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AGRICULTURA FAMILIAR, PLURIATIVIDADE E TURISMO RURAL NO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Lucas Passos Trindade Núcleo de Estudos de Geografia Fluminense
Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ
Phelipe Zaché Gonçalves Núcleo de Estudos de Geografia Fluminense
Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ
Glaucio José Marafon Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ
Resumo A agricultura familiar se afirma como uma categoria expressiva no meio rural brasileiro, que com sua busca por reprodução e sobrevivência tem apresentado características como trabalho em tempo parcial, em face de diminuição da jornada de trabalho favorecida pela incorporação de tecnologias de produção, e a liberação de membros da família para exercerem outras atividades, agrícolas e não agrícolas, complementando a renda familiar, fenômeno esse denominado de pluriatividade. Posto isto, o objetivo dessa pesquisa é o de apresentar algumas características sobre as abordagens da produção familiar e suas estratégias de sobrevivência, seja através de empregos agrícolas ou não agrícolas, e o papel que o turismo rural vem desempenhando nesse processo. Nossa reflexão está centrada no território fluminense, como resultado de nossas investigações sobre as transformações que ocorrem no espaço rural. Palavras-chave: Agricultura familiar. Turismo rural. Pluriatividade. Território fluminense. Espaço rural. Introdução
A análise da produção familiar enseja umdebate teórico e pode ser sintetizada em
duasposições: uma que centra a análise na categoria“agricultura familiar” derivada,
sobretudo, doestudo elaborado conjuntamente pela FAO/Incra(1994) e que passou a
orientar as políticas dedesenvolvimento rural; e outra fundamentada naatualidade e
eficácia do conceito de campesinatopara a análise da produção em bases familiar
noBrasil, e que tem, na luta pelo acesso à terra, oeixo fundamental de análise.
Estabeleceu-seassim um profícuo debate sobre a produção embases familiar e suas
estratégias de sobrevivênciano território brasileiro.
Destarte, o objetivo desse artigo é o deapresentar algumas características sobre
asabordagens da produção familiar e suas estratégiasde sobrevivência, seja através de
empregosagrícolas ou não agrícolas, e o papel que o turismorural vem desempenhando
nesse processo. Nossareflexão está centrada a partir do territóriofluminense (Mapa 1),
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resultado de nossasinvestigações sobre as transformações que estãoocorrendo em seu
espaço rural.
Isto posto, para dar conta do objetivoproposto, o trabalho encontra-se dividido em
quatropartes. A primeira tem por preocupação elaboraruma reflexão a respeito do debate
sobre aprodução familiar, remontando a autores clássicose as contribuições atuais. A
segunda preocupa-seem analisar a pluriatividade como estratégia desobrevivência no
meio rural, na qual oscomponentes de uma unidade familiar executamdiversas
atividades com o objetivo de obter umaremuneração pelas mesmas. A terceira
fundamenta-se no desenvolvimento de atividadesturísticas, mais precisamente, o
turismo rural,como possibilidade de complementação de rendapara as unidades
familiares de produção. Por fim,a quarta parte trata de associar a agriculturafamiliar, a
pluriatividade e o turismo rural aorecorte espacial escolhido por nós, o
territóriofluminense.
O debate sobre a produção familiar
Existe consenso que a produção familiar se caracteriza pelo trabalho familiar na
exploração agropecuária e pela propriedade dos meios de produção. Para Wanderley
(1999), a agricultura familiar se constitui na atualidade em um conceito genérico, que
incorpora uma diversidade de situações específicas e particulares e nas quais o
campesinato corresponde a uma dessas formas particulares da agricultura familiar.
A concepção que prioriza a agricultura familiar como unidade de análise centra-se nos
estudos da FAO/INCRA (1994), que divide a exploração agrícola em modelo patronal e
familiar, e do estabelecimento do Programa Nacional de Produção Familiar – PRONAF.
Assim, a agricultura de propriedade familiar é caracterizada por estabelecimentos em
que a gestão e o trabalho estão intimamente ligados, ou seja, os meios de produção
pertencem à família e o trabalho é exercido por esses mesmos proprietários em uma área
relativamente pequena ou média. Dessa forma, segundo a classificação da FAO/
INCRA (2000) e Molina Filho (1979), os agricultores familiares estariam classificados
em três eixos: consolidados, em transição e periféricos ou de subsistência.
Os dois primeiros são produtores com maiores desenvolturas no mercado, onde a busca
por assistência técnica e crédito ocorrem com maior frequência. Neste caso, o uso de
média/alta tecnologia (máquinas, insumos, defensivos etc) é inevitável, sendo
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considerada uma agricultura dinâmica e de trabalhadores “qualificados” de acordo com
o padrão capitalista. Esses agricultores também obtêm bons rendimentos de
produtividade e lucro, sendo os modelos mais próximos de uma empresa rural familiar,
contudo, inseridos em todos os padrões de agricultura familiar seguido pelo PRONAF.
O terceiro grupo, de agricultores periféricos ou de subsistência, é aquele onde a
utilização do crédito é praticamente nula, sendo propriedades de baixa tecnologia e
produtividade. Ressaltamos assim que este modelo de agricultor é o que mais se
aproxima do camponês tradicional, visto que não mantém uma “dependência externa” e
utiliza métodos tradicionais, com sua produção voltada para satisfazer as necessidades
da família. A luta pela terra também é uma preocupação constante desse produtor rural,
que sobrevivendo muitas vezes como trabalhador sem-terra, é obrigado a ocupar as
terras pertencentes ao outro extremo da sociedade rural, o latifúndio.
Para compreender a problemática que envolve a questão da luta pela terra no século
XX, devemos considerar que durante os anos de 60-80 predominou no Brasil um
modelo de desenvolvimento econômico baseado na substituição de importações, no qual
o objetivo era desenvolver a indústria e eliminar as relações “arcaicas” da agricultura.
Esse processo ficou conhecido como “modernização da agricultura” e nele ocorreram
modificações significativas na forma de produzir. Estas transformações, sobretudo as
ligadas à alteração da base técnica de produção, estão inseridas em um movimento de
mudanças significativas em nível econômico e territorial(MARAFON, 1998).
