ELIANE MARIA FERREIRA CAMARGO TORELLI
SITUAÇÕES DE INDISCIPLINA NA ESCOLA E AS POSSIBILIDADES DE ENFRENTAMENTO: OS DIFERENTES OLHARES DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
________________________________________ Londrina
2009
ELIANE MARIA FERREIRA CAMARGO TORELLI1
SITUAÇÕES DE INDISCIPLINA NA ESCOLA E AS POSSIBILIDADES DE ENFRENTAMENTO: OS DIFERENTES OLHARES DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA2
Artigo Científico apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE - do Governo do Estado do Paraná. Orientadora: Ms. Marleide Rodrigues da Silva
Perrude
Londrina 2008
1 Pedagoga da rede pública estadual do Paraná, especialista em Didática e Metodologia do Ensino de 1º e 2º graus e Professora participante do PDE 2007. 2 O presente artigo é resultado de estudos, pesquisas e discussões empreendidos no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED. O PDE objetiva a formação continuada dos professores da educação básica da rede pública estadual do Paraná. Cada Professor PDE da rede, de acordo com a sua área de atuação, buscou o aprofundamento teórico de um dado objeto de estudo para intervenção na sua realidade escolar.
AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom da vida e sua constante presença em meus caminhos. À professora Marleide Perrude, pela dedicação e compreensão.
RESUMO O presente artigo traz o resultado de uma pesquisa realizada junto aos professores do Ensino Fundamental da Escola Estadual Evaristo da Veiga, em relação à problemática das situações de indisciplina no interior da escola. Houve a intervenção no período de fevereiro a dezembro de 2008, em trabalhos realizados no interior da mencionada escola junto aos professores, alunos e pais de alunos e, através de um levantamento teórico acerca do tema indisciplina e violência nas escolas, pudemos elaborar um questionário com nove perguntas fechadas e uma aberta, as quais nos possibilitaram obter o olhar dos professores sobre o assunto. Finalmente, durante a análise e ainda nos baseando na literatura e outras propostas já publicadas, finalizamos apontando propostas de encaminhamento para a superação destas situações através de ações previstas no Projeto Político Pedagógico. Palavras-chave: Indisciplina. Escola. Aluno. Família.
ABSTRACT
The present article brings the results of a survey conducted among teachers of the School of State School Evaristo da Veiga, on the issue of the cases of indiscipline within the school. There was an intervention in the period from February to December 2008, at work in the interior of that school with teachers, students and parents of students and, through a survey about the theoretical issue indiscipline and violence in schools, we could produce a questionnaire with nine questions with a closed and open, which allowed us to get the look of the teachers on the subject. Finally, during the analysis and based on literature and other proposals already published, finalized proposals for pointing the way to overcome these situations through actions in Educational Political Project.
Keywords: Indiscipline. School. Student. Family.
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 2.1 VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA: DISCUTINDO CONCEITOS ................... 2.2 INDISCIPLINA: CONCEITOS ................................................................... 2.3 A NECESSIDADE DE REGRAS CONSENSUAIS ................................... 2.4 REPENSANDO AS SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA: POSSÍVEIS ENCAMINHAMENTOS ATRAVÉS DO PROJETO POLÍTI- CO PEDAGÓGICO ...................................................................................
08 08 08 10 12
3 CARACTERIZANDO O CAMPO DA PESQUISA ....................................... 15
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................
16
5 ANÁLISE DA PESQUISA ........................................................................... 5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS ......................................... 5.2 A QUESTÃO DA INDISCIPLINA NA ESCOLA .........................................
17 17 18
6 A INTERVENÇÃO .......................................................................................
28
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 31
REFERÊNCIAS ...............................................................................................
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1 INTRODUÇÃO
As reflexões apresentadas neste artigo acerca das causas que envolvem a
problemática das situações de indisciplina no interior das escolas nasceram da
realidade que se faz presente no dia a dia dessas instituições.
Situamos nossa investigação sobre essa problemática na clientela da Escola
Estadual Evaristo da Veiga, situada na região central de Londrina e que oferece o
ensino fundamental de 1ª a 8ª séries, figurando no IDEB com índices de 6,40 para
os anos iniciais do ensino fundamental e 4,40 para os anos finais e apresentando
taxa de aprovação igual a 87,40% e reprovação igual a 12,50%.
De acordo com os dados obtidos no Projeto Político Pedagógico da Escola,
a comunidade escolar é formada por alunos oriundos de famílias de classe média,
com pais e mães sendo trabalhadores autônomos, empregados no comércio e
muitos sendo funcionários públicos das esferas municipal, estadual e federal, todos
eles com renda familiar que satisfaz às necessidades familiares como: transporte
próprio, lazer, plano de saúde e casas equipadas com todos os aparatos
tecnológicos atualmente utilizados pela humanidade.
Percebemos, porém, que ao avançarmos na observação dessas famílias
que, se pelo lado material encontramos tudo a contento, o mesmo não acontece no
campo das relações que se estabelecem em seu interior, entre seus membros e
entre estes com a escola. Constatamos a existência de uma lacuna muito grande no
relacionamento entre pais e filhos que, consequentemente, vai se refletir no
comportamento que estes apresentam na escola: baixa auto-estima, insegurança,
falta de limites e comportamentos inadequados cujo objetivo único é tão somente
chamar a atenção para os seus problemas, um verdadeiro “pedido de socorro”.
Estas falhas no relacionamento afetivo estabelecido no interior das famílias
interferem diretamente no aspecto comportamental dos alunos na escola, local onde
eclodem as atitudes agressivas – tanto físicas quanto verbais, dirigidas a colegas,
professores e funcionários e também as atitudes de indisciplina que marcam
presença em todas as aulas. Sabemos de antemão que o fazer pedagógico não se
realiza apenas com alunos, mas inclui também professores, família e escola como
um todo, e é exatamente esse conjunto de sujeitos envolvidos no processo
educativo que compõe as diversas causas e fatores que contribuem para o
surgimento da indisciplina.
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Nossa pesquisa foi realizada entre junho de 2007 e julho de 2008 e teve
como objetivo investigar os diferentes olhares dos professores da educação básica
acerca das situações de indisciplina e propor formas de enfrentamento a essas
questões através de ações garantidas no Projeto Político Pedagógico. Privilegiamos
nesta pesquisa a abordagem qualitativa, pois como afirma Ludke e Andre (1986, p.
18-19), esse tipo de abordagem “visa a descoberta, enfatiza a interpretação em
contexto, busca retratar a realidade de forma completa e profunda; procura
representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presentes numa
situação social.”
Percebemos assim, que a investigação aqui apresentada, apesar de ter sido
realizada apenas na escola já citada e pela qual nos inscrevemos no PDE –
Programa de Desenvolvimento Educacional, reflete a problemática presente no dia a
dia de todas as escolas diferenciando-se apenas o local, os sujeitos envolvidos e a
realidade socioeconômica dessas instituições. Como afirmamos anteriormente essa
pesquisa vem finalizar uma caminhada de estudos realizada durante os anos de
2007 e 2008 durante a realização do Programa de Desenvolvimento Educacional.
