válida, já que com a presença da voz em off a credibilidade do
conteúdo que está sendo exposto é colocada em dúvida.
É possível igualmente criar tipos sociológicos sem o recurso da narração. A estruturação é mais trabalhosa, porque o material a ser montado depende exclusivamente da fala dos personagens. O sistema, porém, pode funcionar da mesma maneira e ter inclusive a chancela de "mais real", justamente pela ausência de locução. (p.71).
35
Benjamin (1994) conclui que isso não implica o acréscimo de novas
informações na narrativa, mas a certeza de que cada narrador preserve as suas
marcas autorais. E é nesse sentido que reside o aspecto artesanal da narrativa,
porque ela é construída por processos singulares, que cada narrador carrega
consigo. A mera reprodução de informações contribui apenas para o seu
empobrecimento. O autor ressalta que a tendência é para a valorização da
informação, em detrimento da narrativa e esclarece esta relação:
A informação só tem valor no momento em que é nova. Ela só vive nesse momento, precisa entregar-se inteiramente a ele e sem perda de tempo tem que se explicar nele. Muito diferente é a narrativa. Ela não se entrega. Ela conserva suas forças e depois de muito tempo ainda é capaz de se desenvolver. (BENJAMIN, 1994, p.204).
Souza (2006) se posiciona a favor de Benjamin e afirma que “hoje é negada
ao jornalista essa possibilidade da qual fala o autor, não apenas por estar vinculado
aos interesses de um determinado grupo, mas também pelos seus próprios
desígnios. Trata-se também de considerar as potencialidades individuais do
jornalista como um importante fator para a produção de notícias”. (SOUZA, 2006,
p.5).
Em estudo etnográfico da redação do The New York Times, Robert Darnton
(1990) relata que os jornalistas constroem uma teia que “faz alguns repórteres
acharem que escrevem apenas para agradar a si mesmos e a seus iguais”
(DARNTON, 1990, p. 176). Souza (2006) sinaliza que esse aspecto remete à
questão da retratação da realidade ficando apenas no âmbito da intenção. O relato
de um fato não implica necessariamente que o que está sendo dito seja verdadeiro.
“Temos novamente, uma convergência para duas noções distintas: realidade e
verdade” (SOUZA, 2006, p.6).
Bucci (2004) afirma que a relação entre jornalismo e a verdade é
problemática:
Acontece que a busca da verdade, virtude ancestral do jornalismo, é simplesmente incompatível com a lógica dos conglomerados comerciais da mídia dos nossos dias (...) A busca da verdade era um projeto da razão e os conglomerados há muito se divorciaram da razão. Não porque seus gestores sejam pessoas mentirosas, mas pela própria natureza dos conglomerados e da comunicação tiranizada pela imagem. Onde quer que a notícia esteja a serviço do espetáculo, a busca da verdade é apenas um cadáver. Pode até existir, mas, sempre, como um cadáver a serviço do „dom de iludir. (BUCCI, 2004, p.129)
36
Souza (2006) sintetiza argumento de Bucci (2004) ao afirmar que é
impossível o compromisso com a verdade porque essa seria uma questão dos
oligopólios de comunicação, que se unem para monopolizar o setor, como se fosse
algo de sua „própria natureza‟ (grifo do autor), “revela uma perspectiva apocalíptica
que pouco nos ajuda no entendimento da questão. A apreensão da realidade, ou da
verdade, passa também pelo vínculo que estabelece com a objetividade, também
vista como elemento caro ao jornalismo e ao documentário”. (SOUZA, 2006, p.6).
O autor afirma que o jornalismo objetividade isenta de qualquer fator externo
e interno é mera ilusão e que no documentário é semelhante, pois a realidade como
objeto não exclui esse tipo de filme de implicações subjetivas. Souza (2006) afirma
também que o modo como a câmera é posicionada por exemplo, já implica uma
escolha, portanto, uma maneira de interferir na situação que está captada.
No seu ensaio Souza (2006) explica que alguns fatores interferem no
documentário em relação às regras da imprensa. O caráter marginal do
documentário deixa o documentarista livre para novas possibilidades temáticas e
estéticas. O tratamento dispensado ao tema torna o aspecto autoral do cineasta,
indispensável para qualquer documentário, empresta ao filme singularidade própria.
O tempo de preparação é outro aspecto que faz divergir o documentário de uma
reportagem. Essa é mais preocupada em relatar os acontecimentos no calor da hora
e o documentário estabelece um vínculo mais estreito com os personagens. Essa
diferença no procedimento, segundo o autor, permite ao documentarista aprofundar
questões apresentando razões, causas e possíveis desdobramentos que
ultrapassam o campo da descrição, como também estabelece com o personagem
um diálogo de mão dupla, onde o documentarista pode promover o confronto com o
entrevistado, instigando-o a rever posicionamentos ou lançando desafios.
37
6. METODOLOGIA
Para o presente trabalho foi realizada uma revisão de literatura onde se
buscou autores para dar embasamento sobre a abordagem do tema do trabalho.
Como pesquisa empírica foram escolhidas duas formas de pesquisas na tentativa de
explorar o tema liberdade de expressão e o estudo de caso proposto. A primeira,
uma análise de conteúdo, observando como sites na internet repercutiram o caso, e
a segunda, uma pesquisa com grupo focal (feita com estudantes de jornalismo para
para verificar se eles conheciam casos de liberdade de expressão ou conheciam,
especialmente, o caso que envolveu a demissão de Gladimir Nascimento da rádio
Band News). O trabalho busca como objetivo ao utilizar a análise de conteúdo, a
busca pela repercussão ou não na imprensa da demissão do jornalista, já que essa
demissão vem de encontro a liberdade de expressão do jornalista. Ao utilizar a
pesquisa com grupo focal, o trabalho quis saber se estudantes de jornalismo
lembravam do episódio que envolve liberdade de expressão no rádiojornalismo de
Curitiba.
Para sustentar a pesquisa empírica na análise de conteúdo, buscou-se
autores que relacionam os blogs a webjornalismo e essa possibilidade de interação
e comentários nesse meio. A discussão de webjornalismo no trabalho é focada para
aplicação na pesquisa de análise de conteúdo. João Simão (2010) relaciona em seu
estudo essa possibilidade e afirma que muito se conhece sobre blog e as suas
principais características. Porém, segundo o autor, sobre webjornalismo não se pode
dizer o mesmo. Esse gênero jornalístico ainda não possui modelo concreto, mas há
genericamente elementos que pode-se apontar para como: a atualização constante,
a interação com os leitores através de links e dos comentários bem como a
possibilidade de poder enviar o texto por email são alguns dos elementos do
webjornalismo aceitos por todos.
Em sua comparação Simão (2010) diz que os blogs oferecem igualmente
estas possibilidades e não se admira que surjam algumas confusões entre os blogs
e a possibilidade de se praticar jornalismo neste suporte. Outro fator apontado por
Simão (2010) fundamental no webjornalismo e também nos blogs é a interação com
os leitores. “E neste sentido os blogs têm vindo a melhorar as formas de interação”
(SIMÃO, p.149).
38
Essa possibilidade de fazer comentários teve crescimento a partir de 1999.
Atualmente, segundo o autor, além de poderem comentar um post os leitores podem
ainda copiar o link permanente, enviar por e-mail aquele post a outra pessoa, ou
mesmo publicá-lo no seu blog deixando a referência na página original. Um estudo
de Gilad Mishne e Natalie Glance deixa alguns dados sobre a importância que os
comentários desempenham nos blogs. Uma das primeiras conclusões, segundo os
autores, é que os comentários funcionam como motivação para os bloggers
continuarem a escrever. Esta motivação surge pelo retorno das informações e pela
possibilidade de acrescentar novos dados que os comentários conferem ao blog.
Trata-se ainda de uma maneira de conferir a popularidade do blog. Mishne e Glance
(2006) apontam no estudo que o maior número de comentários pode ser resultado
do maior número de leituras referidas nas visitas e links para o blog, “no entanto
esse maior número também se deve ao fato do blog ser mais ou menos comentado”
(in SIMÃO, p.150). Sugerem que um post com mais comentários é o post mais
popular e o mais lido.
A indagação do trabalho é saber se houve repercussão ou não na imprensa.
Para saber isso o trabalho precisou fazer um levantamento de publicações de
matérias que relataram o caso. Esse levantamento empírico das buscas informações
só foi possível por meio da internet, o fato ocorreu no início de 2009 e não foram
possíveis levantamentos sobre essa repercussão em outro meio de comunicação.
As buscas de informações sobre a demissão do jornalista não pode ser feita por
meio de rádio ou TV, não só pelo fato do trabalho abordar o ocorrido sobre uma
rádio comercial, mas também porque o caso aconteceu em janeiro de 2009 e uma
amplitude maior de informações levantadas não seria possível através de rádio ou
televisão.
Com isso como caminho de análise e levantamento de informações dessa
repercussão foi escolhida a internet, por sua marcante característica da era da
informação, pela sobrecarga de informações, fragmentação informacional e a
globalização, todas provocadas por estudos, pesquisas, discussões e polêmicas.
Como mecanismo de busca foi escolhido o Google por não ser somente um
„buscador‟, mas também como um fenômeno cultural (JANES, 2004).
39
a) Análise de conteúdo
A pesquisa quer saber se teve repercussão por parte dos meios de
comunicação, o caso que envolve liberdade de expressão no radiojornalismo de
Curitiba e se isso foi algo significativo. Em Curitiba existem duas rádios com
programação all news: CBN e Band News FM, ambas de propriedade do empresário
Joel Malucelli, e o objetivo do estudo é observar se foi dada relevância ao fato.
Como o ocorrido aconteceu entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009 as
informações possíveis de serem obtidas foram encontradas somente pela internet.
Por isso esse mecanismo foi utilizado para o levantamento e busca de informações
veiculadas à época. Como o resultado desse trabalho de conclusão de curso é um
documentário audiovisual sobre o caso, essa pesquisa ajudou a mapear o que foi
falado sobre o assunto na grande imprensa e isso ajudou a ter embasamento de
pauta e enquadramento para o documentário.
A pesquisa de análise de conteúdo foi aplicada por meio de uma seleção das
páginas onde abordavam somente o tema proposto, para posterior análise da
repercussão do ocorrido.
Foram escolhidas, como critério, as que puderam gerar comentários para
mensurar a divulgação. Também como critérios foram classificados os comentários
como: 'a favor', 'contra', 'neutro' e 'outros'. Foi escolhida como critério „a favor‟ os
comentários positivos em defesa e apoio ao jornalista Gladimir Nascimento. O
termo„contra‟, como análise de critério dos posts, foi considerada quando os
comentários eram contrários às críticas feitas sobre a atitude dos deputados
paranaenses, dizendo que o jornalista excedeu-se em suas críticas. O termo „neutro‟
foi considerado na classificação quando os posts não tomavam posicionamento a
favor ou contra a demissão ou crítica do jornalista aos deputados. O último termo
utilizado no critério foi „outros‟ teve foi criada em função de haver comentários que
não se relacionavam ao tema e tampouco citavam o caso estudado, por isso será
considerada como estudo na pesquisa.
Ao utilizar a pesquisa de análise de conteúdo procurou-se verificar a
repercussão do ocorrido na imprensa por meio do número de sites jornalísticos que
abordaram o caso. Em um primeiro momento a pesquisa diferencia a análise de
conteúdo desses sites jornalísticos, para posterior análise de blogs e outros sites
não jornalísticos que abordaram o caso.
A pesquisa foi feita no mês de março de 2011, entre os dias 4 e 11. As
40
palavras-chaves escolhidas foram: 'demissão de jornalista‟, gladimir nascimento‟ e
„gladmir nascimento‟. A escolha dessas palavras-chaves foram feitas baseando-se
nos critérios de busca quando de informações por meio da internet e o nome do
jornalista Gladimir Nascimento seria o primeiro como critério para saber alguma
informação sobre a pessoa, busca-se pelo nome dela. A outra palavra-chave
utilizada com o nome do jornalista, sem o „i‟, Gladmir Nascimento, foi utilizada como
critério de busca baseando-se na possibilidade de erro de digitação ou de
interpretação de escrita quanto ao nome do jornalista. E a última palavra-chave
escolhida foi demissão de jornalista porque esse é o assunto que aborda a saída do
jornalista da rádio Band News FM. Outras palavras-chave foram utilizadas, como
liberdade de expressão, assembleia do paraná e fundo aposentadoria especial,
porém estas direcionavam-se às duas palavras-chaves primeiras. Por isso, essas
segundas palavras-chaves foram ignoradas.
O trabalho detalha a seguir a repercussão da demissão do jornalista Gladimir
Nascimento por palavra-chave e será mostrado no próximo item o resultado dessa
pesquisa.
