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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
CRITÉRIOS DE QUALIDADE APLICADOS ÀS NOTAÇÕES:
UMA ANÁLISE DAS CLASSIFICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
Roberta Caiado Gomes
ORIENTADOR: Prof. Nelsom Magalhães
Rio de Janeiro 2016
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UTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração da Qualidade. Por: Roberta Caiado Gomes.
CRITÉRIOS DE QUALIDADE APLICADOS ÀS NOTAÇÕES:
UMA ANÁLISE DAS CLASSIFICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
Rio de Janeiro 2016
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família pelo apoio, amparo,
incentivo e compreensão dos dias de ausência.
Aos meus amigos de classe, de trabalho e de
vida, pela troca de experiências, aprendizados,
gargalhadas e conversas, por tornarem mais leve
a correria do dia-a-dia.
Aos meus professores, por todo o ensinamento e
contribuições na minha vida acadêmica, que se
tornaram experiências fora da sala de aula.
Agradecimento especial ao meu marido, pelo
apoio incondicional, incentivo, compreensão,
paciência, amor e amizade diante de qualquer
situação.
E por fim, mas não menos importante, agradeço a
Deus por me permitir concluir mais esta etapa.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus avós,
Jurandyr e Maria da Glória.
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RESUMO
O presente trabalho aborda os sistemas de classificação, ou linguagens
documentárias notacionais, que são instrumentos que cumprem o duplo papel
de organizar sistematicamente o conhecimento e de organizar tematicamente
acervos documentais. Estuda a organização do conhecimento por meio de
notações classificatórias, responsáveis pela representação dos conceitos dos
assuntos. Apresenta teóricos, abordagens e conceitos sobre qualidade. Analisa
a qualidade em notações classificatórias através dos critérios de simplicidade,
brevidade, memorabilidade, hospitalidade, flexibilidade, expressividade e
especificidade, segundo definição de Foskett (1973) e Piedade (1977).
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada no presente trabalho pautou-se em uma
análise bibliográfica sobre os assuntos de qualidade, classificação bibliográfica
e, mais especificamente, notações. Entre os principais autores citados estão
Piedade e Foskett, os quais deram especial atenção ao estudo do assunto em
tema.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Biblioteconomia e a classificação de assuntos 10
CAPÍTULO II
Notações 34
CAPÍTULO III
Qualidade: conceitos e teorias 38
CAPÍTULO IV
Critérios de qualidade 47
CONCLUSÃO 55
BIBLIOGRAFIA 57
WEBGRAFIA 59
ÍNDICE 60
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INTRODUÇÃO
A organização da informação, enquanto espaço investigativo que integra
o universo biblioteconômico ocupa lugar central no desenvolvimento teórico e
prático da área, na medida em que desempenha a função de intermediação
entre os contextos de produção e de uso da informação.
Esse espaço investigativo está dividido em pelo menos duas dimensões:
a dimensão descritiva, que se ocupa da representação formal, ou física, da
informação e, a dimensão temática, preocupada com a representação dos
assuntos contidos nos conteúdos informacionais. Tradicionalmente, na
Biblioteconomia a dimensão descritiva é estudada nas disciplinas relativas à
catalogação, ao passo que a dimensão temática é foco das disciplinas voltadas
à classificação e indexação.
No que se refere à dimensão temática, denominada por Foskett (1973)
de Tratamento Temático da Informação, os sistemas de organização do
conhecimento figuram como instrumentos fundamentais para a representação
de assuntos de documentos. Os sistemas de classificação, também chamados
de esquemas ou tabelas de classificação, ou ainda, mais recentemente, de
linguagens documentárias notacionais, são instrumentos que cumprem o duplo
papel de organizar sistematicamente o conhecimento e de organizar
tematicamente acervos documentais.
Organizar sistematicamente o conhecimento é, grosso modo, formalizar
as relações que existem entre os conceitos de cada área de assunto. Nos
sistemas de classificação essa formalização é realizada por meio de
codificações classificatórias, que proporcionam os chamados arranjos
sistemáticos. Diferentemente dos arranjos alfabéticos, comuns nas linguagens
documentárias verbais, como vocabulários controlados, listas de cabeçalhos de
assuntos e tesauros, os conceitos nos arranjos sistemáticos são representados
e ordenados por códigos que, sintetizados posteriormente, dão origem às
notações classificatórias.
As notações devem representar os assuntos definidos nos esquemas de
classificação e, simultaneamente, conceder uma ordenação lógica às coleções
de documentos. E para que suas finalidades sejam atendidas com qualidade, é
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necessária uma avaliação dos sistemas de classificação existentes e sua real
adequação a política e missão da instituição, para assim verificar a
possibilidade de uso de um esquema já existente ou criação de um novo
sistema que melhor atenda as necessidades institucionais.
Para tanto, definiu-se como aspecto de comparação a notação
classificatória de alguns esquemas já reconhecidos, uma vez que são elas as
responsáveis pela representação dos assuntos nos sistemas de classificação.
Serão utilizados os critérios de qualidade segundo Foskett (1973) e Piedade
(1977).
O presente trabalho foi conceitualmente amparado pela literatura da
área e respaldado empiricamente pela observação investigativa.
Estruturalmente, este relato de pesquisa está organizado por esta introdução,
pelo Capítulo 1, dedicado às classificações bibliográficas decimais, mais
especificamente, a Classificação Decimal de Dewey, a Classificação Decimal
Universal e a Classificação Decimal de Direito; Capítulo 2, que versa a respeito
das notações classificatórias; o Capítulo 3 que expõe conceitos, abordagens e
teóricos de qualidade e; pelo Capítulo 4 que apresenta os critérios de qualidade
das notações. Por fim, seguem-se as considerações finais e as referências que
embasaram o presente trabalho.
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CAPÍTULO I
BIBLIOTECONOMIA E A CLASSIFICAÇÃO DE ASSUNTOS
1.1. Sistemas de classificação
Ao se pensar em classificação para bibliotecas faz-se referência a
localização dos livros nas estantes e é esta sua finalidade; porém trata-se de
um processo muito mais complexo que envolve também a organização do
conhecimento de seu acervo. Mas antes de se alcançar eficiência na
recuperação de informações, esse processo deve ser pensado e analisado de
acordo com as necessidades e objetivos da biblioteca em que o sistema de
classificação será implantado.
Muito antes do ato de classificar ser utilizado em bibliotecas, a
classificação já fazia parte do cotidiano humano e social como forma de
organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na
acepção mais simples do termo, é reunir coisas ou ideias que sejam
semelhantes entre si, e separar as que apresentam diferenças”. Ou seja, é o
estabelecimento de critérios a fim de ordenar e agrupar conceitos de objetos. A
própria organização da sociedade exige do ser humano diferentes tipos de
classificações que podem variar do simples ao complexo. Entretanto, a escolha
da classificação está diretamente ligada a um propósito.
Para Dahlberg (1979, p. 353), a “arte de elaborar sistemas, com alguma
ideia intuitiva sobre divisões, prioridades no arranjo – primeiramente
hierarquias e subordinações e finalmente ‘auxiliares’ – era tida como teoria da
classificação”. Conforme entendido por Piedade (1983, p. 29), “é um conjunto
de classes apresentado em ordem sistemática. É uma distribuição de um
conjunto de ideias por um certo número de conjuntos parciais, coordenados e
subordinados”. Segundo a autora, os sistemas de classificação podem ser
divididos sob três aspectos: segundo a característica, segundo a finalidade e
segundo o campo de conhecimento que abrange.
Quanto à característica, pode ser natural – quando provém de uma
aplicação natural regida pelo objeto, ou; artificial – quando provém de uma
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aplicação de característica mutável. Quanto à finalidade, pode ser filosófica –
como aquelas criadas pelos filósofos com a finalidade de definir, esquematizar
e hierarquizar o conhecimento, de acordo com a ordem das ciências e das
coisas, ou; bibliográficas – servindo de base a organização de documentos. Já
o sistema de classificação quanto ao conhecimento, pode ser dividido em geral
– ordenação de todo o conhecimento humano, ou; especializado – ocupam-se
de um ramo deste conhecimento (PIEDADE, 1983).
A seguir, o sistema de classificação bibliográfico será detalhado, a fim de
melhor compreender a divisão do conhecimento e seu reflexo na organização
das coleções de bibliotecas.
1.2. Classificações bibliográficas
Enquanto a classificação filosófica tem como finalidade definir,
esquematizar e hierarquizar o conhecimento, a classificação bibliográfica se
preocupa, basicamente, com assuntos de documentos e em facilitar sua
localização, estabelecendo relação conceitual entre os documentos. Através da
análise dos assuntos, esse tipo de classificação se preocupa em estabelecer
relações entre os documentos, além de relacionar os assuntos contidos no
acervo das bibliotecas.
A classificação bibliográfica permite relacionar os instrumentos de busca,
como catálogos e inventários, com o documento propriamente dito. As
finalidades dessa classificação, segundo Piedade (1983, p. 57) é “a ordenação
dos documentos nas estantes ou nos arquivos e; a ordenação das referências
nas bibliografias ou das fichas nos catálogos”. Por representar o assunto dos
documentos, torna-se evidente a necessidade de os esquemas de classificação
bibliográfica acompanharem a evolução dos conhecimentos, entretanto, apesar
de tais investidas, quando um esquema de classificação descritivo é concluído
e publicado, pode já apresentar desatualizações no que se refere aos
relacionamentos dos assuntos, especialmente os assuntos dos campos de
conhecimento que se expandem e se atualizam rapidamente.
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Quando se pensa em classificação bibliográfica subentende-se a
classificação dos assuntos, pois é o modo como é visto em várias bibliotecas.
Segundo Ranganathan (1967), toda classificação para bibliotecas é,
essencialmente, uma classificação de assuntos. Porém, os documentos podem
ser ordenados das mais variadas formas e de acordo com o propósito de quem
está classificando. Pode ser organizado pelas cores, tamanho, suporte, dentre
outros. Mas, além de localizar documentos, a classificação tem como função,
também, auxiliar a recuperação de informações contidas em documentos.
A classificação bibliográfica pode ser dividida, ainda, em classificações
utilitárias (utilitaristas) ou classificações com base filosófica. As classificações
com base filosófica se espelham e se estruturam de acordo com a classificação
do conhecimento (filosófico e científico). Dentre suas características, destaca-
se a idealização de possibilitar o uso da mesma notação para o mesmo
assunto em qualquer biblioteca de qualquer parte do mundo. A Classificação
Decimal de Dewey (CDD) e a Classificação Decimal Universal (CDU) são
exemplos de classificações bibliográficas com base filosófica. Já a classificação
utilitária é a que apresenta particularidades que a torna independente e distante
das classificações do conhecimento. É um tipo de classificação que se adapta
ao contexto em que a biblioteca ou centro de informação está inserido, as suas
necessidades locais e de seus usuários, enfim, se assentam em um propósito
particular, não considerando as classificações gerais de outras bibliotecas.
Pode-se representar os assuntos dos documentos por meio das mais
variadas codificações ou, ainda, ordenar arbitrariamente as coleções por meio
dos mais variados critérios, desde cor e tamanho até ordem alfabética ou
numérica. O que importa é cumprir o objetivo proposto de colocar documentos
nos lugares corretos e recuperá-los posteriormente. A Biblioteca do Congresso
Americano desenvolveu e utiliza classificação utilitária para organização de seu
acervo. A Classificação da Library of Congress é o maior exemplo de
classificação do tipo utilitarista que vingou no universo das bibliotecas, e
continua sendo aplicada até hoje.
