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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE ENGENHARIA
JOÃO MONLEVADE - MG
ECONOMIA MINERAL
Professor: Eugênio Eustáquio
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Março 2015
João Monlevade
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE ENGENHARIA
JOÃO MONLEVADE - MG
CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS DE UM EMPREENDIMENTO DE MINERAÇÃO
Alunos:
Março 2015
João Monlevade
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................4
2. EXPLORAÇÃO
MINERAL........................................................................6
3. PROJETO.................................................................................................7
4. IMPLANTAÇÃO......................................................................................11
5. OPERAÇÃO............................................................................................1
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6. BENEFICIAMENTO...............................................................................16
7. LOGISTICA ...........................................................................................22
8. FECHAMENTO DE MINA.......................................................................26
9. REFERÊNCIAS ......................................................................................3
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1. INTRODUÇÃO
Custos
São os gastos relativos à bem ou serviço utilizado na produção de outros
bens ou serviços. Eles se dividem em:
• Custos Diretos: diretamente incluídos no cálculo do empreendimento e
estão somente dedicados a este empreendimento.
Ex.: Insumos diretos, mão-de-obra direta, perfeitamente mensuráveis de
maneira objetiva.
CD = Quantidade Utilizada x Custo Unitário
• Custos Indiretos: necessitam de algum cálculo para serem distribuídos
ou identificados no empreendimento.
Ex.: Equipe técnica (engenheiros/ mestres/ encarregados), equipe de apoio
(almoxarifado, apontador), equipe de suporte,contas gerais da obra
(mobilização/ desmobilização do canteiro/ taxas e emolumentos, entre
outras).
CI = Total dos custos não diretos
Custo total ou utilização
Custos Fixos: os valores são os mesmos, qualquer que seja o volume
construído.
Ex.: Locação de equipamentos/ Mestre de Obras/ Engenheiro/ E.
Elétrica etc.
Custos Variáveis: os valores se alteram em função do volume
construído. Ex.: Tijolo/ Areia/ Horas extras/ Energia Elétrica...
A tabela 1 apresenta todos os estágios da mineração com o tempo de duração
e o custo desses estágios. Já o gráfico 1 apresenta a variação do fluxo de
caixa em toda vida do empreendimento.
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2. EXPLORAÇÃO MINERAL
A exploração mineral pode ser definida com um trabalho científico para a
descoberta de um bem econômico de natureza não renovável. É uma etapa do
investimento, ela abrange: a procura, a descoberta, a identificação e a
avaliação do material encontrado.
Na exploração mineral, dois elementos determinantes de custos devem
ser considerados: o primeiro é o custo médio entre o sucesso e o fracasso para
se encontrar uma jazida, e o segundo é o orçamento de que uma empresa
deve dispor anualmente para ter chance de sucesso na exploração mineral
(Miller, 1989).
Os custos de uma exploração mineral devem cobrir as atividades
inerentes a ela, tais como: salário dos profissionais, despesas de campos,
custos dos serviços, indenizações de superficiários, trabalhos técnicos
(sondagem, geofísica, geoquímica, análises laboratoriais), além os custos dos
trabalhos administrativos ou de escritório, como pessoal, apoio legal,
contabilidades, secretaria e administração.
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3. PROJETO
Diversas metodologias de projetos são utilizados para condução dos
mesmos até o Startup do serviço. O IPA (Independent Project Analysis) órgão
fundado em 1987 com o intuito de prover uma orientação de pesquisa voltada
para a analise de viabilidade de projeto. O IPA desenvolveu a metodologia
Front End Loading (FEL) com o objetivo de garantir um planejamento ótimo do
projeto. Conceitua-se esta “metodologia” como sendo uma coleção de
métodos, técnicas e ferramentas que mostram o que e como deve ser feito a
cada momento. Aplica-se principalmente a projetos de indústrias de
transformação, petroquímica, refino (PRADO, 2004).