Seguindo o cronograma de atividades previstas para a implementação da
proposta de intervenção na escola, iniciamos com a fase de observação das práticas
pedagógicas dentro e fora da sala de aula e das atitudes adotadas para os casos de
indisciplina que porventura ocorressem. Posteriormente, aplicamos um questionário
investigativo junto aos professores com o objetivo de levantar as concepções de
indisciplina que estes apresentam para então propormos uma mudança do olhar
sobre essa problemática que pudesse levar à sua superação. Para a coleta de
dados foi utilizado um questionário constituído de um conjunto de questões fechadas
e abertas, sendo que em algumas delas, os entrevistados poderiam dar mais de uma
resposta.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA: DISCUTINDO CONCEITOS
Apesar de serem problemas comuns no dia-a-dia da comunidade
escolar - aqui entendida como sendo aquela formada por professores, equipe
pedagógica, direção, funcionários, alunos e pais - ainda é comum associar e até
mesmo confundir atos indisciplinados com atos de violência. Estes conceitos
merecem ser discutidos e refletidos no interior do espaço escolar. O que seria,
então, a indisciplina e a violência escolar?
Ao voltarmos nossos olhares às questões referentes à indisciplina e
violência escolar, é interessante contemplarmos um conceito mais amplo dessas
questões que, historicamente, são consideradas como ligadas a danos físicos e
morais e, para tanto, elegemos o conceito formulado por Chauí (1999, p. 35), por ser
este o mais abrangente:
Violência é um ato de brutalidade, sevícia e abuso físico ou psíquico contra
alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão e
intimidação, pelo medo e pelo terror. A violência se opõe à ética porque trata seres
racionais e sensíveis, dotados de linguagem e liberdade, como se fossem coisas,
isto é, irracionais, insensíveis, mudos, inertes ou passivos.
2.2 INDISCIPLINA – CONCEITOS
A indisciplina é e sempre foi um termo polêmico e um termo complexo,
definido de diferentes formas por diferentes profissionais. É uma problemática antiga
que envolve uma dificuldade de se estabelecer um consenso acerca do seu
significado e de suas causas.
De acordo com o dicionário (Aurélio, 1998, p. 224), o termo disciplina pode
ser definido como “[...] regime de ordem imposta ou mesmo consentida”, ou, ainda,
“relações de subordinação do aluno ao mestre”. Dessa forma, pode-se concluir que
disciplinado é aquele que acata as regras impostas sem questionamentos e,
indisciplinado, aquele que não se submete às regras, provocando questionamentos.
Trazendo a definição acima para o meio escolar, a indisciplina pode ser vista
como todo e qualquer ato de inquietação, desobediência, discordância, conversa e
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desatenção por parte do aluno, sempre lembrando que, via de regra, a sala de aula
deve ser o “templo do silêncio”, da passividade, da tranqüilidade, um local
devidamente sob o controle do professor. Assim, se pensarmos a disciplina como
controle do comportamento das pessoas, encontraremos em Khouri (1989, p. 41), a
seguinte definição:
[...] uma forma de dominação e de exercício de poder nos espaços sociais menores, cuja organização não é garantida, no seu cotidiano, pelas leis maiores. Ela permite, portanto, nestes locais, o controle do corpo e da alma, isto é, do comportamento integral dos que neles se encontram e lhes impõe uma relação de docilidade e utilidade. Essa situação domesticada tem suas origens no funcionamento das prisões e dos quartéis.
Em qualquer definição de indisciplina, podemos perceber a vinculação dela a
algo externo ao sujeito, que lhe é imposto, devendo este adequar-se a ela. Como
parte de uma sociedade estratificada, a escola concebe a disciplina como
adequação de comportamentos, devendo o aluno adequar-se, apresentando-se bem
comportado, obediente e, de preferência, sem ser muito questionador. Um estudo
realizado por Khouri (1989), com professores, para conhecer a concepção destes
sobre o que é um bom aluno, mostrou que o bom aluno é aquele que cumpre suas
tarefas, é obediente e bem comportado. Identifica-se nesse estudo, a concepção de
indisciplina e de bom aluno que nossos professores concebem, pois este perfil de
aluno normalmente permite que as aulas transcorram sem problemas. O aluno entra
mudo, não questiona o que lhe é colocado e sai calado. Está traçada a aula ideal.
A rigor, a disciplina em sala de aula pode equivaler a simples boa educação: possuir alguns modos de comportamento que permitam o convívio pacífico. Pura aparência, portanto, da qual não se procuram os motivos. O aluno bem comportado pode sê-lo por medo do castigo, por conformismo. Pouco importa: seu comportamento é tranqüilo. Ele é disciplinado. Isto é desejável? (DE LA TAILLE, 1996, p. 10).
No entender de La Taille (1996), o comportamento disciplinado pode
representar apenas receio das punições, estando, portanto, vinculado a algo externo
ao sujeito. Em nossas escolas este é o comportamento desejado pela maioria dos
professores, o que de certa forma expressa a nossa realidade social pois, enquanto
sujeitos, pertencemos a uma sociedade dividida em classes, cuja subordinação e
adequação dos indivíduos a essa sociedade estratificada é altamente desejável. A
Escola Evaristo da Veiga pertence a essa sociedade e, dessa forma, não podemos
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ignorar que sofre suas influências, reproduzindo em seu interior o modelo ideal de
sujeitos úteis ao sistema social.
De La Taille (1996), coloca ainda que mais do que um comportamento
tranqüilo, dócil, para conviver em grupo, as crianças necessitam compactuar regras,
valores e formas de conduta que, vindas dos professores, dos pais e da escola, lhes
darão noções de limites e consciência de sua posição na sociedade.
Concordamos que a escola precisa de limites e regras para seu
funcionamento, porém, estes deveriam estar na perspectiva de apoio ao aluno e não
na contraposição. Esse é o ponto mais difícil de colocar em prática. Como definir
regras comuns, respeitando as individualidades? Como agir diante dos
questionamentos dos professores e suas queixas sobre indisciplina? Talvez
devêssemos buscar nos espaços coletivos formas de discussões, de compreensão
da realidade e do contexto em que se explicita as formas de violência e indisciplina.
2.3 A NECESSIDADE DE REGRAS CONSENSUAIS
A convivência em grupo, por si só, pressupõe o cumprimento de regras que
nortearão as relações e a escola não foge a essa necessidade, pois também precisa
delas para orientar seu funcionamento e a convivência entre seus pares. Observa-
se, no entanto, que tais regras expressam a visão de disciplina dos professores que,
por sua vez, nelas projetam seus valores e incoerências, que vão influir
negativamente na prática pedagógica. Rego (1996, p. 87), nos adverte:
O modo como interpretamos a indisciplina (ou a disciplina), sem dúvida acarreta uma série de implicações à prática pedagógica, já que fornece elementos capazes de interferir não somente nos tipos de interações estabelecidas com os alunos e na definição de critérios para avaliar seus desempenhos na escola, como também no estabelecimento dos objetivos que se quer alcançar.
