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Estresse ocupacional e qualidade de vida de profissionais de saúde da
formação à práxis.
Débora Mendonça
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Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Ergonomia – FAIPE
Resumo
O objetivo deste trabalho é identificar a correlação do estresse ocupacional com a qualidade
de vida de profissionais da área de saúde, desde sua formação até sua atuação profissional e
docência. A área de saúde é um grupo de profissionais de diversas especialidades que
apresentam características em comum, tais como: o atendimento ao público, dupla jornada,
cobrança excessiva dos pacientes. Esses fatores podem influenciar no aparecimento do
estresse ocupacional, também conhecido como Burnout. Trata-se de uma doença ocupacional
que causa exaustão emocional e baixa realização pessoal, afetando o desempenho
profissional. A carga de trabalho adotada pelos profissionais de saúde é extenuante, com
trabalhos realizados em mais de uma instituição de saúde, às vezes, que associado a outros
fatores, pode desencadear a Síndrome de Burnout, levando um comprometimento de sua
qualidade de vida. A qualidade de vida do trabalhador tornou-se um assunto relevante, pois o
processo de industrialização trouxe mudanças na rotina e na organização do trabalho. O
profissional de saúde também se preocupa com questões relacionadas à demanda e
produtividade. O ritmo de trabalho, a sobrecarga cognitiva, a gestão de pessoas enfermas
que precisam constante assistência, a satisfação profissional e as dificuldades
sociodemográficas podem influenciar na percepção da qualidade de vida.
Palavras Chaves: Qualidade de Vida do Trabalhador, Trabalhadores da Saúde, Estresse
Ocupacional.
1. Introdução
A preocupação com assuntos referentes à qualidade de vida faz-se presente no sentido de
valorizar parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou
o aumento da expectativa de vida. Assim, a qualidade de vida é abordada, por muitos autores,
como sinônimo de saúde, e por outros como um conceito mais abrangente, em que as
condições de saúde seriam um dos aspectos a serem considerados (FLECK et. al., 1999).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a qualidade de vida pode ser definida como
a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores
nos quais ele vive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.
Para Albuquerque e França (1998), qualidade de vida no trabalhado é um conjunto de ações
de uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações gerenciais,
tecnológicas, estruturais, dentro e fora do ambiente de trabalho, e visa propiciar condições
plenas de desenvolvimento humano para o trabalho e durante a sua realização. __________________________ 1 Pós-graduando em Ergonomia. 2 Orientadora: Fisioterapeuta. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestre em Bioética e Direito em Saúde. Doutorando em saúde pública.
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A Política em Saúde do Trabalhador tem o intuito de promover a melhoria da qualidade de
vida e da saúde do trabalhador e, entre outras estratégias, estimular estudos e pesquisas sobre
o tema. Para isso, conhecer situações ocupacionais para avaliar determinantes de saúde que
permitam aperfeiçoar a atenção integral ao trabalhador, pode agregar valor ao humano
(ESPINDOLA et. al., 2012).
Para Mascarenhas et. al. (2013), a realização da construção de um sistema de saúde exige uma
prática ampliada, juntamente com a inserção de novos saberes e fazeres no âmbito da saúde
coletiva, e em decorrência desse processo vem também o debate sobre “à saúde de quem
produz saúde”, ou seja, a mudança do sistema de saúde e de suas práticas também promove,
de certa forma, uma preocupação com a qualidade do trabalho em saúde.
Para Ribeiro (2012), o processo saúde-doença dinâmico pode estar estruturado e articulado
com os modos de desenvolvimento produtivo. Estando nós interligados a esse processo, sem
restrições: saúde, doença e o trabalho. Por diversos motivos, essa ligação se dá, seja quando
não trabalhamos, seja quando trabalhamos muitos, ou quando realizamos certo tipo de
trabalho que não nos dá prazer ou quando somos obrigados a trabalhar. Os trabalhadores
quando inseridos em processos de produção estão, quase sempre, expostos a uma diversidade
de cargas físicas e emocionais que podem favorecer o desencadeamento de fenômenos
provocadores de estresse e que geram desgaste, trazendo impactos diretos sobre a qualidade
de vida.
Segundo Souza et. al. (2012), são considerados profissionais de saúde, aqueles que estão
diretamente associados à promoção de qualidade de vida para a população, mas, como todo
trabalhador, também sofrem consequências advindas da rotina laboral em sua qualidade de
vida. Para que desenvolvam um trabalho de qualidade, estimulando a comunidade na busca de
melhores condições de saúde, o profissional de saúde precisa de qualidade de vida, já que os
fatores que nela interferem podem comprometer a qualidade do cuidado prestado. A qualidade
de vida de profissionais da área de saúde é um tema que vem despertando crescente interesse
nos últimos anos, tendo em vista a importância dos fatores envolvidos no contexto do trabalho
e sua relação com a qualidade da assistência prestada.