Relativo à necessidade ou não de uma base filosófica para a construção
de classificações de bibliotecas, observa-se algumas divergências nas opiniões
dos especialistas da área. Normalmente, os ingleses defendem a ideia de que
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a classificação necessariamente deve possuir uma base teórica, capaz de lhe
assegurar vida longa; para eles, a classificação filosófica, acrescida de
particularidades como notação e índice, deveria ser a base de qualquer
classificação bibliográfica. Outros acreditam que classificação filosófica e
bibliográfica são totalmente diferentes uma da outra, apresentando argumentos
como: livros interessam a vários setores de uma classificação, ou, então, que
classificação do conhecimento é mais subdividida do que as necessidades
bibliográficas. Enfim, argumentos e opiniões não faltam para ambos, porém,
neste trabalho optou-se em seguir a concepção que afirma que o melhor
pensamento atualmente acredita que uma classificação bibliográfica é idêntica
a uma classificação do conhecimento, com alguns ajustes, devido ao modo
pelo qual os assuntos são apresentados em livros, mas considera que
devemos procurar outros princípios, além daqueles próprios das classificações
científicas e lógicas, pois classificações científicas de fenômenos naturais,
baseadas em relações gênero/espécie é só uma parte da classificação
bibliográfica. Há muitas outras relações nos assuntos dos documentos,
relações da parte com o todo, da propriedade com seu possuidor, da ação com
seu paciente ou agente, e assim por diante. (LANGRIDGE, 1977 apud
PIEDADE, 1983, p. 66).
Diversos sistemas de classificação bibliográfica surgiram ao longo dos
anos, na tentativa de melhor representar os documentos e organizá-los nas
estantes. Para citar alguns estão a Classificação Decimal de Dewey; a
Expensive Classification, de Cutter; a Classificação Decimal Universal, de Paul
Otlet; a Classificação Bibliográfica, de Bliss; a Classificação da Library of
Congress e; a Colon Classification, de Ranganathan.
Dentre os diferentes sistemas (ou esquemas) de classificação, cabe
ressaltar duas classificações, bem como seus respectivos criadores, que, de
certa forma modificaram a história da classificação – a Classificação Decimal
de Dewey e a Colon Classification de Ranganathan – o primeiro por seu
pragmatismo e o segundo por seus ensinamentos teóricos.
A Classificação Decimal de Dewey (CDD) trouxe novidades para a
época que são fundamentais até os dias de hoje, tais como: a localização
relativa, ou seja, a numeração nos livros e não mais nas estantes; a
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especificação detalhada, isto é, tabelas de subdivisões mais detalhadas que,
devido à praticidade da localização relativa, propiciou maior especificação dos
assuntos, e; o índice relativo em ordem alfabética, já contido de código de
classificação, sem necessidade de consultar sempre a tabela. É uma
classificação geral que abrange todas as áreas do conhecimento humano e,
apesar de ultrapassada no que se refere a determinados assuntos de rápida
atualização, ainda é muito utilizada devido a sua praticidade e abrangência.
Personagem importante, Ranganathan, que, segundo Dahlberg (1979), é
considerado o pai da moderna teoria da classificação, criou diferentes novos
conceitos para a área. Apesar de seu complexo sistema de classificação
(Colon Classification), dotado também de fórmulas matemáticas qualitativas, ter
sido pouco utilizado, devido a dificuldade de sua aplicação, o bibliotecário
indiano trouxe uma nova visão sobre a área.
Como a primeira das contribuições fundamentais de Ranganathan para
o universo da classificação, pode-se destacar a atenção dada aos três níveis
básicos do trabalho de classificadores e classificacionistas, o plano ideacional,
o plano verbal e o plano notacional. Esses níveis tornaram mais claros o objeto
da ciência da classificação, que, segundo Dahlberg (1979, p. 356), é “o
conceito único e sua capacidade de combinação para representar o
conhecimento”. A segunda contribuição é a abordagem analítico-sintética para
a identificação dos assuntos, que permite a síntese em expressões
combinatórias. E a terceira contribuição são seus 18 princípios para sequência
útil, que servem como instrumentos para avaliação de sistemas de
classificação. Antes de Ranganathan, os esquemas de classificação eram mais
estáticos, e foi ele quem possibilitou maior dinamismo e facilidade para a
identificação e acomodação de novos assuntos, para dessa forma, atualizar os
sistemas de acordo com a evolução da sociedade.
1.3. Classificações decimais: CDD, CDU e CDDIR
Classificações decimais, como o próprio nome diz, são esquemas de
classificação cujas representações de seus assuntos são realizadas por meio
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de números decimais. Porém, como apresentado anteriormente, os esquemas
de classificação decimal também podem apresentar diferenças tipológicas e ou
de bases teóricas.
1.3.1. CLASSIFICAÇÃO DECIMAL DE DEWEY
A Classificação Decimal de Dewey (CDD) é uma classificação
bibliográfica enciclopédica com base filosófica, ou seja, é uma classificação
geral, pois pretende abranger todas as áreas do conhecimento e, busca
relacionar seus assuntos com base em uma lógica científica ou filosófica. Do
ponto de vista da distinção ranganathiana, tem base teórica descritiva,
caracterizando-se como um esquema quase-enumerativo, pois possui tabelas
para os assuntos principais e algumas tabelas de subdivisões. Dentre os
pontos mais característicos e fundamentais desse sistema, segundo Foskett
(1974), estão a localização relativa (numeração nos livros), a especificação
detalhada (tabela de subdivisões) e, o índice relativo (em ordem alfabética já
incluindo o código de classificação).
Criada pelo bibliotecário norteamericano Melvil Dewey (1851-1931) e
publicada primeiramente em 1876, a CDD foi pensada especificamente para a
utilização em bibliotecas. Apesar de insuficiente em certos aspectos para as
exigências atuais, devido à falta de hospitalidade para acomodação de novos
assuntos, este sistema ainda tem ampla aceitação por causa de sua simples
notação.
A CDD é basicamente um sistema de assuntos relacionados
hierarquicamente, rígido por se basear na teoria descritiva. Sua única
flexibilidade é em relação à especificidade. A CDD tem possibilidade de ser
específica ou mais geral, devido às subdivisões de suas classes principais,
porém não acomoda dois ou mais assuntos principais distintos. Como
característica dos esquemas construídos com base teórica descritiva a CDD
apresenta grande dificuldades para se adequar a evolução e atualização dos
assuntos no universo do conhecimento.
O ponto (.) contido em sua notação é utilizado apenas para separar as
três primeiras casas decimais das demais, proporcionando maior clareza à
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leitura dos códigos. Chamado de dígito vazio, não tem valor significativo para a
notação. A notação decimal também permite uma localização mais rápida.
Além da notação decimal e do fato desse sistema ser um dos primeiros
a buscar uma classificação (bibliográfica) do conhecimento universal, vale
ressaltar algumas características e inovações essenciais para a área, que são:
a localização relativa, maior especificação e índice relativo. Tais características
possibilitaram um progresso para a classificação.
No que tange à localização relativa, refere-se a época em que a CDD foi
criada, na qual utilizava-se a localização fixa dos acervos. Fixa no que diz
respeito a indicação de prateleira, posição exata e definitiva. Logo, algum livro
novo que precisasse ser classificado e guardado nas estantes ia para o fim da
sequência, ou era necessário reclassificar a cada crescimento da coleção. Com
a criação da localização relativa, ocorreu uma mudança considerável. Tornou-
se possível que livros com os mesmos assuntos fossem inseridos no meio de
uma sequência já existente, independente da época de sua aquisição, visto
que a partir disto os livros seriam classificados definitivamente. Outro fator que
influenciou esse novo tipo de arquivamento foi a introdução de notações
decimais (números) para ordenar e classificar os assuntos. No entanto, a
dificuldade que não foi prevista se refere a dificuldade de síntese e
relacionamento dos assuntos. Porém, deve-se levar em conta, que na época os
assuntos não eram tão complexos, portanto, atendendo as necessidades do
conhecimento neste momento histórico.
Outro ponto fundamental para a classificação pensada por Dewey foi a
especificação detalhada. Após a organização relativa, ficou mais fácil e viável
especificar os assuntos. Antes eram grupos maiores de assunto, pois não era
viável deixar estantes vazias para caso tivesse mais livros sobre determinado
assunto. Enfim, a organização relativa influenciou a maior especificação dos
assuntos para a época. Como dito por Foskett (1973, p. 205), a história da
classificação, geralmente, tem sido a “provisão de um número cada vez maior
de detalhes a fim de atender as necessidades de documentos que tratam de
áreas de conhecimento cada vez mais restritas”.
A terceira característica essencial foi a criação do índice relativo. Devido
o maior detalhamento dos assuntos, encontrar determinado assunto neste
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complexo arranjo tornou-se uma tarefa árdua e trabalhosa. Por isso, foi
necessária a criação de um índice relativo. Trata-se de uma lista para indicar a
localização de determinado tópico ou mesmo para relacionar sinônimos. Este
fator foi fundamental para o sucesso e aceitação desse esquema de
classificação.
Ao se tratar do sistema em si, Dewey tinha como plano dividir o
conhecimento em 10 classes principais, dividindo cada uma delas em mais 10
subdivisões e depois cada uma das subdivisões em 10 seções. Devido a sua
devoção a prática ao invés da teoria, pouco se tem registrado sobre a teoria ou
os fundamentos desta sequência estabelecida em seu esquema. O que se
sabe é que as classes principais foram organizadas seguindo esse
pensamento:
O homem começou a pensar e a procurar uma explicação para sua
existência, e assim surgiu a FILOSOFIA; incapaz de desvendar o
mistério imaginou a existência de um ser supremo que o havia criado,
surge a RELIGIÃO; multiplicando-se o homem passa a viver em
sociedade e vêm as CIÊNCIAS SOCIAIS; sente necessidade de se
comunicar com os companheiros e criar as LÍNGUAS; passa então a
investigar os segredos da natureza e temos as CIÊNCIAS PURAS; de
posse destes conhecimentos procura deles tirar proveito, aparecendo
as CIÊNCIAS APLICADAS; e, agora, já se sentindo capaz de criar, dá
origem às ARTES E À LITERATURA; finalmente encontramos a
HISTÓRIA que conta como tudo se passou. (PIEDADE, 1983, p. 89)
A partir desse pensamento narrativo, as classes principais estão assim
esquematizadas:
000 Generalidades
100 Filosofia e displinas afins
200 Religião
300 Ciências sociais
400 Linguística
500 Ciências puras
600 Tecnologia (ciências aplicadas)
700 artes
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800 Literatura (belas-artes)
900 geografia geral e história
A CDD encontra-se em sua 23ª edição. A partir da segunda edição,
Dewey percebeu que se em cada nova edição o sistema sofresse mudanças
substancias, o esquema não seria aceito devido ao retrabalho que os
bibliotecários teriam, reclassificando, alterando as notações e realocando os
livros nas estantes. Com esse pensamento, a partir da segunda edição a
estrutura básica foi mantida, e as expansões seriam feitas conforme a
necessidade, sem alterar a arquitetura básica. Esse sucesso do esquema, de
não alterar a estrutura básica, tem um contraponto ao longo do tempo, que é a
dificuldade de acompanhar o crescimento e desenvolvimento das áreas do
conhecimento, ou seja, em acomodar novos assuntos.