Portanto, Rego (1996) adverte-nos que a prática pedagógica pode ser
influenciada pela nossa visão de indisciplina. Se somos detentores absolutos do
saber e da situação, teremos sob nosso comando um “mini exército de soldados
mirins”, prontos a obedecer nossas ordens. Por outro lado, se concebemos a
indisciplina como algo que também é gerado pela escola, pela metodologia
inadequada e por componentes ambientais, nossa postura tenderá para uma relação
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de respeito aos alunos sem, contudo, abrir mão da cooperação que deve existir por
parte dos alunos.
Outro reflexo acerca da diversidade de interpretações da disciplina é o
saudosismo de alguns professores causados pelos contratempos dos atos de
indisciplina no dia a dia escolar. Os mesmos passam a desejar o retorno de antigas
práticas escolares, nas quais o professor era o agente coercitivo que conduzia suas
aulas sem maiores problemas. Na realidade, nessa escola os conflitos e problemas
eram abafados. Tratava-se de uma escola excludente, totalmente subserviente à
ideologia ditatorial vigente naquela época e, portanto, totalmente impensável para o
século XXI. Por isso, mais uma vez, voltamos nosso olhar para Rego (1996, p.99):
[...] a escola não pode se eximir de sua tarefa educativa no que se refere à disciplina. Se uma das metas da escola é fazer com que os alunos aprendam as posturas consideradas corretas (como por exemplo, apresentar atitudes de solidariedade, cooperação e respeito aos colegas e professores), a prática escolar cotidiana deve dar condições para que as crianças não somente conheçam estas expectativas, mas também construam e interiorizem estes valores.
Segundo essa autora, a prática escolar deve ser transparente o suficiente
para que seus envolvidos tenham consciência do que deles se espera. Vemos na
atualidade que a maneira pela qual a escola lança mão para lidar com a questão da
indisciplina é a repressão, seja através de normas de condutas previamente
impostas no ato da matrícula ou através da ação de professores e demais membros
que dela fazem parte.
Não é nosso objetivo iniciar um movimento contra as regras escolares, muito
pelo contrário. O que defendemos é que se estas forem construídas por ambas as
partes envolvidas na prática pedagógica – alunos/família e escola, num verdadeiro
processo de democratização da escola, é provável que possamos vislumbrar uma
mudança no modo pelo qual estas são vistas pelos alunos. Também não é nossa
intenção desqualificar a autoridade e o trabalho do professor, até porque a
autoridade faz-se necessária para direcionar todo e qualquer trabalho; porém, é
necessário que este (professor) adote um modo de ação coerente com seu discurso,
pois só assim será possível ao aluno entender o respeito às regras como algo
necessário ao convívio e não apenas como mera obediência.
Garcia (2004), vem reforçar a necessidade de regras compartilhadas como
forma de prevenção às situações de indisciplina. Esse autor coloca que é necessário
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as escolas adotarem uma linha disciplinar pedagógica, referendada pela
comunidade escolar, em consonância com seu Projeto Político Pedagógico. Essa
linha disciplina que, como coloca o autor, pode ser chamada de diretriz, deve
apresentar regras e procedimentos disciplinares claras e, sobretudo, deve privilegiar
a participação dos alunos para a sua elaboração, pois esta participação vai
favorecer o sentimento de responsabilidade acerca das expectativas da escola em
relação à sua atuação enquanto alunos.
Abud e Romeu (1989) e Vasconcellos (1995), complementam a proposta de
Garcia (2004) ao afirmarem que o ambiente da escola também é outro elemento
preventivo relevante, que deve ser verdadeiro e humano, no sentido de construir um
espaço democrático onde se cultiva o diálogo e a afetividade humana entre todos os
que dela participam.
Regras e limites só terão eficácia se forem frutos de uma discussão nos
espaços coletivos da escola, buscando antes de estabelecer normas de conduta,
compreender a realidade e o contexto em que ocorrem as situações de indisciplina
na escola, pois não existem meios eficazes para transformar estas situações sem
estudá-las, sem analisá-las como estreitamente ligadas às concepções de pessoas,
sociedade e disciplina.
Não estamos defendendo a bandeira da particularização de entendimento dos
casos de indisciplina, pois o aluno é parte integrante de um grupo social mais amplo
que o grupo familiar – o grupo social escolar, e sendo assim imprescindível o
respeito às normas de convivência e a busca de ações coletivas para seu
enfrentamento no espaço escolar.
2.4 REPENSANDO AS SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA: POSSÍVEIS
ENCAMINHAMENTOS ATRAVÉS DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO.
Buscar possibilidades para o enfrentamento das situações de violência e
indisciplina no interior da escola exige que esta adote uma nova prática educacional,
uma prática aberta à participação da comunidade em seus espaços coletivos,
participação esta que, nesse caso, não é apenas um direito, mas uma necessidade.
Concordamos com Bueno (2001, p. 106), quando este coloca que:
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Como espaço de convivência que favoreça o exercício da cidadania, a escola possui formas de organização, normas e procedimentos que não são meramente aspectos formais de sua estrutura, mas se constituem nos mecanismos pelos quais podemos permitir e incentivar ou, ao contrário, inibir e restringir as formas de participação de todos os membros da comunidade escolar. Nesse sentido, uma escola que pretende atingir, de forma gradativa e consistente, crescentes índices de democratização de suas relações institucionais não pode deixar de considerar, como parte integrante de suas relações institucionais não pode deixar de considerar, como parte integrante de seu projeto, o compromisso de participação da comunidade.
A participação da comunidade a que Bueno (2001) se refere, está muito longe
daquela que hoje presenciamos em algumas escolas, nas quais os membros dos
órgãos colegiados são chamados apenas para legitimar decisões já tomadas pela
direção, equipe pedagógica e professores. Basta buscarmos na memória o número
de vezes em que, por exemplo, o Conselho Escolar é reunido para decidir qual o
encaminhamento a ser dado a determinado aluno com problemas disciplinares.
Nestas reuniões, pouco se discute acerca dos determinantes destes problemas,
apenas referenda-se as decisões que via de regra chegam previamente tomadas por
aqueles que no dia a dia vivenciam as conseqüências dos comportamentos
inadequados do aluno em questão. Isso não participação democrática, muito menos
coletiva.
Para que a problemática das situações de violência e indisciplina no interior
da escola possam ser enfrentadas, é preciso que esta instituição repense a
participação da comunidade em seu interior. Receios a esse respeito ocorrerão,
porém é preciso ter claro que toda participação educa e eleva os níveis de
consciência.