2. História da qualidade de vida do trabalhador
Com o surgimento da revolução industrial e surgimento de novas tecnologias, houve a
migração dos trabalhadores da área rural para as cidades em busca de uma melhor qualidade
de vida e sustento. A qualificação da mão de obra era precária no setor fabril, bem como as
cidades também não tinham suporte para aglomerar grande quantidade de pessoas, o que
acarretava uma vida comprometida e exposta a sujeiras e bactérias, sem lugares adequados
para morarem, pondo em risco assim a saúde de todos que se sujeitavam a essa situação, tendo
em vista que os ambientes de trabalho não ofereciam condições favoráveis capazes de
proporcionar aos trabalhadores uma melhor maneira para execução de suas tarefas. Naquela
época não existia representação de classe, os trabalhadores eram submetidos a grandes
jornadas de trabalho, tendo em vista que o único objetivo da fábrica era o lucro
(RODRIGUES, 2004).
Aproximadamente em 1950, um grupo de pesquisadores desenvolveu estudos relacionados à
qualidade de vida do trabalhador (QVT), ganhando força aproximadamente em 1960. A
preocupação com a valorização da mão de obra e com a QVT tem se tornado um assunto
relevante em todo mundo, tendo em vista que o trabalho tem o poder de garantia de uma
identidade social e um possível crescimento humano, que é importante para o
desenvolvimento e crescimento de toda e qualquer organização, pois sem as pessoas nada
funciona, elas devem ser reconhecidas como diferencial competitivo, capazes de estabelecer
alto grau de conhecimento e inovação. É importante perceber que é ao trabalho que as pessoas
dedicam a maior parte do seu tempo (SCHMIDT & DANTAS, 2006).
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Segundo Chiavenato (2010), qualidade de vida do trabalhador refere-se à preocupação com o
bem-estar e a saúde dos trabalhadores no desempenho de suas tarefas. É importante perceber
que as pessoas dedicam a maior parte de seu tempo ao trabalho e que os possíveis problemas
pessoais dificilmente serão desligados ou separados do seu âmbito de atividades, podendo
assim refletir assim diante dos seus resultados organizacionais. Os reflexos advindos de
problemas podem ser prejudicais tanto para o colaborador, impedindo que este seja
reconhecido por seus resultados e adiando um possível crescimento profissional e pessoal,
quanto para a organização em termo de desenvolvimento e resultados. Como forma de
diminuir esses reflexos as organizações buscam maneiras relacionadas aos conceitos de QVT,
com o propósito de dar suporte aos seus colaboradores para que suas atividades sejam
desempenhadas com mais eficiência.
Os conceitos de QVT abrangem os aspectos físicos, ambientais e psicológicos relacionados ao
local de trabalho, que de um lado os colaboradores devem estar bem e satisfeitos quanto às
atividades exercidas, e do outro a organização interessa-se nos efeitos que o bem-estar e a
satisfação refletem sobre seus resultados. A falta de QVT abre um imenso precedente para o
adoecimento físico, mental e emocional dos trabalhadores, sendo importante a introdução de
políticas que visem à QVT, sensibilizando os empregados e as instituições para o impacto
econômico dos problemas decorrentes da sua falta ou de sua pouca valorização, influenciando
na redução da performace, nos altos índices de absenteísmo, na rotatividade no trabalho, nos
acidentes e, em um contexto geral, no adoecimento do trabalhador (WACHOWICZ, 2007).
Moraes & Kilimnik (1994) compreendem a QVT como “uma resultante direta da combinação
de dimensões básicas de tarefa, capazes de gerar estados psicológicos que, por sua vez,
resultam em motivação e satisfação em diferentes níveis, e em diferentes tipos de atitudes e
condutas”.
3. Instrumentos de avaliação de qualidade de vida e estresse ocupacional
3.1. WHOQOL –Bref
O Questionário WHOQOL-Bref, foi idealizado pela Organização Mundial de Saúde, é
composto por 26 afirmações respondidas em escala Likert. Este questionário abrange os
domínios: físico, psicológico, de relações sociais e ambiental, que resultam em escores que
variam de 0 a 100. Quanto mais próximo de 100, maior é a percepção da qualidade de vida. A
versão para língua portuguesa foi desenvolvida no Centro WHOQOL para o Brasil no
Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, em Porto Alegre (RS), coordenado pelo Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck (MEYER et.
al, 2012).
3.2. Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36)
O SF-36 é um questionário genérico e semiaberto de qualidade de vida, validado
internacionalmente e traduzido no Brasil para a língua portuguesa por Ciconelli et. al. (1999).
Consiste em um questionário multidimensional formado por 36 itens, englobados em 8 escalas
ou domínios, que são: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral da saúde,
vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Apresenta um escore final de
0 (zero) á 100 (obtido por meio de cálculo do Raw Scale), onde o zero corresponde ao pior
estado geral de saúde e o 100 corresponde ao melhor estado de saúde (PARO &
BITTENCOURT, 2013).
3.3. Escala de estresse no trabalho
A Escala de Estresse no Trabalho e seus itens foram analisados e elaborados de acordo com a
percepção sobre os estressores organizacionais de natureza psicossocial e sobre reações
psicológicas ao estresse ocupacional e análise de instrumentos existentes sobre o assunto.