Neste processo, um projeto complexo é analisado a partir de três
estágios básicos de aprovação, chamados de FEL1, FEL2, FEL3. Em cada
portão são apresentadas as questões críticas que podem causar algum
impacto em relação ao objetivo daquela fase.
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FEL 1 – A etapa FEL 1 é onde são definidos as oportunidades
comerciais e de mercado e as alternativas e estratégias que serão analisadas
nas etapas à frente. Na FEL 1 são definidos os objetivos e o escopo do projeto,
bem como as estimativas e os indicadores de viabilidade: TIR (Taxa interna de
Retorno), VPL (Valor Líquido Presente) e Payback descontado. A variação do
custo do projeto pode ser prevista entre -25% e +40%.
FEL 2 – A etapa FEL 2 funciona como um filtro de FEL 1. Nessa etapa é
aprovado o escopo do projeto por meio da EAP (Estrutura Analítica do Projeto).
Em FEL 2 o retorno financeiro é decisivo para o futuro do projeto, se o VPL for
menor que zero o projeto é cancelado e não segue para FEL 3. Além dessa
análise é feita estimativa do CAPEX necessário para a implantação do projeto.
A variação do custo do projeto pode ser prevista entre -15% e +25%.
FEL 3 – A etapa FEL 3 funciona como um filtro de FEL 2. Nessa etapa o
principal foco é a preparação do projeto para a aprovação. A engenharia básica
de FEL 2 é desenvolvida e o CAPEX do projeto deve ser mais preciso. Em FEL
3 é possível ter uma variação de custos entre -10% e +10%.
Em mineração, a fase de projeto é dividida nas seguintes atividades:
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• Geotecnia;
• Planejamento de longo prazo;
• Beneficiamento mineral;
• Desenvolvimento de engenharia;
• Estudos socioambientais.
Os custos de cada fase de um projeto de mineração estão listados a
seguir e classificados em diretos e indiretos:
Geotecnia:
Custos Diretos Custos Indiretos
Equipamentos de sondagem* Softwares e Hardwares
Consumíveis de sondagem* Custos com escritórios
Combustível* Manutenção de equipamentos*
Laboratório de ensaios
Topografia
Custos com mão-de-obra
Planejamento de longo prazo
Custos Diretos Custos Indiretos
Custos com mão-de-obra Custos com escritórios
Softwares e hardwares
Beneficiamento mineral
Custos Diretos Custos Indiretos
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Laboratório de caracterização* Combustível*
Planta piloto* Custos com escritórios
Laboratório de metalurgia* Hardwares e Softwares
Mão-de-obra*
Desenvolvimento de engenharia
Custos Diretos Custos Indiretos
Consultorias* Custos com escritórios
Marketing* Hardware e softwares
Analise de mercado* Assessoria jurídica
Custos com mão-de-obra*
Estudos socioambientais
Custos Diretos Custos Indiretos
Assessoria jurídica* Custos com escritórios
Topografia* Combustível
Monitoramentos ambientais*
Consultorias*
Marketing*
Custos com mão-de-obra*
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4. IMPLANTAÇÃO
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A fase de implantação consiste de dois estágios. O estágio de projeto e
construção inclui atividades de design, aquisição e construção. É a fase de
maior gasto do projeto. O segundo estágio é o comissionamento, que é uma
operação teste individual dos componentes para integrá-los ao sistema
operacional e garantir que estão prontos para o estágio de startup. Os testes
de comissionamento são conduzidos sem alimentação. Frequentemente a
demanda dos custos do período de comissionamento são subestimados.
O primeiro estágio inclui atividades de projeto, aquisição e construção. O
Segundo estágio é o teste individual de cada um dos componentes
(equipamentos) para integrá-los em um sistema operacional e garantir a
prontidãopara o startup.
