----------------------------
gt- ed
Registro
ex01 Coordenaccedilatildeo Editorial Carla Milano Benc10wicz
Revisatildeo Eunice T amashiro Dilair F de Aguiar
Projeto Graacutefico Lacy M Tsukumo Andrade
Capa Fachada principal do Teatro Municipal de Satildeo Paulo 1984 Levantamento por fotogrametria rerrestre executado pela TerraFoto SA Atividades de Aerolevantamento em convecircnio com o Departamento do Patrimocircnio Histoacuterico da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Municiacutepio de Satildeo Paulo
Dados de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP) Internacional (Cacircmara Brasileira do Livro SP Brasil)
Ecletismo na Arquitetura Brasileira I organizaccedilatildeo Annateresa Fabris Satildeo Paulo Nobel Editora da Uniacuteversidade de Satildeo Paulo 1987
148 ISBN 85-213-0473-0
1 Arquitetura Histoacuteria 2 Arquitetura moderna - Seacuteculo 19 - Brasil 3 Arquishytetura moderna Seacuteculo 20 Brasil 4 Ecletismo em arquiacutetetura 5 Ecletismo em arquitetura _ Brasil L Fabris Annateresa
CDD-720981 -7209
87-0518 -724
Iacutendices para cauiacuteiogo sisremaacutetico
1 Arquitetura Histoacuteria 7209 2 Brasil Ecletismo Arauitetura 3 Brasil Ecletismo 4 Ecletismo
19 720981 20 720981
5 Seacuteculo 19 Arquitetura B1ISil 720981 6 Seacuteculo 20 Ecletismo rquitetm8 Btusil 720981
shy
shy
-=shy
shy
----___IIIIIII__IIIIIIIIIIII~--~=~~____shy~ lI IBt SUMARIO
-shy 7 Apresentaccedilatildeo Annateresa Fabris
~ 8 Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa Luciano Patetta si bull
28 Ecletismo no Rio de Janeiro (seacutec XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna
68 Ecletismo em Satildeo Paulo Carlos Lemos
104 O Ecletismo em Minas Gerais Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti Salgueiro
s 146 Arquitetura ecleacutetica no Paraacutebull
gd S No periacuteodo correspondente ao ciclo econocircmico da borracha 1870-1912
g S Jussara da Si Iveira Derenji
t 9
176 Arquitetura ecleacutetica em Pernambuco bull f 9
g Geraldo Gomes da Silva
g S gJ S 208 Arquitetura ecleacutetica no Cearaacute
Joseacute Liberal de Castro eacute r
256 A fase historicista da arquitetura no Rio Grande do Sul Guumlnther Weimer --bull
280 O Ecletismo agrave luz do modernismo Annateresa Fabris
shy
1 ~ I
(IIIII1 -shy -shy
bull -shybull
I shy shy
lIIiacuteII9 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ECLETISMO == IBJ ~ IIIB) 1111119 ~
lIIIB9 fIIIIt IIIIIIIII-
NA EUROPA
LUCIANO PATEnA
(Milatildeo 1935)
Arquiteto e professor de Histoacuteria da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Politeacutecnica de Milatildeo Organizou a mostra de arquitetura na Bienal de Veneza em 1976 do Neocassicismo (Milatildeo) em 1978 e sobre Longhi (Roma) em 1980 Escreveu numerosos ensaios publicados na Itaacutelia Espanha e Argentina sobre arquitetura do seacuteculo XIX e do entre guerras
i Viacuteoltet te Duc) Projeto de restauraccedilatildeo da ~atedral de Clermont Femmd 1875
d
bull111
Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa
A queda progressiva dos preconceitos criacuteticos levou a historiografia ar qui tetocircnica a reavaliar no final do seacuteculo passado o Barroco e no atual o Neoclassicismo (sobre o qual pesavam ainda a censura da criacutetica romacircntica e idealista) o Art nouveau e o Ecletismo (considerados pelo Movimento Moderno inimigos a serem
derrotados) Reconstituir com objetividade os fatos e aprofundar os aspectos problemaacuteticos do Neoclassicismo e do Ecletismo foi tarefa dos uacuteltimos dececircnios primeiramente atraveacutes de uma reavaliaccedilatildeo criacutetica geral (quase um reparo obrigatoacuterio) depois atraveacutes de pesquisas especiacuteficas sobre diferentes regiotildees e paiacuteses sobre aspectos determinados e arquitetos individualmente Dois fatos - pelo menos na Europa - estimularam estes estudos e interesses renovados por um lado a ampliaccedilatildeo do problema da proteccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-monumental para as estruturas urbanas e edifiacutecios do seacuteculo XIX por outro a crise do urbanismo do
Movimento Moderno que levou a um revisatildeo dos princiacutepios desta disciplina e a uma reflexatildeo criacutetica em cujo alicerce se encontram exatamente a cultura e a cidade do seacuteculo passado Podemos dizer ateacute que Neoclassicismo e Ecletismo hoje constituem o centro de interesses de aacutereas como a universitaacuteria por exemplo onde as decisotildees operacionais e de projeto arquitetocircnico e urbaniacutestico amadurecem
Mas se a perspectiva histoacuterica mais ampla e a superaccedilatildeo da taacutebula rasa tendenciosa teorizada pelas Vanguardas e pelo Movimento Moderno permitiram
reconsiderar com objetividade a ~ produccedilatildeo arquitetocircnica recente a historiografia natildeo podia renunciar a - recolocar em discussatildeo tambeacutem as velhas categorias e as velhas bull classificaccedilotildees isto eacute aquelas que bullconsideravam o Neoclassicismo e o
shy
WbullEcletismo natildeo soacute como experiecircncias subsequumlentes mas ateacute mesmo bull antiteacuteticas Aos poucos poreacutem a adoccedilatildeomiddotIII1 pela criacutetica de termos como claacutessico e In_ romacircntico 1 o aprofundamento do I-__~
significado da imitaccedilatildeo (seja ela relativa agrave antiguumlidade greco-romana seja agrave _f medieval) a descoberta de que havia ~
uma dialeacutetica constante entre razotildees da IIIIIi arquitetura e razotildees eacuteticas sociais e poliacuteticas e de que existia uma uacutenica clientela - a burguesia em ascensatildeo -_~ nos levaram a interpretar o periacuteodo que ~ vai da metade do seacuteculo XVIII ateacute o iniacutecio do nosso como um uacutenico longo
~
periacuteodo 2 Acabamos por reencontrar bull uma continuidade histoacuterica que tem ~ origem na crise da antiga tradiccedilatildeo _ claacutessica e vitoriana (por volta de 1750) ~ e que culmina no abandono total de _ qualquer referecircncia aos estilos ~~
histoacutericos pretendido pela arte moderna~
Reencontrar no seio das experiecircncias ~ neoclaacutessicas e ecleacuteticas razotildees de ~-consenso mais do que de contraposiccedilatildeo e apagar qualquer linha niacutetida de ~ demarcaccedilatildeo entre elas foi uma ~ contribuiccedilatildeo criacutetica importante Muitas c
duacutevidas foram dissipadas e respostas convincentes foram dadas a estas
~ questotildees 1) Eacute realmente o Ecletismo -=shya expressatildeo da arte e da arquitetura ~ que se segue ao Neoclassicismo seria apoliacutetico no sentido burguecircs tanto
~
quanto o Neoclassicismo era jacobino ~-
~
~
- Cshy
~
10
--
2
~ iacuteIIII shy -~Goudoin ] B LepeTe Colonne V endoacuteme -- 1806~ris
- Vignon A Madeleine Paris 1806 ~ieto prem iado pela Academia Real Paris ~8-18O Lilge 1842 (proelo de Ch -cier 1786) -shy
11
democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival
lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande
mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)
) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na
19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio
apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um
-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente
com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e
aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy
gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima
arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de
estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com
o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves
experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo
podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave
definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com
as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas
por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito
tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos
edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado
Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais
de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o
entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da
shy iiJ 411 (I I bull(I
fi li l1li li
II I
li li 11
li
bull II
fi r (IIi pr-shy
~
~ ~ shy1_shy--Jshybull I
produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio
da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os
ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals
perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio
estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas
~
4
--
C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869
~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para
a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900
instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos
escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas
imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)
1)
- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc
A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os
arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes
tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de
cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo
estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado
6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd
14
bull bull
SOUTH KENSINGTON
1lt J middoti
I ~
bullli bull li li I
bull li
bull bull bullli
-bull bull - sd bull -shy-
IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ
8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878
8
aos solenes edificios do Parlamento
dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente
inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes
escondiam soluccedilotildees estruturais
interessantes e avanccediladas)
Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e
caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX
podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco
de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo
completamente diferente do modelo a
tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou
exatamente por isso talvez) no querermiddot
retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os
arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo
pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da
criatividade as numerosas escolhas
estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto
a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os
programas as finalidades eram se mpre
melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor
dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das
construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que
de fato deviam ser completamente
escondidas e revestidas por motivo de
decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como
o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os
romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito
depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos
depois das primeiras teorizaccedilotildees do
Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que
naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal
estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve
ser feita a produccedilatildeo industrial
encarada ainda no seacuteculo XVIII como
simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre
utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de
elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer
do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais
Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa
Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)
que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute
ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do
Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex
novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO
B ampJ M COR I R O N
9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd
16
bull bull
bull bull bull
- ii8I9 e
~ bull ~ l 111 li
-s abullbull bull
111 bull-a 1 1
$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I
--bullbull
- -- -~r
10
10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881
Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os
estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas
levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de
edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares
fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua
exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do
17
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
----___IIIIIII__IIIIIIIIIIII~--~=~~____shy~ lI IBt SUMARIO
-shy 7 Apresentaccedilatildeo Annateresa Fabris
~ 8 Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa Luciano Patetta si bull
28 Ecletismo no Rio de Janeiro (seacutec XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna
68 Ecletismo em Satildeo Paulo Carlos Lemos
104 O Ecletismo em Minas Gerais Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti Salgueiro
s 146 Arquitetura ecleacutetica no Paraacutebull
gd S No periacuteodo correspondente ao ciclo econocircmico da borracha 1870-1912
g S Jussara da Si Iveira Derenji
t 9
176 Arquitetura ecleacutetica em Pernambuco bull f 9
g Geraldo Gomes da Silva
g S gJ S 208 Arquitetura ecleacutetica no Cearaacute
Joseacute Liberal de Castro eacute r
256 A fase historicista da arquitetura no Rio Grande do Sul Guumlnther Weimer --bull
280 O Ecletismo agrave luz do modernismo Annateresa Fabris
shy
1 ~ I
(IIIII1 -shy -shy
bull -shybull
I shy shy
lIIiacuteII9 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ECLETISMO == IBJ ~ IIIB) 1111119 ~
lIIIB9 fIIIIt IIIIIIIII-
NA EUROPA
LUCIANO PATEnA
(Milatildeo 1935)
Arquiteto e professor de Histoacuteria da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Politeacutecnica de Milatildeo Organizou a mostra de arquitetura na Bienal de Veneza em 1976 do Neocassicismo (Milatildeo) em 1978 e sobre Longhi (Roma) em 1980 Escreveu numerosos ensaios publicados na Itaacutelia Espanha e Argentina sobre arquitetura do seacuteculo XIX e do entre guerras
i Viacuteoltet te Duc) Projeto de restauraccedilatildeo da ~atedral de Clermont Femmd 1875
d
bull111
Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa
A queda progressiva dos preconceitos criacuteticos levou a historiografia ar qui tetocircnica a reavaliar no final do seacuteculo passado o Barroco e no atual o Neoclassicismo (sobre o qual pesavam ainda a censura da criacutetica romacircntica e idealista) o Art nouveau e o Ecletismo (considerados pelo Movimento Moderno inimigos a serem
derrotados) Reconstituir com objetividade os fatos e aprofundar os aspectos problemaacuteticos do Neoclassicismo e do Ecletismo foi tarefa dos uacuteltimos dececircnios primeiramente atraveacutes de uma reavaliaccedilatildeo criacutetica geral (quase um reparo obrigatoacuterio) depois atraveacutes de pesquisas especiacuteficas sobre diferentes regiotildees e paiacuteses sobre aspectos determinados e arquitetos individualmente Dois fatos - pelo menos na Europa - estimularam estes estudos e interesses renovados por um lado a ampliaccedilatildeo do problema da proteccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-monumental para as estruturas urbanas e edifiacutecios do seacuteculo XIX por outro a crise do urbanismo do
Movimento Moderno que levou a um revisatildeo dos princiacutepios desta disciplina e a uma reflexatildeo criacutetica em cujo alicerce se encontram exatamente a cultura e a cidade do seacuteculo passado Podemos dizer ateacute que Neoclassicismo e Ecletismo hoje constituem o centro de interesses de aacutereas como a universitaacuteria por exemplo onde as decisotildees operacionais e de projeto arquitetocircnico e urbaniacutestico amadurecem
Mas se a perspectiva histoacuterica mais ampla e a superaccedilatildeo da taacutebula rasa tendenciosa teorizada pelas Vanguardas e pelo Movimento Moderno permitiram
reconsiderar com objetividade a ~ produccedilatildeo arquitetocircnica recente a historiografia natildeo podia renunciar a - recolocar em discussatildeo tambeacutem as velhas categorias e as velhas bull classificaccedilotildees isto eacute aquelas que bullconsideravam o Neoclassicismo e o
shy
WbullEcletismo natildeo soacute como experiecircncias subsequumlentes mas ateacute mesmo bull antiteacuteticas Aos poucos poreacutem a adoccedilatildeomiddotIII1 pela criacutetica de termos como claacutessico e In_ romacircntico 1 o aprofundamento do I-__~
significado da imitaccedilatildeo (seja ela relativa agrave antiguumlidade greco-romana seja agrave _f medieval) a descoberta de que havia ~
uma dialeacutetica constante entre razotildees da IIIIIi arquitetura e razotildees eacuteticas sociais e poliacuteticas e de que existia uma uacutenica clientela - a burguesia em ascensatildeo -_~ nos levaram a interpretar o periacuteodo que ~ vai da metade do seacuteculo XVIII ateacute o iniacutecio do nosso como um uacutenico longo
~
periacuteodo 2 Acabamos por reencontrar bull uma continuidade histoacuterica que tem ~ origem na crise da antiga tradiccedilatildeo _ claacutessica e vitoriana (por volta de 1750) ~ e que culmina no abandono total de _ qualquer referecircncia aos estilos ~~
histoacutericos pretendido pela arte moderna~
Reencontrar no seio das experiecircncias ~ neoclaacutessicas e ecleacuteticas razotildees de ~-consenso mais do que de contraposiccedilatildeo e apagar qualquer linha niacutetida de ~ demarcaccedilatildeo entre elas foi uma ~ contribuiccedilatildeo criacutetica importante Muitas c
duacutevidas foram dissipadas e respostas convincentes foram dadas a estas
~ questotildees 1) Eacute realmente o Ecletismo -=shya expressatildeo da arte e da arquitetura ~ que se segue ao Neoclassicismo seria apoliacutetico no sentido burguecircs tanto
~
quanto o Neoclassicismo era jacobino ~-
~
~
- Cshy
~
10
--
2
~ iacuteIIII shy -~Goudoin ] B LepeTe Colonne V endoacuteme -- 1806~ris
- Vignon A Madeleine Paris 1806 ~ieto prem iado pela Academia Real Paris ~8-18O Lilge 1842 (proelo de Ch -cier 1786) -shy
11
democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival
lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande
mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)
) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na
19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio
apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um
-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente
com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e
aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy
gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima
arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de
estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com
o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves
experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo
podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave
definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com
as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas
por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito
tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos
edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado
Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais
de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o
entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da
shy iiJ 411 (I I bull(I
fi li l1li li
II I
li li 11
li
bull II
fi r (IIi pr-shy
~
~ ~ shy1_shy--Jshybull I
produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio
da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os
ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals
perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio
estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas
~
4
--
C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869
~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para
a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900
instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos
escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas
imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)
1)
- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc
A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os
arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes
tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de
cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo
estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado
6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd
14
bull bull
SOUTH KENSINGTON
1lt J middoti
I ~
bullli bull li li I
bull li
bull bull bullli
-bull bull - sd bull -shy-
IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ
8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878
8
aos solenes edificios do Parlamento
dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente
inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes
escondiam soluccedilotildees estruturais
interessantes e avanccediladas)
Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e
caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX
podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco
de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo
completamente diferente do modelo a
tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou
exatamente por isso talvez) no querermiddot
retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os
arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo
pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da
criatividade as numerosas escolhas
estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto
a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os
programas as finalidades eram se mpre
melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor
dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das
construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que
de fato deviam ser completamente
escondidas e revestidas por motivo de
decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como
o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os
romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito
depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos
depois das primeiras teorizaccedilotildees do
Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que
naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal
estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve
ser feita a produccedilatildeo industrial
encarada ainda no seacuteculo XVIII como
simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre
utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de
elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer
do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais
Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa
Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)
que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute
ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do
Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex
novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO
B ampJ M COR I R O N
9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd
16
bull bull
bull bull bull
- ii8I9 e
~ bull ~ l 111 li
-s abullbull bull
111 bull-a 1 1
$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I
--bullbull
- -- -~r
10
10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881
Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os
estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas
levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de
edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares
fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua
exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do
17
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
1 ~ I
(IIIII1 -shy -shy
bull -shybull
I shy shy
lIIiacuteII9 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ECLETISMO == IBJ ~ IIIB) 1111119 ~
lIIIB9 fIIIIt IIIIIIIII-
NA EUROPA
LUCIANO PATEnA
(Milatildeo 1935)
Arquiteto e professor de Histoacuteria da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Politeacutecnica de Milatildeo Organizou a mostra de arquitetura na Bienal de Veneza em 1976 do Neocassicismo (Milatildeo) em 1978 e sobre Longhi (Roma) em 1980 Escreveu numerosos ensaios publicados na Itaacutelia Espanha e Argentina sobre arquitetura do seacuteculo XIX e do entre guerras
i Viacuteoltet te Duc) Projeto de restauraccedilatildeo da ~atedral de Clermont Femmd 1875
d
bull111
Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa
A queda progressiva dos preconceitos criacuteticos levou a historiografia ar qui tetocircnica a reavaliar no final do seacuteculo passado o Barroco e no atual o Neoclassicismo (sobre o qual pesavam ainda a censura da criacutetica romacircntica e idealista) o Art nouveau e o Ecletismo (considerados pelo Movimento Moderno inimigos a serem
derrotados) Reconstituir com objetividade os fatos e aprofundar os aspectos problemaacuteticos do Neoclassicismo e do Ecletismo foi tarefa dos uacuteltimos dececircnios primeiramente atraveacutes de uma reavaliaccedilatildeo criacutetica geral (quase um reparo obrigatoacuterio) depois atraveacutes de pesquisas especiacuteficas sobre diferentes regiotildees e paiacuteses sobre aspectos determinados e arquitetos individualmente Dois fatos - pelo menos na Europa - estimularam estes estudos e interesses renovados por um lado a ampliaccedilatildeo do problema da proteccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-monumental para as estruturas urbanas e edifiacutecios do seacuteculo XIX por outro a crise do urbanismo do
Movimento Moderno que levou a um revisatildeo dos princiacutepios desta disciplina e a uma reflexatildeo criacutetica em cujo alicerce se encontram exatamente a cultura e a cidade do seacuteculo passado Podemos dizer ateacute que Neoclassicismo e Ecletismo hoje constituem o centro de interesses de aacutereas como a universitaacuteria por exemplo onde as decisotildees operacionais e de projeto arquitetocircnico e urbaniacutestico amadurecem
Mas se a perspectiva histoacuterica mais ampla e a superaccedilatildeo da taacutebula rasa tendenciosa teorizada pelas Vanguardas e pelo Movimento Moderno permitiram
reconsiderar com objetividade a ~ produccedilatildeo arquitetocircnica recente a historiografia natildeo podia renunciar a - recolocar em discussatildeo tambeacutem as velhas categorias e as velhas bull classificaccedilotildees isto eacute aquelas que bullconsideravam o Neoclassicismo e o
shy
WbullEcletismo natildeo soacute como experiecircncias subsequumlentes mas ateacute mesmo bull antiteacuteticas Aos poucos poreacutem a adoccedilatildeomiddotIII1 pela criacutetica de termos como claacutessico e In_ romacircntico 1 o aprofundamento do I-__~
significado da imitaccedilatildeo (seja ela relativa agrave antiguumlidade greco-romana seja agrave _f medieval) a descoberta de que havia ~
uma dialeacutetica constante entre razotildees da IIIIIi arquitetura e razotildees eacuteticas sociais e poliacuteticas e de que existia uma uacutenica clientela - a burguesia em ascensatildeo -_~ nos levaram a interpretar o periacuteodo que ~ vai da metade do seacuteculo XVIII ateacute o iniacutecio do nosso como um uacutenico longo
~
periacuteodo 2 Acabamos por reencontrar bull uma continuidade histoacuterica que tem ~ origem na crise da antiga tradiccedilatildeo _ claacutessica e vitoriana (por volta de 1750) ~ e que culmina no abandono total de _ qualquer referecircncia aos estilos ~~
histoacutericos pretendido pela arte moderna~
Reencontrar no seio das experiecircncias ~ neoclaacutessicas e ecleacuteticas razotildees de ~-consenso mais do que de contraposiccedilatildeo e apagar qualquer linha niacutetida de ~ demarcaccedilatildeo entre elas foi uma ~ contribuiccedilatildeo criacutetica importante Muitas c
duacutevidas foram dissipadas e respostas convincentes foram dadas a estas
~ questotildees 1) Eacute realmente o Ecletismo -=shya expressatildeo da arte e da arquitetura ~ que se segue ao Neoclassicismo seria apoliacutetico no sentido burguecircs tanto
~
quanto o Neoclassicismo era jacobino ~-
~
~
- Cshy
~
10
--
2
~ iacuteIIII shy -~Goudoin ] B LepeTe Colonne V endoacuteme -- 1806~ris
- Vignon A Madeleine Paris 1806 ~ieto prem iado pela Academia Real Paris ~8-18O Lilge 1842 (proelo de Ch -cier 1786) -shy
11
democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival
lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande
mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)
) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na
19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio
apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um
-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente
com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e
aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy
gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima
arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de
estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com
o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves
experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo
podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave
definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com
as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas
por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito
tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos
edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado
Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais
de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o
entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da
shy iiJ 411 (I I bull(I
fi li l1li li
II I
li li 11
li
bull II
fi r (IIi pr-shy
~
~ ~ shy1_shy--Jshybull I
produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio
da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os
ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals
perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio
estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas
~
4
--
C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869
~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para
a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900
instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos
escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas
imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)
1)
- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc
A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os
arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes
tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de
cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo
estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado
6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd
14
bull bull
SOUTH KENSINGTON
1lt J middoti
I ~
bullli bull li li I
bull li
bull bull bullli
-bull bull - sd bull -shy-
IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ
8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878
8
aos solenes edificios do Parlamento
dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente
inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes
escondiam soluccedilotildees estruturais
interessantes e avanccediladas)
Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e
caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX
podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco
de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo
completamente diferente do modelo a
tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou
exatamente por isso talvez) no querermiddot
retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os
arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo
pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da
criatividade as numerosas escolhas
estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto
a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os
programas as finalidades eram se mpre
melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor
dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das
construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que
de fato deviam ser completamente
escondidas e revestidas por motivo de
decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como
o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os
romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito
depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos
depois das primeiras teorizaccedilotildees do
Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que
naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal
estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve
ser feita a produccedilatildeo industrial
encarada ainda no seacuteculo XVIII como
simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre
utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de
elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer
do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais
Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa
Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)
que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute
ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do
Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex
novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO
B ampJ M COR I R O N
9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd
16
bull bull
bull bull bull
- ii8I9 e
~ bull ~ l 111 li
-s abullbull bull
111 bull-a 1 1
$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I
--bullbull
- -- -~r
10
10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881
Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os
estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas
levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de
edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares
fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua
exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do
17
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
lIIiacuteII9 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ECLETISMO == IBJ ~ IIIB) 1111119 ~
lIIIB9 fIIIIt IIIIIIIII-
NA EUROPA
LUCIANO PATEnA
(Milatildeo 1935)
Arquiteto e professor de Histoacuteria da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Politeacutecnica de Milatildeo Organizou a mostra de arquitetura na Bienal de Veneza em 1976 do Neocassicismo (Milatildeo) em 1978 e sobre Longhi (Roma) em 1980 Escreveu numerosos ensaios publicados na Itaacutelia Espanha e Argentina sobre arquitetura do seacuteculo XIX e do entre guerras
i Viacuteoltet te Duc) Projeto de restauraccedilatildeo da ~atedral de Clermont Femmd 1875
d
bull111
Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa
A queda progressiva dos preconceitos criacuteticos levou a historiografia ar qui tetocircnica a reavaliar no final do seacuteculo passado o Barroco e no atual o Neoclassicismo (sobre o qual pesavam ainda a censura da criacutetica romacircntica e idealista) o Art nouveau e o Ecletismo (considerados pelo Movimento Moderno inimigos a serem
derrotados) Reconstituir com objetividade os fatos e aprofundar os aspectos problemaacuteticos do Neoclassicismo e do Ecletismo foi tarefa dos uacuteltimos dececircnios primeiramente atraveacutes de uma reavaliaccedilatildeo criacutetica geral (quase um reparo obrigatoacuterio) depois atraveacutes de pesquisas especiacuteficas sobre diferentes regiotildees e paiacuteses sobre aspectos determinados e arquitetos individualmente Dois fatos - pelo menos na Europa - estimularam estes estudos e interesses renovados por um lado a ampliaccedilatildeo do problema da proteccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-monumental para as estruturas urbanas e edifiacutecios do seacuteculo XIX por outro a crise do urbanismo do
Movimento Moderno que levou a um revisatildeo dos princiacutepios desta disciplina e a uma reflexatildeo criacutetica em cujo alicerce se encontram exatamente a cultura e a cidade do seacuteculo passado Podemos dizer ateacute que Neoclassicismo e Ecletismo hoje constituem o centro de interesses de aacutereas como a universitaacuteria por exemplo onde as decisotildees operacionais e de projeto arquitetocircnico e urbaniacutestico amadurecem
Mas se a perspectiva histoacuterica mais ampla e a superaccedilatildeo da taacutebula rasa tendenciosa teorizada pelas Vanguardas e pelo Movimento Moderno permitiram
reconsiderar com objetividade a ~ produccedilatildeo arquitetocircnica recente a historiografia natildeo podia renunciar a - recolocar em discussatildeo tambeacutem as velhas categorias e as velhas bull classificaccedilotildees isto eacute aquelas que bullconsideravam o Neoclassicismo e o
shy
WbullEcletismo natildeo soacute como experiecircncias subsequumlentes mas ateacute mesmo bull antiteacuteticas Aos poucos poreacutem a adoccedilatildeomiddotIII1 pela criacutetica de termos como claacutessico e In_ romacircntico 1 o aprofundamento do I-__~
significado da imitaccedilatildeo (seja ela relativa agrave antiguumlidade greco-romana seja agrave _f medieval) a descoberta de que havia ~
uma dialeacutetica constante entre razotildees da IIIIIi arquitetura e razotildees eacuteticas sociais e poliacuteticas e de que existia uma uacutenica clientela - a burguesia em ascensatildeo -_~ nos levaram a interpretar o periacuteodo que ~ vai da metade do seacuteculo XVIII ateacute o iniacutecio do nosso como um uacutenico longo
~
periacuteodo 2 Acabamos por reencontrar bull uma continuidade histoacuterica que tem ~ origem na crise da antiga tradiccedilatildeo _ claacutessica e vitoriana (por volta de 1750) ~ e que culmina no abandono total de _ qualquer referecircncia aos estilos ~~
histoacutericos pretendido pela arte moderna~
Reencontrar no seio das experiecircncias ~ neoclaacutessicas e ecleacuteticas razotildees de ~-consenso mais do que de contraposiccedilatildeo e apagar qualquer linha niacutetida de ~ demarcaccedilatildeo entre elas foi uma ~ contribuiccedilatildeo criacutetica importante Muitas c
duacutevidas foram dissipadas e respostas convincentes foram dadas a estas
~ questotildees 1) Eacute realmente o Ecletismo -=shya expressatildeo da arte e da arquitetura ~ que se segue ao Neoclassicismo seria apoliacutetico no sentido burguecircs tanto
~
quanto o Neoclassicismo era jacobino ~-
~
~
- Cshy
~
10
--
2
~ iacuteIIII shy -~Goudoin ] B LepeTe Colonne V endoacuteme -- 1806~ris
- Vignon A Madeleine Paris 1806 ~ieto prem iado pela Academia Real Paris ~8-18O Lilge 1842 (proelo de Ch -cier 1786) -shy
11
democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival
lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande
mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)
) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na
19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio
apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um
-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente
com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e
aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy
gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima
arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de
estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com
o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves
experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo
podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave
definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com
as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas
por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito
tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos
edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado
Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais
de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o
entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da
shy iiJ 411 (I I bull(I
fi li l1li li
II I
li li 11
li
bull II
fi r (IIi pr-shy
~
~ ~ shy1_shy--Jshybull I
produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio
da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os
ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals
perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio
estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas
~
4
--
C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869
~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para
a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900
instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos
escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas
imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)
1)
- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc
A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os
arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes
tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de
cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo
estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado
6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd
14
bull bull
SOUTH KENSINGTON
1lt J middoti
I ~
bullli bull li li I
bull li
bull bull bullli
-bull bull - sd bull -shy-
IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ
8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878
8
aos solenes edificios do Parlamento
dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente
inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes
escondiam soluccedilotildees estruturais
interessantes e avanccediladas)
Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e
caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX
podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco
de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo
completamente diferente do modelo a
tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou
exatamente por isso talvez) no querermiddot
retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os
arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo
pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da
criatividade as numerosas escolhas
estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto
a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os
programas as finalidades eram se mpre
melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor
dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das
construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que
de fato deviam ser completamente
escondidas e revestidas por motivo de
decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como
o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os
romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito
depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos
depois das primeiras teorizaccedilotildees do
Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que
naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal
estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve
ser feita a produccedilatildeo industrial
encarada ainda no seacuteculo XVIII como
simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre
utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de
elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer
do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais
Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa
Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)
que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute
ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do
Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex
novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO
B ampJ M COR I R O N
9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd
16
bull bull
bull bull bull
- ii8I9 e
~ bull ~ l 111 li
-s abullbull bull
111 bull-a 1 1
$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I
--bullbull
- -- -~r
10
10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881
Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os
estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas
levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de
edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares
fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua
exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do
17
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