Veiga (1995), acredita ser importante mobilizar a comunidade escolar para
uma educação mais democrática e compromissada, sendo a comunidade o eixo
propulsor de uma educação despojada do autoritarismo estatal e concordamos que
a escola precisa entender que o espaço público mais além dos conteúdos. Devemos
ofertar um espaço aberto aos que utilizam nossos serviços, onde nossos membros
conheçam os mecanismo de participação aqui presentes e neles tenham voz e vez.
Trabalhar em conjunto com a família e a comunidade escolar no
enfrentamento das questões de indisciplina e violência no interior da escola, torna
possível detectar os determinantes dessas problemáticas e assim agir sobre eles,
com ações pedagógicas coletivas, visto que a indisciplina e a violência não se
constituem apenas em problemas atrelados ao comportamento dos indivíduos, mas
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são também produzidos na sua interação com o meio; ao contrário, enquanto as
escolas estiverem anualmente, por exigências superiores, realimentando seu Projeto
Político Pedagógico apenas para cumprirem formalidades legais, como se este fosse
apenas mais um documento a ser entregue, as ações pedagógicas voltadas para a
superação das situações de indisciplina e violência continuarão sendo como são
hoje, apenas ações curativas e não preventivas, pois só se agirá sobre as
conseqüências e não sobre as causas.
Pensar num processo de enfrentamento a essas questões requer que
busquemos no referencial do Projeto Político Pedagógico novas formas de educar
com a família, pois através da participação dos diferentes segmentos que foram a
comunidade escolar, será possível articular propostas e encaminhamentos que nos
levem a superação dessas problemáticas. Acreditamos que o caminho para se
garantir um trabalho coletivo no interior da escola possa necessariamente por um
Projeto Político Pedagógico real e não apenas documental. Exige que a realidade
escolar seja pensada e discutida por todos os seus membros, o que implica num
compromisso pedagógico, administrativo e até mesmo político, como destaca Veiga
(1997) trazendo para o coletivo da escola as discussões sobre problemas que
normalmente são “resolvidos” pelos professores, equipe pedagógica e direção de
forma particularizada personalista.
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3 CARACTERIZANDO O CAMPO DE PESQUISA
Conforme já mencionado no início deste trabalho, a investigação acerca da
problemática das situações de indisciplina no interior da escola esteve voltada para
a clientela da Escola Estadual Evaristo da Veiga, situada na região central de
Londrina. A escola possui 7 funcionários administrativos, 6 funcionários de serviços
gerais, 30 professores, 1 diretora geral, 1 diretora auxiliar, 3 pedagogas e 760 alunos
de 5ª a 8ª séries, distribuídos entre os períodos matutino, vespertino e noturno e 270
alunos de 1ª a 4ª séries no período vespertino.
O prédio escolar apresenta-se bem conservado apesar de seus 65 anos de
vida e conta também com mobiliário escolar adequado e em bom estado de
conservação. Os recursos materiais são obtidos com verbas advindas dos governos
estadual e federal, incluindo-se aqui o laboratório de informática que foi entregue à
escola no corrente ano e que faz parte do Programa Paraná Digital, sendo destinado
ao uso de alunos e professores. Observamos no entanto, que a escola apesar de
bem localizada padece do problema da falta de espaço físico, tendo como pátio para
os seus alunos apenas o espaço de uma quadra esportiva, fato este que gera
desconforto e agitação aos alunos, pois permanecem aglomerados durante o
recreio.
Percebe-se por parte da Direção uma seriedade e preocupação muito
grande em manter tudo funcionando da melhor forma possível, desde o espaço
físico até as questões pedagógicas, daí torna-se possível entendermos a
receptividade da escola para com este trabalho. Neste espaço escolar o pedagógico
se sobrepõe ao burocrático e ao administrativo, fato que pode ser percebido pela
forma de gestão adotada pela direção, a qual busca diariamente envolver toda a
comunidade escolar na condução das questões escolares.
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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A técnica de pesquisa utilizada é o “estudo de caso” pois, segundo Yin
(2005) é uma técnica que tem tido crescente utilização, pois é particularmente útil
para explicar relações causais em intervenções ou situações da vida real que são
complexas demais para tratamento por meio de estratégias experimentais ou de
levantamento de dados. Ainda, segundo Yin (2005), possibilita descrever um
contexto da vida real no qual uma intervenção ocorreu, ou avaliar uma intervenção
em curso ou, ainda, explorar aquelas situações nas quais a intervenção não tem
clareza no conjunto de resultados.
Partindo do conhecimento que já tínhamos acerca da realidade da escola,
iniciamos a aplicação dos questionários aos professores.
As vantagens do uso do método do questionário, segundo Marconi &
Lakatos (1996) e Mattar (1996), são que: utiliza-se menos pessoas para ser
executado e proporciona economia de custo, tempo viagens, com obtenção de uma
amostra maior e não sofre influência do entrevistador. As desvantagens, ainda
segundo Marconi & Lakatos (1996) e Matttar (1996), podem ser: baixo índice de
devolução, grande quantidade de perguntas em branco, dificuldade de conferir a
confiabilidade das respostas, demora na devolução do questionário e a
impossibilidade do respondente tirar dúvidas sobre as questões, o que pode levar a
respostas equivocadas.
No nosso caso de estudo, foram entregues 30 questionários a 30
professores da escola, destes, 62% são pertencentes ao regime estatutário e 38%
são professores regidos pela C.L.T., admitidos através de Processo Seletivo
Simplificado, cujo contrato de trabalho pode chegar até a um ano de serviços
prestados. E, em nosso caso, não encontramos presentes as desvantagens citadas
por Marconi & Lakatos (1996) e Mattar (1996, já que os trinta questionários foram
respondidos, abrangendo, portanto, 100% do universo da pesquisa.
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5 ANÁLISE DA PESQUISA
5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS
Iremos ilustrar e mencionar a seguir, os resultados obtidos com a distribuição
e coleta dos questionários entregues aos trinta professores da Escola Estadual
Evaristo da Veiga.
a) Sexo dos Entrevistados
Em relação ao sexo dos entrevistados, 26% são do sexo masculino e, a
maioria, 74% são do sexo feminino.
b) Idade dos Entrevistados
Os questionários respondidos mostraram que a grande maioria dos
entrevistados possui entre 36 a 46 anos de idade, sendo que essa
porcentagem alcança 58% do total. Apenas 3% possuem mais de 56
anos.
c) Grau de Instrução
Quanto a esse item, verificou-se que a maioria dos entrevistados possui
cursos de graduação voltados à sua área de atuação. Do total de 30
entrevistados, 28% já concluiram a especialização em sua área de
formação e apenas 3% possuem mestrado.
Fica evidente o interesse dos docentes pela formação e capacitação, tanto
para a busca de conhecimentos quanto para a ascensão profissional, interesse este
que se reverte em qualidade para o fazer pedagógico.
d) Tempo de Serviço no Magistério
Podemos observar que, na docência, predomina aqueles profissionais
com menos tempo de atuação. Talvez esse dado possa justificar a
inexperiência de alguns frente às questões pedagógicas.
