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Daniela Andreia de Oliveira Lourenço
Os Sistemas de Incentivos do QREN para o desenvolvimento do
Empreendedorismo e da Inovação em contexto de crise económica
Relatório de Estágio apresentado à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão
setembro de 2013
Fonte: http://buy3.files.wordpress.com/2010/05/t_33.jpg?w=400&h=250&crop=1 [28 de novembro de 2012]
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Daniela Andreia de Oliveira Lourenço
Os Sistemas de Incentivos do QREN para o
desenvolvimento do Empreendedorismo e da Inovação em
contexto de crise económica
Relatório de Estágio apresentado à Faculdade de Economia
da Universidade de Coimbra para cumprimento dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão
Entidade de Acolhimento: CEC/CCIC – Conselho Empresarial
do Centro / Câmara de Comércio e Indústria do Centro
Orientador Académico: Prof. Doutor Pedro Godinho
Supervisor Profissional: Dr. António Ferreira
Coimbra, setembro de 2013
ii
iii
AGRADECIMENTOS
As minhas primeiras palavras de agradecimento têm de ir, inevitavelmente, para a
minha família, especialmente para os meus pais e para a minha irmã. Para além de todos os
valores que sempre me transmitiram, o seu carinho, apoio, paciência e preocupação ao
longo desta jornada foram determinantes para a realização deste relatório.
Uma palavra de agradecimento ao Professor Doutor Pedro Godinho pela
orientação, disponibilidade e ajuda incansável e ao Professor Doutor Pedro Torres por toda
a informação disponibilizada.
Queria também agradecer ao Conselho Empresarial do Centro/Câmara de
Comércio e Indústria do Centro pela oportunidade que me proporcionaram com a
realização do estágio curricular, mas em particular ao Dr. António Ferreira e à Dr.ª Isabel
Sá pela aprendizagem e enriquecimento que me fomentaram.
Por último um especial agradecimento pela coragem transmitida por todos aqueles
que marcaram o meu percurso académico e sem os quais a conclusão deste marco
importante na minha vida não seria possível.
A todos o meu sincero agradecimento e reconhecimento.
iv
v
RESUMO
No âmbito do Mestrado em Gestão da Faculdade de Economia da Universidade de
Coimbra foi proposta a realização de um estágio curricular no Conselho Empresarial do
Centro/Câmara de Comércio e Indústria do Centro (CEC/CCIC), pelo período de 17 de
setembro de 2012 a 1 de fevereiro de 2013.
Nesta organização sem fins lucrativos foi possível contactar com uma realidade
que até aqui não me tinha sido possível explorar: os Sistemas de Incentivos (SI) do Quadro
de Referência Estratégico Nacional (QREN).
Deste modo, este relatório de estágio incide sobre este tema não apenas por ser
uma área interessante de estudar mas principalmente porque num contexto de crise
económica é importante perceber quais os efeitos das políticas públicas no apoio ao
empreendedorismo e à inovação como forma de dinamização do crescimento económico e
do emprego e para o acréscimo de competitividade do tecido empresarial português. De
igual modo, considero que este tema deveria ser mais abordado nas instituições de ensino
superior como incentivo ao empreendedorismo universitário, de onde poderão sair os
próximos Steve Jobs portugueses que deixarão a sua marca no país.
Por conseguinte, no decorrer do presente estudo, é possível verificar a relevância
do empreendedorismo e inovação sobre o crescimento económico, assim como a
importância do QREN, onde num contexto de fortes restrições orçamentais este
instrumento financeiro de apoio ao emprego, à produtividade e à competitividade,
representou 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) português em 2012.
Palavras-Chave: Sistemas de Incentivos, QREN, Empreendedorismo, Inovação,
Crescimento Económico
vi
vii
ABSTRACT
A training period at the Business Council/Chamber of Commerce and Industry for
the central region in Portugal (Conselho Empresarial do Centro/Câmara de Comércio e
Indústria do Centro (CEC/CCIC), in Portuguese) was proposed as part of a Master’s in
Management at the Faculty of Economics at Coimbra University. The duration of the
training period was from September 17th
2012 to February 1st 2013. Within this non-profit
organization, I had the opportunity to work with, and gain experience of, Incentive
Systems and the National Strategic Reference Framework (QREN is the Portuguese
acronym).
Thus, this training period report focuses on this area, not only as an interesting
area of study but principally because, in the context of an economic crisis, it is crucial to
understand the real effects of public policies on the economy. In this particular case, the
policies support entrepreneurship and innovation as a way of boosting economic growth
and employment and to increase the competitiveness of the Portuguese business
community. The results suggest that this issue should be addressed in higher education
institutions to encourage the concept of university entrepreneurship, which might be the
starting point for the next Portuguese Steve Jobs.
The present study clearly demonstrates the role of entrepreneurship and
innovation on economic growth, as well as the importance of the QREN, where, despite a
context of significant budget constraints, this financial instrument aiding employment,
productivity and competitiveness, represented 2.4% of the Portuguese Gross Domestic
Product in 2012.
Keywords: Incentive Systems, QREN, Entrepreneurship, Innovation, Economic Growth
viii
ix
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CAE – Classificação Portuguesa de Atividades Económicas
CCDRC – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro
CEC/CCIC – Conselho Empresarial do Centro/Câmara de Comércio e Indústria do Centro
DCRI – Departamento de Cooperação e Relações Internacionais
EB – Entidade Beneficiária
EEN – Enterprise Europe Network
Eurostat – Gabinete de Estatísticas da União Europeia
FC – Fundo de Coesão
FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
FSE – Fundo Social Europeu
GEM – Global Entrepreneurship Monitor
I&DT – Investigação e Desenvolvimento Tecnológico
INE – Instituto Nacional de Estatística
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
PIB – Produto Interno Bruto
PME – Pequenas e Médias Empresas
POCTEP – Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Portugal-Espanha
POFC – Programa Operacional Fatores de Competitividade
POPH – Programa Operacional Potencial Humano
QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional
RIERC – Rede de Incubadoras de Empresas da Região Centro
RIRC – Rede de Inovação da Região Centro
SI – Sistemas de Incentivos
SIAC – Sistema de Apoio a Ações Coletivas
SI Inovação – Sistemas de Incentivos à Inovação
SI I&DT – Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico
SI Qualificação PME – Sistemas de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de
Pequenas e Médias Empresas
Taxa TEA – Taxa de Atividade Empreendedora Early-Stage
UE – União Europeia
VAB – Valor Acrescentado Bruto
VOS – Verificação no Local
x
xi
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Distribuição da Taxa TEA por Setores de Atividade .......................................... 9
Gráfico 2 - Motivações para criar novos negócios .............................................................. 10
Gráfico 3 - Relação entre a Taxa de Crescimento do PIB per capita e a Taxa de Natalidade
de Empresas em Portugal ..................................................................................................... 15
Gráfico 4 - Relação entre a Taxa de Natalidade de Empresas e a Taxa de Variação do
Emprego em Portugal .......................................................................................................... 16
Gráfico 5 - Evolução trimestral da taxa de execução por Fundos Comunitários até
30.09.2012 ........................................................................................................................... 22
Gráfico 6 - Evolução da taxa de execução por Programa Operacional até 30.09.2012 (%) 22
Gráfico 7 - Pagamentos Intermédios executados pela Comissão Europeia em % da dotação
dos Estados Membros .......................................................................................................... 23
Gráfico 8 - Fundo Executado na Agenda Temática Fatores de Competitividade até
30.09.2012 ........................................................................................................................... 24
Gráfico 9 - Incentivos às Empresas até 30.09.2012 ............................................................. 25
Gráfico 10 - Evolução Anual do Incentivo Aprovado no SI Inovação, 2007-2011 ............ 27
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Os cincos tipos de inovação de Shumpeter ......................................................... 11
Figura 2 - Papel dos SI na Alavancagem do Investimento .................................................. 28
Figura 3 - Logótipo CEC/CCIC ........................................................................................... 29
Figura 4 - Organigrama do CEC/CCIC ............................................................................... 32
Figura 5 - CECNews (visualização parcial) ........................................................................ 34
Figura 6 - BusinessCentro no ALL DESK (visualização parcial do website) ..................... 35
Figura 7 - Circuito Financeiro para a Validação da Despesa .............................................. 39
Figura 8 - Cabeçalho das Newsletters de Disseminação de Resultados do CORE .............. 40
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Indicadores de Cumprimento de Metas do Eixo II ............................................. 26
xii
xiii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
PARTE I – ENQUADRAMENTO E OBJETIVOS .............................................................. 3
PARTE II – REVISÃO TEÓRICA ....................................................................................... 5
II.1 – Empreendedorismo e Inovação ................................................................................ 6
II.1.1 – Empreendedorismo ........................................................................................... 6
II.1.2 – Inovação .......................................................................................................... 11
II.1.3 – A importância do empreendedorismo e da inovação no desenvolvimento
económico .................................................................................................................... 14
II.2 – Quadro de Referência Estratégico Nacional .......................................................... 17
II.2.1 – Os Sistemas de Incentivos do QREN .............................................................. 18
II.2.2 – Resultados do QREN ...................................................................................... 21
PARTE III – O ESTÁGIO ................................................................................................... 29
III.1 – Conselho Empresarial do Centro/Câmara de Comércio e Indústria do Centro .... 29
III.1.2 – Estrutura Orgânica do CEC/CCIC ................................................................. 31
III.2 – Objetivos do Estágio ............................................................................................. 32
III.3 – Tarefas e Responsabilidades assumidas durante o Estágio .................................. 33
III.3.1 – CECNews ....................................................................................................... 33
III.3.2 – BusinessCentro .............................................................................................. 35
III.3.3 – Projetos .......................................................................................................... 36
III.3.4 – Outras Tarefas Desenvolvidas ....................................................................... 44
PARTE IV – ANÁLISE CRÍTICA ..................................................................................... 45
PARTE V – CONCLUSÕES ............................................................................................... 51
LISTA DAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 53
APÊNDICE I – Artigo escrito no âmbito da Sessão de Apresentação do Projeto MENTOR
............................................................................................................................................. 65
xiv
APÊNDICE II – Press Release de disseminação de resultados do CORE .......................... 67
APÊNDICE III – Procedimentos Previstos no Código da Contratação Pública ................. 69
APÊNDICE IV – Suporte de Análise das Propostas de Aquisição de Serviços de
Comunicações de Voz e Dados ........................................................................................... 71
1
INTRODUÇÃO
“ O pensamento criativo é o valor atual mais cobiçado
e gerador de lucro para qualquer indivíduo, empresa ou país.
Possui a capacidade de mudá-lo a si, ao seu negócio e ao mundo. ”
Robert P. Crawford
O estágio curricular representa uma oportunidade de valorização e de
aprofundamento dos conhecimentos obtidos, tendo como objetivo o aproximar do
estudante ao mercado de trabalho. Como tal, a escolha da entidade de acolhimento recaiu
sobre uma organização sem fins lucrativos, o CEC/CCIC, que coordena projetos de
utilidade pública, tanto para a população como para as empresas da Região Centro.
Numa altura em que temas como a inovação e o empreendedorismo estão na
ordem do dia, importa analisar como é que em contexto de escassez de capital e de
dificuldade no acesso ao crédito, se poderá contrariar este cenário, dando assim todos os
apoios possíveis para o desenvolvimento económico e social do país.
O presente relatório de estágio estruturou-se em seis partes, que integram diversos
subcapítulos. Assim, na Parte I – Enquadramento e Objetivos é efetuado o
enquadramento da temática dos fundos estruturais e do empreendedorismo e inovação,
assim como são apresentados dados relevantes da pertinência do estudo no contexto
económico geral e no contexto da entidade de acolhimento. De igual modo, estão aqui
estabelecidos quais os objetivos do estudo deste tema.
Na Parte II – Revisão Teórica é feita a apresentação sumária dos conceitos de
Empreendedorismo e Inovação, analisando ainda quais as motivações do
empreendedorismo e a distinção entre as noções de invenção e inovação como também
entre inovação radical e incremental. Para além da análise da atividade empreendedora em
Portugal, é também realizado nesta parte a análise da importância do empreendedorismo e
da inovação no desenvolvimento económico do país. Já ao nível dos instrumentos de
política pública, começa-se por fazer uma breve apresentação do QREN e dos SI,
observando em seguida a importância da implementação financeira dos fundos do QREN e
consequentemente dos SI.
Na Parte III – O Estágio começa-se por fazer uma apresentação da entidade de
acolhimento, o CEC/CCIC, descrevendo em seguida os objetivos do estágio e a descrição
2
das tarefas e das responsabilidades assumidas durante o mesmo, no âmbito dos diversos
projetos desenvolvidos na organização.
Já na Parte IV – Análise Crítica é estabelecida a ligação entre o tema
desenvolvido na revisão teórica e os projetos com os quais foi possível contactar durante a
realização do estágio, complementando com uma breve reflexão sobre a atividade do
CEC/CCIC e dando algumas sugestões de melhoria para o seu desenvolvimento.
Por último, a Parte V – Conclusões contém um breve resumo do tema estudado,
assim como uma descrição das contribuições do trabalho desenvolvido no CEC/CCIC e o
balanço das aprendizagens retiradas quer com o estágio curricular, quer com o tema
estudado.
3
PARTE I – ENQUADRAMENTO E OBJETIVOS
Diariamente nas páginas dos jornais podem ler-se artigos sobre a atual conjuntura
económica que Portugal e a União Europeia (UE) atravessam. Uma das notícias
avassaladoras no ano de 2012 foi o Orçamento de Estado para 2013 e todos os
cortes/adversidades que o mesmo implica.
A 13 de novembro de 2012 podia ler-se no Público “Banco de Portugal prevê
recessão maior em 2013”, sendo que no dia imediatamente a seguir, o mesmo jornal
divulgava dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), “O Produto Interno Bruto (PIB)
português caiu 3,4% no terceiro trimestre de 2012 em relação ao mesmo período do ano
passado. É a maior quebra homóloga desde o início da recessão na economia portuguesa”.
