FACULDADE MERIDIONAL – IMED
ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO
Débora Bucker
Complexo Fabril: Frigorifico e Residências para os funcionários de uma indústria
alimentícia – Arroio Grande/RS
Passo Fundo
2018
Débora Bucker
Complexo Industrial: Residências para os funcionários de um frigorifico no Distrito
Arroio Grande
Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na Escola de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, sob orientação do Professor Doutor Dirceu Piccinato Junior.
Passo Fundo
2018
Débora Bucker
Vilas Industriais
Banca Examinadora
Prof.
Dr. Dirceu Piccinato Junior
Membro avaliador
Membro avaliador
Passo Fundo
2018
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço minha família por ter me dado a oportunidade de estar
completando este caminho, sempre me apoiando e estimulando. Por acreditar е
investir em mim. Cuidado e dedicação foi o que deu em muitos momentos, a
esperança para seguir. A presença dela significou segurança e certeza de que não
estou sozinha nesta caminhada.
Agradeço meus colegas pela confiança, troca de conhecimento para
desenvolver quem eu sou hoje e força para superar tudo que passamos durante este
percurso.
A meus professores que transmitiram com carinho, amizade e prazer os seus
conhecimentos.
Ao meu orientador, Dirceu Piccinato Junior, por ter encarado este projeto
comigo e aceitado me ajudar com o tema que escolhi, dedicando um pouco do seu
pouco tempo a dividir comigo esta experiência. Agradeço por ter me ajudado a pensar
adiante dos meus objetivos, me estimulando a obter maior conhecimento do que
apenas o que eu lhe propus.
E a todos que de alguma forma fizeram parte da minha formação.
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo desenvolver um projeto de uma indústria
alimentícia anexada a um conjunto habitacional de residências para os funcionários
desta indústria e seus familiares, com o objetivo de oferecer aos habitantes deste
espaço infraestrutura básica para atender as necessidades mínimas que as pessoas
possam precisar, oferecendo a máxima qualidade de vida próximo ao seu local de
trabalho. Através de diretrizes sustentáveis para o desenvolvimento do projeto os
estudos de casos mostraram que este empreendimento é um investimento viável pois
as pessoas trabalham mais motivadas e envolvidas através do bem estar.
Palavras-chave: indústria, residência, qualidade de vida, sustentabilidade
ABSTRACT
The present work aims to develop a food industry project attached to a residential
housing complex for the employees of this industry and their families, with the objective
of offering the inhabitants of this space basic infrastructure to meet the minimum needs
that people may need , offering the maximum quality of life close to your workplace.
Through sustainable guidelines for project development, case studies have shown that
this venture is a viable investment as people work more motivated and involved
through wellness.
Keywords: industry, residence, quality of life, sustainability
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa de localização.................................................................................................22
Figura 2: Foto aérea de Selbach em 1990...............................................................................24
Figura 3: Foto de Arroio Grande em 1998...............................................................................25
Figura 4: Foto aérea de Pullman..............................................................................................26
Figura 5: Implantação da Cidade de Pullman..........................................................................27
Figura 6: Residência em alvenaria..........................................................................................28
Figura 7: a esquerda a Igreja de Pullman e a direita o Centro Comercial.................................28
Figura 8: Hotel Florence..........................................................................................................29
Figura 9: Espaços de lazer......................................................................................................29
Figura 10: Entrada de Pullman no final do século XIX pelo centro...........................................30
Figura 11 Pullman de frente aos trilhos....................................................................................31
Figura 12: Edifícios do centro..................................................................................................31
Figura 13: Lago de entrada e torre do relógio..........................................................................32
Figura 14: Edificio da torre do relógio e prédio administrativo..................................................32
Figura 15: Rua da cidade de Pullman......................................................................................33
Figura 16: Historic Pullman District.........................................................................................34
Figura 17: Pequeno jardim frontal...........................................................................................34
Figura 18: Estilo Queen Anne..................................................................................................35
Figura 19: Edifício da torre do relógio e prédio administrativo..................................................36
Figura 20: Fábrica de vagões dormitório Pullman....................................................................38
Figura 21: Implantação da vila da Companhia Commercio e Navegação................................39
Figura 22: Residência com três moradias................................................................................39
Figura 23: Cottage reunindo quatro moradias.........................................................................40
Figura 24: Projeto Arquitetônico da Cottage com quatro moradias.........................................40
Figura 25: Chalé reunindo duas moradias...............................................................................41
Figura 26: Projeto Arquitetônico do Chalé de duas moradias..................................................41
Figura 27: Casa projetada por Ângelo Bruhns para a Companhia Comercio e Navegação.....42
Figura 28: Plano Geral da Vila Operária..................................................................................44
Figura 29: Projeto de urbanização da Vila do IAPI – Porto Alegre 1940...................................44
Figura 30: Construções no centro dos lotes.............................................................................44
Figura 31: Centro social..........................................................................................................45
Figura 32: Vila do Iapi, Residências em edifícios e casas geminadas......................................46
Figura 33: Praça para lazer.....................................................................................................47
Figura 34: Quadra poliesportiva..............................................................................................47
Figura 35: Vila do Iapi, Residencias em edifícios e casas geminadas......................................48
Figura 36: Casas Residenciais unifamiliares...........................................................................48
Figura 37: Casas Residenciais unifamiliares...........................................................................49
Figura 38: Residencia Multifmiliar...........................................................................................49
Figura 39: Imagem aérea da cidade de Selbach no Rio Grande do Sul...................................52
Figura 40: Imagem aérea do terreno de projeto.......................................................................53
Figura 41: Imagem aérea do distrito Arroio Grande.................................................................54
Figura 42: Mapa de cheios e vazios.........................................................................................55
Figura 43: Mapa com as características de Usos do Solo........................................................56
Figura 44: Mapa das alturas das edificações...........................................................................57
Imagem 45: Mapa de hierarquia viária.....................................................................................58
Imagem 46: Densidade dos fluxos..........................................................................................69
Imagem 47: Densidade dos fluxos..........................................................................................60
Figura 48: Rede elétrica e de água..........................................................................................61
Figura 49: Massa Arbórea.......................................................................................................62
Figura 50: Dimensões do terreno............................................................................................63
Figura 51: Topografia do Terreno............................................................................................64
Figura 52: Corte Longitudinal do Terreno................................................................................64
Figura 53: Corte Transversal do Terreno.................................................................................64
Figura 54: Direção dos ventos dominantes..............................................................................65
Figura 55: Nascer e pôr do sol e ventos dominantes................................................................65
8
Figura 56: Sol no Verão...........................................................................................................66
Figura 57: Sol no Inverno........................................................................................................66
Figura 58: Sol no Inverno........................................................................................................67
Figura 59: Vista A....................................................................................................................67
Figura 60: Vista B....................................................................................................................67
Figura 61: Vista C....................................................................................................................68
Figura 62: Vista Skyline...........................................................................................................68
Figura 63: Casas em condomínio............................................................................................75
Figura 64: Casa beneficiando a luz natural..............................................................................76
Figura 65: Corte do vidro eletrocrômico...................................................................................76
Figura 66: Painel solar como Cobertura..................................................................................77
Figura 67: Cobertura com painéis fotovoltaicos.......................................................................77
Figura 68: Sistema de captação de água.................................................................................78
Figura 69: Telhado Verde........................................................................................................78
Figura 70: Área iluminada naturalmente..................................................................................79
Figura 71: Brise de madeira....................................................................................................80
Figura 72: Pergolado...............................................................................................................80
Figura 73: exemplo de malha com traçado irregular................................................................82
Figura 74: exemplo de malha com traçado irregular................................................................82
Figura 75: Acessibilidade universal.........................................................................................83
Figura 76: Acesso ao terreno..................................................................................................83
Figura 77: Área verde no condomínio......................................................................................84
Figura 78: Organograma do Complexo...................................................................................92
Figura 79: Fluxograma do Frigorífico.......................................................................................92
Figura 80: Fluxograma do Condomínio Residencial................................................................93
Figura 81: Fluxograma das Casas com área construída de 335,00m².....................................93
Figura 82: Fluxograma das Casas com área construída de 200,00m²...................................94
Figura 83: Fluxograma das Casas com área construída de 160,00m²...................................94
9
Figura 84: Implantação zoneada da Proposta I.......................................................................95
Figura 85: Implantação zoneada da Proposta II......................................................................96
Figura 86: Implantação zoneada da Proposta III.....................................................................97
Figura 87: Proposta Escolhida................................................................................................98
Figura 88: Implantação do complexo.......................................................................................99
Figura 89: Planta Baixa Casas 335,00m²................................................................................99
Figura 90: Planta Baixa Casas 200,00m²..............................................................................100
Figura 91: Planta Baixa Casas 160,00m²..............................................................................100
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Densidade dos fluxos.............................................................................................59
Tabela 2: Programa de Necessidades do Frigorífico.............................................................87
Tabela 3: Programa de Necessidades – Área Institucional....................................................88
Tabela 4: Programa de Necessidades – Área Institucional....................................................88
Tabela 5: Programa de Necessidades – Área Institucional....................................................88
Tabela 6: Programa de Necessidades – Espaço de Lazer da área Residencial....................89
Tabela 7: Programa de Necessidades – Casa 4 Quartos......................................................89
Tabela 8: Programa de Necessidades – Casa 3 Quartos......................................................90
Tabela 9: Programa de Necessidades – Casa 2 Quartos......................................................91
11
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................................... 4
RESUMO ............................................................................................................................................... 5
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................ 6
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................................... 10
SUMÁRIO ............................................................................................................................................ 11
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 14
CAPÍTULO I ......................................................................................................................................... 17
UM APORTE HISTÓRICO DAS VILAS OPERÁRIAS: fundamentação teórica ....................... 17
I.1 UM HISTÓRICO DA CONFORMAÇÃO DAS VILAS OPERÁRIAS ................................ 17
I.2 HISTORICO DO DISTRITO ARROIO GRANDE DA CIDADE DE SELBACH .............. 22
I.3 ESTUDOS DE CASO ............................................................................................................ 26
I.3.1 PULLMAN – Chicago, Illinóis / EUA .................................................................................. 26
Autor e localização do projeto .................................................................................................. 26
Implantação ................................................................................................................................. 27
Programa de Necessidades ...................................................................................................... 27
Funcionalidade ............................................................................................................................ 30
Forma ........................................................................................................................................... 33
I.3.2 Vila operária para a Companhia Commercio e Navegação – Niterói, Rio de
Janeiro - Brasil ................................................................................................................................ 37
Autor e localização do projeto .................................................................................................. 37
Implantação ................................................................................................................................. 37
Programa de Necessidades ...................................................................................................... 38
Funcionalidade ............................................................................................................................ 42
Forma ........................................................................................................................................... 42
I.3.3 Vila do IAPI – Porto Alegre, Rio Grande do Sul - Brasil ............................................... 43
Autor e localização do projeto .................................................................................................. 43
12
Implantação ................................................................................................................................. 43
Programa de Necessidades ...................................................................................................... 45
Funcionalidade ............................................................................................................................ 47
Forma ........................................................................................................................................... 48
CAPÍTULO II ....................................................................................................................................... 50
DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO ............................................................................ 50
II.1 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL ................................................................................... 51
II.2 MORFOLOGIA URBANA ...................................................................................................... 53
II.3 ANÁLISE DA ÁREA DE OCUPAÇÃO URBANA ............................................................... 54
II.3.1 NOLLI ............................................................................................................................... 54
II.3.2 USO DO SOLO ............................................................................................................... 55
II.3.3 MAPA DAS ALTURAS ................................................................................................... 56
II.4 INFRAESTRUTURA URBANA ............................................................................................. 57
II.4.1 REDE VIÁRIA.................................................................................................................. 57
II.4.2 REDE DE ESGOTO CLOACAL E PLUVIAL .............................................................. 60
II.4.3 REDE DE ÁGUA E ENREGIA ...................................................................................... 60
II.4.4 VEGETAÇÕES URBANAS ........................................................................................... 61
II.5 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO ...................................................... 62
II.5.1 DIMENSÕES DO TERRENO ....................................................................................... 62
II.5.2 TOPOGRAFIA ................................................................................................................. 63
II.5.3 VENTOS DOMINANTES E ORIENTAÇÃO SOLAR ................................................. 65
II.5.3 VISUAIS DO TERRENO E ENTORNO IMEDIATO .................................................. 67
II.6 SÍNTESE DE LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS ............................................................... 68
CAPÍTULO III ...................................................................................................................................... 71
CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS ................................................................................... 71
III.1 CONCEITO DO PROJETO ................................................................................................... 72
III.2 DIRETRIZES DE PROJETO ................................................................................................ 75
III.2.1 DIRETRIZES DE ARQUITETURA ............................................................................... 75
III.2.2 DIRETRIZES URBANÍSTICAS..................................................................................... 81
CAPÍTULO IV ...................................................................................................................................... 85
PARTIDO GERAL .............................................................................................................................. 85
IV.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES ................................................................................ 86
IV.2 ORGANOGRAMA .............................................................................................................. 92
IV.3 FLUXOGRAMA ................................................................................................................... 92
13
IV.4 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO .................................................................................. 95
IV.4.1 PROPOSTA I .................................................................................................................. 95
Implantação zoneada ................................................................................................................. 95
Funcionalidade ............................................................................................................................ 95
IV.4.2 PROPOSTA II ................................................................................................................ 96
Implantação zoneada ................................................................................................................. 96
Funcionalidade ............................................................................................................................ 96
IV.4.3 PROPOSTA III ............................................................................................................... 97
Implantação zoneada ................................................................................................................. 97
Funcionalidade ............................................................................................................................ 97
IV.4 PROPOSTAS ESCOLHIDA .................................................................................................. 98
CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 101
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 102
14
INTRODUÇÃO
O tema do presente trabalho é centrado nas informações necessárias para o
desenvolvimento de um projeto de uma Vila Industrial no Distrito de Arroio Grande.
