ESTUDO DE UM FOCO DE Fasciola hepatica (LINNAEUS, 1758) NO
MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES,
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FRANCIMAR FERNANDES GOMES
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ ABRIL - 2003
ESTUDO DE UM FOCO DE Fasciola hepatica (LINNAEUS, 1758) NO
MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES,
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FRANCIMAR FERNANDES GOMES
Tese de mestrado apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal.
Orientador: Prof. Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ ABRIL - 2003
ESTUDO DE UM FOCO DE Fasciola hepatica (LINNAEUS, 1758) NO
MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES,
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FRANCIMAR FERNANDES GOMES
Tese de mestrado apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal.
Aprovada em 08 de abril de 2003.
Comissão Examinadora:
_____________________________________________________________
Prof. Carlos Wilson Gomes Lopes (Doutor, Patologia) - UFRRJ
___________________________________________________________________
Prof. Carlos Eurico Pires Ferreira Travassos (Doutor, Ciências Microbiológicas) - UENF
_______________________________________________________________
Prof. Cláudio Baptista de Carvalho (Doutor, Medicina Veterinária) - UENF
___________________________________________________________________
Prof. Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira (Doutor, Parasitologia Veterinária) - UENF (Orientador)
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e ao
Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), pelo oferecimento deste
curso.
À FENORTE pela concessão de bolsa de estudo.
Às professoras Maria Angélica Vieira e Friederike Mayen por viabilizarem meu
ingresso no curso de pós-graduação em Produção Animal, orientando esse trabalho
em sua etapa inicial.
Às pesquisadoras Silvana Thiengo e Mônica Ammon Fernandez pelos
conhecimentos a mim transmitidos no Laboratório de Malacologia do Instituto
Oswaldo Cruz .
Aos meus irmãos e demais parentes, tias e primos, por torcerem pelo meu
sucesso.
Ao professor Edwin Pile Maure, pesquisador da FIOCRUZ, por ter sido um
grande conselheiro.
À companheira do curso de pós-graduação Zélia Teresinha Gai, por ajudar
inicialmente na reunião de bibliografia.
Ao meu orientador Prof. Francisco Carlos Rodrigues, que contribuiu para o
meu aprendizado, ajudando-me nos momentos de dúvidas e tornando-se um
verdadeiro amigo.
À companheira Luciana da Silva Lemos, pelas sugestões, auxílio na reunião
de bibliografia e ajuda com as fotografias apresentadas neste trabalho.
Aos estagiários Cínthia Lopes Schiffler e Tiago Gomes Rodrigues, pela
colaboração, além do motorista e companheiro Joselmo Vilarinho Suisso, pela
grande ajuda prestada nos trabalhos em nível de campo.
Às colegas de curso pelos momentos de alegria e descontração no decorrer
dessa caminhada, em especial a Isabel Cristina Fábregas Bonna, Giselda Matos
Xavier, Iliani Bianchi e Helaíne Haddad Simões Machado pela grande amizade e por
saber que posso contar sempre com elas.
À minha namorada, Elma Lucy Silveira Santana, que esteve presente nos
momentos difíceis, ajudando-me a amenizar as dificuldades e encorajando-me
diante dos obstáculos.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste
trabalho.
Por fim, agradeço a Deus por ser constante em minha vida, guiando meus
passos e iluminando meu caminho.
BIOGRAFIA
FRANCIMAR FERNANDES GOMES, filho de Benedicto Gomes e Amarílis
Fernandes Gomes, nasceu em 25 de fevereiro de 1976, na cidade de Campos dos
Goytacazes – RJ.
Em março de 1995 iniciou o curso de graduação em Medicina Veterinária da
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), em Campos dos
Goytacazes - RJ tendo concluído em dezembro de 1999.
Durante o período de 1996 a 1999 foi bolsista de trabalho FENORTE no
Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal do centro de Ciências e Tecnologias
Agropecuárias da UENF.
Foi admitido em março de 2001 no Curso de Pós-Graduação em Produção
Animal, Mestrado na mesma universidade, submetendo-se à defesa de tese para
conclusão do curso em abril de 2003.
CONTEÚDO
RESUMO........................................................................................................ xi
ABSTRACT..................................................................................................... xii
1. INTRODUÇÃO............................................................................................ 1
2. REVISÃO DE LITERATURA....................................................................... 3
2.1. Aspectos históricos da Fasciola hepatica........................................ 3
2.2. Distribuição da parasitose............................................................... 3
2.3. Importância da fasciolose hepática................................................. 4
2.3.1. Em sanidade animal............................................................. 4
2.3.2. Em saúde pública................................................................. 4
2.3.3. Importância econômica......................................................... 5
2.4. Ciclo de vida da Fasciola hepatica.................................................. 6
2.4.1. Cronologia do ciclo............................................................... 7
2.5. Patologia da Fasciola hepatica........................................................ 7
2.6. Moluscos hospedeiros intermediários............................................. 8
2.6.1. Espécies do gênero Lymnaea.............................................. 8
a) Lymnaea columella............................................................ 8
b) Lymnaea cubensis............................................................. 9
c Lymnaea viatrix.................................................................... 10
d) Lymnaea rupestris.............................................................. 10
2.6.2. Espécies do gênero Physa................................................... 10
2.7. Epidemiologia da Fasciola hepatica................................................ 11
2.7.1. Fatores ambientais e topográficos........................................ 11
2.7.2. Fatores climáticos................................................................. 12
2.7.3. Temperatura......................................................................... 14
2.7.4. Umidade............................................................................... 14
2.7.5. Habitat.................................................................................. 15
2.8. Diagnóstico...................................................................................... 15
a) Fasciolose aguda............................................................... 15
b) Fasciolose crônica.............................................................. 16
2.9. Controle da Fasciola hepatica......................................................... 16
2.10. Tratamento da fasciolose hepática................................................ 17
3. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................... 18
3.1. Local e período da pesquisa......................................................... 18
3.1.1. Escolha da propriedade........................................................ 18
3.1.2. Identificação de fauna malacológica............................................. 19
3.1.3. Habitat.......................................................................................... 19
3.1.4. Coleta e exame dos moluscos...................................................... 19
3.1.5. Exame coprológico dos bovinos................................................... 21
3.1.6. Técnica de quatro tamises modificada................................. 21
a) Material utilizado................................................................ 21
b) Procedimento..................................................................... 22
3.6. Dados meteorológicos..................................................................... 22
3.7. Análise estatística............................................................................ 22
4. RESULTADOS............................................................................................ 23
5. DISCUSSÃO............................................................................................... 35
6. CONCLUSÕES........................................................................................... 39
7. REFERÊNCIAS.......................................................................................... 40
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Physa marmorata observadas em cinco m2 de um açude numa
propriedade em Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de
Janeiro, em 2002................................................................................
27
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Habitat de moluscos infectados com formas pedogenéticas de
trematódeos. Açude de uma propriedade localizada na região de
Campos dos Goytacazes, RJ, em 2002..................................................
23
Figura 02. Estágios larvais de trematódeos em A (Rédia) e B (Cercária)
obtidos de moluscos naturalmente infectados em um foco de
fasciolose hepática na região de Campos dos Goytacazes, RJ, em
2002...................................................................................................
24
Figura 03. Lymmnaea columella capturadas em 5 m2 de um açude numa
propriedade em Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de
Janeiro, em 2002................................................................................
25
Figura 04: Variação da infecção de Lymnaea columella por Fasciola hepatica em
uma propriedade de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de
Janeiro, em 2002..........................................................................................
26
Figura 05. Physa marmorata observadas em 5 m2 de um açude numa
propriedade em Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de
Janeiro, em 2002................................................................................
27
Figura 06.
Variação da infecção de Physa marmorata por trematódeos em uma
propriedade de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro,
em 2002........................................................................................................
28
Figura 07 Infecção de bovinos por Fasciola hepatica observada através de
exames de 120 amostras fecais mensais em uma propriedade em
Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, em 2002. .......
29
Figura 08. Índices pluviométricos registrados para o Município de Campos dos
Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, em 2002..............................
30
Figura 09. Fotomicroscopia em aumento de 400x. Ovo de Fasciola hepatica
observado em fezes de bovino naturalmente infectado em um foco
de F. hepatica no município de Campos dos Goytacazes – RJ.........
31
Figura 10. Temperaturas médias das máximas, e das mínimas para o
Município de Campos dos Goytacazes–RJ, em
2002....................................................................................................
32
Figura 11. Metacercária observada em concha de limneídeo capturado em um
foco de Fasciola hepatica na região de Campos dos Goytacazes,
RJ. Aumento de 400x.........................................................................
33
Figura 12. Regressão linear de fisídeos infectados em função dos
examinados.........................................................................................
34
RESUMO
GOMES, Francimar, F., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; abril de 2003; Estudo de foco de Fasciola hepatica (Linnaeus, 1758) no Município de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro; Orientador: Prof. Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira.