Com a preocupação de tornar-se obsoleta ao longo do tempo, a CDD
possui seu método de revisão através de novas edições, aproximadamente, a
cada sete anos, e os novos aperfeiçoamentos são informados aos usuários
através da publicação do DC & Decimal Classification: Additions, Notes and
Decisions. Tal publicação também divulga edições passíveis de controvérsias
antes da edição final, para dessa forma os usuários informarem suas opiniões
e sugestões.
Apesar de críticas em relação a limitações desse sistema, como Foskett
(1973) chama atenção, Melvil Dewey e sua classificação decimal teve grande
contribuição para a história da classificação bibliográfica e da abordagem
sistemática. E até os dias atuais, é um dos sistemas de classificação mais
utilizados em todo o mundo.
1.3.2. CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL
A Classificação Decimal Universal (CDU) é, a exemplo da CDD, uma
classificação bibliográfica enciclopédica, cujos desdobramentos dos assuntos
principais e auxiliares foram baseados na classificação de Dewey. Desse
modo, herdou de sua antecessora os aspectos de uma classificação de base
teórica descritiva. Para Silva e Ganim (1994, p.4), a CDU “é um sistema de
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conceitos hierarquicamente estruturado em grandes classes, destinado à
classificação do conhecimento e dos suportes físicos de seu registro”.
Caracteriza-se como um esquema semifacetado, pois possui tabelas de
assuntos principais, acompanhadas por tabelas de subdivisões comuns e
subdivisões especiais. Utiliza sinais gráficos para associação de assuntos de
classes diferentes. Por ser mais minuciosa que os esquemas existentes até
então, não tardou a ser adotada por bibliotecas especializadas, especialmente
na Europa.
A CDU foi idealizada para dar conta das especificidades dos assuntos
de documentos de um centro de documentação, por isso a necessidade de um
maior detalhamento, devido a heterogeneidade da natureza dos documentos
presentes em um centro de documentação. Diferentemente da CDD, que foi
idealizada para bibliotecas, a CDU surgiu como resultado de uma prática de
classificação de assuntos de documentos contidos no repertório bibliográfico do
Instituto Internacional de Bibliografia (IIB), guiada por modificações e
adequações feitas sobre a própria CDD.
Em 1894, os belgas Paul Otlet e Henri La Fontaine conceberam a ideia
de um índice universal do saber registrado, voltando suas atenções para um
arranjo sistemático (em detrimento do arranjo alfabético), a fim de organizar e
controlar o tão almejado repertório bibliográfico universal, idealizado por Otlet e
La Fontaine. O arranjo alfabético estava fora de cogitação, devido ao tamanho
do empreendimento, que demandaria uma rede de relacionamentos impossível
de ser realizada por meio do recurso puramente alfabético. Logo, adotaram os
números arábicos, por se tratar de uma codificação reconhecível
internacionalmente e por ter como base um sistema que já vinha dando certo, a
CDD, que nesta época estava em sua 5ª edição. Assim, a criação da CDU foi
um projeto que expandiu e adaptou a classificação bibliográfica de Dewey para
a realidade de um repertório bibliográfico de um imenso centro de
documentação (BARBOSA, 1968; FOSKETT, 1973; PIEDADE, 1983).
O projeto foi feito para ser apresentado na primeira Conferência
Internacional de Bibliografia. A ideia deste índice foi aprovada e, com isso,
criado o Institut de La Bibliographie (IIB), entidade responsável pelo índice, que
posteriormente passou a chamar Fedération International de Documentation
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(FID). Esta organização possui uma Comissão Internacional sobre
Classificação Universal e, as atividades rotineiras são competência da
Comissão Central de Classificação (CCC). Além dessa comissão geral, cada
país tem uma entidade como sua representante junto a FID, no Brasil é o
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT).
A primeira edição da CDU foi publicada em 1905, com o nome de
Manuell Du Répertoire Bibliographique. Em 1925 surgiu sua segunda edição já
com o nome de Classification Decimale Universelle. A última edição completa
foi a 3ª, finalizada em 1953.
Por se tratar de um sistema de classificação bastante minucioso e
consistir em extensas tabelas, sua publicação nunca foi algo simples, sendo
uma das maiores reclamações por parte dos usuários. As tabelas completas
encontram-se em fichas na sede da FID. Segundo Foskett (1973, p. 235), “a
falta de tabelas completas tem sido, entretanto, mais ou menos remediada com
a publicação de edições abreviadas, que já existem em, aproximadamente, 16
línguas”.
Outro aspecto importante que cabe ressaltar se refere às revisões da
CDU. Funciona basicamente assim: as sugestões de revisão partem dos
usuários, quando os mesmos entendem que as tabelas já não atendem mais
as necessidades específicas do assunto. Tais sugestões são enviadas as
comissões nacionais e se aprovadas, encaminhadas a CCC. Atendendo as
exigências predeterminadas, criam-se as P-notes que são alterações
provisórias que ficam abertas a discussão durante quatro meses. Para só
então, depois das discussões cabíveis, modificar ou acrescentar tal sugestão a
CDU. A confusão acontece pois as P-notes podem ser divulgadas em inglês,
francês ou alemão, não havendo tal padronização cabe ao usuário ser trilíngue.
A política de inanição é outra característica importante da CDU. Essa
política significa que um número que ficar sem uso durante dez anos pode
voltar a ser usado com um significado diferente ao fim desse período, ou seja,
ocorre a reclassificação do respectivo número. Faz-se uma nova tabela
elaborada pelo usuário e analisada por um especialista da área, porém trata-se
de um processo lento, sendo dois anos o tempo mínimo. Porém tal política não
deve ser aplicada as humanidades e/ou ciências sociais, que são áreas mais
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conservadoras, empregam-se a assuntos com significativas transformações e
em constante atualização.
Baseada originalmente na 5ª edição da CDD, algumas mudanças do
esquema citado ocorreram na criação da CDU, porém de forma lenta para não
perder sua popularidade. Com a percepção das características básicas do
esquema de Dewey – linguagem universal dos números arábicos e
representação da estrutura hierárquica do conhecimento – a grande inovação
da CDU “foi a introdução do conceito de relação e dos recursos para
representa-la através da síntese, que permite a formação de notações
compostas para representar conceitos novos não previstos no sistema”;
possibilitando que uma hierarquia rígida tivesse maior detalhamento de
assuntos devido ao recurso da síntese. Foi uma forma de o esquema evoluir,
não sendo completamente ultrapassado pelos acontecimentos. (SILVA e
GANIM, 1994, p. 6)
A Classificação Decimal Universal detalhou as subdivisões dos assuntos
e alterou a notação, que passou a ser mista, ou seja, composta de números
decimais, sinais gráficos e letras ou palavras. Segundo Foskett (1973, p. 240),
“a estrutura geral das tabelas é similar à da CDD, mas a notação é um pouco
diferente e a disposição gráfica é bem menos satisfatória. Na CDU não existe o
mínimo de 3 números”. Se ao tratar da disposição gráfica e tabelas principais a
CDD é mais eficiente, são os auxiliares que proporcionam o recurso da síntese
a CDU, diferença essencial entre esses sistemas de classificação.
Além do recurso da síntese e da possibilidade de relacionar assuntos de
classes diferentes, cabe ressaltar as características fundamentais desse
sistema de classificação, que segundo Silva e Ganim (1994, p. 8), são
decimalidade, universalidade e caráter hierárquico. A decimalidade no que se
refere a subdivisão dos assuntos em classes; a universalidade ao se tratar do
relacionamento entre os assuntos, nos símbolos para representar a totalidade
do conhecimento existente, além da utilização de números por ser uma
linguagem universal. E como terceira grande característica, o caráter
hierárquico.
Para Piedade (1983, p. 124), “classificar um assunto pela CDU consiste,
inicialmente, em localizar seu assunto na tabela principal e atribuir-lhe o
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símbolo reservado pelo sistema para o assunto”. A tabela dos assuntos
principais é dividida em 10 classes. Cada uma das classes principais é
subdivida em 10 classes. Em seguidas, são subdividas novamente em 9
classes específicas e assim sucessivamente. A CDU também possui um índice
alfabético relativo para acesso aos conceitos. Em geral, a notação é expressiva
e reflete a estrutura das tabelas.
Tabela principal
0 generalidades
1 filosofia, metafísica, psicologia, lógica, ética e moral.
2 religião e teologia
3 ciências sociais, economia, direito, governo e educação
4 classe vaga
5 matemática e ciências naturais
6 ciências aplicadas, medicina e tecnologia.
7 artes, recreação, esportes
8 literatura, filologia, linguística, línguas
9 geografia, biografia e história.
Até 1964 existia a classe 4, que representada a filologia, mas a partir
dessa data a FID determinou sua transferência para a classe 8, reunindo-a a
literatura, tornando a classe 4 uma classe vaga, para posterior utilização,
acomodando uma nova classe que viesse a surgir.
Como apresentado anteriormente, o grande diferencial da CDU foi a
possibilidade de descrever assuntos compostos ou complexos. Esta síntese foi
possível, principalmente, pela utilização de sinais gráficos utilizados como meio
de unir símbolos de diferentes conceitos. Abaixo serão apresentados os sinais
presentes na CDU e seus significados na notação; na descrição dos assuntos,
conforme Piedade (1983) e Silva e Ganim (1994).
+ sinal de adição: ligar a notação de dois assuntos que são comumente
associados, mas que se acham separados pelo esquema. Não se relacionam.
23
Ou seja, dois assuntos numa mesma obra, porém tratados de forma
independente.
Ex.: 51+53 Matemática e Física
/ barra oblíqua: usada para ligar números consecutivos, a fim de indicar um
cabeçalho mais genérico. Ideia de sequência. Por exemplo, para evitar a
repetição 51:52:53:54 usa-se 51/54, continuando com o mesmo significado
para representar Matemática, Astronomia, Física e Química.
: dois pontos: são os mais usados para a síntese; relação de reciprocidade.
Quando um documento trata do relacionamento entre dois ou mais conceitos.
Os dois pontos permite ao classificador fazer entradas múltiplas de maneira
bastante simples mediante a alternação e daí sua popularidade. Deve-se
alertar para sua ampla utilização, mas que carece de precisão e, com isso, a
CDU pode vim a ser usada como um sistema mecanizado de dois pontos.
Ex.: 51:52 Aplicações da matemática na astronomia
:: dois pontos duplos: é empregado para fixação da ordem. Tem a mesma
finalidade dos dois pontos, porém não permite que haja inversão entre as
notações dos assuntos relacionados, inversão esta na ordem de citação.
Dependendo da biblioteca e de seus objetivos, o assunto colocado primeiro
numa citação realmente seja mais relevante do que o secundário, apesar de no
documento não haver tal diferenciação.
[ ] colchetes: utiliza-se para eliminar ambiguidade. Com a mesma função de
uma fórmula matemática, facilita o entendimento e torna mais clara a notação.
Subagrupamento.
= igual: auxiliar comum de língua, idioma em que o documento foi escrito.
Refere-se a parte da descrição ao invés do assunto em si.
(0...) parêntese zero: auxiliar comum de forma. Detalhamento das formas
bibliográficas.
24
( ) parêntese: auxiliar comum de lugar. Contém as divisões políticas usuais
além de diversas subfacetas de lugar. Relações entre países utilizam-se os
dois pontos dentro do parêntese.
