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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O PLANEJAMENTO FINANCEIRO COMO ESTRATÉGIA DE
SOBREVIVENCIA DOS MICROEMPREENDEDORES
INDIVIDUAIS.
Letícia Pereira Lima
ORIENTADOR:
Prof. Aleksandra Sliwowska
Rio de Janeiro
2018
DOCUMENTO P
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O PELA
LEID
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EITO A
UTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista em MBA em Finanças e Gestão Corporativa.
Por: Letícia Pereira Lima
O PLANEJAMENTO FINANCEIRO COMO ESTRATÉGIA DE
SOBREVIVENCIA DOS MICROEMPREENDEDORES
INDIVIDUAIS.
Rio de Janeiro
2018
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RESUMO
Este trabalho vem apresentar o perfil do Microempreendedor
Individual no Brasil, com base no Relatório Executivo fornecido pelo Sebrae no
ano de 2017. Esse relatório possui informações coletadas e analisadas por
consultores credenciados e é realizada anualmente, o que permite realizar a
comparação do perfil ano a ano. Também é apresentado um referencial teórico
onde é possível entender sobre os diferentes portes de empresa,
empreendedorismo, estratégia e fatores financeiros.
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METODOLOGIA
Após trabalhar por um período com atendimento ao
Microempreendedor Individual no Sebrae (Serviço de Apoio a Micro e Pequena
Empresa) foi possível perceber a carência de informação que essa classe de
empreendedores possuem, sobre tudo no Estado do Rio de Janeiro, local onde
atuei nos atendimentos. Após essa percepção, iniciou-se uma serie de estudos
baseados nos materiais fornecidos pelo próprio Sebrae, pois anualmente são
feitas pesquisas e conclusões gerais sobre os portes de empresas, sobre as
características dos empreendedores brasileiros, sobre o perfil dos negócios e
dos empresários do Brasil. As pesquisas realizadas pelo Sebrae estão
disponíveis na integra no site da instituição e foi preciso realizar uma longa
leitura e analise das conclusões para se chegar a esse trabalho.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 06
CAPÍTULO I
Porte das Empresas: Micro e Pequena Empresa e o Microempreendedor
Individual 08
CAPÍTULO II
Empreendedorismo 15
CAPÍTULO III
Planejamento 21
CAPÍTULO IV
Administração Financeira 24
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 38
ÍNDICE 40
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INTRODUÇÃO
Com a crise vivida atualmente no Brasil é notório o alto índice de
fechamento das empresas, refletido no alto índice de desemprego no país. Tal
acontecimento está gerando um novo evento, o aumento significativo de novos
empreendimentos. Com isso pessoas que por necessidade ou por ser seu
grande sonho, viram na crise uma oportunidade de abrir o próprio negócio.
É essa a motivação do estudo deste trabalho visto que o histórico de
pesquisas já realizadas dizem que no Brasil há um alto índice de fechamento
de micro e pequenas empresas em seus primeiros anos de vida. Pesquisas
revelam também que o motivo desse fechamento é a falta de planejamento na
abertura desses negócios.
Na ultima pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em 2016 com dados das empresas de
2008 a 2014, concluiu-se que Micro Empresas (ME) criadas em 2012 tiveram
55% de taxa de sobrevivência em 2 anos, o que significa que 45% delas
fecharam suas portas em um prazo de 2 anos. Esse é um índice muito grande
quando comparado a Pequena Empresa (EPP) que teve seu índice de
sobrevivência, no mesmo período, de 98%, ou seja, apenas 2% de taxa de
mortalidade no mesmo período.
Vários foram os fatores citados pelo Sebrae, como por exemplo a
taxa de juros, aumento do PIB, diminuição do desemprego – no período em
analise – aumento do salário mínimo, alteração da Lei Tributária para esse
publico, entre outros. Porém, mesmo considerando todos esses fatores, o
planejamento é um determinante fundamental pois ao prepara-lo é possível
analisar todos os fatores externos que podem influenciar nas decisões e no
sucessos dessas organizações.