O rastreamento de propriedades para a caracterização de um foco de fasciolose
hepática foi feito com base em achados de matadouro. Objetivou-se estudar as
condições favoráveis a manutenção, bem como a dispersão do parasito no ambiente. O
trabalho foi realizado a campo através de coletas mensais de amostras fecais e captura
de moluscos para análise no laboratório. Foram realizadas coletas de dados sobre
precipitação mensal de chuva, número de dias de precipitação e temperaturas máximas
e mínimas junto à estação meteorológica da PESAGRO de Campos dos Goytacazes,
RJ para comparar aos resultados obtidos nos exames realizados em laboratório.
Caracterizou-se o estabelecimento de um foco de fasciolose hepática em uma das
propriedades visitadas, localizada no distrito de Santa Maria em Campos dos
Goytacazes, Rio de Janeiro, próximo à divisa com o município de Bom Jesus do Norte,
Estado do Espírito Santo. Foram encontradas rédias e cercárias no interior de moluscos
pertencentes ao gênero Physa, no entanto estas não foram identificadas. Observou-se
uma maior densidade populacional de moluscos no inverno e primavera registrando-se
a ocorrência do primeiro foco natural de fasciolose para a região de Campos dos
Goytacazes, sendo a área considerada importante por favorecer a dispersão da
enfermidade para regiões vizinhas.
Palavras-chave: Bovinos, Fasciola hepatica, Lymnaea columella e Physa marmorata
ABSTRACT
GOMES, Francimar, F., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; April of 2003; Study of focus of Fasciola hepatica (Linnaeus, 1758) in Campos dos Goytacazes, State of Rio de Janeiro; Advisor: Francisco Carlos Rodrigues de Oliveira.
The search for properties to characterize a focus of hepatic fascioliasis was
made based in slaughterhouse discoveries. It was aimed to study the facilitative
conditions to the maintenance, as well as of the dispersion of the parasite in the
ambient. The work was carried out at field through monthly collections of fecal
samples and capture of mollusks for analysis in laboratory. They ware realized data
collections of samples data were coleted monthly rain precipitation, number of days
of precipitation and maximum and minimum temperatures close to the meteorological
station of PESAGRO of Campos-RJ to compare with the results obtained in the
exams carried out at laboratory. A focus of hepatic fascioliasis was characterized in
one of the visited properties, located at the district of Santa Maria, in Campos dos
Goytacazes, Rio de Janeiro, close to the boundary of the municipality district of Bom
Jesus do Norte, State of Espírito Santo. They were found rédias and cercárias inside
mollusks belonging to the gender Physa, however these were not identified. A larger
population density of mollusks was observed in the winter and spring, the occurrence
of the first natural focus of fasciolose to the Campos dos Goytacazes, being the area
considered important because it favors the dispersion of the illness to neighboring
areas.
Key words: Bovine, Fasciola hepatica, Lymnaea columella and Physa marmorata.
1
1. INTRODUÇÃO
A fasciolose hepática, originalmente uma enfermidade parasitária dos
animais domésticos da Europa, teve as primeiras referências feitas por Jehan de
Brie em 1379 (BORAY, 1966). Esta é provocada pelo parasita digenético Fasciola
hepatica Linnaeus, 1758 (Trematoda: Fasciolidae) cuja forma adulta é hermafrodita,
de aspecto foliáceo e coloração castanha, sendo popularmente conhecida como
“baratinha do fígado”. É o mais importante trematódeo dos ruminantes domésticos
sendo associado a vários distúrbios hepáticos e encontrados habitando os ductos
biliares de mamíferos domésticos e selvagens, representando um grave problema
para a bovinocultura, ovinocultura e caprinocultura.
Esta parasitose encontra-se amplamente difundida no mundo e o aumento
da sua dispersão geográfica muito se deve à transferência de animais parasitados
de locais onde a doença é enzoótica para localidades onde ela não existe.
Animais com infecção subclínica e que permanecem sem tratamento
contribuem para a contaminação do pasto através da eliminação de ovos de F.
hepatica nas fezes. Isto contribui para a manutenção do parasito no ambiente e o
aumento da taxa de infecção em nível de campo (REID e DARGIE, 1995).
Dados referentes ao Censo Agropecuário de 1995 – 1996, obtidos do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2003), indicam que a produção
leiteira do município de Campos dos Goytacazes ocupa posição de destaque no
âmbito estadual, logo, a redução das funções fisiológicas do fígado devida ao
parasitismo pode acarretar prejuízos significativos em função das mortes dos
animais, além da diminuição na produção de carne e leite, haja vista o caráter
endêmico que essa enfermidade parasitária apresenta na região.
2
As informações obtidas junto aos frigoríficos e matadouros sobre o número
de fígados condenados por lesões provocadas pelo parasito e a procedência dos
animais enviados para abate são de grande auxílio para a realização de trabalhos de
investigação científica e epidemiológica. Esses dados podem ser utilizados para a
determinação de focos da doença, permitindo, assim, o estudo no local de origem
dos fatores que interferem na relação custo-benefício ou hospedeiro-parasito para
finalmente, resultar em uma orientação que garanta a realização de controle
adequado.
A disponibilidade do hospedeiro intermediário favorece o desenvolvimento
dos estágios livres do trematódeo durante todo o ano e estes podem estar presentes
em maior ou menor grau no pasto de acordo com as condições climáticas e
ambientais.
Frente à constatação de elevados índices de positividade para a F. hepatica,
em matadouros do município de Campos dos Goytacazes, e sabendo-se que
variações na prevalência e incidência enzoótica da fasciolose são influenciadas pela
presença do hospedeiro intermediário no ambiente, e que esta oscila de acordo com
fatores biológicos, topográficos e de manejo (OLLERENSHAW, 1966; AMATO et al.,
1986), justifica-se um trabalho de pesquisa que viabilize a identificação da
procedência dos bovinos enviados para abate.
Este trabalho tem por objetivo caracterizar a existência de um foco endêmico
da fasciolose hepática no município de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de
Janeiro onde se possa estudar a relação ecológica hospedeiro/parasito, identificar
as espécies de hospedeiros intermediários envolvidos na disseminação da doença,
o potencial biótico das populações de moluscos, assim como, as variações nos
percentuais de infecção, tanto no hospedeiro intermediário, como na espécie bovina,
de forma que essas informações sirvam de subsídio para o controle de tão
importante parasitose.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Aspectos históricos da Fasciola hepatica
A Fasciola hepatica (Linneus 1758), originalmente um parasita dos animais
domésticos da Europa, teve seu ciclo biológico estudado inicialmente por
pesquisadores como LEUCKART (1882) e THOMAS (1883), que identificaram L.
truncatula (Müller) como hospedeiro intermediário, descrevendo suas formas larvais.
Um dos primeiros desenhos do parasito em sua forma adulta foi publicado
em 1668 pelo médico naturalista italiano Francisco Redi, que viveu de 1626 a 1698,
época em que prevalecia a teoria da geração espontânea. Contrário a esta teoria,
este foi, posteriormente cognominado o “pai da Parasitologia”, sendo seu nome dado
a uma das fases evolutivas da F. hepatica, as rédias (HATSCHBACH, 1995).
2.2. Distribuição da parasitose
Para os continentes europeu e americano, muitos foram os trabalhos que
trataram da epidemiologia da F. hepatica (GORDON, 1955; HONER e VINK, 1963;
SMITH, 1981 e AMATO et al., 1986). Este aspecto também foi considerado por
outros pesquisadores em estudos realizados na Austrália (BORAY et al., 1969) e
Nova Zelândia (HARRIS e CHARLESTON, 1976).
No Brasil, a maior área enzoótica está situada no Sul, em áreas do Rio
Grande do Sul, Santa Catarina (Vale do Itajaí) e Paraná. (SERRA-FREIRE, 1995;
UENO et al., 1982; ECHEVARRIA, 1985). No entanto, a doença vem se expandindo
4
pela região Sudeste; facilitada pelo vale do Rio Paraíba do Sul (SERRA-FREIRE,
1995; UETA, 1980; AMATO et al., 1986).
Devido as suas condições ambientais serem favoráveis, historicamente, os
Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais são relatados como incidentes de fasciolose bovina (SERRA-FREIRE,
1995), existindo ocorrências isoladas no Estado do Amazonas e na Bahia
(PARAENSE, 1983, 1986).
Hoje, a distribuição da parasitose é quase cosmopolita, sendo considerada
fator importante na criação de bovinos, ovinos, suínos e eqüinos, estando ligada
diretamente ao requerimento ecológico do hospedeiro intermediário (ALCAINO et al.,
1983; FAULL, 1987).