Custos diretos: (Adaptado de HUSTRULID & KUCHTA, 1995)
Barragem de rejeitos;
Usina de beneficiamento;
Pátio de homogeneização;
Construção de vias de acesso e estradas;
Instalações complementares (eletricidade, água, esgoto, gases,
escritórios, alojamentos, refeitórios);
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Equipamentos auxíliares (ventilação, Sistema de drenagem
emmina subterrânea, instalações de britagem móveis, correias
transportadoras, instrumentação e redes de controle);
Exposição do corpo mineralizado.
Custos indiretos (REVUELTA e JIMENO, 1997)
Administrativo, segurança, técnicos, serviços terceirizados, armazéns e
oficinas,outros encargos salariais.
Seguro da propriedade e de responsabilidade;
Depreciação, juros, impostos;
Recuperação de áreas degradadas; viagens, reuniões, congressos e
doações;
Gastos de oficinas e serviços;
Relações públicas e publicidade.
5. OPERAÇÃO
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Os custos de operação são definidos, de acordo com REVUELTA e
JIMENO (1997), como aqueles que são gerados de forma contínua durante o
funcionamento de uma operação, podendo ser divididos em diretos, indiretos e
gerais.
Os custos diretos com relação ao produto ou variáveis com relação
ao volume são considerados como os custos primários de uma operação ou
realização de trabalho e, basicamente, consistem no aprovisionamento de
material e de pessoal: pessoal de operação, supervisão da operação,
manutenção, supervisão da manutenção, outros encargos salariais; materiais
de reposições e materiais de reparação, substâncias para o beneficiamento e
preparo do produto final, matérias primas, insumos como gasolina, eletricidade,
água entre outros.
Os custos indiretos com relação ao produto ou fixos com relação ao
volume são aqueles que são considerados independentes da produção. Estes
tipos de custos podem variar com o nível de produção projetado, porém não é
uma relação direta ou inversa com a produção obtida. Seus componentes
principais são (REVUELTA e JIMENO, 1997):
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O dimensionamento da capacidade ótima de produção para o método de
lavra em tiras se baseia nas reservas cubadas de bauxita, na capacidade de
produção referencial e nos custos de investimento mais produção, associados
ao método de tiras. Sendo que o melhor dimensionamento será o que obter o
menor custo total.
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6. BENEFIAMENTO
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Tratamento ou Beneficiamento de minérios consiste de operações
visando modificar a granulometria, a concentração relativa das espécies
minerais presentes ou a forma, sem, contudo modificar a identidade química ou
física dos minerais.
As operações de concentração baseiam-se nas diferenças de
propriedades entre o mineral-minério (o mineral de interesse) e os minerais de
ganga. Entre estas propriedades se destacam: peso específico (ou densidade),
suscetibilidade magnética, condutividade elétrica, propriedades de química de
superfície, cor, radioatividade, forma etc. Em muitos casos, também se requer
a separação seletiva entre dois ou mais minerais de interesse.
Para um minério ser concentrado, é necessário que os minerais estejam
fisicamente liberados. Isto implica que uma partícula deve apresentar,
idealmente, uma única espécie mineralógica. Para se obter a liberação do
mineral, o minério é submetido a uma operação de redução de tamanho, que
pode variar de centímetros até micrometros. Como as operações de redução
de tamanho são caras (consumo de energia, meio moedor, revestimento etc.),
deve-se fragmentar só o estritamente necessário para a operação seguinte.
Para evitar uma cominuição excessiva, faz-se uso de operações de
separação por tamanho ou classificação (peneiramento, ciclonagem etc.), nos
circuitos de cominuição. Uma vez que o minério foi submetido à redução de
tamanho, promovendo a liberação adequada dos seus minerais, estes podem
ser submetidos à operação de separação das espécies minerais, obtendo-se,
nos procedimentos mais simples, um concentrado e um rejeito.
As operações unitárias são assim classificadas:
- cominuição: britagem e moagem.
- peneiramento (separação por tamanhos) e classificação (ciclonagem,
classificador espiral)
- concentração gravítica, magnética, eletrostática, concentração por
flotação etc.