Um bom planejamento organizacional pode levar a empresa a
crescer mesmo em meio ao caos. Assim como tomar decisões fundamentadas
elevam as chances de sucesso desses micro e pequenos empreendimentos.
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São as micro e pequenas empresas que movimentam o mercado,
pois elas acirram a concorrência. Com isso o fator planejamento tornou-se
extremamente necessário em seu desenvolvimento e também tornou-se alvo
de muitos estudos nos últimos anos.
Por fim, o mercado alvo deste trabalho serão os
microempreendedores individuais, pois eles possibilitaram uma quantidade
significativa de novos negócios desde a criação da Lei do Microempreendedor
Individual. Através da abertura de micro empreendimentos pessoas físicas que
tinham seus negócios informais passaram a ser tratadas como pessoa jurídica,
tendo um CNPJ, emitindo Nota Fiscal e contribuindo com o INSS, além de
poder participar de licitações e prestar serviços ou vender para o Governo.
Este trabalho está estruturado da seguinte forma: no primeiro
capítulo foram abordadas as diferenças entre Microempreendedor Individual,
Micro e pequena empresa, com base nas Leis que as instituíram. Contempla-
se no segundo capítulo teoria sobre empreendedorismo e a analise realizada
sobre o perfil do empreendedor no Brasil, com base no Relatório Executivo
2017, fornecido pelo Sebrae. No terceiro e quarto capítulos podem ser
conferidos referenciais sobre planejamento estratégico e administração
financeira, respectivamente. O quinto e ultimo capitulo evidencia-se as
conclusões encontradas com esse estudo.
.
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CAPÍTULO I
PORTE DAS EMPRESAS: MICRO E PEQUENA
EMPRESA E MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL
Em 2014, a Micro e Pequena Empresa – ou MPE, como também é
conhecida – já era responsável por 27% do PIB (Produto Interno Bruto) do
Brasil, ou seja, mais de um quarto do total do PIB brasileiro. No setor do
comércio essa porcentagem é ainda maior, 53,4%.
Traduzindo em número mais reais, no mesmo ano uma pesquisa
realizada pelo Sebrae (Serviços Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas) revelou que os valores da produção gerada pelos pequenos
negócios saltaram de R$144 bilhões para R$599 bilhões. Esse é um salto
significativo.
Ainda na mesma pesquisa, foi revelada que no ano de 2014 haviam
cerca de 9 milhões de micro e pequenas empresas no país. Por isso o
comportamento e a manutenção dessas empresas é alvo de muitos estudos. O
que também justifica a existência de uma organização voltada para o cuidado
das Micro e Pequenas empresas, o Sebrae.
Para aumentar ainda mais os números e fomentar a evolução da
economia, em 2006, o Governo Federal criou o Micro Empreendedor Individual.
Essa classe de empresário se tornou muito importante para a economia
fazendo que aquelas pessoas que tinham seus pequenos negócios individuais
se tornassem empresas. A esses Micro Empresários dedicaremos um estudo
exclusivo.
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1.1. Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (LC nº 123, 14 de
Dezembro de 2006)
Tamanha sua importância na economia, esse porte de empresa
possui uma Lei Geral especifica. Essa Lei disserta sobre limite de faturamento,
quantidade de funcionários, limite de compra, entre outras regulamentações.
A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas foi instituída em 2006
principalmente para prevê um tratamento diferenciado e favorecido à empresa
de pequeno porte.
Algumas características foram definidas como específicas para se
enquadrar como Micro ou Pequena Empresa. São elas:
- Faturamento: para se enquadrar como Microempresa (ME) o
faturamento deve ser igual ou inferior a R$360.000,00. Para as empresas que
faturam entre R$360.000,01 e R$4.800.000,00 seu enquadramento se dará nas
Empresas de Pequeno Porte (EPP);
- A tributação é diferenciada. Foi instituído o Regime Especial
Unificado de Arrecadação de Tributos e contribuições devidos pelas Micro e
Pequenas Empresas, o Simples Nacional. Esse Regime implica em um
documento único mensal onde são recolhidos os seguintes impostos: IRPJ, IPI,
CSLL, COFINS, PIS/PASEP, ICMS, ISS e CPP. Não desobrigando do
pagamento de outros impostos como II, IE e FGTS.