Logo, seu objetivo geral é propor um espaço que contemple o trabalho, lazer, convívio
e educação. Enquanto seus objetivos específicos são: desenvolver projetos de um
frigorífico, de residências para os funcionários, espaços de lazer e convívio e um
centro educacional para os filhos dos funcionários do frigorífico.
Com a intensificação da industrialização no Brasil no século XX, muitos
brasileiros acabaram saindo das zonas rurais e migrando para os centros urbanos em
busca de trabalho e mediante este movimento eles buscavam residirem próximos aos
seus locais de trabalho. Em consequência disso, as indústrias careciam se
reorganizar. Muitas indústrias, à época, acabaram se instalando em áreas que ainda
estavam desocupadas, nas proximidades dos centros urbanos, para que se situarem
mais próximas das matérias primas necessárias e dos trabalhadores, permitindo a
idealização e construção de habitações operárias com a infraestrutura adequada para
suprir as condições de vida necessárias a esses novos trabalhadores.
Ao desenvolverem as novas Vilas operárias, as indústrias criam a estratégia de
poder disciplinar, orientar, sua própria mão de obra, ensinando aos funcionários novos
costumes e noções de civilidade, acreditando que os novos costumes e essa nova
condição de vida poderiam estar diretamente vinculados à produtividade.
O crescimento do setor industrial proporcionou muitas mudanças nos meios
urbanos e rurais, dentre elas a que se destacou foi a moradia, especialmente para a
classe menos favorecida. A dimensão da Revolução industrial, alterou o cenário
urbanístico das cidades, a economia e a política do país. Com o crescimento das
cidades e o desenvolvimento urbano se despertou atenções para com a qualidade de
15
vida da população, assim, neste momento, as questões urbanas e arquitetônicas
ganham uma nova dimensão neste cenário. Estas preocupações se tornaram tão
importantes, que nomes importantes da arquitetura e do urbanismo moderno se
fizeram presentes em diversos projetos de vilas industriais pelo Brasil. Dentre eles
destacamos o arquiteto francês Paul Pedraurrieux, autor do projeto da Vila Maria Zélia
inaugurada em 1917, São Paulo.
Mediante análises da configuração das vilas industriais no Brasil, o presente
trabalho almeja estudar as formas de habitar dos funcionários de uma fábrica
frigorífica nos dias de hoje, propondo contextualizar uma moradia operária
conjuntamente a um espaço urbano moderno. Propiciando aos seus operários uma
qualidade socioespacial condizente e coerente aos novos modos de habitar uma
cidade contemporânea.
As antigas vilas industriais se caracterizavam como um conjunto habitacional
promovido pelas industrias fabris, através de uma transformação urbana de um
espaço, que conferia moradia aos operários e assim, faziam a associação entre o
trabalho, o operário e o dia a dia, conjecturando um novo modo de morar. Estes
projetos de vilas industriais traziam infraestrutura para permitir que os operários
vivessem com suas famílias com condições adequadas à saúde, próximo ao local de
trabalho e proporcionava uma outra dimensão de convívio e lazer entre eles.
A indústria alimentícia tem crescido cada vez mais nos últimos anos,
particularmente no estado do Rio Grande do Sul, e para atingir um padrão de
qualidade elevado é necessário implantar um sistema fabril que funcione
adequadamente, para isto, priorizamos neste projeto qualidade de vida, desde as
atividades da fábrica até o cotidiano dos funcionários.
A instalação de uma empresa frigorífica no distrito de Arroio Grande/RS,
situado no norte do estado do Rio Grande do Sul, objetiva favorecer novos postos de
trabalho para a região. Em se tratando de um distrito da cidade de Selbach/RS, a
localidade carece de um projeto desta dimensão.
O projeto complexo fabril pretenderá construir habitações para os
trabalhadores, sob a perspectiva de uma tipologia de vila industrial, através de uma
intervenção urbana no distrito de Arroio Grande/RS, delineando a área infraestrutura
apropriada ao cotidiano dos funcionários e das atividades do frigorífico.
16
Por se tratar de uma gleba próximo à rodovia RS 223, o transporte da cidade e
da região até a indústria é reduzido, fortalecendo assim, ainda mais a compatibilidade
do projeto proposto.
17
CAPÍTULO I
UM APORTE HISTÓRICO DAS VILAS OPERÁRIAS: fundamentação teórica
Este trabalho tem como finalidade o desenvolvimento de um projeto de uma
vila industrial no distrito de Arroio Grande, cidade de Selbach, norte do estado do Rio
Grande do Sul, onde será implementado um complexo industrial contemplando um
frigorífico e um conjunto de moradias para os funcionários e suas respectivas famílias.
O presente trabalho analisa a construção de vilas operárias criadas por fábricas e
empresas no Brasil durante no final do século XIX e início do século XX, e busca
discutir as características arquitetônicas e urbanísticas deste complexo.
I.1 UM HISTÓRICO DA CONFORMAÇÃO DAS VILAS OPERÁRIAS
Este capítulo traça uma compreensão dos aspectos políticos, econômicos e
sociais que possibilitaram a construção de vilas operárias na Europa, nos EUA e no
Brasil. Tenciona-se também construir conceitos referentes ao estudo das vilas
industriais e do método de implantação. Para um melhor entendimento desta parte do
trabalho, o estruturamos em duas partes. Na primeira, construímos uma abordagem
histórica das vilas industriais no exterior, procurando contextualizar como elas
surgiram e os benefícios da intervenção social e urbana que elas geraram na dinâmica
do espaço urbano. Na segunda parte, direcionamos nossas atenções no processo de
implantação das vilas operárias no Brasil.
Para se estabelecer uma compreensão sobre o assunto, é fundamental
contextualizar o momento histórico nacional, isto é, o crescente processo de
industrialização que alterava as relações trabalhador e empregado e indústria e
cidade. A Revolução industrial foi um momento significativo que possibilitou a
configuração e reconfiguração dos espaços urbanos. Essa revolução início na
Inglaterra no século XVIII, onde a mão de obra artesanal foi paulatinamente
18
substituída pelo processo de mecanização dos sistemas de produção, ou seja, as
máquinas passaram a ser incorporadas na dinâmica das empresas.
Marco Antonio Brandão ao interpor as ideias de Thompson aponta que as
transformações pelas quais passou o processo de produção, influenciaram as classes
em formação. Antes da revolução industrial, o sistema produtivo era artesanal, com
ferramentas próprias. A troca do sistema produtivo dificultou os artesãos de manterem
sua vida tradicional, pois esta nova ordem do trabalho exigia recursos e investimentos
nas máquinas, inacessíveis aos pequenos produtores. Aos que resistiram a força das
máquinas, destaca-se uma aristocracia artesã: os mestres de sótãos1 e os
trabalhadores não qualificados. Todavia, as opções para estes não eram das mais
otimistas (BRANDAO, 2011, p. 4).
A partir deste novo modo de produção, acabam se desenvolvendo duas classes
sociais: os capitalistas, proprietários das fábricas, que tinham o capital para investir
nas instalações fabris, no maquinário e na matéria prima; e os operários que passaram
a ser assalariados, vendendo sua mão de obra de trabalho para receberem um salário
e sustentar suas famílias.
Os mercadores começam a contratar o serviço dos artesãos mais pobres, que
já estavam com pouco ou nenhum serviço artesanal e através disso, cada vez mais
haviam trabalhadores assalariados. Cada vez mais se tornava difícil ser um
trabalhador autônomo, fazendo com que na década de 1830 o enfraquecimento dos
artesãos chegasse ao extremo. Neste momento, uma minoria de artesãos já havia
melhorado suas condições, dificultando a situação de quem ainda migraria para as
indústrias, sendo estes classificados em uma classe social a qual não existia nenhuma
abaixo, classe operária britânica.
A partir disso, as manifestações ganhavam corpo e os menos privilegiados
solicitavam por ajuda através de protestos. Exigiam melhoramento da comunidade e
reconstrução da sociedade. Pediam por pequenos produtores independentes sem a
interferência dos comerciantes.
Thompson (2011) diz que a população se sustentou através de boas colheitas
o que permitiu em melhores condição de vida, porém com o passar do tempo e a
crescente industrialização, as pessoas começaram a se concentrar nas cidades, onde
não havia suporte de infraestrutura suficiente e a consequência desse adensamento
1 Artesãos que usavam o sótão das casas para trabalhar.
19
populacional em espaços urbanos sem estruturas são as epidemias e condições
precárias de mordia.
A revolução industrial foi a responsável pelo crescimento populacional urbano
e pela grande alteração da vida na zona rural também, obrigando as pessoas a se
adaptarem a uma vida mais moderna e redirecionando as pessoas do campo para a
cidade em busca de sustento, vivendo uma vida oposta à que levavam no campo, o
que Thompson (2005) chama de “Economia moral da plebe”.
Mello (2016) lembra que a revolução industrial não afetou somente a situação
financeira da população, com a migração para a zona urbana e o crescimento
populacional, desenvolve-se uma nova cultura de convivência, refletindo na área
cultural e social da sociedade. As pessoas passam a ter novas rotinas, vivenciando
transformações na sua própria casa, no deslocamento urbano e mudanças na cidade.
No início do século XX a vida urbana já dominava a Europa e começava a se
ramificar por todo o mundo, principalmente na América. A industrialização chega com
força no Brasil, onde não havia mão de obra especializada para o trabalho industrial,
levando os capitalistas à construírem vilas próximas às industrias, com população
limitada, oferecendo generosos espaços verdes, casas com jardins, desenvolvendo
projetos que trabalhassem com traçado urbano específico aproveitando as linhas de
relevo, buscando uma sociedade dentro do que acreditavam ser a ideal para fornecer
qualidade de vida e infraestrutura adequada para habitarem seus funcionários,
afastadas dos grandes centros, em áreas que estavam desocupadas em localidades
rurais, próximas a fontes de energia e matéria prima “inserida em estratégia de
disciplina da mão-de-obra, fundamentada na sedentarização, na moralização dos
costumes e na difusão de novas noções de higiene” (CORREIA, 1997, p.2).