Cinco dias depois, no jornal OJE uma notícia com o título “Reduções mais acentuadas no
consumo privado e investimento” fazia manchete, no dia seguinte uma nova notícia
revelava que de acordo com os Censos 2011, 49,4% da população portuguesa é
economicamente inativa. Ainda no mesmo mês, de acordo com o boletim de execução
orçamental da Direção Geral do Orçamento, o défice orçamental atingiu os 8.145 milhões
de euros até outubro. Mais recentemente, de acordo com a Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Económico (OCDE), a taxa de desemprego em Portugal subiu para os
16,3% em outubro.
Deste modo uma questão fulcral se impõe: O que poderá ser feito para recuperar a
economia portuguesa?
Pedro Passos Coelho defendeu, perante os parceiros europeus, que o dinheiro dos
fundos estruturais juntamente com a austeridade constituem a única forma de criar
crescimento económico em Portugal. Acrescenta ainda que estes fundos são fundamentais
numa altura em que o país mais precisa de investir em competitividade e investigação
(Valente, 2012).
Seguindo a mesma lógica do primeiro-ministro português, o CEC/CCIC assume o
compromisso de transformar a Região Centro de Portugal, até ao ano de 2015, numa das
regiões mais competitivas de Portugal e da UE, utilizando o dinheiro dos fundos estruturais
para o efeito. Neste âmbito, esta organização sem fins lucrativos lidera a Rede de
Incubadoras de Empresas da Região Centro (RIERC), que pretende desenvolver medidas
facilitadoras ao empreendedorismo nesta região. Além disso o CEC/CCIC lidera ainda a
4
Rede de Inovação da Região Centro (RIRC), que se propõe integrar as empresas desta
região com núcleos em Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (I&DT).
O país necessita fortemente de empreendedores que sejam capazes de identificar e
aproveitar oportunidades, investir e gerar riqueza e emprego (GEM Portugal 2010). No
entanto, as dificuldades económicas podem também diminuir as possibilidades de criar
uma empresa bem-sucedida.
Por tudo isto, este relatório incide sobre o tema “Os Sistemas de Incentivos do
QREN para o desenvolvimento do Empreendedorismo e da Inovação em contexto de crise
económica”, apresentando uma visão geral dos sistemas de incentivos, do
empreendedorismo e da inovação e tendo como objetivo perceber quais os efeitos das
políticas públicas no apoio ao empreendedorismo e à inovação como forma de dinamização
do crescimento económico e do emprego e para o acréscimo de competitividade do tecido
empresarial português.
5
PARTE II – REVISÃO TEÓRICA
A Estratégia Europa 2020, lançada em 2010 pela Comissão Europeia, sublinha a
necessidade de mais inovação e conhecimento, como forma de assegurar a saída da crise e
preparar a economia da UE para a próxima década (Comissão Europeia, 2010; European
Commission, 2010). Por sua vez, o empreendedorismo serve como um canal para o
extravasamento do conhecimento, onde se revela a importância das start-ups para a ligação
entre a criação do conhecimento e a comercialização do mesmo, contribuindo assim para o
crescimento económico (Audretsch, 2007; Braunerhjelm, 2010; Acs et al., 2012).
No entanto, atualmente, para as empresas sobreviverem é fundamental
combinarem a sua ação empreendedora que cria novas oportunidades com a sua ação
estratégica que gera vantagem competitiva (Hitt et al., 2002 apud Agarwal et al., 2007;
Agarwal et al., 2010). Por esta razão, é fundamental estimular a competitividade das
empresas através de políticas macroeconómicas sólidas, associadas a políticas estruturais
(European Commission, 2007). Na verdade, os resultados sugerem que as intervenções
estruturais têm influenciado positivamente o processo de crescimento das regiões de
coesão da UE, estimando-se que o PIB destas regiões foi superior ao que seria na ausência
de qualquer intervenção (European Commission, 2003, 2004, 2007; Puigcerver-Peñalver,
2007).
Importa assim analisar se em contexto de crise económica e financeira se continua
a verificar, conforme evidenciam os estudos empíricos, o impacto positivo e sistemático da
inovação e do empreendedorismo sobre o crescimento económico. Além disso, é ainda
essencial observar o impacto das políticas públicas portuguesas como forma de estímulo e
de incentivo ao empreendedorismo, bem como forma de crescimento económico, através
do QREN.
6
II.1 – Empreendedorismo e Inovação
II.1.1 – Empreendedorismo
O conceito de empreendedorismo existe há bastante tempo e tem um vasto leque
de significados. Contudo, o empreendedorismo tem estado mais em voga nos últimos
tempos como forma de criação de riqueza e postos de trabalho num país que atravessa uma
grave crise económica e financeira.
O conceito de empreendedorismo é atribuído aos economistas Richard Cantillon e
Jean-Baptiste Say (Rodrigues, 2008: 5). Ambos definiam os empreendedores como
indivíduos criadores de valor e que assumem o risco empresarial, dando ao
empreendedorismo um papel de destaque no desenvolvimento económico (Rodrigues,
2008; Sarkar, 2010).
No início do século XX, Joseph Schumpeter apresenta a definição mais próxima
de empreendedorismo utilizada hoje (Sarkar, 2010: 27), ligando este conceito com a
inovação ao afirmar que “a essência do empreendedorismo está na perceção e
aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos negócios” (Rodrigues, 2008: 5).
Segundo este economista austríaco, o empreendedor é responsável por processos de
“destruição criativa” que resultam na criação de novos produtos, novos métodos de
produção, novos mercados, novas fontes de oferta de materiais e novas empresas (Sarkar,
2010).
As discussões sobre o empreendedorismo vêm-se prolongando até aos dias de
hoje, continuando este conceito a ser percecionado de diversas formas por diferentes
autores.
Pela perspetiva de Sarkar (2010), baseado no ideal de Schumpeter, o
empreendedorismo pode também surgir devido a oportunidades identificadas, não se
limitando apenas a projetos inovadores. Para Hitt et al. (2011: 381) o empreendedorismo
surge igualmente como “the process by which individuals, teams or organizations identify
and pursue entrepreneurial opportunities1” acrescentado apenas “without being
immediately constrained by the resources they currently control”.
1 Oportunidades Empreendedoras: quando os produtos e serviços novos satisfazem as necessidades de
mercado (Hitt et al., 2011).
7
No Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2010: 4) o empreendedorismo é
descrito unicamente como “qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou nova
iniciativa”, o que significa que um empreendedor não é definido pelo tamanho da
organização mas sim pelas suas ações (Burns, 2001), deste modo:
Entrepreneurs use innovation to exploit or create change and opportunity for the
purpose of making profit. They do this by shifting economic resources from an
area of lower productivity into an area of higher productivity and greater yield,
accepting a high degree of risk and uncertainty in doing so (Burns, 2001: 6).
Tendo em consideração o contexto atual, pode-se descrever o empreendedorismo
como o processo através do qual os indivíduos, ao correrem riscos calculados, criam valor
para a sociedade, através de produtos ou serviços inovadores, aproveitando oportunidades
de negócio existentes.
II.1.1.1 – Motivações do empreendedorismo: oportunidade ou necessidade
O empreendedorismo, por contribuir para a qualidade do desenvolvimento
económico, tem gerado a atenção de diversos investigadores sobre os motivos pelos quais
os empreendedores iniciam os seus negócios (Yalcin e Kapu, 2008). Deste modo a decisão
por parte de um indivíduo de optar pelo autoemprego pode resultar de dois tipos de
impulsos económicos: empreendedorismo induzido pela oportunidade ou
empreendedorismo induzido pela necessidade.
O empreendedorismo “de oportunidade” resulta da intenção por parte de um
indivíduo, com capacidades empreendedoras, de aproveitar uma possibilidade de negócio
potencialmente lucrativa existente no mercado, através da criação de uma nova empresa ao
invés do emprego por conta de outrem (Reynolds et al., 2002; Ferrão et al., 2005: 101;
GEM, 2010).
Por outro lado, o empreendedorismo “de necessidade” resulta da ausência de
outras alternativas de emprego ou de postos de trabalho com características adequadas às
competências do indivíduo, levando-o à criação de uma empresa por considerar não
possuir alternativas mais favoráveis à sua sobrevivência (Reynolds et al., 2002; Ferrão et
al., 2005: 101; GEM, 2010).
Deste modo verifica-se que no empreendedorismo motivado pela oportunidade o
indivíduo é “puxado” na direção do autoemprego, enquanto que no empreendedorismo
8
induzido pela necessidade o indivíduo é “empurrado” a criar o seu próprio negócio
(Reynolds et al., 2002; Ferrão et al., 2005: 101).
II.1.1.2 – Empreendedorismo em Portugal2
A atividade económica em Portugal tem sido afetada pela crise económica e
financeira não só nacional como também internacional. Deste modo, importa observar a
relação entre o papel do empreendedorismo e o crescimento económico em Portugal
(GEM, 2010: 3).
Para tal, irão ser analisados os resultados do estudo GEM, o maior estudo
independente de empreendedorismo realizado em todo o mundo pela Babson College
(EUA) e pela London Business Scholl (Reino Unido), que permite avaliar não só a relação
citada anteriormente, como também determinar os fatores que fomentam e entravam as
dinâmicas empreendedoras de cada país. A elaboração do relatório GEM Portugal 2010
implicou uma sondagem à população adulta e a especialistas ligados ao empreendedorismo
em Portugal Continental, através da utilização de questionários padronizados, aplicados a
todos os países participantes no GEM 2010.
Os dados do relatório demonstram que Portugal aparece como um dos menos
empreendedores no grupo de países de maiores rendimentos (economias orientadas para a
inovação, conforme a tipologia de desenvolvimento competitivo de Michael Porter),
ficando 1,1 pontos percentuais abaixo da média associada a este tipo de economia. Este
resultado fica também abaixo da média associada aos países membros da UE.
Neste estudo a Taxa de Atividade Empreendedora Early-Stage3 (Taxa TEA) em
Portugal atingiu os 4,5%, o que significa que existem 4 a 5 empreendedores, entre os 18 e
os 64 anos, por cada 100 adultos. Esta taxa equivale a metade da que tinha sido obtida no
mesmo estudo em 2007 (8,8%), o que indica que existe uma diminuição do
empreendedorismo em Portugal devido a um panorama pouco favorável ao
desenvolvimento de iniciativas empreendedoras.
2 Empreendedorismo em Portugal Continental, designado simplesmente por Portugal de agora em diante
(GEM, 2010).
3 Taxa TEA: mede a proporção de adultos (com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos) envolvidos
num processo de start-up (negócio nascente) ou na gestão de negócios novos e em crescimento.
9
Contrariando a maioria dos países GEM 2010, a atividade empreendedora early-
stage em Portugal foi, em grande parte, reflexo de iniciativas de empreendedores a gerir
novos negócios4 (2,6%), cabendo 1,9% ao número de empreendedores envolvidos em
negócios nascentes5. Verifica-se também que o setor orientado ao consumidor é aquele
onde se regista uma maior percentagem de atividade empreendedora (54%), seguindo-se o
setor da transformação (26,5%). Comparativamente aos resultados de 2007, pela
visualização do Gráfico 1 destaca-se uma diminuição no setor orientado ao cliente
organizacional.
Gráfico 1 - Distribuição da Taxa TEA por Setores de Atividade
Fonte: Adaptado de GEM Portugal 2010, 21, Figura 6.
Este estudo revela ainda que o número de empreendedores early-stage do sexo
masculino equivale a cerca do dobro do número de empreendedores do sexo feminino, o
que se verifica igualmente nas economias orientadas para a inovação.
De acordo com o Gráfico 2 verifica-se que a atividade empreendedora induzida
pela oportunidade predomina sobre a atividade empreendedora baseada pela necessidade.
4 Empreendedor de novo negócio: indivíduo que tem vindo a administrar um negócio nos últimos 12 meses e
que é proprietário de parte ou da totalidade desse negócio, tendo este proporcionado remuneração por período
não superior a 3,5 anos e não inferior a 3 meses (GEM, 2010: 19).
5 Empreendedor de negócio nascente: indivíduo que, nos últimos 12 meses, tentou iniciar um novo negócio e
manifestou intenção de ser dono de parte ou da totalidade do mesmo, tendo o negócio proporcionado
remuneração por um período não superior a 3 meses (GEM, 2010: 19).
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Portugal 2010
Portugal 2007
% da Atividade Empreendedora Early-Stage
Setor Extrativo Setor da Transformação
Setor Orientado ao Cliente Organizacional Setor Orientado ao Consumidor
10
O estudo de 2010 indica que 56,3% da atividade empreendedora nacional é induzida pelas
oportunidades de mercado, principalmente devido ao aumento de rendimento, enquanto
que 31,1% é induzida pela necessidade ou como uma solução para manter o rendimento.
Comparando com os resultados de 2007, verifica-se que existe um aumento dos
empreendedores early-stage motivados pela necessidade (22,7% em 2007) e uma
diminuição de 8,5% pela mistura de motivos. Em termos médios, as economias orientadas
para a inovação apresentam uma maior percentagem de empreendedores motivados pela
oportunidade de independência (27,5%).
Gráfico 2 - Motivações para criar novos negócios
Fonte: Adaptado de GEM Portugal 2010, 26, Figura 9.
O relatório GEM 2010 mostra ainda que a maioria dos empreendedores early-
stage em Portugal (72,9%) não considera que as suas atividades são extremamente
inovadoras. Quanto aos motivos para a desistência de um negócio, em 2010, 29,7% dos
indivíduos que cessaram atividade apontam a falta de viabilidade do negócio, enquanto que
apenas 3,1% admitem ter sido por dificuldades em obter financiamento. A maioria (40,9%)
refere outras razões tais como surgimento de outras oportunidades de emprego ou de
negócio como motivo para cessar atividade.