A corrente que centra sua análise na concepção da existência do campesinato tem em
Fernandes (2002) um defensor, que em seu trabalho Agricultura Camponesa e/ou
Agricultura Familiar resgata o conceito de camponês e explica que o uso do conceito de
agriculturafamiliar muitas vezes é supérfluo e de grande força teórico-política, e
argumenta:
Em uma leitura atenta dos trabalhos acadêmicos, pode-se observar que os
pesquisadores, que utilizam o conceito de agricultura familiar com consistência teórica,
não usam o conceito de camponês. Já os pesquisadores que usam o conceito de
camponês, podem chamá-los de agricultores familiares, não como conceito, mas como
condição de organização do trabalho. Da mesma forma, ao se trabalhar com o conceito
de camponês, pode-se utilizar as palavras: pequeno produtor e pequeno agricultor.
Todavia, como existem muitos trabalhos que utilizam essas palavras como equivalentes
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do conceito de agricultura familiar, é necessário demarcar bem o território teórico,e
acrescenta que:
A organização do trabalho familiar no campo existe desde os primórdios da história da
humanidade. Em seu processo de formação, a organização do trabalho camponês
realizou-se em diferentes tipos de sociedade: escravista, feudal, capitalista e socialista.
No capitalismo, a sua destruição não se efetivou conforme prognosticado, porque sua
recriação acontece na produção capitalista das relações não capitalistas de produção e
por meio da luta pela terra e pela reforma agrária. Assim, na não realização da
destruição efetiva do camponês, tenta-se refutar o conceito.
Em suas obras, Fernandes (2002) demonstra que a figura do camponês caminhou por
alguns sistemas de organização da vida social e sobrevive até os dias de hoje – com
relações capitalistas e não-capitalistas de produção – principalmente dentro dos
movimentos sociais, como é o caso do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra. O autor opõe-se assim à idéia de que os agricultores familiares representam
o novo, o moderno e o progresso; e os camponeses, o velho, o arcaico e o atrasado.
Para Wanderley (1999), a agricultura familiar é um conceito genérico, que inclui uma
diversidade de situações específicas e particulares; ao campesinato corresponde uma
dessas formas particulares da agricultura familiar, que se constitui enquanto um modo
específico de produzir e de viver em sociedade.
Apesar da grande complexidade na elaboração do conceito, algumas características
devem basear a análise e definição da chamadaagriculturafamiliar.
AssimcomoHespanhol (2000) destaca a terra, o trabalho e a família como fatores
fundamentais para sua definição, Abramovay (1997) afirma que
A agriculturafamiliar é aquela emque a gestão, a propriedade e a maiorparte do trabalho vêm de indivíduosque mantêm entresilaços de sangueou de casamento. Que esta definiçãonão seja unânime e muitas vezestampoucooperacional é perfeitamentecompreensível, jáque os diferentessetoressociais e suasrepresentações constroem categorias científicas que servirão a certasfinalidadespráticas: a definição de agriculturafamiliar, parafins de atribuição de crédito, pode nãoserexatamente a mesma daquela estabelecida comfinalidades de quantificação estatística num estudoacadêmico. O importante é queestestrêsatributosbásicos (gestão, propriedade e trabalhofamiliares) estão presentesem todas elas (Abramovay, 1997, p.3).
O conceito de agricultura familiar oupelomenosaquiloqueassim é considerado nas
políticas públicas foi construído politicamente. Esta construção visou
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englobarinteresses, entreeles, a melhoria das condições dos trabalhadores do campoque,
incluídos nesta categoria, teriam a real possibilidade de tentar financiamento
paraproduçãoouaumento de produtividade.
O camponão pode maisservistocomosinônimo de áreaondesão desempenhadas
atividadesagrícolas, apesar destas manterem grandeimportância na suadinâmica. Porém,
a diversidade de atividades desenvolvidas e de condiçõessociais, culturais e políticas
deste espaço contribuem paraaumentar a complexidade de seufuncionamento, não
representando uma áreaapenas de produção de benspara os grandescentrosurbanosou
abastecimento dos complexosagroindustriais.
As diversas de atividades e relações envolvidas no espaçoruralhoje são tamanhas,
quenão podem sequerser entendidas como transformações facilmente padronizáveis.
Elas ocorrem de acordocom as localidades e realidades envolvidas, complexificando
ainda mais o seu estudo. Estas transformações nãosão homogêneas no espaço,
apresentam particularidades de acordocom os interesses dos agentes envolvidos, com a
disposição de infraestrutura, com a atuação governamental e
proximidadecomgrandescentrosurbanos, entreoutrosfatores.
De todos os fatores apontados acima, a proximidadecom os maiores e
maisdinâmicoscentrosurbanos pode serdestacadacomoum dos mais importantes na
difusão de transformações no campo. A proximidade das regiões metropolitanas
favorece a criação de fluxosemdireção a áreasruraisembusca de amenidades, além da
construção de casas de segundaresidência. A classe média e alta, principais
consumidoras dos espaços rurais, atrai investimentosprivados e públicos, que
melhoraram a infraestrutura e atrativoslocais, facilitando a reprodução de atividades
turísticas e não-agrícolas no meiorural.
Neste sentido, as atividades turísticas merecem destaque na análise das relações
existentes emambientesrurais, contribuindo paraintensa transformação espacial das
áreasondeatuam,principalmente próximas aos maiorescentrosurbanos. O chamado
turismorural atrai cadavezmaiornúmero de adeptos e movimenta a economia de
municípios do estado do Rio de Janeiro. Para Marafon (2006, p.27), “(...) o turismorural
se afirma comomais uma alternativaque se coloca para os
agricultoresfamiliaresvenderemsuaforça de trabalho e complementar sua renda,
reforçando o caráter pluriativo das unidades familiares de produção e inseridos no
processo de produção do espaço”.
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A pluriatividade como estratégia de sobrevivência no meio rural.
A pluriatividade remete a um fenômeno no qual os componentes de uma unidade
familiar executam diversas atividades com o objetivo de obter uma remuneração pelas
mesmas, que tanto podem se desenvolver no interior como no exterior da própria
exploração, através da venda da força de trabalho familiar, da prestação de serviços a
outros agricultores ou de iniciativas centradas na própria exploração – industrialização
em nível da propriedade, turismo rural, agroturismo, artesanato e diversificação
produtiva – que conjuntamente impliquem no aproveitamento de todas as
potencialidades existentes na propriedade e/ ou em seu entorno (Anjos, 2003). A
pluriatividade, portanto, não se trata de um fenômeno conjuntural, mas o resultado de
um amplo processo de transformação da agricultura, em correspondente sincronia com a
dinâmica da economia em geral e no marco da profunda reestruturação que atravessa o
modo de produção capitalista (Anjos, 2003).