- desaguamento: espessamento e filtragem.
- secagem
- disposição de rejeito.
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Cominuição
- Britagem: se aplica quando a redução de tamanho envolvida visa a obtenção
de produtos com granulometria superior a 10 milímetros. A britagem se
desenvolve em estágios subseqüentes denominados britagem primária,
secundária, terciária e eventualmente quaternária. Em cada estágio obtém-se
uma determinada relação de redução, definida pelo quociente da dimensão da
alimentação pela dimensão do produto. A relação ideal é a de 4 para 1. Os
mecanismos envolvidos compreendem basicamente impacto, compressão e
cisalhamento. Os equipamentos tradicionalmente utilizados são os britadores
giratórios, de mandíbulas, cônicos, de rolos e de impacto (horizontal e vertical).
- Moagem: se aplica quando a redução de tamanho envolvida visa a obtenção
de produtos com granulometria inferior a 10 milímetros. A moagem também se
desenvolve em estágios subseqüentes, considerando-se as relações de
redução pertinentes. Os mecanismos envolvidos compreendem basicamente
impacto, compressão e cisalhamento. Os equipamentos mais usados são os
moinhos tubulares rotativos (bolas e barras), vibratórios, de rolos e de impacto.
Classificação
- Peneiramento: é um processo mecânico de separação de partículas que se
utiliza de uma superfície perfurada para tal. As partículas com dimensões
superiores à da abertura considerada tendem a ficar retidas na superfície, e as
com dimensões inferiores tendem a atravessar a mesma. Os mecanismos
envolvidos compreendem basicamente estratificação e segregação. Os
equipamentos tradicionalmente utilizados são as peneiras vibratórias, rotativas
e estáticas.
- Classificação: é o processo de separação que se baseia na velocidade de
sedimentação das partículas imersas num meio fluido. Os fluidos mais
utilizados são a água e o ar, resultando nos processos denominados
hidroclassificação e aeroseparação. Os mecanismos envolvidos compreendem
basicamente fenômenos ligados à mecânica dos fluidos. Na hidroclassificação,
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os equipamentos mais usados são os cones estáticos, os hidrociclones, os
classificadores espirais e outros hidroclassificadores. Já na aeroseparação, são
utilizados os ciclones e os aeroseparadores dinâmicos.
Concentração
- Seleção (“ore sorting”): é o método mais antigo de concentração. Através de
uma inspeção visual, os minerais de interesse são manualmente resgatados do
restante ou, apenas os minerais contaminantes são separados para purificar o
minério original. Devido ao crescente custo da mão de obra, ela vem sendo
utilizada somente em casos especiais. Atualmente a seleção de minérios segue
o mesmo princípio, porém de forma mecanizada e se utilizando de uma
variedade de dispositivos automáticos de detecção, identificação e separação.
As propriedades mais utilizadas são as óticas (reflectância, transparência,
etc...), raios X (fluorescência), condutividade elétrica, magnetismo e
radioatividade. A seleção automatizada é adotada na recuperação de
diamantes, pedras preciosas e minerais nobres.
- Separação gravimétrica: ocorreu o advento da flotação. Atualmente continua
sendo um método importante, principalmente por apresentar bons resultados
com baixo custo. É um processo que se baseia na diferença de densidade
existente entre os minerais presentes, utilizando-se de um meio fluido (água ou
ar) para efetivar a separação. Os equipamentos tradicionalmente utilizados são
os jigues, mesas vibratórias, espirais, cones e “sluices”. A separação
gravimétrica é adotada na produção de ilmenita, zirconita, monazita, cromita,
cassiterita, etc...