● Para se inscrever no Simples nacional existem alguns
requisitos que excedem ao de ser uma Micro ou Pequena Empresa. Existem
requisitos como: o sócio não poderá residir no exterior, as atividades que serão
exercidas devem constar na lista de atividades constantes na legislação, não
pode possuir débito com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
- Entre outras características, do quadro societário não podem fazer
parte empresários que já participem com mais de 10% do quadro societário de
outra empresa ou que faça parte do quadro societário de outra empresa que já
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usufrua dos benefícios dispostos da Lei Geral das Micro e Pequenas
Empresas.
1.2. Micro Empreendedor Individual (MEI)
O Micro Empreendedor Individual foi criado para fomentar a economia
em um momento que o país passava por transformações. O MEI foi criado pelo
Governo Federal para proporcionar – àquele empresário com faturamento
muito baixo – de ter um CNPJ, emitir Nota Fiscal para seus clientes e ser visto
como uma empresa.
Com base na Lei Complementar 128/08 (Lei que instituiu o
Microempreendedor Individual – MEI), seguem os requisitos para se tronar um
MEI:
- Faturamento anual do MEI não pode ultrapassar aos
R$81.000,00, o que significa uma media de R$6.750,00 mensais;
- O MEI não poderá ter mais que 1 funcionário, sendo o salário
deste funcionário igual ao salário mínimo ou o piso da categoria;
- O empresário MEI não poderá participar do quadro societário ou
como administrador de outra empresa, sendo do porte do MEI ou
qualquer outro;
- As atividades devem constar na lista de atividades permitidas
para o MEI. Essa lista encontra-se facilmente no Portal do
Empreendedor na opção “o que o MEI pode fazer”;
Qualquer das opções acima que seja descumprida fará com que o MEI
seja desenquadrado e enquadrado automaticamente como Micro Empresa,
perfazendo o dever de recolher os impostos como tal. Caso seja o
desenquadramento feito pelo próprio empresário a partir da percepção do não
cumprimento dos requisitos, este poderá optar pelo Simples Nacional. Caso
seja desenquadrado pela própria Receita Federal, a opção pelo Simples
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Nacional não será permitida até que o próximo ano-calendário de contribuição
se inicie.
No Brasil existe um grande número de pessoas que trabalham por conta
própria e que, pela alta carga de impostos nacionais, não consegue se
formalizar como empresa perdendo muitos dos benefícios que um CNPJ pode
gerar.
Com essa modalidade de empresário foi possível que muitas pessoas
realizassem o sonho de ter sua própria empresa. De negociar com
fornecedores buscando valores e condições melhores na hora da compra de
produtos e insumos para sua produção.
Além disso também foi possível proporcionar, através do pagamento
mensal do DAS (Documentos de Arrecadação Social) que o
Microempreendedor Individual contribuísse com o INSS contabilizando para
sua aposentadoria. Sendo esse um dos principais motivos pelo qual os
empresários se formalizam como MEI, segundo a Pesquisa realizada pelo
Sebrae “Perfil do Microempreendedor Individual”.
Segundo dados do site DataSebrae, em 2016 os MEIs já eram quase 7
milhões, mantendo o número de 1 milhão de inscritos anualmente. Sendo
339.102 – 5,2% - na Cidade do Rio de Janeiro. E os motivos para sua
formalização são os benefícios do INSS (26%), ter uma empresa formal (26%),
a possibilidade de emitir nota fiscal (12%) e a possibilidade de fazer compras
melhores ou mais baratas (7%). Como é possível verificar no gráfico abaixo
(comparativo entre os anos de 2015 e 2017):
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Ainda segunda a pesquisa fornecida pelo Sebrae, as atividades que
mais se formalizaram até 2017 foi a de artigos de vestuário e acessórios (10%)
seguido por Cabelereiro (7,5%). Segue o gráfico demonstrativo fornecido pelo
DataSebrae, retirado da pesquisa “Perfil do Empreendedor – 2017”:
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Outra informação importante fornecida pela pesquisa é que o MEI tem
preferencias na participação em licitações, essa é uma ótima oportunidade
para MEIs, porém a pesquisa mostra que muitos deles ainda não se
beneficiaram desta oportunidade. Estima-se, pela pesquisa do Sebrae, que
cerca de 86% dos MEIs nunca venderam seus produtos ou serviços para o
Governo.