Palavra-chave: „demissão de jornalista‟
A pesquisa de análise de conteúdo foi aplicada por meio de uma seleção das
páginas onde abordavam somente o tema proposto, para posterior análise da
repercussão do ocorrido. O site Comunique-se, de São Paulo, postou matéria no dia
23 de janeiro de 2009 com o título: 'Comentário político causa demissão na Band
News e o site Observatório da Imprensa postou matéria no dia 10 de fevereiro de
2009 com o título: 'Jornalista demitido por cumprir seu dever'. A pesquisa pode
verificar que esses dois sites jornalísticos foram os que pautaram as discussões
sobre o comentário do jornalista Gladimir Nascimento e a demissão dele da rádio
Band News FM.
Com a palavra-chave „demissão de jornalista‟ a pesquisa verificou que foi a
que mais páginas gerou no Google, onde apareceram 65 páginas com 906.000 mil
conteúdos aproximadamente. Como esse termo é abrangente, foi considerada para
a pesquisa somente as que se relacionavam ao estudo do caso: a demissão do
jornalista Gladimir Nascimento. Com isso, por meio da palavra-chave „demissão de
jornalista‟ foram encontrados sete conteúdos que abordavam o tema. A pesquisa
revelou que a repercussão do caso gerou maior comentário, na internet, entre os
41
meses de janeiro (quando da saída de Gladimir Nascimento) e o mês de março
(quando os outros jornalistas profissionais, Denise Mello, Daiane Figueiró e Patrícia
Thomaz) foram demitidos da emissora.
Dentre os critérios estabelecidos pesquisados, que foi a repercussão do caso,
o site Comunique-se, de São Paulo, postou matéria com o título: 'Comentário político
causa demissão na Band News Curitiba', escrito por Carla Soares Martin, postado
em 23 de janeiro de 2009, gerou 53 comentários. Os comentários são assinados,
mas não são todos os que citam a profissão. A profissão, para a pesquisa de análise
de conteúdo é importante, porque pode revelar a amplitude da repercussão entre os
jornalistas e esse é um dos critérios para a verificação dessa repercussão.
Dentre esses 30 posts assinam como jornalistas; outros nove posts assinam
como estudantes e os catorze posts restantes não assinam ou assinam com outra
profissão. Pode-se verificar que os comentários postados para este sítio
classificaram-se como: 19 'a favor' de Gladimir Nascimento; cinco foram 'contra' o
comentário de Gladimir Nascimento na Rádio Band News FM; nove foram 'neutros',
pois não se posicionaram em relação ao ocorrido e outros 20 comentários
classificaram-se como 'outros' por não abordarem o tema. Vale ressaltar que esse
critério classificado como „outros‟ trata de temas que não se relaciona a pesquisa ou
fazem menção ou comentários direcionados às pessoas que estão interagindo e
participando das matérias publicadas.
O outro site que abordou o tema encontrado com a palavra-chave 'demissão
de jornalista' foi o Observatório da Imprensa, com o título: 'Jornalista demitido por
cumprir seu dever', escrito por Marcelo Varella, postado dia 10 de fevereiro de 2009,
este site gerou sete comentários. Entre os comentários quatro 'posts' são assinados
com nome e a profissão de jornalista. Os outros três foram assinados por um
engenheiro, um comerciante e um professor. Mais uma vez aqui a pesquisa quis
verificar a repercussão do caso entre os jornalistas e a fundamentação teórica, que
será abordada mais adiante, nos dará embasamento para sustentar que as
representações sociais são uma maneira do sujeito se mostrar para a sociedade.
Para este conteúdo verificou-se que os comentários postados classificaram-se
como: um a favor de Gladimir Nascimento e os outros seis comentários como
'outros', pois não reportavam o objeto de estudo.
Em um segundo momento a pesquisa foi aplicada por meio de uma seleção
de blogs que abordavam somente o tema proposto, para posterior análise da
42
repercussão do ocorrido. Nos sete blogs que abordaram o caso foram gerados no
total 80 posts com a palavra-chave „demissão de jornalista‟. O blog
http://micropolis.blogspot.com com o título: 'Jornalista demitido da Band News',
postado em 16 de março de 2009 com três comentários assinados com pseudônimo
ou apelidos, todos a favor do comentário do então âncora da Band News FM;
http://miradas.soylocoporti.org.br, com o título: 'Os becos escuros do jornalismo
paranaense', postado dia 27 de março de 2009, dois são assinados com nome e um
'post' não possui identificação. Todos não assinam com profissão. Um deles 'postou'
comentário a favor de Gladimir Nascimento e os outros dois comentários foram
classificados como outros; http://www.cabecadecuia.com com o título: 'Jornalista
Gladimir Nascimento é demitido da Band News Curitiba por comentário político',
postado em 27 de janeiro de 2009. Este não possui comentário.
O blog http://www.livroseafins.com, com o título 'Jornalista afastado a pedido
de deputados estaduais', postado em 10 de maio de 2009, possui três posts com
comentários assinados com nome, porém não consta profissão. Estes foram
classificados como dois a favor de Gladimir Nascimento e o outro como neutro.
Outro blog, o http://curitibaneando.wordpress.com, possui quatro matérias que
fazem relação ao tema postados durante os meses de fevereiro e março de 2009: a
primeira, com o título 'Joel Malucelli muda orientação da Band News e demite
jornalistas', usa como referência de fonte o blog Fabio Campana; a segunda matéria
publicada traz como título 'Band News Curitiba demite três e alega reestruturação',
como fonte de referência o site Comunique-se; a terceira traz como título 'Defesa e
indignação', assinada pelo jornalista Pierpaolo Nota; e a quarta matéria com o título
'Gladimir não mora mais aqui', assinada por Marcus Vinícius. Este blog possui no
total 12 comentários, que foram classificados da seguinte forma: 10 „a favor‟ de
Gladimir Nascimento e os outros dois como „outros‟ já que não fazem referência ao
tema. O blog kiminda.wordpress.com, traz matéria com o título „Band News Curitiba
demite por pressão política‟, postado em 23 de janeiro de 2009, traz como fonte de
referência o site Comunique-se e possui 15 „posts‟ classificados assim: 8 posts a
favor de Gladimir Nascimento; 1 contra o depoimento dele e os outros 6
classificados como „outros‟.
43
Número de posts com a palavra-chave 'demissão de jornalista'
A FAVOR CONTRA NEUTRO OUTROS
35 5 10 30
Palavra-chave: „gladimir nascimento‟
Esta palavra-chave foi a que gerou o maior número de posts que faziam
referência ao objeto de estudo. Foram descartados os posts que utilizavam a mesma
palavra-chave e que não faziam abordavam o tema. Dos 7.210 conteúdos em 44
páginas, entre sítios e blogs, 37 conteúdos utilizavam a palavra-chave relacionada
ao tema do trabalho. O sítio www.fabiocampana.com.br, com título: 'Rede Nacional
da Band News FM lamenta saída de Gladimir Nascimento', postado no dia 9 de
fevereiro de 2009, gerou 37 posts. Os comentários não estão identificados com
profissão e são assinados por pseudônimos ou apelidos. Os posts foram
classificados da seguinte forma: „a favor‟ do comentário e apoio a Gladimir
Nascimento: 16 posts; „contra‟ o posicionamento do jornalista 4; 5 posts foram
classificados como „neutros‟ e 12 posts com comentários que não se relacionavam
aos critérios da pesquisa foram classificados como 'outros'.
O www.papooriginal.blogspot.com, postado em março de 2009, traz entrevista
audiovisual, de duração de 7‟33‟‟ com o jornalista Gladimir Nascimento que fala
sobre a demissão na Band News. No blog onde consta o link do vídeo não aparece
o número de views. Os três comentários postados não fazem referência ao tema e
foram classificados como „outros‟. O blog http://www.cabecadecuia.com com o título:
'Jornalista Gladimir Nascimento é demitido da Band News Curitiba por comentário
político', postado em 27 de janeiro de 2009 não possui comentário. O
blogdairis.wordpress.com, postado no dia 28 de janeiro de 2009, com o título
„Comentário político causa demissão na Band News Curitiba‟, como fonte de
informação o site Comunique-se não possui comentários.
Blogs.abril.com.br/lucianapombo, traz matéria com o título „Mudanças na
Rádio Band News‟, postada em 20 de janeiro de 2009, com 16 posts classificados
da seguinte forma: 5 „a favor‟; 2 „neutro‟; 9 „outros‟ e nenhum „contra‟. O site
Comunique-se.com foi encontrado por meio da palavra-chave „gladimir nascimento‟
com uma matéria sob o título „Boechat lamenta saída de diretor de jornalismo da
Band News Curitiba‟, postado dia 9 de fevereiro de 2009 e como fonte de informação
44
o site de fabiocampana.com, com um comentário a favor de Gladimir Nascimento. O
blog jornale.com/zebeto postou no dia 6 de março de 2009, com o título „Band News
demite três e perde cinco jornalistas‟ matéria que lembra a saída do jornalista da
emissora e informa a demissão de outros três. Nenhum dos 33 comentários assina
com a profissão. Os comentários foram classificados da seguinte forma: 7 „a favor, 3
„contra‟, 6 „neutros‟ e 17 como „outros‟.
Jornale.com.br/zebeto postou no dia 10 de fevereiro de 2009, matéria com o
título „Jornalista demitido por cumprir seu dever‟, como fonte de informação o site
Observatório da Imprensa, assinado por Marcio Varella, com 20 comentários,
classificados assim: 6 „a favor‟, 1 „neutro‟ e 13 „outros‟. O site
www.idademaior.com.br, com o título „Comentário político causa demissão‟, como
fonte de informação o site do Observatório da Imprensa, assinado por Carla Soares
Martin, não possui comentários. Outro que não possui comentário e traz uma nota
extraída do Comunique-se.com encontra-se no site
www.papodebola.com.br/24horas.
Com o título „Constatações de um jornalismo encurralado‟, postado em 7 de
fevereiro de 2009, o site caronainterativa.com.br traz matéria com fonte do
Comunique-se.com e possui um comentário classificado como „neutro‟. O site
tudoradio.com traz a matéria publicada no Comunique-se.com com o título „Band
News demite mais três jornalistas‟, não possui comentários. O blog
kiminda.wordpress.com com matéria postada em 23 de janeiro de 2009, com o título
„Band News Curitiba demite por pressão política‟ e fonte o site Comunique-se.com
possui 15 comentários, assinados sem a profissão. Destes, a pesquisa pode
classificar como: 7 „a favor‟, 1 „contra‟, 2 „neutros‟ e 5 como „outros‟.
O blog professoradolfo.blogspot.com traz duas matérias postadas que
abordam o tema da pesquisa, a primeira com o título „Mais sobre a demissão de
Gladimir Nascimento‟ e fonte do o blog de Marcus Vinícius, postada em 19 de janeiro
de 2009, possui 1 comentário classificado como „neutro‟. A segunda matéria
„Absurdo na Band News Curitiba‟, como fonte o site Observatório da Imprensa,
assinado por Carla Soares Martin, possui 3 comentários classificados como: 1 „a
favor, 1 „neutro‟ e 1 como „outros‟.
O site www.fabiocampana.com traz matéria publicada no dia 19 de janeiro de
2009, com o título „Gladimir já não fala mais na Band News FM‟ com registro de 45
comentários, assim classificados: 18 „a favor‟, 2 „contra‟, 12 „neutro‟ e 13 „outros‟. O
45
blog gavetaoblog.blogspot.com traz o link do site Comunique-se com o título
„Comentário político causa demissão na Band News Curitiba‟, assinado por Carla
Soares Martin, possui 6 comentários „postados‟, todos „a favor‟ de Gladimir
Nascimento. O blog acosta.wordpress.com possui matéria com o título „No Paraná
dizer a verdade acaba em demissão‟, cita como fonte matéria de Carla Soares
Martin, do Comunique-se, com um comentário, assinado sem profissão, „a favor‟ de
Gladimir Nascimento. O blog nopedaimprensa.blogspot.com publica uma mensagem
da jornalista Ruth Bolognese, com o título „A „Serpente Ruiva‟ dá o bote‟, postado em
11 de fevereiro de 2009, onde posiciona-se contra a posição de Gladimir Nascimento
no caso Band News FM. No blog novoblogdobarata.blogspot.com, postado em 23 de
janeiro de 2009, com o título „Imprensa: Censura na Band News Curitiba‟ com fonte
de informação do site Comunique-se.com e quatro comentários classificados como
„outros‟.
Os blogs a seguir publicam matéria onde publicam matéria sobre o fato
ocorrido na Band News FM, todos sem comentários. Encoxando.wordpress.com,
com o título „Pressão política ainda oprimi jornalistas no Paraná‟, postado em 24 de
janeiro de 2009; tatodemacedo.blogspot.com, com o título „Comentário político
causa demissão na Band News Curitiba, como fonte de informação cita o site
Comunique-se.com. Nilnewsonline.blogspot.com publica matéria da fonte do site
Comunique-se.com, publicado em 23 de janeiro de 2009, sem posts de comentários.