Este fenômeno não representa uma situação inteiramente nova no modo de
funcionamento das formações sociais e econômicas agrárias. Dessa forma, a noção de
pluriatividade vem sendo utilizada para descrever o processo de diversificação que
ocorre dentro e fora da propriedade, bem como para apontar a emergência de um
conjunto de novas atividades que tomam lugar no meio rural. De acordo com Fuller
apud Schneider (1999, p. 367):
A pluriatividade permite reconceituara propriedade como uma unidade de produção e
reprodução, não exclusivamente baseada em atividades agrícolas. As propriedades
pluriativas são unidades que alocam trabalho em diferentes atividades, além da
agricultura familiar [...].
Muitas propriedades possuem mais fontes de renda do que locais de trabalho, obtendo
diferentes tipos de remuneração. A pluriatividade, portanto, refere-se a uma unidade
produtiva multidimensional, onde se pratica a agricultura e outras atividades, tanto
dentro como fora da propriedade, pelas quais são recebidos diferentes tipos de
remuneração.
Alentejano (1999) afirma que a pluriatividade é mais adequada como instrumento de
análise da dinâmica agrícola, pois como a agropecuária não exige um tempo integral de
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trabalho, a sazonalidade do trabalho agrícola permite a combinação de atividades fora
das propriedades rurais.
Na concepção de Graziano da Silva & Del Grossi (2002), o conceito de pluriatividade
permite juntar as atividades agrícolas com outras atividades que gerem ganhos
monetários e não monetários, independentemente de serem internos ou externos à
exploração agropecuária.
Ainda de acordo com Graziano da Silva & Del Grossi (2002), a pluriatividade incorpora
os conceitos de diversificação produtiva e de agricultura em tempo parcial, sendo
consideradas todas as atividades exercidas por todos os membros do domicílio,
inclusive as ocupações por conta própria, o trabalho assalariado e não assalariado,
realizado dentro e/ou fora das explorações agropecuárias. Desse modo, a renda agrícola
vem sendo cada vez mais insuficiente para a manutenção das famílias. A agricultura
está se convertendo cada vez mais em uma atividade de tempo parcial, o que
corresponde cada vez menos pela renda e pelo tempo de ocupação da família na
agricultura.
Entre as diversas possibilidades que se manifestam no espaço rural e que possibilitam a
complementação de renda nas unidades familiares de produção, encontramos as
atividades associadas à prática do turismo rural, que vem se expandindo cada vez mais
no território brasileiro, e que tem sido estudadas entre outros por Silva et al (1998),
Portuguez (1998), Almeida e Riedl (2000) , Rodrigues et al (2001), Riedl et al (2002),
Mendonça et al (2002), Silva e Almeida (2004).
Diversas variantes devem ser levadas emconsideraçãoquando utilizamos o termo
pluriatividade emnossadiscussão. Muitas vezes, o termo está relacionado com o
processo de industrializaçãodifusa, ou a urbanização do campo. Porém, (...) “não se
deve associar a pluriatividadeapenas aos processos de urbanização e industrialização,
pois o trabalho pluriativo cresce também associado a outras formas, como o turismo e o
lazer” (ALENTEJANO, 1999, p. 153), fatoque vem confirmar a pertinência da
discussãosobre o turismorural, principalmente, emáreas próximas a
grandescentrosurbanos.
A pluriatividade proporciona novas possibilidades de atividades a serem desenvolvidas
no rural, comforteinfluência na elevação da rendamédia dos trabalhadores envolvidos.
Muitas vezes, está relacionada com a melhora na qualidade de vida e com o aumento do
poder de consumo dos trabalhadores.
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Num mundocadavezmais integrado poreficientessistemas de comunicação, as
novasnecessidades, transmitidas pelosveículos de comunicação atingem e também
transformam os padrões de consumo do campo, encarecendo o custo de vida.
Contrastando com o aumento de necessidades, a rendaagrícola permanece estagnada,
quandonão diminui de uma lavouraparaoutra.
Desta forma, a pluriatividade vem complementar a renda dos trabalhadores, visando ao
aumento do poder de consumoparaprodutos e modos de vidaatéentão encontrados
quaseexclusivamentenosgrandescentros. Assim, como os novosparadigmas atingem as
relações no campo, transformando-o e valorizando a agriculturafamiliar, os
novospadrões de consumoditados necessitam de atividadescomplementarespara serem
atingidos. O desenvolvimento da pluriatividade pode significar
(...) uma forma de acentuação da exploraçãocapitalista, na medidaemque faz parte do conjunto de transformações emcurso no mundo de hojeque apontam para a flexibilização e precarização das relações de trabalho e para a reestruturaçãoprodutiva, que têm comoefeitobásico o aumento da exploração do trabalho e a ampliação da margem do lucro dos capitalistas (ALENTEJANO, 1999, p. 152).
A pluriatividade assume o papel de instrumento de superexploração da força de
trabalho, intimando o trabalhador a desempenhar uma jornada de trabalhobemsuperior a
quetinhaquando desenvolvia apenas uma atividade, agrícolaounão. “Não se pode,
porém, ignorar o caráter de resistênciaque está presenteem muitas formas de trabalho
pluriativo, que representam uma negação da expansão das formascapitalistas de
organização do trabalho e da produção” (ALENTEJANO, 1999, p. 152).
Essa ideia de resistência pode ser relacionada ao trabalho pluriativo, quando o
trabalhador não tem outra opção contra a concorrência desleal praticada
poragricultoresmelhores inseridos no processocapitalista de modernização da produção.
Desta maneira, a pluriatividade seria uma respostacontra a quaseinevitávelperda da
posse da terra e abandono da atividadeagrícoladevido à incapacidade de melhorinserção
no mercadoporfalta de capitalização. Assim, o trabalhador, quandoprocura uma
rendacomplementarparagarantir a manutenção de suaprodução, pode servistocomo
resistente a uma forma de dominação, apesar de explorado duplamente. Entretanto,
quando se submete à duplajornada de trabalho, participa de um processo de super
exploração, muitas vezes, sub-remunerado pelocarátercomplementarque a pluriatividade
apresenta.