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5.2 A QUESTÃO DA INDISCIPLINA NA ESCOLA
Concluída a caracterização dos entrevistados, passamos a analisar
as respostas emitidas para cada questão, referente às situações de indisciplina no
interior da escola.
a) Concepção de indisciplina dos professores entrevistados
Dentre as respostas dos professores apresentados, em relação à
indisciplina, afirmaram que “são atitudes não condizentes com o ambiente escolar” ,
ou, ainda, ressaltaram que é um “comportamento contrário às regras estabelecidas
por um grupo ou sociedade”. Nesse contexto, Guerra e Abranches (2004, p. 120),
bem comentam essa questão, afirmando que “é importante destacar que a
diversidade de pessoas, de religiões, de raças, de culturas existentes dentro da
escola contribui para as divergências de idéias e opiniões, mas não para a
indisciplina”. Ainda esses autores confirmam que “dentro do ambiente escolar o
respeito ao outro deve prevalecer nas relações” (p. 120)
Outros professores ainda argumentam que os alunos “não aceitam os
chamados de atenção”, e também que “gracejos e conversas paralelas que
atrapalham as aulas”; ou, ainda, “alunos que não apresentam limites para suas
ações”. O comportamento das crianças na escola tem incomodado pais,
especialistas da educação e principalmente professores, que sentem não conseguir
lidar de maneira eficiente com a questão da indisciplina dos alunos.
Muitos autores acreditam ser a falta de limites às crianças, o principal fator
responsável pelo aumento da indisciplina na escola (Zagury, 1999; Vinha 1999;
Ferronato, 2000). Outro aspecto levantado para a ocorrência da indisciplina em sala
de aula está relacionado à forma como o professor organiza suas aulas (RAINHO,
2000). Se as aulas são desinteressantes, os alunos não se ocupam no que está
sendo desenvolvido e “atrapalham” a aula do professor.
Alguns dos professores entrevistados, afirmaram que indisciplina é uma
“situação que aflige todos os educadores e que ocorre quando são quebradas todas
as regras de respeito e limites”. Outro, ainda, afirma que indisciplina “ é o reflexo da
displicência das famílias em relação a educação dos filhos.” e, também, que “é a
conseqüência da convivência de alguns profissionais que preferem compactuar com
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atitudes incorretas a perder sua popularidade com alunos e pais”, ou que “ são
atitudes que surgem quando escola e família não falam a mesma língua.”
Observa-se também que a construção dos valores morais nas crianças
aparece em muitas das discussões sobre o tema. Vinha, 1999, faz um reflexão sobre
essa questão, mostrando que o comportamento das crianças depende de sua
personalidade e de seus valores morais que são formados desde que passam a
relacionar-se com outras pessoas.
Outra consideração importante a fazer sobre o problema da indisciplina
compreende a má interpretação por parte dos adultos sobre o seu papel como
educador. Muitas pessoas confundem autoridade com autoritarismo. A mesma
necessidade que o adulto tem de impor regras, as crianças têm de transgredi-las;
por isso, é preciso questionar sobre o que se considera professor ou aluno ideais e
se esta consideração não foge da realidade em que se vive. (BOTELHO, 1996 apud
MANACORDA, 1989).
Ao caracterizar historicamente a constituição da escola enquanto sistema de
ensino notamos que o estabelecimento de regras de comportamento ideais e a
preocupação com a moralidade infantil, estão presentes desde tempos remotos,
principalmente a partir de meados do século XIX (MANACORDA, 1989).
A estruturação de normas disciplinares provém de um aspecto importante,
que está presente principalmente no Estado, mas também em qualquer instituição
social , nas escolas, nas igrejas, nos hospitais, entre outras (Foucault, 1984). As
disciplinas ou o processo de disciplinarização envolvem o poder de controlar e
administrar indivíduos. Esse poder discutido por Foucault (1984), possui
características muito marcantes, não no sentido de repressão, mas no sentido de
gerenciar a vida dos homens, controlando suas ações, aproveitando suas
potencialidades, levando-os a considerar tudo que lhes é imposto pelas instituições
sociais como algo importante e natural para as suas vidas, de tal forma que o
indivíduo incorpora todos os valores e crenças existentes como se fossem próprios,
tornando-se assim um ser docilizado e conformado.
Assim sendo, torna-se necessário conhecer o que professores dizem a
respeito do comportamento e desempenho das crianças na sala de aula e na
escola? Para professores e alunos o que é indisciplina? Como os professores
trabalham questões de comportamento em sala de aula? Há relação entre
20
aprendizado do aluno, ensino do professor com comportamentos de ambos na sala
de aula?
A indisciplina tem sido vista por muitos professores como um problema
restrito aos alunos e, nessa discussão tem sido deixados de lado componentes
culturais, ideológicos e políticos que se fazem presentes no cotidiano escolar na
nossa própria sociedade disciplinar e que afetam o processo de constituição dos
alunos. Essa visão se evidencia no conceito que os educadores entrevistados têm
sobre a problemática, a saber: que indisciplina é uma “situação que aflige todos os
educadores e que ocorre quando são quebradas todas as regras de respeito e
limites”; também que “é o reflexo da displicência das famílias em relação a
educação dos filhos” , ou, “é a conseqüência da convivência de alguns profissionais
que preferem compactuar com atitudes incorretas a perder sua popularidade com
alunos e pais”; “são atitudes que surgem quando escola e família não falam a
mesma língua” e, ainda, que “ é a falta de clareza da família, da escola e dos
professores sobre quais seriam as reais funções de cada um.”
As discussões em torno do comportamento dos alunos persistem, e hoje
tornam-se mais acirradas. Por isso, procuramos sistematizar qual é a definição do
termo “disciplina”. “Disciplina é um conjunto de regras que regem uma organização,
ou uma atividade; e ainda, disciplina é a submissão a essas regras e, trata-se de
uma qualidade de quem se submete a leis e ordens” (XIMENES, 2000, p. 328). “Ao
termo indisciplina é atribuído o sentido de falta de disciplina ou ainda, ação ou dito
que revela desobediência” (Idem. p. 525).