O blog casadecomportamento.blogspot.com publica matéria em 27 de janeiro de
2009, com o título „Novo A.I.5 na imprensa paranaense‟, postado por Robson
Paduan, não possui comentários
Número de posts com a palavra-chave 'gladimir nascimento'
A FAVOR CONTRA NEUTRO OUTROS
68 11 31 77
A tabela acima mostra a repercussão em posts com a palavra-chave „gladimir
nascimento‟ onde pode-se verificar que os comentários que repecutiram na internet
foram positivos em defesa do jornalista Gladimir Nascimento.
Palavra-chave: „gladmir nascimento‟
A pesquisa escolheu como terceira palavra-chave „gladmir nascimento‟ por
46
considerar um possível erro de digitação de quem escreveu e considera, também, a
possibilidade de erro de digitação de quem busca. Para esta palavra-chave serão
desconsiderados blogs ou sítios que já tenham sido computados nas duas palavras-
chaves anteriores porque a pesquisa não quer avaliar duplicidade e sim o número de
posts em cada palavra-chave específica escolhida para a pesquisa. Dos 369
conteúdos, entre sítios e blogs, 4 conteúdos utilizavam a palavra-chave relacionada
ao tema do trabalho. O site Observatório da Imprensa, publica em 3 de fevereiro de
2009, assinada por Luiz Domingos Costa, matéria com o título „Jornalista demitido
por denunciar mamata‟, reproduzido do blog do Grupo de Análise de Conjuntura da
Universidade Federal do Paraná, possui quatro postos classificados como: 2 „a
favor‟, 1 „neutro‟ e 1 como „outros‟.
O blog okylocyclo.blogspot.com publicou em 6 de janeiro de 2009, com o
título „Band News FM demitiu jornalistas por motivos ideológicos‟, não contém
comentários. O blog cartunistasolda.blogspot.com, publica matéria relacionada ao
tema com o título „Bah! Joel Malucelli muda orientação da Band News e demite
jornalistas‟, publicado em 6 de março de 2009, não possui comentários. O blog
joaquimdepaula.com.br publica matéria com o título „Band News de Curitiba vira
rádio chapa branca‟, em 7 de março de 2009, possui 4 comentários classificados
como „outros‟.
Número de posts com a palavra-chave 'gladmir nascimento'
A FAVOR CONTRA NEUTRO OUTROS
2 0 1 5
Total de posts com as palavras-chaves da pesquisa
A FAVOR CONTRA NEUTRO OUTROS
105 16 42 112
Os números da tabela acima mostram que durante o tempo em que o caso
esteve na mídia, os comentários postados com depoimentos foram favoráveis à
conduta e aos comentários feitos por Gladimir Nascimento, no caso de sua
demissão
Os sítios Observatório da Imprensa e Comunique-se.com e os blogs
miradas.soylocoporti.org.br, livroseafins.com.br, curitibaneando.wordpress.com,
47
micropolis.blogspot.com, aparecem nas palavras-chaves „gladimir nascimento‟ e
„gladmir nascimento‟, mas foram desconsideradas por já terem sido computadas na
palavra-chave „demissão de jornalista‟. A pesquisa pode constatar, também, que os
blogs trazem como fontes de informação para publicar as matérias, os sites
jornalísticos Comunique-se.com e Observatório da Imprensa como sendo as
principais fontes de informações publicadas que relatam o ocorrido. Em Curitiba, o
blog jornalístico de Fabio Campana, além do blog Jornale, foram os que mais
publicações 'postaram' sobre a demissão do jornalista.
Consideração: a pesquisa quis saber quais sites jornalísticos de Curitiba,
ligados aos principais jornais de Curitiba publicaram matérias onde relatam o
ocorrido na rádio Band News FM com o jornalista Gladimir Nascimento. Dos sítios
ligados aos principais jornais de Curitiba, Gazeta do Povo, O Estado do Paraná,
chegou-se ao Bem Paraná, ligado ao Jornal do Estado, que publicou matéria em 21
de janeiro de 2009, com o título „Deputados pediram cabeça de jornalista, garante
Sindicato‟, assinada por Abraão Benício, possui dois comentários um „a favor‟ e um
segundo classificado como „outros‟.
Como análise final de levantamento de dados por meio de pesquisa empírica,
pode-se verificar que houve pouca repercussão no caso que envolveu a demissão
de Gladimir Nascimento. Os poucos comentários gerados nos posts e matérias que
abordaram o caso mostrou que essa repercussão ficou por pouco tempo na mídia,
especialmente na internet. Os números verificados e o tempo que o tema ficou em
pauta na mídia, não refletem a importância do caso que envolve liberdade de
expressão. A gravidade da quebra de um direito garantido na Constituição Federal e
assegurado, também, no artigo 25 da Convenção Coletiva do Sindicato dos
Jornalistas Profissionais do Estado do Paraná não garantiram a repercussão
necessária para conscientização de jornalistas, estudantes de jornalismo e a
sociedade.
b) Grupo Focal
Para compreender as ideias e percepções de um dos públicos-alvo do
trabalho, os acadêmicos de Jornalismo, foi realizado um grupo focal. Esta técnica de
avaliação qualitativa é bastante útil para colher dados sobre um tópico sugerido
48
através da interação entre os participantes. Os mediadores incitam uma discussão
sobre determinado tema e os entrevistados formam e expressam suas opiniões
sobre o assunto. “O grupo focal é uma alternativa valiosa para quem quer ouvir,
perceber e compreender as experiências e crenças dos participantes de um grupo.”
(DUARTE E BARROS, 2005, p. 192)
Para que o grupo focal ocorresse foram tomados certos cuidados, como
estabelecer claramente o tema a ser discutido, preservar uma composição que
tenha características semelhantes com o público-alvo e que existam dois
mediadores para facilitar a interação e relatar a discussão.
As entrevistas foram realizadas utilizando gravador de áudio e com um
questionário de perguntas pré-estabelecido para estimular a discussão de temas de
interesse da pesquisa, que se encontra no apêndice do trabalho. O grupo focal foi
composto por 10 estudantes do curso de jornalismo das Faculdades Integradas do
Brasil, dois de cada período, com exceção do 4º, 6º e 8º períodos. 4º e 6º por não
existir turma na faculdade, o 8º período por já ter conhecimento do tema abordado
neste trabalho, podendo assim adiantar algum tema a ser explorado no grupo focal e
atrapalhar o andamento da pesquisa, incitando assuntos.
Como acordado anteriormente com os estudantes, o nome dos participantes
não será divulgado, assim como seu perfil individual. As informações e opiniões
colhidas serão relatadas como um abordado geral.
O grupo focal aconteceu no dia 25 de março de 2011, e teve duração de
uma hora. Como mediadores da discussão estavam Douglas Santucci e Marcos
Mariano, que produzem este trabalho. Os entrevistados foram indicados por
professores do curso de jornalismo, levando em consideração o aproveitamento
universitário, a dedicação nos trabalhos extraclasse, a participação em sala de aula
e a assiduidade às aulas. Os estudantes foram convidados a participar da
discussão, aceitando voluntariamente.
Um roteiro de perguntas foi formulado (apêndice), mas não foi obedecido na
ordem disposta inicialmente e tampouco ficou amarrado às questões propostas
inicialmente. Alguns assuntos surgiram espontaneamente. Em uma primeira parte
houve a apresentação de cada entrevistado, nome, período e o motivo pelo qual
escolheu o curso. Os meios pelos quais eles se atualizam e os profissionais que se
destacam no mercado jornalístico foram abordados logo em seguida, assim como os
sites mais acessados.
49
Em uma segunda etapa, visando aprofundar o foco do trabalho, foram
abordados temas como liberdade de expressão, liberdade de imprensa, liberdade de
empresa e casos envolvendo repressões sofridas por jornalistas na imprensa.
Perfil dos participantes
Como já citado anteriormente, as informações colhidas serão relatadas
como um abordado geral, sem identificar individualmente os estudantes. Para
facilitar a compreensão, serão expostos agrupados por similaridade de idéias.
Questionados sobre a escolha pelo curso, os estudantes demonstraram pluralidade
nas respostas. O primeiro é apaixonado por histórias de vida, e escolheu porque “o
jornalismo vive de contos”. O segundo veio até a instituição para se matricular no
curso de Relações Internacionais, mas trocou de curso na última hora. O terceiro se
diz curioso, e escolheu porque “gosta de se comunicar”. Na quarta e quinta
respostas os estudantes trazem motivos semelhantes, veem no jornalismo a
oportunidade de fazer justiça, e citam o jornalismo como o quarto poder da
sociedade. Segundo Albuquerque (2011), em nosso país tal ideia pode ser definida
como uma pretensão da imprensa.
... no Brasil, ela [a idéia de quarto poder] apela de alguma maneira para uma tradição brasileira, e totalmente distinta de Quarto Poder: o Poder Moderador. Tal como o fizeram em tempos passados o Imperador e os militares, a imprensa reivindica hoje exercer o papel de árbitro das disputas entre os poderes constituídos, decidindo sempre em favor do „Bem Comum. (id, s/p)
Outro estudante já tem formação no curso de Cinema e agora cursa
jornalismo para poder se expressar na mídia. Outros três que se assemelham:
gostam de todos os assuntos, de conhecimentos gerais. “O jornalismo aborda todas
as áreas, e é disso que eu gosto. Me comunicar sobre política, esportes, me manter
informado sobre tudo”, relata um deles. O último estudante relatou que já concluindo
outra faculdade, no 8º período, teve uma matéria sobre texto jornalístico. Gostou e
descobriu que era o curso que mais lhe interessava.
Dentre os estudantes três já trabalham na área da comunicação. Um exerce
a função de estagiário em uma empresa de jornalismo digital, com foco na
publicidade e merchandising. Outro é editor de um site na área de entretenimento,
escrevendo sobre a programação televisiva. O terceiro trabalha com rádio
jornalismo, em um programa de notícias gerais.
50
Os outros estudantes ainda não trabalham, mas já sabem em que área
querem atuar. Três no rádio jornalismo, sendo que um já trabalhou com assessoria
de imprensa, mas não gostou. “A televisão tem um dinamismo, mas o rádio fascina
pela factualidade e pela correria”. Um deles cita o gosto também pelo jornalismo
impresso. A televisão encanta dois, um pela chance de fazer reportagens pela rua e
não ficar preso na redação. O outro gosta também do jornalismo na internet pela
rapidez. Um estudante cita o gosto pela política, não importando o meio. Outro quer
opinar, fazer críticas principalmente sobre cinema. Por fim, um estudante quer ficar
na edição, áudio, foto e vídeos.
Meios de informação
A internet apareceu como principal forma de acesso a informação entre os
estudantes, uma unanimidade. Eles citam o jornal impresso como uma alternativa
para se aprofundar nos assuntos. Eles dizem “não ter paciência” para ler muita coisa
no computador, mas apenas um deles relata ter costume de comprar jornal impresso
mais de uma vez na semana. Os outros só aos domingos. O rádio entra como uma
maneira de se atualizar rapidamente, ao dirigir, por exemplo. As revistas são citadas
para se informar sobre assuntos específicos. As mídias sociais também são
abordadas, a mais usada é o twitter. Apenas um participante não tem conta no site.
Os sites relacionados como principais fontes de informação foram
Globo.com, Gazeta do Povo, G1, Folha de São Paulo, Portal UOL, Portal Terra,
Paraná Online, Bem Paraná e Estadão. Também foi lembrado o twitter. Segundo os
estudantes, quando acessam a internet o primeiro site visitado é o do seu e-mail
pessoal. O segundo é o twitter. Apenas um participante não tem conta no twitter,
mas já teve.
Dentre as referências na profissão estão Caco Barcellos e Willian Bonner da
Rede Globo “O Bonner é polivalente. Trabalha como âncora, repórter, edita o jornal.
Exemplo de competência.” Também são citados Eliane Brum, da Revista Época,
Régis Resing da Rede Globo, Ricardo Boechat e Marcelo Tás da TV Bandeirantes.
No Paraná, Paulo Camargo e José Carlos Fernandes do jornal Gazeta do Povo,
Dulcinéia Novaes e Alex Barbosa da RPV TV e Francielle Colpani da Band News.
Liberdade de expressão X liberdade de empresa
Um dos temas discutidos no trabalho é a relação entre liberdade de
51
expressão e liberdade de empresa. Durante o grupo focal foi questionado se os
estudantes avaliam que existe ou não liberdade para expressar suas opiniões como
jornalistas dentro de uma empresa.
Segundo os estudantes a liberdade de expressão não é plena, nem nunca
foi. “A partir do momento em que existe um editor para aprovar a sua idéia, ela deixa
de existir”. “Você tem o direito de falar, de certa forma você está se expressando. Só
que existem regras, então não é exatamente da maneira como você quer falar”.