Ainda segundo a pesquisa, um item muito importante para o estudo
deste trabalho é a formação dos MEIs. Cerca de 38% dos MEIs possuem
apenas o Ensino Médio completo contra 14% com ensino Superior Completo.
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Com o que foi exposto é possível identificar e conhecer um pouco do
que é o MEI. Analises mais especificas serão realizadas na conclusão deste
trabalho.
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CAPÍTULO II
EMPREENDEDORISMO
O empreendedor, segundo Chiavenato (2007), é o centro da
economia. Por isso a importância de dedicar um capitulo a ele.
O termo empreendedor vem do vocabulário francês entepreneur e
significa aquele que assume riscos e começa algo novo.
Segundo a definição encontrada no site do Sebrae Nacional,
empreendedor é “aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, enfim,
aquele que realiza antes, aquele que sai da área do sonho, do desejo, e parte
para a ação”.
Com isso entende-se que o empreendedor em geral é o empresário
que teve uma ideia e juntando suas características e conhecimento traçou e
seguiu seu caminho para fazer dar certo tal ideia.
O Sebrae realiza anualmente um estudo de Empreendedores no
Brasil e no Mundo, é a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), e
anualmente é lançado o Relatório Executivo. Para ter dados mais atualizados,
foi utilizado para esse trabalho o Relatório Executivo de 2017.
Para o GEM existem 3 taxas de empreendedorismo, sendo esses
dados colhidos entre empreendedores que fazem parte da população adulta –
entre 18 e 64 anos. Os tipos de empreendedores considerados para a pesquisa
são:
- Taxa de Empreendedorismo Inicial (TEI): são considerados
aqueles empreendedores que trabalham em negócios que tem de 3 a 42
meses em funcionamento que já pagou salario e pro labore ou não.
- Taxa de Empreendedorismo Estabelecido (TEE): são todos os
empreendedores existentes. Pode-se dizer que é a TAI + TEE.
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Dados curiosos foram revelados no GEM de 2017. No Brasil em 2017, a
taxa Total de Empreendedorismo (TTE) foi de 36,4%. Isso quer dizer que a
cada 100 brasileiros adultos, 36 estão envolvidos em alguma atividade
empreendedora. O que significa cerca de 50 milhões de empreendedores no
Brasil em 2017.
Vejamos o que mostra as tabelas (2016 e 2017) e o gráfico apresentado
pela pesquisa:
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Segundo conclusões apresentadas no GEM 2017, a taxa de crescimento
quase não se alterou. Mas o que foi importante observar é que em 2017,
comparado com o ano de 2016, houve um crescimento, apesar de a taxa de
empreendimentos nascentes ter caído de 6,2% para 4,4%, pois a taxa de 14%
para 16,3%.
Conforme analise realizada pelo Sebrae, esse fato pode ter ocorrido pela
mudança na economia do país em 2017, onde foi possível perceber alguma
melhoria, ainda que muito baixa, sobre no mercado de emprego. Com isso a
taxa de empreendimentos nascentes pode ter caído pelo fato de que muitos
empreendedores iniciaram seus negócios pela necessidade de auto sustento,
já que no país a cada ano a taxa de desemprego só vem aumentando. Uma
esperança de ter um emprego formal já fez com que esses empreendedores
por necessidade abonassem o empreendimento próprio para se dedicar às
empresas que estavam recontratando profissionais.
Outro fator muito interessante revelado nessa pesquisa é o grau de
escolaridade dos empreendedores ativos. Pois o grupo mais ativo de
empreendedores no Brasil possuem apenas o ensino fundamental concluído.