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Podemos considerarque a industrializaçãodifusa e o processo de urbanização do campo
são elementos potencializadores da pluriatividade. Para Silva (2003, p. 209) “em geral o
part-time combina ocupação agrícola e não-agrícola entre os membros da suafamília,
diversificando, assim, suasfontes de rendaprincipalmenteviamercado de trabalho (e
nãomais de produtos)”.
Ao invés de diversificar a produçãoagrícola, o trabalhadorpassa a vendersuaforça de
trabalhoduplamente. Muitas vezes, o trabalhoassalariadonão-agrícola atua comoforma
de darsegurança à atividadeagrícolaprincipal. Porém, devido à grandeincertezapela
variação dos cadavezmenorespreços dos produtosagrícolaspagos ao produtor, a
atividadenão-agrícola pode suplantar a agrícolacomoprincipalfonte geradora de
recursosparafamília, inclusive, incentivando o abandono das atividadesagropecuárias.
Apesar de constituirganhosemrelação ao conjunto da renda da família, a pluriatividade
está relacionada com a acentuada queda na rendaagrícola. Ao invés de
proporcionaraumento na possibilidade de consumo e uma vidamaisdigna ao trabalhador
do campo, obriga os agricultores a desenvolveratividadesfora da propriedadecomintuito
de manter a posse do estabelecimentofamiliar. Assim, a pluriatividade é vista como
Um fenômeno que tem se aprofundado emfunção da queda da rendaagrícola e se tornaumcaminho a ser percorrido pelosmembros das unidadesfamiliares de produção, sobretudoemáreas próximas aos grandescentrosurbanos, onde o fluxo de turistas emdireção ao espaçorural tem sido maisintenso, com a revalorização do espaçorural e da natureza. Nesse sentido, essas atividadescomplementares podem servistascomooportunidadesque se colocam para complementação da rendafamiliar (MARAFON, 2006, P. 27).
Assimcomo o autor mencionou, as áreasmais próximas às Regiões Metropolitanas,
como é o caso da RegiãoSerrana do Estado do Rio de Janeiro, se destacam
comodestinos turísticos cadavezmaisimportantes. A intensificação do turismo vem
criando condições propícias para a expansão do processo da pluriatividade, pois na
regiãoSerrana “ocorre uma intensaproduçãoagrícolaembasesfamiliar, centrada
empequenosestabelecimentos, na mão-de-obra familiar e na baixa tecnificação da
lavoura” (MARAFON, 2006, p. 33). Essas características, descritas por Marafon
(2006), para a RegiãoSerrana apresentam a mesmadinâmica no município de
Sumidouro. Todavia, a diferenciação ocorre quando o autor afirma que “na
RegiãoSerranaFluminense, nota-se a presençamarcante de atividades relacionadas ao
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turismoruralcontemporâneo e em sintonia com a produçãofamiliar” (MARAFON, 2006,
p. 33).
Desta forma, podemos considerarque o turismo assume papelfundamental na
diversificação de atividades realizadas no campo, contribuindo paraconsolidar as
recentes transformações neste ambiente no Brasil, entreelas, o aumento de
atividadesnãoagrícolas e a pluriatividade.
O turismo rural como possibilidade de complementação de renda para
as unidades familiares de produção
O desenvolvimento de atividades turísticas no espaço rural está associado ao
processo de urbanização que ocorre na sociedade e no transbordamento do
espaço urbano para o espaço rural (GRAZIANO DA SILVA, 1997) e, para
esse autor, “novas” formas de ocupação passaram a proliferar no campo.
Entre elas são destacadas: conjunto de profissões tidas como urbanas
(trabalhadores domésticos, mecânicos, secretárias etc); moradias de segunda
residência; atividades de conservação; áreas de lazer (hotéis-fazenda,
fazendas-hotel, pesque-pague etc). Essas “novas” atividades demandaram
um número crescente de pessoas para dar sustentação à expansão das
atividades turísticas no espaço rural, o que possibilitou que os membros das
famílias, liberados das atividades rotineiras da exploração agrícola,
pudessem ocupar as vagas geradas na expansão do turismo rural.
Na literatura, encontramos os anos 80 como sendo o marco inicial da
exploração do turismo rural no Brasil. Nos anos 90, com a intensificação
das atividades no espaço rural e com a crescente valorização da natureza,
tivemos a expansão dessas práticas no meio rural.
As atividades associadas ao turismo rural têm contribuído para a
complementação da renda familiar das unidades de produção, familiar ou
não, pois o seu incremento gera a demanda por novos postos de trabalho,
além de contribuir na melhoria da logística que proporciona suporte ao
fluxo de turistas. A EMBRATUR (1994) considera que o turismo rural
inclui todas as atividades – alternativas, domésticas, agroturismo, turismo –
organizado para e pelos habitantes do país e é “compreendido como sendo
toda maneira turística de visitar e conhecer o ambiente rural, enquanto se
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resgata e valoriza a cultura regional” (MENDONÇA et al. 2002). O turismo
rural designa atividades diversas como, hotéis-fazenda, fazenda-hotéis,
agroturismo, turismo de aventura, e que Rodrigues (2001) classifica como
tradicional (de origem agrícola, pecuária e colonização) e contemporâneo
(hotéis-fazendas, spas rurais, segunda residência) e Cavaco (2001, p.28-
29)faz uma importante observação ao afirmar que o turismo em “espaço
rural tem pouco significado em termos de turismo e seus efeitos
econômicos”.
No entanto, o turismo rural no Brasil não está livre de problemas como
apontam Mendonça et al. (2002) e entre eles está a falta de planejamento e
gestão, baixa capacidade econômica da população, dificuldade de acesso a
informações. É necessário uma melhor capacitação profissional e políticas
de estímulo à essa prática no território brasileiro. Acrescentaríamos ainda a
necessidade de inclusão de forma mais efetiva dos agricultores familiares,
além da capacitação efetuada pelos técnicos da EMATER, como do Estado
do Rio de Janeiro, na orientação de desenvolvimento de artesanato e doces
caseiros.
Destarte, no nosso entendimento, o turismo rural se afirma como mais uma
alternativa que se coloca para os agricultores familiares venderem sua força
de trabalho e complementar sua renda, reforçando o caráter pluriativo das
unidades familiares de produção e inseridos no processo de produção do
espaço, no qual. A prática do turismo rural contemporâneo reflete essa
prática, uma vez que os hotéis-fazenda, spas rurais e casas de segunda
residência se localizam, preferencialmente, próximas às grandes
concentrações urbanas.