De acordo com os especialistas do GEM, a população portuguesa está pouco
orientada para o empreendedorismo, destacando a falta de estímulo não só ao êxito
individual, como também à criatividade e à inovação.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Orientadas para a Inovação
Portugal 2010
Portugal 2007
% da Atividade Empreendedora Early-Stage
Eco
no
mia
s
Motivo de Oportunidade: aumento do rendimento
Motivo de Oportunidade: independência
Mistura de Motivos
Motivo de Não-Oportunidade: necessidade/manutenção do rendimento
11
De igual modo, a dificuldade de acesso a financiamento por parte das empresas
novas e em crescimento revela-se como um dos principais constrangimentos para a
atividade empresarial portuguesa (apesar do crescimento da comunidade de Business
Angels). Contudo, o relatório do GEM 2010 salienta a disponibilidade de subsídios
governamentais como um incentivo ao empreendedorismo.
Os especialistas nacionais do GEM destacam ainda o apoio prestado pelos
parques de ciência e pelas incubadoras às empresas novas e em crescimento, considerando
também como condição favorável ao empreendedorismo o aumento do nível de educação
em negócios e gestão.
Perante este cenário verifica-se que continuam a persistir condições estruturais
pouco favoráveis ao empreendedorismo, que associadas à grave situação económica e
financeira do país levam a que, em muitos casos, a atividade empreendedora surja
unicamente como consequência do desemprego.
II.1.2 – Inovação
Para uma definição histórica de inovação, deve-se retornar aos processos de
“destruição criativa” de Schumpeter (Sarkar, 2010), que resultam em cinco tipos de
inovação, como se pode ver na Figura 1. Segundo a teoria da “destruição criativa”, a
introdução de uma inovação num mercado pode levar ao desaparecimento de alguns
negócios (Agarwal, 2007; Sarkar, 2010: 113).
Figura 1 - Os cincos tipos de inovação de Shumpeter
Fonte: Sarkar (2010: 144), Figura 6.1.
Novo Produto
Novo Processo
Nova Organização
Nova Fonte Matérias-Primas
Novo Mercado
12
Além disso, para este autor, considerado por muitos como o pai da inovação, o
empreendedor é o elemento central do processo de inovação, pois é ele que introduz e
explora as novas oportunidades (Burns, 2001: 52), é este que coloca o processo de
inovação em funcionamento. De igual modo, Peter Drucker refere que “A inovação é a
ferramenta específica dos empreendedores, os meios com os quais eles exploram a
mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente.”
(Drucker, 1997: 35), ou seja, é o meio pelos quais os empresários criam riqueza (Hitt et al.,
2011: 381).
Atualmente, tal como para o empreendedorismo, continuam a existir múltiplos
conceitos de inovação, dado que cada investigador tende a defini-la com base nos aspetos
que considera mais importantes.
Por conseguinte, para Tidd et al. (2005: 66) a inovação é vista como o processo de
tornar as oportunidades em novas ideias, enquanto que para Dess et al. (2008: 413) a
inovação é uma das mais importantes fontes de ensejos de crescimento, dado que envolve
o uso de novos conhecimentos para criar produtos e serviços que sejam comercialmente
viáveis (na medida em que os produtos/serviços apenas serão comercialmente viáveis se
forem originais, o que significa que para este autor a ênfase da inovação está em ser
original).
No Manual de Oslo (OCDE/Eurostat, 2005: 46) é apresentada uma ampla
definição de inovação (claramente influenciada por a teoria de inovação de Schumpeter),
por conseguinte para a OCDE e o Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat)
“An innovation is the implementation of a new or significantly improved product (good or
service), or process, a new marketing method, or a new organisational method in business
practices, workplace organisation or external relations”.
Deste modo pode-se definir inovação como a aplicação com sucesso de ideias
novas, gerando novas formas de fazer produtos (bens ou serviços) e criando não só valor
para o consumidor como para a empresa. A inovação, considerada como fundamental para
todos os empreendedores, deverá criar monopólios temporários através da produção de
bens ou serviços que ainda ninguém desenvolveu.
13
II.1.2.1 – Invenção versus Inovação
À primeira vista, as palavras invenção e inovação parecem sinónimas, contudo,
dada a frequência com que as mesmas são utilizadas, torna-se necessário fazer a sua
distinção.
A invenção corresponde à ocorrência de uma ideia para criar ou desenvolver um
novo produto ou processo, enquanto que a inovação está associada ao processo de
colocação, com sucesso, dessa mesma ideia no mercado (Fagerberg, 2005:4; Hitt et al.,
2011:382).
Fagerberg (2005: 5) aponta ainda outra diferença entre invenção e inovação,
referente à entidade que desenvolve o processo, referindo que uma invenção pode ocorrer
em qualquer lugar, como por exemplo nas universidades, enquanto que a inovação ocorre
principalmente nas empresas. Pode assim constatar-se que a invenção é um saber mais
teórico e a inovação a implementação desse saber, orientando-o para a comercialização (de
um novo produto, processo ou sistema) de modo a obter vantagens competitivas (Sarkar,
2010: 145; Hitt et al., 2011).
Conclui-se assim que a inovação é fundamentalmente sobre invenções que têm
um grande impacto/sucesso no mercado (Sarkar, 2010). Assim sendo, o empreendedorismo
é primordial na medida em que atua como elemento central da invenção e da inovação
(Burns, 2001; Hitt et al., 2011: 382).
II.1.2.2 – Inovação Radical versus Inovação Incremental
Embora a inovação deva extravasar as fronteiras da ciência e da tecnologia e
alargar-se a outros domínios de atividade, as alterações nestes campos que estão
intuitivamente associados à inovação podem ser uma importante fonte de mudança e
crescimento (Dess et al., 2008).
Hoje em dia as empresas podem produzir dois tipos de inovações ao aplicar os
seus esforços em investigação e desenvolvimento: inovação radical e inovação
incremental.
A inovação radical (Leite et al., 2007; Dess et al., 2008; Sarkar, 2010; Hitt et al.,
2011) pressupõe avanços tecnológicos significativos de modo a transformar uma empresa
ou até mesmo revolucionar uma indústria, tornando os produtos já existentes obsoletos e
14
não competitivos. Este tipo de inovação recorre fundamentalmente a novos conhecimentos
e/ou recursos, estando associada a maiores riscos mas também a maiores vantagens
competitivas, podendo levar a produtos ou processos que poderão ser patenteados.
Por outro lado a inovação incremental (Leite et al., 2007; Dess et al., 2008;
Sarkar, 2010; Hitt et al., 2011) geralmente está associada a melhorias dos produtos ou
processos existentes (mas impedindo que o output final da inovação seja considerado como
novo), envolvendo mudanças tecnológicas modestas para que os produtos existentes no
mercado se mantenham competitivos. Ao invés da inovação radical, este tipo de inovação
procura potenciar a utilização das competências e recursos já existentes numa empresa.
Torna-se assim claro que as empresas já existentes no mercado lançam muito mais
inovação incremental do que inovação radical, na medida em que podem usar o
conhecimento e os recursos que detêm, tornando-se mais fácil, mais rápido e mais barato
de produzir para além de envolver menos riscos (Leite et al., 2007; Hitt et al., 2011).
II.1.3 – A importância do empreendedorismo e da inovação no desenvolvimento económico
A partir da década de 70/80 do século XX, devido a mudanças como a crise
petrolífera, o progresso tecnológico e a globalização, o empreendedorismo tornou-se uma
importante prática para o desenvolvimento económico dos países (Costa, 2010: 28),
assistindo-se assim a uma mudança da economia de “gestão” para uma economia
“empreendedora”.
Já em 2002 Michael Porter defendeu numa visita a Portugal que o país deve
apostar na inovação e no empreendedorismo visto que o desenvolvimento da economia
nacional passa pelo aumento da competitividade e da produtividade (Mata, 2002). Deste
modo constata-se assim que “A promoção de um espírito empreendedor e de inovação não
é mais uma opção de Portugal. É de uma necessidade primordial.” (Sarkar, 2010: 12).
Sarkar (2010: 13) analisou a ligação entre os elevados níveis de atividade
empreendedora e o crescimento económico, relacionando a taxa de crescimento do PIB per
capita6 e a taxa de natalidade de empresas em Portugal entre 1998 e 2003. Ainda que
apenas seja examinada uma das variáveis que pode ser considerada como causa do
6 A análise do crescimento económico com base nas alterações do PIB per capita ao invés do PIB tem a
vantagem de tomar em consideração as variações na população total (European Commission, 2007: 3).
15
crescimento económico, foi possível constatar a existência de uma relação, normalmente
direta, entre as duas variáveis, na medida em que a queda da taxa de natalidade de
empresas é uma das causas para o decréscimo da taxa de crescimento económico nacional.
Pela visualização do Gráfico 3 constata-se que entre 2004 e 2010 continua a verificar-se a
existência de uma relação, normalmente direta, entre a taxa de nascimento de empresas e o
crescimento económico em Portugal.
Gráfico 3 - Relação entre a Taxa de Crescimento do PIB per capita e a Taxa de Natalidade
de Empresas em Portugal
Fonte: Elaboração própria com base em dados do INE e do Eurostat.
De igual modo confirma-se também, através do Gráfico 4, uma relação direta
entre a taxa de natalidade de empresas e a taxa de emprego, o que significa que a criação
de novas empresas tem um impacto positivo no emprego (mas também na inovação) e
consequentemente na produtividade e na renovação económica (Sarkar, 2010: 14).
-4,00%
-2,00%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
16,00%
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Tx. Natalidade de Empresas Tx. Crescimento Real do PIB per capita
16
Gráfico 4 - Relação entre a Taxa de Natalidade de Empresas e a Taxa de Variação do
Emprego em Portugal
Fonte: Elaboração própria com base em dados do INE.
Estes efeitos positivos sobre o emprego podem-se justificar pelo surgimento de
efeitos positivos indiretos sobre a estrutura da oferta de mercado resultantes de inovações
introduzidas pelas novas empresas. Deste modo, as empresas já instaladas vão tentar
repercutir estas inovações para dar resposta à concorrência, o que irá levar a melhorias na
produtividade, bem como a uma maior variedade e qualidade dos produtos/serviços
disponíveis. Este aumento da competitividade levará a um acréscimo da procura e
consequentemente a aumentos da produção e do emprego total (Fritsch e Müeller, 2004;
Ferrão et al., 2005: 148), sendo que elevar os níveis de emprego constitui uma das formas
mais eficazes de gerar crescimento económico (European Commission, 2010: 176).
Pode-se assim concluir que o empreendedorismo e a inovação surgiram como
uma força motriz do crescimento económico (Audretsch, 2007), sendo que os
empreendedores de sucesso “are vital for a healthy, vibrant and competitive economy”
(Anderson, 1995 apud Burns, 2001: 5).
-4,00%
-2,00%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
16,00%
18,00%
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Tx. Natalidade de Empresas Tx. de Variação do Emprego
17
II.2 – Quadro de Referência Estratégico Nacional
O Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) “constitui o
enquadramento para a aplicação da política comunitária de coesão económica e social em
Portugal no período de 2007-2013” (QREN, 2007). A sua conceção, elaboração e
implementação resulta da articulação de esforços por parte do Estado, dos Parceiros
Sociais, Económicos e Institucionais e da Sociedade Civil.
O QREN assume as seguintes prioridades estratégicas para o período
programático: fomentar a qualificação dos portugueses (valorizando o conhecimento, a
ciência, a tecnologia, a inovação, a educação e a cultura), promover o crescimento
económico e sociocultural de forma sustentável (aumentando a competitividade das
empresas e dos territórios, assim como impulsionando o investimento empresarial),
garantir a coesão social (reforçando o empreendedorismo e consequentemente a
empregabilidade e assegurando a melhoria das qualificações dos portugueses), garantir a
qualificação das cidades e do território (reduzindo as diferenças regionais de
desenvolvimento) e aumentar a eficiência da governação (melhorando a eficiência e
qualidades dos sistemas sociais e coletivos).
O prosseguimento destes propósitos estratégicos é assegurado por três Agendas
Operacionais Temáticas (com o apoio dos Fundos Estruturais – Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional (FEDER)7 e Fundo Social Europeu (FSE)
8 – e do Fundo de
Coesão (FC)9):
Agenda para o Potencial Humano
Visa a promoção das qualificações dos portugueses, do emprego e da inclusão
social, assim como a valorização da igualdade de género.
Agenda para os Fatores de Competitividade
Visa a qualificação do tecido produtivo português (através da inovação, do
desenvolvimento tecnológico e do incentivo ao empreendedorismo) e a melhoria da
envolvente da atividade empresarial.
7O FEDER apoia a realização de infraestruturas e investimentos que permitam gerar emprego, sendo
destinado principalmente para as empresas (IGFSE, s.d.).
8O FSE apoia a inclusão profissional dos desempregados e da população mais desfavorecida, financiando,
por exemplo, ações de formação (IGFSE, s.d.).
9O FC destina-se aos países cujo PIB médio per capita é inferior a 90% da média comunitária. Tem por
finalidade financiar projetos de infraestruturas ao nível do ambiente e dos transportes (IGFSE, s.d.).
18
Agenda para a Valorização do Território
Visa melhorar as condições de atratividade do país para o investimento produtivo,
bem como as condições de vida para as populações.
A concretização destas Agendas Temáticas é operacionalizada pelos Programas
Operacionais enunciados seguidamente, estando para cada um deles definidas as principais
dimensões de intervenção:
Programas Operacionais Temáticos Potencial Humano, Fatores de Competitividade
e Valorização do Território;
Programas Operacionais Regionais do Continente – Norte, Centro, Lisboa, Alentejo
e Algarve;
Programas Operacionais das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira;
Programas Operacionais de Cooperação Territorial – Transfronteiriça (Portugal –
Espanha e Bacia do Mediterrâneo), Transnacional (Espaço Atlântico, Sudoeste
Europeu, Mediterrâneo e Madeira – Açores – Canárias), Inter-regional e de Redes
de Cooperação Inter-regional;
Programas Operacionais de Assistência Técnica.
II.2.1 – Os Sistemas de Incentivos do QREN
A crise económica e financeira internacional repercutiu-se em Portugal suscitando
demasiados desequilíbrios, destacando-se o agravamento dos problemas de estrutura
relacionados com a baixa produtividade e competitividade que consequentemente fizeram
aumentar a taxa de desemprego deste “jardim da Europa à beira mar plantado”. Deste
modo, torna-se essencial estimular e cultivar a ousadia de empreender e inovar, na medida
em que são estas ações que levam, regra geral, ao crescimento económico e à mudança de
uma sociedade para melhor (Costa, 2010: 21).