No ano de 2017, 23,9% dos empreendedores com essa escolaridade são
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empreendedores iniciais, contra 14,3% com ensino superior concluído. Sobre
tudo os empreendedores que não possuem nem o ensino fundamental
completo se destacam entre o total de empreendedores, visto que a taxa total
de empreendedorismo está em 41,6% do total de empreendedores, contra
30,7% com ensino superior ou maior que isso. Vejamos o gráfico fornecido pelo
Relatório Executivo de 2017.
Outros fatores também foram revelados nessa pesquisa, porém vamos
nos ater apenas até aqui.
2.1. Características do Empreendedor
Para Chiavenato em seu livro Empreendedorismo: Dando asas ao
Espirito Empreendedor, 2007, existem 3 características básicas do
empreendedor. São elas:
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- Necessidade de Realização;
- Disposição para assumir Riscos;
- Autoconfiança.
Porém para Knight (1980) existem outros fatores que tornam as pessoas
empreendedoras. Nem todos estão buscando algo novo. Para o autor, muitas
pessoas estão fugindo de algo que os incomoda e por isso procuram abrir seu
próprio negócio.
De acordo com Sérgio Diniz (2005), “empreendorismo diz respeito ao
desenvolvimento de um conjunto de características pessoais essenciais para
uma gestão de sucesso: a perseverança, a ousadia, a disciplina, a liderança, a
automotivação, a confiança, o bom-senso, a equidade.”
Se pesquisarmos nas bibliografias não é possível chegar a um consenso
cobre a quantidade das características encontradas em todos os
empreendedores.
Porém em seu curso EMPRETEC, o Sebrae cita e desenvolve as 10 seguintes
características:
- Busca de Oportunidades e iniciativa: o empreendedor que possui essa
característica se antecipa aos fatos, cria novas oportunidades de negócios e
faz analises sobre o cenário que se encontra;
- Persistência: os empreendedores encontram muitos obstáculos ao
tentarem criar e desenvolver seus negócios, e por isso é preciso persistência
para não desistir quando encontra-los;
- Correr riscos calculados: assumir desafios e responder por eles. Os
empreendedores costumam calcular bem antes de tomar qualquer decisão;
- Exigência de qualidade e eficiência: é a disposição de fazer mais e
melhor;
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- Comprometimento: traz para si a responsabilidade sobre sucesso ou
fracasso. Isso envolve sacrifício pessoal do empreendedor;
- Busca de informações: envolve a pesquisa e estudo constante do
ambiente interno e externo do negócio. Olhando os clientes, fornecedores,
concorrentes, pontos fortes e pontos fracos;
- Estabelecimento de metas: é saber se planejar. Saber onde quer
chegar e como fazer para chegar;
- Planejamento e Monitoramento Sistemático: planejar os passos de
forma sistemática. Realizando uma tarefa por vez com prazos bem definidos;
- Persuasão e redes de contato: é a forma como o empreendedor se
relaciona com pessoas, a fim de realizar seus objetivos;
- Independência e autoconfiança: confia no sucesso do negócio, dessa
forma confia em suas atitudes, habilidades e conhecimentos;
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CAPÍTULO III
PLANEJAMENTO
“O planejamento inicia o processo administrativo, fundamentando os
próximos estágios como a organização, a direção e o controle” Chiavenato
(2014). Ele dá a base de uma boa administração.
Ainda conforme Chiavenato (2014), o modo a ser estabelecido para
o alcance dos objetivos traçados no planejamento pode ser chamado de
planos, que se constituem em ações consistentes dentro de uma estrutura
adequada de operações que focalizam os fins desejados. Ou seja, o plano é o
caminho para se chegar a um objetivo.
É notório que muitos autores pesquisam e escrevem sobre o
planejamento e suas variáveis. Há um consenso sobre sua divisão, onde
praticamente todos ao autores identificam 3 tipos de planejamento:
- Operacional (baseado em estratégias de manutenção da empresa,
geralmente tem curto prazo);
- Tático (baseados em estratégias setoriais, geralmente tem médio
prazo);
- Estratégico (baseadas na empresa como um todo, geralmente de
longo prazo);
Para um bom planejamento é necessário que o gestor conheça
todos os planejamentos, mas focaremos agora no planejamento estratégico,
não mais importante, porém mais abrangente.