Assim entendemos que a pluriatividade é um fenômeno que tem se
aprofundado em função da queda da renda agrícola e se torna um caminho a
ser percorrido pelos membros das unidades familiares de produção,
sobretudo em áreas próximas aos grandes centros urbanos, onde o fluxo de
turistas em direção ao espaço rural tem sido mais intenso, com a
revalorização do espaço rural e da natureza. Nesse sentido, essas atividades
complementares podem ser vistas como oportunidades que se colocam para
complementação da renda familiar. E esse fenômeno pode estar associado
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em áreas de colonização e de industrialização como muito bem analisado
por Schneider (1999) ou em antigas áreas de exploração de café e cana-de-
açúcar como no Rio de Janeiro ou ainda em áreas próximas às metrópoles
onde proliferam hotéis e pousadas e casas de segundas residências, como na
Região Serrana Fluminense, e estudado por Teixeira (1998). Realizadas
essas observações gerais, vamos exemplificar como esses processos se
desenrolam no território fluminense.
Agricultura Familiar, Pluriatividade e Turismo Rural: reflexões a partir
do território fluminense
O Estado do Rio de Janeiro é o segundo pólo industrial do Brasil, produz cerca de 71%
do petróleo nacional, sendo também o maior produtor de gás natural do país. Além
disso, sua produção de pescado é significativa assim como a olericultura, horticultura e
produção de leite. A sua paisagem natural é bastante diversificada, mas também
bastante degradada devido às atividades socioeconômicas vivenciadas pelo Estado.
Corresponde ao Estado mais urbanizado do país, com 95% de sua população vivendo
em áreas urbanas, e de acordo com Rua (2007), o território fluminense é marcado por
eixos de urbanização, nos quais ocorre uma urbanização mais densa, percebemos assim
uma redistribuição populacional e das atividades produtivas (Limonad, 1996).
O Estado apresenta muitos problemas em relação ao meio rural. A vasta concentração
de população, de renda, de poupança, de condições de desenvolvimento na Região
Metropolitana do Rio de Janeiro gerou um forte desequilíbrio inter-regional, com
exclusão política e social de parte da população do interior (Moreira, 2001). Segundo os
resultados do Censo Demográfico 2000 (IBGE), aproximadamente 10.871.960
indivíduos residem nos limites da área metropolitana, correspondendo a 75,6% da
população estadual. Constituída por vinte municípios, a Região Metropolitana ainda se
mantêm como um marco polarizador de recursos (Ribeiro, 2002).
Apesar da ainda enorme concentração da população fluminense em sua Região
Metropolitana, surgem nos anos 90 algumas novidades em relação à dinâmica
demográfica do Estado do Rio de Janeiro. A mais importante refere-se à simultaneidade
de um movimento tendente à despolarização espacial, com a emergência de novos
centros de porte médio no interior do Estado, e de outro, em sentido inverso, de
consolidação dos centros urbanos metropolitanos (Santos, 2003). Apesar da expansão
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demográfica nas bordas metropolitanas manifestar-se desde, pelo menos, a década de
1950, esse movimento não implicou numa desconcentração da população em direção ao
interior, o que resulta no aumento do número das cidades médias, que eram 10 em 1980,
e passaram para 17 em 2000. Destas, 10 localizam-se fora da Região Metropolitana
(Santos, 2003).
Rua (2002, p. 47-48) assinala que no Estado do Rio de Janeiro “prevalece a projeção da
metrópole carioca que intensifica o processo de urbanização” e essa intensa urbanização
marca intensamente o território fluminense nas “dimensões política, cultural,
comportamental, econômica, onde o significado dessa área urbana torna-se esmagador”.
O Interior Fluminense vem se destacando, não somente em termos de crescimento
demográfico (ainda pequeno), mas no abastecimento de produtos agropecuários
(hortigranjeiros, leite e produtos com nicho de mercado especializado como orgânicos,
ervas-finas, leite de cabra, trutas etc), além de estar servindo como área de lazer para a
prática de turismo rural, de ordem contemporânea, com a proliferação de hotéis-
fazenda, pousadas, spas e casas de segunda residência. A prática desse turismo rural
segue, em boa medida, os eixos de urbanização apontados na Figura 1 e é uma prática
alternativa ao turismo intenso que ocorre na Costa Fluminense (Costa Verde e do Sol).
Os agricultores familiares, como grande maioria, passam por uma grave crise devido à
concentração de renda e à falta de políticas agrícolas efetivas. As grandes propriedades
sempre ocuparam uma parcela considerável do Estado do Rio de Janeiro (representam
11,5% dos estabelecimentos e ocupam uma área de 67,7% dos mesmos), tendo
desempenhado papel relevante nas exportações agrícolas do País. Entretanto, após
encerrar os ciclos fluminenses de exportação de açúcar, e café (respectivamente 1900-
1930 e 1970-1980), a maioria das grandes propriedades voltadas para a comercialização
desses produtos passou a se caracterizar pela falta de dinamismo das atividades agrárias
nela desenvolvidas, devido à descapitalização decorrente da decadência das grandes
lavouras comerciais. Isso contribuiu para que extensas áreas do Estado apresentem um
nível de aproveitamento agrícola muito inferior ao potencial produtivo das terras,
podendo-se mencionar o Vale do Paraíba, no qual predomina a pecuária bovina
caracterizada por índices muito baixos de produtividade.
Por outro lado, verifica-se que os pequenos proprietários – bastante numerosos no
Estado do Rio de Janeiro – têm poucas possibilidades de realizar investimentos em suas
terras, uma vez que operam com retornos muito reduzidos para permitir a capitalização
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de suas unidades de produção. Esse é o caso dos pequenos proprietários fornecedores de
leite às Cooperativas do Noroeste Fluminense, do Médio Vale e Centro Sul Fluminense,
os quais embora detenham a propriedade da terra, têm uma forma de inserção na
produção regional que implica reduzida autonomia na condução do processo produtivo,
e limitações quanto à possibilidade de investir em suas unidades de exploração. Em
outros casos, como na Região Serrana, onde há o predomínio da produção de
hortigranjeiros em pequenas propriedades, a pluriatividade é adotada como alternativa
de fonte de renda pelos agricultores. Muitos, além de realizarem suas funções na
propriedade agrícola, exercem atividades não-agrícolas (como caseiros, motoristas,
empregados domésticos, fiscais de rodovia etc) nas casas de veraneio, nos hotéis e para
as prefeituras da Região.