Analisando essas concepções apontadas pelos professores,
podemos constatar que a maioria dos entrevistados concebe a indisciplina como um
problema externo à sua prática, pertencente a outros sujeitos. Referem-se a valores
que são rompidos, ora pelos alunos, ora pela escola enquanto instituição, ora pela
família e também por outros profissionais atuantes na escola, não sendo portanto
fruto de sua prática.
b) Quanto ao nível de indisciplina dos seus alunos
21
35,2%52,9%
0,7% 11,3% Suportável
Assustadora
Incontrolável
Sem problemas
Gráfico 5 – Nível da indisciplina dos seus alunos Fonte: Dados obtidos por meio da pesquisa realizada
Percebemos aqui que a maioria dos entrevistados afirma que a
indisciplina está incontrolável (52,9%). Essa postura indisciplinada que tanto assusta
os professores, pode revelar, entre outras coisas, a inadequação dos alunos às
formas autoritárias e desinteressantes como são conduzidas as aulas, nada mais
restando aos alunos, a não ser, fugir dos padrões estabelecidos. Recuperamos aqui
a contribuição de Aquino (1996, p. 62-63).
o aluno-problema é tomado, em geral, como aquele que padece de certos supostos distúrbios psicopedagógicos; distúrbios estes que podem ser de natureza cognitiva, ou seja, distúrbios de aprendizagem ou de natureza comportamental. Dessa forma, a indisciplina e o baixo aproveitamento dos alunos representam dois grandes males da escola contemporânea, geradores do fracasso escolar, e os dois principais obstáculos para o trabalho docente. Na verdade, os alunos-problema podem ser tomados como ocasião privilegiada para que a ação docente se afirme, e que se possa alcançar uma possível excelência profissional. O que se busca, no caso de um exercício profissional de qualidade, é uma situação-problema, para que se possa, na medida do possível, equacioná-la, o que se oportuniza a partir das demandas difíceis dos educandos.
Aquino (1996) nos aponta que, se olhássemos a indisciplina com os
olhos dos alunos, talvez, encontraríamos as incógnitas desta equação
aparentemente insolúvel. Faz-se necessário rever a prática pedagógica para tornar a
sala de aula mais atrativa que o pátio da escola.
22
c) Postura dos Professores perante as situações de indisciplina
18%
74%
6% 2%
Grita ou chama aatenção do aluno
Encaminha-o parao pedagogo
Conversa como aluno emparticular
Ignora a situação
Gráfico 6 – Postura dos Professores perante as situações de indisciplina Fonte: Instrumento de Pesquisa (questionário)
Observa-se que a postura mais comum é o encaminhamento de
alunos para o pedagogo (74%), seguido pela postura de gritar ou chamar a atenção
do aluno (18%). Pouquíssimos professores preferem resolver a situação diretamente
com o aluno através do diálogo (6%) e um número ainda menor ignora a situação
(2%).
Entendemos que ao encaminhar alunos em situações de indisciplina,
ao pedagogo ou a outro profissional, o professor abre mão da sua autoridade e
competência, pois transfere para terceiros aquilo que é de sua responsabilidade.
Essa síndrome do encaminhamento denuncia uma certa semelhança
com a concepção bancária da educação, segundo a qual, ao se sentir ameaçado o
professor tende a buscar reforços para a manutenção da sua autoridade. Nesta
visão, a disciplina é imprescindível para o fazer pedagógico do professor. O silêncio
e a obediência do aluno “garantem” ao mesmo tempo o “sucesso da aula” e o
“aprendizado do aluno”.
Não se cogita uma aula sem que os alunos estejam dispostos em
fileiras, todas elas retinhas.
Foucault (1997, p. 130) vem ilustrar essa colocação afirmando que “a
cada instante vigiar o comportamento de cada um, apreciá-lo, medir as qualidades
ou méritos são procedimentos, portanto, para conhecer, dominar e utilizar.”
23
d) Principais causas das situações de indisciplina
12,3%1,3%21,4%
15,1%
5,3%
1,2%
11,3%
32,1%
Desestruturação familiar
Pais coniventes com os erros dos
filhos
Aulas monótonas
A escola não deixa claro seus limites
Falta de atitudes mais firmes por parte
da direção e Equipe Pedagógica
Falta de domínio de sala
Metodologia de ensino inadequada
Reprovação
Gráfico 7 – Principais causas das situações de indisciplina Fonte: Instrumento de Pesquisa (questionário)
Analisando a posição dos professores quanto a responsabilidade
pelas situações de indisciplina, verificamos que a maioria atribui que essa se
encontra na desestruturação familiar (82,1%)..
Cabe aqui registrar que esse apontamento é preocupante e pode
significar por parte destes, há uma opinião baseada muito mais no senso comum do
que em referenciais teóricos, visto que, hoje, aquelas famílias nucleares do século
passado deram lugar a outros arranjos familiares, formados muitas vezes por casais
vindos de segunda, terceira ou quarta união, existindo também aquelas famílias
formadas por adolescentes que experimentam a gravidez precoce e até mesmo as
que se formam a partir de casais possuidores de orientação sexual homogênea.
Entendemos que independentemente do formato que se
apresentam, as famílias devem ser consideradas instituições que também enfrentam
dúvidas, preconceitos e desejos de participação, cabendo a escola a função de
acolher e abrir espaços para que tenham vez e voz.
Outros fatores elencados pelos professores como causadores da
indisciplina foram a falta de imposição de limites na escola, seguido pela falta de
atitude mais firmes por parte da direção e equipe pedagógica. Tais apontamentos
24
mostram que é difícil para o professor conceber-se também como causador ou
responsável pela indisciplina, basta atentarmos para o fato de que apenas 1,3% dos
entrevistados acreditam que a causa do problema sejam as aulas monótonas; 5,3%
atribuem à falta de domínio dos professores e apenas 1,2% concebem a
metodologia inadequada como sendo a causadora dessa problemática.
A refletirmos sobre esses dados precisamos ter claro que a
indisciplina não é privilégio apenas do aluno, mas se faz presente também no
professor, na sua prática pedagógica e nos demais membros do espaço escolar.
Não estamos aqui apontando o professor como único causador desses transtornos,
o que queremos dizer é que se faz necessário ter muita cautela antes de
apontarmos as possíveis causas da indisciplina, visto que trata-se de uma questão
complexa, perpassada por um grande número de fatores intrínsecos e extrínsecos
ao fazer pedagógico.
Vasconcelos (2000, p. 87) vem esclarecer:
como fatores intrínsecos, podem-se destacar aulas expositivas, que podem dispersar a concentração dos alunos, aulas demasiado teóricas, sem alternância de atividades, material insuficiente ou inadequado que dificulta o planejamento de atividades diversificadas, problemas de comunicação e diálogo e problemas de integração entre alunos-alunos ou alunos-alunos-professores. Como fatores extrínsecos, podem ser considerados a desestruturação familiar, clima tenso no ambiente escolar, adoção de medidas pouco eficazes por parte da escola, entre outros.
Analisando Vasconcelos podemos inferir que tanto a forma como se
concretiza o fazer pedagógico de cada professor quanto a postura das famílias em
relação aos filhos são fatores que contribuem para o agravamento das situações de
indisciplina.
25
e) Participação das Famílias na vida escolar dos filhos
1,7%26,1%
72,2%
Plenamentesatisfatória
Satisfatória
Insatisfatória
Gráfico 8 – Participação das famílias na vida escolar dos filhos Fonte: Instrumento de Pesquisa (Quesitonário)
A maioria dos entrevistados afirma que a participação dos pais na
vida escolar dos filhos é insatisfatória, (72,1%) ; 26,1% consideram satisfatória e
apenas 1,7% plenamente satisfatória.