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Nesta escala foi utilizado o protocolo designado como Modelo de Exigência-Controle-Suporte
(De-mand-Control-Support - DCS), com versão resumida da job stress scale adaptada para a
língua portuguesa, apresenta 17 questões que avaliam as dimensões demanda psicológica,
controle (discernimento intelectual e autoridade) e apoio social. As questões de 1 a 5 avaliam
as demandas psicológicas, indicando pouca ou muita demanda. As questões de 6 a 11 estão
relacionadas ao controle (discernimento intelectual e autoridade sobre decisões) e indicam
muito ou pouco discernimento. De 12 a 17, é determinado o apoio social, de maior ou menor
intensidade (MEYER et. al., 2012).
3.4. Modelo teórico para explicar o estresse em gerentes – MTEG
O modelo teórico para explicar o estresse ocupacional em gerentes (MTEG) foi desenvolvido
e validado por Zille (2005). É estruturado em cinco dimensões: fontes de tensão no trabalho
(FTT); fontes de tensão do indivíduo e do papel gerencial (FTIPG); mecanismos de regulação
(MECREGUL); sintomas de estresse (SINTOMAS) e indicadores de impactos na
produtividade (IMPACTOS). De maneira geral, o instrumento utilizado na etapa quantitativa
permite verificar a existência e os níveis de estresse, identificar as principais fontes de tensão
excessivas no trabalho e as estratégias de defesa e combate ao estado de estresse (METZKER
et. al., 2012).
3.6. Escala Visual Analógica - EVA
Escala Visual Analógica (EVA) de zero a dez, com uma questão global para QVT e a versão
validada e adaptada para a língua portuguesa do Maslach Burnout Inventory – Human Service
Survey (MBI-HSS). Consiste em auxiliar na aferição da intensidade da dor no paciente. A
EVA é de fácil e rápida aplicação. Tem fácil entendimento pelo indivíduo, sendo uma forma
adequada para estimar a intensidade da dor presente (OLIVEIRA, 2013).
4. Metodologia
Baseado nas informações citadas sobre a saúde do trabalhador da área de saúde, este trabalho
teve como objetivo identificar a correlação do estresse ocupacional com a qualidade de vida
de profissionais da área de saúde, desde sua formação até sua atuação profissional e docente.
Tendo em vista que a qualidade de vida de profissionais de saúde é um assunto de grande
importância, pois se trata da qualidade de vida dos promotores de saúde, este trabalho foi
realizado através da procura de artigos científicos relacionados à qualidade de vida de
profissionais de saúde e o impacto do estresse sobre ela. A pesquisa foi no período de abril de
2014 a maio de 2015. As referências foram pesquisadas em bancos de dados como Scielo,
Bireme, Medline, Pubmed, através dos seguintes descritores: trabalhador da saúde, estresse
ocupacional e qualidade de vida do trabalhador. Foram selecionadas referências do ano de
1998 a 2015 referentes ao tema. O este trabalho foi divido em duas fases: levantamento
teórico sobre qualidade de vida do trabalhador; estresse ocupacional e principais ferramentas
de análise de qualidade de vida (fase 1) e a discussão dos resultados encontrados nos artigos
selecionados, sobre QVT e a correlação com o estresse ocupacional (fase 2). Foram incluídos
no trabalho artigos que faziam referência à qualidade de vida do trabalhador de saúde e
estresse ocupacional. Foram excluídos do trabalho os artigos que não havia correlação com a
qualidade de vida do trabalhador. Durante a realização desse trabalho, foi levado em
consideração se além da presença do estresse, havia outros fatores que possam contribuir para
uma percepção negativa de qualidade de vida.
5. Resultados e discussão A preocupação com o estresse está presente no dia a dia, pois este pode causar alterações
fisiológicas, como doenças cardiovasculares e desequilíbrio na atuação do sistema nervoso. O
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estresse, termo derivado do latim com conotação de adversidade, aflição, força, pressão ou
esforço, pode ser considerado um estado de tensão que causa uma ruptura no equilíbrio
interno do organismo (CAMELO & ANGERAMI, 2004).
Em média, 90% da população mundial é afetada pelo estresse. No Brasil, 30% da população
economicamente ativa já atingiu algum estado de estresse causado por pressão excessiva. Este
percentual de profissionais com um conjunto de perturbações orgânicas e psíquicas (estresse)
fica atrás somente do Japão (70%) e ultrapassa os Estados Unidos (20%), sendo que este
estado está associado ao desenvolvimento de doenças que afetam a vida de milhões de
pessoas no mundo todo (BATISTA & BIANCHI, 2006). Entre 70% e 80% de todas as
doenças, tais como cardíacas, alguns tipos de câncer, infertilidade feminina, úlceras, insônia e
hipertensão, estão relacionadas ao desenvolvimento do estresse. Paralelamente, fatores como
excesso de peso, sedentarismo, alto consumo de bebidas alcoólicas e ingestão excessiva de
sódio têm sido apontados como predisponentes a estes tipos de doenças estressoras
(MALAGRIS & FIORITO, 2006).
Os profissionais da saúde parecem estar mais predispostos a serem afetados e expostos
frequentemente a situações estressantes. Isto se deve principalmente à herança genética de
cada pessoa, à carga horária de trabalho exaustiva, ao não reconhecimento da profissão, à
cobrança excessiva do paciente, de familiares e do próprio profissional. Porém, o estresse não
é a causa direta de dores musculares, pressão arterial alta, fadiga, taquicardia, ansiedade e
angústia. Apenas propicia o desencadeamento destas doenças, para as quais a pessoa já tinha
predisposição (CAMELO & ANGERAMI, 2004).