Os espaços criados pelas fabricas não deixava de ser um investimento de
capital onde a empresa visava lucro e passava a ter um controle sobre a classe
operária, pois esta não tinha condições de se inserir no mercado imobiliário, neste
sentido teve que morar e viver nas vilas de acordo com as regras estabelecidas pelos
senhores fabris.
As máquinas surgiram para aumentar a produção sem limite de capacidade
produtiva, porém não era suficiente mecanizar a produção, era preciso que os
trabalhadores enaltecessem o seu cargo, que seu trabalho fosse admirado
(BRANDÃO, 2011, p. 5).
20
No início deste processo a produção era feita em casa. O artesão era o dono
das matérias-primas e dos instrumentos de trabalho. Produzia de acordo com o
consumo e controlava todas as fases da produção. Sob ponto de vista dos industriais,
era necessário esse novo modo de trabalho, uma vez que, o antigo meio de produção,
quando o artesão era dono da sua própria matéria prima e dos seus instrumentos de
trabalho e controlava todas as fases da produção, representava um problema dentro
do processo de fabricação mecânico (MARTELLI, pg 12).
Podemos dizer que o complexo fabril não se criou somente por causa da
tecnologia implantada na revolução industrial, uma vez que o novo modelo de trabalho
usado nas fábricas se forma através dos elementos de controle dos operários e da
hierarquia do processo produtivo. Para evitar que houvesse algum desvio na
produção, havia a necessidade de controlar todo o processo de produção, desde a
matéria prima até o produto finalizado, tornando assim o capitalista responsável por
organizar a produção se tornando indispensável (MARTELLI, pg 18).
Foucault (1979) especifica a questão do quadriculamento como o espaço
ocupado para cada indivíduo, além de saber seu lugar, deve ter conhecimento da
função que exerce no mesmo.
A superioridade da burguesia sobre os operários não acontecia somente pelos
motivos já citados, um aspecto que demostrava as diferenças entre o trabalho
artesanal e o operário na fábrica era o processo de alienação. Nas fábricas somente
o senhor fabril poderia acompanhar toda linha de montagem do produto, desde a
matéria prima até o produto final. A divisão por tarefas dos produtos industriais fez
com que o operário ficasse responsável por uma parte da produção, sob vigilância,
passando várias horas em um trabalho repetitivo, sem perder o ritmo com qualquer
tipo de distração e perdendo a noção do produto final, tornando-se descartável para a
indústria já que não conseguir perceber todo o conhecimento do produto.
É expressamente proibido durante o trabalho divertir os companheiros com gestos ou de outra maneira, fazer qualquer brincadeira, comer, dormir, contar histórias e comédias; [e mesmo durante a interrupção para refeição], não será permitido contar histórias, aventuras ou outras conversações que distraiam os operários de seu trabalho; é expressamente proibido a qualquer operário, e sob qualquer pretexto que seja introduzir vinho na fábrica e beber nas oficinas (FOUCAULT, 1987, p. 129).
21
A partir disto, podemos ver que sempre esteve nos planos da burguesia ter um
maior controle sobre os operários com o objetivo de ter uma maior produção e por
consequência, maior lucro financeiro desde o início da Revolução Industrial. Os
operários perderam a noção sobre seu próprio tempo e sua própria rotina de trabalho,
passaram a serem regulados pelas tarefas que eram responsáveis nas fábricas e pelo
relógio fabril que controlava estas tarefas, eram fiscalizados quando comiam e até
quando se deslocavam para casa. Thompson (2005) analisa que na Inglaterra, houve
um grande aumento de compras de relógios pela classe operaria, pois precisavam se
situar no novo ritmo de trabalho.
Havia muitos relógios no país na década de 1900: a ênfase estava mudando do “luxo” para a “conveniência”; até os colonos podiam ter relógios de madeira que custavam menos de vinte xelins. Na verdade (como seria de esperar), ocorria uma difusão geral de relógios portáteis e não portáteis no exato momento em que a Revolução Industrial requeria maior sincronização do trabalho [...] Sempre que um grupo de trabalhadores entrava numa fase de melhoria do padrão de vida, a aquisição de relógios era uma das primeiras mudanças notadas pelos observadores (THOMPSON,2005, 279).
Os operários realizavam todo o processo produtivo como artesãos, sem tarefa
continua. O que mudou no processo fabril foi que ele perdeu o controle sobre o
momento ele apenas exercia uma função dentre muitas para o produto ser finalizado.
Thompson (2005) afirma que havia uma demarcação menor entre a vida do
indivíduo e as horas em que ele trabalhava, ele acabava misturando a vida do
cotidiano com o trabalho por não planejar o seu próximo dia, como recebiam por
semana, a preocupação com o tempo era secundária (PENZ, 2005, p 281).
As horas de lazer e os intervalos passavam a ser preocupantes para os
industriais, pois esses tinham medo que os momentos em que os operários não
trabalhassem poderiam prejudicar a linha de exigência fabril. Os operários passam a
reivindicar melhores condições de trabalho, fazendo com que os industriais
passassem a exercer um controle ainda maior sobre os funcionários, passando dos
limites do ambiente de trabalho, ou seja, fora das fabricas e interferindo na vida do
trabalhador além dos muros fabris (PENZ, 2005, p 282).
Segundo Foucault (1979), a burguesia investiu nas máquinas que eram
operadas pelos funcionários, tendo de haver uma garantia de que não haveria
depredação das máquinas e das estruturas, afirmando assim que o cristianismo teve
22
uma intimidade com a classe operária, tendendo a fortalecer a moralidade e afastando
a delinquência.
Telma de Barros Correia (1997) afirma que as vilas industriais são casas
acompanhadas de escola, igreja, clubes sociais que estão inseridos dentro de cidades
pelas indústrias, a qual oferece autonomia política. Afirma ainda que existem outras
nomenclaturas para citar as vilas operárias, frisando a importância de destacar as
diferenciações de nomenclatura, pois os impactos das mudanças na revolução
industrial refletem o modo de funcionamento das vilas não somente na habitação dos
operários das fábricas.
O desenvolvimento do núcleo fabril industrial no Brasil veio junto com as
construções operárias, sendo considerado um momento de muita importância para as
habitações sociais, onde a moradia apareceu estruturada com espaços coletivos e
infraestrutura. Durante os séculos XIX e XX foram realizados muitos projetos
interessantes que desenvolveram o cenário urbano e paisagístico da história da
arquitetura, onde a organização do espaço está submetida a oferecer o mínimo de
higiene e conforto para a habitação dos operários e suas famílias, o que será o tema
no qual abordaremos em análise.
I.2 HISTORICO DO DISTRITO ARROIO GRANDE DA CIDADE DE SELBACH
Localizada no norte do Estado do Rio Grande do Sul, a cidade de Selbach se
emancipou do município de Tapera em 22 de setembro de 1965, após ter sido distrito
das cidades de Colorado, Passo Fundo, Carazinho e Tapera, sendo oficialmente
instalada em 13 de maio de 1966 (Figura 1).
23
Figura 2 - Mapa de localização.
Fonte: Autora, 2018.
Selbach recebe este nome em homenagem ao Coronel Jacob Selbach Júnior,
o qual adquiriu terras do Governo Federal em 1897 e começou o processo de
colonização no ano de 1905, com objetivo de proteger o território despovoado de
disputas territoriais dos imigrantes camponeses vindos da Europa no século XIX
depois das transformações sociais, políticas e econômicas ocorrentes devido ao
grande crescimento populacional.
Os camponeses buscando uma nova pátria e um novo futuro que era negado
em seu pais de origem, se instalaram as margens de alguns rios criando pequenas
vilas, copiando o estilo germânico no Rio Grande do Sul, fundando as históricas
“Colônias Velhas”, primeiros núcleos de povoação germânica em pequenas terras que
tinham pouco valor econômico ao império com pouca fertilidade, localizadas na serra
e no planalto (WEBER; HOLZ, 1999).
As colônias velhas já não ofereciam condições de sobrevivência para os
imigrantes, tornando-se necessário buscar terras férteis que ainda não eram
exploradas. Com o crescimento de agricultores, as terras escasseavam rapidamente.
As assembleias gerais decidiram por fundar colônias agrícolas nos territórios
que estavam desocupados a fim de proteger as terras dos imigrantes, e para isto,
receberam ajuda do governo gaúcho, fazendo com que os imigrantes fossem se
dividindo e se instalando em áreas de matas fechadas, sobrevivendo de uma
agricultura familiar em pequenas propriedades.
24
Por volta de 1910, surgiram os primeiros lotes colonizadores com o propósito
de povoar e desenvolver a produção agrícola para abastecer a região. O colonizador
Coronel Jacob exigia que os compradores dos novos lotes cumprissem algumas
exigências, dentre elas: ser agricultor, católico e alemão, acreditando que com esta
identidade, formaria um povo com uma cultura específica (TERHORST, 2015).
Por ser uma região de mata densa e falta de estradas, as pessoas tinham
dificuldade de chegar até os lotes, percorriam longas estradas a cavalos, no lombo de
burro e carroças de bois e até mesmo a pé para encontrar a terra que procuravam.
Tentando sobreviver, esses colonos chegavam as terras com seus costumes e pouca
bagagem, apenas o essencial para sobrevivência, como as vestimentas, pois na
região não haviam caixeiros nem viajantes para adquirir tecidos para confecção de
roupas, além de sementes para cultivar nas terras e instrumentos agrícolas para
cultivar a terra e devassar as matas e alimento necessário para os primeiros tempos
enquanto as terras não produziam o seu sustento.
Com a posse das terras as famílias enviavam algum membro de volta as suas
origens, a fim de mandar notícias, pois na época não existiam meios de comunicação,
e levando propaganda gratuita da riqueza das terras. Assim, por volta de 1920,
atraídos pelas divulgações, maior número de colonizadores foi chegando, começava
uma nova luta para desenvolver a região e a se tornar conhecida.
Até 1924, Selbach pertencia ao distrito de Colorado e em 9 de agosto de 1924,
se instala a Sede distrital, sendo denominado de 9° distrito, tendo sua sede em Arroio
Grande e posteriormente transferida a Selbach.
O povoamento estava começando, já havia iniciado o processo de
desmatamento, produção agrícola e moradia, com pequenas casas, comércio,
moinhos, confeitaria, carpintaria, serraria, fabricas de queijo, escolas, igreja e
prosseguiam com a prática de pesca e caça.
Em 1931 a Vila de Selbach passa a ser o 4° distrito de Carazinho, que havia se
emancipado. Entre os anos de 1930 a 1940 o povoamento estava ganhando força
como destacado anteriormente. Assim, a madeira passa a ser fonte de economia
através do alto preço da mesma. A fauna era muito rica, nos rios e riachos se
encontravam uma forma de lazer e alimentação e a vida no campo exigia muito
esforço e dedicação.
25
Em 1954 Tapera se desmembra de Carazinho e Selbach passa a ser o 2°
distrito de Tapera. Em 22 de setembro de 1965 Selbach se emancipa e cria seu
município, sendo oficialmente instalado em 13 de maio de 1966.
Figura 2: Foto aérea de Selbach em 1990.
Fonte: Livro. A história de Arroio Grande.
Já nas décadas seguintes, a agricultura foi se desenvolvendo, sendo esta
técnica abrangente em toda a região até os dias atuais. Com a exploração de território
pela agricultura, o entorno da região começa a ser povoado e produtivo. Em 14 de
maio de 1985 é criado o distrito de Arroio Grande e anexado ao municio de Selbach
(Figura 3).
Figura 3: Foto de Arroio Grande em 1998.