bull111
Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa
A queda progressiva dos preconceitos criacuteticos levou a historiografia ar qui tetocircnica a reavaliar no final do seacuteculo passado o Barroco e no atual o Neoclassicismo (sobre o qual pesavam ainda a censura da criacutetica romacircntica e idealista) o Art nouveau e o Ecletismo (considerados pelo Movimento Moderno inimigos a serem
derrotados) Reconstituir com objetividade os fatos e aprofundar os aspectos problemaacuteticos do Neoclassicismo e do Ecletismo foi tarefa dos uacuteltimos dececircnios primeiramente atraveacutes de uma reavaliaccedilatildeo criacutetica geral (quase um reparo obrigatoacuterio) depois atraveacutes de pesquisas especiacuteficas sobre diferentes regiotildees e paiacuteses sobre aspectos determinados e arquitetos individualmente Dois fatos - pelo menos na Europa - estimularam estes estudos e interesses renovados por um lado a ampliaccedilatildeo do problema da proteccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-monumental para as estruturas urbanas e edifiacutecios do seacuteculo XIX por outro a crise do urbanismo do
Movimento Moderno que levou a um revisatildeo dos princiacutepios desta disciplina e a uma reflexatildeo criacutetica em cujo alicerce se encontram exatamente a cultura e a cidade do seacuteculo passado Podemos dizer ateacute que Neoclassicismo e Ecletismo hoje constituem o centro de interesses de aacutereas como a universitaacuteria por exemplo onde as decisotildees operacionais e de projeto arquitetocircnico e urbaniacutestico amadurecem
Mas se a perspectiva histoacuterica mais ampla e a superaccedilatildeo da taacutebula rasa tendenciosa teorizada pelas Vanguardas e pelo Movimento Moderno permitiram
reconsiderar com objetividade a ~ produccedilatildeo arquitetocircnica recente a historiografia natildeo podia renunciar a - recolocar em discussatildeo tambeacutem as velhas categorias e as velhas bull classificaccedilotildees isto eacute aquelas que bullconsideravam o Neoclassicismo e o
shy
WbullEcletismo natildeo soacute como experiecircncias subsequumlentes mas ateacute mesmo bull antiteacuteticas Aos poucos poreacutem a adoccedilatildeomiddotIII1 pela criacutetica de termos como claacutessico e In_ romacircntico 1 o aprofundamento do I-__~
significado da imitaccedilatildeo (seja ela relativa agrave antiguumlidade greco-romana seja agrave _f medieval) a descoberta de que havia ~
uma dialeacutetica constante entre razotildees da IIIIIi arquitetura e razotildees eacuteticas sociais e poliacuteticas e de que existia uma uacutenica clientela - a burguesia em ascensatildeo -_~ nos levaram a interpretar o periacuteodo que ~ vai da metade do seacuteculo XVIII ateacute o iniacutecio do nosso como um uacutenico longo
~
periacuteodo 2 Acabamos por reencontrar bull uma continuidade histoacuterica que tem ~ origem na crise da antiga tradiccedilatildeo _ claacutessica e vitoriana (por volta de 1750) ~ e que culmina no abandono total de _ qualquer referecircncia aos estilos ~~
histoacutericos pretendido pela arte moderna~
Reencontrar no seio das experiecircncias ~ neoclaacutessicas e ecleacuteticas razotildees de ~-consenso mais do que de contraposiccedilatildeo e apagar qualquer linha niacutetida de ~ demarcaccedilatildeo entre elas foi uma ~ contribuiccedilatildeo criacutetica importante Muitas c
duacutevidas foram dissipadas e respostas convincentes foram dadas a estas
~ questotildees 1) Eacute realmente o Ecletismo -=shya expressatildeo da arte e da arquitetura ~ que se segue ao Neoclassicismo seria apoliacutetico no sentido burguecircs tanto
~
quanto o Neoclassicismo era jacobino ~-
~
~
- Cshy
~
10
--
2
~ iacuteIIII shy -~Goudoin ] B LepeTe Colonne V endoacuteme -- 1806~ris
- Vignon A Madeleine Paris 1806 ~ieto prem iado pela Academia Real Paris ~8-18O Lilge 1842 (proelo de Ch -cier 1786) -shy
11
democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival
lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande
mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)
) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na
19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio
apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um
-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente
com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e
aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy
gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima
arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de
estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com
o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves
experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo
podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave
definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com
as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas
por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito
tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos
edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado
Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais
de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o
entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da
shy iiJ 411 (I I bull(I
fi li l1li li
II I
li li 11
li
bull II
fi r (IIi pr-shy
~
~ ~ shy1_shy--Jshybull I
produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio
da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os
ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals
perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio
estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas
~
4
--
C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869
~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para
a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900
instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos
escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas
imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)
1)
- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc
A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os
arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes
tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de
cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo
estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado
6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd
14
bull bull
SOUTH KENSINGTON
1lt J middoti
I ~
bullli bull li li I
bull li
bull bull bullli
-bull bull - sd bull -shy-
IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ
8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878
8
aos solenes edificios do Parlamento
dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente
inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes
escondiam soluccedilotildees estruturais
interessantes e avanccediladas)
Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e
caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX
podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco
de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo
completamente diferente do modelo a
tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou
exatamente por isso talvez) no querermiddot
retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os
arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo
pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da
criatividade as numerosas escolhas
estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto
a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os
programas as finalidades eram se mpre
melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor
dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das
construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que
de fato deviam ser completamente
escondidas e revestidas por motivo de
decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como
o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os
romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito
depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos
depois das primeiras teorizaccedilotildees do
Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que
naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal
estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve
ser feita a produccedilatildeo industrial
encarada ainda no seacuteculo XVIII como
simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre
utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de
elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer
do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais
Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa
Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)
que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute
ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do
Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex
novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO
B ampJ M COR I R O N
9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd
16
bull bull
bull bull bull
- ii8I9 e
~ bull ~ l 111 li
-s abullbull bull
111 bull-a 1 1
$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I
--bullbull
- -- -~r
10
10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881
Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os
estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas
levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de
edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares
fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua
exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do
17
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
--
2
~ iacuteIIII shy -~Goudoin ] B LepeTe Colonne V endoacuteme -- 1806~ris
- Vignon A Madeleine Paris 1806 ~ieto prem iado pela Academia Real Paris ~8-18O Lilge 1842 (proelo de Ch -cier 1786) -shy
11
democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival
lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande
mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)
) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na
19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio
apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um
-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente
com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e
aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy
gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima
arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de
estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com
o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves
experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo
podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave
definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com
as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas
por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito
tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos
edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado
Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais
de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o
entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da
shy iiJ 411 (I I bull(I
fi li l1li li
II I
li li 11
li
bull II
fi r (IIi pr-shy
~
~ ~ shy1_shy--Jshybull I
produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio
da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os
ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals
perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio
estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas
~
4
--
C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869
~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para
a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900
instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos
escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas
imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)
1)
- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc
A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os
arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes
tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de
cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo
estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado
6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd
14
bull bull
SOUTH KENSINGTON
1lt J middoti
I ~
bullli bull li li I
bull li
bull bull bullli
-bull bull - sd bull -shy-
IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ
8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878
8
aos solenes edificios do Parlamento
dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente
inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes
escondiam soluccedilotildees estruturais
interessantes e avanccediladas)
Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e
caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX
podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco
de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo
completamente diferente do modelo a
tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou
exatamente por isso talvez) no querermiddot
retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os
arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo
pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da
criatividade as numerosas escolhas
estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto
a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os
programas as finalidades eram se mpre
melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor
dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das
construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que
de fato deviam ser completamente
escondidas e revestidas por motivo de
decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como
o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os
romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito
depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos
depois das primeiras teorizaccedilotildees do
Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que
naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal
estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve
ser feita a produccedilatildeo industrial
encarada ainda no seacuteculo XVIII como
simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre
utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de
elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer
do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais
Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa
Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)
que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute
ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do
Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex
novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO
B ampJ M COR I R O N
9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd
16
bull bull
bull bull bull
- ii8I9 e
~ bull ~ l 111 li
-s abullbull bull
111 bull-a 1 1
$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I
--bullbull
- -- -~r
10
10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881
Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os
estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas
levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de
edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares
fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua
exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do
17
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival
lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande
mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)
) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na
19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio
apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um
-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente
com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e
aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy
gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima
arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de
estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com
o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves
experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo
podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave
definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com
as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas
por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito
tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos
edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado
Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais
de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o
entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da
shy iiJ 411 (I I bull(I
fi li l1li li
II I
li li 11
li
bull II
fi r (IIi pr-shy
~
~ ~ shy1_shy--Jshybull I
produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio
da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os
ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals
perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio
estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas
~
4
--
C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869
~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para
a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900
instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos
escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas
imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)
1)
- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc
A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os
arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes
tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de
cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo
estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado
6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd
14
bull bull
SOUTH KENSINGTON
1lt J middoti
I ~
bullli bull li li I
bull li
bull bull bullli
-bull bull - sd bull -shy-
IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ
8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878
8
aos solenes edificios do Parlamento
dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente
inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes
escondiam soluccedilotildees estruturais
interessantes e avanccediladas)
Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e
caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX
podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco
de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo
completamente diferente do modelo a
tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou
exatamente por isso talvez) no querermiddot
retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os
arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo
pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da
criatividade as numerosas escolhas
estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto
a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os
programas as finalidades eram se mpre
melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor
dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das
construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que
de fato deviam ser completamente
escondidas e revestidas por motivo de
decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como
o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os
romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito
depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos
depois das primeiras teorizaccedilotildees do
Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que
naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal
estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve
ser feita a produccedilatildeo industrial
encarada ainda no seacuteculo XVIII como
simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre
utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de
elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer
do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais
Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa
Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)
que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute
ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do
Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex
novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO
B ampJ M COR I R O N
9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd
16
bull bull
bull bull bull
- ii8I9 e
~ bull ~ l 111 li
-s abullbull bull
111 bull-a 1 1
$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I
--bullbull
- -- -~r
10
10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881
Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os
estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas
levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de
edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares
fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua
exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do
17
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio
da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os
ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals
perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio
estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas
~
4
--
C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869
~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para
a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900
instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos
escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas
imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)
1)
- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc
A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os
arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes
tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de
cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo
estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado
6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd
14
bull bull
SOUTH KENSINGTON
1lt J middoti
I ~
bullli bull li li I
bull li
bull bull bullli
-bull bull - sd bull -shy-
IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ
8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878
8
aos solenes edificios do Parlamento
dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente
inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes
escondiam soluccedilotildees estruturais
interessantes e avanccediladas)
Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e
caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX
podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco
de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo
completamente diferente do modelo a
tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou
exatamente por isso talvez) no querermiddot
retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os
arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo
pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da
criatividade as numerosas escolhas
estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto
a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os
programas as finalidades eram se mpre
melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor
dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das
construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que
de fato deviam ser completamente
escondidas e revestidas por motivo de
decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como
o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os
romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito
depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos
depois das primeiras teorizaccedilotildees do
Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que
naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal
estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve
ser feita a produccedilatildeo industrial
encarada ainda no seacuteculo XVIII como
simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre
utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de
elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer
do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais
Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa
Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)
que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute
ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do
Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex
novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO
B ampJ M COR I R O N
9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd
16
bull bull
bull bull bull
- ii8I9 e
~ bull ~ l 111 li
-s abullbull bull
111 bull-a 1 1
$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I
--bullbull
- -- -~r
10
10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881
Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os
estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas
levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de
edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares
fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua
exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do
17
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc
A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os
arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes
tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de
cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo
estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado
6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd
14
bull bull
SOUTH KENSINGTON
1lt J middoti
I ~
bullli bull li li I
bull li
bull bull bullli
-bull bull - sd bull -shy-
IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ
8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878
8
aos solenes edificios do Parlamento
dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente
inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes
escondiam soluccedilotildees estruturais
interessantes e avanccediladas)
Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e
caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX
podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco
de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo
completamente diferente do modelo a
tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou
exatamente por isso talvez) no querermiddot
retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os
arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo
pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da
criatividade as numerosas escolhas
estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto
a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os
programas as finalidades eram se mpre
melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor
dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das
construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que
de fato deviam ser completamente
escondidas e revestidas por motivo de
decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como
o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os
romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito
depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos
depois das primeiras teorizaccedilotildees do
Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que
naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal
estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve
ser feita a produccedilatildeo industrial
encarada ainda no seacuteculo XVIII como
simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre
utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de
elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer
do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais
Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa
Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)
que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute
ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do
Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex
novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO
B ampJ M COR I R O N
9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd
16
bull bull
bull bull bull
- ii8I9 e
~ bull ~ l 111 li
-s abullbull bull
111 bull-a 1 1
$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I
--bullbull
- -- -~r
10
10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881
Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os
estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas
levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de
edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares
fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua
exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do
17
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
bull bull
SOUTH KENSINGTON
1lt J middoti
I ~
bullli bull li li I
bull li
bull bull bullli
-bull bull - sd bull -shy-
IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ
8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878
8
aos solenes edificios do Parlamento
dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente
inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes
escondiam soluccedilotildees estruturais
interessantes e avanccediladas)
Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e
caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX
podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco
de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo
completamente diferente do modelo a
tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou
exatamente por isso talvez) no querermiddot
retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os
arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo
pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da
criatividade as numerosas escolhas
estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto
a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os
programas as finalidades eram se mpre
melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor
dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das
construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que
de fato deviam ser completamente
escondidas e revestidas por motivo de
decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como
o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os
romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito
depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos
depois das primeiras teorizaccedilotildees do
Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que
naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal
estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve
ser feita a produccedilatildeo industrial
encarada ainda no seacuteculo XVIII como
simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre
utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de
elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer
do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais
Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa
Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)
que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute
ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do
Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex
novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO
B ampJ M COR I R O N
9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd
16
bull bull
bull bull bull
- ii8I9 e
~ bull ~ l 111 li
-s abullbull bull
111 bull-a 1 1
$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I
--bullbull
- -- -~r
10
10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881
Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os
estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas
levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de
edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares
fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua
exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do
17
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais
Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa
Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)
que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute
ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do
Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex
novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO
B ampJ M COR I R O N
9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd
16
bull bull
bull bull bull
- ii8I9 e
~ bull ~ l 111 li
-s abullbull bull
111 bull-a 1 1
$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I
--bullbull
- -- -~r
10
10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881
Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os
estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas
levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de
edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares
fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua
exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do
17
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
bull bull
bull bull bull
- ii8I9 e
~ bull ~ l 111 li
-s abullbull bull
111 bull-a 1 1
$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I
--bullbull
- -- -~r
10
10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881
Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os
estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas
levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de
edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares
fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua
exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do
17
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente
Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le
Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a
cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter
altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo
interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma
famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma
de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas
11
irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas
A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo
construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe
contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus
mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo
foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos
da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma
determinada forma ) meacutetodos com os
quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado
fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido
enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser
18
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
~ ~ ~ ~
I)
bull bull ) ) bull li I
bull b bull
bull
I
bullbullbull
bull
Seacuteshy
~ bullI
li
bull
11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864
12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846
12
IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856
14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855
realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora
aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz
Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n
Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do
ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de
acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca
podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da
engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre
as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos
de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao
primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de
s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em
19
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da
montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro
no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior
do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees
harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel
das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais
ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de
sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais
Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)
17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850
1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd
16
ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)
20
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro
sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo
londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo
com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16
(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de
Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas
exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo
material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a
patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de
sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno
Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o
problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante
deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou
convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade
atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()
g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os
princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a
exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido
definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco
Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico
mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas
elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do
para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta
21
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
-produccedilatildeo (e era isto que a tornava
uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos
possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea
que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o
oeo-renascentist a e voltar -se para o
goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18
planimetria articulada uma perfeita
adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna
grupos de qua rtos cada um deles com
um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande
atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento
e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da
planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a
livre disposiccedilatildeo nas fachadas de
janelas e va randas localizadas onde a
vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade
do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo
(Para Morris e seus colegas isto
tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a
19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892
18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869
22
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
bull bull
--
5 j
) raquo ) ) ) j
bull 3- $bull- $bullbull )
bull )
bull I
bull I)
bull I)
bull bull bullbull bull -------
UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -
J1 _
19
v~
lt I 1I ( I1 11 I
U--
-o ~
cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor
H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles
Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu
Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa
cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais
perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna
nova escala dos fenocircrpenos (as
ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos
Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento
por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da
expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema
fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas
com o foco perspectiva constituiacutedo por
um monumento a acentuada
geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves
paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica
enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no
Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas
(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais
monumentos do passado (catedrais e
palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e
tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os
Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de
Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera
padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana
emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica
como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees
Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras
urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser
respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das
I I
23
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas
ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos
procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se
como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade
eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas
vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos
palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco
mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje
sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da
linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico
Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de
higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no
projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque
parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em
Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece
tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do
loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila
aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como
reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves
altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia
urbana que o Ecletismo retomara dos
20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907
24
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
) ) j
F ) r ) F ) F )
)
bull j
bull )- )bull )
bull 3 ) )
bull- )
)
bull-as 3
as li )bull
21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4
22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913
arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e
partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos
25
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
Notas
L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976
2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975
3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974
4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972
5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958
6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962
7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113
8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito
9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia
10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo
11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval
12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique
13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985
26
p~
fi -
f ~ fi I
e1 ri
liti shy
pll - li
fi- shyf - e 7 5
F11 bull
IIi I I
I aF
IUI I bull li lshy
bullI shy
bull
If peacute F
fI
Ibull eacute
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
--
--
14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970
16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96
19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~
819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La
It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982
~ iII)
~ ~ 18)
~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27
Top Related