(=...) parêntese igual: auxiliar comum de raça e nacionalidade. Pode ser
desenvolvida a partir da tabela principal de linguística acrescentando parêntese
igual a notação do assunto principal.
“...” aspas: auxiliar comum de tempo. A flexibilidade da faceta de tempo é útil,
sendo superior a de qualquer outro esquema.
.00... ponto zero zero: auxiliar comum de ponto de vista.
* asteristico: servem para indicar símbolos locais, que não pertencem a tabela
da CDU. O que tiver após o asteristico é de responsabilidade do classificador.
Minimiza, dessa forma, a falta de hospitalidade.
Por exemplo: Estrôncio 90 é representado por 546.42*90
Outro recurso da CDU é a subdivisão alfabética e numérica (não
decimal), ou seja, nomes de pessoas ou números podem ser inseridos no meio
de um número de classificação, caso seja conveniente. É útil para relacionar
indivíduos ou arrolar itens designados por números. Deve-se ter cuidado para
distinguir os números das subdivisões comuns. Por exemplo, ao classificar
obras filosóficas de Arthur Schopenhauer,, pode-se colocar 19 Schopenhauer,
caso sua biblioteca seja voltada para a área de filosofia, tal descrição por ser
bastante útil.
. ponto: é utilizado para separar os números de classificação em grupos de três
algarismo. Sem falar significativo para a notação. Recurso visual.
Os sinais gráficos, apresentados anteriormente, compõem as tabelas de
auxiliares da CDU. São os auxiliares que permitem fazer a síntese onde a
notação mais restrita da CDD não permite. Esses auxiliares são de dois tipos:
os auxiliares comuns que podem ser usados em qualquer lugar das tabelas
25
principais e, os auxiliares especiais que têm diferentes significados conforme o
contexto onde se encontrem.
No que se refere aos auxiliares comuns, esses têm os mesmos
significados em qualquer lugar das tabelas principais e da notação em si. São
também conhecidos como auxiliares comuns independentes porque os
conceitos representados ocorrem independentemente de um assunto principal.
Essa tabela de auxiliares comuns limitam os assuntos quanto o ponto de vista,
lugar, raça, tempo, forma e língua. Segue abaixo uma breve explicação sobre
tais auxiliares.
- ponto de vista: representado por .00 e mais um ou mais algarismos. Aspecto
sob o qual foi estudado determinado assunto. Ex.:
.001 ponto de vista teórico
.002 ponto de vista prático
.003 ponto de vista econômico
- lugar: âmbito geográfico do assunto principal. São representados por números
entre ().
Por ex. (81) Brasil
Obs.: os estados, municípios que não possuem símbolo próprio podem ser
indicados pelo acréscimo do seu nome ao símbolo da divisão geográfica. Por
ex. (816.12 Campinas)
- raça: representado por parêntese igual. (=...) designar raça e nacionalidade.
Porém nacionalidade é representada por (=1 mais o símbolo geográfico)
- tempo: representado pelas aspas pode descrever século, década, estação do
ano.
Ex. Sec. 2 primeiros algarismos. Década, três primeiros. Ano os quatro
algarismos. Dia: aaaa.mm.dd.
- forma: a forma que o documento foi representado. O tipo de documento.
Representados por parêntese zero (0...)
26
Por ex. (05) periódicos ; (038) dicionário especializados.
- língua: a língua ou idioma em que o documento foi escrito independente do
assunto principal. Representado pelo =
Ao se tratar de tradução usa-se o auxiliar =03 seguido do símbolo da língua
original.
Quanto aos auxiliares especiais, segundo Foskett (1973), os auxiliares
comuns podem ser acrescentados a qualquer número principal, pois terão
sempre o mesmo significado; além disso, há três outros indicadores de facetas
que formam as subdivisões especiais (auxiliares) e que têm diferentes
sentidos, variando de acordo com o seu contexto. Trata-se do hífen, apóstrofo
e o .0 para indicar facetas peculiares a uma determinada classe básica.
O apóstrofo ‘ é empregado como sinal de concentração ou fusão de
ideias. É restrito a alguns pontos do sistema como as classes 329, 546, 547.
Permite a supressão de caracteres comuns a dois símbolos que não são
consecutivos.
Por exemplo: ao invés de colocar 329.11 e 329.21 para representar Partido
Político com Tendências Conservadoras e Monarquistas, o apóstrofo permite
que a notação seja descrita dessa forma: 329.11’21.
Quanto ao hífen e .0 há uma tabela de analíticas especiais para indicar seus
significados. Esses sinais se encontram no fim do símbolo de classificação.
-1/-9 são empregados para simbolizar elementos, componentes, propriedades
e outros detalhes, quando necessário.
.01/.09 representam aspectos, atividades, processos, operações, instalações,
equipamentos.
Apesar dos auxiliares comuns poderem ser usados em qualquer lugar
das tabelas principais, a CDU apresenta três mecanismos básicos: síntese,
ordem de citação e ordem de arquivamento. Tais mecanismos servem para
solucionar e/ou evitar problemas como multiplicidade de aspectos relacionados
ao assunto principal; diferentes relações entre os assuntos; ordenação
27
hierárquica e sequência dos símbolos; determinação física de cada documento,
dentre outros. (SILVA e GANIM, 1994, p. 18)
A síntese é utilizada para a classificação de assuntos compostos e
complexos, mediante a criação de notações apropriadas para sua
representação. Os sinais gráficos auxiliam na síntese e indicam o
relacionamento entre os assuntos.
A CDU apresenta a ordem de citação também chamada de ordem
horizontal para unir símbolos principais e auxiliares de modo padronizado no
acervo em questão. A ordem de citação é de uso opcional, e serve para o
“estabelecimento de uma ordem-padrão de prioridade”. (SILVA e GANIM, 1994,
p. 20) Trata os assuntos a partir do âmbito mais específico para o mais geral.
Entretanto, também existe uma ordem vertical ou ordem de
arquivamento que é mais utilizada para classificar. Por apresentar os assuntos
e seus descritores auxiliares do genérico para o mais específico. Para Silva e
Ganim (1994, p. 20), a ordem de arquivamento se “preocupa com a amplitude
maior ou menor dos conceitos na estrutura hierárquica do sistema”. Essa
ordem é utilizada para organização e ordenação de documentos nas estantes,
em virtude da necessidade de padronização.
Abaixo, serão apresentadas a ordem de citação e a ordem de arquivamento,
em que sua única diferença é a inversão na ordem da tabela de auxiliares
comuns. (PIEDADE, 1983)
Ordem de citação = ordem horizontal (mais específico para o mais geral)
- Assunto Principal
- Ponto de vista
- Lugar
- Raça
- Tempo
- Forma
- Língua
Ordem de arquivamento = ordem vertical (do geral para o específico)
- Assunto Principal
28
- Língua
- Forma
- Tempo
- Raça
- Lugar
- Ponto de vista
A ordem de intercalação baseia-se na ordem vertical ou ordem de
arquivamento, ou seja, do geral para o mais específico. É utilizada para
identificar a sequência em que os sinais gráficos devem ser arquivados.
+
/
Nº simples
: ou ::
[ ]
=...
(0...)
“...”
(=...)
(1/9)
.00
Após um maior detalhamento desse sistema de classificação, deve-se
salientar a importância de sua atualização para acompanhar a expansão do
conhecimento. Por se tratar de um esquema semifacetado, ainda é muito
limitada a hospitalidade de novos assuntos, porém, os recursos de síntese dos
sinais gráficos auxiliam a amenizar tais deficiências. Sua notação extensa
torna-se inevitável devido ao fato da CDU procurar apresentar uma
especificação detalhada de assuntos.
A fim de buscar atualização e correção, foi criado o Guide to the
Universal Decimal Classification como instrumento auxiliar para o usuário.
Segundo Foskett (1973, p. 247), “o principal problema do ponto de vista do
usuário – a ausência de regras no corpo do esquema -, somente em certa
29
medida é atenuado por esses instrumentos auxiliares”. Já se disse que esta
flexibilidade é uma vantagem, pelo fato de o usuário poder escolher por si
mesmo a maneira como usará o esquema em qualquer classe básica, mas não
há dúvida de que ao mesmo tempo isso é uma fonte de risco. Nenhum
esquema de classificação pode funcionar sem regras; se estas não se acham
incluídas no esquema, deverão ser acrescentadas pelo classificador, pois do
contrário resultarão incoerências. Enquanto que para Piedade (1983, p. 119),
“o maior problema dos usuários do sistema é a aquisição de tabelas,
geralmente esgotadas, e sua atualização, devido à dificuldade de obtenção das
publicações necessárias”.
Segundo Kaula (1982, p. 10), “apesar do detalhamento do esquema e do
uso de notação mista com bom número de dígitos indicadores e, inúmeros
esquemas auxiliares, o esquema carece de uma teoria básica proposta por
seus criadores originais”. Apesar de algumas críticas, considerando, entretanto,
a data de sua criação, a CDU apresenta defeitos de estrutura, métodos de
publicação e atualização, que devem ser superados. Porém, ainda hoje, a CDU
continua sendo um esquema internacional importante, devido a seu alto grau
de detalhamento e síntese. Com o emprego de computador para ajudar a
superar esses defeitos, existe também a possibilidade de utilizar a CDU como
uma concordância internacional para sistemas de recuperação de informações.
1.3.3. CLASSIFICAÇÃO DECIMAL DE DIREITO
A Classificação Decimal de Direito (CDDir) é uma classificação bibliográfica
especializada, de base teórica descritiva. Baseada na CDD, a CDDir foi criada
no âmbito do Governo Federal Brasileiro para o tratamento e recuperação da
informação jurídica, específica para obras jurídicas nacionais. Também é
conhecida como Classificação Decimal de Doris ou Classificação de Doris.
(CARVALHO, 2002)
Em 1948, a bibliotecária e bacharela em Direito Dóris de Queiroz
Carvalho, funcionária da biblioteca do Ministério da Fazenda, constatou a
necessidade de detalhar e expandir a classe 340, referente a direito, da
30
Classificação Decimal de Dewey. A CDD, como apresentado anteriormente,
também serviu de base para o surgimento da CDU. Na época, Dóris de
Carvalho era funcionária da biblioteca do Ministério da Fazenda, e a CDDir
primeiramente foi criada para uso interno. Sua primeira edição foi publicada em
1948, em 1953 a segunda e, somente em 1977 saiu sua terceira edição.
Passados 25 anos de sua última edição, em 2002 a Subchefia para Assuntos
Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República, juntamente com a Dra.
Doris de Queiroz Carvalho, realizou a atualização da Classificação Decimal de
Direito, devido à necessidade de atualização da obra a fim de incorporar novas
áreas do Direito que se desenvolveram nesse período. A CDDir está
disponível, para livre acesso na rede mundial de computadores, na página do
Planalto Federal. (CARVALHO, 2002)
Específica para a área do Direito, a CDDir é mais abrangente, mais detalhada,
mais profunda nas subclasses do que qualquer outro sistema ou metodologia
existente para língua portuguesa destinada aos sistemas jurídicos. Por isso sua
enorme aceitação e utilização por parte das principais bibliotecas jurídicas
especializadas brasileiras. Não é incompatível o uso desta classificação com a
"Classificação Decimal de Dewey", simultaneamente, por bibliotecas
multidisciplinares desde que para a área de Direito (Classe 340) se faça uso
apenas da "Classificação de Dóris" e de outra para as demais disciplinas ou
campos do conhecimento.