Se olharmos com mais atenção para as relações estabelecidas entre
pais e escola, veremos que de certa forma essa participação tem sido vista com
receios. Suporta-se os pais e suas reclamações. Acolhe-se de bom grado suas
contribuições, desde que não venham em forma de críticas ao trabalho docente.
f) A Atitude mais comum dos pais quando notificados sobre o
comportamento indisciplinar dos filhos
72%
4%
16%8%
Defendem os filhos, transferindo a responsabilidade dos seusatos aos professores, colegas e esco la
Aplicam castigos físicos aos filhos
Não comparecem à escola
Comparecem, porém afirmam que não sabem como reso lver oproblema
Gráfico 9 – A atitude mais comum dos pais quando notificados sobre o comportamento indisciplinar dos filhos Fonte: Instrumento de Pesquisa (Questionário)
26
Uma das atitudes paternas mais apontada pelos professores como
causadora das situações de indisciplina é o fato de os pais transferirem para
terceiros a responsabilidade pelos atos dos filhos, bem como transferem a
responsabilidade pela sua formação e educação (72%).
A nosso ver é inegável a influência que a família exerce no
comportamento dos filhos, tanto em sociedade quanto na escola. Vivemos um
momento de crise onde as famílias estão desorientadas, não sabendo como
trabalhar a educação dos filhos.
Kaloustian (1988, p. 132) afirma que:
a família é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. E desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, e é em seu espaço que são absorvidos o valor ético e humanitário, em que se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados os valores culturais.
Sendo a família o alicerce decisivo para a sustentação de uma
sociedade mais justa, composta de indivíduos participantes, cabe à escola,
promover ações eficazes que garantam a sua participação em prol da construção de
uma educação melhor para seus filhos. Quando as famílias se sentem fortalecidas e
também responsáveis pelo processo educativo, os maiores beneficiados certamente
são os educandos.
g) Alternativas para o Enfrentamento das Situações de Indisciplina
48,3%
11,2%
35,0%
2,3% 3,2%
Maior participação dos pais na vida escolar dos
filhosParticipação dos pais nos órgãos colegiados da
escolaEncaminhamentos de alunos a psicólogos
Mudança na postura pedagógica do professor e da
escolaAbrir espaços para que os alunos sejam ouvidos em
suas necessidades
Gráfico 10 – Alternativas para o enfrentamento das situações de indisciplina Fonte: Instrumento de Pesquisa (Questionário)
27
Analisando os dados acima, preocupa-nos o fato de que a minoria
dos professores (2,3%) admite ser necessário mudar, repensar sua postura
pedagógica e ao mesmo tempo abrir espaços para que o aluno seja ouvido no
processo educativo. Mais uma vez percebemos aqui a forte influência da concepção
bancária da educação: o professor é o centro inquestionável da educação, cabendo
apenas a ele a condução do processo pedagógico e restando ao aluno apenas o
dever de cumprir seus deveres.
28
6 A INTERVENÇÃO
A intervenção foi realizada no período compreendido entre fevereiro a
dezembro de 2008, na Escola Estadual Evaristo da Veiga, e teve como objetivo
compreender como se manifesta a indisciplina/disciplina na relação professor-aluno,
ou seja, como os educadores estão formando seus alunos no tocante ao
comportamento, analisando qual é o papel que adultos e crianças, bem como a
interação entre esses sujeitos, desempenham no complexo e dinâmico espaço
pedagógico da sala de aula.
Inicialmente foi realizada reunião com os professores da mencionada escola
para apresentação da proposta de intervenção aos novos professores e ratificar a
idéia aos professores que já conheciam o Plano de Trabalho. Em seguida, foi feito
um trabalho de observação das novas turmas de alunos e, também,
acompanhamento do trabalho dos novos professores que chegaram à escola no ano
de 2007. Para esta observação utilizamos as 20 h semanais do padrão e os 25% de
dispensa previstos para o P.D.E.
A medida em que os “problemas” de indisciplina ocorriam, acontecia a
intervenção junto aos envolvidos para entender melhor a questão e tentar encontrar
uma solução. Percebeu-se que a maior parte dos problemas de indisciplina ocorrem
com os professores menos experientes e, ainda outro fato que chamou a atenção é
que recebeu-se muitos alunos oriundos de outras escolas, que por sua vez saíram
de lá por problemas de indisciplina. Estes alunos estão tumultuando as aulas de
todos os professores, até mesmo dos mais experientes.
Também foi acordado com os professores para, junto com eles, durante seu
período de hora-atividade, fazer a leitura e discussão de alguns textos e outras
publicações relativas à indisciplina.
Com os alunos, conforme sugestão do próprio grupo, foi feito um bate-papo
informal sobre os problemas em sala de aula. Nesta conversa, eles apontam a
indisciplina como algo que lhes é oportunizado por alguns professores, que não
conseguem ter o domínio de classe. Os alunos solicitaram que a escola ofereça
canais de abertura para novas idéias, e diálogo entre eles e seus professores,
diálogo este que seria mediado pela professora PDE com vistas a buscar uma
solução para os problemas que surgiram. Foi sugerida, também, a realização de
29
palestras relativas aos problemas típicos da adolescência: namoro, sexo, gravidez
precoce e relacionamento pais e filhos.
Para a grande parte dos professores, a proposta de participar de um diálogo
aberto com seus alunos para discutir as questões que perpassavam o ambiente da
sala de aula, a princípio foi assustadora e recusada. A resistência foi grande, porém
a vontade de acertar também pesava muito.
No primeiro encontro, tanto alunos quanto professores, mostravam-se um
tanto desestabilizados em suas certezas, porém, este clima foi sendo quebrado para
dar lugar a um momento de participação responsável e consciente. Alunos e
professores tiveram oportunidade de colocar suas angústias e expor tudo aquilo que
mais os incomodavam. Ao final, fechou-se um acordo de cooperação mútua; de um
lado, os alunos se comprometendo a agir com mais maturidade, garantindo assim
um ambiente mais favorável à aprendizagem, do outro lado os professores se
dispuseram a oferecer aulas mais dinâmicas e com novas metodologias.
Durante o ano realizamos um total de sete encontros dialogados entre alunos
e professores, sempre discutindo as questões relativas ao espaço da sala de aula.
No último encontro foi estabelecido que estes momentos devem continuar ocorrendo
durante o ano de 2009, incluindo também a realização do Conselho de Classe
Participativo com professores, representantes dos alunos, da APMF, dos pais, da
direção e equipe pedagógica. Para que estas reivindicações se efetivem em 2009,
foi necessário retomar a análise e realimentação do Projeto Político e Pedagógico da
Escola.
Com os pais dos alunos, realizou-se três reuniões para discutir questões
relativas ao relacionamento pais e filhos e também houve leitura e discussão de um
texto do livro do autor Içami Tiba: Limites e disciplina na educação.