2.3. Importância da fasciolose hepatica
2.3.1. Em sanidade animal
A principal importância decorre do fato de o número de vertebrados
acometidos ser grande. A fasciolose tem sido diagnosticada no Brasil nas espécies
bovina, ovina, caprina, eqüina e bubalina (PILE et al., 2001). Em eqüinos sua
descrição é bastante escassa, portanto este não é considerado o hospedeiro
vertebrado mais importante. Para esta espécie ocorreram citações em estados como
Rio de Janeiro (SANTOS et al., 2000) e PARANÁ (NUERNBERG e SERRA FREIRE,
1992).
2.3.2. Em saúde pública
Um ponto relevante é o fato da F. hepatica poder acometer o homem, sendo
a enfermidade causada por este parasita considerada uma zoonose, por alguns
autores brasileiros (REY, 1958; PILE et al., 2000). Segundo os registros literários, a
saúde pública é afetada pela participação do homem no ciclo biológico do parasita
na qualidade de hospedeiro ocasional, podendo a infecção ocorrer pela ingestão de
verduras aquáticas ou água contendo metacercárias (PILE et al., 1999).
5
As infestações humanas aconteceram em 40 países na Europa, América,
Ásia, África e Oceania, correspondendo aproximadamente às dispersões
geográficas mundial do parasito em animais (SERRA-FREIRE, 1995). Observa-se
que nas regiões em que a fasciolose ocorre, o caramujo do gênero Lymnaea é
incriminado como hospedeiro intermediário e, considerando esse fato UETA, (1976)
indicou que o interesse pelo estudo destes no Brasil vem aumentando desde a
descrição de casos autóctones de fasciolose humana.
No Brasil, os estudos sobre a biologia dos moluscos transmissores da
fasciolose são escassos. No Estado do Rio de Janeiro, a primeira ocorrência de
fasciolose humana foi registrada para o município de Volta Redonda, após exame de
500 amostras coletadas em postos de saúde e hospitais para diagnóstico dessa
parasitose (PILE et al., 2000).
O problema humano é considerado secundário, entretanto sua importância
em saúde pública aumenta com a elevação do número de casos assinalados. Até o
ano 2000, haviam sido registrados apenas 44 casos de fasciolose humana para o
Brasil, no entanto, indica-se um número de casos muito maior para outros países do
continente americano, onde, na maioria das vezes, os achados são acidentais (PILE
et al., 2000).
2.3.3. Importância econômica
Dentre as trematodeoses que acometem os ruminantes, a fasciolose
hepática é a de maior importância econômica, porque está associada aos grandes
prejuízos econômicos resultantes da condenação de fígados de animais abatidos em
matadouros pelos serviços de inspeção do Departamento de Inspeção dos Produtos
de Origem Animal-DIPOA (ABIDU et al., 1996; OAKLEY et al., 1979).
Tem-se registrado que, para a América Latina, a F. hepatica é um grave
problema para a exploração zootécnica de diversas espécies (ALCAINO et al.,
1983). O parasitismo acarreta perdas econômicas em conseqüência de problemas
de saúde aos hospedeiros, mortalidade, redução da velocidade de crescimento dos
animais jovens, comprometimento da produção e significativos gastos com o
tratamento (REID et al., 1972; OAKLEY et al., 1979; DAEMON e SERRA-FREIRE,
1992).
6
As informações sobre a ocorrência do parasitismo por F. hepatica em
bovinos são baseadas em dados fornecidos pelos matadouros do Serviço de
Inspeção Federal (SIF) – Ministério da Agricultura. Através desses dados, sabe-se
que, no Rio Grande do Sul, o percentual de condenações de fígados aumentou
gradativamente, visto que nos anos de 1958 a 1963, esses índices, que eram de
8%, aumentaram para 11,5% entre os anos de 1974 e 1977 e chegaram a 14,7% no
ano de 1984, quando cerca de 142.980 fígados bovinos foram condenados por F.
hepatica, o que representou, para a indústria gaúcha, um prejuízo equivalente a US$
395, 258. 00 (ECHEVARRIA, 1985).
2.4. Ciclo de vida da Fasciola hepatica
O parasita adulto localizado nos canais biliares e vesícula biliar inicia a produção
e postura de ovos, os quais são carreados pelos movimentos da vesícula biliar na
eliminação de bílis durante o processo digestivo, chegando ao intestino delgado através do
colédoco e, a partir daí, são eliminados, juntamente com as fezes no ambiente. Com o
endurecimento da superfície do bolo defecado e a fermentação das fezes, reúnem-se as
condições de umidade e calor que favorecem o desenvolvimento do embrião que se
transforma no primeiro estágio larval, o miracídio (SERRA-FREIRE, 1990).
Reagindo a estimulo térmico e/ou luminoso, os movimentos do miracidio dentro
do ovo favorecem a eclosão pela abertura da micrópilla em meio líquido. Este busca um
molusco (em geral um caramujo do gênero Lymnaea), hospedeiro intermediário, e, após a
penetração pelas partes moles (região cefalopodal), perde os cílios para se transformar em
esporocisto. Este possui células germinativas que originam assexuadamente um novo
estágio evolutivo, as rédias (SERRA-FREIRE, 1990).
No interior do molusco, as rédias se deslocam em direção à massa visceral, mais
precisamente para a glândula digestiva, onde, finalmente, após o amadurecimento,
originam-se as cercárias, que abandonam o molusco e se encistam na vegetação,
7
transformando-se em metacercárias. Estas são as formas infestantes para os hospedeiros
definitivos (SERRA-FREIRE, 1990).
O tempo decorrido entre a penetração do miracídio e a liberação das cercárias
varia de 45 a 60 dias. O período de migração no parênquima hepático é de seis semanas.
Daí passam aos ductos biliares, onde atingem a maturidade sexual (quatro semanas). O
período que vai desde a ingestão das metacercárias até o aparecimento de ovos nas fezes é
muito variável, mas, de uma maneira geral, pode-se afirmar que se situa em torno de 9–10
semanas para ovinos e 10–11 semanas para bovinos. O ciclo da fasciola requer, pelo
menos, quatro meses, considerando-se as fases de vida livre e parasitária (ECHEVARRIA,
1985; SERRA-FREIRE et al., 1995).
2.4.1. Cronologia do ciclo
• Ovo para miracidio, 25 dias dependendo da temperatura e da umidade (GOMES,
1985);
• Miracídio para metacercária, entre 45 e 60 dias. (GOMES, 1985) e
• Metacercária para adulto, 30 a 120 dias, dependendo do hospedeiro.
(NUERNBERG, 1980).
Na literatura, encontra-se como período pré-patente para varias espécies de
hospedeiros, períodos que variam de dias a meses, como o observado para o
camundongo Mus musculus (DE LEON-DANCEL, 1970) e para a cobaia Cavia
porcellus (BACIGALUPO, 1942) em que se observam 31 e 97 dias respectivamente.
2.5. Patologia da Fasciola hepatica
Relaciona-se com as duas formas de interação parasito-hospedeiro:
8
• Migração do parasito através do parênquima hepático (fase aguda) e
• Presença no ducto-biliar (fase crônica).
BORDIN (1995), considerou as manifestações patológicas mais importantes
causadas por fasciolose em bovinos, enfatizando a colângio hepatite como sendo
mais importante que a hepatite parênquimal, relacionando-a a transtornos de
produtividade freqüentes nessa doença parasitária.
Ao avaliarem o nível de perdas de hemáceas, proteínas e o ganho de peso
em bovinos, REID e DARGIE, 1995 descreveram os efeitos negativos da infecção
por F. hepatica, associando tais efeitos à parasitose em suas fases aguda e crônica.
Esses autores concluíram que nem todos os estágios da infecção por Fasciola são
igualmente prejudiciais, sendo a presença do parasita adulto (com mais de oito
semanas) nos ductos biliares mais importante economicamente, por provocar
anemia mais severa, diminuição de proteínas plasmáticas e diminuição na produção
de leite.
BORDIN (1995) associou a patologia aos diferentes órgãos acometidos, o
peritôneo em primeira instância, o fígado (mais importante) e, em menor grau, os
pulmões, afirmando que a gravidade da fase aguda é muito maior para ovinos do
que para bovinos, podendo ocorrer intensa mortalidade, sendo necessária a
ingestão de, aproximadamente dez mil metacercárias para que a patologia ocorra.
2.6. Moluscos hospedeiros intermediários
Com referência aos hospedeiros intermediários de F. hepatica, as espécies do
gênero Lymnaea são mais aceitas em todas as regiões do mundo e, segundo autores
como ABÍLIO e WATANABE, 1998, para o Brasil, o ciclo biológico deste parasita
envolve moluscos das espécies: L. columella, L. cubensis e L. viatrix.
2.6.1. Espécies do gênero Lymnaea
a) Lymnaea columella
9
SILVA SANTOS et al 1994, referindo-se à ocorrência de L. columella no
Brasil, citaram que o primeiro registro deste limneídeo naturalmente infectado pela F.
hepatica ocorreu no estado do Rio Grande do Sul.