- Separação por meio denso: também se baseia na diferença de densidade
existente entre os minerais presentes. A diferença reside no fato de se utilizar
um meio fluido com densidade intermediária à dos minerais considerados para
realizar a separação. Esse meio é obtido através da dissolução de sais em
água ou pela dispersão também em água de partículas finas de material com
elevada densidade (ferro silício). Apresenta boa eficiência apenas para material
liberado em granulometrias mais grosseiras. Os equipamentos mais usados
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são os tambores, cones e centrifugadores. A separação por meio denso é
adotada na produção de carvão, fluorita, etc...
- Separação Magnética: os minerais podem ser divididos em 3 grupos, de
acordo com o seu comportamento quando submetidos à um campo magnético
(natural ou induzido): ferromagnéticos (forte atração), paramagnéticos (média e
fraca atração) e diamagnéticos (nenhuma atração). Os processos podem ser
desenvolvidos via seca ou via úmida. Os equipamentos mais utilizados são os
tambores, correias, rolos, carrosséis e filtros. A separação magnética é adotada
na produção de areias quartzosas, feldspatos, nefelina sienitos, etc...
- Separação eletrostática: a propriedade determinante é a condutividade
elétrica, sendo os minerais classificados em condutores e não condutores de
corrente elétrica. Os equipamentos utilizados são os separadores
eletrodinâmicos que operam com elevadas tensões. As partículas minerais
quando submetidas à um campo elétrico de elevada intensidade, de acordo
com sua condutividade, são atraídas ou repelidas por um dispositivo
devidamente energizado. A separação eletrostática é adotada na recuperação
de rutilo.
- Flotação: é o processo dominante no tratamento de quase todos os tipos de
minérios, devido à sua grande versatilidade e seletividade. Permite a obtenção
de concentrados com elevados teores e expressivas recuperações. É aplicado
tanto no beneficiamento de minérios com baixo teor, quanto nos que exigem
moagem fina para se atingir a liberação desejada. O processo se baseia no
comportamento físico-químico das superfícies das partículas minerais
presentes numa suspensão aquosa. A utilização de reagentes específicos,
denominados coletores, depressores e modificadores, permite a recuperação
seletiva dos minerais de interesse por adsorção em bolhas de ar. Os
equipamentos tradicionalmente adotados se dividem em 2 classes, mecânicos
e pneumáticos, dependendo do dispositivo utilizado para efetivar a separação.
A flotação é adotada na produção de areias quartzosas de elevada pureza,
cloretos, feldspatos, fluorita, fosfatos, magnesita, sulfetos, talco, etc.
Desaguamento
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- Sedimentação: pode ser definida como a técnica de desaguamento obtida
através da concentração de partículas sólidas em suspensão num líquido por
ação exclusiva da força da gravidade. As operações são divididas em 2
classes: espessamento e clarificação. O espessamento visa uma concentração
efetiva de sólidos e a clarificação a remoção das partículas sólidas presentes
numa suspensão diluída. A utilização de reagentes específicos, denominados
floculantes, favorece sobremaneira as operações pertinentes. Os
equipamentos usados compreendem basicamente cones, espessadores e
clarificadores.
- Filtragem: é o método de desaguamento obtido pela passagem forçada de
uma suspensão aquosa através de um elemento filtrante que retém as
partículas sólidas na sua superfície. O processo pode ser conduzido de forma
contínua ou intermitente, sob a ação de vácuo ou pressão induzida. Os
equipamentos tradicionalmente utilizados são os filtros à vácuo (tambor, disco,
correia, etc...) o os filtros prensa.
- Centrifugação: técnica de desaguamento que se utiliza de um dispositivo
rotativo que induz uma sedimentação forçada sob a ação de uma aceleração
significativamente elevada. As centrífugas são equipamentos caros, porém
versáteis, podendo ser usadas como classificadores, espessadores,
clarificadores e filtros. No tratamento de minérios elas são utilizadas quando a
sedimentação gravitacional é insuficiente para promover a separação de
partículas muito finas, ou quando se requer baixos níveis de umidade no
produto final. Classificam-se em 2 tipos básicos: centrífugas espirais
decantadoras e centrífugas de cesto vibratório.