Para Asaiag et. al. (2010), o estresse profissional, também denominado burnout, é considerado
uma doença ocupacional que se apresenta com despersonalização, exaustão emocional e baixa
realização pessoal que afetam o desempenho profissional. Atualmente, observa-se que os
profissionais de saúde têm suportado uma carga de trabalho cada vez mais extenuante, com
mais fatores que favorecem o desencadeamento do estresse, levando a um comprometimento
de sua qualidade de vida.
A exaustão emocional está relacionada à redução dos recursos emocionais internos, causada
por demandas interpessoais. A despersonalização reflete o desenvolvimento de atitudes frias,
negativas e insensíveis direcionadas aos receptores de um serviço prestado. A sensação de
baixa realização profissional evidencia que pessoas que sofrem com estresse ocupacional
tendem a acreditar que seus objetivos profissionais não foram atingidos e vivenciam uma
sensação de insuficiência e baixa autoestima profissional (PEREREIRA, 2002).
A preocupação com o estresse e a relação com a qualidade de vida é vista tanto em indivíduos
que estão no período de formação como profissionais, durante sua fase de atuação como
profissional formado, e até mesmo como docente na área de saúde.
Santos et. al., (2014) em seu estudo transversal analítico teve com objetivo determinar a
relação entre percepção do nível de qualidade de vida (QV) com estresse e trabalho entre
estudantes de fisioterapia. As coleta dos dados foi feita através do WHOQOL-Bref, Inventário
de Sintomas de Stressde Lipp, protocolo de avaliação de atividade física preconizada pela
Organização Mundial de Saúde e pelo Ministério da Saúde do Brasil, Critério de Classificação
Econômica Brasil e Questionário demográfico-socioeconômico, condições laborais e
discentes. Para análise foi considerada variável dependente, a percepção do nível de qualidade
de vida, avaliada pelo WHOQOL-bref e variável independente foram classificadas em
individuais (demográficas e socioeconômicas); condições de saúde, discentes e de trabalho. A
pesquisa foi desenvolvida com 310 estudantes que estavam matriculados primeiro semestre
letivo de 2013 no curso de graduação de fisioterapia. Foram excluídos 10 protocolos de
pesquisa respondidos por apresentarem respostas incoerentes ou incompletas.
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Foram identificados altos níveis de percepção de qualidade de vida (WHOQOL-Bref), perante
a avaliação da qualidade de vida geral e nos domínios físicos (64,7%), psicológico (81,7%),
social (84,0%) e ambiental (73,0%).
De acordo com achados sobre as variáveis independentes que se relacionam com a percepção
negativa de qualidade vida e foram incluídas nas análises de regressão logística múltipla,
observa-se que 7,0% apresentaram sinais de estresse na fase alerta; 45,0% na fase de
resistência e 12,0% na fase de exaustão. Da amostra, 10,7% têm filho; 67,0% (n=201)
estudam no turno noturno; 50,0% trabalham.
Os indivíduos estudados que apresentaram sinais de estresse nas fases de resistência e
exaustão obtiveram baixa percepção de qualidade de vida no domínio físico, quando
comparado àqueles que não apresentaram sinais de estresse; maior chance de baixa percepção
no nível de qualidade de vida entre estudantes com sinais de estresse na fase de resistência
quando comparados aos estudantes sem sinais de estresse nesta fase; Maior chance de baixa
percepção no nível de qualidade de vida no domínio psicológico em estudantes que têm filho
quando comprados com aqueles que não têm. Maior chance de baixa percepção de qualidade
de vida no domínio ambiental entre estudantes que trabalhavam quando comprados aos que
não trabalhavam; e maior chance entre estudantes com sinais de estresse nas fases de alerta e
resistência quando comparados aos estudantes sem sinais de estresse nestas fases.
“O domínio físico da qualidade de vida compreende aspectos como energia e
fadiga, dor e desconforto, sono e repouso. Acredita-se que sua relação à fase
de resistência de estresse possa ser justificada pela grande quantidade de
energia despendida na elaboração de estratégias de enfrentamento dos
agentes estressores, de forma a evitar maior enfraquecimento físico e
posterior desenvolvimento de doenças. Nesta fase, predominam indicadores
de estresse de natureza física e a pessoa pode desenvolver quadros de
cefaleia, tensão muscular e desgaste físico constante dentre outros (SANTOS
et. al., 2014:871).”