Um dos estudantes exaltou que existe diferença, em seu ponto de vista,
sobre a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. “É uma coisa corriqueira
que nós não damos conta. Liberdade de expressão é um direito que todos têm. A
pessoa vai ser responsabilizada por cada coisa que falar. Liberdade de imprensa
você é livre pra trabalhar, desde que respeite a cartilha da empresa”.
Nesse momento foi lembrado o caso do chargista Solda, que foi demitido do
site Paraná Online por uma charge publicada sobre a visita do presidente americano
Barack Obama, considerada racista, publicada no dia 19 de março de 2011. A
charge repercutiu depois que o jornalista Paulo Henrique Amorim abriu a discussão
para a interpretação do trabalho. “Existe um ponto que tem que tomar cuidado. Todo
texto dá margem pra interpretação, nada é colocado literalmente”.
Foi abordada a liberdade de expressão na internet, com a facilidade de
divulgação de suas idéias a partir de um blog, por exemplo. “Na internet você publica
o que você quiser. O que as pessoas vão achar disso, eu não sei, mas a imagem é
sua e o problema é seu”. A partir desse momento a liberdade de empresa entrou em
discussão. Um estudante citou que existe uma política internacional no grupo em
que trabalha que proíbe que sejam comentados assuntos que façam pertinência ao
trabalho ou área de atuação na empresa. “Não posso comentar sobre nada da
minha área na internet, mesmo que não tenha ligação com a empresa em que
trabalho. Eles acham que o conhecimento que adquiri na empresa está sendo
exposto”.
Dentro da discussão sobre a liberdade de empresa os estudantes
demonstraram preocupação pela carreira. “Uma carreira demora anos para ser
construída, mas em segundos pode cair. Então você tem que respeitar a instituição
em que você trabalha”. Os participantes concordaram que o jornalista representa a
empresa em que trabalha, tendo assim responsabilidade a se policiar e respeitar a
posição exercida.
52
Inicialmente os estudantes ficaram retraídos quanto à idéia de que a
empresa pode influenciar o que eles dizem. Começaram defendendo o ponto de
vista ético de um profissional da área jornalística, mas aos poucos foram
aparecendo histórias em que a realidade é outra, e grande parte dos acadêmicos
admitiu que a empresa exerce sim influencia na opinião do jornalista.
Medo de perder o emprego e retratação
Após a discussão sobre liberdade dentro da empresa os estudantes
começaram a falar sobre as conseqüências que podem surgir quando se deseja
impor uma idéia diferente dos interesses da empresa.
Uma delas seria a perda do emprego, e houve divergência nas posições.
Certa parte relatou que não tem como prever o que deve ser feito, cada caso dever
ser estudado individualmente. “Depende da relevância da informação perante o
emprego. É questão de momento, tem que colocar na balança”. Um participante
disse já ter perdido o emprego por falar algo que achava certo. “Eu achei que aquilo
não estava correto, me expressei e perdi o emprego. Não me arrependo e faria de
novo”. O estudante não quis comentar mais sobre o assunto. Após o comentário
outro estudante concordou, mas abordou outra situação: “Emprego é emprego, eu
talvez deixasse de dizer algo por necessidade de manter o trabalho”.
Aprofundando no estudo de caso abordado no trabalho, foi questionado se a
empresa obrigasse uma retratação, ao falar algo que fosse considerado impróprio,
por parte do jornalista. “Se a empresa me provasse que estou errado, me retrataria”.
“Cada matéria que você faz passa por um editor, então ele é responsável por isso.
Se eu fosse editor me retrataria, porque a minha responsabilidade passa pelo jornal,
que é o meio que eu represento”.
O jornalista deve emitir opinião?
Willian Bonner, em seu livro “Jornal Nacional – Modo de Fazer” (2009), fala
que o jornalista não deve emitir opinião. Opinião, segundo Bonner, o jornalista pode
dar em conversas informais, em uma roda de amigos. No entendimento dele, o
jornalista deve apenas relatar a notícia. Os participantes do grupo focal não
concordaram com Bonner. “Você começa a escrever e já tem um lado, uma opinião
que acredita. Você sempre é parcial”. Outro concorda que Bonner não é imparcial:
“Ele mesmo (Bonner), em cada texto lido, em cada expressão demonstra
53
parcialidade. Ele é editor-chefe e escolhe o que vai ou não vai. Ele pode ter
estudado muito e usar critérios, mas ser imparcial é impossível. É a visão dele que
está ali”.
A posição que Bonner ocupa é colocada como fator para que o jornalista
possa emitir opinião, “Você precisa do seu espaço, e só consegue respeitando a
empresa para ser alguém. Hoje o Bonner é respeitado, mas já deve ter levado
algumas invertidas”.
Casos envolvendo liberdade de expressão
Para verificar se o caso envolvendo o jornalista Gladimir Nascimento era
conhecido, iniciamos a discussão sobre fatos envolvendo liberdade de expressão. O
primeiro caso lembrado foi o do chargista Solda, já relatado neste trabalho (p.51). O
segundo foi da jornalista Rachel Sheherazade, que fez críticas sobre o carnaval em
um telejornal exibido na Paraíba e demitida. O terceiro da jornalista Salete Lemos,
demitida da TV Cultura por um comentário feito contra os bancos e o governo.
Outros dois casos foram citados, um na Universidade Tuiuti do Paraná e
outro nas Faculdades Integradas do Brasil, ambos sobre universitários de jornalismo
que fizeram críticas sobre o curso e como conseqüência sofreram repressão por
parte da diretoria.
Por fim foi lembrado um caso que aconteceu na CNN, a apresentadora
Rosemary Church comparou os estragos causados pelo tsunami ao do mostro
mitológico Godzilla, e repreendida nas mídias sociais causando assim polêmica.
Então foi perguntado se eles se lembravam de algum caso envolvendo a
imprensa paranaense, na tentativa de que o episódio envolvendo o jornalista
Gladimir Nascimento surgisse na discussão. Nenhum dos estudantes lembrou-se do
fato. Indagados diretamente se lembravam do caso, um único participante arriscou
uma participação. “O problema foi que a pessoa que foi criticada, tinha acesso a
quem mandava na rádio, algo assim”.
O caso foi apresentado e colocado em discussão. Inicialmente alguns
estudantes apoiaram a atitude e as palavras do jornalista. “Eu admiro o jornalista,
ele foi ousado”, “Ele deixou um pouco de lado o jornalista Gladimir e falou como
cidadão”, “Qualquer um ali faria o mesmo”.
Neste ponto surgiram opiniões adversas. “Eu não faria o mesmo”, relatou um
estudante.” “Ele está transmitindo a opinião da empresa, tem toda uma equipe por
54
trás dele. “Ele não pode falar como cidadão”. Outro concordou: “É a opinião da
instituição que ele representa. O povo comenta que viu em determinado canal
aquela opinião”.
Os participantes relataram também que consideram Curitiba uma cidade
conservadora, fazendo menção ao fato do jornalista Ricardo Boechat ter repetido o
que gerou a demissão de Gladimir. Os estudantes abriram discussão para o
problema das concessões de rádio no Brasil. “Pra ter uma rádio é mais política do
que dinheiro”. Um deles disse que em um trabalho precisou buscar algumas rádios
para divulgar um projeto e na maioria das vezes foi remetido a entrar em contato
com um gabinete de vereador.
Vídeos documentários
Além do caso em si, a pesquisa também tinha o intuito de verificar a relação
dos estudantes com vídeo documentários, já que eles são parte do público-alvo do
produto.
Alguns vídeos documentários foram citados pelos estudantes. O primeiro foi
a produção americana “The Atomic Café”, logo após “Motoboys – Vida Loca” e
“Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei”, todos assistidos em sala de aula pelos
estudantes. Ainda foi lembrado “Falcão - Meninos do Tráfico”.
Os participantes relataram que assistir documentários didáticos em sala de
aula acrescenta muito para o aprendizado, assim como documentários que mostram
a opinião de outros jornalistas sobre determinado assunto. “O documentário mostra
a visão de quem está ali, não é ninguém falando por ele”.
O canal de vídeos na internet YouTube foi citado como ferramenta essencial
na busca por informações. “Hoje o YouTube pode ser considerado uma escola, você
aprende de tudo lá”, “Tem muita coisa interessante”, “tudo que eu perdi na televisão
eu busco lá”.
Questionados sobre o tempo do vídeo que assistem no YouTube, os
estudantes relataram que isso varia de acordo com o interesse pelo assunto. Os
participantes citaram a música, o entretenimento e conteúdos jornalísticos como os
mais buscados no canal de vídeos por eles. “Ontem mesmo assisti um show de
humor inteiro no YouTube”, “Eu já assisti o show do Bom Jovi”, “assisti a série
„Documento especial‟ toda na internet”.
55
7. DELINEAMENTO DO PRODUTO
Abaixo serão expostas considerações que explicam escolhas feitas no
desenvolvimento do videodocumentário jornalístico “Liberdade de Expressão: o caso
Gladimir Nascimento na Band News FM”. O nome do documentário refere-se
justamente ao tema central exposto, a liberdade de expressão, seguido do estudo de
caso abordado, que faz referência ao episódio que ocorreu na rádio Band News
Curitiba com o jornalista Gladimir Nascimento, já exposto anteriormente neste
trabalho. Nesta parte do trabalho também será exposto como o videodocumentário
jornalístico foi viabilizado.
7.1 Formato
O gênero videodocumentário jornalístico foi escolhido por conseguir de
melhor maneira expor o assunto abordado neste trabalho, desenvolvendo o tema
através de entrevistas, dentro de um contexto com profundidade.
As entrevistas são uma forma distinta de encontro social. Elas diferem da conversa corriqueira e do processo mais coercitivo de interrogação, à custa do quadro institucional em que ocorram e dos protocolos ou diretrizes específicos que estruturem. (...) Os cineastas usam a entrevista para juntar relatos diferentes numa única história. A voz do cineasta emerge da tecedura das vozes participantes e do material que trazem para sustentar o que dizem. (NICHOLS, 2007, p. 160)
A utilização do gênero tem por objetivo retratar a realidade de forma que as
causas do acontecido e as devidas consequências sejam evidenciadas, assim como
uma lição do caso. Segundo Melo, Gomes e Morais (2001), “[o documentário] Traz
consigo o tom de explicação, apresenta imagens e depoimentos que comprovam o
que é dito e também funcionam como registro, como mecanismo de resgate da
memória humana” (p.8).
Como já exposto e comprovado através de pesquisas empíricas de análise
de conteúdo e grupo focal, a repercussão entorno do caso da demissão do jornalista
Gladimir Nascimento não foi algo que tomou grande espaço na mídia,
principalmente na convencional como TV, rádio e jornais impressos. Além disso, o
trabalho aborda a criação da rádio Band News FM em Curitiba e a relação existente
56
entre liberdade de imprensa e liberdade de empresa dentro dos veículos de
comunicação. Este videodocumentário jornalístico permite que através de um
gênero que utiliza uma linguagem aprofundada seja impulsionada uma discussão
acerca do assunto.
Outro fator levado em consideração na escolha pelo formato
videodocumentário jornalístico é a dificuldade em divulgar o produto nas mídias
convencionais, visto que a maior parte das empresas que atuam no ramo de
comunicação em TV, rádio e jornais tem um foco comercial atrelado aos interesses
da empresa, não se importando em divulgar o tema. O presente trabalho aborda
também os problemas de concessões, assim como o conflito que existe entra os
interesses comerciais e jornalísticos das empresas.
7.2 Duração
O videodocumentário jornalístico apresentado é considerado de média
metragem, segundo instrução normativa de nº 36 da Agência Nacional de Cinema
(Ancine), publicada em 14 de dezembro de 2004. O capítulo II, artigo 5º, cláusula
VIII, estabelece “obra cinematográfica ou videofonográfica de média metragem: a de
duração superior a 15 (quinze) minutos ou inferior a 70 (setenta) minutos”. O
videodocumentário jornalístico apresentado tem 25 minutos de duração, mais 15
minutos e 30 segundos do material especial produzido. Este material especial entra
como um extra, e aborda outras histórias envolvendo o tema liberdade de expressão
acontecidas com os personagens e mensagens gravadas pelos entrevistados para
estudantes de jornalismo, um dos públicos-alvo. Para que esse material fosse
produzido foram gravadas aproximadamente 6 horas de material bruto, entre
entrevistas e imagens de apoio.
7.3 Personagens
O videodocumentário jornalístico conta com oito entrevistados, escolhidos
por trazerem ao documentário contribuições distintas e visões não singulares do
acontecido. Apesar da história ocorrer entorno do jornalista Gladimir Nascimento, ele
não é o único personagem principal do documentário. Eles podem ser divididos em
57
três grupos: os que trabalhavam com Gladimir Nascimento na Band News FM
Curitiba e participaram diretamente do fato, a posição da rede nacional da Band
News e jornalistas ligados ao sindicato que trazem a visão externa do fato e como o
jornalista pode ser compreendido se tratando da parte ética do assunto.