Fonte: Livro. A história de Arroio Grande.
26
I.3 ESTUDOS DE CASO
I.3.1 PULLMAN – Chicago, Illinóis / EUA
Autor e localização do projeto
Pullman, que foi construída pelo magnata que criou o carro-dormitório George
Mortimer Pullman como um lar para sua empresa, a Pullman Palace Car Company,
ao longo de um período de quatro anos no início dos anos 1880, sendo concluída em
1884, foi um dos primeiros bairros industriais planejados a ser construído nos Estados
Unidos, onde as estruturas dessa comunidade hierárquica permanecem praticamente
intactas (Figura 4).
Figura 4: Foto aérea de Pullman.
Fonte: Pullman Museum.
Nathan Franklin Barrett, marinheiro e soldado na guerra civil, se tornou grande
mestre na área urbanística sendo autodidata. Na década de 1870, George Pullman,
para traduzir seus planos em realidade tridimensional, contratou Barrett para em
colaboração com o arquiteto Solon Spencer Beman, projetar a cidade modelo de
Pullman. Construída a margem do Lago Calumet, Pullman fica a cerca de 20
quilômetros ao sul de Chicago, foi uma cidade projetada para proporcionar aos seus
moradores uma moradia decente em um ambiente social e fisicamente saudável.
27
Implantação
A cidade de Pullman foi implantada próximo a cidade de Chicago, no Estado
de Illinois nos Estados Unidos. Conta com um terreno plano, havendo um edifício de
administração central com unidades retangulares longas e irregulares, havendo um
grande canteiro central em forma de círculo no meio das ruas principais. Há vários
desses canteiros em formas circulares em cruzamento para suavizar a formalidade
estrita do sistema de grade do resto da cidade. Barrett gostava de misturar o formal
contra o informal (DOTY, 1983) (Figura 5).
Figura 5: Implantação da Cidade de Pullman.
Fonte: Loc Gov.
Programa de Necessidades
A cidade planejada para abrigar os funcionários da empresa, que no seu auge
chegou a 12.000 pessoas, incluía 1.800 habitações em casas de alvenaria em tijolos
28
(Figura 6), ruas pavimentadas, uma igreja, um teatro, uma biblioteca, um hospital, uma
escolas, campo de atletismo, uma igreja, uma área comercial interna composta de loja
de alimentos (Figura 7), escritórios e uma sala de reuniões, um banco, um grande
hotel denominado Florence, em homenagem à sua filha mais velha (Figura 8), parques
amplos e terrenos abertos que forneceriam espaços maiores e compartilhados (Figura
9), uma estação de trem e a Fábrica (UROFSKY, 2018).
Figura 6: Residência em alvenaria.
Fonte: Chicago Reader.
Figura 7: a esquerda a Igreja de Pullman e a direita o Centro Comercial.
Fonte: Southsideweekly.
29
Figura 8: Hotel Florence.
Fonte: National Trust for historic preservation.
Figura 9: Espaços de lazer.
Fonte: Elizabeth Nix
30
Para as cerca de 1800 habitações, a cidade oferecia aos operários e suas
famílias espaço verde pessoal com pátios particulares dianteiros e traseiros,
encanamentos internos de gás, remoção diária de lixo, acesso a instalações sanitárias
completas e abundantes quantidades de luz solar e ar fresco, comodidades raras para
os trabalhadores industriais daquela época (UROFSKY, 2018).
Funcionalidade
O terreno adquirido por Pullman foi dividido em três seções de uso: no centro,
era ocupado pelas grandes lojas e edifício administrativos, a Pullman Palace Car
Company, e pela fábrica menor da Alien Paper Companhia. Era o centro que
interligava todos as edificações da cidade de Pullman, e era por meio do centro que
se distribuía os caminhos para chegar aos outros lugares da cidade (Figura 10).
Figura 10: Entrada de Pullman no final do século XIX pelo centro.
Fonte: Timeline.
Ao contrário de hoje, onde a maioria das pessoas chega a Pullman de carro,
na década de 1880 as pessoas chegavam de trem. O "jardim da frente" de Pullman
ficava de frente para os trilhos da ferrovia que se localizava no extremo oeste do
terreno, sendo considerado o centro (Figura 11); dando acesso aos edifícios
administrativos e a Torre do Relógio (Figura 12).
31
Figura 11: Pullman de frente aos trilhos.
Fonte: The Pullman State Historic.
Figura 12: Edifícios do centro.
Fonte: The Pullman State Historic.
No centro ergue-se a torre do relógio e o telhado, que ecoava nas formas de
pavilhões triangulares que marcavam a extremidade externa da longa fachada. O
poder e a majestade do prédio foram intensificados por sua imagem no lago (Figura
13). O pavilhão central com sua torre do relógio expressa claramente onde ficava o
centro da autoridade (UROFSKY, 2018) (Figura 14).
32
Figura 13: Lago de entrada e torre do relógio.
Fonte: Revista Creative Loafing de Atlanta.
Figura 14: Edificio da torre do relógio e prédio administrativo.
Fonte: Revista Creative Loafing de Atlanta.
A seção norte era particularmente uma área residencial, designada aos cargos
executivos, mas também continha instalação industrial, como por exemplo, a Union
Foundry e a Pullman Car-Wheel Company.
33
A comunidade e as principais instalações, que incluíam um hotel e um grande
edifício, foram erguidos ao sul da estação ferroviária, onde localizava-se uma grande
praça pública e um parque, localizado no lado oeste da cidade.
Figura 15: Rua da cidade de Pullman.
Fonte: Pinterest, 2018.
A cidade e seus principais edifícios eram geralmente orientados para o oeste.
Na borda leste da cidade, situava-se o Lago Lake com uma diferença de nível de 3
metros em relação ao terreno. Na seção sul situava-se outra área residencial e nesta
mesma parte foram localizadas todas as principais instalações comunitárias, incluindo
as olarias.
Forma
A construção da cidade foi executada por funcionários da Pullman. Estruturas
eram feitas de tijolos, com a argila encontrada no lago Calumet, em uma olaria
construída ao sul da cidade para esse fim. As cores variavam do vermelho para o
laranja porque a composição mudou à medida que a escavação se aprofundava
(Figura 16).
34
Figura 16: Historic Pullman District.
Fonte: National Park Conservation Association.
Lojas Pullman produziam componentes usados em todo o edifício da
cidade. Este projeto foi uma das primeiras aplicações da tecnologia industrial e
produção em massa na construção de um empreendimento habitacional de grande
escala.
Barrett projetou Pullman para se assemelhar a um parque suburbano, uma
noção radical para uma comunidade da classe trabalhadora. Cada casa possuía um
pequeno jardim a frente (Figura 17). Uma variedade de árvores foi plantada ao longo
das vias.
Figura 17: Pequeno jardim frontal.
Fonte: Alamy.
35
O design de Beman para o Pullman consistia em grande parte em elementos
típicos da rainha americana Anne. American Queen Anne é um estilo que combina as
irregularidades do plano e da massa associada ao Renascimento Gótico. Embora a
maioria dos edifícios Queen Anne sejam de madeira, Beman usava tijolo, introduzindo
variedade e imaginação nas fachadas das casas nas fileiras para evitar a monotonia
(MORGAN, 2006) (Figura 18).
Figura 18: Estilo Queen Anne.
Fonte: Depósito Santa Mariah.
O patrimônio arquitetônico refletido no Edifício da Administração descende da
ordem simétrica formal dos elementos associados à arquitetura francesa dos séculos
XVII e XVIII. Em uma tentativa de harmonizar o Edifício da Administração com o resto
da cidade, Beman foi forçado a introduzir uma grande variedade de formas arqueadas
e retilíneas em sua fachada, na tentativa de disfarçar o fato de que é tão rigidamente
simétrico (MORGAN, 2006) (Figura 19).
36
Figura 19: Edifício da torre do relógio e prédio administrativo.
Fonte: Commons.
Os edifícios são ventilados com numerosas janelas e claraboias e os interiores
foram pintados de cores claras para maximizar a luz natural, tornando as condições
de trabalho no complexo da fábrica melhores do que a maior parte do tempo. Esta
construção delicada, arejada e salubre resultou no falecimento precoce da estrutura
do edifício. As claraboias eram emolduradas em madeira, por mais fina a qualidade,
a madeira era inadequada para suportar os elementos ao longo dos anos.
Figura 20: Fábrica de vagões dormitório Pullman.
Fonte: Revista Creative Loafing de Atlanta.
37
I.3.2 Vila operária para a Companhia Commercio e Navegação – Niterói, Rio
de Janeiro - Brasil
Autor e localização do projeto
Este foi um projeto de uma vila operária construída entre 1919 e 1921, para os
funcionários da Companhia de Commercio e Navegação, situada em Niterói, Rio de
Janeiro/Brasil. Foi desenvolvido pelo arquiteto Ângelo Bruhns de Carvalho no início
de sua carreira e que, nos próximos anos se tornaria referência, participando de
importantes projetos urbanísticos no Rio de Janeiro entre os anos 1920 e 1930,
utilizando nesta trajetória a estética do pitoresco como possibilidade de projetos
durante as primeiras décadas de atuação, transitando para o estilo internacional de
arquitetura moderna na década de 1930. A coerência da estética do pitoresco e a
compatibilidade entre o projeto e as condições do terreno são notórias.
Implantação
O terreno escolhido para o núcleo fabril colocava grandes desafios aos
concorrentes, visto ser extremamente acidentado e cortado por duas vias férreas e
pelo rio Piracicaba, cujo leito encontra-se em uma profunda depressão. Essas
barreiras físicas pré-existentes condicionaram as propostas: em ambos os 300 lotes
previstos foram dispostos em três áreas distintas – separadas por declives e linhas
férreas (Correia, 2000, pg 82).
Na vila localizada em Niterói, a implantação resultou em casas com recuos
variáveis, em quadras de forma e tamanho diversificado e em vias com traçados que
mesclam trechos retilíneos com curvas suaves: “Seguindo as modernas tendências
do urbanismo, evitou-se o plano em xadrez, e procurou-se, ao contrário, as ruas
curvas, sem grandes trechos em linha recta”. Ângelo Bruhns (1921b, p.27). (Figura
21).
“Seguindo as modernas tendencias do urbanismo, evitou-se o plano em xadrez, e procurou-se, ao contrário, as ruas curvas, sem grandes trechos em linha recta. Os alinhamentos das casas são, por isto, irregulares, com recuos variaveis. Procurou-se evitar desperdício em pavimentações de ruas de largura exaggerada. (...) Projectou-se, também, uma praça de 22m de largura, com arvores e bancos; para esta praça dão a capella e a escola, constituindo o motivo principal da composição” (BRUHNS, 1922, p. 27).
38
Figura 21: Implantação da vila da Companhia Commercio e Navegação.
Fonte: Livro Cidade Jadim.
Programa de Necessidades
Seu programa é amplo, incluindo cooperativa (com posto médico e armazém
de consumo), escola, igreja, 158 casas de moradia unifamiliar para operários,
alojamento para rapazes solteiros, casa para padre e residência para o
superintendente da empresa (Correia, 2014, pg 165) (Figura 22).
39
Figura 22: Residência com três moradias.
Fonte: Philip Gunn, 2004.
Os moradores desta vila eram uma população social e economicamente
diversificada. Oficiais da companhia, capatazes, mecânicos qualificados,
trabalhadores, comerciantes e os profissionais viviam na cidade modelo.
Apartamentos de dois a quatro quartos geralmente abrigava vários marceneiros,
construtores de automóveis e trabalhadores. A casa típica, composta por cinco salas,
foi alugado por artesãos qualificados, enquanto funcionários da empresa, capatazes,
e os comerciantes e profissionais da cidade ocuparam as casas unifamiliares maiores
(Figura 23).
Figura 23: Cottage reunindo quatro moradias.