Paro & Bittencourt (2013), realizou uma pesquisa com intuito de avaliar e comparar a
qualidade de vida (QV) de graduandos da área da saúde. O estudo foi feito de modo
exploratório transversal, com abordagem quanti-qualitativa, e todos os estudantes dos cursos
de graduação (enfermagem, farmácia, fonoaudiologia e medicina) foram convidados a
participar de forma voluntária. A qualidade de vida foi analisada através do questionário
genérico Medical Outcomes Study 36-item Short-Form Health Survey (SF-36), versão já
traduzida e validada para a língua portuguesa, composto de 36 questões. A análise dos dados
foi realizada conforme normas do próprio instrumento, com escores de 0 a 100 para cada uma
das oito dimensões avaliadas: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de
saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Além do questionário
de qualidade de vida, foi feita uma pergunta aberta relacionada à percepção do aluno sobre a
influência da universidade em sua qualidade de vida. De acordo com os resultados, o domínio
com maior escore foi o relacionado à capacidade funcional, entretanto o pior domínio está
relacionado com a vitalidade. Dos cursos analisados, o de farmácia foi o curso que obteve o
pior índice de qualidade de vida nas séries iniciais do curso, melhorando com avanço do
curso. Já os demais cursos obtiveram o resultados inverso, o piores resultados de qualidade de
vida estavam nos anos finais e melhor resultado nas séries iniciais, sendo que este resultado
pode ser em virtude ao aumento das atividades no fim do curso. A redução do tempo para
lazer e o cansaço são citados como os principais fatores qualitativos que influenciam na
qualidade de vida e corroboram os achados do SF-36, com relação ao domínio vitalidade.
No estudo realizado por Meyer et. al. (2012), que teve como objetivo analisar a qualidade de
vida e o estresse ocupacional em estudantes de Medicina matriculados no último ano de
internato médico, foi desenvolvida uma pesquisa com uma amostra por conveniência de 302
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estudantes, sendo 55,6% do gênero masculino e 44,4% do gênero feminino, com média de
idade de 25,3 ± 2,4 anos. A pesquisa foi realizada através de um questionário previamente
validado e se dividiu em cinco partes: Informações particulares, com também
sociodemográficas; Questionamento relacionados a prática de atividade física; características
do internado; Qualidade de vida, através do WHOQOL (abreviado), que abrange os domínios
físico (sete questões), psicológico (seis questões), social (três questões) e ambiental (oito
questões), resultando em escores que variam de 0 a 100, sendo que, quanto mais próximo de
100, melhor a qualidade de vida; e a escala de estresse no trabalho.
Perante os resultados, observou-se que a pontuação média da qualidade de vida foi maior que
a pontuação média do estresse ocupacional. As mulheres (80%) obtiveram escores altos
(80,7%) no domínio social da qualidade de vida. Os homens apresentaram um nível maior
(43,7%) na análise de estresse ocupacional, porém não houve diferença significativa nos
escores de qualidade de vida e estresse ocupacional entre os sexos. Os estudantes
apresentaram uma boa qualidade de vida. No entanto, são submetidos a alto nível de estresse.
Arronqui e seus colaboradores (2011) tinham como objetivo Conhecer a percepção de
graduandos de Enfermagem sobre sua qualidade de vida. Para isso foi realizado um estudo
descritivo, com desenho transversal e abordagem quantitativa com acadêmicos de
enfermagem. Dos 345 acadêmicos, apenas 178 aceitaram participar voluntariamente da
pesquisa. A análise da qualidade de vida foi realizada através do WHOQOL-bref. Os dados
coletados foram colocados em uma planilha de dados do programa Excel for Windows XP e
após isso foi feita a análise estatística com auxílio do programa Statistical Package for the
Social Sciences for Windows , em sua versão 17.0. Foram aplicados os testes de normalidade
de Kolmogorov-Smirnov e o t de Students para amostras não pareadas com nível de confiança
em 95%.
Os acadêmicos do curso de enfermagem que participaram da pesquisa consideraram sua
qualidade de vida boa e estavam satisfeitos com sua saúde. Nos resultados obtidos nos escores
do questionário de qualidade de vida, observou-se que o domínio relações sociais obteve
maior resultados que o domínio físico. Ao relacionar os alunos por série obteve-se que os
alunos da primeira série, demonstraram qualidade de vida inferior aos alunos da segunda
série, em todos os domínios. Já os alunos da segunda série obteve escore maior do que os da
terceira série no domínio físico e em relação maior a quarta série obteve maior escore no
domínio meio ambiente.
De forma geral, foi atribuído um escore médio aos domínios, no qual foi observado que o
maior escore era do domínio social e o pior escore estava relacionado ao domínio físico. A
pontuação do escore do domínio social deve-se pelo fortalecimento das relações pessoais e do
suporte social. Já o escore mínimo percebido no domínio físico, pode ser resultado da carga
horária do curso, exigências extracurriculares, esforços físicos na atuação prática, atividades
da vida cotidiana, o estresse e ansiedade.
Ursine et. al., (2010) preocupou-se intimamente com a saúde do agente comunitário de saúde
e realizou um estudo descritivo, transversal e com abordagem quantitativa, com objetivo de
investigar as condições de trabalho e a qualidade de vida dos Agentes Comunitários de Saúde
(ACS) que atuam na região sul do município de Londrina. Foram selecionados 73 agentes
comunitários de saúde através de critério de aceitação voluntária. Para a coleta de dados foram
utilizados questionários, sendo um de qualidade de vida (WHOQOL-Bref); outro questionário
para caracterização do perfil desses trabalhadores, abordando questionamento sobre condições
sociodemográficas, de saúde e de trabalho; e questionamentos com perguntas fechadas e
abertas sobre a prática de exercício físico. De acordo com a pesquisa, entre os agentes
comunitários de saúde, o gênero feminino era prevalente (63 mulheres – 86,3%), observou-se
uma média de idade de 33,5 ±9,2 anos, a escolaridade preeminente era o ensino médio, sendo
a maioria casados. Consoante o questionário, verificou-se positivas as condições gerais de
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qualidade de vida, assim como os domínios: físico, psicológico, relações sociais. No entanto,
o domínio meio ambiente obteve um menor escore, sendo esse resultado interligado as
condições de trabalho dos agentes comunitários de saúde.
