UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO
ASSOCIADOS AO DIABETES MELLITUS GESTACIONAL
DE GESTANTES EM ATENDIMENTO AMBULATORIAL
ANGÉLICA LEMOS MARTINS
Cuiabá-MT, de setembro de 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO
ASSOCIADOS AO DIABETES MELLITUS GESTACIONAL
DE GESTANTES EM ATENDIMENTO AMBULATORIAL
ANGÉLICA LEMOS MARTINS
Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de
Nutrição da Universidade Federal de Mato
Grosso como parte dos requisitos exigidos para
obtenção do título de Bacharel em Nutrição, sob
orientação da professora Prof.ª Dr.ª Maria Helena
Gaíva Gomes da Silva.
Cuiabá-MT, de setembro de 2016
RESUMO
Diante dos inúmeros danos que o diabetes mellitus gestacional (DMG) pode acarretar para a saúde da mãe e do
concepto, este estudo teve por objetivo avaliar a evolução nutricional e os fatores de risco associados ao DMG de
gestantes em atendimento ambulatorial. Avaliaram-se prontuários de 67 gestantes com DMG que realizaram pré-
natal entre janeiro e dezembro de 2014 no serviço de ambulatório de pré-natal de diabetes gestacional do
Hospital Universitário Júlio Muller/HUJM/UFMT. Os resultados foram analisados no programa EPI-INFO
versão 7.0 e Statistical Package for Social Science (SPSS). Verificou-se que a maioria das mulheres com DMG
apresentaram sobrepeso ou obesidade tanto pré-gestacional quanto durante a gestação, sendo a obesidade do
início (64,52%) até o término (52,2%) da gravidez a condição nutricional predominante. Observou-se um
percentual expressivo de gestantes com ganho de peso excessivo (38,33%). A avaliação dos fatores de risco
associados ao DMG mostrou a idade acima de 31 anos (62,70%), o histórico de diabetes em parentes de 1º grau
(62,69%), o maior número de gestações (multigestas: 57,58%) e ganho de peso gestacional excessivo (38,33%),
como os que mais contribuíram para essa ocorrência. A análise do perfil glicêmico apresentou-se dentro dos
padrões recomendados. Observou-se que quanto maior o IMC pré-gestacional, mais elevadas encontravam-se as
concentrações de glicose de jejum e mais reduzidas estavam as concentrações séricas de HDL-c. Concluiu-se
que a avaliação do estado nutricional materno e a identificação dos fatores de risco na assistência ao pré-natal
são fundamentais para um melhor diagnóstico do DMG.
PALAVRAS-CHAVE: diabetes mellitus gestacional; estado nutricional; fatores de risco.
ABSTRACT
In face of numerous damage that GDM can lead to the health of mother and fetus this study aimed to assess
the nutritional status and risk factors associated with gestational diabetes mellitus in pregnant women in
outpatient care. This study was conducted by collecting data from 67 pregnant records diagnosed with GDM
who received prenatal care from January to December of 2014 in the prenatal diabetes gestational clinic
service in Julio Muller University Hospital/HUJM/UFMT. The results were analyzed in EPI-INFO version
7.0 program and complemented by the Statistical Package for Social Sciences (SPSS) version 20.0. It was
found that most women with GDM were overweight or obese, both pre-pregnancy and gestation. Obesity was
the predominant nutritional status from the beginning (64.52%) until the end (52.2%) of pregnancy. There
were a significant percentage of pregnant women who were overweight gain (38.33%). Evaluation of risk
factors associated with GDM in the study group showed that age above 31 years (62.70%), diabetes mellitus
history of 1st degree relatives (62.69%), followed by multiple pregnancies (57.58%) and excessive gestational
weight gain (38.33%) were the factors that contributed to this occurrence. Glycemic profile analysis values
were in accordance with the recommended. Regarding the laboratory and biochemical tests, it was observed
that the higher the pre-pregnancy BMI, higher-met if the fasting glucose concentrations and lower serum
concentrations of HDL-c. In conclusion, there is the importance of evaluation of maternal nutritional status
and the recognition of risk factors in prenatal care for better diagnosis of GDM.
KEYWORDS: gestational diabetes mellitus; nutritional status; risk factors.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à Deus,
que me permitiu a realização deste trabalho;
A minha mãe,
sempre presente, amorosa e atenciosa;
A minha irmã Ângela,
que compartilhei todas as ansiedades e conquistas dessa fase.
À toda minha família e ao meu namorado Victor,
pelo apoio, cuidado e compreensão;
Ao Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM),
que possibilitou a execução desse estudo.
À orientadora Maria Helena Gaíva Gomes da Silva,
pelas oportunidades de crescimento, pelas contribuições, convivência produtiva e por ter me
ajudado a superar os constantes desafios encontrados durante esse trabalho,
possibilitando que eles se transformassem em aprendizado.
Ao Professor Paulo Rogério Rodrigues,
que gentilmente me ajudou na realização das análises estatísticas.
Especialmente aos meus falecidos Avós,
que me ensinaram a lutar pelos meus sonhos, sendo em vida exemplos de força e dedicação
que me inspiraram a concluir esta importante etapa da minha vida.
Obrigada!
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 07
2. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 09
3. OBJETIVOS...................................................................................................... 15
3.1 Geral............................................................................................................. 15
3.2 Específicos.................................................................................................... 15
4. CASUÍSTICA E MÉTODOS........................................................................... 16
5. RESULTADOS.................................................................................................. 21
6. DISCUSSÃO...................................................................................................... 29
7. CONCLUSÃO.................................................................................................... 34
8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 35
APÊNDICE............................................................................................................. 40
Apêndice A – Formulário para coleta de dados....................................................... 40
Apêndice B – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa - CEP/HUJM.............. 43
7
1. INTRODUÇÃO
Com o processo de transição nutricional ocorrido no Brasil ao longo das últimas
décadas, percebe-se o declínio da prevalência do déficit de peso em paralelo com o
aumento contínuo das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como excesso de
peso e obesidade (BATISTA FILHO e RISSIN, 2003; IBGE, 2010).
Observa-se assim, atualmente, que o excesso de peso é o problema nutricional
de maior prevalência na população brasileira adulta, atingindo tanto o sexo feminino
quanto o masculino. Em relação às mulheres, o excesso de peso (IMC > 25 kg/m2) foi
estimado em 49,1% e a obesidade (IMC > 30 kg/m2) em 18,2% (BRASIL, 2014).
A alta prevalência de excesso de peso e obesidade em mulheres em idade fértil é
um fator preocupante, principalmente na gestação, pois a inadequação do estado
nutricional da mulher, tanto pré-gestacional quanto gestacional, contribui para a
ocorrência de complicações gestacionais e favorece o aumento do risco de desfechos
obstétricos negativos, provocando assim sérios prejuízos à saúde da mãe e do concepto,
durante a gestação e após o parto (PADILHA et al. 2007).