Tendo em vista o acréscimo de produtividade e de competitividade das empresas
portuguesas, assim como a internacionalização da economia e o desenvolvimento regional,
o QREN fundamenta a criação de instrumentos de política pública de promoção da
inovação e do investimento empresarial, os chamados Sistemas de Incentivos – à Inovação
(SI Inovação), à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (SI I&DT) e à Qualificação
e Internacionalização de Pequenas e Médias Empresas (SI Qualificação PME) (Augusto
19
Mateus & Associados, 2011: 45; POFC, s.d.-a). Em conformidade, os SI assentam em
diversos princípios orientadores, destacando-se a focalização do apoio em investimentos
que possuam viabilidade económica e, além disso, permitam alcançar efeitos económicos
positivos ao nível nacional e regional (existindo uma proporcionalidade entre o incentivo e
as externalidades positivas geradas pelos investimentos apoiados), dando prioridade às
atividades de produção de bens e serviços inovadores que tenham um impacto relevante no
emprego ou nas exportações (Augusto Mateus & Associados, 2011: 48; POFC, s.d.-a).
Os projetos apoiados no SI Inovação10
procuram desenvolver a inovação no
tecido empresarial através da introdução de novos bens/serviços (inovação de produto) e
novos processos (inovação de processo), fortalecendo a orientação das empresas para os
mercados internacionais e fomentando por um lado o investimento estruturante em novas
áreas com potencial de crescimento e por outro o empreendedorismo qualificado. Já os SI
I&DT11
financiam projetos que visam melhorar a capacidade das empresas para
produzirem, absorverem e aplicarem o conhecimento em I&DT, aumentando a
competitividade das mesmas e promovendo a articulação entre estas e as entidades do
Sistema Científico e Tecnológico. Por último, os SI Qualificação PME12
pretendem
promover a competitividade das PME através do aumento da produtividade, da capacidade
de resposta e da presença ativa destas empresas no mercado internacional (CCDRC, 2011;
POFC, s.d.-a).
A apreciação, seleção e aprovação das candidaturas aos SI da Agenda para os
Fatores de Competitividade é da responsabilidade do COMPETE - Programa Operacional
Fatores de Competitividade, para projetos de médias e grandes empresas, e dos Programas
Operacionais Regionais, para projetos de micro e pequenas empresas. Refira-se ainda que
os projetos de multiregiões são da responsabilidade do POFC (Augusto Mateus &
Associados, 2011: 48; CCDRC, 2011; POFC, s.d.-a).
10
O SI Inovação tem como beneficiários finais, exclusivamente, empresas.
11O SI I&DT tem como beneficiários finais, empresas, entidades do Sistema Científico e Tecnológico e
associações empresariais.
12 O SI Qualificação PME tem como beneficiários finais PME, entidades públicas, associações empresariais e
entidades do Sistema Científico e Tecnológico que desenvolvam programas de intervenção num conjunto de
empresas.
20
II.2.1.1 – Natureza do Incentivo
O montante do incentivo a conceder equivale a uma percentagem do investimento
realizado que seja considerado como elegível nos termos da lei (AICEP, 2011: 74). As
taxas a aplicar ao incentivo são variáveis, no entanto, o incentivo global não pode exceder
as taxas máximas (expressas em Equivalente Subvenção Bruta13
), exceto os apoios aos
investimentos com formação de recursos humanos (AICEP, 2011: 74; POFC, s.d.-b).
Em norma, os SI14
às empresas concedem apoios reembolsáveis (sem pagamento
de juros) que podem ser substituídos pela bonificação de juros ou convertidos em apoios
não reembolsáveis (a fundo perdido), de acordo com a avaliação do desempenho do
projeto. Em certos projetos ou para certas categorias de despesas, previstas na lei, os
incentivos são diretamente atribuídos sob a forma de apoios não reembolsáveis (AICEP,
2011: 74).
Os incentivos são estabelecidos em contratos de investimento a efetivar com o
Estado Português, sendo que a obtenção dos mesmos se encontra sujeita a um processo de
apresentação de candidaturas através de concursos onde os projetos são avaliados e
selecionados em função do seu mérito. Certos projetos podem dispensar o recurso do
concurso dada a dimensão do investimento, assim como a sua importância estratégica; é o
caso dos Projetos de Regime Especial (que se revelam interessantes para a economia
nacional) do SI Inovação que estão dispensados do concurso e beneficiam de um regime
mais flexível na definição do montante e natureza dos incentivos a acordar (AICEP, 2011;
POFC, s.d.-b).
Para um maior aprofundamento sobre as condições de atribuição dos apoios
financeiros, nomeadamente, natureza, montantes, limites e prazos, deve-se consultar o
Decreto-Lei n.º 287/207. D.R. n.º 158, Série I de 2007-08-17 (que define as condições e
regras a observar pelos SI ao investimento das empresas), assim como a regulamentação
específica de cada SI (mas também as Portarias que fazem alterações às mesmas):
Portaria n.º 1462/2007. D.R. n.º 220, Série I de 2007-11-15 (SI I&DT), Portaria n.º
13
“Valor do incentivo em percentagem do investimento elegível, convertido em subsídio não reembolsável,
atualizado para o momento da concessão” (AICEP, 2011: 108).
14 Os SI distinguem-se de um auxílio individual pelo facto de serem elaborados para um conjunto incerto de
empresas, ao invés de uma empresa em particular.
21
1463/2007. D.R. n.º 220, Série I de 2007-11-15 (SI Qualificação PME), Portaria n.º
1464/2007. D.R. n.º 220, Série I de 2007-11-15 (SI Inovação).
II.2.2 – Resultados do QREN
Numa altura em que, segundo a Direção Geral do Orçamento da Comissão
Europeia, Portugal é considerado como o país da UE que melhor executa os fundos do
QREN (QREN, 2012c), é importante proceder a uma breve análise sobre a implementação
financeira do mesmo.
A execução associada aos financiamentos do QREN, até final do terceiro trimestre
de 2012, foi de 16.107 M€ de investimento total elegível, suportado por 10.824 M€ de
fundos comunitários. Este volume de fundos executado representa 59,9% do total de
fundos aprovados (taxa de realização) e 50,6% do total de fundos previstos executar até
2015 – mais 4,4% comparativamente com o final do segundo trimestre de 2012, como
consequência do aumento generalizado das taxas de cofinanciamento das operações
(QREN, 2012a).
O contexto socioeconómico desfavorável de implementação do QREN contribui
para uma assimetria de execução dos Fundos Estruturais, dado que em contexto de retração
do investimento privado e aumento da taxa de desemprego, pode-se esperar que a execução
do FSE revele um dinamismo acrescido (QREN, 2012b: 17). Deste modo, como se pode
constatar pela visualização do Gráfico 5, o nível de execução registado no final do terceiro
trimestre de 2012 foi mais favorável no FSE (61%) enquanto no FEDER foi de 48% e no
FC de 35%. Verifica-se ainda que existe uma aceleração da taxa de execução do QREN
principalmente a partir do ano de 2010.
Ao nível dos Programas Operacionais confirma-se, pelo Gráfico 6, que apesar
dos acréscimos registados (principalmente no POVT na vertente FC e no PO Centro), a
maioria das taxas de execução encontram-se abaixo da média do QREN.
22
Gráfico 5 - Evolução trimestral da taxa de execução por Fundos Comunitários até
30.09.2012
Fonte: QREN (2012a: 6).
Gráfico 6 - Evolução da taxa de execução por Programa Operacional até 30.09.2012 (%)
Fonte: QREN (2012a: 6).
23
Apesar da recuperação aos níveis de execução do QREN, o diferencial entre as
taxas de compromisso e as taxas de execução alcançadas até ao final de setembro de 2012
justifica-se, principalmente, pela atual conjuntura económica que retraindo o investimento
leva a ritmos de execução mais lentos em algumas áreas (QREN, 2012b: 18). Esta
recuperação reflete-se no facto de Portugal surgir como o país da UE que melhor executa
os fundos do QREN (Gráfico 7), estando acima da média comunitária no que diz respeito
aos níveis de reembolsos intermédios (FSE, FEDER e FC) por parte da Comissão Europeia
e fazendo parte do conjunto dos nove países dos Estados Membros com uma dotação
global de fundos superior a 19.000 M€ (QREN, 2012c).
Gráfico 7 - Pagamentos Intermédios executados pela Comissão Europeia em % da dotação
dos Estados Membros
Fonte: CE DG Budget apud QREN (2012c).
II.2.2.1 – Contributo dos Sistemas de Incentivos do QREN
A Agenda Operacional para os Fatores de Competitividade é fulcral para
assegurar a prossecução do QREN, sendo que os SI ao investimento das empresas
assumem importante relevância no domínio desta agenda. A veracidade destas afirmações
é claramente comprovada pelo Gráfico 8 onde se poderá verificar que a grande maioria de
fundos executados no âmbito da Agenda dedicada ao reforço dos Fatores de
24
Competitividade até 30.09.2012 (com 22% do total de fundos executados do QREN) se
centralizam na área dos apoios às empresas, destacando-se os SI com 64% da agenda,
induzindo ao aumento do investimento privado.
Gráfico 8 - Fundo Executado na Agenda Temática Fatores de Competitividade até
30.09.2012
Fonte: Adaptado de QREN (2012a: 7).
Ainda considerando as ajudas diretas ao investimento, é igualmente importante
salientar que até ao final do terceiro trimestre de 2012 foram apoiadas 7.651 empresas no
âmbito dos sistemas de incentivos (permitindo um volume de investimento total de 7,7 mil
M€). De destacar (Gráfico 9) os apoios concedidos pelo POFC a 3.932 empresas,
totalizando um investimento total médio de 1,3 M€ por empresa, o que se explica pelo
facto dos incentivos aos projetos de grandes e médias empresas serem elegíveis neste
Programa Operacional. Destaque também para as regiões de convergência (Norte, Centro e
Alentejo) onde se concentram uma grande parte dos projetos apoiados pelos SI. Em termos
de escalão dimensional, foram apoiadas 800 empresas em início de atividade (start-up),
sendo que 46% das novas empresas apoiadas se situam em setores de média-alta e alta
tecnologia, estando assim apostar-se num setor promissor para aumentar a competitividade
da economia portuguesa (QREN, 2012a).
25
Gráfico 9 - Incentivos às Empresas até 30.09.2012
A referência “Sistema de Incentivos” diz respeito a instrumentos de política pública de promoção da
inovação e do investimento empresarial; a referência “Engenharia Financeira” diz respeito a instrumentos de
financiamento para apoio a PME (como sejam, instrumentos de reforço de capital próprio e capital alheio).
Fonte: QREN (2012a: 9).
Dada a relevância do POFC para a melhoria sustentada da competitividade da
economia nacional e no combate ao desemprego (previa-se a geração de 14.414 postos de
trabalho, contudo esta meta já foi ultrapassada visto que até ao final de 2012 o POFC
proporcionou a criação líquida de 17.000 postos de trabalho), importa analisar os
indicadores físicos de realização, mas principalmente o contributo dos SI15
para o
crescimento económico.
O POFC está estruturado em 6 Eixos Estratégicos, sendo que é no Eixo Prioritário
II – Inovação e Renovação do Modelo Empresarial e do Padrão de Especialização que se
concentra a maior parte de incentivos ao investimento empresarial (do SI Inovação e SI
Qualificação PME), estimulando a inovação no tecido produtivo nacional de atividades de
forte crescimento e potencial competitivo. Por conseguinte, através da Tabela 1 é possível
apurar que os projetos aprovados estão a cumprir com as prioridades do programa, ou seja,
concentração dos apoios a projetos inovadores e projetos com elevada intensidade
15
Dada a natureza da componente teórica deste relatório importa analisar em maior detalhe o contributo dos
SI Inovação.
26
tecnológica ou de conhecimento. Prevê-se16
ainda um impacto positivo na qualificação dos
postos de trabalho (devido não só à percentagem de postos de trabalho criados altamente
qualificados – 47% – como também à percentagem de postos de trabalhos criados em
sectores intensivos em tecnologia ou conhecimento – 71%), do contributo para o
crescimento do produto e do aumento do Valor Acrescentado Bruto (VAB) direcionado
para sectores com potencial de crescimento. Quanto aos indicadores de realização as
respetivas metas estão a ser alcançadas, com exceção do indicador do Incentivo ao
Empreendedorismo, que estará a ser prejudicado pela preferência em focalizar estes apoios
a micro e PME que são financiadas essencialmente através dos Programas Operacionais
Regionais (COMPETE, 2012: 162).
Tabela 1 - Indicadores de Cumprimento de Metas do Eixo II
Fonte: Adaptado de COMPETE (2012: 163), Tabela 3.13.
16
Para os indicadores de resultados há que ter consideração que, nesta fase do POFC, os mesmos são
calculados com base em estimativas dos promotores dos projetos (COMPETE, 2012).