Mascarenhas e seus colaboradores (2013) realizaram um estudo transversal com a finalidade
de analisar a associação dos fatores ocupacionais, sociodemográficos, comportamentos de
risco e de saúde com o comprometimento da qualidade de vida dos agentes comunitários de
saúde do município de Jequiê na Bahia. Antes de realizar a pesquisa foi feito um estudo piloto
com 14 agentes comunitários de saúde da circunscrição vizinha para adaptação dos
questionários aplicados.
O estudo foi realizado com 316 indivíduos que aceitaram, de forma voluntária, participar da
pesquisa. Foi utilizado um questionário com perguntas divididas em bloco, sendo blocos
relacionados a questões sociodemográficas, variáveis ocupacionais, comportamentos de risco,
variáveis relacionadas à saúde e a qualidade de vida, sendo o ultimo item avalizado através do
WHOQOL-Berf. Dos agentes comunitários de saúde avaliados, a maioria (84,5) era do sexo
feminino, com média de idade de 39,02 ± 9,19 anos. Entre os entrevistados, predominava a
existência de união estável (69,0%), era prevalente entre os ACS o nível médio completo ou
incompleto (79,1%) e média de renda familiar mensal de 1.358,40 ± 915,88 reais.
Dos avaliados, 29,1% pertenciam ao grupo de baixa exigência ocupacional, em seguida,
encontrávamos o grupo de alta exigência (27,8%). Com relação ao comportamento de risco
83,5% dos indivíduos não eram tabagista, 61,4% não consumiam nenhum tipo de bebida
alcoólica e 62,3% praticavam atividade física. Dos entrevistados 84,8% apresentam dores
musculoesqueléticas e apresentaram satisfação negativa (58,9%) com sua própria saúde. Nos
domínios de qualidade de vida observou-se a média de escores, sendo que o mais alto está
associada às relações sociais (76,90), psicológico (74,33), físico (64,04) e meio ambiente
(47,45).
As variáveis foram associadas aos domínios: o domínio físico tinha associação predominante
as variáveis: sexo, idade, dor e satisfação com saúde; o domínio psicológico associava-se com
escolaridade, aspectos psciossociais, tabagismo, dor e satisfação com a saúde; no domínio
relações sociais foi relacionado com o sexo, situação conjugal, escolaridade, aspectos
psicossociais e satisfação com a saúde; já no domínio meio ambiente observa-se a relação
com sexo, renda familiar, local de trabalho, aspectos psicossociais e satisfação com a saúde.
Assim como no trabalho de Ursine et. al., (2010), nesse realizado por Mascarenas e
colaboradores (2013), observou-se o menor escore relacionado ao domínio meio ambiente. De
acordo com os achados relacionados às variáveis estudadas, o que pode ter colaborado para o
resultado do domínio esta relacionado à dupla jornada, com elevada carga de tarefas
ocupacionais. A suscetibilidade a violência urbana também pode influência no resultado,
tendo em vista que o trabalho dos ACS é feito na comunidade através de visitas domiciliares.
a baixa renda familiar é um dos itens mais importante para o resultado desse domínio, pelo
fato da renda não suprir necessidade básica para viver em sociedade como lazer, informação,
entre outras, que influenciam na qualidade de vida.
Nunes & Freire (2006) realizaram uma pesquisa observacional transversal com a intenção de
interar-se sobre a qualidade de vida e fatores associados entre os cirurgiões-dentistas de
serviço público municipal. A amostra consistiu em 290 cirurgiões-dentistas do quadro
permanente da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. Para Análise de qualidade de vida,
foi utilizado o questionário WHOQOL-Bref e os dados encontrados foram analisados
utilizando-se o programa SPSS 10. Para fazer a relação entre os domínios encontrados no
questionário de qualidade de vida (variáveis dependentes) e as demais variáveis investigadas
(variáveis independentes) foi realizada análise de regressão logística, sendo realizada em cada
domínio e cada variável independente para verificar se havia associação entre elas. Os
resultados encontrados mostra que o tempo de conclusão de curso era em média 16,8 anos e
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60,4% tinha curso de pós graduação. Trabalhavam na média de 7,9 horas por dia e 69,1%
eram funcionários do serviço público e privado, com média de 12,1 anos de serviço público,
exercendo com prevalência as atividades clínicas (85,2%). Suas qualidade de vida, de forma
geral, obteve um bom resultado (73,8%), obtendo também bom resultado na auto-percepção
de estado de saúde (67,8%). Apesar de bons resultados sobre a condição de vida, 73,9%
mencionaram que condição ou problema de saúde, sendo os principais relacionados à:
problemas de coluna (17,8%), hipertensão (8,9%) e alergias (7,3%). De acordo com o
questionário de qualidade de vida, a maioria dos cirurgiões-dentistas apresentaram redução da
qualidade de vida nos domínios físico (51,0%) e psicológico (52,3%) e alta nos domínios
relações sociais (50,3%) e meio ambiente (59,1%). Através da análise de regressão logística
múltipla, a satisfação com saúde e o relato de problemas com saúde estão associados ao
domínio físico e a auto-avaliação de qualidade de vida associados, tanto com o domínio,
quanto com o psicológico e meio ambiente. Tais relatos relacionam-se com a rotina desses
profissionais, ou seja, a idade, dupla jornada, o deslocamento de um trabalho no serviço
público para o privado, entre outros. Apenas 36,2% afirmaram trabalhar mais de 9 horas por
dia e apesar de não ser a maioria dos profissionais participantes da pesquisa, deve-se levar em
conta que a sobrecarga de trabalho é considerada um fator que pode interferir na percepção da
qualidade de vida.