Constata-se que, em território fluminense, as transformações no espaço rural, como a
prática do turismo rural e a disseminação de empregos não-agrícolas encontram-se
associadas ao intenso processo de urbanização, e que pode ser sintetizado da seguinte
forma (Figura 1): eixo que se desloca da RMRJ em direção a Angra dos Reis e Paraty, a
Região da Bahia da Ilha Grande, também conhecida como Costa Verde, no qual se
destacam as atividades de turismo e que tem provocado imensas transformações, com
apelo intenso para o turismo de praia, histórico e ecológico. Esta região concentra em
seu território grandes reservas de Mata Atlântica, inúmeras ilhas (entre elas a Ilha
Grande), cidades históricas como Paraty. Grande parte do território integra áreas de
proteção ambiental, o que inibe a prática de atividades agrícolas. A intensa ocupação
por grandes hotéis de luxo e condomínios fechados tem provocado uma intensa
especulação imobiliária e expulsado os produtores familiares de suas terras. A eles resta
se inserir no mercado de trabalho urbano ou a prática de uma agricultura extrativista,
com a exploração da banana e do palmito, e assessorados por técnicos governamentais
da Emater e IBAMA e exercerem atividades não-agrícolas, trabalhando nos hotéis e
condomínios; outro eixo que tem no turismo um forte vetor de crescimento é o que
segue da RMRJ em direção a Cabo Frio, Búzios e Macaé, a Região das Baixadas
Litorâneas (Costa do Sol). Observa-se um intenso crescimento de turismo de massa em
direção ao litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, provocando uma intensa
urbanização e a proliferação de segundas residências, o que levou ao fracionamento da
terra e expulsão das atividades agropecuárias, para a criação de loteamentos e
condomínios. A presença da Petrobrás em Macaé representa, na constatação de Rua
15
(2002 p. 48), “uma avassaladora especulação imobiliária com profundas marcas de
segregação socioespacial”.
Outro eixo de urbanização é o que ocorre no “topo da serra” (Rua, 2002) e os principais
representantes desse eixo são os municípios de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis.
Essa área é marcada pela produção de hortigranjeiros e flores, e que abastece a RMRJ.
Apresenta também um tradicional e significativo pólo industrial (com destaque para a
moda íntima), além da presença de inúmeros sitos de veraneio, casas de segunda
residência, hotéis-fazenda, pousadas, spas, que associam seus estabelecimentos aos
aspectos naturais da região. Corresponde a uma área de turismo alternativa ao turismo
de praia da Costa Verde e do Sol. Nessa área ocorre uma intensa produção agrícola em
bases familiar, centrado em pequenos estabelecimentos, na mão-de-obra-familiar e na
baixa tecnificação da lavoura. Esses produtores, na grande maioria das vezes, ficam a
mercê dos atravessadores que controlam o processo de comercialização da produção.
Produzem alface, brócolis, couve-flor, tomate etc e acabam tendo uma baixa
remuneração pela suas atividades agrícolas. Na complementação da renda familiar, se
inserem no mercado de trabalho não-agrícola, exercendo atividades de jardineiros,
caseiros, domésticos, ou trabalhando em empresas das cidades da região. Essa área
também produz produtos, como orgânicos e hidropônicos, para um mercado
consumidor restrito à zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Na Região Serrana
Fluminense, nota-se a presença marcante de atividades relacionadas ao turismo rural
contemporâneo e em sintonia com a produção familiar.
O território que engloba as Regiões do Médio Vale do Paraíba e Centro Sul Fluminense,
além da produção leiteira, contribui com a produção de hortigranjeiros para o
abastecimento da RMRJ, mas apresenta como marca na paisagem a atividade cafeeira,
com presença das grandes casas nas sedes das fazendas, o que levou os municípios da
área a organizarem o “Festival do Vale do Café”, porém não apresenta interatividade
com os produtores familiares, que continuam a buscar sua complementação de renda
nas indústrias da região, que concentram um grande número de empresas do setor
metal-mecânico.
As Regiões Norte e Noroeste Fluminense, em função do distanciamento da Área
Metropolitana, apresentam fortes características rurais, com a produção de leite, cana-
de-açúcar, café e frutas. Esse quadro tem sido alterado com a presença da Petrobrás e
seus royalties, que tem proporcionado empregos também para os agricultores dessas
16
regiões. O estabelecimento de um roteiro turístico associado à atividade canavieira é
incipiente e encontra resistência por parte dos proprietários das fazendas.
Como permanência e mudanças associadas ao território fluminense, o já mencionado
caráter intenso da urbanização, a expansão da metropolização, auxiliaram a acirrar as
particularidades e singularidades presentes no espaço rural fluminense e a acirrar os
conflitos fundiários no estado. Devido à intensa urbanização muitos assentamentos
estão localizados em área extremamente urbanizados e articulam atividades agrícolas e
não-agrícolas e aponta para um rompimento da concepção limitada de assentamento
utilizada na atualidade. Temos assim um espaço rural em transformação, que na
afirmação de Rua(2002, p. 24) encontra-se com a presença de “urbanidades no rural,
que seriam todas as manifestações do urbano em áreas rurais sem que se trate esses
espaços formalmente como urbanos”, mas que não se contrapõe a ruralidade e
entendida como “um modo particular de utilização do espaço e da vida social” Moreira,
(2005, p 21).
O desenvolvimento do modo de produção familiar no espaço rural fluminense, bem
como suas estratégias de sobrevivência e reprodução está associado ao processo de
urbanização que ocorre na sociedade. Existe uma inter-relação, embora assimétrica,
entre o rural e o urbano que resulta o transbordamento do espaço urbano para o espaço
rural. No entender de Lefebvre (2001) o “tecido urbano” não se limita as formas e fixos
urbanos, mas também, um suporte de um modo de viver urbano, que se espalha no
território de forma desigual deixando escapar setores mais ou menos amplos. Trazidas
pelo tecido urbano as urbanidades (rede elétrica, carros, serviços, sistema de valores)
penetram nos espaços rurais, porém estes não perdem completamente algumas de suas
especificidades, como por exemplo, o modo de produção familiar no campo.