Fonte: Philip Gunn, 2004.
40
Figura 24: Projeto Arquitetônico da Cottage com quatro moradias.
Fonte: Periodicos Unicamp.
Figura 25: Chalé reunindo duas moradias.
Fonte: Philip Gunn, 2004.
41
Figura 26: Projeto Arquitetônico do Chalé de duas moradias.
Fonte: Periodicos Unicamp.
Figura 27: Casa projetada por Ângelo Bruhns para a Companhia Commercio e Navegação.
Fonte: Periodicos Unicamp.
42
Funcionalidade
A ideia principal de Bruhns, foi proporcionar uma moradia operária que fosse
ao mesmo tempo confortável e simples. O terreno era acidentado, avançando nas
encostas do morro e irregular. No projeto, Bruhns adota várias recomendações de
Unwin para o desenvolvimento residencial funcional da vila, como: definir um lugar
central com uma praça com edificações expressivas através do tamanho e forma,
sendo destinadas a capela e a escola e desenha as vias dando atenção especial a
topografia, vegetação e características de terreno com vistas privilegiadas (Correia,
2011, pg 13).
As habitações eram predominantemente casas de alvenaria contendo
dois a sete quartos. Habitação com mais do que dois quartos se posicionavam para
garantir ventilação cruzada e luz solar.
Forma
Para resolver a topografia acidentada, Bruhns desenha vias levemente
sinuosas, a qual o traçado é usado para aproveitamento do solo para construção, de
drenagem, de tráfego e de criação de espaços expressivos, assim, usando variadas
formas nas vias, adequando cada uma com sua melhor condição topográfica,
seguindo os conselhos de Unwin, que recomenda no livro A Prática do urbanismo.
Vila inspirada no tema pitoresco, projetada em um plano de viés Cidade -Jardim com
moradias em forma de cottages e chalés (Correia, 2011, pg 13) (Figura 28).
Figura 28: Plano Geral da Vila Operária.
Fonte: Bruhns, 1921.
43
I.3.3 Vila do IAPI – Porto Alegre, Rio Grande do Sul - Brasil
Autor e localização do projeto
Projeto de urbanização desenvolvido pelos engenheiros Edmundo Gardolinski
e Marcos Kruter, baseados nas teorias das cidades jardins europeias adaptada a
arquitetura local, que privilegiam o traçado orgânico, uso de áreas verdes e sua
integração com as edificações. Contratados pelo Instituto de Auxilio a Previdência
Industriaria (IAPI), para criar moradias aos empregados das novas industrias que
estavam surgindo com a expansão industrial da década de 50, criando assim a Vila
dos Industriários conhecido por Conjunto Habitacional Passo D`areia ou Vila do IAPI,
localizado na Zona Norte da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Implantação
O sistema é composto por vias principais e secundárias. As principais em forma
de Y estão interligadas e representam as principais avenidas, as secundárias são ruas
internas, de mão única ou sem saída, vielas e passagens com muita arborização e um
traçado orgânico (Figura 29). As construções estão localizadas no centro dos lotes
para haver recuos frontais, laterais e de fundos para jardins (Lopo, 2011, pg 6).
As casas localizadas nos centros dos lotes rodeadas de jardins, possuíam uma
geometria limpa, de forma quadrada ou retangular, com telhados compostos por duas
ou quatro águas, que compunham as habitações unifamiliares e multifamiliares, sendo
caracterizados em tipos arquitetônicos de acordo com cidade-jardim (Figura 30).
44
Figura 29: Projeto de urbanização da Vila do IAPI – Porto Alegre 1940.
Fonte: GEDURB – FAUFRGS.
Figura 30: Construções no centro dos lotes.
Fonte: Flickr.
45
No centro da vila há um centro social, com estádio para prática de esportes,
que fica próximo aos edifícios comerciais. Ao Norte encontram-se os edifícios
simétricos, ao sul uma praça e a leste outra praça (Figura 31).
Figura 31: Centro social.
Fonte: Gaucha ZH.
Programa de Necessidades
O projeto inicial previa 1.625 residências, porém, foram construídas 2.533 para
acomodar aproximadamente 15.000 moradores.
Nas ruas encontrava-se árvores nativas encontradas até os dias atuais, casas
individuas, geminadas sobrados e conjuntos de apartamentos em edifício de até
quatro pavimentos, todos os terrenos possuíam pátio para abrigar hortas ou realizar
atividades individuais (Figura 32).
46
Figura 32: Vila do Iapi, Residencias em edifícios e casas geminadas.
Fonte: Besnos Aprender.
Assim como recomendam-se os projetos de planejamento estrutural das
cidade-jardim, havia uma igreja e no centro foi construída uma escola e na década de
60 foi inaugurada uma escola para deficientes mentais. Os espaços para
estabelecimentos comerciais eram compostos por padarias, mercados, açougues,
mercearias. Contava ainda com uma delegacia de polícia e um hospital, todavia, este
último nunca foi construído.
Foram projetadas quatro praças e locais de lazer ajardinados (Figura 33) para
manter uma integração com o meio ambiente. Para aproveitar a área acidentada foi
desenvolvido projeto de área verde com parque poliesportivo (Figura 34).
47
Figura 33: Praça para lazer.
Fonte: Lapolli.
Figura 34: Quadra poliesportiva.
Fonte: Lapolli.
Preocupando-se com o sistema ecológico, foi projetado uma adutora para o
abastecimento de água junto ao condomínio e com uma rede de tratamento de esgoto,
a primeira da cidade de Porto Alegre.
Funcionalidade
Este projeto foi um investimento do Governo Federal à época do governo de
Getúlio Vargas através de verbas para a moradia popular, para atender a carência
habitacional das unidades destinadas aos operários da indústria que estavam se
instalando na Zona Norte de Porto Alegre (Lopo, 2011, pg 6).
Para a implantação do condomínio o projeto foi desenvolvido para aproveitar
ao máximo as curvas de nível por meio de projetos de prédios altos, com traçado
geométrico e em segundo plano estariam as casas unifamiliares, poucos prédios e um
traçado mais orgânico (Figura 35).
48
Figura 35: Vila do Iapi, Residencias em edifícios e casas geminadas.
Fonte: Besnos Aprender.
Forma
As residências apresentam elementos horizontais, possuindo vãos nas
fachadas, traçando relação entre cheios e vazios, que amenizavam a altura e davam
continuidade as edificações. Faz-se referência ao período neocolonial, buscando uma
identidade local às pessoas que habitariam o condomínio (Lapolli, 2006, pg 46) (Figura
36 e 37).
Figura 36: Casas Residenciais unifamiliares.
Fonte: Gaucha Zh.
49
Figura 37: Casas Residenciais unifamiliares.
Fonte: Gaucha Zh.
Nas residências unifamiliares há a utilização de formas variadas em diferentes
tipologias com função apenas de decoração. Nas habitações multifamiliares (Figura
38) a arquitetura lembra o modernismo, embora tenha elementos do período
protomodernista e art déco (Lapolli, 2006, pg 45).
Figura 38: Residencia Multifmiliar.
Fonte: Flickr.
50
CAPÍTULO II
DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO
51
Neste capitulo serão apresentados os resultados de levantamentos feitos no
distrito de Arroio Grande para a realização de um projeto de uma vila residencial para
os funcionários de um frigorífico. Através da pesquisa de campo, pode-se observar os
tipos de usos do solo do terreno, as condições climáticas da região, os fluxos das vias
e as características especificas do terreno a ser estudado e do seu entorno.
II.1 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL
O município de selbach, localizado no nordeste do rio grande do sul, é uma
cidade colonizada por imigrantes de origem alemã. Em 1897, o coronel Jacob Selbach
Júnior adquiriu do governo federal as terras onde hoje se localiza o município, que
pertenciam ao município de Carazinho. O pedaço de terra adquirido foi dividido em
lotes que eram vendidos a colonos. Foi assim que, a partir de 1905, começaram a se
instalar as primeiras famílias. Em seus pequenos lotes, no meio da floresta nativa
onde produziam milho, feijão, trigo, mandioca e batatas.
O município de Selbach localiza-se no noroeste do Rio Grande do Sul. Com
uma altitude de 500 metros em relação ao nível do mar e sua distância à capital Porto
Alegre é de 228 km. De acordo com o Censo Demográfico do IBGE realizado no ano
de 2010, a população do município atingiu 4929 habitantes, distribuídos numa área
de 174 km².
Selbach possui vocação agrícola, destacando-se no plantio da soja, do trigo e
do milho. Também tem uma significativa produção leiteira, além da criação de suínos.
Há indústrias em desenvolvimento, sendo que a implantação da área industrial, com
planejamento municipal, deu novo impulso ao segmento. O comércio está em
expansão, e supre as necessidades de alimentação, vestuário e moradia da
população (Figura 39).
52
Figura 39: Imagem aérea da cidade de Selbach no Rio Grande do Sul.
Fonte: Tripmondo, Selbach.
A cidade conta com a educação básica, escolas estaduais e municipais com
ensino fundamental e médio. O município faz parte ainda da rota das terras,
oferecendo ao visitante a oportunidade de conhecer vários pontos turísticos.
Com relação à demografia, é possível afirmar que a população rural decresceu
muito em quarenta anos, sendo que a urbana aumentou significativamente. Uma
possibilidade de argumento para tal fenômeno é a mecanização agrícola, fazendo com
que a necessidade de trabalho braçal diminua (Terhorst, 2015, pg 2).
O seu território está dividido em sete comunidades: Bela Vista, Linha Floresta,
São Pascoal, Santa Isabel, Arroio Grande, Passo do Padre e Santa Terezinha.
Neste presente trabalho iremos projetar em um terreno localizado a 8 km do
Municipio de Selbach, no Distrito Arroio Grande, localizado no Estado do Rio Grande
do Sul, Brasil. Possui seus limites confrontando ao norte com o município de Colorado,
ao Sul com os municípios de Espumoso e Alto Alegre, ao leste com os Municípios de
Selbach e Lagoa dos três cantos e ao Oeste com os municípios de Quinze de
Novembro e Ibirubá.
O terreno para o levantamento deste projeto, está situado a 345 Km da Capital
Porto Alegre, e se encontra entre os Municípios de Selbach e Ibirubá. Localizado em
uma área urbana nas proximidades das margens da Br 223, de fácil acesso, conta
com uma área de 215.00m² em um terreno retangular e praticamente plano, usado
53
para plantação, não possui vegetação nem edificações. Área sem infraestrutura
básica, onde as ruas não são pavimentadas, e não há rede de energia e saneamento
básico (Figura 40).
Figura 40: Imagem aérea do terreno de projeto.
Fonte: Autora, 2018.
II.2 MORFOLOGIA URBANA
O terreno a ser trabalho está localizado em Arroio Grande, distrito do município
de Selbach, localizado no nordeste do rio grande do sul. Selbach possui uma área de
174km² e conta com uma população de 4929 pessoas. Nesta localidade, os edifícios
em geral cumprem os alinhamentos determinados pelo plano urbano do Município,
sendo um predomínio de edifícios residenciais com apenas um pavimento, contam
com uma densidade Bruta de 28,32 pessoas/km².
Arroio Grande conta com uma população de 850 habitantes em sua área
urbana, com predomínio de residências de apenas um pavimento, e as moradias se
concentram na entrada do Distrito nos seus 0,45km² de área urbana (Figura 41).
54
Figura 41: Imagem aérea do distrito Arroio Grande.
Fonte: Imagem do Google, 2018.
II.3 ANÁLISE DA ÁREA DE OCUPAÇÃO URBANA
Para a análise da utilização de área do entorno do terreno foi utilizado um raio
de 1500 km de distância.
II.3.1 NOLLI
Através do método de análise com o mapa Nolli (mapa de cheios e vazios
urbanos), podemos verificar as características de apreensão do espaço por meio de
sua forma, da qual, agrega pouca densidade construtiva, a maioria concentrada na
entrada do distrito e se distribuem nas vias mais próximas a entrada (Figura 42).