Estudos experimentais realizados por GOMES et al. (1975), associados à
observação da larga distribuição de L. columella, chamaram a atenção para a
importância desta na manutenção e dispersão dos focos de fasciolose.
AMATO et al. (1986), após cinco anos de investigações, só encontraram L.
columella como hospedeiro intermediário de F. hepatica no Vale do Paraíba. Esse
gastrópode estava bem distribuído na região Sul, Sudeste e Centro Oeste do Brasil,
sendo que, de São Paulo em direção ao norte do país, os caramujos do gênero
Lymnaea raramente foram observados. (PARAENSE, 1982a;1983; LUTZ, 1921).
ABILIO e WATANABE (1998), ao realizarem estudo malacológico durante
um período de dois anos na cidade de Campina Grande, Estado da Paraíba,
assinalaram, pela primeira vez para esse Estado, a presença de L. columella
associados a raízes de macrófitas aquáticas.
Para o Estado do Rio de Janeiro, a espécie L. columella foi registrada nos
municípios de Três Rios, Paraíba do Sul, Barra do Piraí, São Gonçalo, Magé,
Teresópolis, Niterói, Itaguaí, Petrópolis e Cachoeiras de Macacu (REZENDE et al.,
1973; GOMES et al., 1975; BRUNO et al., 1995). Após estes estudos, não foi
registrada na literatura, a ocorrência de focos de fasciolose. hepatica no Estado do
Rio de Janeiro.
b) Lymnaea cubensis
REZENDE et al. (1973), assinalaram, pela primeira vez no Brasil, a
ocorrência de L. cubensis em vários municípios do estado do Rio de Janeiro como
provável hospedeiro. Registraram também para este Estado a ocorrência de L.
columella em muitos municípios, ocupando, em parte, a mesma área geográfica que
a L. cubensis. Ambas as espécies foram achadas naturalmente infectadas por F.
hepatica.
Na revisão bibliográfica sobre L. cubensis (Pfeiffer), 1839 encontra-se uma
distribuição geográfica restrita ao novo mundo, sendo que, na América do Sul, foi
descrita na Venezuela (REZENDE et al., 1973). Posteriormente, GOMES et al. (1975)
10
assinalaram no Rio de Janeiro uma distribuição geográfica menos ampla da L.
cubensis em relação à L. columella.
NUERNBERG et al. (1983), mediante a realização de infecções
experimentais, afirmaram que a L. cubensis participava do ciclo de F. hepatica, fato
este não comprovado por GOMES e SERRA-FREIRE, (2001) pelo não encontro
desta espécie no Estado do Rio de Janeiro para a realização de infecções
experimentais.
A Lymnaea cubensis teve sua biologia e susceptibilidade a miracídios de F.
hepatica estudadas em condições experimentais por NUERNBERG et al. (1983), no
entanto, teve sua validade como espécie questionada por PARAENSE (1982a), que
afirmou ser esta anatomicamente indistingüível da L. viatrix.
Para o Rio Grande do Sul, foram assinaladas, como hospedeiras
intermediárias, as espécies L. viatrix e L. columella, a primeira ocorrendo com maior
freqüência nesse Estado e a segunda mais difundida no sudeste do Brasil
(ECHEVARRIA, 1985).
C) Lymnaea viatrix
No primeiro registro de fasciolose no Estado do Rio de Janeiro, LUTZ (1921)
assinalou a ocorrência de moluscos do gênero Lymnaea, tendo encontrado dois
exemplares mortos, naturalmente infectados com as formas intermediárias (rédias e
cercárias). Além da L. columella e L. viatrix, foi também assinalada a ocorrência de
uma terceira espécie como hospedeiro de F. hepatica, a L. cubensis (ECHEVARRIA,
1985).
d) Lymnaea rupestris
Para o Brasil, há registro de L rupestris como uma outra espécie de
limneídeo: (PARAENSE, 1982b). Esta foi observada no Estado de Santa Catarina,
mas ao contrário das outras, não participa do ciclo biológico de F. hepatica pelo fato
de viver em ambiente terrestre.
11
2.6.2. Espécies do gênero Physa
Em se tratando de espécies consideradas hospedeiras de F. hepatica,
pesquisadores como VIGUERAS e MORENO (1938) em Cuba e RICHARDS (1964)
em Porto Rico relataram que a Physa cubensis é capaz de participar do ciclo biológico
do parasita. No entanto, essa afirmação foi questionada por DE LEON et al. (1971) e
MORALES et al. (1987).
No Brasil, estudos realizados por REZENDE et al. (1973), demonstraram a
participação de L. columella no ciclo do trematódeo; no entanto, estes autores
destacaram o fato de nenhuma Stenophysa marmorata ter sido diagnosticada como
infectada, seja naturalmente ou em condições de laboratório.
Posteriormente, contrariando tais resultados, BUSSETI (1985) encontrou
espécies do gênero Physa infectadas com F. hepatica, no estado do Paraná, fato
este não aceito por alguns pesquisadores brasileiros como AMATO et al. (1986), que
estudaram durante cinco anos a epidemiologia da fasciolose hepática no Vale do
Paraíba sem nunca terem encontrado fisídeos infectados.
A partir de então, trabalhos como os de GOMES e SERRA-FREIRE, (2001)
foram realizados na tentativa de identificar espécies de moluscos que possuíam real
potencial como hospedeiros intermediários de F. hepatica no Estado do Rio de
Janeiro. Esses autores observaram, mediante a realização de trabalhos de infecção
experimental, que a espécie L. columella foi encontrada infectada por F. hepatica, o
que não ocorreu com S. Marmorata.
Analisando-se a literatura, pode-se comprovar que, no Brasil, os
conhecimentos sobre o relacionamento entre as formas larvais da F. hepatica e seus
hospedeiros intermediários são ainda escassos e, segundo SHIFF (1994), o parasito
precisa detectar a espécie de hospedeiro apropriado, invadir e enfrentar com
sucesso os mecanismos de defesa deste para se estabelecer e continuar seu ciclo
biológico.
2.7. Epidemiologia da Fasciola hepatica
2.7.1. Fatores ambientais e topográficos
12
Vários pesquisadores têm se preocupado em estudar o relacionamento dos
fatores ambientais com a epidemiologia de fasciolose e esta foi investigada na
Europa desde a década de 50, por pesquisadores como GORDON, 1955.
No sul da América do Sul, os moluscos permanecem em pequenos sítios de
sobrevivência, ampliando suas áreas de distribuição em correlação com as
condições do ambiente (SERRA-FREIRE, 1995). O autor ainda enfatiza que as
populações de hospedeiro intermediário também sofrem com o parasitismo,
podendo ser levadas à morte ou a outras alterações, como a diminuição da
capacidade reprodutiva, o que regula as infestações com reflexos epidemiológicos.
Trabalhando em condições de laboratório, e com variáveis controladas, tais
como luminosidade, pH da água e alimentação UETA (1976) estudou alguns
aspectos da biologia de L. columella, obtendo resultados semelhantes aos obtidos
por GOMES et al. (1975) que, por sua vez, indicaram o período de junho a novembro
como sendo o de maior propensão ao encontro de moluscos ao nível de campo.
Dois momentos críticos da progressão da fasciolose hepática bovina foram
registrados no Vale do Paraíba quando ocorreram maiores disponibilidades de
metacercárias na pastagem (fevereiro) e uma maior densidade de L. columella
registrada para o mês de agosto (SERRA-FREIRE, 1990).
As metacercárias estão presentes durante todo o ano na pastagem, logo, a
variação nas taxas de infecção se deve, principalmente, às diferenças de pressão
sobre a pastagem e aos tipos de criação (OWEN, 1989).
Sabe-se que variações regionais e anuais na prevalência e incidência
enzoótica da fasciolose são influenciadas pela presença do hospedeiro intermediário
que, por sua vez, varia de acordo com as condições de ambiente (OLLERENSHAW,
1966), fatores biológicos, topográficos e de manejo (AMATO et al., 1986).
A fasciolose aguda também foi caracterizada, em áreas de regiões baixas,
por UENO et al. (1982), quando trabalhando na região fronteiriça do Brasil com o
Uruguai.
LEMMA (1985), realizando estudos em diversos lugares da Etiópia, também
comprovou maior freqüência de infecção em bovinos após as chuvas e constatou a
influência da altitude, nas infecções.
2.7.2. Fatores climáticos
13
Muitas foram às publicações de trabalhos que incluíam nas observações
animais traçadores, prevalência da infecção nos vertebrados, dados meteorológicos,
além da prevalência de infecção no hospedeiro invertebrado (AMATO et al., 1986).