No estado do Rio de Janeiro, de acordo com Rua (2007), a metrópole carioca exerce
poder hegemônico, sua projeção para o território fluminense intensifica o processo de
urbanização em seus aspectos políticos, culturais, ideológicos e econômicos “com uma
urbanização difusa, que ultrapassa os limites das cidades, alcançando todo o território
do estado” (p. 283).
A intensificação do processo de urbanização no território fluminense, vem provocando
profundas mudanças socioespaciais, “novas” formas de ocupação passaram a proliferar
no campo. Entre elas são destacadas: conjunto de profissões tidas como urbanas
(trabalhadores domésticos, mecânicos, secretárias etc.); moradias de segunda residência;
17
atividades de conservação; áreas de lazer (hotéis-fazenda, fazendas-hotel, pesque-pague
etc). Essas atividades demandam um crescente número de mão-de-obra não-agrícola no
espaço rural.
Os agricultores familiares, por sua vez, com as transformações ocorridas nas ultimas
décadas na unidade de produção familiar, como a diminuição do tempo destinado a
atividade agrícola devido a progressiva incorporação de novas tecnologias na produção
e a diminuição da renda agrícola, buscam outras atividades para complementar a renda
familiar. Assim vai se delineando o fenômeno da pluriatividade no Estado do Rio de
Janeiro, um fenômeno desigual social e espacialmente. Pois tem grande relevância em
torno dos eixos de urbanização emanados pela metrópole carioca, não atingindo de
forma significativa os produtores localizados em áreas mais distantes, que ainda
mantém profunda dependência da renda agrícola e profundas dificuldades de
reprodução e sobrevivência.
Apesar de existirem, no estado do Rio de Janeiro, discrepâncias entre a Região
Metropolitana e o seu interior, vem ocorrendo uma maior dinamização do interior do
estado com o surgimento de novos eixos de desenvolvimento. Isso não significa que a
metrópole tenha perdido a sua hegemonia, porém, no interior tem desenvolvido
atividades importantes para a economia e crescimento do estado.
Dentre essas atividades podemos destacar as atividades associadas ao turismo rural
como, hotéis-fazenda, fazendas-hotel, agroturismo, turismo de aventura, e que
Rodrigues (2001) classifica como tradicional (de origem agrícola, pecuária e
colonização) e contemporâneo (hotéis-fazenda, spas rurais, segunda residência). A
exploração de petróleo na bacia de Campos, a especulação imobiliária e o
desenvolvimento industrial no interior fluminense. Destarte, o nosso objetivo é de
conhecer as características das abordagens da produção familiar e suas estratégias de
sobrevivência, sejam através de empregos agrícolas ou não-agrícolas, e o papel que o
turismo rural vem desempenhando nesse processo.
Para isso, houve um levantamento de dados relacionados à estrutura fundiária, à
condição legal, à utilização de tecnologia, aos municípios com atividades de turismo
rural e à distribuição da população (Urbana e Rural). O levantamento de dados sobre a
agricultura familiar e o turismo rural no Estado do Rio de Janeiro foi efetuado,
fundamentalmente, em bibliotecas de instituições públicas e privadas, além de
18
levantamento de dados em sítios eletrônicos das Prefeituras Municipais do Estado do
Rio de Janeiro.
A partir dos dados levantados e de observações feitas em camposverifica-se que a
definição do rural hoje é de um espaço híbrido, em que as relações tradicionais de
produção e de existência não são suficientes para caracterizá-lo neste período que
sucede a Revolução Verde. Elementos tidos como urbanos ou rurais extrapolam as
fronteiras do campo e da cidade transformando-os em espaços de interações híbridas.
Nesse sentido, é importante compreender como as novas relações entre a cidade e o
campo são processadas no espaço em suas distintas escalas, e como elas são percebidas
pelos diversos grupos sociais envolvidos no processo de ressignificação do rural.
Entre as transformações que marcam esse estreitamento entre os espaços rural e urbano,
encontra-se o desenvolvimento de atividades turísticas no rural, estando associado ao
processo de urbanização que ocorre na sociedade, culminando no transbordamento para
o campo de formas de ocupação, profissões, atividades e pensamentos
predominantemente urbanos.
Percebemos que a pluriatividade tem se intensificado em função da queda da renda
agrícola e avançado em áreas próximas aos grandes centros urbanos, devido ao
incremento dos fluxos de turistas para os espaços rurais, com a revalorização da
natureza, entre outros fatores. Nas áreas mais distantes, os produtores familiares
continuam na dependência da renda agrícola e ainda enfrentam inúmeros problemas
para a realização de suas atividades.
O processo de urbanização do território fluminense pode ser caracterizado pelos eixos
de urbanização (mapa 1), onde ocorrem a prática do turismo rural e a disseminação de
empregos não-agrícolas em relação, preferencialmente, às áreas rurais mais distantes
destes eixos, sendo eles: o eixo em direção à Região da Costa Verde (destacando Angra
dos Reis e Paraty) saindo da RMRJ, tendo em seus territórios áreas de proteção
ambiental (Reservas, APAs, Parques) que restringem as práticas agrícolas. O turismo
ganhou destaque nesta região a partir da década de 1970, com a construção da Rodovia
Rio-Santos (BR-101), possibilitando fluxos de investimentos através da implantação de
hotéis, pousadas e condomínios, especulação imobiliária e expulsão dos produtores
familiares de suas terras. Restando-lhes o exercício de atividades não-agrícolas
(trabalho em hotéis e condomínios) e a prática de uma agricultura extrativista, como a
exploração da banana e do palmito.
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O turismo também ganha destaque no eixo que segue da RMRJ em direção à Cabo Frio,
Búzios e Macaé, a Região das Baixadas Litorâneas (Costa do Sol). Aqui, a intensa
urbanização e a proliferação de segundas residências levaram ao fracionamento da terra
e à expulsão das atividades agropecuárias, para a criação de loteamentos e condomínios.
Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis também configuram um eixo de urbanização,
marcado pela produção de hortigranjeiros e flores que abastecem a RMRJ. A produção
agrícola é baseada em mão-de-obra familiar, centrada em pequenos estabelecimentos
com baixa tecnificação, onde o processo de comercialização é realizado, em grande
parte, pelos atravessadores. A RJ-130, que liga Teresópolis a Nova Friburgo, além de
ter se transformado em importante eixo de circulação e de escoamento da produção, é
palco de um circuito turístico (CIRCUITO TERE-FRI), o qual contribui com uma série
de manifestações urbanas que transformam a dinâmica desse rural e que nos fazem
refletir como o capitalismo transforma e particulariza o rural fluminense e como este
vem se adaptando para melhor responder às exigências referentes a esse processo.