Indicador Metas Cumprimento Atual
2010 2015 2007 -2011 Sim/Não
Ind
icad
ore
s d
e R
esu
ltad
os
Qualidade do Emprego Criado
(Postos de trabalho criados altamente qualificados) / (Total de postos de trabalho criados)
15% 15% 47% Sim
Contributo para o Crescimento do Produto
(Aumento do VAB) / (Investimento Total) 0,5 0,6 0,7 Sim
VAB Gerado nos Setores com Potencial de Crescimento
(VAB gerado nos setores intensivos em conhecimento e média-alta e alta tecnologia) / (VAB total gerado)
15% 20% 39% Sim
Emprego Criado em Setores com Potencial de Crescimento
(Postos de trabalho criados em setores intensivos em conhecimento e média-alta e alta tecnologia) / (Total de postos de trabalho criados)
30% 30% 47% Sim
Ind
icad
ore
s d
e R
ealiz
ação
Incentivo à Inovação Produtiva
(Investimento total de projetos inovadores) / (Investimento total de empresas)
55% 67% 91% Sim
Incentivo ao Empreendedorismo
(Nº de empresas criadas) / (Nº de empresas apoiadas) 20% 20% 11% Não
Empresas Criadas nos Setores com Potencial de Crescimento
(Investimento em empresas criadas em setores intensivos em conhecimento e média-alta e alta tecnologia) / (Investimento total em empresas criadas)
50% 50% 71% Sim
Apoio a Projetos Estruturantes em Setores com Potencial de Crescimento
(Investimento estruturante de raiz em setores intensivos em conhecimento e média-alta e alta tecnologia) / (Investimento total de projetos estruturantes apoiados)
15% 20% 68% Sim
27
Em termos de número de projetos aprovados do Eixo II, os dados apontam para
que no período 2007-2011 se encontravam aprovados 1.483 projetos, com um investimento
elegível de 4,9 mil M€, dos quais 3,4 mil M€ (4 mil M€ no final de 2012 (POFC, s.d.-c))
são no âmbito do SI Inovação. Para o desenvolvimento dos projetos do SI Inovação foi
atribuído um incentivo de 1,2 mil M€ (1,5 mil M€ no final de 2012 (POFC, s.d.-c)),
representando 76,5% do total de incentivos concedidos no Eixo II. Observa-se um enfoque
deste SI no apoio à “Produção de novos bens e serviços” (cerca de 60% do investimento
elegível apoiado) e uma predominância no apoio à indústria, sendo que em termos de
dimensão das empresas apoiadas, sabe-se que mais de metade dos incentivos atribuídos
visa Médias Empresas. De destacar que em termos de evolução anual dos incentivos
aprovados (Gráfico 10), denota-se uma diminuição do incentivo atribuído aos grandes
projetos e, pelo contrário, o aumento do incentivo atribuído aos projetos de Inovação
Produtiva e Empreendedorismo Qualificado (COMPETE, 2012). Esta alteração da
atribuição dos incentivos poderá justificar os 14 mil postos de trabalho criados no período
2007-2012, contribuindo para o acréscimo de emprego na ordem dos 15%, assim como
para o aumento da produtividade (1,5€ acréscimo VAB/ unidade de incentivo) bem como
das exportações (78% acréscimo de volume de negócios internacional) (POFC, s.d.-c).
Gráfico 10 - Evolução Anual do Incentivo Aprovado no SI Inovação, 2007-2011
Fonte: COMPETE (2012: 168), Gráfico 3.15.
28
Para perceber qual o papel dos SI na alavancagem do investimento, é necessário
recuar até 2010, ano em que a Equipa de Avaliação do SI QREN questionou os promotores
dos projetos: “Teria concretizado o(s) projeto(s), caso não tivesse obtido o apoio financeiro
dos SI QREN?” (Figura 2). Esta avaliação permitiu concluir que apesar das respostas
afirmativas sobre a importância dos SI para a realização dos investimentos (27% dos
promotores indicaram que não teriam desenvolvido os projetos sem o apoio dos SI), 37%
dos inquiridos mencionaram que teriam concretizado os projetos sem alterações caso não
tivessem este apoio financeiro, recorrendo a capitais próprios e/ou capital alheio e/ou
capital de risco. Por sua vez, 14% indicou que, sem o apoio dos SI, diminuiriam a
dimensão financeira dos projetos, enquanto 22% apontou que teriam adiado o início do
projeto caso não obtivessem este apoio (Augusto Mateus & Associados, 2011: 108).
Figura 2 - Papel dos SI na Alavancagem do Investimento
Fonte: Adaptado de Augusto Mateus & Associados (2011: 109), Figura 9.1.
14%
37% 22%
27%
Indutor de Investimento Aumentado Facilitador de Financiamento
Acelerador do Investimento Indutor de Novo Investimento
29
PARTE III – O ESTÁGIO
III.1 – Conselho Empresarial do Centro/Câmara de Comércio e Indústria do Centro17
Figura 3 - Logótipo CEC/CCIC
Fonte: CEC/CCIC.
O CEC/CCIC é uma associação sem fins lucrativos, fundada a 24 de abril de 1993
e cuja utilidade pública foi reconhecida em 1996, que representa as Associações
Empresarias da Região Centro, abrangendo os distritos de Aveiro, Castelo Branco,
Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.
Com a Classificação Portuguesa de Atividades Económicas (CAE) 94110 (Rev. 3)
– Atividades de Organizações Económicas e Patronais, esta associação de domínio
privado, que representa mais de 40 mil empresas, tem como finalidade o desenvolvimento
sustentado e a promoção das empresas e dos interesses socioeconómicos do Centro de
Portugal, ambicionando afirmar esta região, pela sua competitividade, inovação e
criatividade, promovendo a cultura e identidade regionais, representando e apoiando as
empresas e as associações empresariais do Centro.
Em 1997 foi reconhecido o estatuto de Câmara de Comércio e Indústria pela
Portaria n. 280/97. D.R. 98/97, Série I-B de 1997-01-28 com área de atuação na NUT II
Centro. A par do contributo para o estímulo à internacionalização do território e empresas
da Região Centro, compete ainda à CCIC, no âmbito das suas competências legais, emitir
certificados e outros documentos necessários ao desenvolvimento das relações comerciais
dos agentes económicos regionais.
17
Toda a informação referente à apresentação do CEC/CCIC foi elaborada tendo por base o website, o
Relatório e Contas, uma brochura e conversas pessoais com os colaboradores da organização.
30
Já em Dezembro de 2004, foi criado o Conselho Consultivo do CEC/CCIC, que
constitui um fórum de presença direta com mais de 70 membros (dos quais 50 empresas de
referência da região, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro
(CCDRC), Municípios, bem como as Universidades e Institutos Politécnicos da Região
Centro) onde se debatem os desafios do desenvolvimento económico e regional, como a
internacionalização, inovação e investimento estrangeiro e onde são partilhadas
experiências empresariais.
No âmbito da Secção de Empreendedorismo e Incubação do CEC/CCIC foi
constituída a RIERC (atualmente composta por onze incubadoras), que pretende facilitar e
promover a cooperação nacional e internacional entre incubadoras, instituições de
inovação e outras redes de incubação e empreendedorismo, assim como estimular a
cooperação entre empresas incubadas e desenvolver medidas facilitadoras ao
empreendedorismo na Região Centro. Nesta Secção de Empreendedorismo e Incubação
insere-se também o Centro Business Angels (liderado pelo CEC/CCIC), uma rede regional
de Business Angels do Centro de Portugal cuja missão passa por apreciar os projetos
emergentes na Região de modo a fomentar mecanismos de suporte em oportunidades de
negócios nascentes.
Além disso, esta associação sem fins lucrativos lidera também a RIRC (fundada
pela Secção de Inovação e Competitividade) que se propõe integrar as empresas desta
região com núcleos em Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (I&DT) e as
Entidades do Sistema Científico e Tecnológico da Região Centro.
De uma parceria entre o CEC/CCIC e o BANIF – Banco de Investimento, S.A.
surgiu a Centro Venture – Sociedade de Capital de Risco, S.A., a primeira sociedade de
capital de risco regional, que pretende fomentar a política de empreendedorismo e
inovação em PME com atividade no Centro e com elevado potencial de crescimento.
Fortalecendo a sua proximidade ao tecido empresarial regional e garantindo o
reforço da competitividade da região Centro, o CEC/CCIC institui onze Gabinetes
Empresa18
, instalados em Associações Empresariais, que constituirão a primeira rede
regional associativa certificada no âmbito da norma ISO 9001:2008 (sendo também o
18
Concentram a sua intervenção num conjunto de atividades de informação, aconselhamento e assistência
técnica às empresas, nos seus diferentes níveis – económica, financeira, jurídica, gestão, cooperação
empresarial, internacionalização, acesso a financiamento, acesso a saber, articulação com organismos
públicos e privado (CEC/CCIC, 2007: 6).
31
CEC/CCIC, desde 2007, entidade certificada pela norma ISO 9001:2008); liderando
igualmente o processo da WinCentro - Agência de Desenvolvimento Regional, uma
associação sem fins lucrativos, constituída em 2008, cujo objeto se traduz na gestão de
áreas de acolhimento empresarial e de infraestruturas de apoio e suporte ao
empreendedorismo e na captação de investimento, nacional e estrangeiro, para o Centro de
Portugal.
O CEC/CCIC é entidade acreditada, pela Direção Geral do Emprego e das
Relações de Trabalho, para a promoção da formação profissional, constituindo ainda,
desde 2008, um dos sete Organismos Intermédios a nível nacional com competências
delegadas pelo Estado português para a Gestão do FSE na componente de Formação-Ação
para PME (Tipologia 3.1.1.) do Programa Operacional Potencial Humano (POPH), no
âmbito do atual QREN.
Esta associação é igualmente uma das entidades portuguesas acolhedoras da
Enterprise Europe Network (EEN), uma rede representada por um consórcio que, integrada
no âmbito do Programa Quadro para a Competitividade e Inovação da UE, oferece um
conjunto de serviços descentralizados que apoiam as PME no seu processo de
internacionalização e no encontro de parceiros estratégicos para a inovação e para o
desenvolvimento dos seus negócios.
III.1.2 – Estrutura Orgânica do CEC/CCIC
Pela visualização do organigrama do CEC/CCIC (Figura 4) verifica-se o
estabelecimento de relações hierárquicas e a atribuição de responsabilidades e objetivos a
cada departamento. Destaque apenas para a constituição de alguns dos níveis hierárquicos:
no topo da hierarquia encontra-se a Mesa da Assembleia Geral composta por um
Presidente, um Vice-Presidente e um Secretário, tendo o Conselho Fiscal uma composição
semelhante. A Direção é composta por um número ímpar de membros, dos quais um
Presidente e doze Vice-Presidentes (que deverão ser preferencialmente dois por cada
distrito da Região Centro), em representação dos associados efetivos, e até oito Diretores,
por inerência. Junto da direção poderá funcionar, por deliberação desta, uma Comissão
Executiva, constituída também em número ímpar, pelo Presidente da Direção e até seis
membros (CEC/CCIC, 2012).
32
Figura 4 - Organigrama do CEC/CCIC
Assembleia Geral
Direção
Conselho Fiscal
Comissão Executiva
Director Geral
Cooperação e Relações
Internacionais
Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperação Regional
Qualificação e Competências
Serviços CCIC Arbitragem
Qualidade
Administrativo Financeiro
Secretariado
Acompanhamento e Suporte
Eventos e Comunicação
Fonte: CEC/CCIC (2012: 19), Figura 3.1.
III.2 – Objetivos do Estágio
Tendo em consideração as atividades efetivamente desenvolvidas durante o
estágio curricular, considerei que o melhor seria adaptar os objetivos inicialmente
estabelecidos para o mesmo, apreciando para o efeito planos de estágio anteriores
desenvolvidos na mesma área no CEC/CCIC, por conseguinte, constituíram objetivos do
estágio:
Contacto e perceção das atividades da entidade de acolhimento, enquanto entidade
privada de utilidade pública;
Contacto com uma metodologia básica de gestão de projetos, dando apoio, no
seguimento e controlo, aos projetos dinamizados pelo Departamento de Cooperação
33
e Relações Internacionais (DCRI) e pelo Departamento de Empreendedorismo,
Associativismo e Cooperação Regional;
Dar apoio ao Departamento de Eventos e Comunicação;
Familiarizar o estagiário com a gestão de tempo e stress e flexibilidade
submetendo-o, sempre com supervisão, a situações que o levarão a ajustar a
agenda, obrigando a diferenciar o Urgente do Importante, analisando a respetiva
capacidade de resposta.
III.3 – Tarefas e Responsabilidades assumidas durante o Estágio
III.3.1 – CECNews
Uma das responsabilidades assumidas durante o estágio, foi a elaboração da
CECNews (Figura 5), a newsletter diária do CEC/CCIC, onde todos os dias tinha que
pesquisar, através da internet, e selecionar as notícias nacionais de carácter económico ou
de maior interesse para o Centro de Portugal19
, respeitando sempre o princípio da
atualidade da notícia e dando enfoque àquelas que se revistam de especial relevância para a
rede CEC/CCIC, como sejam as suas atividades próprias e das suas associadas.
Posteriormente, das notícias identificadas, tinha que escolher aquela que tinha a
informação mais relevante para a atualidade, para que a mesma fosse colocada como
notícia de destaque na CECNews e acompanhada de uma imagem ilustrativa. Refira-se
também que todas as sextas-feiras era colocado como destaque um artigo do Presidente do
CEC/CCIC, publicado no dia anterior num dos jornais regionais; também neste dia eram
divulgadas as oportunidades de negócio internacionais da rede EEN.
Note-se ainda que esta newsletter faz também a divulgação de eventos,
organizados pelo CEC/CCIC ou pelos seus parceiros, que tem como principais
destinatários os empresários, assim sendo, tinha também que verificar quando é que esses
eventos efetivamente se realizavam para retirar os artigos da CECNews no dia seguinte ao
seu términus. No caso de esses eventos serem organizados no âmbito de algum projeto do
CEC/CCIC ou nas instalações da organização, no dia seguinte tinha que proceder à redação
19
Também diariamente tinha que proceder à pesquisa dos títulos da Série I do Diário da República, através
do sítio da internet do mesmo.
34
de um artigo (pode encontrar-se um exemplo no Apêndice I) sobre o mesmo onde
constasse as temáticas abordadas no mesmo.
Figura 5 - CECNews (visualização parcial)20
20
Poderá visualizar a CECNews na íntegra, onde consta (2012, 07 de dezembro) um dos artigos escritos por
mim, “Workshop de apresentação do Programa PME Digital”, em
http://www.netcentro.pt/Conteudos/Newsletters/detalhe_edicao.aspx?idl=1&ide=407&idi=19221
35
III.3.2 – BusinessCentro
Ficou também a meu cargo a pesquisa de empresas potencialmente interessadas
em arrendar alguns dos espaços do CEC/CCIC (como o auditório, salas de reuniões,
gabinetes) para potenciais reuniões, formação, etc.. Em seguida, procedi à elaboração da
base de dados com os respetivos contactos, sendo que, depois de umas pequenas
alterações, foi enviada uma newsletter (anteriormente elaborada) com a apresentação do
conceito do BusinessCentro para as empresas selecionadas, mas também para todos os
subscritores da CECNews. Ainda neste contexto, sugeri ao CEC/CCIC que se inscrevesse
no ALL DESK, um website que permite encontrar locais para trabalhar em vários países,
por conseguinte, depois de aceite a minha proposta tive que realizar a candidatura do
BusinessCentro ao ALL DESK (que depois de analisada, foi colocada online em http://all-
desk.com/place/businesscentro/ pelos administradores do website).