De acordo com o estudo de Nucci et al. (2001a) realizado em seis capitais
brasileiras, avaliando a associação entre o estado nutricional materno pré-gestacional e o
risco de complicações gestacionais em gestantes maiores de 20 anos atendidas em
serviços de pré-natal geral do Sistema Único de Saúde (SUS), verificaram que mulheres
obesas apresentam risco duas vezes maior de desenvolver Diabetes Mellitus Gestacional
(DMG) em relação às com IMC adequado.
Hedderson et al. (2010) identificaram associação entre ganho de peso
gestacional excessivo durante o primeiro trimestre e aumento do risco de desenvolver
DMG, sendo essa relação encontrada mais fortemente entre mulheres com sobrepeso.
Além disso, esta pesquisa mostrou que gestantes que ultrapassaram o ganho de peso
recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentaram 50% de
aumento no risco de desenvolver DMG em relação às gestantes que ganharam peso
dentro ou abaixo da faixa recomendada.
8
Desse modo, percebe-se que o sobrepeso e a obesidade antes da gravidez e o
ganho de peso gestacional excessivo estão associados ao aumento do risco de
desenvolvimento de DMG (CIDADE et al., 2011).
O DMG é um problema metabólico muito frequente na gestação, sendo definido
como qualquer nível de intolerância a carboidratos que resulte em hiperglicemia de
intensidade variável, iniciada ou diagnosticada durante a gravidez, podendo ou não
persistir após o parto, sendo que não se exclui a possibilidade da intolerância à glicose
ter antecedido ou iniciado concomitantemente à gestação (ADA, 2014).
O controle inadequado desta intercorrência gestacional está relacionado ao
elevado risco de morbimortalidade materna e perinatal. Dessa forma, o DMG constitui
uma das complicações gestacionais de grande importância para a saúde pública
(BOLOGNANI et al., 2011).
O acompanhamento nutricional tem sido um elemento fundamental no
tratamento do DMG, em razão da avaliação do estado nutricional materno juntamente
com as orientações nutricionais, favorecer o controle glicêmico e o ganho de peso
gestacional dentro das faixas de normalidade, diminuindo os riscos de complicações
para a mãe e o concepto (BARBOSA e REIS, 2012).
Portanto, é indispensável conhecer os fatores de risco associados ao DMG, pois
além de propiciar melhor compreensão acerca desta patologia, permite a identificação
precoce de mulheres em situação de risco e a instituição de intervenções adequadas,
proporcionando assim a prevenção de complicações e de outros eventos desfavoráveis
durante e após a gravidez (BRASIL, 2012).
9
1. REVISÃO DE LITERATURA
A gestação é um período de extrema importância na vida da mulher e que
demanda atenção especial, em razão de ser uma fase caracterizada por profundas
alterações fisiológicas, como a expansão do volume sanguíneo, modificações
cardiovasculares, distúrbios gastrintestinais e variação da função renal, e também por
mudanças bioquímicas que se manifestam através das alterações de proteínas totais,
lipídeos plasmáticos, ferro sérico, entre outras (BERTIN et al., 2006).
Desse modo, a gravidez provoca intensas modificações no metabolismo
materno, como o aumento das necessidades nutricionais que irá propiciar o adequado
crescimento e desenvolvimento fetal (LUCYK e FURUMOTO, 2008).
Portanto, o atendimento adequado às demandas nutricionais maternas favorece
um ganho de peso gestacional dentro das faixas de normalidade, o que poderá contribuir
para um bom prognóstico da saúde materno-fetal (DEMÉTRIO, 2010).
Na maioria dos casos, o andamento da gestação ocorre de maneira adequada sem
complicações, porém há uma fração pequena de gestantes que, por causas específicas,
possuem maiores chances de apresentar uma gravidez com evolução desfavorável,
sendo assim denominadas “gestantes de alto risco” (BRASIL, 2012). A gestação de alto
risco é a gravidez que apresenta maior probabilidade de morbimortalidade materna e
neonatal que a habitual (BRASIL, 2012).
Segundo o estudo de Nucci et al. (2001 b) realizado com gestantes maiores de 20
anos, entre 20 e 28 semanas de gestação, atendidas em serviços de pré-natal geral do
SUS, foi identificada a alta prevalência pré-gestacional de sobrepeso e obesidade,
totalizando 28%, em comparação com o baixo peso, que foi estimado em torno de 6%.
Já o ganho de peso excessivo foi de 29%, sendo elevado particularmente nas mulheres
com excesso de peso. Resultados semelhantes foram encontrados em estudo de Vítolo et
al. (2011) em que 28% das gestantes apresentavam excesso de peso e 4,1% baixo peso.
Nota-se assim que mulheres brasileiras em idade reprodutiva apresentam
elevada prevalência de sobrepeso e obesidade o que representa uma situação de alto
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risco gestacional, pois esses desvios ponderais pré-gestacionais favorecem o
desenvolvimento de diversas complicações gestacionais, influenciando assim
negativamente, a saúde materna e fetal durante a gestação e o pós-parto (CIDADE et al.,
2011).
O ganho de peso gestacional excessivo é outro fator que propicia resultados
obstétricos desfavoráveis e que tem colaborado para o aumento da prevalência de
obesidade (SEABRA et al., 2011).
Kim et al. (2010) verificaram que o índice de massa corporal (IMC) pré-
gestacional elevado (25 kg/m2 ou acima) está associado ao aumento do risco de
desenvolvimento do DMG. Além disso, constataram que a porcentagem de DMG
atribuível ao sobrepeso e à obesidade foi de 46,2% e concluíram assim, que quase a
metade dos casos de DMG poderiam ser evitados pela adequação do peso pré-
gestacional.
Corroborando com esse estudo, Chu et al. (2007) através de uma meta-análise
identificaram que o risco de DMG aumenta consideravelmente de acordo com o
aumento do IMC materno, sendo o risco cerca de dois, quatro e oito vezes maior entre
mulheres com sobrepeso, obesidade e obesidade grave, respectivamente, em relação às
com IMC normal. E, também, Dode e Santos (2009) mostraram que gestantes com
obesidade pré-gestacional apresentaram risco duas vezes e meia maior para o
acometimento de DMG, em comparação às gestantes com menor IMC.
A partir desses estudos, percebe-se que o excesso de peso antes do período
gestacional relaciona-se ao elevado risco de desenvolvimento de DMG. Essa associação
é atribuída à resistência insulínica, que é mais frequente entre mulheres com sobrepeso e
obesidade, combinada à incapacidade do pâncreas em responder à necessidade
aumentada de produção e secreção desse hormônio durante o período gestacional
(BOLOGNANI et al., 2011).
O DMG refere-se ao quadro de hiperglicemia materna de intensidade variável
resultante de qualquer nível de intolerância a carboidratos iniciada ou diagnosticada
durante a gestação (ADA, 2014). Sua prevalência varia de 1 a 14%, dependendo da
população estudada e dos critérios diagnósticos utilizados, sendo que em média 7% de
todas as gestações são acometidas pelo DMG, resultando em mais de 200.000 casos
anualmente (ADA, 2014).
11
Nos Estados Unidos, a prevalência é de 3,3% a 6,1%, nas populações de alto
risco (SBEM, 2008). Já no Brasil a prevalência de DMG é de 7,6% entre as gestantes
com mais de 20 anos atendidas em serviços de pré-natal do SUS (BRASIL, 2012).