- Secagem: consiste na retirada da água contida num produto sólido
particulado através da evaporação da mesma por ação do calor. È utilizada
quando se requer um nível de umidade bem baixo. Trata-se de um processo
relativamente caro, uma vez que não só os sólidos devem ser aquecidos, como
também a água deve ser vaporizada para poder ser retirada do material. Os
equipamentos mais usados são os secadores rotativos, de bandejas e de leito
fluidizado.
Manuseio de materiais
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O transporte e estocagem de materiais constituem uma das maiores operações
em qualquer unidade de tratamento de minérios. O transporte é requerido entre
cada etapa do processo e freqüentemente como parte do mesmo. Áreas de
estocagem também são necessárias antes, durante e depois do
beneficiamento. O manuseio de materiais abrange não só produtos sólidos e
secos como também suspensões aquosas de partículas minerais.
Amostragem
Define-se amostragem como sendo uma seqüência de operações com o
objetivo de retirar uma parcela representativa (densidade, teor, distribuição
granulométrica, constituintes minerais) de seu universo. A importância da
amostragem é ressaltada principalmente quando entra em jogo a avaliação de
depósitos minerais, o controle de processos em laboratório e na indústria, bem
como o controle de qualidade na comercialização de produtos. Uma
amostragem mal conduzida pode resultar em prejuízos consideráveis ou em
distorção dos resultados com conseqüências técnicas imprevisíveis.
Prática industrial
Nas unidades industriais de tratamento de minérios, dois fatores são
particularmente importantes. O primeiro é que cada minério é único, e requer
um tratamento específico sob medida para se obter o resultado pretendido. O
segundo diz respeito às interações entre as várias operações que constituem o
processo em si. Embora cada equipamento presente se preste para um
propósito específico, qualquer alteração funcional que ocorra num deles afetará
o comportamento das operações subseqüentes. Assim sendo, o
desenvolvimento do processo para beneficiamento de um bem mineral deve
ser conduzido por uma equipe de profissionais experientes, visando subsidiar
corretamente o projeto, a instalação e a perfeita operação da unidade industrial
pertinente.
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7. LOGÍSTICA
Logística é a administração do fluxo de bens e serviços das
organizações, orientadas ou não para lucro. É um assunto vital e,
frequentemente, absorve parte substancial do orçamento operacional da
empresa. Suas atividades típicas incluem o transporte, gestão de estoques,
processamento de pedidos, suprimento, armazenagem, manuseio de materiais,
embalagem, programação de produção e a administração de materiais.
A Logística analisa a combinação dos gastos com transporte e
armazenagem, balanceando no menor custo compatível com a qualidade
desejada no atendimento aos clientes.
Os gastos com armazenagem, sinteticamente, são:
• O espaço físico ocupado pelo estoque.
• A mão-de-obra direta envolvida na sua movimentação.
• Os equipamentos de movimentação e armazenagem.
• As instalações físicas.
E os gastos com transporte são:
• Rodagem dos veículos próprios.
• Fretes, quando utilizados terceiros, como carreteiros e empresas
transportadoras.
• Equipamentos de carga e descarga.
• Pessoal envolvido.
Para melhor aproveitamento dos equipamentos e instalações, são feitos
estoques desses diversos produtos de venda que, com aplicação de
princípios logísticos, como a gestão de volume de estoques mínimos e
máximos, irão minimizar o valor do capital imobilizado com
equipamentos. A reposição contínua desses estoques pelas vendas
realizadas garante rapidez no atendimento aos clientes.
A rapidez nesse atendimento realimenta o fluxo de vendas, traz
satisfação e fideliza clientes. Pelos conceitos logísticos, estoques servem
para garantir a disponibilidade de produtos aos clientes, ao longo do tempo.
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Quantos produtos serão necessários representa o desafio fundamental da
logística, que pode ser dimensionado utilizando:
• A previsão de vendas que fornece os números iniciais.