Figura 6 - BusinessCentro no ALL DESK (visualização parcial do website)
36
III.3.3 – Projetos
Ao longo do estágio curricular desenvolvi diversas tarefas inseridas em secções
distintas do CEC/CCIC, de modo a contactar com projetos com diferentes objetivos. Assim
sendo, antes de iniciar qualquer atividade, os responsáveis dos projetos faziam uma breve
apresentação dos mesmos, sendo que era ainda necessário proceder à leitura das normas
técnicas e de gestão e outra documentação fundamental para a correta execução do projeto.
Portanto, neste relatório será realizada uma exposição sobre cada um dos projetos,
seguida da descrição das tarefas desenvolvidas no âmbito do mesmo. Contudo, antes de
iniciar esta parte, começo por descrever as tarefas que são comuns a todos os projetos.
Como o funcionamento do CEC/CCIC, depende em grande parte, das comparticipações
financeiras dos fundos estruturais no âmbito dos projetos, é necessário efetuar Pedidos de
Pagamento dos mesmos, percorrendo e evidenciando todo o ciclo financeiro das despesas
imputadas aos projetos, começando por validar com o carimbo de cofinanciamento os
documentos de despesa (fatura) e de quitação (recibo)21
, sendo que é ainda necessário
recolher o comprovativo de liquidação (ou seja, da ordem de transferência bancária ou
fotocópia do cheque, consoante o meio de pagamento utilizado), mas também o
comprovativo do débito bancário através da fotocópia do extrato. Refira-se ainda que em
todas as modalidades de Pedidos de Pagamento há um conjunto de normas suportadas por
Orientações de Gestão provenientes da Autoridade de Gestão, que identificam por um lado
as despesas que são elegíveis e por outro, o limite de elegibilidade das mesmas (esta
questão apenas se aplica às despesas de funcionamento transversais à estrutura, incluindo-
se neste grupo os Recursos Humanos afetos ao projeto respetivo). Ainda assim todas as
despesas deverão ter uma evidência clara precisa e concisa da percentagem de alocação
quer dos Recursos Humanos quer das despesas de funcionamento, utilizando-se por norma
uma chave de imputação baseada em cargas horárias que cada técnico afeta ao projeto.
Note-se também que é fundamental consultar sempre o orçamento dos projetos
quando se efetuam os Pedidos de Pagamento, não só para verificar qual o montante até
21
De notar que é necessário validar com o carimbo de cofinanciamento sempre os documentos originais,
procedendo à fotocópia dos mesmos que ficarão organizados no dossier do projeto relativo àquele Pedido de
Pagamento. Além disso as etiquetas dos dossiers dos projetos têm que estar de acordo com as normas do
Sistema de Gestão da Qualidade, ou seja, têm que conter o logótipo do CEC/CCIC, os logótipos do
financiamento do projeto e o código da qualidade.
37
onde se poderá deduzir os gastos efetuados em cada uma das rubricas de investimento, mas
também para aferir se o orçamento está a ser devidamente cumprido.
III.3.3.1 – Projetos de Apoio à Internacionalização
ACTION - Ações de Cooperação Transfronteiriça para a Inovação e
Oportunidades de Negócio; ACTION II - Ações de Cooperação Transfronteiriça
para a Inovação e Oportunidades de Negócio II; INESPO - Innovation Network
Spain-Portugal
Os projetos ACTION, ACTION II e INESPO são cofinanciados pelo Programa
Operacional de Cooperação Transfronteiriça Portugal-Espanha (POCTEP) no âmbito do Eixo
Prioritário I – Cooperação e Gestão Conjunta para o Fomento da Competitividade e Promoção
do Emprego.
O projeto ACTION visa, em conjunto com os parceiros portugueses e espanhóis,
promover não só a cooperação transfronteiriça entre empresas dos clusters
logística/transporte/distribuição e agro-indústria/alimentar e entidades do sistema científico e
tecnológico, como também afirmar a região Centro de Portugal e Castilla y León como
territórios de inovação. Por sua vez, o ACTION II assume o seu papel de continuidade face ao
projeto ACTION, promovendo ainda a cooperação transfronteiriça entre empresas dos clusters
Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica (TICE) e energias alternativas, não
só nas regiões abrangidas pelo ACTION, como também no Norte de Portugal. No que diz
respeito ao INESPO, projeto desenvolvido em conjunto entre o CEC/CCIC e várias
universidades portuguesas e espanholas, tem como objetivo aumentar a cooperação
institucional, social e empresarial transfronteiriça entre agentes do Sistema Científico e
Tecnológico do Centro de Portugal e de Castilla y Léon, mas também entre estes e as
empresas.
Tarefas Desenvolvidas
Os projetos ACTION, ACTION II e INESPO, inseridos no DCRI, são
cofinanciados no âmbito do POCTEP, motivo pelo qual serão apresentados conjuntamente
dado que os procedimentos a adotar são os mesmos.
Para estes projetos foi da minha responsabilidade todo o processo de gestão dos
Pedidos de Pagamento, por conseguinte, tive que proceder à validação dos documentos,
38
incluindo despesas de funcionamento, gastos com Recursos Humanos (que incluem as
despesas mensais com os vencimentos e segurança social dos colaboradores afetos aos
projetos, mas também os seguros de acidentes de trabalho), gastos com viagens e
alojamento e gastos com a promoção e divulgação do projeto.
Assim sendo, através do extrato de centro de custos de cada um dos projetos,
verificava quais as despesas imputadas aos mesmos (tendo em conta o número de
lançamento da fatura) e procedia à validação dos documentos com base nos valores
imputados. No caso dos gastos com Recursos Humanos, procedia à recolha do
processamento de salários, do comprovativo de liquidação da segurança social (o qual era
validado com o carimbo de cofinanciamento) e dos recibos de vencimento dos
colaboradores afetos ao projeto (os quais também eram validados com o carimbo de
cofinanciamento) e ainda aos comprovativos de pagamento dos vencimentos (e respetivos
extratos bancários), sendo que como estes são pagos por diferentes contas e por
conseguinte por diferentes transferências bancárias, é necessário comprovar se o total dos
documentos de liquidação recolhidos corresponde ao total do vencimento líquido que
consta no recibo. Em seguida, procedia à ordenação dos documentos de despesa por
número de lançamento contabilístico e à inserção dos dados dos mesmos na aplicação
Fondos 2007, sendo que é atribuída a cada linha de despesa um número sequencial
conforme a ordem pela qual são inseridas (cujo número terá que ser escrito no devido
Diário de Movimentos e na Fatura).
No caso do projeto ACTION, uma vez registados todos os pagamentos e todos os
documentos da validação, foi necessário gerar uma declaração de despesa, o Modelo
1_Beneficiario – Lista Descriptiva de los Gastos Realizados por Beneficiario, que teve de
ser carimbado e assinado quer pelo representante quer pelo responsável financeiro do
projeto no CEC/CCIC, que posteriormente foi digitalizado e gravado no arquivo digital do
Fondos 2007, estando assim em condições de avançar para a fase de auditor. Por último,
foi ainda necessário fotocopiar todos os documentos de suporte da despesa e o Modelo
1_Beneficiario, que têm de ser remetidos para a entidade de controlo responsável por
verificar a legalidade e regularidade dos gastos declarados, neste caso, a Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC).
Refira-se apenas que dada a natureza das tarefas realizadas, era ainda da minha
responsabilidade saber, junto do Departamento Administrativo e Financeiro, quando é que
39
as despesas a imputar aos projetos estavam pagas e consequentemente poderiam ser
lançadas na aplicação Fondos 2007.
Figura 7 - Circuito Financeiro para a Validação da Despesa22
Fonte: POCTEP (2011: 38).
III.3.3.2 – Projetos de Apoio à Inovação e Empreendedorismo
CORE - Responsabilidade Social Corporativa
O projeto CORE, cofinanciado pelo Compete no âmbito do Sistema de Apoio a
Ações Coletivas (SIAC), visa a melhoria da competitividade do país e das suas regiões de
convergência Norte, Centro e Alentejo, dando resposta a um problema comum do tecido
empresarial português: falta de sensibilização para os fatores críticos da competitividade e
para o espírito empresarial.
Tarefas Desenvolvidas
Para este projeto que se encontra inserido na Secção de Inovação e
Competitividade do CEC/CCIC, foi necessário, inicialmente, proceder à validação dos
documentos de despesa e de quitação com recursos humanos e com gastos diretamente
imputados ao projeto23
(por exemplo gastos de divulgação de resultados e de deslocações),
22
“No quadro laranja aparecem as atuações que o beneficiário pode levar a cabo no Fondos 2007; No quadro
com fundo verde discriminam-se os documentos que devem ser remetidos em papel, devidamente assinados
pelo beneficiário” (POCTEP, 2011: 38).
23 Para os projetos do SIAC não é permitido imputar gastos de funcionamento.
40
seguindo-se da inserção dos mesmos no formulário eletrónico de Pedido de Pagamento do
QREN.
No âmbito do fim do projeto, foi também da minha responsabilidade produzir
duas newsletters com os conteúdos de disseminação de resultados do CORE assim como
uma Press Release (Apêndice II) do projeto que compreende conteúdos selecionados das
ditas newsletters, que depois foram enviadas para algumas associadas do CEC/CCIC que
procederam à sua publicação nos respetivos websites. Estas newsletters tinham que ter um
template comum entre elas, deste modo, procedi à elaboração de um cabeçalho para as
mesmas utilizando o logótipo do CORE (Figura 6). Para a Newsletter CORE, Edição N.º
124
, sobre as SmartSchools, escrevi três artigos: um sobre o projeto CORE e as
SmartSchools, outro sobre a obtenção da bandeira eco-escolas por parte de uma escola
secundária de Coimbra no âmbito do projeto e outro sobre os resultados da iniciativa
SmartSchools. Para a Newsletter CORE, Edição N.º 225
, sobre a Responsabilidade Social
Corporativa, também escrevi três artigos: um sobre o projeto CORE e a responsabilidade
social corporativa, outro sobre o questionário “Scoring Sustentabilidade” e o terceiro sobre
as boas práticas de responsabilidade social corporativa.
Figura 8 - Cabeçalho das Newsletters de Disseminação de Resultados do CORE
START UP - Uma Iniciativa RIERC; FINCENTRO
Os projetos START UP e FINCENTRO, liderados pelo CEC/CCIC, estão
enquadrados no Programa MAIS CENTRO (QREN), no âmbito do Eixo Prioritário I –
Competitividade, Inovação e Conhecimento. O FINCENTRO assume como visão
estratégica a identificação dos financiamentos disponíveis e o fornecimento de modelos e
instrumentos adequados ao seu recurso por parte das PME, enquanto que o START UP
24
A respetiva newsletter poderá ser visualizada em http://eepurl.com/thWCr.
25 A respetiva newsletter poderá ser visualizada em http://eepurl.com/trU5L.
41
visa, em conjunto com as incubadoras que integram a RIERC (IPN, BIOCANT, AIRO,
IEFF, WRC, TAGUSVALLEY, OPEN, AIRV, IEUA, PARKURBIS e IDD), contribuir
para que a Região Centro se torne numa região com adequadas condições de lançamento e
desenvolvimento de empresas inovadoras, de modo a acelerar dinâmicas de inovação,
criação de riqueza e geração de emprego através da promoção do empreendedorismo.
Através do START UP, considerado como uma boa prática de empreendedorismo
em REDE, procurou-se estimular a troca de experiências, não só entre os gestores das
incubadoras, mas também entre as Empresas Incubadas. Importante realçar que com este
projeto foi possível capacitar as incubadoras e incubadas de conhecimentos e know-how à
medida das suas debilidades, bem como promover a Rede de Incubação a nível
Internacional entre congéneres, nomeadamente Brasil, Espanha e França.
É ainda fundamental distinguir os resultados alcançados pelas incubadoras
RIERC, que até outubro de 2012, geraram 157 postos de trabalho diretos e 97 indiretos,
possuindo 140 empresas incubadas fisicamente e 9 virtualmente. Estas empresas incubadas
por si só já criaram 986 postos de trabalho diretos e 64 indiretos que contribuem para um
volume de negócios de 42 milhões de euros, dos quais 16% é destinado ao mercado
externo.
Tarefas Desenvolvidas
Para os projetos START UP e FINCENTRO, inseridos no Departamento de
Cooperação, Associativismo e Cooperação Regional, mais especificamente na Secção de
Empreendedorismo e Incubação do CEC/CCIC no caso do START UP, fiquei responsável
por fazer Pedidos de Pagamento, nas modalidades Reembolso e Contra Fatura26
.
No caso dos gastos com Recursos Humanos, tive de proceder ao preenchimento
de uma folha de cálculo de apoio ao cumprimento dos limites de elegibilidade estipulados
na Orientação de Gestão, nomeadamente subsídio de refeição (o CEC/CCIC paga aos seus
colaboradores um subsídio de refeição superior ao elegível pelo MAIS CENTRO), para
identificar o valor a imputar no Processamento de Salários e nos Recibos de Vencimento.
Já para o caso das despesas com a Segurança Social, ainda que não haja limites, o cálculo
tem por base a taxa de imputação de cada técnico ao projeto. Com este procedimento há
26
Modalidade de Reembolso – para todas as despesas pagas pela entidade beneficiária (CEC/CCIC);
Modalidade de Contra Fatura – para o caso de grandes investimentos suportados por documento de despesa
ainda não pagos pela entidade.
42
uma garantia de que não há desfasamentos entre o valor que é previsto receber e o valor
efetivamente pago pelo MAIS CENTRO, valor este que é espelhado nos Mapas de
Tesouraria que acompanham a gestão de cada projeto.