BOUVRY e RAU (1986) relataram que, no Canadá, a ocorrência de variação
do número de ovos de F. hepatica nas fezes de bovino leiteiro, correspondia às
flutuações estacionais. Segundo SERRA FREIRE e NUERNBERG (1992), foram
descritos por alguns autores no Brasil casos de fasciolosis aguda durante estações
frias e úmidas em áreas da fronteira sul do Brasil. Também foi diagnosticada como
acontecendo durante a estação fria por UENO et al. (1982).
ROSS (1967) discutiu a relação existente entre achados de patologia clínica
e necropsia, junto com flutuações da população de moluscos, níveis de infecções
estacionais observações de chuvas e variações de temperatura, utilizando, para
isso, ovinos como animais traçadores. Estudos sobre a distribuição estacional de F.
hepatica em áreas irrigadas e não irrigadas foram realizados por MEEK e MORRIS,
1979), observado-se o contraste e a importância da parasitose nos dois sistemas.
PILE et al. (1998) estudaram por seis anos os fatores que afetam e
influenciam na dinâmica populacional de L. columella na pastagem. Eles observaram
um grande número de moluscos no período seco (maio-outubro) em uma fazenda
localizada no município de Piquete, no estado de São Paulo. Continuando os
estudos constataram para o mesmo período em outro município, que o maior
número de moluscos foi encontrado no período das chuvas (janeiro-março),
concluindo assim que a dinâmica da população de moluscos está estreitamente
relacionada a fatores ecológicos e climáticos e estes diferem de uma localidade para
outra.
SERRA-FREIRE e NUERNBERG (1992) comprovaram a ocorrência da
parasitose em municípios catarinenses como Ibicaré, Tangará e Treze Tílias além do
oeste do planalto deste Estado onde foi correlacionado o clima úmido associado a
verão morno como um fator favorável para a característica endêmica de fasciolose.
FAULL (1987) demonstrou que somadas às condições climáticas; o tipo de
solo, o pastoreio de animais em lugares alagados e a pressão de pastejo também
influenciam na prevalência da fasciolose hepatica bovina, fato este também
observado por LEMMA (1985).
AMATO et al. (1986) afirmam que o declínio da população de L. columella
coincide com o período de temperaturas altas, sendo que o efeito negativo dessas
14
temperaturas é minimizado pelo aumento das chuvas. Os mesmos autores
indicaram que o número de dias de chuva e o nível da água do solo são fatores
limitantes para a população de moluscos, bem como para o desenvolvimento de F.
hepatica.
2.7.3. Temperatura
De acordo com estudos realizados por BORAY (1964), a temperatura ideal
para o desenvolvimento de L. tomentosa é de 26ºC, e, em laboratório, condições
similares foram estabelecidas por REZENDE et al. (1973), que, em experimento
visando à obtenção de cercárias a partir da criação de espécimes de L. columella em
uma faixa de temperatura de aproximadamente 25ºC, verificou a emergência das
mesmas entre o 44º e 58º dias após a infecção.
ECHEVARRIA (1985) cita que o fator determinante para que aconteça a
infecção dos animais por F. hepatica, bem como a manutenção dos índices de
prevalência são: a existência de condições favoráveis ao desenvolvimento e
reprodução do molusco hospedeiro intermediário. Estas são representadas por
temperaturas acima de 10ºC (durante as 24 horas), umidade suficiente para o
desenvolvimento dos miracídios, e desenvolvimento da infecção no molusco.
Pesquisas realizadas a campo por MALONE et al. (1984) evidenciaram que
a população de L. bulimoides foi mais ativa quando as temperaturas da água e do
solo estiveram acima de 10ºC. Segundo a citação feita por MATTOS et al. (1997), a
espécie L. columella pode produzir ovos a 30ºC e a temperatura mínima para que
eles desenvolvam e eclodam é entre 8 e 19ºC. Estes autores avaliaram a ocorrência
estacional e a bioecologia de L. columella em habitat natural no Rio Grande do Sul e
concluíram que os meses propícios à contaminação da pastagem por metacercárias
são julho, agosto, setembro, outubro e novembro.
AMATO et al. (1986) assinalaram que, mesmo sob a influência de uma
grande faixa de variação de temperatura (mínima de 4,4ºC, máxima de 28,4ºC), os
moluscos continuam a se reproduzir, permitindo o desenvolvimento intramoluscar de
F. hepatica.
15
2.7.4. Umidade
GOMES et al. (1975) indicaram o período de menor precipitação
pluviométrica (junho a novembro) como sendo o favorável para o encontro de
moluscos e, segundo LUTZ (1921), o desenvolvimento dos ovos e a infecção dos
moluscos se dão na água, razão pela qual esta nunca é observada em terrenos
completamente secos.
O conhecimento da capacidade estratégica de sobrevivência do molusco
que envolva um período de hibernação em épocas desfavoráveis deve ser
considerado. Segundo SERRA-FREIRE (1995), esse tipo de estratégia parece
acontecer principalmente no período seco.
2.7.5. Habitat
O habitat dos limneídeos na América do Sul está mais ligado à água em
movimento, sendo estes encontrados comumente em rios e riachos. Entretanto, já
foram encontrados em tanques, açudes, canais de irrigação e pequenos lagos
(SERRA-FREIRE, 1995).
Em trabalho realizado no município de Cachoeiras de Macacu, Estado do
Rio de Janeiro, BRUNO et al. (1995) citaram que a espécie L. columella foi
encontrada em aguadas pouco profundas, de águas claras, onde a vegetação se
constituía principalmente de gramíneas do gênero Brachiaria.
SILVA SANTOS (1994), encontrou exemplares de L. columella em uma
propriedade rural de Eldorado do Sul – RS, fixados em raízes fasciculadas e folhas
submersas da macrófita Limnobium stoloniferum (Hidrocharilacea), que servia de
sustentáculo para suas posturas, além de seu parênquima aerífero utilizado como
alimento.
.
2.8. Diagnóstico
Tão importante quanto conhecer as perdas econômicas ocasionadas pela F.
hepatica, é saber diagnosticar laboratorialmente, com segurança esta parasitose.
Para isso, consideram-se duas fazes do parasitismo, como a seguir:
16
a) Fasciolose aguda - nesta fase, pode-se empregar testes laboratoriais que
medem o nível plasmático de determinadas enzimas como a GLDH e GGT
(ECHEVARRIA, 1985). Além disto, SERRA-FREIRE (1995) relata que podem ser
utilizados testes imunológicos como reação cutânea ao antígeno, preparado com
formas adultas de F. hepatica, ou teste de intradermorreação, fixação de
complemento (CF), imunofluorescência (IFA), eletroforese (CEP), ELISA, difusão
dupla, hemaglutinação indireta (IHA), imunotransferase (EITB) e complexo
imunecirculante (CIC).
b) Fasciolose crônica - é facilmente diagnosticada pela realização de necrópsia a
campo, nas linhas de abate em frigoríficos, e presença de ovos nas fezes, usando-
se para isto técnicas baseadas no princípio de sedimentação ou no de tamisagem
progressiva (ECHEVARRIA, 1985). Outras formas de diagnóstico são pela
drenagem biliar e/ou duodenal, no encontro de fasciolas nos canais biliares por
laparotomia, e na constatação histológica de granuloma com o parasito em material
de biopsia (SERRA-FREIRE, 1995).
A verificação de ovos de F. hepatica nas fezes do hospedeiro é a forma mais
utilizada para diagnóstico e pode ser feita mediante a utilização de diferentes
técnicas, dentre as mais conhecidas para o diagnóstico destacam-se as de
(WATANABE et al., 1953; DENNIS et al., 1954) e, mais recentemente, a técnica do
filtro de Visser (ABIDU et al., 1995). Atualmente, utiliza-se mais a filtração seqüencial
das fezes em tamis descrita por GIRÃO e UENO (1985), também conhecida como
técnica dos quatro tamises.
2.9. Controle da Fasciola hepatica
GORDON (1955) observou que o controle da doença dependia do
conhecimento da sua epidemiologia, levando-se em consideração o potencial biótico
do parasito e épocas de proliferação do hospedeiro intermediário. Muitos foram os
trabalhos que trataram da epidemiologia da F.hepatica, tanto na Europa (HONER e
VINK, 1963; OLLERENSHAW, 1966, ROSS, 1967; SMITH, 1981), como na Austrália
(BORAY et al., 1969) e Nova Zelândia (HARRIS e CHARLESTON, 1976), além da
América do Sul (AMATO et al., 1986).
17
Segundo RODRIGUES (1991), a prevenção da distomatose pode ser
realizada de diversas maneiras, sendo denominado controle tradicional aquele em
que se fazem excessivas medicações fasciolicidas ou poucas medicações sem a
adoção de qualquer tipo de critério técnico. O controle estratégico, por sua vez, é
baseado nos dados epidemiológicos da doença.