Segundo Carlos (2004) a função da entrevista em documentários é mostrar
a verdade compartilhada através da interação entre entrevistador e entrevistado.
A escolha dos entrevistados (...) se dá justamente pela riqueza de histórias e detalhes que a personagem pode contar. Se ela não conhece o documentarista, o documentarista a conhece e irá conduzir o diálogo para registrar as melhores histórias, as reações mais inusitadas, dentro do ponto de vista que defende. (p.7)
Daiane Figueiró, Denise Mello, Gladimir Nascimento e Heliberton Cesca
faziam parte da equipe da Band News FM Curitiba na época. Daiane Figueiró era
produtora, Heliberton Cesca trabalhava como repórter e Tathiana Pereira como
estagiária. Denise Mello era âncora ao lado de Gladimir Nascimento.
No outro grupo o entrevistado é Ricardo Boechat. O jornalista atua como
âncora nacional da Band News FM e do Jornal da Band, inclusive quando aconteceu
o episódio com Gladimir Nascimento. Boechat falou na Band News FM sobre o
comentário que gerou a demissão de Gladimir Nascimento e sobre a própria
demissão:
Eu queria aproveitar o giro nacional de notícias e lamentar aqui, porque sempre foi um grande profissional e um querido amigo, a perda do Gladimir Nascimento, nosso companheiro da Band News FM no Paraná. Não está mais conosco, e eu quero mandar um grande abraço, de admiração profissional e carinho ao Gladimir Nascimento.7F
8
Para trazer uma visão externa do acontecido foram convidados a participar
do videodocumentário jornalístico Emerson Castro Firmo da Silva e Mário Messagi
Júnior, jornalista e professore que discutem a ética na profissão e tem passagens
significativas por entidades da classe.
Emerson Castro Firmo da Silva é jornalista, ex-presidente do Sindicato dos
Jornalistas no Paraná, historiador e professor universitário. A apresentação do livro
de autoria de Silva (2007), “Uma tribo e suas trilhas num sindicato”, foi escrita por
Tomás Eon Barreiros, Presidente do Instituto Cultural de Jornalistas do Paraná, e
8 Ricardo Boechat, ao vivo, na Band News FM Nacional, dia 9 de fevereiro de 2009 às 7h58
58
revela um pouco da estimação do jornalista para o meio:
O estudo de Emerson Castro reveste-se de importância não só no que diz respeito ao registro histórico, como também na contribuição para a consideração crítica do jornalista em relação ao próprio ofício e à sua participação nos rumos da sociedade. (p.4).
Além disso Silva teve uma contribuição importante por fazer parte da banca
avaliadora quando o artigo baseado neste trabalho foi apresentado no Seminário de
Inverno de Comunicação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) em
setembro de 2010, dando sugestões e contribuindo com a linha de pesquisa por sua
experiência como professor de Ética e Legislação bem como seu conhecimento na
área sindical.
Silva (2007) discute as concepções de sindicato construídas no âmbito do
Sindijor-PR. “Busca-se preservar a fronteira profissional, a partir da atividade no
sindicato. Nesta fronteira aparece como relevante algo que é uma idealização da
especificidade de ser jornalista: “a imparcialidade” (p. 190)
Mário Messagi Júnior preside em 2011 a comissão de ética do Sindicato.
Além dissoé professor doutor, Assessor de Comunicação Social da UFPR e ex-
presidente do Sindicado dos Jornalistas do Paraná.
Foram almejados outros entrevistados para o documentário, mas recebemos
respostas negativas. Gisele Hishida, Vinícius Sgarbe, Aline Castro e Patrícia Thomaz
também fizeram parte da equipe da Band News FM Curitiba na época da demissão
do jornalista Gladimir Nascimento. Desses apenas Patrícia Thomaz e Vinicíus
Sgarbe retornaram os contatos (via e-mail), porém Patrícia disse não ter
disponibilidade de tempo e Vinícius Sgarbe não pode comparecer na gravação,
informando sua indisponibilidade para a equipe em contato telefônico.
Com a intenção de relatar também a visão da rádio Band News FM Curitiba
no fato ocorrido tentou-se o contato com a atual diretora de Jornalismo da emissora,
Joice Hasselman, mas não obtivemos retorno, (encontra-se no apêndice).
7.4 Público-alvo
O público-alvo do videodocumentário jornalístico preferencialmente são
estudantes de jornalismo e profissionais da área da comunicação, que tem
59
conhecimento ou não do episódio ocorrido com o jornalista Gladimir Nascimento.
A escolha pelos universitários é explicada pela intenção do trabalho de
estimular a discussão acerca do tema liberdade de expressão em um caráter
científico, assim se apresentados em sala de aula, por exemplo, pode abrir espaço a
um debate central do tema exposto. O grupo focal comprovou que o tema gera
discussão por dividir opiniões quanto ao tema, se a empresa pode ou não censurar o
que o profissional de comunicação diz para o público.
O videodocumentário jornalístico é de interesse de profissionais da área por
incitar a discussão por práticas diárias vistas em empresas de comunicação, como o
conflito entre liberdade de expressão e empresa, assim como até onde o jornalista
deve deixar que a empresa exerça influência na sua própria opinião. Até onde o
jornalista pode e deve ir se tratando de liberdade de opinião dentro da profissão.
Outro fator importante abordado no videodocumentário jornalístico é o registro de
como a Band News FM foi implantada em Curitiba, mostrando a importância do
grupo que compôs esse início e assim, participou do fato envolvendo o jornalista
Gladimir Nascimento.
7.5 Veiculação
Além da divulgação no meio universitário para professores e estudantes de
jornalismo, e para profissionais de comunicação, o videodocumentário jornalístico
será publicado na internet por meio do site YouTube8F
9·. É importante a divulgação na
internet para que a visualização não se restrinja, considerando que o público-alvo é
abundante e a discussão é válida no país todo. A internet permite que o
videodocumentário jornalístico alcance qualquer lugar do mundo. Além disso existe
dificuldade para divulgar o produto nas mídias convencionais, como já abordado
anteriormente.
O constante desenvolvimento tecnológico e a convergência das mídias para
plataformas digitais faz com que o acesso ao material produzido não se restrinja.
A veiculação no meio universitário se iniciará por meio das coordenações de
curso, sendo que o material será apresentado a cada uma delas em diferentes
faculdades. Professores universitários interessados em exibir o material poderão
solicitar uma cópia aos autores. A ideia é fazer com que o material chegue ao maior
9 http://YouTube.com
60
número de estudantes possível, cumprindo assim a sua função de levantar um
debate acerca do tema.
Uma das dificuldades em divulgar o trabalho para profissionais de
comunicação é o grande número de empresas e também de profissionais freelancer.
Outro problema é que o tema abordado nem sempre agrada as empresas. Por esse
motivo o videodocumentário jornalístico será divulgado nesse meio através de um
mailing de e-mails cedido pelo Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Este e-mail vai
enviar o link de acesso ao vídeo na internet, assim como uma opção para que o
profissional solicite uma cópia se interessado.
Para que a veiculação não seja restringida o videodocumentário jornalístico
será postado na internet, por meio do site YouTube. Segundo uma pesquisa
divulgada 9F
10 pelo instituto Ibope/Nielsen, três quartos dos usuários de web no Brasil
assistem a vídeos na rede. Isso representa 31,8 milhões de usuários no país.
Conforme divulgado no blog oficial do Google 10F
11 é mais de três bilhões de acessos
diários, um aumento de 50% comparado ao ano passado. E se os acessos
aumentaram pela metade, os envios duplicaram em relação a 2009: a cada minuto
48 horas de vídeos são enviados a internet por meio do site.
O trabalho desenvolvido não é um vídeo pensado exclusivamente para a
internet, mas aproveita o alcance desse meio para atingir seu público-alvo. Mesmo
com uma linguagem documental, ele pode ser inserido no YouTube enviado via e-
mail11F
12.
O site de exibição e catalogação de filmes de curta-metragem brasileiros
Porta Curtas12F
13 também é um meio almejado para a divulgação do vídeo. O site conta
com mais de 13,5 milhões de exibições de vídeos 13F
14, contando com mais de 9 mil
envios, dentre eles 316 documentários. O site conta ainda com cerca de 30 mil
profissionais artísticos cadastrados, sendo assim um importante meio de divulgação
do videodocumentário jornalístico. Para que o vídeo seja postado no site é feita uma
avaliação por parte da curadoria do portal, checando se a qualidade técnica e o perfil
do documentário está de acordo com a proposta do site.
O videodocumentário jornalístico também será inscrito em festivais
10
Publicada na editoria “Vida Digital” da revista Veja em 24/05/2011 11
http://googleblog.blogspot.com/, publicado no dia 26/05/2011 às 14h. 12
Correio eletrônico, utilizado para enviar mensagens pela internet 13
http://www.portacurtas.com.br 14
Dados referentes a maio de 2011
61
universitários brasileiros para que assim o trabalho seja reconhecido nacionalmente
e o tema atinja um maior número de pessoas.
7.6 Processo de Gravação
As gravações foram realizadas entre os meses de abril e maio de 2011. Com
cada entrevistado foi combinada uma data e um local diferentes, assim cada um
deles pode ser entrevistado de maneira que não soubesse o que o outro já relatou.
Essa forma foi escolhida para que a dinâmica do videodocumentário jornalístico não
fosse atrapalhada, visto que um recurso utilizado na forma como a linguagem do
trabalho é apresentada consiste em que cada um deles conte um trecho da história
e emita a sua opinião. Se a gravação fosse conjunta algum deles poderia se
influenciar pelo discurso alheio.
Outro fator levado em consideração foi a rotina de cada um. Para a
marcação das entrevistas foi combinado um horário que não atrapalhasse nenhum
compromisso de cada entrevistado, tendo uma pré-disposição de dedicar no mínimo
duas horas do seu dia para a gravação. Conforme determinado anteriormente este
tempo era necessário para que o trabalho fosse apresentado, uma pré-entrevista
acerca do tema feita e a gravação concretizada com tempo necessário para abordar
cada ponto de interesse do trabalho. Exceção foi Ricardo Boechat, que só pode
dedicar uma hora do seu dia para a gravação devido a sua agenda. A gravação com
Ricardo Boechat foi feita na cidade de São Paulo, dentro do Grupo Bandeirantes.
Todas as outras entrevistas foram realizadas em Curitiba.
A opção por gravar em ambientes abertos tem ligação com o tema ser a
liberdade de expressão. Com o ambiente externo a intenção é de que seja
repassada a impressão de liberdade através do ambiente livre. A única exceção é o
personagem central, Gladimir Nascimento. A gravação com o jornalista foi feita
dentro do atual ambiente de trabalho dele, diferenciando assim dos demais.
Gladimir Nascimento inicialmente não queria falar sobre o assunto de sua
demissão, mas após entender melhor o objetivo do trabalho aceitou desde que fosse
gravado no local onde ele trabalha.
62
7.7 Linguagem
Em momento nenhum do videodocumentário jornalístico existe a presença
do narrador, a história é contada pelos próprios entrevistados. Essa escolha foi feita
para que o videodocumentário jornalístico, sendo um produto jornalístico, oferecesse
um conteúdo em que todas as informações repassadas tivessem a autoria
reconhecida, visto que o tema abordado é a liberdade de expressão e o poder da
fala jornalística para o público.
Tal escolha tornou a produção do videodocumentário jornalístico mais
trabalhosa. As entrevistas tiveram na maioria das vezes um direcionamento
parecido, perguntas iguais foram feitas, já que para tornar o produto algo dinâmico
cada entrevistado conta uma parte da história, não tendo falas longas e mantendo
assim um ritmo que não canse quem assiste.
Após captadas as entrevistas, elas foram decupadas em fala literal, para que
facilitasse assim a montagem do roteiro e por consequência a edição, já que o
número de cortes e trocas de entrevistados era muito grande.
7.8 Orçamento
Produto x Unitário Total Observações
Repórter Cinematográfico
7 R$ 289,00 R$ 2.023,00 Diária de 5 horas
Repórter Cinematográfico
1 R$ 354,00 R$ 354,00 Diária de 8 horas
Fitas Mini DV 10 R$ 15,00 R$ 150,00
Aluguel Equipamentos 8 R$ 450,00 R$ 3.600,00 Diária de 24h
Edição 40 R$ 40,00 R$ 1.600,00
Mídia DVD Virgem 100 R$ 1,99 R$ 199,00
Selo para Mídia 100 R$ 2,00 R$ 200,00
Capa DVD 100 R$ 1,99 R$ 199,00
Encarte Capa DVD 100 R$ 2,10 R$ 210,00
TOTAL R$ 8.535,00
Os gastos iniciam-se pelas diárias de um repórter cinematográfico que
somariam um total de R$ 2.377,00, levando em consideração que seriam
63
necessárias sete diárias de cinco horas e uma diária de oito horas. O valor unitário
de R$ 289,00 e R$ 354,00 por jornada é atribuído pela tabela de sugestões de
preços para freelancer disponível no site do Sindicato dos Jornalistas do Paraná.