Algumas bibliotecas da administração pública utilizam esta classificação
decimal, dentre elas pode-se citar: Presidência da República, Ministério da
Justiça, Ministério do Trabalho, Senado Federal, Supremo Tribunal Federal,
dentre outras. Incluse, a Universidade Federal Fluminense que utiliza a CDD
em sua rede de bibliotecas, na biblioteca especializada em direito a CDDir é o
sistema de classificação adotado a fim de maior aprofundamento das obras; e
conforme mencionado, por ser tratar de uma subdivisão da classe 340, não
impede de utilizar simultaneamente com a CDD.
A CDDir tem como objetivo auxiliar na melhor organização dos
repositórios jurídicos, com a consequente facilitação do acesso às obras do
Direito.
31
Tendo como base a CDD, a classe 340 referente a Direito pertence a classe
principal 300 relacionada a Ciências Sociais. Será a classe 340 o foco deste
sistema de classificação, classificando essa área do conhecimento em suas
grandes divisões. (CARVALHO, 2002). As classes principais foram assim
divididas:
341 - Direito Público
342 - Direito Privado
343 - Direito Canônico
344 - Direito Romano
Uma característica fundamental da CDDir para auxiliar na identificação e
detalhamento dos documentos é o número de forma. Os números de forma, ou
divisões de forma, são adotados para agrupar, dentro de uma classe geral ou
subdivisão, o material bibliográfico que apresenta certas características
especiais na maneira em que o assunto é tratado. Como por exemplo, em
forma de dicionário, em verbetes, em coletâneas de trabalhos esparsos ou em
outras formas. (CARVALLHO, 2002). Os número de forma são:
01 - Teoria, filosofia
Assuntos expostos do ponto de vista teórico ou Filosófico.
02 - Compêndios.
Assuntos apresentados em forma resumida, geralmente para utilização no
ensino.
03 - Dicionários e enciclopédias
Assunto tratado, geralmente, em verbetes, dando somente o significado dos
termos, no caso dos dicionários, ou mais longamente, o caso das
enciclopédias.
04 - Discursos, ensaios, conferências
Quando o material apresentado sob essas formas trata de um assunto
específico.
32
05 - Periódicos
Publicações em série, sobre determinado assunto, apresentadas em fascículos
numerados, com duração indeterminada.
O6 – Sociedades
Publicações oficiais de sociedades eruditas: atas, relatórios, anuários.
07 - Estudo e Ensino
A didática de um determinado assunto.
08 - Coleções, poligrafia
Coletâneas de trabalhos diversos sobre um assunto, do mesmo ou de vários
autores.
09 - A história de um assunto ou sua divisão por países.
Deve-se lembrar que quando o zero estiver usado como subdivisão de assunto,
os números de forma devem ser indicados com dois zeros (00).
Como por exemplo: periódicos de direito 340.04.
A CDDir chama a atenção para o uso indiscriminado dos números de
forma, ressaltando que seu emprego deve ser feito quando for indispensável.
Primeiramente, deve-se classificar o assunto de que trata e, quando for o caso,
acrescentar o número de subdivisão, indicando forma, ponto de vista, história,
entre outros.
Após a apresentação da estrutura do sistema de classificação, faz-se
necessário a criação de um índice visando auxiliar o usuário na utilização da
CDDir. Nesta última edição, apresenta-se um índice desenvolvido, com
emprego de larga sinonímia, com a finalidade de facilitar a rápida localização
do assunto de interesse.
33
Os termos são indicados sob diferentes aspectos ou enfoques. Porém a
utilização do índice não significa suprimir as consultas às tabelas, a fim de não
induzir o classificador ao erro.
Direito Desportivo, por exemplo, não consta na ultima atualização da
CDDir, levada a cabo em 2002. Por se tratar de um projeto bem sucedido e
amplamente aceito na área jurídica nacional, com livre acesso para os
interessados, evidencia-se a importância da constante atualização desse
instrumento fundamental para os classificadores dessa área do conhecimento.
34
CAPÍTULO II
NOTAÇÕES
Notação, segundo Piedade (1977, p. 29), é entendida como o “conjunto
de símbolos destinados a representar os termos da classificação, traduzindo
em linguagem codificada o assunto dos documentos”. A linguagem codificada é
o ponto chave para a qualidade de uma notação e, consequentemente, para
um sistema de classificação consistente, que deve, por sua vez, permitir ao
usuário o acesso aos documentos. Portanto, além de representar os assuntos
definidos nos esquemas de classificação, as notações devem,
simultaneamente, conceder uma ordenação lógica às coleções de documentos.
A notação deve representar não apenas o assunto dos documentos,
como também a particularidade do universo dos assuntos, o que significa ter
uma visão geral sobre o todo organizado, incluindo sua ordem lógica e
hierárquica. E nesse sentido, Foskett (1973) afirma que a notação é algo
acrescentado às tabelas e, a sua ordem deve ser clara e evidente. Quando o
autor ressalta a questão de que a notação é algo acrescentado às tabelas,
refere-se que antes da criação da notação já exista o arranjo sistemático, ou
seja, a notação é feita a partir de um arranjo sistemático, com o intuito de ser
um espelho desse arranjo. Porém, deve-se atentar para o fato de que uma
notação deficiente pode prejudicar uma tabela boa, pois a “notação não faz a
classificação, embora possa arruiná-la” (BLISS, 1939 apud FOSKETT, 1973).
Essa afirmação demonstra que uma boa notação não salva um esquema
ruim, porém a má notação estraga um esquema bom, visto que a estrutura do
esquema não estará refletida corretamente, o que faz com que o esquema não
seja colocado em prática como planejado. Refletir a estrutura do esquema,
assim como outros critérios referentes à notação, é assunto que será
detalhadamente abordado mais a diante. O segundo ponto ressaltado por
Foskett (1973), refere-se à necessidade da notação ter uma ordem evidente
por si própria, a fim de alcançar seu propósito de facilitar a localização nas
estantes; além de que o sistema de notação deve evidenciar de maneira clara
e lógica a estrutura proposta.
35
Como afirmado anteriormente, a notação é a codificação dos assuntos
ou a tradução desses em linguagem codificada. Sua concretização é realizada
por meio de caracteres, símbolos e sínteses. Entende-se caractere, ou dígito,
cada número, letra ou sinal gráfico empregado na notação. Símbolos são os
conjuntos formados pela união de caracteres; esses já possuem significado e
representam os assuntos num sistema de classificação. Já a síntese é a
combinação de símbolos de várias tabelas (principais e auxiliares), a fim de
representar assuntos compostos e complexos. A síntese também auxilia na
diminuição da extensão das tabelas de classificação além de oferecer maior
detalhamento ao esquema em sua representação. (PIEDADE, 1977)
Percebe-se a importância da notação em um sistema de classificação e,
portanto, faz-se necessário a sua análise para maior entendimento, assim
como a apresentação dos critérios de qualidade a serem utilizados em sua
avaliação. A seguir, os tipos de notação e suas finalidades.
2.1. Tipos de notações
Como visto, notações em sistemas de classificação bibliográfica são
representações dos assuntos dos documentos e o reflexo da estrutura lógica
do arranjo sistemático. Entretanto, isso não significa que todos os sistemas de
classificação se beneficiem dos mesmos tipos de representações e, logo, das
mesmas notações. Relativo às características gerais, dividem-se em dois tipos
de notações: puras e mistas.
Primeiramente, devem-se citar os caracteres de uma notação, pois é
neste aspecto que se diferenciam. Como entendido por Piedade (1977, p. 31),
base da notação é “o conjunto de caracteres empregados na formação dos
símbolos de classificação”; e tais caracteres podem ser números (ordem
decimal ou aritmética), letras (maiúsculas e minúsculas) e sinais gráficos
(ponto, vírgula, aspas, apóstrofe). Notações puras empregam um único
conjunto de símbolos ou caracteres de um único tipo. Já as notações mistas
empregam caracteres de mais de um tipo. Dentro dessas tipologias,
encontram-se denominações mais específicas, como as notações
36
alfanuméricas constituídas por letras e números, numéricas, que contêm
apenas números e alfabéticas, constituídas somente por letras. Cada tipo de
notação possui suas qualidades. A notação pura proporciona a ordem evidente
por si mesma, porém a perda de uniformidade pode ser justificada quando se
busca um maior detalhamento na síntese do assunto. Essas, dentre outras
questões serão abordadas no item sobre critérios para a qualidade de uma
notação.
A escolha do tipo de notação é feita pelo bibliotecário classificacionista a
fim de melhor atender suas necessidades. Porém, um aspecto básico é levado
em consideração nessa escolha, que é o amplo reconhecimento desses
símbolos, de modo a alcançar a ordem clara e evidente. Existem dois conjuntos
de símbolos amplamente reconhecidos, os números arábicos e o alfabeto
romano. Deve-se atentar para o fato de que combinações de letras têm
conteúdo semântico. (FOSKETT, 1973)
Como exemplos de classificações puras, pode-se citar a Classificação
Decimal de Dewey e a Classificação Decimal de Direito, visto que o ponto (.) só
serve para facilitar a leitura, chamado de dígito vazio. Já a notação da
Classificação Decimal Universal é de característica mista, pois possui
algarismos decimais, sinais gráficos, e às vezes, letras e palavras.
2.2. Finalidades das notações
Ao perceber a influência da notação ao sistema de classificação e ao
arranjo sistemático em si, torna-se evidente a atenção que deve ser dada à
escolha da notação e/ou do tipo de sistema de classificação a ser utilizado em
determinado acervo, a fim de melhor atender os objetivos e missões de cada
instituição.
Entretanto, independentemente dessa escolha institucional, a notação
por si só possui suas finalidades. Em outras palavras, a notação possui suas
características próprias (vantajosas ou insuficientes).
Dentre as finalidades da notação estão: traduzir em símbolos os
assuntos; localizar o assunto no acervo ou catálogo; permitir a síntese; mostrar
37
a hierarquia e a estrutura do esquema; remeter o índice as tabelas de
classificação. Em que sua função ou finalidade principal continua a ser a
localização e organização dos documentos e assuntos na coleção, atentando
para o arquivamento dos documentos, visto que tal recuperação só será
possível se forem ordenados de acordo com os símbolos correspondentes aos
assuntos. (PIEDADE, 1977) Ou seja, a notação exerce a função de
endereçamento de cada documento dentro da coleção, permitindo a
correspondência entre o índice alfabético e o arranjo sistemático.
38
CAPÍTULO III
QUALIDADE: CONCEITOS E TEORIAS
Qualidade trata-se de um termo de domínio público, que faz parte do
senso comum das pessoas, ou seja, não é um termo técnico exclusivo, usado
apenas por “entendidos” no assunto. Para Paladini (2009, p. 11), isso implica
dizer
que não se pode definir qualidade de qualquer modo, na certeza de
que as pessoas acreditarão ser este seu significado, porque o termo é
conhecido no dia a dia delas. E até como decorrência do uso comum,
fica claro que qualidade não é um termo empregado em contextos bem
definidos, situações bem particularizadas ou momentos próprios. Ao
contrário disso, qualidade faz parte do cotidiano das pessoas e, por
isso, é empregada nas mais variadas situações.
Devido ao senso comum do termo qualidade, como citado no parágrafo
anterior, estudar teorias e conceitos já reconhecidos torna-se essencial para o
embasamento do presente trabalho.