• Os históricos do mercado e da empresa que vão revelar tendências.
• As ações comerciais e de marketing, que são os filtros para os
eventuais ajustes nos dados disponíveis.
• A concorrência que força correções e melhorias contínuas.
• As condições econômicas desfavoráveis, que interferem, diretamente,
no decréscimo das vendas.
• As condições econômicas favoráveis, que provocam incremento das
vendas.
Transportes
O transporte é necessário sempre que o local de origem é diferente do
local de consumo ou destino. Em mineração, esse conceito é muito forte,
devido às ocorrências das rochas e minérios se darem pelo capricho da
natureza e não como na maioria dos outros empreendimentos econômicos em
que o local de sua instalação é definido através de estudos matemáticos,
financeiros e de planejamento estratégico. Daí, os gastos com transportes
serem os mais signifi cativos e merecedores de especial atenção. Ressalta
Ballou (1993) que os modais de transporte ideais para o deslocamento de
minerais de baixo valor agregado são, preferencialmente, pelo seu custo, o
hidroviário e o ferroviário.
O rodoviário tem a seu favor, unicamente, a fl exibilidade do serviço
porta-a-porta e seu emprego deve estar focado na complementação dos
demais modais.
Custos no transporte rodoviário
Para se calcular o custo da distribuição dos agregados na cidade de São
Paulo, a exemplo de outros grandes centros urbanos, necessita-se elaborar
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planilhas de custos, para se obterem os valores para cada tipo de veículo
empregado. Os custos relacionados com a atividade de transportes são
divididos em dois grandes grupos, os custos fixos e os variáveis.
Custos fixos são os que independem do volume da utilização e estão
relacionados com o veículo, pessoal ou licenciamento, como:
• Veículo:
- Valor de compra do chassi, descontado o valor dos pneus, que são
considerados nos custos variáveis.
- Valor de compra da carroceria ou da carreta, esta, idem quanto aos pneus.
- Valor dos equipamentos instalados, como rastreador.
- Vida útil gerencial considerada em meses, para cálculo da amortização.
- Valor residual, para cálculo da amortização.
• Pessoal direto:
- Salário nominal do motorista e, eventualmente, de ajudante.
- Encargos sociais, que, atualmente, se situam na faixa dos 100% do salário
nominal.
• Seguros: basicamente é feito apenas o de responsabilidade civil para cobrir
os danos materiais e pessoais para terceiros.
• Licenciamento:
- IPVA.
- Taxas de licenciamento.
- Seguro obrigatório.
Custos variáveis são aqueles que incidem de acordo com a quilometragem
percorrida:
• Manutenção: Valor da manutenção mecânica, neste caso adotada a
metodologia da durabilidade média de um motor sem necessitar de retífi ca,
para ter o referencial do custo por quilômetro.
• Combustível:
Preço do óleo diesel por litro.
Rendimento, da relação km/l, em função do tipo e da utilização do veículo.
• Lubrificantes:
- Óleo do motor.
- Óleo de câmbio e diferencial.
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- Preço por litro.
- Capacidades dos respectivos reservatórios.
- Intervalo de trocas.
- Quantidades de litros adicionados para completar o nível dos reservatórios,
consumidos entre as trocas.
• Pneus: Considerado o valor de compra dos novos pneus, valor das
recapagens e a vida útil total estimada, geralmente em 3 recapagens.
• Lavagem: Valor e periodicidade das lavagens.
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8. FECHAMENTO DE MINA
A previsão dos custos de fechamento de mina é uma tarefa difícil,
amplamente reconhecida como imprecisa nas primeiras etapas de operação e
desenvolvimento. Os custos variam em função da localização da mina, das
características geológicas, hidrológicas, geotécnicas e biológicas da área, do
tipo de mineral lavrado e do método de lavra.