Também foi necessária a compra de 10 fitas Mini DV num valor total de R$ 150,00.
Além disso o aluguel do equipamento, incluindo câmeras, tripé e microfone de lapela
ficaria em R$ 3.600,00 para os oito dias de gravação. Para a edição foram
solicitadas 40 horas, resultando num total de R$ 1.600,00.
A tiragem inicial do videodocumentário jornalístico é de 100 cópias, para isso
o investimento necessário é de R$ 808,00. Esse valor inclui mídias virgens, o selo
para mídia com impressão em alta qualidade, a capa para o DVD e a impressão do
encarte que vai dentro dela.
Todos os produtos e serviços foram orçados em pelo menos três lugares
diferentes, sendo escolhida sempre a de menor valor. Foi tomado o cuidado para
que isso não influenciasse na qualidade do trabalho, verificando referências da
empresa ou do produto.
7.9 Viabilidade
A mão de obra do repórter cinematográfico foi substituída pela dos
acadêmicos. O aluguel dos equipamentos não foi necessário, visto que as
Faculdades Integradas do Brasil ofereceram o empréstimo dos mesmos. A edição
também foi substituída pelo serviço dos acadêmicos em suas próprias residências,
sendo que o único valor gasto foi com um arte-finalista que elaborou as vinhetas e
artes utilizadas no videodocumentário jornalístico, assim como regulagem de vídeo e
áudio.
O videodocumentário jornalístico pode ser viabilizado através de leis de
incentivo como a Lei Rouanet14F
15, que para educar as empresas a investir na cultura
oferece benefícios no recolhimento de impostos. A Agência Nacional do Cinema
(Ancine) também oferece apoio financeiro a projetos de obras audiovisuais,
buscando apoio de mecanismos de fomento indireto 15F
16.
15
Lei Nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991. 16
Fomento indireto é o que se efetiva por meio das leis de incentivo fiscal.
64
7.10 Roteiro
As entrevistas foram transcritas fielmente a fala do entrevistado, ipsis litteris.
Assim a produção do roteiro foi facilitada e ficou evidente que era desnecessária a
presença de narração no videodocumentário jornalístico, já que os entrevistados
poderiam contar a história por si só. O roteiro encontra-se no apêndice ao final do
trabalho.
7.11 Processo de edição
O software escolhido para a edição foi o Adobe Premiére, pelo conhecimento
prévio da utilização do programa pelos integrantes da equipe e por se de um dos
melhores na edição de vídeos. Com as entrevistas transcritas e o roteiro finalizado a
edição foi facilitada. Todas as entrevistas foram gravadas com duas câmeras, então
inicialmente todas as imagens foram sincronizadas.
Após isso, os trechos escolhidos no roteiro foram separados, entrevistado a
entrevistado. Na sequência esses trechos foram montados na ordem em que o
roteiro destinava. Transições foram utilizadas na troca de câmera e na troca de
entrevistados, dissolvendo assim imagem sob imagem de modo a suavizar tal troca.
Imagens de apoio foram importantes para que as transições de assuntos forem
feitas, nestes pontos foram utilizados alguns outros efeitos de vídeo como a
transição para o preto (fade).
As artes como vinhetas e gerador de caracteres (GC), assim como a arte-
final, como regulagem de cores do vídeo e de áudio, foram feitas por uma
profissional da área de edição de vídeos.
7.12 Trilhas
As trilhas utilizadas no videodocumentário, que é parte integrante deste
trabalho, são de utilização livre, obtidas por meio do site www.freeplaymusic.com. A
trilha utilizada e cantada por Ricardo Boechat, foi capturada do YouTube e é uma
versão feita por ele da música „La Marseillaise‟, hino nacional da França, cantada ao
65
vivo na rádio Band News FM do Rio de Janeiro, no dia 14 de julho de 2009, em
decorrência de discussões acontecidas no Senado brasileiro.
66
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho de conclusão de curso teve como objetivo principal retratar, por
meio de um videodocumentário jornalístico, a liberdade de expressão no
radiojornalismo de Curitiba, através de histórias contadas por jornalistas no caso que
envolveu a demissão de Gladimir Nascimento. O trabalho teórico buscou analisar as
representações sociais desses jornalistas.
Como problema, o trabalho teve como abordagem a liberdade de expressão
no caso que envolveu a demissão do jornalista Gladimir Nascimento da rádio Band
News FM. Isso fez com que o trabalho aplicasse estudos que viabilizarem esse
resultado. Primeiramente foi feita uma pesquisa de análise de conteúdo para
verificar para entender se houve ou não repercussão do caso na mídia. Isso foi feito
com o uso do buscador Google da internet para mapear a quantidade de
publicações para verificação da repercussão do caso. Com isso foi possível
identificar que a repercussão do caso teve um período específico, entre os meses de
janeiro e março de 2009, ano que aconteceu a demissão do jornalista. A pesquisa
quantitativa mostrou, também, dois sites jornalísticos, Observatório da Imprensa e
Comunique-se.com, como os que pautaram outros sites e blogs, inclusive os ligados
aos principais jornais de Curitiba.
A outra pesquisa que inclusive definiu o público-alvo, foi feita por meio de um
grupo focal com estudantes de jornalismo para verificar se eles conheciam casos de
liberdade de expressão, mas, principalmente, o caso que envolveu a demissão de
Gladimir Nascimento da rádio Band News FM. Outro ponto importante que ajudou a
pesquisa com grupo focal, foi porque definiu a escolha por um videodocumentário
jornalístico como produto deste trabalho. Com isso as pesquisas conseguiram,
atingir objetivos específicos proposto.
O trabalho conseguiu, também, atingir o objetivo geral com a produção de um
videodocumentário jornalístico, porque esse produto foi produzido a partir do relato
de histórias contadas sob a ótica das representações sociais de jornalistas
envolvidos com o caso da demissão do jornalista Gladimir Nascimento. Discutiu
também, os conflitos existentes entre liberdade de imprensa e de empresa.
A importância do estudo das representações sociais utilizada no trabalho foi
importante porque este conceito dá espaço para o sujeito, para ele mostrar sua
singularidade, sua individualidade. Com isso o videodocumentário jornalístico conta
67
o caso a partir dos jornalistas envolvidos no caso, e a teoria ajuda a entender isso, a
singularidade das pessoas.
Esse trabalho pode observar que se os jornalistas profissionais, mesmo
aqueles seguidores de virtudes éticas, não seguirem ideologias dos empresários de
comunicação, tendem a ficar fora do mercado de trabalho. Enquanto não existir no
Brasil, como citado por Pierant e Zouain (2006), proteção legal para jornalistas esses
condicionantes continuarão.
Como Pieranti (2006) concordamos que a possibilidade de ação nesse âmbito
envolveria uma maior participação da sociedade civil, já que é ela a principal
interessada, na garantia dos direitos fundamentais. Isso dependeria, segundo o
autor, de reformulações legais, mas que parece inviável no momento face a
correlação de forças no âmbito público favorável à parceria entre empresários e
parte do Congresso Nacional.
Cabe aqui apontar posicionamento de Pieranti (2006) ao questionar a
aplicação de independência da mídia. Esta só funciona pela lógica empresarial e os
meios de comunicação de massa no Brasil refletem problemas de estrutura de
regulação e não respeitam princípios apontados como essenciais aos meios de
comunicação, como a independência.
68
9. REFERÊNCIAS
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74
NOTAS DE RODAPÉ http://www.observatoriociudadaniadigital.org/agenda/1-latest-news/158-20-21-maio-inclusao-tecnologica-e-direito-a-cultura.html 2 http://www.tibagi.uepg.br/uepgnoticias/noticia.asp?Page=8272
3 http://apps.unibrasil.com.br/revista/
4 A convenção Americana sobre Direitos Humanos dispõe em seu artigo 13, que „não se pode
restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de ideias e opiniões‟. O disposto no texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 19, „todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão: este direito inclui a liberdade, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. 5 http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1136363&tit=Politicos-sao-
donos-de-15-das-radios-no-PR. Acesso em 13/06/2001 6 Disponível em http://www.massafm.com.br/content/massa-fm. Acesso em 13/06/2011.
7 Comentário político causa demissão na Band News Curitiba, disponível no site Comunique-se.com
8 Ricardo Boechat, ao vivo, na Band News FM Nacional, dia 9 de fevereiro de 2009 às 7h58
9 http://YouTube.com
10
Publicada na editoria “Vida Digital” da revista Veja em 24/05/2011 11
http://googleblog.blogspot.com/, publicado no dia 26/05/2011 às 14h. 12
Correio eletrônico, utilizado para enviar mensagens pela internet 13
http://www.portacurtas.com.br 14
Dados referentes a maio de 2011 15
Lei Nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991. 16
Fomento indireto é o que se efetiva por meio das leis de incentivo fiscal.
APÊNDICES
Perguntas organizadas para nortear entrevistados.
Quando você houve falar em liberdade de expressão, o que isso representa para você?
Você pode contar a história de como conheceu e foi convidado para compor a equipe de Gladimir Nascimento na Band News FM.
Qual foi o sentimento que passou em você quando Gladimir Nascimento foi afastado da rádio Band News FM.
Qual lição pode-se tirar do caso Gladimir Nascimento na sua opinião? O que você diria a estudantes de jornalismo sobre a liberdade de expressão especialmente em Curitiba?
Como era o relacionamento de Gladimir Nascimento com a direção da Band News?
Você sofreu algum tipo de censura quando trabalhava na emissora?
Você assinou documento que orientasse ou que proibisse assuntos que viessem de encontro aos interesse da empresa?
Existe algum canal de crítica, de análise do que está sendo publicado pela mídia ao jornalismo para que os jornalistas levem a informação de uma maneira mais séria?
Você acredita que as críticas feitas por Gladimir Nascimento feriu a ética jornalística ao comparar a atitude dos deputados estaduais do Paraná a ladrões de galinhas?
Tem algum limite para liberdade de expressão?
Cláusula de consciência. Você poderia falar sobre o artigo 25 da Convenção Coletiva do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná do que trata este artigo?
Conte uma história que envolve liberdade de expressão.
Perguntas organizadas para nortear o grupo focal
Perfil de cada entrevistado
Porque trabalha na área, onde?
Quer trabalhar em qual área do jornalismo?
O que vocês lêem de jornalismo? Como vocês se atualizam em informações?
Qual meio de comunicação vocês acessam informação?
Que sites vocês acessam?
Tem conhecimento de sites jornalísticos?
O que você entende por liberdade de expressão, o que acha disso?
Você acha que em 2011 isso acontece ainda?
Que caso recente você lembra que envolveu liberdade de expressão?
Você sabe de algum caso que aconteceu no Paraná que envolveu liberdade de expressão?
Você ouviu falar do caso Gladimir Nascimento?
Se falasse algo que atingisse interesses da empresa e as pessoas que pagam seu salário pedissem que você voltasse atrás, se retratasse, você faria isso ou manteria sua opinião?
Você acha que na prática o jornalista tem total liberdade para dar opinião seja qual for o veículo de comunicação?
William Bonner afirma em seu livro “Jornal Nacional: modo de fazer” que o jornalista não deve emitir opinião que o jornalista deve apenas relatar informação. Você concorda?
Que filmes, documentários você assiste?
Você já viu documentários jornalísticos? Porque?
ROTEIRO PARA EDIÇÃO
1. APRESENTAÇÃO COM FRASES DE IMPACTO
2. CRIAÇÃO DA BANDNEWS FM
ARTE (2 DE JANEIRO DE 2006)
DENISE MELLO
A BandNews Curitiba começou com o Gladimir Nascimento. Antes mesmo de a
gente entrar no ar no dia 2 de janeiro de 2006, o Gladimir trabalhou meses antes
montando essa equipe, montando essa estrutura e é uma estrutura enxuta, sempre
foi enxuta, mas que tinha um desafio muito grande.
HELIBERTON
E aí no finalzinho de 2005 começou um burburinho entre os colegas de que haveria
uma nova rádio e aí em dezembro, no início de dezembro, o Gladimir me ligou me
convidando pra trabalhar com ele.
GLADIMIR
Eu não selecionei todos. Muitos me foram indicados pela empresa, indicados pela
própria equipe que já existia na CBN que de certa maneira influenciou a formação
BandNews em Curitiba. O que é estranho porque são concorrentes, mas aqui como
se sabe pertencem ao mesmo grupo econômico. (COBRE IMG)... eu implantei a
BandNews em Curitiba, mas ela já estava implantada fazia um ano em outras
cidades.
DENISE
Eu lembro como se fosse hoje o dia que fomos apresentados ao diretor em São
Paulo da BandNews que nos falou como iríamos trabalhar esse conceito de a cada
20 minutos uma rodada de notícias, nacionais, locais comercial e ainda por cima o
conceito de que nós teríamos que operar o equipamento tecnicamente, que era uma
coisa totalmente nova pra gente, foi um baque porque isso era totalmente novo.