Neto & Abrahão (2014) realizaram um estudo quantitativo, de caráter exploratório, descritivo
e indutivo, com objetivo de analisar a qualidade de vida do professor na área de saúde, no
ensino superior do sul do Espírito Santo e comparar a qualidade de vida com professores de
outras áreas. Foram entrevistados 50 professores, sendo 25 professores da área da saúde
oriundos dos cursos educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia e nutrição. Os outros
25 participantes, considerados amostra controle, eram oriundos dos cursos de administração,
direito, história, pedagogia e sistemas de Informação. Para realizar a pesquisa sobre qualidade
de vida foi utilizado o questionário SF-36. De acordo com os resultados, tanto no grupo de
docentes da saúde quanto no grupo controle o número de mulheres era maior, totalizando um
percentual de 68% de mulheres e 32% de homens. Com relação à idade e ao tempo de atuação
profissional o ensino superior, foi observado que os professores apresentam uma média
congênere, sendo a média dos docentes da área de saúde (33,92 ± 6,05) e grupo controle
(35,96 ± 6,57). O tempo de profissão na docência é maior para os profissionais do grupo
controle (9,16 ± 5,72) e menor no grupo de docentes da área da saúde (5,82 ± 3,38).
Na análise da qualidade de vida, somente nos domínios 3 (dor) e 4 (estado geral de saúde)
obtiveram resultados significativos, mantendo correlação com a idade e tempo de atuação
como professor de ensino superior. Os resultados obtidos são significativos e podem estar
associados a carga horária maior, ou tempo de serviço prolongado. O estado geral de saúde
pode ser identificado com um domínio positivo para os docentes de saúde com relação a sua
qualidade de vida, tendo em vista que eles visualizam essa condição de modo mais técnico.
No entanto, os pesquisadores concluíram que tanto os doentes da área de saúde, quanto os
participantes do grupo controle necessitam de atenção igualitária, relacionados à qualidade de
vida, sugerindo a implementação de um programa de qualidade de vida nas instituições de
ensino superior.
O estudo descritivo, exploratório, transversal e quantitativo realizado por Almeida e
colaboradores (2013), teve o intuito de avalia à qualidade de vida relacionada à saúde dos
profissionais de enfermagem que trabalhavam no centro cirúrgico. Para realizar a pesquisa foi
utilizado instrumento de avaliação - SF 36, validado para a língua portuguesa. A amostra da
pesquisa foi composta por 14 técnicos de enfermagem, com sexo feminino predominante
(70,58%), casado/união estável (58,82%), com 3 ou mais filhos (41,17%) e com renda mensal
pessoal maior que 4 salários mínimos (52,94%). Em uma perspectiva geral, os trabalhadores
de enfermagem apresentam uma percepção positiva de qualidade de vida. De acordo com os
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escores obtidos através dos domínios do questionário SF-36, os domínios “aspectos físicos”
(escore médio: 61,8 pontos); “aspectos emocionais” (escore médio: 62,74 pontos) e domínio
“dor” escore médio: 63,24 pontos) são os domínios que apresentaram pontuações negativas
com relação a percepção do estado de saúde. Enquanto que os domínios - capacidade
funcional, saúde mental, estado geral de saúde, vitalidade e aspectos sociais obtiveram uma
maior percepção positiva do estrado de saúde.
Schmidti et. al. (2013) buscou avaliar a qualidade de vida no trabalho e a presença da
Síndrome de Burnout entre profissionais de enfermagem de Unidade de Terapia Intensiva,
através de um estudo descritivo, correlacional, de corte transversal. A amostra foi composta
por 53 trabalhadores de enfermagem, sendo auxiliares de enfermagem (52,8%); técnico de
enfermagem (30,2%) e enfermeiro (17,0%) com predomínio do sexo feminino (66,0%). A
análise da qualidade de vida no trabalho foi realizada através da Escala Visual Analógica, com
variância de intervalo de 0 a 100. Durante a Análise obteve-se média de 71,1 (D.P.=15,5) e
mediana 73 para os 49 profissionais de enfermagem que responderam a essa questão,
resultando em satisfação com a qualidade de vida no trabalho. Contudo, estatisticamente os
resultados relacionados à qualidade de vida no trabalho associados às variáveis
sociodemográficas avaliadas não apresentaram grande significância nos resultados
encontrados.