Para Garvin (2002; p. 59 – 60), o conceito de qualidade pode ser
desdobrado em elementos básicos, como:
▪ Desempenho: refere-se às características operacionais básicas do produto;
▪ Características: funções secundárias do produto, que suplementam seu
funcionamento básico;
▪ Confiabilidade: reflete a probabilidade de mau funcionamento de um produto;
▪ Conformidade: refere-se ao grau em que o projeto e as características
operacionais de um produto estão de acordo com padrões preestabelecidos;
▪ Durabilidade: refere-se à vida útil de um produto, considerando suas
dimensões econômicas e técnicas;
▪ Atendimento: refere-se à rapidez, à cortesia, à facilidade de reparo ou
substituição;
▪ Estética: refere-se ao julgamento pessoal e ao reflexo das preferências
individuais;
39
▪ Qualidade percebida: refere-se à opinião subjetiva do usuário acerca do
produto.
Realizando um paralelo entre as notações e os elementos básicos
elencados por Garvin, pode-se observar que os critérios de: desempenho,
características, confiabilidade, conformidade, durabilidade e atendimento
devem estar presentes também em uma notação de qualidade. Ainda que os
critérios apresentados por autores da área de Biblioteconomia tenham outras
nomenclaturas, percebe-se a semelhança entre os conceitos.
Quanto a definição de qualidade, existem cinco abordagens principais:
transcendental, baseada no produto, baseada no usuário, baseada na
produção e baseada no valor. (GARVIN apud MARSHALL JR; 2010, p. 35). As
abordagens serão detalhadas a seguir, mas cabe ressaltar que as notações em
um sistema de classificação, além de terem a função de representar o universo
dos assuntos, elas buscam a qualidade baseada no usuário, em suas
necessidades e sua forma de ver a organização do conhecimento.
Transcendental
Definição: qualidade é sinônimo de excelência inata. É absoluta e
universalmente reconhecível.
Dificuldade: pouca orientação prática.
Referenciais teóricos:
Uma condição de excelência que implica ótima qualidade, distinta da má
qualidade [...] qualidade é atingir ou buscar o padrão mais alto em vez de
se contentar com o malfeito ou fraudulento. (TUCHMAN apud MARSHALL
JR; 2010, p. 35).
Qualidade não é uma ideia ou uma coisa concreta, mas uma terceira
entidade independente das duas [...] embora não se possa definir
qualidade, sabe-se o que ela é. (PIRSIG apud MARSHALL JR; 2010, p.
35).
40
Baseada no produto
Definição: qualidade é uma variável precisa e mensurável, oriunda
dos atributos do produto.
Proposição: melhor qualidade só com maior custo.
Dificuldade: nem sempre existe uma correspondência nítida entre os
atributos do produto e a qualidade.
Referenciais teóricos:
Diferenças de qualidade correspondem a diferenças de quantidade de
algum ingrediente ou atributo desejado. (ABBOTT apud MARSHALL
JR; 2010, p. 35).
Qualidade refere-se às quantidades de atributos sem preço presentes
em cada unidade do atributo com preço. (LEFFLER apud MARSHALL
JR; 2010, p. 36).
Baseada no usuário
Definição: qualidade é uma variável subjetiva. Produtos de melhor
qualidade atendem melhor aos desejos do consumidor.
Dificuldade: agregar preferências e distinguir atributos que
maximizam a satisfação.
Referenciais teóricos:
Qualidade consiste na capacidade de satisfazer desejos. (EDWARDS
apud MARSHALL JR; 2010, p. 36).
Na análise final de mercado, a qualidade de um produto depende de
até que ponto ele se ajusta aos padrões de preferências do
consumidor. (KUEHN e DAY apud MARSHALL JR; 2010, p. 36).
Qualidade é adequação ao uso. (JURAN apud MARSHALL JR; 2010,
p. 36).
Baseada na produção
Definição: qualidade é uma variável precisa e mensurável, oriunda do
grau de conformidade do planejado com o executado. Esta
abordagem dá ênfase a ferramentas estatísticas (controle do
processo).
41
Ponto fraco: foco na eficiência, não na eficácia.
Referenciais teóricos:
Qualidade [quer dizer] conformidade com as exigências. (CROSBY
apud MARSHALL JR; 2010, p. 36).
Qualidade é o grau em que o produto específico está de acordo com o
projeto ou especificação. (GILMORE apud MARSHALL JR; 2010, p.
36).
Baseada no valor
Definição: abordagem de difícil aplicação, pois mistura dois conceitos
distintos: excelência e valor, destacando os trade-off qualidade x
preço. Esta abordagem dá ênfase à Engenharia/Análise de Valor-
EAV.
Referenciais teóricos:
Qualidade é o grau de excelência a um preço aceitável e o controle da
variabilidade a um custo aceitável. (BROH apud MARSHALL JR; 2010,
p. 36).
Qualidade quer dizer o melhor para certas condições do cliente. Essas
condições são: a) o verdadeiro uso; b) o preço de venda do produto.
(FEIGENBAUM apud MARSHALL JR; 2010, p. 36).
Ballestero-Alvarez em sua obra “Gestão de qualidade, produção e
operações” (2012) apresenta um resumo da evolução do conceito de qualidade
ao longo do tempo e a abordagem teórica dos principais precursores da escola
da qualidade, transcritos nas tabelas a seguir.
42
Tabela 1: Resumo da evolução do conceito de qualidade ao longo do tempo. (BALLESTERO-ALVAREZ, 2012, p. 98)
ÉPOCA FOCO FATO GERADOR
QUALIDADE ÊNFASE INSTRUMENTOS
1950 PADRÃO Produção em massa
Atendimento aos padrões estabelecidos no projeto do produto.
Interna, dentro da empresa; importância dada aos interesses do fabricante e produtor.
● Padronização ● Inspeção ● Controle estatístico do processo
1960 USO Consumidor Atendimento do uso que o
consumidor pretende para o
produto oferecido.
Externa, o cliente é o mais importante; deve
atender os interesses do consumidor.
● Pesquisa de mercado ● Análise de tendências ● Início do envolvimento interfuncional na empresa ● Estrutura matricial
1970 CUSTO Crise do petróleo
Atendimento do mercado consumidor com custos de produção mais baixos.
Interna, dentro da empresa; início do controle do processo.
● Controle total de qualidade ● Círculos de controle de qualidade ● Novas práticas de qualidade
1980 DESEJO Mudanças sociais e políticas
Antecipar-se às necessidades do cliente.
Externa, o cliente é o mais importante; integração; competição.
● Gestão do processo ● Sondagens de mercado ● Controle da qualidade gerencial ● Novas aplicações ● Novas formas de estruturas organizacionais
1990 INVESTIDOR Globalização Reconhecimento do valor do produto.
Mista: interna, dentro da empresa; externa, a economia global.
● Todas as anteriores ● Análise global ● Decisões estratégicas ● Importância das
43
pessoas ● Preocupação ambiental ● Quebra de paradigmas
2000 STAKEHOLDER Organização que aprende
Foco no funcionário. Foco no cliente.
Mista: interna, dentro da empresa; externa, a economia global; ambiental e a responsabilidade social.
● Todas as anteriores ● Gestão de consórcios de empresas ● Produção enxuta ● Seis sigma
Tabela 2: Síntese das abordagens teóricas dos principais precursores da escola da qualidade.
(BALLESTERO-ALVAREZ, 2012, p. 105)
VISÃO QUALIDADE SER HUMANO DE SISTEMA GERÊNCIA APOIO
Feigenbaum
▪ Clientes exigem; ▪ Espelhada nas especificações de todas as etapas; ▪ Processos compatíveis às exigências.
Conscientização da contribuição individual para o resultado final da qualidade.
Forte estrutura técnica e administrativa. Procedimentos detalhados.
Gerência de especialistas, responsáveis pela qualidade alcançada.
Sistema de qualidade estruturado.
Deming
▪ Entender perfeitamente as necessidades do cliente; ▪ buscar resultados homogêneos; ▪ buscar medidas de previsão que eliminem as variações.
▪Comprometimento e conscientização. ▪Motivação via integração. ▪ Identidade de objetivos entre a empresa e o funcionário.
▪ Definição das necessidades do cliente. ▪Aprimoramento dos processos. ▪ Melhoria contínua. ▪ Transferência dos resultados aos clientes.
Responsável pela liderança e coordenação de esforços.
Controle estatístico do processo.
▪ Percepção adequada das necessidades
Comprometimento com a qualidade
▪ Características do produto para satisfação do
Responsável
Metodologia
44
Juran
do cliente. ▪ Melhorias efetuadas a partir dos níveis já alcançados.
em todos os níveis. Total envolvimento.
cliente. ▪ Aprimoramento constante. ▪ Equipes interfuncionais. ▪ Compromisso com os níveis de qualidade já atingidos.
pelo planejamento, controle e melhoria da qualidade.
para solução de problemas.
Ishikawa
▪ Percepção das necessidades do mercado. ▪ Satisfação total dessas necessidades. ▪ Adequação dos produtos. ▪ Resultados homogêneos.
▪ Valorização total do ser humano. ▪ Qualidade é inerente ao ser humano. ▪Comprometimento com a qualidade de vida tanto individual quanto social.
▪ Inicia com o projeto do produto. ▪Desenvolvimento de novos produtos. ▪Aperfeiçoamento contínuo com o uso de relações. ▪ Garantia de qualidade ao cliente.
Orientar e ensinar as pessoas que trabalham ao seu redor.
Sete ferramentas básicas.
Taguchi
▪ Desde o momento do design do produto. ▪ Reconhece a qualidade como um assunto social e não apenas da empresa
Considerada uma abordagem fraca no que diz respeito ao ser humano.
Difícil de efetuar o controle de sistema quando se refere a intangíveis, como serviços.
Controle desenvolvido por especialistas, em vez dos gerentes ou operários.
Controle estatístico do processo.
Crosby
▪ Satisfação do cliente define as especificações do produto. ▪ Cumprimento total das especificações.
Comprometimento, conscientização, comunicação e motivação conseguidas através de recompensas diversas.
▪ Envolvimento de toda a empresa. ▪ Metas de qualidade estabelecidas e com avaliações frequentes. ▪ Custos são o elemento chave para definir áreas com problemas
Responsável pela disseminação das metas de qualidade e do controle.
Planejamento e controle da qualidade. Sistema de comunicação.
45
Tabela 3: Análise das forças e fraquezas das abordagens da qualidade. (BALLESTERO-ALVAREZ, 2012, p. 106)
AUTOR PONTOS FORTES PONTOS FRACOS
FEIGENBAUM
● Fornece abordagem
total ao controle de
qualidade.
● Enfatiza a importância
da administração.
● Inclui ideias de
sistemas sociotécnicos.
● Promove a
participação de todos os
funcionários.
● Não diferencia os diversos contextos da qualidade. ● Não reúne as diferentes abordagens administrativas.
DEMING
● Fornece lógica sistemática e funcional que identifica estágios de melhoria da qualidade. ● Enfatiza que a administração antecede a tecnologia. ● Liderança e motivação são vistas com importância acentuada. ● Valoriza os métodos estatísticos e quantitativos. ● Diferencia cultura oriental da ocidental.
● Plano metodológico e princípios de ação vagos. ● Abordagem de liderança e motivação é vista como personalizada. ● Não trata situações políticas ou coercitivas.