DAIANE
Na época eu era produtora, sentava numa mesa ao lado do Gladimir, na mesa de
som, mesa de transmissão que é chamada. Fazia atendimento aos ouvintes,
apurava pautas, fazia marcações de entrevistas...
TATHIANA
Então, eu era estagiária, oficialmente, mas na rádio todo mundo jogava em todos os
campos. Então eu fazia a parte de produção principalmente do jornal do Gladimir da
manhã e fazia algumas reportagens assim...
HELIBERTON
(COBRIR COM IMG) Eu conheci o Gladimir fazendo estágio na rádio CBN aqui em
Curitiba, e na rádio 96, a 96 Rock, onde ele tinha um programa de entrevistas junto
com o José Wille. E a partir desse estágio em que a Michele Tomé, que era
produtora das duas rádios, me levou a trabalhar com eles eu comecei a conhecer o
Gladimir. Isso foi no ano de 2004, 2005. Falou que ele estava com a
responsabilidade de implementar a rádio de trazer o conceito da BandNews de São
Paulo aqui pra Curitiba e me convidou pra trabalhar com ele. E aí nos primeiros dias
de janeiro a gente colocou a rádio no ar. Foram as primeiras transmissões já da
BandNews.
DENISE
Também tivemos alguma dificuldade pra encontrar até a linguagem da emissora,
porque a gente vinha acostumada de rádio de notícia, com referência da CBN e de
uma hora pra outra nós tivemos outro ritmo de notícia. Isso mudou completamente o
nosso modo de ver a questão do jornalismo em rádio. Mas eu acredito que a gente
fez um excelente trabalho ali.
DENISE
Conseguimos achar a medida entre o que era lento pro ouvinte e também sem ser
desrespeitoso sem ultrapassar o limite do razoável que é o que o ouvinte quer. Ele
quer uma relação de respeito com informação, com credibilidade e foi o que a gente
fez. Com uma estrutura pequena nós tivemos no máximo em alguns momentos 12 a
14 funcionários, profissionais nem todos jornalistas, alguns estagiários, mas
conseguimos dar conta durante os três anos e três meses que esse grupo ficou à
frente da BandNews FM em Curitiba.
3. BLOCO LIBERDADE DE EXPRESSÃO
DAIANE
Todo mundo tem o direito de expressar as suas idéias, os seus pensamentos, suas
opiniões. E esse direito no exercício do jornalismo eu acredito que ele seja um
poder. Um poder que requer grandes responsabilidades.
TATHIANA
... poder expressar as ideias... enfim o que realmente se deseja, o que se tem
conhecimento sem nenhuma maneira de censura...
HELIBERTON
... é a possibilidade de especificamente no jornalismo, trabalhar conforme você
acredita que é a melhor forma. Contar as histórias conforme você acredita que elas
sejam mais interessantes para o público, e dar as informações que você acredita
que sejam as mais relevantes para o público.
BOECHAT
Como jornalista uma coisa fundamental, um valor fundamental, se não tiver essa
liberdade, se esta liberdade não tiver sendo exercida não há jornalismo. É uma
atividade que deixa de existir como tal se você não tiver liberdade de expressão.
DAIANE
Ter liberdade de expressão é ter uma responsabilidade de mudar o que está errado,
de construir uma sociedade mais justa, mais democrática dando voz a todos. Saber
ouvir os dois lados. Pra mim isso é ter liberdade de expressão.
GLADIMIR
A essência do jornalismo, e a essência também da vida em sociedade, em
democracia. Não há nenhuma democracia nem nunca houve uma democracia sem
liberdade de imprensa e de expressão, não são necessariamente a mesma coisa. A
liberdade de expressão é algo muito mais amplo.
BOECHAT
A liberdade de expressão é indispensável à existência de determinadas coisas,
jornalismo entre elas. Talvez a que primeiro morra sem liberdade de expressão.
GLADIMIR
Mas, hoje os jornalistas trabalham com uma dose elevadíssima de alto censura que
é provocada pelo ambiente em que se desenvolve o jornalismo hoje. Esse ambiente
que tem uma espécie de ideologia de mercado, que leva alguns jornalistas a
imaginarem que realmente não devem escrever o que queriam escrever que aquilo
não será bem recebido.
DENISE MELLO
...Porque todo meio que você trabalha, seja rádio, TV, jornal qualquer meio de
comunicação, você tem por traz desse meio de comunicação um interesse.
GLADIMIR
Eu acho que esse é o principal mal do nosso jornalismo hoje. Nós precisaríamos de
uma recuperação radical do nosso direito de expressão. Na verdade não é só o
direito é nossa obrigação de expressão porque a sociedade espera do jornalista é
que ele fale, que ele diga o que viu que ele testemunhe, que ele contextualize, que
ele critique, que ele aponte.
(ARTE, CLIPE COM IMAGENS, PARA REFLEXÃO)
A sociedade não precisa concordar com o jornalista, mas ele precisa exercer o
jornalismo com liberdade para que a sociedade possa se posicionar.
4. LIBERDADE DE EMPRESA
BOECHAT
… Olha o empresário aqui no caso é o Johnny Saad. Eu sou âncora do Jornal da
Band e sou âncora da BandNews FM. Eu tenho plena consciência de que às vezes
eu falo barbaridades. Eu... às vezes saio do programa lá de dentro do estúdio
dizendo: cacete hoje eu vou me foder, não é possível. Eu mando pêra mesmo. Eu às
vezes... eu já, eu dou nome, eu chingo.. eu já disse que o Sarney tem enfiado
dinheiro até na bunda.. o Sarney. Eu nunca vi o Johnny... nada... zero.
DENISE MELLO
Existem coisas pontuais em que a direção da empresa em que eu trabalho, tomou
partido ou fez alguma orientação, ou alguma proibição em pouquíssimas vezes.
Você tem liberdade no dia a dia pra falar, agora tem assuntos que você tem que
saber, inevitavelmente, qual é a direção política ou até mesmo econômica da
empresa que você trabalha.
HELIBERTON
Todo o trabalho jornalístico depende de uma estrutura comercial, de uma estrutura
de empresa por traz, que às vezes, em alguns casos, os valores não são os
mesmos, os valores da empresa da parte comercial, não casa com valores de uma
equipe de jornalismo ou de jornalistas. E essa relação é bastante afetada.
BOECHAT
O anúncio saia do ar, eu não prestava atenção, não é que eu fazia de propósito, mas
às vezes saia um anúncio do banco tal do ar, e na seqüência tinha uma notícia de
que o segurança do banco tinha dado um tiro num cliente, porque a porta não sei o
que travou. Eu baixava o sarrafo no banco, no dono do banco, no presidente do
banco, na mãe do dono do banco.
EMERSON
digamos um jornalista mais entregue a interesses empresariais e tal, isso é... eu diria
não é um espaço jornalístico né, é um espaço para a picaretagem.
GLADIMIR
Limite e direcionamento há em todos os veículos. Não quer dizer que a cada meia
hora você preste contas do que está falando. Até porque os jornalistas já baseado
naquele cabresto de alto censura evitam problemas não entrando naquilo que eles já
sabem que vai dar problemas.
DENISE
Então eu acho que parta sempre do princípio que você tem sim liberdade pra fazer o
seu trabalho. Aí você viu que talvez não seja tanta liberdade. Veja qual é o seu limite.
Veja até onde você vai. Sem ferir a tua ética. Sem ferir as coisas que você acredita.
Passou desse limite não se prostitua.
BOECHAT
O Dr. Johnny Saad tem as opiniões dele, é o dono da empresa e me paga um belo
salário. Mas se ele chegar pra mim amanhã, e quiser que eu diga alguma coisa ele
vai ter que me convencer de que esta coisa faz sentido, representa algo que eu diria
espontaneamente. Senão ele não me faz dizer.
5. CRÍTICA AOS DEPUTADOS, O CASO. **ARTE NOTÍCIAS**
DENISE
Quando aconteceu a questão da crítica ao projeto de lei de aposentadoria dos
deputados, aprovado na calada da noite, na madrugada, ao apagar das luzes no dia
18 de dezembro de 2008, quando aconteceu isso, o Gladimir fez críticas, eu também
fiz. Mas as críticas dele foram absolutamente fortes com relação aos deputados, a
essa postura dos deputados.
DAIANE
Quando a gente ouviu a gente se olhou assim... uau... Aquilo realmente mostrou o
que nós gostaríamos de ter falado, mas pareceu ser um pouco forte. Mas até então,
a gente gostou e falou: Yes, é isso aí, era para ter falado justamente isso. Acho que
muita gente se viu naquele comentário ali.
HELIBERTON
Foi um susto. Eu não esperava que isso fosse acontecer. Eu não tinha ideia do
quanto à relação entre a empresa e o Gladimir havia sido desgastada nos três anos
que a gente ficou lá. Para mim, que era um repórter, que não participava de decisões
de edição ou de rumos editoriais da rádio, pra mim foi uma grande surpresa a
demissão dele. Em janeiro ele entrou em férias, e quando foi para ele retornar e veio
o anúncio de que ele estava demitido foi um grande susto na verdade. (COBRIR
IMG)
TATHIANA
na verdade ele fez um comentário sobre uma questão política, diretamente sobre os
políticos, que na verdade era um caso que realmente revoltou todo mundo e ele só
expressou o que todo mundo pensava e sentia, e teve uma repercussão muito
grande, imediata,
EMERSON
eu acredito que muito mais que jornalista, muito mais que cidadão ele se indignou, e
fez uma observação que a meu ver não chega a ferir a ética jornalística.
GLADIMIR
... a crítica aos deputados foi feita com muita veemência, eu realmente disse o que
eu achava que devia dizer e repito: são ladrões de galinhas. Deputados que votam,
as duas da madrugada, uma aposentadoria pra eles próprios, paga com dinheiro
público são ladrões de galinhas. É isso que são. Talvez até a crítica fosse pequena
porque eles na verdade são coisa pior que ladrões de galinhas. O comportamento
deles é que é de ladrão de galinha. A chamada fuleragem. Não bastasse o crime do
colarinho branco ainda agem como criminosos de quintal, que roubam as galinhas
do galinheiro. Fiz a crítica veemente, o episódio se desenvolveu e as conseqüências
são públicas.
BOECHAT
E isso é pouco, ladrão de galinha ainda é a figura que pegava pequenos furtos, a
galinha no caso pra comer, pra vender e comprar outra comidinha. Imagina se
nossos deputados. Talvez eles tenham ficado irritados por isso. Eles não são ladrões
de galinha. Não são ladrões de grandes obras, metrôs, trens, hidrelétricas já que
estamos no Paraná. Imagina...
EMERSON
ele ta comparando uma atitude dos deputados que me parece ali é irregular
tecnicamente falando e como irregular se assemelha a uma ação irregular que é
roubar uma galinha né. ou seja, ele não ta exatamente dizendo que eles são ladrões,
mas esta dizendo que estão fazendo uma irregularidade como ladrões fazem, na
calada da noite roubando galinhas,
GLADIMIR
... ao fazer o comentário eu sabia que seria demitido. Eu não sou ingênuo. Eu sabia
que no mínimo eu teria grandes problemas.
DAIANE
... os colegas já comentaram que era para “pegar mais leve” pra quando falasse de
algum deputado, ou falasse de algum político influente, teria que ter ali um... um
equilíbrio nas palavras, não usar palavras muito rudes, e não fazer comentários
muito pessoais que pudesse parecer que realmente você estava se colocando diante
daquela situação.
DENISE
...Quando a gente tomou consciência disso foi um baque porque a BandNews FM
até aquele momento era o que era até naquele instante, em função desse homem,
do Gladimir Nascimento, desse profissional absolutamente correto, de extremo
caráter, que foi uma das pessoas que eu tive o maior prazer de trabalhar até hoje.
Então foi um baque para a equipe sim, tanto que um mês depois todo o grupo dele
foi demitido, as pessoas ligadas a ele e algumas até pediram demissão porque não
havia como a gente permanecer.
TATHIANA
eu me demiti, porque assim, na época em que aconteceram as demissões, porque o
Gladimir foi demitido, nos ficamos uns meses, a equipe ficou todos queriam se
demitir, mas ele convenceu o pessoal a não se demitir, e nós continuamos em
respeito ao trabalho dele, porque a rádio foi realmente trabalho dele.
DENISE
Difícil mas a gente continuou, sem ele. Só que ai sem nenhum respaldo da direção
da empresa. Que até então a gente não sabia o que eles queriam, o que eles
pretendiam, não sabíamos nada.
DAIANE
O Gladimir nunca disse para nós não irmos em frente, não seguirmos em frente.
Sempre nos deu muita força e incentivo pra continuar. Em nenhum momento ele
disse: saiam todos ou não fiquem mais na BandNews.