Ao realizar o cálculo da estimativa devem ser considerados não só os
custos referentes à reabilitação, remediação e minimização dos passivos a
longo prazo, mas também, os custos referente a: pessoal, jurídicos,
administrativos e gerenciais (Camelo, 2006). É importante quantificar o que
será gasto na etapa em que os custos são altos e a receita já se encontra
praticamente nula.
A estimativa de custos referente ao fechamento deve ser
considerada desde a fase de viabilidade de uma mina, devendo fazer
parte do plano conceitual de fechamento. Nessa fase a estimativa é
realizada de forma grosseira, pois o nível de precisão das informações
é baixo, sendo apresentadas todas as opções possíveis, sem
especificar a alternativa mais viável, que só será determinada
durante etapas subsequentes.
O plano de fechamento deverá ser revisto periodicamente para
incorporar as mudanças nas condições de operação da mina, as
ações realizadas durante as atividades de mineração e
processamento de minérios, as possíveis mudanças nos requisitos
regulamentares, as melhorias tecnológicas, etc.
A partir da definição dos custos de fechamento a empresa será
capaz de planejar a forma de prover os recursos financeiros para
execução das atividades previstas, assegurando que a sociedade não
receberá o passivo ambiental deixado pela mineração, evitando
surpresas e atribuindo sucesso ao fechamento. Além disso, quando
requerido pelo órgão regulador, poderá estabelecer o valor a ser
alocado como garantia financeira.
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As condições específicas que majoram os custos de fechamento são: cava,
barragem de rejeitos, pilha de estéril, unidade de tratamento de minério, etc. A
seguir, para cada unidade operacional, serão apresentados apenas os
aspectos mais relevantes para o julgamento da necessidade (ou não)
de considerar um incremento no valor unitário médio que será
adotado para estimativas de custos de fechamento.
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Custos associados à recuperação de áreas degradadas
Em relação à recuperação de áreas degradadas, Gama (7) informa que
a identificação, a avaliação da importância relativa e o monitoramento dos
impactos ambientais, no sentido de minimizá-los, eliminá-los ou administrá-los
de modo a proteger efetivamente o meio ambiente, devem ter seus custos
incorporados aos estudos de viabilidade econômica do projeto. Por outro
ângulo, Carter (16) enfatiza a necessidade de pensar em meio ambiente e suas
correlações econômicas no início dos projetos mineiros, pois nesse momento
as empresas estão capitalizadas e o meio ainda não foi degradado; além de
possibilitar a execução de estudos ambientais simultâneos a outros.
Esse trabalho se justifica pelo fato da maioria das empresas,
especialmente as de pequeno e médio porte, se preocuparem com a
recuperação das áreas degradadas somente ao final do empreendimento. Essa
prática resulta inevitavelmente na duplicidade de operações dos trabalhos de
recuperação ambiental. Esses trabalhos poderiam ser realizados durante o
período produtivo da mina, mediante um plano de recuperação simultâneo à
lavra. Exemplos desse fato são alguns trabalhos realizados por Oliveira Jr. em
minerações, no Estado da Bahia. Nesses estudos ficou comprovado que,
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durante a recuperação, o maior montante recai sobre operações típicas de
lavra (desmonte, limpeza, terraplenagem e drenagem de cavas e pilhas de
estéreis). Esses custos chegam a 30% dos custos totais. Os 70% restantes
estão relacionados à revegetação, fechamento de áreas (cavas), sinalização e
monitoramento (pilhas de minérios, bacias de sedimentação e águas da
região).
O mesmo autor conclui que no caso de terceirização das operações de
recuperação de áreas, os custos poderiam ser triplicados. Com esses trabalhos
simultaneamente às operações da mina, a maioria das áreas já estariam
recuperadas, e os custos com a recuperação já estariam amortizados ao longo
da vida produtiva do empreendimento. Nesse caso, restaria computar os custos
das últimas áreas lavradas, áreas de beneficiamento e de estocagem de
resíduos; acrescentado de custos de sinalização e monitoramento das últimas
áreas.
9. REFERÊNCIAS
31
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