A fisiopatologia do DMG é explicada pelo estresse fisiológico imposto pela
gravidez, a fatores predeterminantes (genéticos ou ambientais), e a elevação de
hormônios anti-insulínicos produzidos pela placenta, tais como lactogênio placentário,
progesterona, estrogênio e cortisol, os quais atuam antagonizando a ação da insulina,
diminuindo assim sua sensibilidade em células, tecidos e órgãos maternos, para garantir
um aporte adequado de glicose para o feto. Desse modo, o pâncreas materno
consequentemente, aumenta a produção e secreção de insulina para compensar este
quadro de resistência à sua ação (SBEM, 2008).
Porém, em algumas gestações percebe-se a incapacidade do pâncreas em
responder a essa necessidade aumentada de produção de insulina, acarretando assim o
quadro de hiperglicemia materna de graus variáveis, caracterizando o DMG
(FEBRASGO, 2011).
O DMG é uma das intercorrências de alto risco gestacional, pois seu controle
inadequado favorece o aumento do risco de várias complicações durante a gravidez,
podendo acarretar impactos danosos à saúde da mãe e do filho (SBEM, 2008).
Em relação à gestante, o DMG pode elevar a incidência de ruptura prematura de
membranas e de parto pré-termo, como também favorece a ocorrência de síndrome
hipertensiva e pré-eclâmpsia na gravidez atual, além de aumentar o risco de
desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e de tolerância diminuída a
carboidratos no futuro (SBEM, 2008).
Para o feto, a macrossomia (peso ao nascer maior que 4.000g) é uma das
intercorrências clínicas mais comuns e preocupantes do DMG que pode desencadear
outras complicações durante o parto, como o tocotraumatismo, a asfixia e a distócia de
ombro, aumentando o risco de parto cirúrgico (SILVA et al., 2009). Já o recém-nascido
de mães com DMG pode apresentar malformações congênitas, hipoglicemia neonatal,
icterícia e desconforto respiratório, além do risco aumentado de desenvolver obesidade
infantil e síndrome metabólica (SM) na vida adulta (BOLOGNANI et al., 2011).
Portanto, o DMG pode contribuir para o contínuo aumento de diabetes e obesidade
(FERRARA, 2007).
12
Diante dos diversos riscos que o DMG pode acarretar para a mãe e o feto, é
essencial que a assistência ao pré-natal seja adequada, com diagnóstico precoce e
estabelecimento de tratamento oportuno, favorecendo assim a prevenção ou redução do
risco de complicações para a mãe e o feto, durante e após a gestação (BRASIL, 2012).
Desse modo, a avaliação do estado nutricional materno é essencial na assistência
ao pré-natal para prevenção e controle de agravos à saúde do binômio mãe-filho, pois
possibilita a identificação de mulheres em situação de risco nutricional no início da
gravidez e a detecção das gestantes com ganho de peso inadequado para a idade
gestacional, colaborando assim para a determinação de intervenções adequadas
(BRASIL, 2006).
Na avaliação do estado nutricional materno devem ser aplicados “os indicadores
antropométricos, bioquímicos, dietéticos, clínicos e funcionais” (PADILHA et al.,
2010).
Contudo, os indicadores antropométricos são os mais utilizados na avaliação
nutricional de gestantes, devido a sua simplicidade, padronização, facilidade de
aplicação, além de ser um método de baixo custo e não invasivo (BRASIL, 2011).
Segundo a recomendação do Ministério da Saúde (2011), a avaliação
antropométrica deve ser realizada no início da gestação pelo cálculo do Índice de Massa
Corporal (IMC) pré-gestacional, pois dessa forma permite classificar o estado
nutricional inicial da gestante em baixo peso (IMC ≤ 18,4 kg/m2), peso adequado (IMC
18,5-24,9 kg/m2), sobrepeso (IMC 25-29,9 kg/m2) e obesidade (IMC ≥ 30,0 kg/m2) e
assim determinar o ganho de peso adequado para cada categoria até o final da gestação,
o que proporcionará o andamento favorável da gestação, a promoção do estado
nutricional materno e um desfecho gravídico satisfatório com nascimento de crianças
saudáveis (BRASIL, 2011).
Do ponto de vista nutricional, entre os principais exames bioquímicos pré- natais
a serem monitorados incluem a dosagem de hemoglobina (Hb) e níveis de hematócrito
(Ht) os quais podem indicar a presença de anemia (BONFIM, 2014).
O diagnóstico do DMG envolve duas fases distintas: rastreamento e confirmação
diagnóstica, sendo que na literatura atual ainda não há consenso sobre os critérios e
testes utilizados para o rastreamento e diagnóstico do DMG (FEBRASGO, 2011).
De acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde (2012), o rastreamento
deve ser realizado durante o pré-natal no início da gravidez, antes de 20a semana, por
13
meio do teste de glicemia de jejum (GJ) e a partir da anamnese para a identificação dos
fatores de risco (FR) associados a esta intercorrência gestacional. Desse modo, o
reconhecimento dos fatores de risco é essencial na composição do diagnóstico para o
DMG (SBEM, 2008).
Vários são os fatores de risco associados ao desenvolvimento do DMG, dentre
eles destacam-se: idade materna acima de 35 anos, sobrepeso, obesidade ou ganho de
peso excessivo na gestação atual, deposição central excessiva de gordura corporal, baixa
estatura (<1,50 m), antecedentes obstétricos (abortamentos de repetição, malformações,
morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DMG), síndrome de ovário policístico,
histórico familiar de diabetes em parentes de primeiro grau, crescimento fetal excessivo,
polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual (BRASIL, 2012).
Assim, conforme o recomendado pelo Ministério da Saúde (2012) as gestantes
que apresentarem GJ igual ou superior a 85mg/dL associada ou não a FR e aquelas que
tiverem GJ menor que 85mg/dL, mas apresentarem FR associados ao DMG são
consideradas com rastreamento positivo. As gestantes que apresentarem GJ igual ou
superior a 126mg/dL devem repetir o exame de glicemia em jejum imediatamente e, se
o resultado for novamente GJ igual ou superior a 126mg/dL recebem a confirmação do
diagnóstico de DMG, sem necessidade de teste de tolerância (BRASIL, 2012).
A confirmação diagnóstica deve ser realizada em todas as gestantes, entre a 24ª e
a 28ª semanas de gestação, pelo Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG 75g 2h) que
é feito após a ingestão de 75g de glicose anidra em 250 – 300 ml de água, depois de um
período de jejum entre 8 a 14 horas. Assim, aquelas que apresentarem dois ou mais
valores iguais ou superiores a 95, 180 e 155 mg/dL de glicose plasmática,
respectivamente, para jejum, 1 e 2 horas após o teste, confirmam o diagnóstico de
DMG. No caso de um único valor alterado, recomenda-se que na 34ª semana de
gestação seja realizada a repetição do TOTG 75g 2h (BRASIL, 2012).