XIMENES (1995) relata que a utilização de diferentes meios para limitar a
ocorrência de determinada parasitose representa a única medida eficaz para se
conseguir o saneamento das pastagens e dos animais domésticos. O emprego de tal
metodologia se aplica ao conceito do controle integrado, representado pelo emprego
de métodos químicos, físicos, biológicos e a redução das infecções nos animais pelo
uso regular de fasciolicidas (ECHEVARRIA, 1985).
A aplicação do controle integrado deve ser moldada em função de cada
região, devido às diferenças que existem na conformação e no manejo das
pastagens (XIMENES, 1995).
Para a região sul, têm sido indicadas duas medicações anuais: uma no final
do outono (maio) e outra no início da primavera (setembro), para eliminar infecções
adquiridas durante o verão e o inverno. Além destas, (ECHEVARRIA, 1985)
recomenda que uma terceira dose estratégica deve ser administrada no verão
(dezembro ou janeiro).
Medidas como essa são de ordem geral e, portanto, insuficientes para
garantir a reversão do problema em determinadas regiões, mas quando se considera
a epidemiologia da F. hepatica no sudeste, notadamente no Vale do Paraíba,
(SERRA FREIRE, 1990) cita que a adoção dessa metodologia mantém seu nível de
aplicabilidade.
De acordo com LESSA (1995), o objetivo maior desse esquema de
tratamento é o de diminuir sensivelmente a contaminação ambiental por ovos de
F. hepatica e, conseqüentemente reduzir a disponibilidade de miracídios infectantes
do hospedeiro intermediário e, em ultima instância de metacercárias infectantes para
o hospedeiro definitivo.
2.10. Tratamento da fasciolose hepática
18
Quanto ao uso de fasciolicidas, estes devem ser de fácil aplicação, não tóxicos,
de baixo custo, não deixar resíduos e serem altamente eficazes contra as formas adultas
e imaturas de F. hepatica (ECHEVARRIA, 1985).
Na literatura, obtêm-se informações sobre alguns dos princípios ativos que são
de boa eficiência contra F. hepatica como: Triclabendazole (TURNER et al., 1984);
Closantel (ALCAINO e AGUILAR, 1985); Niclofolan (RUBILAR e SAN MARTIN, 1982);
Rafoxanide (MOISANT et al., 1972); e Albendazole (GONÇALVES et al., 1983).
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Local e período da pesquisa
O estudo ao nível de campo foi conduzido em uma propriedade localizada
no distrito de Santa Maria, pertencente ao município de Campos dos Goytacazes,
Estado do Rio de Janeiro, notadamente em região de divisa com o município de
Bom Jesus do Norte, estado do Espírito Santo.
Em laboratório, os exames foram realizados no setor de parasitologia do
Laboratório de Sanidade Animal no Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias
da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, tendo o período de
estudo ocorrido entre os meses de janeiro e dezembro de 2002.
3.1.1. Escolha da propriedade
Para tanto, foram realizados rastreamentos de propriedades caracterizadas
em matadouros como possíveis focos de fasciolose hepática, tomando-se por base
19
os dados fornecidos pelo serviço de inspeção estadual – (SIE) de dois matadouros
de Campos dos Goytacazes. O critério estabelecido para escolha do local de
estudos foi a constatação de altos índices de infecção nos lotes de bovinos enviados
para abate, associado ao encontro no local de origem de exemplares de moluscos
pertencentes ao gênero Lymnaea e Physa.
3.1.2. Identificação de fauna malacológica
Para isso, foram considerados aspectos da morfologia externa e
características da anatomia interna dos moluscos, tendo sido a identificação dos
gêneros encontrados baseada nas características de concha presentes e a
diferenciação entre espécies realizada conforme as descrições feitas por
PARAENSE (1983).
A identificação da espécie Physa marmorata foi realizada no Laboratório de
Malacologia do Instituto Oswaldo Cruz – IOC/ FIOCRUZ.
3.1.3. Habitat
O critério de escolha do habitat obedeceu a fatores como: facilidade de
acesso; condição favorável para o desenvolvimento dos moluscos e localização em
área de pastoreio dos animais.
3.1.4. Coleta e exame dos moluscos
Foi estabelecida, ao longo da margem do habitat (Figura 1), a demarcação
de 60 áreas equivalentes a um metro quadrado dentre as quais, cinco foram
mensalmente sorteadas ao acaso para a captura dos moluscos.
Os moluscos foram contados, classificados e separados por gênero. Para a
captura, foi realizada a técnica de batida na vegetação aquática existente visando ao
recolhimento do material desprendido, bem como, o agito do substrato de fundo a
uma profundidade de até 20 cm, utilizando-se, para isso, uma vara de madeira.
Assim, procedeu-se à coleta dos moluscos que sobrenadavam após alguns minutos.
Uma alíquota de 10% de limneídeos e fisídeos foi recolhida de cada metro quadrado
20
e transferida para o setor de Parasitologia do Laboratório de Sanidade Animal (LSA)
no Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da Universidade
Estadual do Norte Fluminense (UENF), para a averiguação da infecção, sendo a
coleta e o transporte realizados segundo a técnica citada por THIENGO (1995),
como a seguir:
• Cortar uma faixa de gaze com 30 a 50 cm de comprimento e 20 cm de largura;
• Molhar em água de torneira e espremer bem para retirar o excesso de água;
• Estender a faixa de gaze úmida sobre uma superfície plana;
• Colocar uma fileira transversal de moluscos a 3 cm da extremidade da gaze,
deixando o espaço de um cm entre os moluscos pequenos e 2 cm entre os
moluscos grandes;
• Dobrar sobre a fileira de moluscos a extremidade da gaze;
• Colocar outra fileira de moluscos, dobrar a gaze sobre ela e prosseguir até
chegar próximo à outra extremidade da gaze;
• Entre a ultima fileira de moluscos e a extremidade final da gaze deve sobrar uma
margem de tecido suficiente para dar pelo menos uma volta completa sobre o
cilindro de gaze que se formou;
• Introduzir o cilindro de gaze úmida em um saco plástico de tamanho adequado e
fechar bem para evitar que a gaze seque;
• Colocar no material a ser transportado uma etiqueta com os dados de localização
da coleta, tipo de habitat (córrego, lagoa, brejo, vala de irrigação ou drenagem,
etc.), nome do coletor e data;
• Colocar o conjunto em recipiente resistente a deformações, que não seja
perfurado;
• Não submeter os moluscos à refrigeração, durante o manuseio ou transporte e
• Durante o manuseio, evitar exposição a moscas que podem depositar ovos nos
tecidos dos moluscos.
Os moluscos capturados vivos foram colocados individualmente em placas
de Petri de 100 x 20mm, pressionados levemente contra a placa com o auxílio de
uma lâmina de vidro, sendo os fragmentos da concha retirados com uma pinça e as
21
vísceras examinadas sob a luz em microscópio estereoscópico, para evidenciar as
formas larvais de F. hepatica.
Os moluscos mortos entre a captura e o exame laboratorial também foram
examinados para avaliar a possível presença do trematódeo. Na medida em que
estes foram dissecados, as formas larvais, assim como as metacercárias
encontradas foram conservadas em solução de formol Buffer tamponado, pH 7,0 e
os resultados registrados.
3.1.5. Exame coprológico dos bovinos
Na propriedade avaliada mensalmente estabeleceu-se a seleção de
aproximadamente 30% do total de animais presentes, independentemente do sexo e
raça. Bezerros com idade inferior a quatro meses não foram examinados. Para o
exame de fezes, foram coletadas amostras diretamente da ampola retal, com auxílio
de sacos plásticos de tamanho 15x30cm contendo a identificação do animal e da
fazenda. Os sacos foram invertidos, acondicionados em isopor com gelo e
transportados até o Setor de Parasitologia do LSA/CCTA/UENF onde após
catalogados, cada amostra foi homogeneizada e processada em exame laboratorial
para pesquisa de ovos de trematódeos.
Na impossibilidade de exame imediato, as amostras foram preservadas em
condições de exame em temperatura de geladeira por até uma semana. A técnica
empregada para a obtenção e a identificação dos ovos de F. hepatica foi a de quatro
tamises descrita por GIRÃO e UENO (1985) com ligeira modificação, utilizando-se
para contraste o corante Verde de Metila.
3.1.6. Técnica de quatro tamises modificada
a) Material utilizado
• Dois gramas de fezes.
• Solução detergente a 10%.
• Copos de vidro com capacidade para 50 mL.
• Tamises com telas metálicas de 100, 180, 200, 250 malhas / polegada com
abertura em mícrons de 154, 91, 77 e 62, respectivamente.
• Trinta mililitros de água.
22
• Bastão de vidro.
• Espátula.
• Placa de Petri medindo nove centímetros de diâmetro.
• Pipeta Pasteur com pêra de borracha.
• Corante (Verde de Metila a 0,5%).