Os produtores familiares das Regiões do Médio Vale do Paraíba e do Centro Sul
Fluminense buscam a complementação das rendas nas indústrias da região, que
concentram grande número de empresas do setor metal-mecânico. Suas paisagens são
marcadas pela atividade cafeeira com a presença de fazendas, que sofrem um intenso
processo de refuncionalização, transformando-se em pousadas como o caso da Fazenda
União, visitada em campo realizado pelo Negef em abril de 2005.
Lembrando que este processo não ocorre de maneira homogênea nesses territórios, pois
devem ser consideradas a falta de recursos econômicos por parte de alguns proprietários
e a ineficiência ou falta de iniciativas do poder público, entre outros fatores. Em campo
realizado em outubro de 2007 ao município de Valença, verificou-se que algumas áreas
possuem baixo dinamismo econômico, apesar das tentativas de superação dessa
estagnação pela prática do turismo rural. As localidades visitadas foram: Fazenda São
Fernando (Distrito de Santa Izabel), Fazenda Santa Mônica (Distrito de Barão de
Juparanã), Fazenda Santa Bárbara, Hotel-Fazenda Vilarejo, Hotel-Fazenda Rochedo
(Distrito de Conservatória) e a Vila de Conservatória.
Entre as localidades visitadas, destacam-se o Hotel-Fazenda Vilarejo e o Hotel-Fazenda
Rochedo, no Distrito de Conservatória, ambos com atividade agropecuária para
abastecimento dos hotéis e atração dos hóspedes através de passeios a cavalo e de pônei,
20
visitas às hortas, pescarias e caminhadas, tendo como plano de fundo o conforto e a
garantia de um retorno à natureza.
As Regiões Norte e Noroeste Fluminense, em função do distanciamento da RMRJ,
apresentam fortes características rurais, com a produção de leite, cana-de-açúcar, café e
frutas. Esse quadro tem sido alterado com a presença da Petrobrás e seus royalties, os
quais têm proporcionado empregos também para os agricultores dessas regiões. Essas
transformações são mais bem trabalhadas no relatório de campo dos dias 2, 3 e 4 de
abril de 2008 nos municípios de Quissamã e Campos dos Goytacazes.
Acerca do levantamento de dados referentes à unidade de produção familiar foram
pesquisados, como já fora supracitado, dados referentes à população e a distribuição
urbana e rural, à estrutura fundiária, à condição legal, à utilização de tecnologia, tipos de
produção agrícola e área dos estabelecimentos, a partir dos quais foram confeccionamos
alguns gráficos e tabelas que nos ajudarão a compreender a atual dimensão da produção
familiar no estado do Rio de Janeiro.
Pela análise preliminar de algumas informações percebemos que a estrutura fundiária é
marcadamente concentrada, com mais de 80% dos estabelecimentos com menos de 100
ha e 67,7% da área ocupada possui maisde 1000 ha. A exceção são os municípios da
Região Serrana Fluminense, mais especificamente na área chamada “Alto da Serra”
(Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo). O fato de essa região ter tido a sua gênese
associada a um projeto de colonização agrícola, a partir da vinda de imigrantes, aliado
às condições desfavoráveis ao desenvolvimento de culturas tropicais, acabou por
garantir uma organização do espaço rural caracterizada por um processo de ocupação
territorial baseado em pequenas propriedades policultoras.
Verificamos o rápido processo de urbanização do estado (Quadro 1), que passou de 79%
em 1960 para 95% em 2000. Esses valores corroboram com as análises
feitasanteriormente acerca do desenvolvimento de atividades tipicamente urbanas e do
turismo rural, onde percebemos a rápida constituição de “eixos de maior densidade de
urbanidades” (Rua, 2007, p. 289).
Dessa forma compreendemos que o interior fluminense, embora com pouca expressão
em termos demográficos, tem papel fundamental na dinâmica territorial do estado.
Principalmente pelas variadas iniciativas em curso, principalmente nas áreas ditas rurais
marcadas pelo intenso processo de urbanização. Essas inovações transformadoras
ressignificam o rural e modificam as estratégias de sobrevivência e reprodução do modo
21
de produção familiar, com o desenvolvimento de atividades tipicamente urbanas que
proporcionam uma complementaridade na renda familiar no campo.
Considerações finais
O território fluminense encontra-se marcado por um intenso processo de urbanização
(Ribeiro, 2002; Rua, 2002; Santos, 2003) que tem provocado profundas transformações
socioespaciais. Dentre elas destacamos as atividades associadas ao turismo rural
contemporâneo, com a proliferação de hotéis fazenda, spas, pousadas e casas de
segunda residência. Acrescente-se a manutenção e até mesmo o aumento da produção
familiar, conforme constatou Seabra (2004), em que o Estado do Rio de Janeiro
apresenta participação expressiva na comercialização agrícola a partir da Ceasa-RJ,
especialmente as hortaliças, cuja produção tem aumentado nos últimos anos, como
verificado na Região Serrana Fluminense. A proliferação dessas atividades possibilitou
aos produtores familiares sua inserção em atividades não agrícolas e consequentemente
o aumento da renda familiar. Porém esse processo ocorre nas áreas dos eixos de
urbanização e próximo a RMRJ. Nas áreas mais distantes, os produtores familiares
continuam na dependência da renda agrícola, enfrentando inúmeros problemas para a
realização de suas atividades.
Neste contexto, o espaço rural fluminense se transforma em decorrência da valorização
de seus aspectos naturais e a manutenção da produção agrícola familiar e se torna
importante para a disseminação da imagem do espaço rural e natural vendido ao turista.
Sendo assim, cabe indagar: até que ponto as atividades do turismo rural contemporâneo
(Rodrigues et al., 2001) beneficiam os produtores familiares, com a oferta de empregos
não-agrícolas? Não seria mais uma forma de exploração da força de trabalho familiar?
Isto posto, as evidências observadas no Estado do Rio de Janeiro nos permitem indicar a
exploração dos produtores familiares; porém novas investigações e reflexões devem ser
conduzidas, para uma melhor reflexão acerca da agricultura familiar, da pluriatividade e
do turismo rural.
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