JURAN
● Enfatiza necessidade de abandonar a euforia exagerada e os slogans. ● Destaca a importância do papel do consumidor interno e do externo. ● Destaca a importância do envolvimento e comprometimento da administração. ● Forte em sistemas de controle.
● Não se relaciona com outras teorias de liderança ● Rejeita iniciativas participativas. ● Fraco nas dimensões humanas nas empresas.
ISHIKAWA ● Ênfase na importância ● Método de solução de
46
Após o levantamento bibliográfico apresentado, percebe-se que há um
elemento comum em todos os aspectos analisados; trata-se da busca pela
melhoria, da ênfase na inovação e da prioridade à evolução.
O caminho mais seguro para se definir qualidade é através da política de
qualidade, que deverá estar de acordo com a missão, visão e objetivos da
empresa e/ou instituição. Tal política pode incluir mais de uma das abordagens
indicadas, ou no caso das classificações bibliográficas, focar em mais de um
dos critérios de qualidade.
da participação das pessoas para solucionar problemas. ● Composto de técnicas estatísticas e de orientação para as pessoas. ● Inicia a ideia dos círculos de controle de qualidade.
problemas visto como simplista. ● Transposição de ideias para ação pelos círculos de qualidade inadequada
TAGUCHI
● Qualidade desde o design. ● Qualidade é tema social e não apenas organizacional. ● Métodos desenvolvidos por engenheiros práticos e não apenas por teóricos. ● Forte em controle do processo.
● Difícil aplicar quando desempenho é difícil de medir, como no caso de serviços. ● Controle feito por especialistas. ● Fraco para motivar e administrar pessoas.
CROSBY
● Método claro e fácil de seguir. ● Participação do trabalhador é vista como fundamental. ● Convincente ao explicar a realidade e motivar as pessoas a iniciarem os projetos de qualidade.
● Culpa os trabalhadores pelos problemas. ● Enfatiza o óbvio. ● Desconhece dificuldades. ● Evita riscos.
47
CAPÍTULO IV
CRITÉRIOS DE QUALIDADE
O ponto decisório na escolha do sistema de classificação é atender da
melhor forma as necessidades dos usuários, a fim de cumprir os objetivos da
instituição. Para isso, opta-se por um sistema que facilite a recuperação e
organização dos documentos. Entretanto, qual sistema utilizar? Quais os
critérios devem ser considerados nessa escolha?
Na tentativa de responder tais questões, pode-se pensar nos objetivos e
missão da instituição, necessidades e tipos de usuários, tipo do acervo e os
suportes encontrados, dentre outros fatores. No entanto, como citado
anteriormente, uma “notação não faz a classificação, embora possa arruiná-la”
(BLISS, 1939 apud FOSKETT, 1973). A partir desse aspecto, deve-se
direcionar atenção também para a escolha de um sistema de classificação.
A seguir serão apresentados os critérios estabelecidos por Foskett
(1973) e Piedade (1977) para uma notação de qualidade e, com isso, torna-se
possível analisar as classificações bibliográficas.
Tais critérios buscam alcançar determinadas qualidades, a fim de evitar
os ruídos na recuperação de informações. Dentre essas qualidades estão: a
ordem evidente dos assuntos, de forma clara e automática; permitir revelar
integralmente o assunto do documento; ser hospitaleira; ser flexível em sua
estrutura; ser expressiva; ser mnemônica e; ser breve e simples.
Essas são algumas das qualidades que uma notação deve possuir, e
com base nelas, os critérios foram desenvolvidos para garantir uma notação
que reflita da melhor maneira o arranjo sistemático.
4.1. Simplicidade
Como primeira qualidade a ser estudada está a simplicidade, que
segundo Foskett (1973) significa ser de fácil apreensão pela mente. Tal
qualidade independe da extensão ou caracteres utilizados na notação,
48
referindo-se apenas a facilidade em apreender os símbolos. Com definição
semelhante, Piedade (1977) utiliza o termo facilidade como uma qualidade que
se refere a ser fácil de lembrar, falar ou escrever. Na presente análise entende-
se simplicidade e facilidade como termos sinônimos e complementares, visto
que por ser fácil de lembrar, falar ou escrever torna a notação de fácil
apreensão pela mente.
4.2. Brevidade
A segunda qualidade é a brevidade, referindo-se diretamente a extensão
da notação. Piedade (1977) e Foskett (1973) concordam ao ressaltar a estreita
relação da brevidade com a simplicidade, apesar de chamar atenção para suas
diferenças, ao analisar que em igualdade de condições, uma notação breve é
mais fácil de ser apreendida do que uma extensa; entretanto, ambas as
características não são dependentes entre si. Para que a notação de um
sistema de classificação alcance a brevidade, primeiramente, depende de dois
fatores que são: a base da notação e a distribuição dos assuntos. No que diz
respeito à base da notação está na razão inversa a sua extensão, ou seja,
quanto maior a base menor será a notação. E quanto à distribuição dos
assuntos se faz referência aos assuntos estáticos e dinâmicos, visto que ao se
criar um sistema de classificação deve-se prever ou ao menos tentar
acompanhar o surgimento de novos assuntos e com isso, pelo menos a
princípio, proporcionará uma notação extensa, o que com o passar dos anos,
continuará a se desenvolver apenas para os assuntos dinâmicos.
Outro ponto que afeta a brevidade é a síntese da notação, ou seja,
combinações para especificar um assunto composto. Pode-se perceber
claramente este fator através da CDU, por exemplo, em que para se alcançar
uma classificação detalhada, formam-se extensas notações, que por sua vez
dificultam a memorização. Como afirmado por Foskett (1973, p. 127), a “CDU é
o único esquema suficientemente minucioso” para sintetizar assuntos
compostos, entretanto cabe a cada instituição escolher as características das
49
notações mais relevantes para o acervo e seus usuários, visto que ao detalhar
a notação, a brevidade será eliminada.
4.3. Memorabilidade
Ao abordar o fato que extensas notações, geralmente, dificultam a
memorização alcançamos a terceira qualidade importante para um sistema de
classificação, que é a memorabilidade e os meios mnemônicos. A mnemômica
diz respeito à associação de ideias, a memorização dos símbolos da notação, e
é dividida em dois tipos: sistemáticas e literais.
Os recursos mnemônicos sistemáticos, segundo Piedade (1977, p. 42),
dizem respeito ao mesmo símbolo ser “utilizado para representar ideias iguais
ou semelhantes, que, pela associação, facilitam guardar e compreender”. Ou
seja, refere-se a mesma notação, como o mesmo significado, independente de
onde ocorra. Na CDU pode-se encontrar esse recurso na classe de História,
por exemplo, utilizando o auxiliar geográfico: (81) significa o auxiliar de lugar
Brasil, ao se acrescentar o número 9 torna 981 que significa História do Brasil,
e se acrescentar 91, o 9181 refere-se a Geografia do Brasil, ou seja, através
desse recurso mnemônico, o símbolo 81 nos exemplos sempre faz referência
ao Brasil.
Por sua vez, as mnemônicas literais são recursos utilizados em
classificações alfabéticas, que segue a teoria de que ao utilizar as letras iniciais
dos termos na notação de um assunto, torna-se um fator que auxilia na
memória e associação de símbolos. Entretanto, cabe ressaltar, a especificidade
do idioma, visto que tal ajuda na memorização só terá real significado nos
lugares em que se fala a língua utilizada no sistema de classificação; para
qualquer outro país será apenas mais um símbolo, não servindo para o
propósito primário desta qualidade. (FOSKETT, 1973 ; PIEDADE, 1977)
Os recursos para se alcançar a memorabilidade, apesar de serem
aspectos consideráveis na notação, têm um valor duvidoso ao analisar a
prática de recuperação das informações, visto que para um usuário que não
frequente assiduamente a biblioteca dificilmente irá perceber tal ajuda ou até
50
mesmo fazer associações ao ter em mãos a notação do assunto de interesse,
enquanto que um classificador ou bibliotecário, por exemplo, recordam grande
parte das notações, independentes de serem mnemônicas, devido o uso
constante. (FOSKETT, 1973)
No entanto, apesar deste contraponto, devem-se pesar os fatores que
contribuem para a memorabilidade e na medida do possível buscar alcançar
essa qualidade, uma vez que um sistema simples e de fácil apreensão é mais
bem aceito e reconhecido; porém, salientando o fato de se observar as
qualidades desejadas no sistema de classificação antes de se iniciar quaisquer
modificações nas tabelas.
4.4. Hospitalidade
Considerada por Foskett (1973) como a qualidade mais importante para
uma notação, a hospitalidade é entendida como a acomodação ou acréscimo
de novos assuntos em qualquer ponto da tabela que se julgar necessário, de
forma a não interferir na estrutura lógica do sistema de classificação ou em sua
ordem geral.
Ser hospitaleira é vista como uma qualidade essencial devido ao próprio
conhecimento que as notações representam, que não são estáticos, mas sim
dinâmicos. Permite-se tal inclusão na tentativa de acompanhar a evolução do
conhecimento e, com isso, atualizar os sistemas de classificação já existentes.
Outro ponto a ser destacado refere-se a inserção desses novos assuntos na
posição correta do esquema, a fim de não interferir em sua expressividade,
qualidade esta que será melhor examinada no item 4.6.
A fim de alcançar a hospitalidade da notação, Foskett (1973) apresenta
como uma solução a inclusão de intervalos ao longo do esquema, ainda na
fase inicial de sua elaboração, o que, no entanto, só adiará o dia em que se
esgotarão esses locais. E outra questão ao se deixar tais intervalos é a
dificuldade de prever em quais áreas do conhecimento surgirão novos assuntos
e, consequentemente, em quais partes da tabela esses assuntos serão
inseridos, o que não necessariamente coincidirá com os intervalos deixados a
51
priori. Essa situação ainda pode ocasionar que assuntos sejam inseridos nos
intervalos e não nas posições corretas das tabelas sistemáticas dos esquemas
de classificação, distorcendo a ordem evidente necessária a esses esquemas.
Foskett (1973) ressalta a facilidade proporcionada pela utilização de
números decimais ao se incluir novos assuntos em qualquer ponto do
esquema, apoiando a hospitalidade do esquema. Também afirma que os
números decimais são os responsáveis pela aceitação dos esquemas mais
adotados, como por exemplo, a CDD. Entretanto, pode-se perceber que o
aspecto decimal da notação não é suficiente para garantir sucesso e alcance
dessa qualidade.
Após a apresentação anterior, baseada nas ideias de Foskett (1973)
depara-se com uma divergência conceitual ao se examinar Piedade (1977, p.
34), que entende hospitalidade como “a capacidade de permitir as divisões
necessárias”. Ou seja, enquanto Foskett (1973) defende a ideia de inclusão de
novos assuntos, na posição correta na tabela; Piedade (1977), por sua vez,
entende apenas como uma forma de subdividir as classes quando necessário,
com o foco na estrutura da tabela e, em nenhum momento, ressaltando para a
inserção de assuntos novos, até porque Piedade (1977) define esta qualidade
como flexibilidade, que será examinada com mais atenção no item 4.5.