O controle glicêmico é fundamental no tratamento do DMG, o qual pode ser
obtido através da dieta, de atividade física e de insulinoterapia (BRASIL, 2006).
A insulinoterapia é recomendada somente nos seguintes casos: se após duas
semanas de adoção de tratamento dietético a glicemia permanecer elevada (jejum ≥ 95
mg/dL e 1 hora pós-prandial ≥140 mg/dL, ou 2 horas pós-prandiais ≥ 120 mg/dL) e
quando na ecografia, a medida da circunferência abdominal fetal for igual ou superior
ao percentil 75 entre a 29 a e a 33 a semana de gestação (SBD, 2015).
14
Sabe-se que o tratamento dietético a partir de orientações nutricionais constitui a
base para o controle do DMG. Esse tratamento permite que a gestante tenha uma
alimentação equilibrada e apropriada à sua condição clínica, contribuindo para o
atendimento adequado das necessidades nutricionais maternas ao longo do período
gestacional, o que reflete no controle glicêmico e no ganho de peso gestacional dentro
das faixas de normalidade. Como consequência, favorece a prevenção ou redução dos
riscos de complicações do DMG tanto para a mãe como para o feto, durante a gestação
e o pós-parto (BARBOSA e REIS, 2012).
O Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM), da Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT), localizado em Cuiabá-MT é conveniado ao Sistema Único de
Saúde (SUS) e recebe pacientes não só da capital, como de todos os municípios do
estado de Mato Grosso e de alguns estados da região Norte. Nesta unidade de saúde são
desenvolvidos atendimentos ambulatoriais direcionados a gestantes de alto risco,
incluindo portadoras de DMG.
Portanto, quando as gestantes são diagnosticadas com diabetes mellitus
gestacional durante a realização do pré-natal nas Unidades Básicas de Saúde, elas são
classificadas como gestantes de alto risco e são encaminhadas ao HUJM para o
acompanhamento adequado, tanto do ponto de vista clínico, como nutricional e
psicológico, para evitar complicações futuras tanto para a mãe como para o filho.
15
2. OBJETIVOS
3.1. GERAL
Avaliar a evolução nutricional e os fatores de risco associados ao Diabetes
Mellitus Gestacional de gestantes em atendimento ambulatorial.
3.2. ESPECÍFICOS
- Determinar o estado nutricional e sua evolução em mulheres com DMG incluídas no
estudo segundo o índice de massa corporal (IMC).
- Analisar os exames laboratoriais e bioquímicos realizados pelas gestantes.
- Verificar o perfil glicêmico do grupo de gestantes envolvidas no estudo.
- Identificar os fatores de risco associados à ocorrência de DMG nas gestantes
estudadas.
16
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS
O presente estudo tratou-se de uma pesquisa transversal e descritiva, realizado
com gestantes portadoras de Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), atendidas no
serviço de ambulatório de pré-natal de diabetes gestacional do Hospital Universitário
Júlio Muller (HUJM), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), localizado na
cidade de Cuiabá, Mato Grosso.
A pesquisa foi feita através da coleta de dados de prontuários de 67 gestantes
com DMG que realizaram pré-natal durante o período de Janeiro a Dezembro de 2014.
Os dados foram coletados através de um formulário elaborado especialmente para este
estudo (Apêndice A).
Foram incluídas no estudo as gestantes com DMG que passaram por todas as
etapas de avaliação exigidas no serviço, cujos prontuários apresentaram dados
suficientes para a avaliação da evolução nutricional e a identificação dos fatores de risco
associados ao DMG. Foram excluídas as gestantes com dados insuficientes nos
prontuários e com idade inferior 20 anos.
Para a caracterização sociodemográfica foram coletadas as seguintes variáveis:
idade cronológica (definida em anos completos), naturalidade, estado conjugal e local
de residência.
A avaliação da evolução nutricional foi feita a partir da coleta dos seguintes
dados: idade gestacional, peso pré-gestacional e gestacional, estatura, índice de massa
corporal (IMC) pré-gestacional e gestacional e ganho de peso durante a gestação,
segundo BRASIL (2011).
Na avaliação do estado nutricional inicial das gestantes foi calculado o IMC pré-
gestacional, o qual associa o peso pré-gestacional em quilogramas ao quadrado da
estatura (m2), segundo as recomendações do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011).
Assim, a classificação do estado nutricional das gestantes (baixo peso, peso
adequado, sobrepeso e obesidade) foi realizada em função do IMC, utilizando-se os
17
pontos de corte por semana gestacional adotado pelo Ministério da Saúde (BRASIL,
2011), conforme apresentado no Quadro 1.
Quadro 1 – Avaliação do estado nutricional da gestante segundo o índice de massa
corporal por semana gestacional.
Fonte: BRASIL (2011). Adaptado de Atalah et al. (1997).
18
A evolução do estado nutricional foi avaliada por meio do ganho de peso durante
a gestação e analisada em três períodos: no primeiro trimestre, na consulta intermediária
e na última consulta anterior ao parto.
O ganho de peso gestacional total foi calculado de acordo com o critério adotado
pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2012), por meio da subtração do peso pré-
gestacional do peso pré-parto, ou do peso registrado na última consulta do pré-natal.
Desse modo, foi avaliado se o ganho de peso obtido durante a gestação estava
adequado em relação ao estado nutricional pré-gestacional. Para isso foram utilizadas as
faixas de ganho de peso (Kg) segundo o estado nutricional inicial, recomendadas pelo
Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), apresentado no Quadro 2.
Quadro 2 - Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação, segundo o estado
nutricional inicial.
Fonte: BRASIL (2011). Adaptado do Institute of Medicine (1990) e World Health
Organization (1995).
Para a avaliação glicêmica foram coletados dados de glicemia de jejum e pós-
prandial, do perfil glicêmico e de hemoglobina glicosilada (HbA1c) realizados no início
e no termino da gravidez, que foram analisados conforme parâmetros recomendados
pela SBD (2015).
O controle glicêmico foi considerado bom quando: glicemia de jejum ≤ 95
mg/dL e glicemia pós-prandial ≤ 120 mg/dL e o valor de referência para HbA1c ≤ 6,5%
(SBD, 2015).
Para a avaliação bioquímica foram coletados os resultados das concentrações
séricas de hemoglobina, hematócrito e do perfil lipídico realizados no início e no
termino da gravidez.
A comparação dos resultados das análises das concentrações séricas de
hemoglobina e hematócrito foi realizada de acordo com os valores de referência
19
adotados pelo Ministério da Saúde (2006) e segundo Vitolo (2003), respectivamente.
Foram considerados valores normais para hemoglobina ≥ 11 g/dL (ausência de anemia)
e para hematócrito valores entre 33% e 44%.
Para comparar os resultados do perfil lipídico foram utilizados os valores de
referência adotados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) em sua V Diretriz
Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2013), conforme Quadro 3,
sendo que para mulheres os valores de HDL-c menores que 50 mg/dL são considerados
baixos (SBC, 2013).
.
Quadro 3 - Valores referenciais do perfil lipídico para adultos maiores
de 20 anos.
Fonte: SBC (2013).