55
Figura 42: Mapa de cheios e vazios.
Fonte: Autora, 2018.
II.3.2 USO DO SOLO
A diversidade de usos na área de abrangência é bem coordenada, havendo até
6 tipologias de uso e ocupação do solo: Residencial, Comercial (Mercado, Farmácia,
Lojas e área industrial), Institucional (Subprefeitura, Posto de Saúde e Escola),
Religiosa (Igreja) e Áreas Verdes (Praças) (Figura 43).
56
Figura 43: Mapa com as características de Usos do Solo.
Fonte: Autora, 2018.
II.3.3 MAPA DAS ALTURAS
Através de levantamento, identificamos que as edificações existentes são todas
de alturas baixas, de um ou no máximo dois pavimentos (Figura 44).
57
Figura 44: Mapa das alturas das edificações.
Fonte: Autora, 2018.
II.4 INFRAESTRUTURA URBANA
II.4.1 REDE VIÁRIA
O acesso à Arroio Grande se dá pelo trevo do distrito, o qual possui o maior
fluxo do local, através da BR 223. Se distribui uma via arterial principal que dá acesso
as vias coletoras, está com um fluxo médio, todas com sentido duplo passando por
quarteirões retangulares e irregulares, chegando assim a algumas vias locais com
pouco fluxo de carros e pessoas. O distrito da ainda acesso ao meio rural ao qual a
cidade é cercada (Figura 45).
58
Figura 45: Mapa de hierarquia viária.
Fonte: Autora, 2018.
O distrito de Arroio Grande não disponibiliza de acessibilidade e mobilidade aos
portadores de necessidades, conta com ruas mistas entre pavimento asfaltado e
calçamento de pedra. As calçadas se encontram em um estado razoável devido ao
tempo de uso sem manutenção.
Através do mapa de fluxos das vias, podemos verificar que na RS 223 possui
um alto fluxo, e nas ruas principais do distrito há um movimento médio devido estas
ruas servirem de acesso as moradias e as zonas rurais (Figura 46).
59
Figura 46: Densidade dos fluxos.
Fonte: Autora, 2018.
Quanto ao transporte urbano, o Distrito apresenta duas paradas de ônibus, uma
na RS 223 e outra na rua Principal do Distrito. Por se tratar de uma área urbana muito
pequena, não há transporte urbano interno, apenas ônibus da prefeitura que fazem a
locomoção das pessoas ao trabalho, a escola e a locomoção de quem precisa ir aos
municípios próximos ao distrito (Figura 47) (Tabela 1).
Distâncias
Arroio Grande Ibirubá 10 min carro
Arroio Grande Selbach 10 min carro
Arroio Grande Porto Alegre 3h 40min carro
Centro urbano Terreno 2 minutos carro
Tabela 1: Densidade dos fluxos.
Fonte: Autora, 2018.
60
Figura 47: Densidade dos fluxos.
Fonte: Autora, 2018.
II.4.2 REDE DE ESGOTO CLOACAL E PLUVIAL
No distrito de Arroio Grande não há Rede de esgoto, o tratamento do esgoto é
feito por fossa séptica e sumidouro drenado.
II.4.3 REDE DE ÁGUA E ENREGIA
A rede de água é de responsabilidade da corsan, empresa a qual fornece água
para o município de Selbach e seus distritos (Figura 48).
A Rede elétrica é de responsabilidade da empresa coprel, a qual é responsável
por gerar e distribuir energia a toda região (Figura 48).
61
Figura 48: Rede elétrica e de água.
Fonte: Autora, 2018.
II.4.4 VEGETAÇÕES URBANAS
Apenar de ser uma área bastante desmatada para fins agrícolas, o núcleo de
Selbach se mantém com muitas árvores, com alguns pontos de maior concentração
arbórea com copas largas (Figura 49).
62
Figura 49: Massa Arbórea.
Fonte: Autora, 2018.
II.5 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO
II.5.1 DIMENSÕES DO TERRENO
O lote para desenvolvimento do projeto, fica localizado próximo a margem da
BR 223, possuindo área total de 215,471m², sem área construída e possui duas
frentes para a Estrada Municipal do distrito de Arroio Grande. O terreno possui as
seguintes confrontações e medidas (Figura 50):
- Ao Norte, faz frente para a Estrada Municipal, medindo 306,76m;
- Ao Sul, confronta com uma sanga, onde mede 464,07m;
- Ao Leste, confronta com terras lindeiras, onde mede 658,93m²;
- Ao Oeste, faz frente com a Estrada Municipal, onde mede 629,93m².
63
Figura 50: Dimensões do terreno.
Fonte: Autora, 2018.
II.5.2 TOPOGRAFIA
A região apresenta um relevo com ondulações suaves, podendo ser usado em
sua totalidade a agricultura mecanizada. Geologicamente o terreno tem suas origens
nos intensos derramamentos basálticos que se formaram na era Mesozoica. Da
composição destes derramamentos basálticos resulta o Latossomo, textura que brota
a economia agrícola deste município (Weber, 1999, pg 18).
A representação da topografia apresentada está representada de 5m em 5m,
com diferença entra as curvas de nível entre 414 metros e 376 metros, do ponto mais
alto ao ponto mais baixo do terreno, possuindo um desnível de 42 metros ao longo de
aproximadamente 660 metros. (Figura 51)
64
Figura 51: Topografia do Terreno.
Fonte: Autora, 2018.
Figura 52: Corte Longitudinal do Terreno.
Fonte: Autora, 2018.
Figura 53: Corte Transversal do Terreno.
Fonte: Autora, 2018.
65
II.5.3 VENTOS DOMINANTES E ORIENTAÇÃO SOLAR
O clima do município é temperado, com variações climáticas quase sempre
ligadas as estações do ano. No inverno as temperaturas podem chegar abaixo de zero
graus centigrados durante algumas noites, a precipitação de neve não é considerada.
Os ventos que sopram no inverno são o chamado “minuano”, vindo de sudoeste e o
vento que sopra no verão, vem do Norte e é denominado “vento norte” (Figura 54 e
55).
Figura 54: Direção dos ventos dominantes.
Fonte: Autora, 2018.
Figura 55: Nascer e pôr do sol e ventos dominantes.
Fonte: Autora, 2018.
66
O sol nasce sempre numa mesma direção, porém o local exato varia sempre
em torno do ponto cardeal leste. Entre março e junho e setembro e dezembro são os
dias que o sol mais se distancia do ponto cardeal leste no nascer e oeste no pôr do
sol.
No verão, o sol passa mais “em pé”. Já no inverno, ele passa mais “deitado”,
fazendo com que a face sul não receba sol praticamente sol em todas as estações. A
leste, no inverno, o sol adentra mais no imóvel do que no verão. O lado Oeste é
sempre muito quente, pega sol o dia todo tanto no inverno quanto no verão. Fazendo
assim com que a orientação solar Leste e Norte sejam as mais recomendadas.
Figura 56: Sol no Verão.
Fonte: Autora, 2018.
Figura 57: Sol no Inverno.
Fonte: Autora, 2018.
67
II.5.3 VISUAIS DO TERRENO E ENTORNO IMEDIATO
Figura 58: Sol no Inverno.
Fonte: Autora, 2018.
Figura 59: Vista A.
Fonte: Autora, 2018.
Figura 60: Vista B.
Fonte: Autora, 2018.
68
Figura 61: Vista C.
Fonte: Autora, 2018.
Para um melhor entendimento do terreno, foi ainda utilizado o método de uma
vista em Skyline, sendo representada pela dimensão longitudinal do terreno com
frente para a Estrada municipal ao Oeste (Figura 62).
Figura 62: Vista Skyline.
Fonte: Autora, 2018.
II.6 SÍNTESE DE LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS
Para fundamentação da ordem legal, não há lei especifica para conjuntos
residenciais e industriais existente no distrito de Arroio Grande, com um plano diretor
um tanto ultrapassado e não atualizado, utiliza-se como parâmetro de denvolvimento
de projeto o código de Obras do Municipio de Selbach, através da Lei Municipal nº
3.215/2016 a qual Institui o Código de Obras do Município de Selbach.
Com embasamento no código de obras classificamos as atividades a serem
realizadas no terreno nas seguintes leis e normas do Código de Obras:
69
III.5.3.1 Classificação das edificações
Capítulo I – Classificação das Edificações Residenciais:
Artigo 126, conforme o uso a que se destinam, a edificação classifica-se
em: Grupo I - Edificações residências destinadas a habitação unifamiliar ou
multifamiliar.
Com embasamento de áreas mínimas para edificações residenciais a
serem projetadas referentes aos artigos 129, 130, 131, 132, 133, 134, 135 e 136.
Capítulo II - Das Edificações Não Residenciais:
Artigo 126, conforme o uso a que se destinam, a edificação classifica-se
em: Grupo IV - Edificações industriais destinadas a qualquer operação definida
como de transformação de matéria-prima pela legislação federal.
Com embasamento de áreas mínimas para edificações residenciais a
serem projetadas referentes aos artigos 138, 139, 140, 141, 142 e 143.
III.5.3.2 Normas utilizadas
Como referência para projeto usamos ainda da norma de acessibilidade
Para fundamentar os parâmetros de legislação.
Para dar acessibilidade de pessoas com deficiência a edificações,
espaço, mobiliário e equipamentos urbanos, é utilizada a norma Brasileira da
ABNT NBR 9050:2015 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos. Esta Norma estabelece critérios e parâmetros técnicos
a serem observados quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do
meio urbano e rural, e de edificações às condições de acessibilidade.
Para boas condições de trabalho em geral, é utilizada a Norma Brasileira
ABNT NBR 16069:2018 - Segurança em sistemas frigoríficos. Esta Norma
70
estabelece a segurança para o projeto, construção, instalação e operação de
sistemas frigoríficos aplicados em refrigeração e climatização.
Para garantir Segurança e saúde aos funcionários aplica-se a NR-12 –
Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Publicada pela Portaria
nº 3.214/78. Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem referências
técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde
e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a
prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto de utilização
de máquinas e equipamentos de todos os tipos.
71
CAPÍTULO III
CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS
72
III.1 CONCEITO DO PROJETO
Com o intuito de desenvolver uma região pouco adensada na cidade
proporcionando novas moradias, o projeto visa oferecer melhores condições de vida
baseado na integração entre o trabalho e a moradia, através de deslocamento por
espaços prazerosos, encurtando distâncias através de caminhadas por passagens
que rompem as quadras com caminhos com farta presença de vegetação, traçado
das quadras e vias flexível seguindo a topografia existente, adotando os parâmetros
de uso e ocupação do solo com a estrutura local, visando um bom desenho urbano
com o parcelamento e gerando espaçosos lotes, os quais a vegetação avança em
direção às vias arborizadas e ajardinadas e, eventualmente, para os espaços de lazer,
as parques e praças.
Para a implantação deste projeto, é proposto demonstrar o conceito de
sustentabilidade através de um projeto ambientalmente sustentável, a fim de implantar
diversas técnicas capazes de satisfazerem as necessidades do complexo.
De acordo com Snell e Callahan (2006) para criar construções que atendam os
conceitos de sustentabilidade devem ser respeitados os seguintes passos:
Baixo impacto de construção: construção, quase por definição, é inicialmente
um ato destrutivo. O solo normalmente tem que ser, no mínimo, limpo e remodelado,
buracos precisam ser cavados e os recursos materiais reformulados para servirem à
edificação. A construção verde minimiza seu impacto no canteiro de obras e no meio
ambiente, utilizando materiais que criam o mínimo de destruição ecológica através de
seu uso.
