Efeitos da introdução da tilápia do Nilo nos ecossistemas aquáticos
continentais do semi-árido brasileiro
José Luiz AttaydeDepto Botânica, Ecologia e Zoologia, CB/[email protected]
Peixes da CaatingaFonte: Ricardo Rosa, Naércio Menezes, Heraldo Britski, Wilson Costa & Fernando Groth, 2003.
240 espécies em 7 ordens136 espécies possívelmente endêmicas9 espécies introduzidas e estabelecidas
Colossoma macropomum (Cuvier, 1818)Poecilia latipinna (Lesueur, 1821)Poecilia reticulata (Peters, 1860)Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840)Astronotus ocellatus (Agassiz, 1831)Cichla monoculus (Spix & Agassiz, 1831)Cichla ocellaris (Bloch & Schneider, 1801)Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758)Tilapia rendalli (Boulenger, 1897)
Número de espécies introduzidas no NE por década de acordo com sua origem
02468
1012141618
1930 1940 1950 1960 1970 1980
São Francisco Parnaíba Amazonas Outros paises
Fonte: Gurgel & Oliveira 1987
39 espécies de peixes e 3 de crustáceos foram introduzidas no semi-árido
Proporção de espécies regionais e introduzidas capturadas nos açudes do DNOCS de 1970 a 2004
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1° DR 2° DR 3° DR 4° DR
Introduzidas Regionais
Biomassa relativa das espécies introduzidas capturadas nos açudes do DNOCS de 1970 a 2004
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
1° DR 2° DR 3° DR 4° DR
Outras
Macrobrachiumamazonicum
Cichla spp
Oreochromisniloticus
Plagioscionsquamosissimus
Astronotusocellatus
Biomassa relativa das espécies regionaiscapturadas nos açudes do DNOCS de 1970 a 2004
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
1° DR 2° DR 3° DR 4° DR
Outras
Hopliasmalabaricus
Leporinus spp
Prochilodusbrevis
Psectrogasterrhomboides
A tilápia do Nilo no NEIntroduzida no NE em 1973, é atualmente a espécie mais abundante nas capturas pesqueiras dos açudes nordestinos (≈ 30%)Considerada benéfica por aumentar a produção pesqueira sem causar prejuízos para as espécies de peixe nativas (Fernando 1991, Gurgel & Fernando 1994) No açude Marechal Dutra (RN) alterou a composição do desembarque pesqueiro com prejuízos para outras espécies (Menescal 2002)
CurimatãU=72; p<0,001
Período
Kg/
pesc
ador
/sem
estre
0
10
20
30
40
antes depois
DiversosU=33, p<0,001
Período
Kg/
pesc
ador
/sem
estre
0123456
antes depois
PescadaU=27; p<0.001
Período
Kg/
pesc
ador
/sem
estre
0
20
40
60
80
100
antes depois
PiauU=49; p<0,001
Período
Kg/
pesc
ador
/sem
estre
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
antes depois
TraíraU=69, p<0.001
Período
Kg/
pesc
ador
/sem
estre
05
101520253035
antes depois
CamarãoU=116; p=0,008
Período
Kg/
pesc
ador
/sem
estre
0
40
80
120
160
antes depois
Fonte: Menescal (2002)
Desembarque pesqueiro do açude Marechal Dutra (Acari/RN) antes (1971-1976) e depois (1977-2000) da introdução da tilápia do Nilo.
Mecanismos propostos para explicar os efeitos negativos da tilápia do Nilo sobre outras espécies de peixe
Competição por alimento com alevinos de outras espéciesCompetição por espaço e locais de desovaRedução da transparência e alteração da qualidade da água
Objetivos dos experimentos
Testar a hipótese de que a tilápia do Nilo reduz a abundância do zooplâncton, aumenta a abundância do fitoplâncton, reduzindo a transparência da água.Testar a hipótese de que os efeitos da tilápia do Nilo sobre o plâncton e a transparência da água são dependentes da densidade e idade das tilápias
Desenho experimental 1 - tanquesEfeitos dependentes da densidade e idade das tilápias
C JAJ J
JAA
6 tratamentos com 3 réplicas aleatoriamente alocadosem 18 tanques experimentais de 40 m3:C = Controle sem tilápias, J e JJ = com 20 e 40 g/m3 de tilápias jovens, A e AA = com 20 e 40 g/m3 de tilápias adultas,JA = com 20 g/m3 de tilápias jovens + 20 g/ m3 de tilápias adultas
A
O.niloticus vs. densidade de microcrustáceos no fim do experimento
r = 0.52, p = 0.047
0100200300400
0 1 2 3
Tilápias (Kg)
Cic
lopo
idas
(in
d/L)
C
J
JJ
A
AA
JA
r= -0.81, p< 0.001
0
100
200
300
0 1 2 3
Tilápias (Kg)
Cla
doce
ros
(ind/
L)
C
J
JJ
A
AA
JA
r = -0.82, p< 0.001
050
100150200
0 1 2 3
Tilápias (Kg)
Cal
anoi
das
(ind/
L)
C
J
JJ
A
AA
JA
r = -0.79, p < 0.001
0
50
100
150
0 1 2 3
Tilápias (Kg)
Ost
raco
das
(ind/
L)
C
J
JJ
A
AAJA
O.niloticus vs. biomassa fitoplanctônica no fim do experimento
r = 0.82, p < 0.001
0204060
0 2 4Tilápias (Kg)
Clo
rofil
a a
< 20
µm (µ
g/L)
C
J
JJ
A
AA
JA
r = - 0.58, p = 0,024
0
20
40
0 2 4Tilápias (Kg)
Clo
rofil
a a
>20µ
m (µ
g/L)
CJJJAAAJA
r = - 0.53, p = 0.040
020406080
0 2 4Tilápias (Kg)
Sec
chi (
cm)
C
J
JJ
A
AA
JA
r = 0.28, p =0.313
0204060
0 2 4Tilápias (Kg)
Clor
ofila
a
(µg/
L)
C
J
JJ
A
AA
JA
Desenho experimental 2 - mesocosmosEfeitos dependentes da densidade das tilápias
0 2 6 8
5 tratamentos com 4 réplicas aleatoriamente alocadosem 20 “enclosures” de 6 m3 contendo água e plâncton do açude0 = controle sem tilápias2 = tratamento com 2 tilápias (0,3 ind/m3) 4 = tratamento com 4 tilápias (0,6 ind/m3)6 = tratamento com 6 tilápias (1,0 ind/m3)8 = tratamento com 8 tilápias (1,3 ind/ m3)
4
Conclusões
A redução na abundância dos microcrustáceos, sugere que a tilápia do Nilo deve reduzir a disponibilidade de recursos alimentares para os alevinos e jovens de outras espécies de peixe, podendo comprometer o recrutamento dessas espécies.A redução na transparência da água sugere também que a tilápia do Nilo deve afetar outras espécies de peixe através de alterações na qualidade do habitat, principalmente espécies que se orientam visualmente para localizar e capturar suas presas.
Perspectivas para 2006-2007
Experimentos de laboratório para parametrizar um modelo de interação tilápia-zoo-fitoSimulação e validação do modelo no campoExperimentos de competição entre a tilápia e os alevinos/jovens de algumas espécies regionaisAnálise de custo-benefício da introdução da tilápia do Nilo nos açudes do NE
Incremento de renda anual per-capita pela pesca da tilápia (em R$)Incremento do custo de tratamento da água dos açudes para fins de abastecimento (em R$)
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