Verifica-se assim que os projetos do MAIS CENTRO implicam um maior esforço
de acompanhamento financeiro, na medida em que as exigências são maiores do que as do
COMPETE ou do POCTEP, não só devido aos limites de elegibilidade impostos, como
também às despesas com recursos humanos e despesas de funcionamento.
No caso concreto das despesas com pessoal, o procedimento é ainda mais
complexo, já que, para além de se ter de apresentar fluxo financeiro dos técnicos
imputados ao projeto, é forçoso apresentar o mesmo fluxo para a totalidade dos técnicos da
entidade beneficiária CEC/CCIC. Refiro-me às evidências de pagamento de vencimentos,
segurança social e entregas por conta da retenção na fonte (IRS).
Ao nível das Despesas de Funcionamento, apenas previstas e consequentemente
imputadas para o START UP, também aqui se verifica uma maior exigência do MAIS
CENTRO comparativamente aos outros programas operacionais, dado que apenas se
podem imputar as despesas para as quais existam Contratos de Prestação de Serviços que
obedeçam às Regras da Contratação Pública, já que o CEC/CCIC é considerada entidade
adjudicante e portanto obrigados a seguir todos os procedimentos previstos no Código de
Contratação Pública (Apêndice III).
No caso dos Pedidos de Adiantamento, assim que é creditado na conta CEC/CCIC
o valor correspondente à comparticipação financeira FEDER relativa a estes
adiantamentos, a entidade beneficiária CEC/CCIC, dispõe de 30 dias para efetuar o
pagamento aos fornecedores e submeter os respetivos recibos no Formulário de Submissão
dos documentos de quitação.
De acrescentar apenas, que participei em duas ações de capacitação do
FINCENTRO, cujos conteúdos programáticos abordados prenderam-se com os módulos de
Estratégia Empresarial e Instrumentos de Financiamento.
43
III.3.3.3 – Projetos de Apoio à Qualificação e Competências
QI PME Centro - Qualidade e Inovação
O QI PME Centro é um projeto promovido pelo CEC/CCIC nos termos do
Contrato de Delegação de Competências celebrado com o POPH que lhe atribui o estatuto
de Organismo Intermédio. Este projeto pretende essencialmente a melhoria e a promoção
do desenvolvimento e dos processos de gestão das micro e PME através do reforço das
competências dos quadros e trabalhadores e de processos de modernização e inovação ao
nível da gestão.
Tarefas Desenvolvidas
Para o QI PME Centro, projeto inserido no Departamento de Qualificação e
Competências, comecei por acompanhar a equipa de controlo do QI PME a uma
Verificação no Local (VOS). Em seguida, coube-me a responsabilidade de preencher,
recorrendo ao Sistema Integrado de Informação do FSE, alguns itens (os que podem ser
preenchidos antes da VOS) do Relatório de VOS – Formação-Ação para as VOS que se
iriam realizar em seguida. Além disso, foi também da minha responsabilidade a seleção
das despesas para amostra27
das VOS’s a realizar e o preenchimento do Mapa de
Identificação da Amostra Financeira Selecionada e do Template da Amostra - onde
constam todas as informações relativas às despesas da amostra.
Para todas as VOS efetuadas tive que proceder, através de uma folha de cálculo
auxiliar de registo de consultoria, à comparação entre as horas de consultoria faturadas e os
devidos mapas de horas preenchidos pelos consultores, pois caso não fossem coincidentes,
teria que se considerar como não elegível as horas de consultoria faturadas mas não
registadas. Tive também a meu cargo a VOS da amostra financeira efetuada a uma
Entidade Beneficiária (EB), onde inicialmente foi necessário verificar se a chave de
imputação dos gastos comuns e recursos humanos era devidamente justificada; além disso
tive que analisar se todos os documentos que constituem a amostra estavam devidamente
27
A seleção das despesas que constituem a amostra têm de cumprir os seguintes critérios: o limite mínimo do
número de documentos contabilísticos a amostrar deverá corresponder a um mínimo de 30, sendo que a
dimensão mínima da amostra financeira deve corresponder a 5% das despesas declaradas pela EB nos
pedidos de reembolso visados pelo procedimento (ou seja a Listagem de Despesas Pagas – último pedido de
reembolso aprovado e cujas despesas ainda não foram analisadas na VOS anterior – e a Listagem de
Despesas a Verificar – pedido de reembolso em análise).
44
validados com o carimbo de cofinanciamento e se possuíam o respetivo documento de
quitação, para além de que tinha que observar se as taxas de imputação estavam a ser
devidamente aplicadas. Ao longo de toda a VOS fui fazendo algumas observações
relevantes, que posteriormente foram enviadas para a EB, onde constam igualmente
algumas sugestões de melhoria de procedimentos por parte da EB e o relato da
elegibilidade de algumas despesas.
III.3.4 – Outras Tarefas Desenvolvidas
É também importante fazer referência a uma das tarefas que me foi incumbida no
âmbito da Contratação Pública – Ajuste Direto. Depois de constituído o Caderno de
Encargos da Aquisição de Serviços de Comunicações de Voz e Dados e rececionadas três
propostas de operadoras diferentes, foi da minha responsabilidade elaborar a folha de
cálculo onde era possível fazer a comparação entre as propostas (Apêndice IV), para ver
qual delas a mais vantajosa para o CEC/CCIC, tendo em consideração a pontuação e a
ponderação atribuída a cada parâmetro a avaliar. Depois de apurada qual a operadora que
apresentou a melhor proposta de acordo com o caderno de encargos, foi necessário
preencher o Relatório Preliminar do Júri (que foi enviado aos concorrentes convidados,
juntamente com a folha de cálculo com as pontuações, para em cinco dias úteis se
pronunciarem caso tenham alguma observação a fazer relativamente à decisão final) e o
Relatório Final de Júri e Adjudicação.
45
PARTE IV – ANÁLISE CRÍTICA
No ano de 2012 o Centro de Portugal captou atenções por ser considerado um dos
motores do crescimento e inovação do país, concentrando um terço dos apoios
empresariais do QREN – totalizando mil milhões de euros de incentivos atribuídos e em
execução (Governo de Portugal, 2013) – e estando oficialmente entre as cem regiões mais
inovadoras da Europa, de acordo com o Regional Innovation Scoreboard 2012 (As Beiras,
2012). Poderá assim afirmar-se que o CEC/CCIC tem contribuído para o alcance destes
resultados, promovendo e facilitando o empreendedorismo e a inovação em iniciativas que
vão desde concursos de ideias, à participação no Curso de Empreendedorismo de Base
Tecnológica, à constituição do Centro Business Angels e à promoção de projetos como o
START UP com a RIERC.
Todos os projetos com os quais contactei durante o estágio curricular confirmam
esta mesma realidade: o START UP como promotor do empreendedorismo quer de
oportunidade quer de necessidade, o FINCENTRO como sensibilizador para o recurso a
soluções de financiamento que permitam às empresas responder ao surgimento de
iniciativas inovadoras (quer em termos de novas atividades, quer em termos de novos
processos e produtos em atividades existentes), o ACTION, ACTION II e INESPO como
impulsionadores de laços de cooperação empresarial transfronteiriça, que permitam
incentivar atividades regionais estratégicas (garantindo a sua vocação exportadora) e
afirmar a competitividade das regiões através da transferência de tecnologia, inovação e
empreendedorismo, o CORE como estimulador de um desenvolvimento sustentável e
competitivo e o QI PME como fomentador das qualificações dos portugueses e dos
processos de modernização e inovação da gestão das empresas.
Deste modo pode constatar-se que estamos perante uma organização que procura
contribuir para o cumprimento das prioridades estratégicas do QREN, através da execução
de diversos projetos de diferentes áreas, implementados com a ajuda dos fundos do QREN,
que têm como finalidade a promoção das empresas e dos interesses socioeconómicos da
região Centro.
Ao longo deste tempo de estágio e à medida que ia desenvolvendo as tarefas que
me eram atribuídas, fui denotando algumas lacunas no funcionamento da organização que
46
penso que poderão ser melhoradas. Deste modo, proponho ao CEC/CCIC as melhorias que
a seguir se apresentam:
A. Redefinição dos procedimentos de comunicação da informação financeira dos
projetos
Atualmente a comunicação é um dos fatores mais importantes numa organização,
isto porque a falha num processo de comunicação pode causar perdas financeiras, o que
significa que esta deverá ser uma área em que todas as organizações deverão apostar. Neste
momento, considero que este é um ponto a corrigir no CEC/CCIC, principalmente entre o
Departamento Administrativo e Financeiro e os outros departamentos. Com efeito,
algumas informações sobre os projetos (nomeadamente, pagamentos de certas faturas,
recibos que chegam, etc.) não são comunicadas aos responsáveis dos mesmos, o que pode
levar a que alguns pedidos de reembolso sigam incompletos pois não existe conhecimento
da receção do recibo do mesmo. Esta falta de comunicação poderá também causar um
atraso nos pedidos de reembolso, na medida em que não é comunicado quando as faturas
são pagas ou quando são lançados todos os documentos necessários para efetuar estes
pedidos. Deste modo, deviam ser definidos procedimentos que garantam que não existem
atrasos nos pedidos de pagamento e que estes seguem devidamente completos. Para tal, o
Departamento Administrativo Financeiro deveria, sempre que possui informação sobre
qualquer projeto (que pode ir desde a receção de recibos, até ao pagamento de faturas e ao
lançamento contabilístico de documentos necessários para os pedidos de reembolso),
comunicar com os responsáveis dos mesmos ou com os responsáveis dos pedidos de
pagamento (através de e-mail ou de uma plataforma eletrónica ao qual todos tenham
acesso).
B. Reestruturação das tarefas delegadas ao contabilista
O contabilista que colabora com o CEC/CCIC é um prestador de serviços que
apenas se desloca à organização uma vez por semana. Apesar disso, estão-lhe delegadas
diversas funções fundamentais para elaborar atempadamente os pedidos de pagamento,
como por exemplo a construção das chaves de imputação dos projetos. Esta delegação de
funções, acaba por atrasar o lançamento contabilístico de certos documentos necessários à
elaboração dos pedidos de pagamento. Por conseguinte sugiro que seja feita uma
47
reestruturação de tarefas, redefinindo responsabilidades, de modo a que apenas sejam
delegadas ao contabilista as tarefas que efetivamente lhe competem. Esta redefinição de
responsabilidades levará a um aumento de eficiência, na medida em que o contabilista terá
o tempo efetivamente necessário para realizar as suas tarefas no tempo planeado e que
consequentemente não atrasará os pedidos de pagamento.
C. Reorganização do arquivo de documentos contabilísticos
Atualmente, para efeitos de arquivo, os documentos contabilísticos estão
organizados em três diários: Bancos (inclui os lançamentos cujo pagamento e/ou
recebimento tenha movimentado a conta 12 – Bancos), Caixa (inclui todos os documentos
de despesa cujo pagamento tenha movimentado a conta 11 - Caixa) e Diversos (inclui
todos os documentos de despesa (faturas) com fornecedores). Esta organização implica um
esforço maior quando se tem de reunir toda a documentação necessária de Recursos
Humanos para efetuar um pedido de reembolso, na medida em que é necessário ir ao
dossier de Bancos recolher o processamento de salários, assim como os documentos de
despesa efetuados com os mesmos (ou seja, recibos de vencimento e evidências de
pagamento de vencimentos, segurança social28
e entregas por conta da retenção na fonte -
IRS). Verifica-se assim que sem um bom arquivo dos documentos contabilísticos, os
outros trabalhos são dificultados, pelo que sugiro ao CEC/CCIC as seguintes alterações:
introdução de um diário de Remunerações, onde constem todos os documentos de despesa
referentes às mesmas; alteração da designação do diário de Diversos para diário de
Fornecedores, na medida em que neste diário apenas constam as faturas dos fornecedores.
Estas alterações facilitariam não só o acesso aos documentos no caso de auditorias
financeiras, como também no caso da recolha de documentos para os pedidos de
reembolso.
D. Remodelação do website do CEC/CCIC
Ao consultar o website do CEC/CCIC denota-se que para além de estar
desatualizado, é um pouco confuso (por exemplo, a página inicial tem imensa informação e
diversas hiperligações para outro conteúdo, sendo que também ao clicar no menu dos
projetos nos deparamos, como informação central, com um conjunto de hiperligações com
28
Que se encontra no dossier de Bancos do mês seguinte ao do vencimento em causa.
48
conteúdo sobre os mesmos, não organizada por os respetivos projetos) e não é visualmente
atrativo, sendo mesmo difícil perceber através do mesmo qual o verdadeiro propósito do
CEC/CCIC. Deste modo, o CEC/CCIC não está a aproveitar as oportunidades que as
tecnologias digitais de informação e comunicação permitem, ou seja, não está a utilizar o
website para promover a disseminação dos principais resultados gerados pelos projetos e
da sua importância na economia nacional, o que logicamente faz com que não exista uma
aproximação dos conteúdos do mesmo aos interesses dos stakeholders e da comunidade
em geral. Por conseguinte, deveria ser efetuado um plano de comunicação, que passaria
principalmente pela melhoria do website, que para além de ter que ser atualizado, deveria
ser utilizado como veículo de difusão dos resultados dos projetos e de todas as atividades
realizadas no âmbito dos mesmos. Além disso deveriam introduzir-se elementos gráficos
animados (para tornar o layout visual mais atrativo) e incorporar novas funcionalidades,
nomeadamente uma Agenda de Eventos, onde constasse não só os eventos a realizar como
posteriormente a descrição e fotografias dos mesmos. Sugiro ainda que no website seja
feita uma área própria para as notícias que são publicadas na CECNews, ao invés de as
mesmas estarem na página inicial do website (por conseguinte, optaria por na página inicial
colocar a visão, a missão e os valores do CEC/CCIC). O website deve assim ser
considerado como instrumento privilegiado de comunicação, que deve ser complementado
(e não substituído) pela utilização das redes sociais, que podem desaparecer a qualquer
momento, ficando assim o CEC/CCIC sem uma maneira de comunicar.