Eficiência dos recursos durante a vida da edificação: o impacto da construção
é apenas a primeira etapa. Uma vez que um edifício é construído, pessoas irão morar
nele e usá-lo. Esse uso humano requer recursos para fins como o aquecimento,
refrigeração, água e eletricidade. O edifício verde supre estas necessidades humanas
eficientemente, conservando os recursos.
Longa duração: recursos naturais, na forma de materiais de construção,
ferramentas e combustíveis, assim como a energia e talento humanos, vem juntos na
criação de uma edificação. Quanto mais tempo a edificação durar, mais tempo levará
para que o meio ambiente tenha que disponibilizar os recursos para substituir o
edifício. Então, quanto mais o edifício durar, mais “verde” ele é.
73
Segundo Cichinelli (2008), na construção, ser sustentável é usar materiais com
procedência correta, separar e reciclar resíduos, evitar desperdício e economizar
recursos naturais.
De acordo com Gonçalves (2006) o projeto de um edifício deve incluir o estudo
dos seguintes tópicos:
Orientação solar;
Forma arquitetônica, arranjos espaciais, zoneamento dos usos internos do
edifício e geometria dos espaços internos;
Características, condicionantes ambientais e tratamento do entorno imediato;
Materiais da estrutura, das vedações internas e externas, considerando
desempenho térmico e cores;
Tratamento das fachadas e coberturas, de acordo com a necessidade de
proteção solar;
Áreas envidraçadas e de abertura, considerando a proporção quanto à área
envoltória, o posicionamento na fachada e o tipo do fechamento, seja ele vazado,
transparente ou translúcido;
Detalhamento das proteções solares considerando tipo e dimensionamento
detalhado das esquadrias.
Todos esses aspectos do projeto vistos em conjunto exercem um impacto no
desempenho térmico do edifício, por terem um papel determinante no uso das
estratégias de ventilação natural, reflexão da radiação solar direta, sombreamento,
resfriamento evaporativo, isolamento térmico, inércia térmica e aquecimento passivo.
O uso apropriado de uma dessas estratégias, ou de um conjunto delas, por sua vez,
vai ser determinado pelas condições climáticas, exigências do uso e ocupação e
parâmetros de desempenho. O aproveitamento da iluminação natural também é,
indubitavelmente, inerente a muitos desses aspectos de projeto, como a orientação
solar, a geometria dos espaços internos, as cores e o projeto das aberturas e das
proteções solares (GONÇALVES, 2006).
O projeto arquitetônico deve ser acomodado no terreno, procurando, tanto
quanto possível, facilitar os escoamentos e a drenagem e como condicionantes devem
ser considerada a realidade climática local, as construções vizinhas e sua influência
no projeto, os quadrantes de maior radiação, a amplitude térmica local, a média da
74
umidade relativa do ar e a direção e velocidade dos ventos predominantes
(NAKAMURA, 2006).
Olhando para a história da arquitetura e das cidades, foi apenas por um relativo
curto espaço de tempo que as considerações sobre as premissas fundamentais de
projeto e seu impacto nas condições de conforto ambiental e no consumo de energia
não eram tidas como determinantes. Por isso, a arquitetura bioclimática ganhou
importância dentro do conceito de sustentabilidade. Isso se deu pela estreita relação
entre o conforto ambiental e o consumo de energia, que está presente na utilização
dos sistemas de condicionamento ambiental artificial e de iluminação artificial
(GONÇALVES, 2006).
Segundo Dantas (2007) o emprego de vidros energeticamente eficientes que
maximizam a transmissão de luz visível e filtram os raios não visíveis de baixo
comprimento de onda (ultravioleta) e de longo comprimento de onda (infravermelhos),
são medidas que maximizam o conforto ambiental e a eficiência dos sistemas. Esse
espectro constitui, em média, 53% da irradiação solar e transmite apenas calor
promovendo a iluminação natural sem transferir cargas térmicas inúteis ao sistema de
climatização.
No projeto arquitetônico, as principais variáveis que podem alterar o aporte de
calor pela abertura são: a orientação e o tamanho da abertura; o tipo de vidro; o uso
de proteções solares internas e externas (LAMBERTS et al, 1997). A orientação e o
tamanho da abertura irão determinar sua exposição ao sol e, quanto maior uma
abertura, maior a quantidade de calor que pode entrar ou sair de um ambiente. A
orientação da fachada pode expor as aberturas de dimensões idênticas a quantidades
de calor solar e iluminação distintas, pois a trajetória do sol na abóbada celeste é
diferente para cada orientação e para cada latitude.
As condições do vento local podem ser alteradas com a presença de
vegetação, edificações e outros anteparos naturais ou artificiais. Pode-se tirar partido
do perfil topográfico de um terreno para canalizar os ventos, desviando-os ou
trazendo-os para a edificação (LAMBERTS et al, 1997). Sistemas especiais podem
ser utilizados para a circulação de ar quente e frio. Segundo Gerolla (2006) devem ser
projetados pé-direito alto e posicionar estrategicamente, próximas ao chão, as portas
e janelas, para que o ar frio entre, e outras janelas no alto das paredes, para que o ar
quente saia.
75
Através do conceito de sustentabilidade, espero com este projeto promova um
impacto positivo e duradouro, assim como o uso inovador de técnicas e formas e
aplicação de um espaço prazeroso e autossustentável.
III.2 DIRETRIZES DE PROJETO
III.2.1 DIRETRIZES DE ARQUITETURA
Neste projeto é proposto para o complexo industrial, uma vila residencial
(Figura 63) para atender as famílias dos operários de um frigorífico a ser projetado no
distrito de Arroio Grande. Com o objetivo de engrandecer o espaço, oferecendo
qualidade de vida e acesso as necessidades básicas dos moradores, o projeto oferece
três modelos diferentes de casa residências que podem ser alterados, satisfazendo
assim as necessidades e preferências de cada família.
Figura 63: Casas em condomínio.
Fonte: Modern Houses.
Os projetos das casas partem de um planejamento básico de sala, cozinha,
dois quartos e um banheiro, com a possibilidade de inclusão de mais quartos, dois
pavimentos e uma garagem a partir do fluxograma de cada tipo. As casas são
construídas de maneira ecológica e o projeto busca ser sustentável e eficientemente
energético até no aproveitamento da luz natural (Figura 64).
76
Figura 64: Casa beneficiando a luz natural.
Fonte: Modern Houses.
Através do uso de tecnologias, é oferecida uma nova técnica com vidro
inteligente, é um vidro eletrocrômicos (Figura 65). Eles permitem o controle do quanto
uma área será iluminada e transparente a radiação solar. Os desenvolvedores da
tecnologia estimam que ela pode economizar em mais de 25% os gastos com
ventilação e ar-condicionado.
Figura 65: Corte do vidro eletrocrômico.
Fonte: Vidro Luz.
Se tratando de energias renováveis, neste projeto será oferecida a prática de
uso de painéis solares (Figura 66). Este sistema é muito versátil, além de proporcionar
o aquecimento da água, convertendo a radiação solar em energia térmica. O elemento
captador pode atuar como revestimento de fachadas, elemento de fechamentos
(coberturas planas ou inclinadas) e elementos de sombras (pergolados, marquises,
brises, etc).
77
Figura 66: Painel solar como Cobertura.
Fonte: Ame Arquitetura.
Cobertura de varanda residencial – além de produção de energia elétrica os
painéis fotovoltaicos (Figura 67) estão funcionando como elementos de fechamento,
já que são translúcidos permitem a entrada da luz durante o dia.
Figura 67: Cobertura com painéis fotovoltaicos.
Fonte: Sustentar Aqui.
Em muitos lugares do Brasil a água já está muito escassa, em função disso
usa-se recursos para melhor reaproveitá-la com sistemas de captação. A captação da
água da chuva pode economizar água e o sistema costuma aproveitar a estrutura da
edificação, que direciona a água captada de calhas e rufos, onde passa por um filtro
que separa a agua das folhas, e é direcionada para um reservatório, também chamado
78
de cisterna, que pode ser ligado ou não a torneiras, vasos sanitários e estruturas que
não precisam de água potável (Figura 68).
Figura 68: Sistema de captação de água.
Fonte: ArqBlog.
Mais uma adição arquitetônica à proposta de sustentabilidade, os telhados
verdes são uma ótima forma de embelezar a edificação, transformar as substâncias
tóxicas que a vegetação absorve e libera em oxigênio, amenizar a temperatura
melhorando o isolamento térmico, isso acontece porque as plantas refletem mais raios
solares que as telhas comuns e evitam as trocas de calor entre a edificação e o
ambiente, melhorando o isolamento acústico, pois a vegetação absorve e isola ruídos,
Dessa forma se poupa recursos naturais dispensando aparelhos de ar-condicionado
ou aquecedores e Diminui a poluição e melhora a qualidade do ar das cidades (Figura
69).
Figura 69: Telhado Verde.
Fonte: Roberta Correa.
79
A energia solar está além dos painéis e dos telhados. Estes, é claro, tem um
papel importante na captação de radiação solar e usam o calor para esquentar água
e produzir energia, mas o Sol pode ser aproveitado posicionando as janelas de forma
estratégica e aproveitar melhor a luminosidade ao longo do dia (Figura 70).
Figura 70: Área iluminada naturalmente.
Fonte: Artesanato e Reciclagem, 2018.
Portanto serão utilizadas janelas maiores para melhor aproveitamento da luz
natural. Além de economizar energia elétrica, o projeto prevê circulação do ar,
garantindo uma boa ventilação e distribuindo calor e umidade. Nas janelas, serão
colocados pergolados e brises para evitar o superaquecimento.
O uso do brise reduz o consumo energético, é considerado um elementos de
proteção solar e utilizado de madeira reciclada contribui para obter uma arquitetura
mais sustentável (Figura 71).
80
Figura 71: Brise de madeira.
Fonte: Casacor, 2017.
Os pergolados, compostos de cobertura metálica e placas de vidro com
controle térmico. As ripas são uma mistura de plástico e madeira reciclados. Tudo
para filtrar o sol e produzir boa sombra (Martins, 2017).
Figura 72: Pergolado.
Fonte: Casa Abril.
As divisórias internas são propostas para o uso de metal e drywall, objetivando
não gerar desperdícios e acelerar a execução do projeto, podendo receber
acabamento conforme opção individual.
Dentre os materiais utilizados no projeto, serão ainda sugeridos revestimento
em pedras por ser um material natural e facilmente encontrados nas proximidades da
construção, tintas feitas de materiais biodegradáveis (produzidas a partir de pigmentos
81
naturais, minerais e proteína de leite) e tijolo ecológico, produzido a partir de misturas,
pode ser de compostos de areia, de resíduos de construção ou de areia, água e
cimento.
III.2.2 DIRETRIZES URBANÍSTICAS
Tão importante quanto desenvolver o projeto arquitetônico é pensar e
potencializar o local da implantação do mesmo para uma melhor qualificação do local
com propostas de diretrizes urbanas, que irá beneficiar os usuários, bairro e município,
dando um suporte para aquela área.
O terreno a ser trabalhado situa-se em um local do distrito onde não está
inserido no núcleo residencial, portando o objetivo do projeto é reproduzir neste
espaço as condições de moradia com qualidade de vida aos operários e suas
respectivas famílias.
Além de proporcionarem melhores condições de trabalho os conjuntos
habitacionais junto à fábrica e implantados no campo tem um efeito saudável sobre
os trabalhadores e consequentemente retorna em benefícios para a indústria.
Os objetivos buscam proporcionar um projeto que consiga migrar os pontos de
encontro da cidade para um ambiente mais afastado onde haja moradia, lazer e
trabalho em um mesmo complexo, estabelecendo a proximidade entre as pessoas e
entre as pessoas e o local onde elas residem.
No projeto a forma urbana é decorrente das condições topográficas
minimamente acentuado por se tratar de um terreno praticamente plano, gerando um
traçado geométrico irregular (Figura 73), sempre acompanhando a topografia do
terreno, onde as vias constituem-se de linhas quebradas, cujos ângulos e segmentos
possuem dimensões variadas entre segmentos, apresentam continuidade e
quarteirões com forma e tamanho irregular, todas possuindo fluxo das vias em sentido
duplo (Figura 74).