Para a identificação dos fatores de risco associados ao DMG, além da avaliação
do estado nutricional e da evolução do ganho de peso, foram analisadas outras variáveis
maternas e gestacionais, tais como: histórico familiar de diabetes mellitus em parentesco
de primeiro grau, crescimento fetal excessivo, hipertensão arterial ou pré-eclâmpsia na
20
gravidez atual, tipo e idade gestacional do parto e antecedentes obstétricos (número de
gestações, DMG, hipertensão arterial ou pré-eclâmpsia, abortos de repetição, morte fetal
ou neonatal, filhos macrossômicos).
Além disso, foram coletados dados referentes à assistência pré-natal (PN): idade
gestacional na qual se obteve o diagnóstico do DMG e se houve assistência nutricional
no pré-natal (ANPN).
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital
Universitário Júlio Muller (HUJM), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT),
através da Plataforma Brasil, com nº CAAE 47489315.8.0000.5541, em 30/07/2015,
como recomenda a resolução do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa Nº 466, de 12
de dezembro de 2012.
A entrada de dados foi realizada utilizando-se o programa EPI-INFO versão
7.1.4., sendo os mesmos posteriormente transferidos para o programa Excel 6.0. pacote
Office da Microsoft e, depois exportados para o programa Statistical Package for Social
Science (SPSS), versão 23.0 para Windows.
A análise estatística descritiva compreendeu os cálculos de frequências absolutas
(n) e relativas (%) para as variáveis qualitativas e os cálculos de medidas de tendência
central (média) e de dispersão (desvio padrão) para as variáveis quantitativas.
Foi aplicado o teste de Kruskal Wallis para verificar associação entre os exames
laboratoriais e bioquímicos maternos feitos ao final da gravidez com o estado
nutricional pré-gestacional.
Enquanto, o teste de qui-quadrado (χ2) foi utilizado para analisar a associação
entre as variáveis categóricas.
Em todas as análises foi adotado o intervalo de confiança a 95% e nível de
significância estatística de 5% (p<0,05).
21
4. RESULTADOS
De acordo com as características sociodemográficas das 67 gestantes com DMG
avaliadas no estudo, verificou-se que a maioria possuía a faixa etária igual ou maior que
31 anos, eram casadas, procedentes e naturais de Cuiabá –MT e a maior parte referiu ter
profissão do lar.
Tabela 1. Distribuição de gestantes com DMG segundo variáveis sociodemográficas.
Hospital Universitário Júlio Muller- HUJM/UFMT, Cuiabá-MT, 2014.
Variáveis N %
Faixa Etária (em anos)
20 – 30 25 37,33
> 31 42 62,70
Estado Civil
Casada 51 76,12
Solteiro 2 2,99
União Estável 14 20,90
Profissão
Do lar 26 41,94
Outras 36 58,06
Procedência
Cuiabá-MT 61 91,04
Interior de MT 06 8,96
Naturalidade
Cuiabá-MT 35 52,24
Interior de MT 18 26,87
Outros Estados 14 20,90
Dados expressos em valores absolutos e relativos (N e %); N= 67. Profissão N= 62.
22
Em relação ao estado nutricional pré-gestacional, verificou-se que a maioria das
gestantes (77,61%) encontrava-se com excesso de peso, sendo que destas, 47,76%
apresentaram obesidade e 29,85% sobrepeso (Figura 1). Na mesma figura, observou-se
que durante o decorrer da gestação a condição nutricional de maior predomínio foi a
obesidade, correspondendo a 64,52% no 1º trimestre, 57,14% no 2º e 52,2% ao término
da gravidez.
Figura1- Evolução do estado nutricional de gestantes com DMG segundo o IMC.
Hospital Universitário Júlio Muller- HUJM/UFMT, Cuiabá-MT, 2014. Dados expressos
em valores relativos (%).
Com relação ao ganho ponderal observou-se que isso ocorreu em cerca de 90%
das gestantes. Quanto à adequação desse ganho durante a gestação verificou-se que,
embora tenha sido adequado em 45% das gestantes, em 38,33% o ganho de peso foi
excessivo e em 16,67% foi abaixo do recomendado (Tabela 2).
23
Tabela 2. Distribuição de gestantes com DMG segundo adequação do ganho ponderal
gestacional. Hospital Universitário Júlio Muller-HUJM/UFMT, Cuiabá-MT, 2014.
Variáveis N %
Ganho de peso
Sim 60 89,55
Não 07 10,45
Adequação do ganho ponderal
Insuficiente 10 16,67
Adequado 27 45,00
Excessivo 23 38,33
Dados expressos em valores absolutos e relativos (N e %). Ganho de peso (N=67).
Adequação do ganho ponderal (N=60).
A avaliação dos fatores de risco associados à ocorrência de DMG no grupo
estudado mostrou que a idade acima de 31 anos (62,70%), o histórico de diabetes
mellitus em parentes de 1º grau (62,69%), seguidos do maior número de gestações
(multigestas: 57,58%) e ganho de peso gestacional excessivo (38,33%), foram os fatores
que mais contribuíram para essa ocorrência (Tabela 3).
24
Tabela 3. Distribuição de gestantes avaliadas segundo identificação de fatores de risco
associados ao DMG. Hospital Universitário Júlio Muller-HUJM/UFMT, Cuiabá-MT,
2014.
Variáveis N %
Histórico de DM em parentes de 1º grau 42 62,69
Ganho de peso gestacional excessivo 23 38,33
Hipertensão ou pré-eclampsia 12 17,91
Antecedentes obstétricos:
Aborto espontâneo 21 31,34
Número de gestações
Primigesta 12 18,18
Secundigesta 16 24,24
Multigesta 39 57,58
DMG 17 25,37
Hipertensão ou pré-eclampsia 12 17,91
Macrossomia 10 14,93
Dados expressos em valores absolutos e relativos (N e %); N= 67. DM=Diabetes
Mellitus.
A maior parte das gestantes obteve o diagnóstico de DMG a partir da 24a semana
de gestação (62,7%), sendo que cerca de 30% fizeram uso de insulina durante o período
gestacional (Tabela 4). O uso de insulina se deu na maioria (63,2%), a partir da 27ª
semana de gestação (dados não mostrados).
Na mesma tabela pode ser observado que, com relação ao tipo de parto, a
maioria necessitou de cesariana (73,13%) e 97,01% completaram a idade gestacional
adequada.
25
Tabela 4. Distribuição de gestantes com DMG segundo características clínicas.
Hospital Universitário Júlio Muller-HUJM/UFMT, Cuiabá-MT, 2014.
Variáveis N %
IG em confirmação diagnóstica de DMG
≤ 23 semanas 25 37,30
≥24 semanas 42 62,70
Condições do Parto:
Tipo
Normal 18 26,87
Cesárea 49 73,13
IG
Pré-termo 2 2,99
A termo 65 97,01
Uso de Insulina 20 29,85
Dados expressos em valores absolutos e relativos (N e %); (N=67). IG=Idade
Gestacional.