Foi observado na pesquisa de qualidade de vida do trabalho que a população pesquisada
apresentou grande satisfação no trabalho, não obstante, o ambiente no qual esses
trabalhadores prestam assistência é considerado um lugar onde pode levar a insatisfação de
comprometimento da qualidade de vida, tendo em vista que a unidade de terapia intensiva é
um ambiemte que proporciona contato contínuo com o sofrimento e morte, uso abundante de
tecnologias sofisticadas e a complexidade do cuidado, entre outros.
A pesquisa de Fogaça e seus colaboradores (2010) tiveram como objetivo, comparar a
qualidade de vida (QV) de médicos e enfermeiros que trabalham em UTI pediátrica (PED) e
neonatal (NEO) e, também, avaliar se há diferença entre a QV na mesma categoria
profissional, mas diferindo de acordo com a unidade de trabalho. Foram avaliados 25 médicos
e 10 enfermeiros da UTI pediátrica e 12 médicos e 10 enfermeiros da UTI neonatal. A
avaliação de qualidade de vida foi feita através do questionário WHOQOL-100, validado para
a língua portuguesa. Após a aplicação do instrumento de qualidade de vida, foi realizada a
comparação entre as duas unidades de terapia intensiva e categoria profissional (médicos e
enfermeiros), por meio do teste Mann-Whitney U.
A quantidade de médicos (76 %) e enfermeiros (95%) do gênero feminino foi predominante.
Ao realizar a comparação entre os dois grupos de enfermeiros, observa-se que foram
encontrados escores maiores nos domínios: físico (13,8 e 12,8), psicológico (14,5 e 14,2),
relação social (15,8 e 14,8), meio ambiente (13,4 e 12,7) e aspectos
espirituais/religiosidade/crenças pessoais (16,5 e 16,0) em enfermeiros que trabalham na UTI
neonatal. No entanto, essa diferença estatística não apresenta valores significantes na
diferença em ambos os grupos. Ao comparar a classe médica e de enfermeiros que trabalham
na UTI pediátrica, encontrou-se variação significativa no domínio meio ambiente e na
comparação das classes profissionais (médicos e enfermeiros) na UTI neonatal, encontrou-se
diferença estatística significante nos aspectos espirituais, religiosidade e crenças pessoais.
Metzker e seus colaboradores (2012), através de um estudo descritivo, buscaram investigar os
aspectos relacionados ao estresse no trabalho de fisioterapeutas de um hospital filantrópico de
Belo Horizonte-MG. A amostra consistiu em 38 fisioterapeutas e a análise de dados foi
realizada. Os dados foram coletados em duas etapas: etapa quantitativa - aplicação de
questionário pesquisa adaptado do MTEG (modelo teórico para explicar o estresse em
gerentes) e etapa qualitativa, com entrevistas semiestruturadas com cerca de 30% dos
respondentes do questionário. Após a coleta do dados, houve a tabulação e pode concluir que
11
a presença de estresse ocupacional era evidente, 76,3% dos indivíduos pesquisados
apresentaram quadro de estresse ocupacional, sendo 60,5% com estresse leve a moderado e
15,8% com estresse intenso. Foram identificados os principais sintomas do estresse: dor
muscular no pescoço e ombros, ansiedade e fadiga. Fatores identificados como estressantes
considerados fontes de tensão excessiva vivenciadas no trabalho foram a necessidade
constante de acertos nas atividades realizadas; a realização de diversas atividades
simultaneamente; e a divisão da autonomia com outro profissional de saúde.
5. Conclusão
De modo geral, durante a análise dos artigos sobre qualidade de vida e estresse ocupacional,
observou-se que a prevalência do gênero feminino é maior, a percepção da qualidade de vida
é boa, porém, fatores econômicos, a dupla jornada (mais de um trabalho associadas a
atividades domésticas) e o trabalho noturno podem influenciar em uma futura percepção
negativa de qualidade de vida. Durante o estudado realizado por Fogaça et. al., (2010),
evidenciou-se que daqueles participantes que apresentavam comprometimento na qualidade
de vida, estes também tinham características que sinalizavam para a presença de estresse
ocupacional. Corroborando a afirmativa que o estresse laboral é um importante fator para uma
percepção de qualidade de vida inadequada.
Durante a busca sobre trabalhos científicos referentes ao assunto, observou a escassez de
estudo sobre qualidade de vida em algumas profissões da área da saúde. Considera-se a
qualidade de vida no trabalho uma temática importante para todos os profissionais que
trabalham na área de saúde. Tendo em vista que se o profissional encontra-se satisfeito com
sua saúde e seu bem estar, também irá ofertar aos seus pacientes um serviço pleno.
São necessários mais estudos relacionados à qualidade de vida em profissionais da
fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, dentista, assistentes sociais para que possamos
identificar e conhecer os fatores e a repercussão do estresse ocupacional na qualidade de vida
desses profissionais.
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