• Estereomicroscópio.
b) Procedimento
Para cada amostra fecal foram pesados dois gramas de fezes, e estes
colocados individualmente em um Becker com capacidade para 50 mL diluídas em
30 mL de água de torneira, com cinco gotas de solução detergente. O conteúdo era
homogeneizado, agitado por um ou dois minutos e passado no conjunto de tamises
(encaixados uns nos outros) e dispostos obedecendo à seqüência: 154, 91, 77 e 62
µm de malha.
O conteúdo da coluna era lavado em água corrente lenta, descartando-se,
um por um os três primeiros tamises e o material do último (250 malhas / polegada)
recolhido em uma placa de Petri, utilizando-se um fino jato de água no sentido
inverso do tamis.
Esperavam-se dois minutos e, sem agitar o sedimento, retirava-se o excesso
de água da placa de Petri com a pipeta Pasteur. Adicionavam-se três gotas de verde
de metila a 0,5%.
O preparado era então examinado com auxílio de estereomicroscópio em
aumento de 400x.
3.6. Dados meteorológicos
Dados sobre índices pluviométricos, número de dias de precipitação e
temperatura máxima e mínima dos meses em análise foram obtidos dos registros da
estação meteorológica da PESAGRO de Campos dos Goytacazes – RJ e analisados
mensalmente.
3.7. Análise estatística
23
Os dados obtidos através do recolhimento de moluscos foram confrontados
através de medidas de tendência central (média). Índices de correlação foram
estabelecidos entre o resultado do número de moluscos, percentagem de bovinos
infectados e dados meteorológicos. Para tanto, foi utilizado o programa Graph Pad
Instat tm, Copyright 1990-1994, Graf Pad Software v2 – 05 a 9504225.
4. RESULTADOS
Após a identificação das propriedades que possuíam bovinos positivos para a
F. hepatica, foi selecionada uma onde se constatou, em um açude, a presença de
moluscos infectados. Este se localizava em região baixa do terreno com vegetação
aquática em sua margem e moluscos aderidos a seus talos e raízes (Figura 1).
24
Figura 1: Habitat de moluscos infectados com formas pedogenéticas de trematódeos.
Açude de uma propriedade localizada na região de Campos dos Goytacazes,
RJ, 2002.
Durante os 12 meses de estudo, observou-se, na propriedade, a
presença de gêneros de moluscos como Biomphalaria e Pomacea, além de
exemplares das espécies L. columella e P. marmorata. Estas últimas foram
examinadas para evidenciar a presença de formas larvais de F. hepatica, tendo-
se observado, para ambas, a ocorrência de infecção por formas pedogenéticas
de trematódeos (Figura 2A e 2B).
A B
25
Figura 2: Estágios larvais de trematódeos em A (Rédia) e B (Cercária) obtidos de
moluscos naturalmente infectados em um foco de fasciolose hepática na
região de Campos dos Goytacazes, RJ em 2002.
Na figura 3, observa-se que o número de L. columella variou durante o ano
de 1 a 25, com maior densidade registrada entre os meses de agosto e novembro e
maior pique registrado no mês de setembro.
26
Figura 3: Lymmnaea columella observadas em 5 m2 de um açude numa propriedade
em Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, em 2002.
0 0 01
3 3
0
13
17
6
0
25
0
5
10
15
20
25
30
J F M A M J J A S O N D
Meses
Nº
de li
mne
ídeo
s
27
Para o período compreendido entre os meses de agosto e outubro, foram
examinados, no total, seis exemplares de L. columella, no entanto, observou-se
infecção por rédias e cercarias apenas nos meses de setembro e outubro (Figura 4).
Figura 4: Variação da infecção de Lymnaea columella por Fasciola hepatica em uma
propriedade de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, em 2002.
0 0 0 0 0 0
1
2 2
1
00 0 0 0 0 0 0 0
1 1
0 000
0,5
1
1,5
2
2,5
J F M A M J J A S O N D
Meses
Nº
de li
mne
ídeo
s ExaminadosParasitados
28
Além de L. columella, a presença da espécie P. marmorata foi considerada
nesta pesquisa, e, através da análise das figuras 3 e 5, observa-se que, para ambas,
as variações de densidade populacional ocorreram praticamente da mesma maneira
no local e período estudados, à exceção do mês de julho quando não foi encontrado
nenhum exemplar de molusco do gênero Lymnaea, mas, em contrapartida,
correspondeu ao mês de maior densidade para a espécie P. marmorata.
0 0 0 032 22
396
87
130 122
73
00
50
100
150
200
250
300
350
400
450
J F M A M J J A S O N D
Meses
Nº
de fi
síde
os
29
Figura 5: Physa marmorata observadas em cinco m2 de um açude numa propriedade
em Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, em 2002.
Na figura 6, evidencia-se o número de P. marmorata parasitados, em relação
ao total de examinados para o período estudado.
30
Figura 6: Variação da infecção de Physa marmorata por trematódeos em uma
propriedade de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, em
2002.
0 0 03 2
40
7
00 0 0 02 2
9
4 3 35
0
12139
00
5
10
1520
25
30
35
40
45
J F M A M J J A S O N D
Meses
Nº
de fi
síde
os ExaminadosParasitados
31
Na figura 7, evidencia-se que, para o período de investigação, houve
variação nos percentuais de infecção dos bovinos e estes foram, em média 24,5%
para os meses analisados com mínimo de 8% em maio e pique máximo de 58%
ocorrido no mês de junho.
*Meses não avaliados (tamises não confeccionados)
Figura 7: Infecção de bovinos por Fasciola hepatica observada através de exames
de 120 amostras fecais mensais em uma propriedade em Campos dos
Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, em 2002.
30
19
8
58
45
28
13
3331
29
0
10
20
30
40
50
60
J* F* M A M J J A S O N D
MESES
BO
VIN
OS
PO
SIT
IVO
S (
%)
32
Assinalam-se na figura 8, os índices de precipitação pluviométrica durante o
período estudado.
Figura 8: Índices pluviométricos registrados para o Município de Campos dos
Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, em 2002.
82,7
63
9,915,4
3,9
35,124,1 19,8
146,5
27,3
61,5
114,8
0
20
40
60
80
100
120
140
160
J F M A M J J A S O N D
Meses
Qua
ntid
ade
de c
huva
(m
m)
33
Os ovos de F. hepatica (Figura 9) foram detectados em amostras fecais de
bovinos.
34
Figura 9: Fotomicroscopia em aumento de 400x. Ovo de Fasciola hepatica
observado em fezes de bovino naturalmente infectado em um foco de
F. hepatica no município de Campos dos Goytacazes – RJ.
Verificam-se, na figura 10, as variações de temperatura ao longo do ano, e
observa-se que, na época mais fria, a menor média de temperatura registrada foi de
16,4ºC, ao passo que a mais alta de 33,4ºC ocorreu no final do verão (março).
31,3 31,133,4
31,729,6 28,5
25,728,5
25,1
30,3 30,6 31
21,4 21,4 21,520,1 19,3
17,7 16,417,8 17
19,7 20,922
0
5
10
15
20
25
30
35
40
J F M A M J J A S O N D
Meses
Tem
p. a
mbi
ente
ºC
Média das máximas Média das mínimas
35
Figura 10: Temperaturas médias das máximas e das mínimas para o Município de
Campos dos Goytacazes–RJ, em 2002.
As metacercárias correspondem a estruturas de coloração branca e
arredondada (Figura 11), estas foram encontradas sobre as conchas de alguns dos
limneídeos capturados.
36
Figura 11: Metacercária observada em concha de limneídeo capturado em um foco
de Fasciola hepatica na região de Campos dos Goytacazes, RJ.
Aumento de 400x
Os resultados da análise estatística em relação aos fisídeos podem ser
observados na tabela 1 e figura 12. Nesta observa-se também, a tendência dos
resultados através da regressão linear de fisídeos capturados em função dos
infectados.
Tabela 1. Physa marmorata capturadas em propriedade do Município de Campos
dos Goytacazes-RJ.
PARÂMETRO CORRELAÇÃO
37
Intervalo de confiança ra P
Examinados x infectados 0,5158 a 0,9874 0,91 0,0040**
Concha x temperatura -0,6289 a 0,8399 0,24 0,6102
Concha x índice pluviométrico -0,8379 a 0,6331 -0,23 0,6205
a Coeficiente de correlação.
** Extremamente significativo
Figura 12. Regressão linear de fisídeos infectados em função dos examinados.
38
5. DISCUSSÃO
Os resultados desta pesquisa indicaram que os fatores ambientais
desempenham importante papel na epidemiologia da fasciolose hepática, visto que a
dinâmica da população do molusco hospedeiro intermediário foi afetada em relação
ao ambiente. Isso corrobora o afirmado por GORDON (1955); HONER e VINK
(1963); OLLERENSHAW (1971); MEEK e MORRIS (1979); SMITH (1981); LEMMA
(1985); FAULL (1987); SERRA FREIRE e NUERNBERG (1992); PILE et al (1994) e
LESSA (1995).