Na Tabela 5 observa-se que os resultados dos exames laboratoriais e
bioquímicos realizados no início e no término da gestação apresentaram-se dentro dos
valores de normalidade, com exceção de alguns componentes do perfil lipídico, em que
foi verificado segundo os valores de referência adotados pela SBC (2013) que o valor
médio de colesterol total apresentou-se dentro de valores limítrofes, as concentrações
séricas de triglicerídeos encontraram-se elevadas, enquanto o valor médio de HDL-c
encontrou-se levemente inferior ao ponto de corte.
26
Tabela 5. Análises laboratoriais e bioquímicas de gestantes com DMG no início e no
final da gravidez. Hospital Universitário Júlio Muller - HUJM/UFMT, Cuiabá-MT,
2014.
Variáveis N Média Inicial±DP N Média Final±DP
Hemoglobina 38 12,36±1,18 39 11,81±0,90
Hematócrito 37 37,42±3,82 36 35,11±03,17
Triglicerídeos _ _ 25 208,92±76,55
LDL-c _ _ 25 124,02±36,97
HDL-c _ _ 25 49,84±9,78
Colesterol Total _ _ 25 207,24±45,13
Glicemia de jejum 26 85,54±9,07 63 80,25±09,69
Glicemia pós prandial 26 93,65±17,60 63 99,65±19,70
HbA1c % 18 5,39±0,76 47 6,23±0,83
Dados expressos em Média±DP; DP= Desvio Padrão da Média; LDL-c= colesterol de
lipoproteína de baixa densidade; HDL-c = colesterol de lipoproteína de alta densidade;
HbA1c %= Hemoglobina Glicada.
A Tabela 6 relaciona os exames laboratoriais e bioquímicos realizados pelas
gestantes no final da gravidez com o estado nutricional pré-gestacional, onde verificou-
se que quanto maior o IMC pré-gestacional, mais elevados foram os valores de glicemia
de jejum e, mais reduzidas as concentrações séricas de HDL-c.
27
Tabela 6 – Relação dos exames laboratoriais e bioquímicos de gestantes com DMG ao
final da gravidez com o estado nutricional pré-gestacional. Hospital Universitário Júlio
Muller - HUJM/UFMT, Cuiabá-MT, 2014.
Variáveis Adequado
Média±DP
Sobrepeso
Média±DP
Obesidade
Média±DP
P valor
Hemoglobina
(N= 39)
11,69±1,15 11,80±0,62 13,10±05,68 0,924
Hematócrito
(N= 36)
34,12±4,25 35,15±02,01 34,11±06,20 0,725
Triglicerídeos
(N= 25)
172,33±49,5 227,83±91,79 208,69±102,6 0,652
LDL-c
(N= 25)
117,0±19,67 125,03±37,29 122,62±41,05 0,72
HDL-c
(N= 25)
62,67±8,38 54,20±09,31 45,81±07,54 0,015*
Colesterol Total
(N= 25)
214,33±33,08 228,5±59,73 197,94±40,50 0,277
Glicemia de jejum
(N= 63)
74,73±5,88 80,78±08,41 82,70±10,96 0,013*
Glicemia pós prandial
(N= 63)
91,60±20,75 101,44±20,41 102,6±18,24 0,152
HbA1c %
(N= 47)
6,22±0,84 6,36±0,71 6,15±0,91 0,405
Dados expressos em Média±DP; DP= Desvio Padrão da Média; Teste de Kruskal
Wallis; *p<0,05; LDL-c= colesterol de lipoproteína de baixa densidade; HDL-c =
colesterol de lipoproteína de alta densidade; HbA1c %= Hemoglobina Glicada.
A Tabela 7 mostra os valores do perfil glicêmico realizados pelas gestantes no
início e ao final da gravidez, onde pode ser observado que tanto os valores de glicemia
de jejum como os valores pós-prandiais estão de acordo com os padrões recomendados
pela SBD (2015).
28
Tabela 7. Perfil glicêmico de gestantes com DMG realizado no início e no final da
gravidez. Hospital Universitário Júlio Muller - HUJM/UFMT, Cuiabá-MT, 2014.
Variáveis Média Inicial±DP
N=22
Média Final±DP
N=38
Glicemia de Jejum 89,50±8,79 84,63±8,19
2h após o Desjejum 113,82±22,48 104,53±19,36
2h após colação 79,50±20,99 72,74±12,27
2h após o almoço 103,23±14,29 99,66±15,00
2h após o lanche 98,14±17,34 93,63±14,84
2h após o jantar 110,73±21,22 105,74±17,43
2h após a ceia 96,77±14,90 97,26±12,02
Dados expressos em Média±DP; DP= Desvio Padrão da Média.
29
5. DISCUSSÃO
O presente estudo verificou que a maioria das mulheres com DMG apresentaram
sobrepeso/obesidade tanto pré-gestacional quanto durante a evolução da gestação, sendo
que a obesidade foi desde o início até o término da gravidez a condição nutricional
predominante.
Resultado semelhante foi encontrado no estudo de Nogueira et al. (2011) que
acompanhou a evolução nutricional de gestantes com DMG em Minas Gerais, onde
também se verificou que a obesidade foi o estado nutricional de maior preponderância,
correspondendo a 35% no período pré-gestacional e se elevando para 65% ao final da
gestação.
Dode e Santos (2009), em estudo realizado com mulheres brasileiras residentes
na cidade de Pelotas-RS, demonstraram a associação entre o estado nutricional materno
de obesidade prévia com o risco de intercorrências gestacionais, como o DMG, sendo
isso corroborado nos estudos de Nucci et al. (2001a), Hedderson et al. (2010) e Kim et
al. (2010) que relacionaram o aumento da incidência de DMG em mulheres obesas.
Tal associação é atribuída à resistência insulínica, mais frequente entre as
obesas, combinada com a deficiente secreção deste hormônio durante a gestação
(BOLOGNANI et al., 2011).
O controle do ganho de peso durante a gestação é de suma importante para o
sucesso do desfecho obstétrico, propiciando a prevenção de agravos à saúde do binômio
mãe-filho (BRASIL, 2011 e MAGALHÃES et al., 2015).
Apesar da maioria das gestantes incluídas neste estudo apresentarem ganho
ponderal adequado, observou-se que um percentual expressivo (38,33%) apresentou
ganho de peso acima do recomendado. Na pesquisa realizada por Oliveira e Graciliano
(2015) verificou-se que a maioria das gestantes com DMG (45%) apresentaram ganho
de peso excessivo.
Conforme Ovesen et al. (2011), esses resultados são preocupantes, uma vez que
o excesso de peso materno no período periconcepcional e durante a gestação, bem como
30
o ganho ponderal gestacional excessivo, são fatores relacionados diretamente à
ocorrência de complicações perinatais e desfechos obstétricos negativos.
Desse modo, contribuem significativamente na elevação da ocorrência de partos
operatórios e no aumento do risco de resultados perinatais desfavoráveis, tais como
maior prevalência de macrossomia fetal, desproporção céfalo-pélvica, trauma, asfixia e
morte perinatal (SIMMONS et al., 2011).