TATHIANA
toquem a bola pra frente, continuem, não deixe que isso afete.
GLADIMIR
Sacanearam não comigo, com a minha equipe inteira. Agora não foi assim essa
coisa de bruta montes. Houve uma brutalidade política. E houve uma
incompatibilidade que não podia ser superada. Porque naquele veículo o jornalismo
sempre será atrelado ao interesse de um banco. E não dá pra fazer jornalismo
assim.
BOECHAT
Ali teve um caso típico de arriaram as calças pro poder. Ali teve mesmo. Teve. A
Band de Curitiba, do Paraná sei lá quem arriou as calças lá, paciência. Não vão
querer que eu diga outra coisa, porque achar que eu vou contemporizar com esse
tipo de atitude. Quando um profissional,... chama deputado de ladrão de galinha,
baseado numa notícia, numa apuração, você está cerceando aquilo que falamos no
início, a liberdade de expressão de um jornalista. Aí é melhor não ter jornalista. A
atitude ali foi deplorável, sem sombra de dúvida.
GLADIMIR
...eu acredito que nós não devemos nunca permitir a vitimalização. Eu não me
considero vítima. Eu sou um profissional e quando invadiram espaço que eu
considero que é o espaço da minha liberdade eu reagi. E reagi publicamente, então
digamos ficou empatados. Não me considero vítima. Não gosto de falar do assunto
porque acho que não se deve valorizar demais o episódio.
BOECHAT
Porque porra, pera aí, eu sou, eu sempre pensei que eu era o mocinho, eu tava do
lado do bem, os bandidos são aqueles. Olha lá o bandido. Olha lá o Daniel Dantas,
olha lá... o entendeu... a patota dele na imprensa. O nego que leva grana dele e tal...
E eu que sai. A turma dele. Naquele momento tava na Veja, tava no Globo, estava
muito bem posicionado especialmente na Veja. Portanto, acabou sobrando pra mim
mesmo. Eu fiquei muito muito mal, durante muito tempo.
6. DESILUSÃO COM A PROFISSÃO
TATHIANA
agora eu vejo assim que se afastando um pouco, as emoções, claro isso queira ou
não queira isso mexe muito com emoção também, e você se sente um pouco
injustiçado e tal aquela coisa. mas, foi muito desestimulante sim, porque você sai
com uma visão assim de querer fazer as coisas diferentes, querer fazer tudo certo, e
de repente você vê que num veiculo importante, grande, ainda existe assim essa...
essa postura... desestimula bastante sim.
HELIBERTO
...foi um aprendizado passar por isso na época, foi triste, foi um momento de grande
decepção com a profissão, de grande decepção com o meio aqui do Paraná, com as
empresas, com o que eu pretendia fazer para o restante da minha vida. O que eu
tinha feito durante três anos ali ao lado do Gladimir. Foi um momento de decepção.
Mas passar por isso acabou trazendo lições, trazendo uma experiência triste mais ao
mesmo tempo em que hoje ajuda a lidar com o mercado.
GLADIMIR
Eu acho que foi bom pra eles. Foi traumático. Eu fiquei com muita pena de vê-los tão
jovens no começo de carreira enfrentar um episódio pesado, barra pesada como
esse, mas acho que foi didático, foi pedagógico. E a lição é essa que a briga
continua companheiros, não acabou. Pra fazer jornalismo tem que brigar. Jornalismo
é uma profissão pra inconformados. Quem acha que está tudo colorido, que tá tudo
bom procure outra profissão.
7. LIÇÃO DO CASO
DAIANE
Lição (pausa) eu acho que, antes de qualquer comentário que você faça ao vivo, ou
que você transmita uma mensagem pra sociedade, você precisa ponderar suas
palavras. As palavras possuem uma força muito grande, então, antes de comentar
qualquer coisa, que vai influenciar a vida de outras pessoas, é necessário medir, ter
equilíbrio e pensar muito antes de falar.
HELIBERTON
Eu acho que uma lição, vamos dizer pro meio jornalístico aqui de Curitiba, e talvez
do Paraná, é que apesar de estar no século 21, esse tipo de prática de interferência
empresarial, política, nos meios de comunicação ainda existem. Vem a reforçar
qualquer ideia, qualquer conceito mais sonhador, mais idealista de que isso não
aconteça por aqui mais. Acontece e a gente tem o exemplo do caso dele.
GLADIMIR
O episódio não é importante, eu não sou importante, a BandNewsFM não é
importante nem empresário que a dirige não é importante. O importante é o contexto
da nossa imprensa. Isso sim eu acho que vale a pena a gente insistir, porque esse
contexto precisa ser modificado. Nós precisamos voltar a fazer jornalismo e a exigir
a liberdade, praticar a liberdade para que a sociedade melhore. É essa é a nossa
pequena parte como jornalistas, na construção da democracia.
SOBE FICHA > BARRAS
8. EXTRAS - HISTORIAS DE LIBERDADE
DENISE MELLO
Eu comecei a minha carreira no Canal 4, no SBT isso em 1990. … Éramos uma
equipe maior de jornalistas na TV que estava sob o comando do Paulo Pimentel na
época, e as condições de trabalho estavam muito ruins, questões não apenas
salariais, mas de falta de equipamentos e outros problemas. Tudo isso foi colocado
de forma clara para a direção por quem estava no comando, na época o Manoel
Karam, e de uma hora para outra o Paulo Pimentel resolveu demitir todo mundo por
justa causa.
… Nós paramos por 24 horas. Quando paramos ele resolveu demitir toda a equipe
por justa causa.
… Porque você quando é demitido por justa causa você sai com uma mão na frente
outra atrás. Tem gente tinha acabado de tirar de férias saiu devendo salário. Então
saímos sem nada. E foi uma experiência muito ruim. Mas ao mesmo tempo nos uniu
muito. Todos conseguiram emprego, todos se arrumaram imediatamente.
… Então ali foi uma experiência que já talvez tenha me deixado, assim no primeiro
ano de profissão, já tenha me deixado com um pé atrás com relação ao futuro de um
profissional em qualquer empresa.
BOECHAT
...eu já tomei um pé na bunda por outras circunstâncias, que me feriu
profundamente, numa casa onde eu passei a minha vida inteira. Eu passei 35 anos
da minha vida trabalhando dentro da redação do O Globo ou para a redação para o
Globo.
... você imagina o que foi para mim, de repente me deparar com uma demissão
sumária, absurda que... mas enfim não vou ficar remexendo nisso.
… se a gente tem um bom diálogo com o travesseiro, Gladimir, eu não tenho
nenhuma dúvida que a semente da coisa tá aí. Eu nunca tive conflito com o meu
travesseiro. Os existenciais, né... mas os de valores, cláusulas pétreas, boto a
cabeça e durmo.
...O mundo dá voltas e tal. E hoje você vê as figuras protagonistas, que foram meus
antagonistas naquele episódio aí nas manchetes e nas situações constrangedoras.
...o importante é a gente ter com o travesseiro esse tipo de relação, o resto o tempo
se encarrega de resolver.
GLADIMIR
Na própria CBN, eu fiquei sabendo quando fui demitido da BandNews, que quando
me afastaram do ar na CBN, muitos anos antes, havia sido por uma entrevista com o
ex-prefeito de Londrina, Antonio Belinatti. Numa entrevista com Belinatti, no dia da
eleição, eu perguntei quantas vezes ele havia sido preso. Me tiraram do ar, mas não
me disseram que era por causa daquilo. Me botaram pra editar, pra fazer produção.
Eu não me incomodei eu trabalho em qualquer função, não sou um exibicionista que
tenha que ficar no microfone. Mas eu gostaria de ter sabido qual era o motivo. Não
me apresentaram o motivo. Depois de muitos anos eu fiquei sabendo. Também
aquele episódio foi por causa de críticas feitas a políticos.
9. EXTRAS – RECADO PARA OS ESTUDANTES
BOECHAT
Vocês vão sofrer muito mais restrição ao que vocês chamam de liberdade de
expressão pelo teu chefe direto, provavelmente essas maravilhosas figuras que
distribuem porrada pra tentar acelerar o processo de aprendizado que não se
assimila dentro da universidade, da faculdade. Jornalismo se aprende na redação,
se aprende no dia a dia, se aprende na apuração, se aprende na rua. E a pressão
sobre quem faz esse trabalho, quem produz esse conteúdo, é a pressão do minuto,
do segundo, do fechamento, da concorrência, do furo, da notícia, do dar em primeira
mão. E aí o chicote come mesmo, e tem que comer. E é saudável que coma então.
E então muitas vezes, vai achar que é a sua liberdade que está sendo cerceada
porque o cara vai mandar você enfiar no rabo uma merda de um texto que não tem
que ser daquele jeito mesmo. Ele não está cerceando sua liberdade. Ele está muitas
vezes te dizendo: meu irmão não é assim, é mais curto, é mais direto, não use essa
palavra.. vamos nessa...
BOECHAT
Na verdade minha gente, a liberdade de expressão é essencial para todos nós em
qualquer fase do jornalismo e ela é muito mais do que o impedimento de fazer a
notícia do jeito que você quer fazer. O teu chefe, muito provavelmente, vai dizer: faz
assim e não me encha o saco. Ele não tá cerceando a sua liberdade de expressão,
Você vai perceber nitidamente a diferença entre uma tentativa de cercear sua
liberdade de expressão ou a liberdade de expressão que é importante pra notícia, tá
certo, e as restrições naturais que a mecânica do meio que você está vai impor. Se
for esta mecânica: aceite, aprenda, discute, debata e toque a vida. Se for o
cerceamento da liberdade lá, aquela mesmo essencial, a fundamental, aí meu irmão,
arme os dentes e trate de lutar por ela porque sem ela você não é nada mesmo e ai
não adianta ser jornalista, vá ser outra coisa.
DENISE
...qualquer estudante de jornalismo que sonha com esta carreira ele tem que ter o pé
no chão sabendo que ele precisa do emprego. Mas ele tem que saber até aonde vai
essa necessidade dele de ter sim que trabalhar de acordo a orientação da empresa
que ele se propôs trabalhar, mas até aqui eu vou. Passou daqui é o meu caráter que
está em jogo sabe, é o meu futuro profissional que está em jogo é a minha ética
profissional que está em jogo. Cada profissional tem o seu. Eu não vou te dizer, não
vou julgar o que cada profissional aqui acha que é o seu próprio limite. Tem alguns
que por muito pouco não dão conta pedem demissão. Têm outros que agüentam
muita coisa com relação à liberdade de expressão, falta de liberdade. E têm outros
que toleram qualquer coisa em nome de um salário ou até algo mais que eles
possam conseguir por ter um microfone na mão diante deles. Cada um tem o seu
limite. O que eu oriento pros estudantes é que pensem bem, porque se hoje você
está se dobrando a coisas que você não acredita que você não acredita mesmo que
corrompem o teu caráter, que corrompem a tua ética pensem porque lá na frente
você pode ser cobrado. … Então pensem bem até onde vai o seu limite.
DAIANE
Diria para estudantes de jornalismo que jornalista não se forma jornalista pra falar
mal da vida alheia ou pra puramente agradar o patrão e também não se forma
jornalista pensando em ficar rico, sob o aspecto financeiro. Jornalista tem uma
grande responsabilidade nas mãos, tem o poder da informação nas mãos e precisa
ter ética pra poder levar essa informação pra sociedade, pra poder apresentar os
acontecimentos muito mais que apenas mostrar os acontecimentos para a
sociedade, mas sim fazer com que a sociedade entenda esses acontecimentos.
Então... tem essa liberdade de expressão com grande responsabilidade e saber
mostrar para a população com ética e com respeito e ter respeito ao próximo.
HELIBERTON
Pros estudantes do jornalismo, para quem se interessa pelo meio jornalístico, eu
acho que o caso é um exemplo dessa questão idealista assim. Todo jornalista tem
um pouco de idealismo, ou tem muito de idealismo. Isso é muito importante na nossa
profissão. Isso eu acho faz parte das competências básicas de um jornalista você
ser um pouco idealista. Imaginar que o seu trabalho pode de alguma forma, um
pontinho aqui outro ali, melhorar a comunidade em que você está inserido. Esse tipo
de episódio mostra que você não pode ignorar essa outra vertente econômica,
política, que permeia os veículos de comunicação, permeia nossa profissão, mas
que ainda assim fica uma mensagem positiva. de que é possível. Você está ali para
fazer o seu trabalho. Se acontecer problemas ou coisas similares ao caso do
Gladimir, enfim acontece, mas o seu papel é se posicionar a frente dessas coisas. É
passar por isso enfrentar isso da forma que você achar mais conveniente, mas
continuar fazendo o trabalho continuar fazendo aquilo que você acredita como o
melhor profissionalmente e para a comunidade, para a cidade.
10. EXTRAS – RECADO GLADIMIR BOECHAT
BARRAS ENCERRAMENTO
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