Apesar de conceituações contraditórias quanto à definição de
hospitalidade, ambos os autores conversam ao apresentar dois tipos de
hospitalidade, que são em série e em cadeia. A hospitalidade em cadeia diz
respeito à subdivisão do mais geral para o mais específico; enquanto que a
hospitalidade em série ou em fileira refere-se à representação de assuntos
correlatos ou os vários focos de uma mesma faceta. Na prática, pode-se
entender que a hospitalidade em série permite o aumento quantitativo, no
entanto, perde-se expressividade. Enquanto que hospitalidade em cadeia
valoriza a hierarquia do esquema. (FOSKETT, 1973 ; PIEDADE, 1977).
4.5. Flexibilidade
52
Outra qualidade importante para uma notação classificatória, a
flexibilidade é entendida como a possibilidade de alterar a ordem de citação e
de intercalação, a fim de melhor adaptar o arranjo sistemático a cada
necessidade. (FOSKETT, 1973)
Entende-se ordem de citação como a própria sequência já
preestabelecida e arbitrária indicadas pelos sistemas de classificação para se
montar a notação de um assunto; enquanto que a ordem de intercalação é a
inversão da ordem de citação, a fim de indicar o ponto mais relevante do
assunto, colocando-o no início da notação, o que se deve ter cuidado para
evitar ambiguidade ou até mesmo fazer referência para um assunto já existente
que não seja o escolhido. Ressalta-se, porém, que uma vez feita determinada
escolha, deve-se eliminar as demais alternativas (FOSKETT, 1973).
Semelhante ao que foi observado no item anterior, no que se refere à
flexibilidade, Piedade (1977) também apresenta ideia diferente da de Foskett
(1973). Para Piedade (1973, p. 37), flexibilidade ou expansibilidade é a
“capacidade da notação de permitir a inserção de novos assuntos nos pontos
adequados, sem alterar a ordem existente”. A autora ainda classifica dois tipos
de flexibilidade, que são: a extrapolação, ou seja, quando a inclusão de novos
assuntos ocorre no início ou no fim de uma determinada sequência, e;
interpolação, quando exige-se a inclusão no meio da sequência.
Visando a alcançar maior flexibilidade, Piedade (1977) apresenta duas
formas comumente utilizadas, que são: deixar símbolos vagos ao longo do
esquema de classificação e a utilização de novos tipos de caracteres. Também
ressalta o uso de indicadores de facetas, como os sinais gráficos da CDU, para
representar as subdivisões de assunto segundo determinada característica,
como tempo e lugar, por exemplo.
Observa-se que, apesar de denominar contrariamente os termos,
Foskett (1973) e Piedade (1977) apenas invertem as definições e explicações
de flexibilidade e hospitalidade. Ambos têm ideias semelhantes e
complementares, porém se utilizam de nomenclaturas divergentes na
denominação das qualidades.
Ao se deparar com tal situação, vê-se a necessidade da utilização de
definição em cada conceito, assim como, deixar claro sob qual ponto de vista a
53
presente análise será realizada, a fim de evitar dificuldades no entendimento e
aplicação das qualidades na análise das notações.
4.6. Expressividade
A expressividade é a qualidade referente à estrutura do esquema, ou
seja, para que uma notação seja expressiva esta deve refletir a estrutura do
esquema, a subordinação e o relacionamento entre os assuntos. Esta
qualidade, também conhecida como estrutural ou hierárquica, auxilia o usuário
a se localizar na ordem sistemática do sistema de classificação. (FOSKETT,
1973 ; PIEDADE, 1977).
Ao se estudar as qualidades aqui apresentadas, entende-se que quanto
mais qualidades uma notação contemplar, mais eficiente será a representação
dos assuntos do sistema de classificação .
Cabe destacar a necessidade de sempre considerar o aspecto temporal
e até mesmo cultural do momento da criação de um sistema, antes de se
criticar ou mesmo julgar o valor intelectual do esquema em questão. Afinal,
qualquer arranjo sistemático exigirá revisão com o passar dos anos, a fim de se
manter a par do aumento dos conhecimentos, e pode muito bem acontecer que
em certas áreas o conhecimento cresça tão rapidamente que não possamos ter
a esperança de acompanhá-lo e ainda conservar uma notação conveniente
(FOSKETT, 1973, p. 126).
De qualquer forma, manter a estrutura do universo dos assuntos refletida
e representada corretamente num esquema de classificação torna-se uma
tarefa árdua ao se incluir novos assuntos com o passar do tempo. No entanto,
esta atualização é vital para o sucesso do esquema e, segundo Foskett (1973,
p. 132), a “hospitalidade é mais importante que a expressividade”. Porém, na
tentativa de amenizar esse problema e manter refletida a estrutura, existem
dois dispositivos que buscam alcançar a expressividade do esquema.
O primeiro é o dispositivo de setor, que consiste em repetir o dígito final
da base da notação, além de permitir fazer acréscimo no fim do conjunto de
classe, mas não no meio. E o segundo dispositivo é a notação em grupo ou
54
notação centesimal, em que se acrescentam dois dígitos, ao invés de um dígito
do primeiro dispositivo, proporcionando uma base mais extensa no início.
Esses dispositivos permitem “indicar um número muito maior de tópicos como
sendo de categorias equivalentes” (FOSKETT, 1973, p. 133). Entretanto, tais
dispositivos também têm suas limitações, visto que esses acréscimos só
podem ser feitos se o esquema dispuser de lacunas nos lugares apropriados.
Apesar do possível conflito com a hospitalidade explicado anteriormente,
os argumentos a favor da expressividade se referem ao fato de que refletir a
estrutura ajuda o usuário a se localizar no arranjo sistemático, indicando a
ordem dentro da sequência. E optar por uma ou outra qualidade e julgar sua
relevância são decisões de cada instituição e seus objetivos.
4.7. Especificidade
A especificidade, como o próprio nome diz, refere-se a uma notação
exclusiva para cada assunto, representando através de símbolos próprios e
inconfundíveis tanto os conceitos simples, quanto os compostos e complexos
(PIEDADE, 1977).
Tal qualidade não é abordada diretamente por Foskett (1973), entretanto
ao dissertar sobre a síntese como fator que influencia na extensão dos
símbolos, o autor complementa esta qualidade apresentada por Piedade (1977)
ao tratar sobre ambiguidade, que neste caso diz respeito à mesma notação
significar mais de um assunto, ou seja, não ser específica.
Foskett (1973, p. 137) argumenta que para eliminar a ambiguidade “o
que temos de fazer é rotular não só os focos dentro de uma faceta, mas
também a própria faceta”. Uma forma de exemplificar tal afirmativa é através
dos indicadores de faceta da CDU, pois mesmo que seja um emprego arbitrário
dos sinais gráficos, tal solução além de evitar ambiguidade, também ajuda a
obter uma classificação mais detalhada e, logo, mais específica.
55
CONCLUSÃO
Dissertar sobre classificações bibliográficas e critérios de qualidade para
as notações classificatórias, em meio a um cenário de avanço tecnológico e
suposições sobre o fim do livro, pode parecer, em princípio, um tanto
conservador ou alheio a quaisquer mudanças nas atividades biblioteconômicas.
Entretanto, aborda-se uma questão conceitual maior, trata-se da representação
do universo de assuntos, necessária a qualquer tentativa de organização da
informação, independente do suporte informacional.
Ao longo da pesquisa, observou-se que uma das maiores dificuldades
das classificações bibliográficas é acompanhar a evolução do conhecimento,
de forma a interferir minimamente na estrutura do esquema. Portanto, ao inserir
os códigos de assuntos na tabela sistemática, a intenção é de garantir a
permanência de uma ordem evidente e fiel ao esquema sistemático. Tais
pontos são essenciais para o sucesso de qualquer sistema de classificação.
A notação foi o fator escolhido para o estudo de qualidade dos sistemas
de classificação. Os critérios utilizados foram os de Foskett (1973) e Piedade
(1977), entretanto, pôde-se perceber, a partir de um levantamento bibliográfico
previamente realizado, a escassez de material de referência no que se refere a
critérios de qualidade ou formas de avaliação de sistemas de classificação e,
mais especificamente, de suas notações. Critérios de avaliação são
necessários em qualquer atividade, a fim de verificar se os objetivos propostos
estão sendo alcançados, além de identificar quais melhorias e alterações
precisam ser realizadas.
Conforme constatado, CDD, CDU e CDDir, apresentam, sim,
preocupações relacionadas à atualização de suas edições, de modo a atender
a demanda informacional dos utilizadores das classificações. No entanto,
pensar apenas na inserção e/ou extinção e/ou realocação de assuntos, sem se
preocupar com a representação do universo de assuntos, pode ser prejudicial à
estrutura e à ordenação do esquema sistemático, consequentemente, suas
notações estarão comprometidas e a organização lógica dos assuntos e
disposição física dos documentos serão afetadas negativamente.
56
Os sistemas analisados apresentam pouca ou nenhuma hospitalidade,
que permita a inserção de novos assuntos ou notações. No entanto, são
esquemas reconhecidos e utilizados por diversas bibliotecas e centros de
documentação. Talvez por praticidade, expressividade ou especificidade, estes
sistemas ainda atendem as necessidades de organização informacional.
Não coube, neste trabalho, o julgamento de cada um dos sistemas de
classificação, com a finalidade de sugerir preferências de um com relação ao
outro. O propósito deste estudo foi elucidar alguns aspectos importantes
relativos à forma com que os esquemas de classificação representam seus
assuntos. Pesquisas desta natureza podem ser aplicadas a outros sistemas de
classificação ou a campos e classes de assuntos, de modo a contribuir para o
conhecimento que se tem sobre a classificação de assuntos especializados.
Além da análise das notações classificatórias, aspectos como eficiência
na recuperação da informação, usabilidade do sistema por parte dos usuários
ou relevância dos assuntos abordados, podem ser aspectos fundamentais para
os estudos de caráter avaliativo das atividades biblioteconômicas, sobretudo,
em investigações sobre classificações de assuntos. A tarefa do bibliotecário e
documentalista é expandir a compreensão da classificação e aprender a usá-la
mais eficazmente na comunicação da informação registrada. Ele deve valorizar
a classificação não como um instrumento, mas como uma disciplina na qual se
estude a reação da resposta de uma mente viva para o registro produzido por
uma mente distante e geralmente desconhecida; uma disciplina que busca
alcançar uma compreensão melhor dos padrões em mudança do pensamento
e os pontos de contato em que eles se relacionam com unidades específicas
de informação registrada.
Por isso, divulgar esta forma de avaliação, apresentando critérios de
qualidade essenciais para uma notação classificatória, por meio da aplicação
desses critérios e comparação da representação dos assuntos de uma dada
área (em diferentes sistemas de classificação), pode se configurar como um
eficiente estudo à área da organização da informação.
57
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ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Biblioteconomia e a classificação de assuntos 10
1.1. Sistemas de classificação 10
1.2. Classificações bibliográficas 11
1.3. Classificações decimais 14
1.3.1. Classificação Decimal de Dewey 15
1.3.2. Classificação Decimal Universal 18
1.3.3. Classificação Decimal de Direito 29
CAPÍTULO II
Notações 34
2.1. Tipos de notações 35
2.2. Finalidades das notações 36
CAPÍTULO III
Qualidade: conceitos e teorias 38
CAPÍTULO IV
Critérios de qualidade 47
4.1. Simplicidade 47
4.2. Brevidade 48
4.3. Memorabilidade 49
4.4. Hospitalidade 50
4.5. Flexibilidade 51
4.6. Expressividade 53
4.7. Especificidade 54
CONCLUSÃO 55 BIBLIOGRAFIA 57 WEBGRAFIA 59
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