Segundo Andreto et al. (2006) o ganho ponderal excessivo durante a gestação
está relacionado ao elevado risco de DMG e síndromes hipertensivas da gravidez. Nast
et al. (2013), associam o ganho ponderal excessivo à maior ocorrência de retenção de
peso pós-parto, o que pode acarretar sérios prejuízos na saúde da mãe e do concepto
durante a gestação como no decorrer de toda a vida.
De acordo com Brasil (2012) as mulheres diagnosticadas com DMG apresentam
uma gestação de alto risco que exige uma atenção especial, em razão da hiperglicemia
durante a gravidez estar associada a diversas complicações materna e perinatal.
Diante dos inúmeros danos que essa intercorrência gestacional pode acarretar
para a saúde da mãe e do concepto, é fundamental o conhecimento dos fatores de risco
associados ao DMG, o que permite durante a assistência ao pré-natal um diagnóstico
precoce da doença com adoção de medidas terapêuticas em tempo oportuno, reduzindo
assim o risco de complicações (FARRIS, 2012).
Os fatores de risco associados ao DMG mais frequentes entre as gestantes
incluídas neste estudo foram o histórico de diabetes mellitus em parentes de 1º grau,
maior número de gestações (3 ou mais gestações) e o ganho de peso gestacional
excessivo.
Montenegro et al. (2001) e Nogueira et al. (2011) também identificaram na
maioria das gestantes com DMG avaliadas em seus estudos, a presença de histórico
familiar de diabetes mellitus, sendo 55,2 % e 65%, respectivamente.
Em relação ao número de gestações, no estudo de Massucatti et al. (2012) que
verificou a prevalência de DMG em pacientes atendidas durante o pré-natal nas
Unidades de Saúde Básica de Vitória-ES, foi encontrado resultado semelhante, sendo
que 56,6% apresentaram 3 ou mais gestações. O resultado obtido no presente estudo,
aliado ao relato encontrado, reforçam que o maior número de gestações aumenta a
chance de desenvolver DMG.
Segundo Queiroz et al. (2016) além da história familiar de diabetes mellitus e o
31
IMC elevado, a idade materna elevada compõem os fatores de risco clássicos para o
DMG.
O Ministério da Saúde (Brasil, 2012) e SBD (2015) concordam que a idade
materna acima de 35 anos está entre os principais fatores de risco associados ao
desenvolvimento do DMG. O presente estudo mostrou que a maioria dos casos de DMG
ocorreu em mulheres com mais de 31 anos de idade. Resultado similar foi verificado
por Massucatti et al. (2012), onde a maior parte das gestantes estudadas tinham idade
acima de 31 anos (61%).
Dode e Santos (2009) observaram que além do sobrepeso e obesidade pré-
gestacional, a história familiar de diabetes mellitus, a idade elevada também foi um dos
fatores de risco para o DMG, mostrando que mulheres com idade acima de 35 anos
apresentaram seis vezes mais chance de desenvolver DMG, em comparação com as
adolescentes, reforçando assim o fator idade elevada como risco para a doença.
Com relação aos tipos de parto, percebeu-se que a maioria das gestantes com
DMG necessitou de cesariana (73,13%). Conforme estudos de Chu et al. (2007b) e
Ovesen et al. (2011), o aumento de partos por cesárea é uma das principais
intercorrências do DMG e das gestações complicadas pela obesidade, sendo as
indicações associadas especialmente à macrossomia fetal e ao decorrente temor aos
tocotraumatismos (lesão de plexo braquial, fratura de clavícula, distócia de ombro e
lacerações do canal de parto).
A maior parte das gestantes com DMG no presente estudo completaram a idade
gestacional adequada. Resultados concordantes foram verificados no estudo de Reis et
al. (2011) que avaliaram o perfil nutricional materno relacionado a marcadores da
síndrome metabólica e do controle glicêmico no DMG, em Brasilia-DF, no qual a maior
parte das gestações (92,5%) também foi a termo. Já em pesquisas relatadas por HAPO
(2008) e Simmons et al. (2011) os resultados foram discordantes, mostrando que a
prematuridade está entre as complicações mais frequentes associadas ao DMG.
No presente estudo a maior parte das gestantes obteve o diagnóstico de DMG a
partir da 24ª semana de gestação (62,7%). Nogueira et al. (2011) relataram que cerca de
85,5 % das gestantes tiveram o diagnóstico de DMG no 3º trimestre de gestação.
De acordo com Febrasgo (2011) isso ocorre porque a partir da 24º semana e até
o final da gestação modifica-se a tendência materna de anabolismo para catabolismo,
visando atender às crescentes necessidades fetais. Desse modo, a placenta aumenta
32
substancialmente a sua produção de hormônios hiperglicemiantes, acarretando o
aumento da resistência periférica à insulina, hiperinsulinismo, diminuição da reserva de
glicogênio e gordura e aumento da gliconeogênese. Assim, eleva-se rapidamente a
glicemia e, como consequência, as necessidades de insulina, e as gestantes que não têm
reserva pancreática adequada desse hormônio desenvolvem o quadro de diabetes
(PADILHA et al., 2010).
Por essa razão o Ministério da Saúde durante o pré-natal recomenda que a
confirmação diagnóstica do DMG seja realizada entre a 24ª e a 28ª semana de gestação
(BRASIL, 2012).
O tratamento inicial do DMG consiste no controle dietético, atividade física e
acompanhamento dos níveis glicêmicos, o qual tem a finalidade de prover nutrição
materno-fetal adequada, obter um ganho ponderal dentro da normalidade e manter um
bom nível de glicemia (BARBOSA E REIS, 2012).
A partir da análise realizada dos exames de glicemia de jejum e pós prandial, do
perfil glicêmico e da HbA1c, observou-se que as gestantes apresentaram um bom
controle dos níveis de glicemia, segundo as recomendações da SBD (2015), sendo que a
maioria conseguiu manter o controle glicêmico somente com a dieta, sem necessitar do
uso de insulina durante a gestação.
Considera-se esse resultado bastante favorável, mostrando a importância de uma
equipe multidisciplinar, com ênfase no acompanhamento nutricional, em especial nas
gestações complicadas pelo DMG, garantindo assim um controle metabólico adequado,
o que propiciará desfechos obstétricos favoráveis (MUNIZ E REIS, 2013; VÍTOLO et
al., 2011).
De acordo com a SBD (2015) quando o controle glicêmico não ocorre com o
tratamento inicial, é indicado a insulinoterapia, considerada o tratamento farmacológico
padrão.
A necessidade de insulinoterapia durante a gestação ocorreu em cerca de 30,0%
das gestantes avaliadas, sendo que na maioria delas o início do uso da insulina ocorreu a
partir da 27ª semana de gestação. Detsch (2011) avaliou o perfil epidemiológico e a
evolução de mulheres com DMG no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do
Paraná e mostrou resultados concordantes em que 30,2% fizeram uso de insulina
durante o período gestacional, tendo início em média, na 29ª semana de gestação.