No final do mês de julho, coordenei a semana Pedagógica. Fizemos a leitura
e discussão dos textos indicados pela SEED e retomamos o estudo do regimento
Interno e do Projeto Político Pedagógico da Escola. Os professores e representantes
de alunos, pais, Conselho Escolar e APMF apontaram algumas adequações que
serão implantadas a partir de 2009. Continuou-se também o estudo de alguns textos
dos Cadernos do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares,
volumes 1,2,3 e 4. Este estudo serve de subsídio para que, através dos Órgãos
Colegiais, ser possível propor formas de enfrentamento a questão da indisciplina.
30
Num momento seguinte, foi feita com os professores a leitura e discussão do
livro da autora Maria Izete de Oliveira – Indisciplina Escolar – determinações,
conseqüências e ações, na qual a autora aborda alguns determinantes da
indisciplina e aponta possíveis formas de enfrentamento através de um PPP
compartilhado por todos os responsáveis pelo fazer pedagógico.
Após todas as leituras realizadas, retomou-se o estudo do Projeto Político
Pedagógico da escola com o objetivo de estabelecer ações que permitam para o
próximo ano o enfrentamento das situações de indisciplina.
Ficou estabelecido também que a escola proporcionará aos professores,
alunos e pais, bimestralmente, palestras com profissionais especializados em
assuntos que fazem parte do dia a dia da escola: indisciplina, limites, drogas,
adolescência, gravidez precoce e outros temas que forem sugeridos.
As intervenções previstas no Plano de Trabalho do PDE para 2007 encerram-
se em 12/12/2008, porém terão continuidade independente do PDE no ano de 2009,
tendo em vista a aceitação da proposta por parte da comunidade escolar. Daremos
continuidade aos grupos de estudos com pais, alunos e professores.
Acreditamos que a intervenção teve repercussão positiva, a partir do
momento que o assunto é de interesse geral, tanto dos professores, quanto de toda
a equipe pedagógica e famílias envolvidas.
31
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Queremos trazer para este momento a fala de Paulo Freire (1997, p.
10) que mostra-se oportuna frente à temática abordada e ao mesmo tempo otimista:
“mudar é difícil, mas não é impossível, e é a partir desse saber fundamental que
vamos programar nossa ação político pedagógica”
Freire (1997), quer nos lembrar que, enquanto professores, somos
sujeitos de muitas opões, sujeitos aos quais não é facultado o direito de opção entre
assumir ou não assumir responsabilidades. Somos e devemos nos assumir como
também responsáveis pelas situações que impedem um fazer pedagógico de
excelência.
Arendt (1954, p. 39) vem contribuir com nossa colocação ao afirmar
que:
na Educação, a responsabilidade pelo mundo assume a forma de autoridade. Qualquer pessoa que se recuse a assumir a responsabilidade coletiva pelo mundo, não deveria ter crianças, e é preciso proibi-la de tomar parte em sua Educação.
A autoridade a que se refere Arendt (1954) diz respeito a um
conjunto de ações que a escola deve adotar partindo da reflexão acerca da sua
realidade educativa. Não temos dúvida de que cabe à escola o primeiro passo na
tentativa de estabelecer novamente sua importância na construção de um mundo
formado por sujeitos cônscios de sua responsabilidade social e educacional e que
por sua vez possam contribuir para o enfrentamento das problemáticas que
perpassam a rotina das escolas.
Nérice (1972, p. 12) vem nos apontar a importância da atuação
familiar na construção desse novo sujeito:
a educação deve orientar a formação do homem para ele poder ser o que é, da melhor forma possível, sem mistificações, sem deformações, em sentido de aceitação social. Assim, a ação educativa deve incidir sobre a realidade pessoal do educando, tendo em vista explicitar suas possibilidades, em função das autênticas necessidades das pessoas e da sociedade (...) A influência da Família, no entanto, é básica e fundamental no processo educativo do imaturo e nenhuma outra instituição está em condições de substituí-la (...) A educação para ser autêntica, tem de descer à individualização, à apreensão da essência humana de cada educando, em busca de suas fraquezas e temores, de suas fortalezas e aspirações. (...) O processo educativo deve conduzir à responsabilidade, liberdade, crítica e participação. Educar, não como sinônimo de instruir, mas de formar, de ter
32
consciência de seus próprios atos. De modo geral, instruir é dizer que o que uma coisa é, e educar e dar o sentido moral e social do uso desta coisa”
Assim sendo, mais uma vez fica evidente a importância do
envolvimento familiar para a formação do aluno. Esse envolvimento traz consigo a
co-autoria de responsabilidades educativas, responsabilidades estas que devem ser
partilhadas entre escola e famílias e não delegadas de uma para outra.
Hoje, a ligação família-escola encontra amparo legal na legislação
nacional e também nas próprias diretrizes do Ministério da Educação. Temos o
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90); a Política Nacional de
Educação Especial, que adota como umas de suas diretrizes gerais: adotar
mecanismos que oportunizem a participação efetiva do desenvolvimento global do
aluno; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96), artigos 1º, 2º, 6º e
12º; o Plano Nacional de Educação (aprovado pela Lei nº 10172/2002), que define
como uma de suas diretrizes a implantação de conselhos escolares e outras formas
de participação da comunidade escolar (composta também pela família).
Apesar de todo este amparo legal, percebemos ainda uma
resistência muito grande a essa participação por parte da escola. Na maioria das
vezes os professores acreditam que essa participação pode resultar em
interferências na condução do seu trabalho, o que nada mais é do que um grande
engano. A partir do momento em que escola e família enquanto instituições distintas,
tem clareza das responsabilidades pertinentes a si, cria-se um clima propício para o
enfrentamento dos entraves que se fazem presentes no dia-a-dia da escola, em
especial a indisciplina.
Ao finalizar este trabalho salientamos que para o enfrentamento das
situações indisciplinas presentes na escola é necessário resgatar o valor da relação
professor-aluno-família. Temos consciência das resistências que ainda
enfrentaremos, porém há que se vislumbrar um ponto positivo. Durante o período de
realização deste trabalho, após a análise e intervenção no cotidiano da escola,
percebemos que um primeiro passo já foi dado, professores e alunos já demonstram
maior capacidade de diálogo, mas ainda há muito o que fazer para a superação das
questões de indisciplina. Propomos caminhar pela construção de um novo Projeto
Político Pedagógico, que seja fruto das reais necessidades da escola pesquisada;
projeto este que venha garantir a participação e o compromisso das famílias na
33
escola, trazendo consigo propostas de ações coletivas e coerentes com a realidade
da instituição.
A investigação sobre os olhares dos professores da educação básica
acerca das situações de indisciplina nos revela que estes a concebem como sendo
de total responsabilidade dos alunos e de suas famílias, fato este que nos aponta a
necessidade urgente de estruturar no Projeto Político Pedagógico propostas de
estudos envolvendo os docentes e os pais, pois acreditamos ser mais fácil quebrar
antigos paradigmas da escola do que mudar a estrutura familiar.
34
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