Quanto à topografia do terreno, caracterizou-se a existência de áreas baixas
como as observadas na figura 1. Estas, segundo LEMMA (1985), podem garantir a
verificação de uma maior freqüência de infecção em bovinos após a época das
chuvas. Isso fica evidenciado pela análise da figura 8, onde se observa que,
terminado esse período e considerando-se o tempo necessário para o
desenvolvimento do ciclo biológico da F. hepatica, (ECHEVARRIA, 1985 e SERRA
FREIRE et al 1995), as maiores taxas de parasitismo crônico para os bovinos foram
detectadas nos meses de junho e julho (Figura 7), sendo este correspondente a um
período seco e posterior ao período chuvoso, corroborando assim o afirmado pelo
autor.
Observou-se, também, a ocorrência de solo variando de argiloso a arenoso,
sendo importante destacar que SERRA FREIRE et al. (1995) também observaram,
muitos animais positivos para F. hepatica em propriedades de topografias
contrastantes e solos diferenciados. Com isso, concluíram que, aparentemente, não
ocorre maior interferência da diversificação dos solos e topografia sobre a ocorrência
da doença, o que também foi observado nesta pesquisa.
39
A espécie L. cubensis, sinonímia: L. viatrix, que foi assinalada pela primeira
vez no Estado do Rio de Janeiro (REZENDE et al., 1973) não vem sendo mais
encontrada desde a década de 80 e, por sua vez, não foi observada no presente
estudo. Em contrapartida, L. columella, que tem sido encontrada com relativa
freqüência por diversos autores (LUTZ, 1921; GOMES et al., 1975; PARAENSE,
1982a, 1983 e 1986; AMATO et al., 1986; SILVA SANTOS et al., 1994; BRUNO et
al., 1995; PILE et al., 1998) também foi assinalada para este foco e identificada
conforme a descrição feita por PARAENSE (1982b e1983).
Considerando-se a distribuição geográfica de L. viatrix, esta é mais difundida
no sul do país (ECHEVARRIA, 1985; MATTOS e UENO, 1985). Em contrapartida, o
molusco da espécie L. columella, é considerado o hospedeiro intermediário de
F. hepatica mais importante do Brasil, por estar mais amplamente distribuído, já foi
encontrado nas regiões Norte e Nordeste (PARAENSE, 1983 e 1986), além da
região Sudeste, aonde vem se expandindo (SERRA FREIRE et al.,1995). Este já foi
encontrado em regiões com riachos de movimentação de água muito lenta, entre
cochilhas onde existem pequenos lagos de água corrente (ECHEVARRIA, 1985), no
entanto, tal fato não foi observado nesta pesquisa, pois no açude analisado, a água
encontrava-se praticamente estagnada.
Os exemplares de limneídeos capturados foram encontrados fixados às
raízes da vegetação localizada às margens do açude, sobre a lama ou enterradas a
uma profundidade de até vinte centímetros, alimentando-se da matéria orgânica
presente, estando esse fato em concordância com o que foi descrito por PARAENSE
(1983).
Neste estudo, observou-se a ocorrência de elevadas densidades de
moluscos por metro quadrado. Como conseqüência, isso implicou na captura de
fisídeos com elevados percentuais de infecção, haja vista que, os mecanismos de
dispersão passiva, como as enxurradas, que normalmente contribuem para uma
maior disseminação dos hospedeiros no ambiente (PILE et al., 1998), não atuaram
de maneira significativa. Logicamente, a presença de uma grande quantidade de
moluscos num ambiente restrito favorece a ocorrência de elevados índices de
infecção nessa população quando em contato com uma grande quantidade de
formas infectantes. Isso é reforçado pelos resultados da análise estatística realizada
e contidos na tabela 1 e figura 12, nas quais, mediante a análise da relação entre o
40
número de fisídeos examinados e o número de parasitados obteve-se um grau de
associação significativo entre esses parâmetros, sendo a correlação considerada
favorável.
Na figura 3, verifica-se uma tendência de crescimento da população de
L. columella, que se inicia no outono (mês de abril) e caminha progressivamente até
atingir um pico máximo no fim do inverno (setembro), a partir do qual, com o advento
da primavera, deu-se um declínio gradual até o completo desaparecimento da
população no verão. Esses dados corroboram os de SMITH (1981) e MATTOS et al.
(1997), que afirmaram que o aumento da temperatura observada na primavera e
verão influência negativamente na densidade populacional dos limneídeos. Tais
afirmações parecem ser válidas também para a população de P. marmotata, cuja
variação populacional ocorreu de maneira similar à dos limneídeos sendo as maiores
densidades registradas durante o período mais frio do ano (Figuras 4 e 10).
Não se confirmaram as afirmações de AMATO et al (1986) e PILE et al.
(1994) quanto ao efeito negativo das altas temperaturas sobre a presença de
moluscos ser minimizado pelo aumento dos índices de precipitação pluviométrica
(Figuras 3 e 8).
De acordo com o resultado da averiguação de infecção, a espécie
L. columella foi encontrada naturalmente infectada com formas larvares de
F. hepatica assim como nos trabalhos de autores como AMATO et al. (1986) e PILE
et al. (1994). Para os limneídeos as rédias e cercárias (Figura 2A e 2B) foram
observadas nos meses de setembro e outubro (Figura 4). Em contrapartida, os
fisídeos parasitados foram observados durante um período maior compreendido
entre os meses de maio e novembro (Figura 6). Estes resultados concordam
parcialmente com os obtidos por MATTOS et al (1997), que, em estudos realizados
no Rio Grande do Sul, observaram que L. columella encontrava-se infectada no
período de julho a novembro.
Segundo Armour (1973) citado por PILE et al. (1994), a temperatura média no
período de 24 horas para todo o período diurno e noturno deve ser sempre superior
a 10ºC, para manter o ciclo reprodutivo dos limneídeos, assim como o
desenvolvimento das formas larvais de F. hepatica, esta afirmação corrobora os
resultados obtidos (Figuras 3, 4 e 10).
41
O resultado da averiguação da presença do parasita nos animais da
propriedade (Figura 9) difere dos obtidos por pesquisadores como NUERNBERG et
al. (1983), que observaram, no foco estudado, 35,8% de animais doentes entre 475
vacas leiteiras através do exame de fezes pela técnica de WATANABE et al. (1953).
Difere também, dos achados de REY (1957), que encontrou 2,24% em 714.545
bovinos abatidos no Estado do Rio Grande do Sul e FRANÇA (1969), que encontrou
10,1% entre 941 bovinos do Vale do Paraíba abatidos no matadouro municipal de
Taubaté, Estado de São Paulo.
Provavelmente, essas disparidades são explicadas pelas diferenças
ambientais inerentes a cada região, além do emprego de diferentes metodologias de
diagnóstico em tais pesquisas. Optou-se, neste trabalho, pela utilização da técnica
dos quatro tamises (GIRÃO e UENO, 1985), que é rápida, fácil, eficiente e de baixo
custo, podendo ser utilizada no diagnóstico ao nível de campo.
Através da análise dos dados epidemiológicos obtidos nos dois matadouros
estaduais do município de Campos dos Goytacazes, da estação meteorológica da
PESAGRO, bem como da propriedade de estudo, infere-se que, para os limneídeos
capturados, as formas larvais encontradas são realmente de F. hepatica, no entanto,
apesar das similaridades observadas, tal raciocínio não se aplica as rédias e
cercárias encontradas parasitando a espécie P. marmorata, tais formas evolutivas
não puderam ser identificadas neste estudo. Ressalta-se que existem muitas
controvérsias quanto à possibilidade dos fisídeos serem capazes de participar do
ciclo biológico de F. hepatica tanto no exterior quanto no Brasil (VIGUERAS e
MORENO,1938; RICHARDS,1964; DE LEON et al, 1971; BUSSETI, 1985;
MORALES et al, 1987; LUZ et al, 1994).
Experimentos de infecção experimental em limneídeos e fisídeos foram
realizados no Estado do Paraná por LUZ et al. (1994), e estes demonstraram que
somente L columella continham esporocistos de F. hepatica em evolução nos cortes
histológicos. O mesmo ocorreu com GOMES e SERRA FREIRE (2001), que
obtiveram resultado positivo apenas para moluscos do gênero Lymnaea, não sendo
registrada a ocorrência de infecção por este parasita em moluscos pertencentes ao
gênero Physa.
42
6. CONCLUSÃO
• Identifica-se a ocorrência de um foco natural de fasciolose na Região de Campos
dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, baseando-se na presença do
hospedeiro intermediário, Lymnaea columella, albergando formas evolutivas do
trematódeo e na presença de ovos em amostras fecais dos bovinos da
propriedade estudada.
43
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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