82
Figura 73: exemplo de malha com traçado irregular.
Fonte: Jorasa.
Figura 74: exemplo de malha com traçado irregular.
Fonte: Construindo um futuro Sustentável.
Par oferecer a mínima condição salubre, serão desenvolvidos projetos de rede
elétrica, de água e de esgoto em tubulação subterrânea, assim, deixando o espaço
mais bonito e seguro.
A mobilidade urbana relacionada aos deslocamentos de pessoas para realizar
suas atividades cotidianas em diferentes lugares precisam de um sistema de
transporte e de infraestrutura. Os moradores poderão contar com vias, ciclovias e
calçadas largas e arborizadas, todas equipadas com toda infraestrutura necessária
(pavimentação, iluminação e sinalização), para os deslocamentos da forma mais
eficiente possível e com segurança dentro do condomínio e no seu entorno, sempre
83
permitindo acessibilidade universal (Figura 75). Hoje, o terreno se encontra sem
utilização, infraestrutura de acesso e de redes de esgoto e distribuição de energia
(Figura 76).
Figura 75: Acessibilidade universal.
Fonte: Paraíba Total.
Figura 76: Acesso ao terreno.
Fonte: Autora, 2018.
Poderão contar ainda com nova parada de ônibus que dará acesso as cidades
vizinhas e ao centro residencial do distrito.
Será proposto ainda, melhor uso do local, oferecendo aos moradores opções
de lazer e necessidades básicas, como mercado, restaurante, uma creche para os
84
filhos dos funcionários e um espaço multifuncional de esportes. Serão criados ainda
espaços verdes como parques e praças, para que a locomoção das pessoas dentro
do condomínio seja agradável e prazerosa (Figura 77).
Figura 77: Área verde no condomínio.
Fonte: Construtora Almeida Neves.
85
CAPÍTULO IV
PARTIDO GERAL
86
Com a implantação deste projeto, as mudanças impõem alterações no entorno
da vila operária em função do crescimento local, com a função de melhorar o contexto
urbano o espaço tem de ser reorganizado e novas redes de infraestrutura serão
implantadas.
IV.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES
O projeto a ser estudado se trata de um condomínio habitacional designado
aos funcionários de uma indústria alimentícia. O complexo industrial possui um
programa de Necessidade dividido entre seis áreas a serem implantadas: Área
industrial (Frigorífico), Área Residencial, Área comercial, Área Institucional, Área
Educacional e Área de Lazer.
- Paras edifícios Residências foram propostas três alternativas de casas:
4 lotes de 2000m² e área construída de 335,00m²;
6 lotes de 500m² e área construída de 200,00m²;
70 lotes de 300m² com área construída de 160m².
- Para o frigorifico foram designados 50.000m² de área total, sendo 3713 m² de
área construída.
- Para a área Institucional 250,00m² de área construída.
- Para a área Educacional 250,00m² de área construída.
- Para a área Comercial 650,00m² de área construída.
- Para a área de 2200,00 Lazer m² de área construída.
87
FRIGORIFICO
SETOR NOME DO COMPARTIMENTO ÁREA
ÚTIL (m²)
CO
ME
RC
IAL
Recepção 50
Sala de reuniões 50
Almoxarifado 30
Sanitários Feminino 10
Sanitário Masculino 8
Espaço de vivencia / Foyer 60
Sanitário PNE 5
Copa 10
AD
MIN
IST
RA
TIV
O
Sala de Recursos Humanos 10
Sala do Financeiro 10
Sala de Reunião 40
Sala de Gestao da Qualidade 10
sala de Vendas 10
Sala de Compras 10
Depósito 20 S
ER
VIÇ
O
Area para desembarque dos animais 50
Plataforma de recepção de animais 10
área de classsificação e seleção dos animais
70
área de jejum e dieta hidrica 70
Sala de lavagem dos animais 10
Sala de atordoamento, sangria, esfola, evisceração, corte da carcaça dos animais e corte e desossa da carne
375
Câmara de Resfriamento
Sala de inspeçao 100
Sala de embalagem 100
Sala para estocagem 200
Sala para expedição 50
Vestiário feminino 35
Vestiário Masculino 30
88
Área Tratamento de Efluentes 2000
Laboratório de analises 100
Casa de Maquinas 50
Casa de caldeiras 50
Refeitorio
ÁREA TOTAL 3713 Tabela 2: Programa de Necessidades do Frigorífico.
Fonte: Autora,2018.
INTITUCIONAL
SETOR NOME DO
COMPARTIMENTO ÁREA ÚTIL
(m²)
SERVIÇOS Capela 250
Área Total 250 Tabela 3: Programa de Necessidades – Área Institucional.
Fonte: Autora, 2018.
EDUCACIONAL
SETOR NOME DO
COMPARTIMENTO ÁREA ÚTIL
(m²)
SERVIÇOS Creche 250
Área Total 250 Tabela 4: Programa de Necessidades – Área Institucional.
Fonte: Autora, 2018.
COMERCIAL
SETOR NOME DO
COMPARTIMENTO ÁREA ÚTIL
(m²)
SERVIÇOS
Mercado/Padaria 250
Restaurante 300
Farmácia 100
Área Total 650 Tabela 5: Programa de Necessidades – Área Institucional.
Fonte: Autora, 2018.
89
LAZER - Condomínio
SETOR NOME DO
COMPARTIMENTO ÁREA
ÚTIL (m²)
ESPAÇO MULTI
FUNÇÕES
Quiosque 70
Salão de Festas 450
Piscina 60
Quadra de Esportes 500
Academia 350
Sala de Jogos 50
COMÉRCIO
Mercado/Padaria 270
Restaurante 300
Farmácia 150
Área Total 2200 Tabela 6: Programa de Necessidades – Espaço de Lazer da área Residencial.
Fonte: Autora, 2018.
RESIDENCIAL - Casa - Lote 2000m²
SETOR NOME DO
COMPARTIMENTO ÁREA
ÚTIL (m²)
SOCIAL
Hall de entrada 7
Sala de Estar 15
Sala de Janta 15
Escritório 10
Lavabo 4
INTIMO
Quartos ( 2 ) 50
Suites ( 2 ) 60
Banheiro 7
Sala de TV 10
SERVIÇO
Cozinha 15
Área de Serviço 12
Quarto Empregada 9
Banheiro Empregada 6
90
LAZER
Churrasqueira 35
Piscina
Pátio
Varanda 30
GARAGEM Carros 50
Área Total 335
Tabela 7: Programa de Necessidades – Casa 4 Quartos.
Fonte: Autora, 2018.
RESIDENCIAL - Casa - Lote 1000m²
SETOR NOME DO
COMPARTIMENTO ÁREA
ÚTIL (m²)
SOCIAL
Hall de entrada 4
Sala de Estar/Jantar 25
Lavabo 4
INTIMO
Quartos ( 2 ) 40
Suite (1 ) 30
Banheiro 6
Sala de TV 12
SERVIÇO
Cozinha 15
Área de Serviço 6
LAZER
Churrasqueira 15
Piscina
Pátio
Varanda 18
GARAGEM Carros 25
Área Total 200
Tabela 8: Programa de Necessidades – Casa 3 Quartos.
Fonte: Autora, 2018.
91
RESIDENCIAL - Casa - Lote 500m²
SETOR NOME DO
COMPARTIMENTO ÁREA
ÚTIL (m²)
SOCIAL
Hall de entrada 4
Sala de Estar/Jantar/TV 35
Lavabo 4
INTIMO
Quarto 12
Suite 24
Banheiro 6
SERVIÇO
Cozinha 14
Área de Serviço 8
LAZER
Churrasqueira 15
Pátio
Varanda 20
GARAGEM Carros 18
Área Total 160
Tabela 9: Programa de Necessidades – Casa 2 Quartos.
Fonte: Autora, 2018.
92
IV.2 ORGANOGRAMA
Figura 78: Organograma do Complexo.
Fonte: Autora, 2018.
IV.3 FLUXOGRAMA
Figura 79: Fluxograma do Frigorífico.
Fonte: Autora, 2018.
93
Figura 80: Fluxograma do Condomínio Residencial.
Fonte: Autora, 2018
Figura 81: Fluxograma das Casas com área construída de 335,00m².
Fonte: Autora, 2018.
94
Figura 82: Fluxograma das Casas com área construída de 200,00m².
Fonte: Autora, 2018.
Figura 83: Fluxograma das Casas com área construída de 160,00m².
Fonte: Autora, 2018.
95
IV.4 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO
IV.4.1 PROPOSTA I
Implantação zoneada
Figura 84: Implantação zoneada da Proposta I
Fonte: Autora, 2018.
Funcionalidade
Para esta proposta, o frigorifico fica na parte sul do terreno possuindo três
acessos, um principal, um de serviço local e um que interliga a área industrial a área
residencial. As moradias dos funcionários do frigorifico ficam ao norte do terreno,
assim privilegiando as casas mais executivas de ficarem próximas do trabalho. O
acesso ao condomínio residencial se dá pelo oeste do terreno diretamente a área
comercial e de lazer que se localizam no centro das unidades residenciais.
96
IV.4.2 PROPOSTA II
Implantação zoneada
Figura 85: Implantação zoneada da Proposta II.
Fonte: Autora, 2018.
Funcionalidade
Para a Proposta II, o frigorifico fica na parte norte do terreno, estando mais
próximo das vias de acesso, é interligado ao condomínio habitacional por uma
passagem interna e direta. As residências executivas e dos funcionários do frigorifico
estão separadas pelas áreas de vivencia, localizadas ao centro do Condomínio, onde
se dá o acesso de veículos e pessoas.
97
IV.4.3 PROPOSTA III
Implantação zoneada
Figura 86: Implantação zoneada da Proposta III
Fonte: Autora, 2018.
Funcionalidade
Para a Proposta III, o frigorifico fica na parte sul do terreno possuindo três
acessos, um principal, um de serviço local e um que interliga a área industrial a área
residencial. O acesso principal de pedestres e veículos ao condomínio se dá pelas
áreas em comum do condomínio que se distribuem dando acesso as moradias.
98
IV.4 PROPOSTAS ESCOLHIDA
Como preferência, foi escolhida a Proposta III, por obter boa organização e
distribuição das edificações, sendo a proposta que melhor usufrui da topografia do
terreno, a que melhor integra e distribui as áreas fazendo com que as residências dos
executivos sejam privilegiadas na entrada do condomínio e com a melhor posição
visual. O Frigorifico ficando ao Sul do terreno, fica mais perto do rio, podendo ser
usufruído para receber a água que é tratada pela indústria antes de ser despejada.
Figura 87: Implantação zoneada escolhida para o Projeto.
Fonte: Autora, 2018.
99
Figura 88: Implantação do complexo.
Fonte: Autora, 2018.
Figura 89: Planta Baixa Casas 335,00m².
Fonte: Autora, 2018.
100
Figura 90: Planta Baixa Casas 200,00m².
Fonte: Autora, 2018.
Figura 91: Planta Baixa Casas 160,00m².
Fonte: Autora, 2018.
101
CONCLUSÃO
O objetivo de estudo deste projeto foi o conhecimento de como as vilas
operarias surgiram no Brasil e fora dele, para melhor entender sobre as unidades
habitacionais pertencentes aos complexos fabris. A partir disto, foram criadas
diretrizes para que o projeto pudesse oferecer aos usuários a infraestrutura mínima
para conforto e qualidade de vida aos moradores deste complexo. O projeto criou uma
forma integrada, entre a fábrica e as residências, oferecendo tudo que as pessoas que
ali se estabelecem, possam precisar, próximo as suas residências, criando um espaço
prazeroso e aconchegante.
102
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