Em relação aos exames laboratoriais e bioquímicos, observou-se através da
33
análise dos valores médios do hemograma, que as gestantes avaliadas não apresentaram
anemia. Entretanto, segundo Bonfim (2014) é importante enfatizar que uma alimentação
equilibrada nem sempre é suficiente para suprir as necessidades de ferro aumentadas
durante a gestação. Desse modo, o Ministério da Saúde preconiza a suplementação de
ferro a partir da 20ª semana de gestação (BRASIL, 2012).
De acordo com avaliação feita do perfil lipídico das gestantes com DMG ao final
da gestação, verificou-se que o valor médio de colesterol total apresentou-se dentro de
valores limítrofes, as concentrações séricas de triglicerídeos encontraram-se elevadas,
enquanto o valor médio de HDL-c encontrou-se levemente inferior ao ponto de corte.
A relação entre o IMC pré-gestacional com os exames laboratoriais e
bioquímicos, mostrou que quanto maior o IMC pré-gestacional, mais elevadas
encontravam-se as concentrações de glicose de jejum e mais reduzidas as concentrações
séricas de HDL-c.
Os resultados encontrados estão de acordo com estudo realizado por Callegari
(2014) que mostrou que o grupo de gestantes com sobrepeso/obesidade apresentou
níveis maiores de colesterol total, triglicerídeos, glicemia de jejum e, menores de HDL-
c em relação ao grupo de gestantes eutróficas, demonstrando que as gestantes com
obesidade possuem alterações metabólicas mais expressivas, o que as torna mais
propensas às complicações cardiometabólicas.
Essa associação pode ser explicada em razão da obesidade, em especial a
deposição de gordura na região abdominal estar diretamente relacionada ao tecido
adiposo visceral, o qual juntamente com a secreção de citocinas pró-inflamatórias,
contribui para a resistência insulínica, provocando assim alterações metabólicas
desfavoráveis, como a intolerância à glicose, hipertrigliceridemia, elevação do LDL-c e
diminuição do HDL-c (IKEOKA et al., 2010; KRAUSE et al., 2007; NEVES et al.,
2012).
34
6. CONCLUSÃO
A maioria das gestantes com DMG do presente estudo apresentaram sobrepeso e
obesidade tanto pré-gravídico quanto durante a gestação, sendo a obesidade o estado
nutricional predominante desde o início até o final da gravidez. Além disso, observou-se
um percentual expressivo de gestantes que apresentaram ganho ponderal excessivo no
decorrer do período gestacional.
A avaliação dos fatores de risco associados ao DMG mostrou que a idade acima
de 31 anos, o histórico de diabetes mellitus em parentes de 1º grau, o maior número de
gestações e o ganho de peso gestacional excessivo, foram os fatores que mais
contribuíram para a ocorrência dessa doença.
Observa-se, portanto, a importância da avaliação do estado nutricional materno e
a identificação dos fatores de risco na assistência ao pré-natal para uma melhor
evolução nutricional e metabólica do DMG.
35
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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40
APÊNDICE A - Formulário para Coleta de Dados de Gestantes com DMG
Identificação:_______________ Nº do prontuário ________________
Dados Pessoais:
1- Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado ( ) união estável ( ) viúvo ( ) divorciado
2- Profissão:
3- Residente: ( ) Cuiabá-MT ( ) Interior___________ ( ) Outros Estados____________
4- Naturalidade: ( ) Cuiabá-MT ( ) Interior___________ ( ) Outros
Estados___________
Diagnóstico de DMG:
5- Foi confirmado através de que exame:
( ) Glicemia em jejum _________________
( ) Teste de tolerância à glicose __________________
( ) Glicemia em jejum e Teste de tolerância à glicose_______________
6- Em qual idade gestacional:____________
Características Biológicas e Nutricionais:
7- Idade (anos): Data de nascimento: _______________
8- Estatura (m):
9- Data do início da gravidez:
10- IMC pré - gestacional (Kg/m2): Peso Altura IMC pré-gestacional (Kg/m2)
Classificação IMC/ Sem. gest.
10- IMC gestacional(Kg/m2)
Data Idade
Gestacional
Peso
Altura IMC
gestacional(Kg/m2)
Classificação
IMC/ Sem. gest.
11- Ganho de peso gestacional:
IMC pré-
gestacional
Ganho de peso
total recomend.
Peso pré-
gest.
Peso Final
Gest
Ganho de
peso total
Resultado
41
12- Ganho de peso excessivo: ( ) SIM ( ) NÃO
13- Crescimento fetal excessivo: ( ) SIM ( ) NÃO
14- História familiar de DM em parentes de 1º grau: ( ) SIM ( ) NÃO
15- Pré-eclâmpsia e/ou Hipertensão na gravidez atual: ( ) SIM ( ) NÃO
16- Outras intercorrências clinicas: ______________________________________
Assistência ao Pré-natal:
17- Cuidado pré-natal: ( ) SIM ( ) NÃO Se a resposta for sim:
18- Idade gestacional na 1a consulta do pré-natal: __________ semanas
19- Quais foram os números de consultas: ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ou
mais
20- Acompanhamento Nutricional durante a gestação: ( ) SIM ( ) NÃO
Condições do Parto:
21- Tipo de parto: ( ) Normal ( ) Cesárea
22- Idade Gestacional do parto: ( ) Antes de 37 sem._______ ( ) Após 37 sem.__________
Antecedentes Obstétricos:
23- Número de gestações: ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ou mais
24- DMG em gestações anteriores ( ) SIM ( ) NÃO
25- Aborto espontâneo ( ) SIM ( ) NÃO
26- Morte fetal ou neonatal ( ) SIM ( ) NÃO
27- Má formação congênita ( ) SIM ( ) NÃO
28- Macrossomia (peso do recém nascido > 4, 0 kg) ( ) SIM ( ) NÃO
29- Pré-eclâmpsia e/ou Hipertensão em gestações anteriores ( ) SIM ( ) NÃO
42
33-Perfil Glicêmico (Jejum e Pós-prandial)
Glicemia
Resultados
Hora Data: Hora Data: Data:
Jejum
2h após o café
da manhã
2h após o
almoço
2h após o
lanche
2h após o
jantar
2h após a ceia
Insulinoterapia
34 - Uso de insulina: ( ) SIM ( ) NÃO Caso a resposta for sim, responder:
34.1 ( ) Anterior a gestação ( ) Durante a gestação
34.2- Tipo: Dose: ___________U/Kg
34.3- Idade gestacional do início: ( ) ≤12 semanas ( ) 13-26 semanas ( ) ≥27 semanas
34.4- Duração do tratamento: ( ) ≤10 semanas ( ) 11-20 semanas ( ) ≥21 semanas
35- Exames laboratoriais e bioquímicos realizados pela gestante com DMG
Exames laboratoriais e
bioquímicos realizados
Resultados registrados na:
IG:
Data:
Trimestre:
IG:
Data:
Trimestre:
IG:
Data:
Trimestre:
Glicemia de jejum
TTG 75
HbA1c (%)
Hematócrito
Hemoglobina
Triglicérides (mg/dl)
LDL colesterol (mg/dl)
HDL colesterol (mg/dl)
Colesterol total (mg/dl)
43
APÊNDICE B - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa - CEP/HUJM
44
45
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