E. Alteração dos procedimentos de recolha de informação para a CECNews
As notícias publicadas na CECNews são retiradas dos jornais online existentes, o
que por vezes se traduz na recolha parcial de uma notícia, na medida em que apenas nos
jornais tradicionais ou digitais é que se encontra a notícia completa. Como consequência
disso, certas notícias que chegam aos subscritores da CECNews não estão completas,
colocando assim em causa a utilidade desta newsletter para os destinatários. Sugiro assim
que para todos os jornais que o CEC/CCIC tem assinatura, deveria optar pelo jornal digital,
ao invés de em formato papel, visto que permitiria uma passagem de informação mais
completa para os subscritores, na medida em que sendo o jornal tradicional a única forma
de ter acesso à notícia completa, esta também não será transmitida para os subscritores da
newsletter pois para isso é necessário copiar a notícia para formato digital. Por
49
conseguinte, é importante esta alteração para poder sempre transmitir informação de valor
para os destinatários da CECNews e por conseguinte cumprir com o objetivo de criar
vínculos com o leitor.
F. Definição de um segundo elemento de acompanhamento dos projetos
Nesta organização sem fins lucrativos verifica-se que ao nível dos projetos que se
encontram ativos apenas existe um colaborador responsável por cada um deles, pelo que na
impossibilidade de o único responsável estar presente, o projeto fica parado e
consequentemente o CEC/CCIC depara-se com uma de duas alternativas: ou desistem do
projeto (o que significa que se perde todo o investimento que foi inicialmente realizado) ou
é necessário não só um esforço enorme, como também despender bastante tempo para
conseguir continuar com o projeto. Por conseguinte, sugiro que exista um segundo
colaborador que tenha sempre conhecimento do desenvolvimento do projeto, o que implica
também que o processo esteja de tal modo organizado, que caso seja necessário alterar
algo, outra pessoa possa continuar com o projeto.
É também importante salientar o papel estratégico atribuído às instituições de
Ensino Superior como o polo com maior capacidade de produção de conhecimentos
codificados (como por exemplo, artigos e patentes) e produção de competências (capital
humano), afirmando-se assim como incubadoras de desenvolvimento capazes de potenciar
o crescimento social e económico (Couto, 1999). Deste modo, pretendo ainda deixar uma
sugestão para todas as instituições de Ensino Superior que estão a formar empreendedores
e para os quais é muito importante saber quais os meios de financiamento existentes para
desenvolverem o seu plano de negócios. Sugiro assim que, de modo a aproximar os
estudantes à realidade empresarial, seja efetuado pelo menos uma vez por ano, um
seminário de divulgação dos instrumentos de financiamento atuais, com principal destaque
para os Sistemas de Incentivos do QREN e para os Business Angels, abordando ainda todas
as entidades às quais é possível pedir apoio no desenvolvimento do projeto de
investimento. Esta sugestão vem assim no seguimento da lógica do Professor Burton Lee
(Pinto et al., 2012), da Stanford University, que indica que “As universidades são o único
local onde pode surgir um rápido crescimento de novas empresas, nos próximos três a
cinco anos, em Portugal. […] É para os estudantes que têm de se virar”.
50
51
PARTE V – CONCLUSÕES
Na atual conjuntura económica a interligação entre empreendedorismo e inovação
alcança especial interesse, visto que as iniciativas de negócio inovadoras se revelam a fonte
do sucesso competitivo, contribuindo para sustentar o modelo de desenvolvimento do país.
Os empreendedores são assim considerados como os provocadores da mudança e
crescimento, que procuram distinguir-se da concorrência, quer por apresentarem produtos
e/ou serviços inovadores, quer por usarem novas tecnologias e/ou processos, quer por
criarem novos mercados, novas fontes de matérias-primas e novas organizações.
Refira-se apenas que o facto de um país ter muitas empresas, não significa que
seja um país empreendedor, no sentido em que muitos negócios são criados por não
existirem alternativas melhores - empreendedorismo por necessidade - e não devido à
descoberta de uma oportunidade de negócio lucrativa - empreendedorismo por
oportunidade (Costa, 2012: 90).
Os efeitos positivos do empreendedorismo e da inovação sobre o crescimento
económico têm-se refletido em Portugal, para tal a necessidade de criar novas
oportunidades de negócio, associada à falta de recursos financeiros das empresas, faz com
que haja cada vez mais políticas governamentais de incentivo ao empreendedorismo, no
âmbito do QREN. De acordo com o Secretário de Estado Adjunto da Economia e
Desenvolvimento Regional, o QREN representou em 2012 2,4% do PIB português, num
ano em que, pela primeira vez, as empresas receberam mais recursos dos fundos
comunitários do que o Estado (TVI 24 Economia, 25/01/2013). Destaque também para a
natureza inovadora dos projetos aprovados no POFC, que com os devidos incentivos,
permitiram alcançar as metas estabelecidas, nomeadamente em relação ao número de
postos de trabalho criados e à qualificação dos mesmos, sendo uma importante alavanca
para o aumento da produtividade e de ganho de competitividade a nível interno e externo.
Pode-se assim dizer que num ano (2012) em que quase 28 mil empresas fecharam em
Portugal (Correia, 21/01/2013), o que o país necessita é de mais mas essencialmente de
melhores empresas, empresas que possam sobreviver, pois nos últimos 12 anos não faltou
volume de investimento, o que faltou foram resultados sendo assim necessário um melhor
uso do dinheiro europeu (Valente, 09/01/2013).
Foi através do CEC/CCIC que pude contactar com a realidade dos Programas
Operacionais e por conseguinte com os SI do QREN. Nesta organização sem fins
52
lucrativos, claro está que não contactei com os SI às Empresas, mas sim com os SIAC, na
medida em que o CEC/CCIC presta um apoio indireto às empresas. No entanto foi este
estágio curricular que me captou a atenção para estes instrumentos de política pública de
promoção da inovação e do investimento empresarial e me levou a pesquisar mais sobre os
mesmos e sobre o impacto que estes poderiam ter na criação de riqueza para o país e
consequentemente para a geração de emprego. Além disso, este estágio permitiu-me não só
a aproximação ao mercado de trabalho (experienciando o que é ter que lidar com prazos de
execução e pressão nas horas de cumprir) como também o desenvolvimento de uma cultura
económica e social através da elaboração diária da CECNews que me ajudou na realização
deste relatório. O facto de o estágio se ter realizado numa organização sem fins lucrativos
permitiu compreender que os princípios fundamentais da gestão devem ser igualmente
aplicados, focando-se principalmente na utilização eficiente dos recursos escassos.
Quanto ao meu contributo para o CEC/CCIC, posso afirmar que cumpri com as
tarefas que me foram conferidas, pois à medida que o tempo ia passando tornei-me
autónoma e detentora de responsabilidades, o que contribuiu para ajudar mais eficazmente
e eficientemente no processo de gestão financeira das comparticipações provenientes dos
fundos comunitários. Dada a escassez de recursos de que dispõem as organizações que não
têm como lucro o seu móbil, torna-se importante considerar o desenvolvimento de outros
meios de subsistência como é o caso do BusinessCentro e para o qual contribuí com o meu
trabalho através da divulgação junto de potenciais interessados. Posso assim concluir que
cumpri com os objetivos fixados, dando apoio no seguimento e controlo dos projetos e
também no seguimento de tarefas mais pontuais que iam surgindo.
Pode assim constatar-se o balanço positivo deste estágio curricular que me
permitiu colocar em prática alguns dos conhecimentos adquiridos durante a minha
formação académica.
53
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APÊNDICES
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APÊNDICE I – Artigo escrito no âmbito da Sessão de Apresentação do Projeto MENTOR
Realizou-se ontem no Museu da Água, em Coimbra, a sessão de apresentação do
Projeto MENTOR, uma iniciativa do CEC e da AIMinho.
A abertura do evento, testemunhada por cerca de 40 pessoas, entre eles
empresários e membros de incubadoras de empresas, coube a José Couto (Presidente
do CEC) e António Marques (Presidente da AIMinho), que destacaram a importância
deste projeto que junta mentores com muitos conhecimentos/experiência aos mais jovens
que têm ideias.
No momento seguinte Nuno Nascimento (Diretor Geral do CEC) apresentou o
projeto, onde referiu que o mesmo “contribui para a aceleração de empresas, isto é, apoiar
o empreendedor durante e após a criação da empresa”. Por conseguinte, o MENTOR irá
constituir redes que permitam identificar e recrutar mentores, que permitam encontrar os
mentores com as características necessárias.
De seguida, Sérgio Lorga (BTEN SA – Business Talent Enterprise Network)
discursou sobre as “Regras para uma relação equilibrada entre mentores e jovens
empreendedores”, que salientou que quando se está a criar uma empresa a mitigação de
riscos e de custos é o mais importante, por isso é que é necessário ter um bom mentor.
Por último, pelas vozes de João Dias (Espírito Santo Ventures), Luísa Matos
(Centro Business Angels) e Yoann Nesme (PPL Crowdfunding Portugal), ouviu-se falar
sobre as diversas formas de financiar o empreendedorismo: “A atividade do Grupo BES no
apoio ao Empreendedorismo e à inovação”, “O ‘Smart Money’ e os Business Angels no
apoio a projetos de empreendedores” e “O ‘Crowdfunding’: o financiamento social”,
respetivamente.
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APÊNDICE II – Press Release de disseminação de resultados do CORE
CORE = COrporate REsponsibility
O projeto CORE, financiado pelo Compete no âmbito do Sistema de Incentivos a
Ações Coletivas (SIAC), é promovido pelo CEC/CCIC (Conselho Empresarial do
Centro/Câmara de Comércio e Indústria do Centro), UERN (União das Associações
Empresariais da Região Norte) e APME (Associação Portuguesa das Mulheres
Empresárias), visa a melhoria da competitividade do país e das suas regiões de
convergência Norte, Centro e Alentejo, dando resposta a um problema comum do tecido
empresarial nacional: falta de sensibilização para os fatores críticos da competitividade e
para o espírito empresarial.
Por conseguinte, faz parte da missão do projeto “Apresentar a Responsabilidade
Social Corporativa como indutora de resultados ao nível da inovação, da competitividade
e da internacionalização […]” na medida em que este tipo de responsabilidade está
integrada na visão estratégica das empresas.
Foram assim desenvolvidas, no âmbito deste projeto, duas ações relacionadas com
o paradigma da sustentabilidade. A primeira foi a iniciativa-piloto SMART SCHOOLS que
teve como objetivo a promoção da temática da eficiência energética junto das escolas, onde
foram instalados sistemas de monitorização que permitem estudar o comportamento
energético das mesmas e, deste modo, saber quais os períodos de maior e menor consumo
por zonas da escola. A segunda foi a ferramenta “Scoring da Sustentabilidade”, disponível
no portal CORE, onde as empresas podem responder a um questionário que lhes permite
ter uma perspetiva sobre o seu posicionamento ao nível do desenvolvimento sustentável a
diversos níveis.
Para a divulgação dos resultados do projeto foi realizada, no dia 4 de dezembro,
nas instalações do IPVC na Escola Superior de Tecnologia e Gestão em Viana do Castelo,
a conferência de encerramento do projeto CORE, sob o tema “Construir o Futuro com
Responsabilidade”. O evento, testemunhado por cerca de 50 pessoas, entre eles
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empresários, alunos e docentes do ensino superior, teve como oradores António Rocha
(UERN), Idália Torres (Intelligent Sensing Anywhere), Susana Bugalho (E.S. de Avelar
Brotero), Alexandre Vilaça (Carboneutral), António Pires (IPVC-ESTG), Filipa Gouveia
(APME) e António Ferreira (CEC/CCIC).
De destacar os bons resultados obtidos com o projeto, pois uma das escolas
envolvidas no SMART SCHOOLS (Escola Secundária de Avelar Brotero) não só recebeu
o título de Eco-Escola, como reconhecimento do trabalho desenvolvido em benefício do
ambiente e da sustentabilidade, como também diminui a fatura energética mensal (no mês
de janeiro existe uma poupança de 33% da energia ativa total).
Os principais outputs do projeto estão disponíveis no portal CORE -
www.coreacoletiva.com, nomeadamente os relatórios referentes à iniciativa SMART
SCHOOLS e sobre Responsabilidade Social Corporativa.
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APÊNDICE III – Procedimentos Previstos no Código da Contratação Pública
No caso de aquisição de serviços inferiores a 5.000€ - Ajuste Direto Simplificado
- o CEC/CCIC deverá apresentar evidências (pela via de e-mails ou cartas) que cumpriu as
regras de transparência e livre concorrência, consultando pelo menos três fornecedores a
apresentarem proposta para determinado serviço. No caso da aquisição ser superior a
5.000€ e inferior a 75.000€ - Ajuste Direto, o procedimento é bem diferente. Em primeiro
lugar a Direção do CEC deverá aprovar o lançamento de convites a três concorrentes,
seguindo-se o envio dos convites acompanhado de Caderno de Encargos, por e-mail,
identificando a tipologia do serviço pretendido, o preço base, os critérios de seleção das
propostas recebidas e o prazo para receção de propostas. Após recebimento das propostas,
são analisadas tendo por base os critérios de seleção dados a conhecer aos concorrentes e é
elaborado um relatório preliminar da responsabilidade do Júri, que envia aos concorrentes
já com a ordenação das propostas. Os concorrentes dispõem de 5 dias úteis para
contestarem a classificação. Passados os 5 dias e no caso de não ter sido apresentado
contestação, o júri elabora um relatório final que apresenta à Direção, com um draft do
contrato de prestação de serviços. Após análise do referido relatório a Direção decide a
respetiva adjudicação, tendo em conta a pontuação obtida e evidenciada no relatório. Este
relatório, bem como a adjudicação são de novo enviados aos concorrentes e ao que ganhou
a proposta a minuta do Contrato.
No caso do Fornecedor selecionado concordar com todo o articulado do contrato
procede-se à respetiva assinatura e à submissão na plataforma pública Base.Gov.
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APÊNDICE IV – Suporte de Análise das Propostas de Aquisição de Serviços de Comunicações de Voz e Dados
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