3.1. Planejamento Estratégico
O planejamento estratégico, tão importante para o micro empresário,
muitas vezes é deixado de lado por falta de conhecimento ou por ter iniciado
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um negócio próprio sem intenção de transformá-lo em uma empresa, por mais
que seja micro.
De acordo com Paulo César F. Montenegro, consultor SEBRAE-SP
(2005):
“O fator mais importante na elaboração do Planejamento Estratégico não é
propriamente a escolha de um modelo formalmente estruturado. O fator mais
importante é que haja aceitação e credibilidade na sua elaboração; que ele conte com
o apoio de todas as lideranças da empresa, enquanto mecanismo que irá nortear as
suas ações durante os próximos anos”.
Por mais que a fala do consultor trate de lideranças essas
palavras devem fazer parte do dia a dia do micro empresário. O Planejamento
estratégico faz com que o micro empresário visite todos os fatores que podem
influenciar no sucesso da empresa, seja ele um fator de marketing, financeiro,
produção, atendimento, planejamento de demanda, etc.
Um bom inicio do planejamento estratégico do negócio é preparar o
Plano de Negócios.
3.1.1 Plano de Negócios
O Plano de Negócios é o planejamento detalhado do negócio ou da
inovação que se pretende realizar. O plano de negócios “passeia” por todas as
áreas da empresa definindo em detalhes a meta e os planos necessários para
alcançá-las.
“O plano de negócio é o melhor instrumento para traçar um retrato fiel do
mercado, do produto e das atitudes do empreendedor” (Sebrae Nacional – 2017).
Na elaboração do plano de negócios o gestor deve dispor de todas
as informações desde o momento atual até o futuro da empresa. Podendo o
plano ser refeito e modificado sempre que necessário. O Plano de Negócios
não se trata de um plano “engessado” onde o que foi planejado deve ser
cumprido até o final. Ele é utilizado como norteador dos passos, projetos,
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planos e ação se deve acompanhar a mudança e atualização do que acontece
no ambiente interno e externo da empresa.
3.2. Planejamento Financeiro
Uma das falhas mais críticas na empresa criada pelo
Microempreendedor Individual é a falta de conhecimento para aplicação das
ferramentas e estruturas existentes na Gestão Financeira. É conhecido que as
dificuldades de estabilidade do microempreendedor ocasionam,
frequentemente, a política de gestão de pagamento de despesas, e, caso haja
lucro, é direcionado estritamente ao retorno do empresário, sem a preocupação
de investimentos futuros. Gestão de pagamento de despesas deve ser
entendido como a política adotada por muito microempresários de se utilizar
dos recursos recebidos unicamente para o pagamento das obrigações e a
utilização dos recursos excedentes como lucro do micro-empresário. A falta de
preocupação em investimentos futuros é falha grave em um mercado onde
competição e concorrência são situações cotidianas. Estar atento sempre às
tendências de mercado e à concorrência não é responsabilidade e obrigação
apenas da Administração Estratégica, mas também da Administração
Financeira.
Além disso há uma grande dificuldade desse tipo de empresário
separar o que é dinheiro da empresa do dinheiro próprio, passando por
despercebido do principio contábil da Entidade. Tal principio diz respeito
exatamente à separação do patrimônio particular do patrimônio da empresa.
Patrimônio pode entende-se como dinheiro, despesa e tudo o que
envolvem bens próprios e empresariais.
A falta de conhecimento de tal principio e a necessidade de acabar
com dividas em um curto prazo muitas vezes faz com que os
microempreendedores tomem esse caminho de erro, onde o lucro de seu micro
negócio se perde e em muito pouco tempo o leva a falência.
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CAPÍTULO IV
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Imprescindível a qualquer empreendimento, a Administração
Financeira traz informações, dados relevantes e fatos que determinam, na
grande maioria das vezes, a tomada de decisões. Administração Financeira é a
gestão adequada conforme os padrões de cada empresa, dos recursos
financeiros (capital, investimentos...), a fim de se atingir os objetivos
premeditados pela Administração Estratégica.
A Gestão Financeira é diretamente responsável pelo futuro do
empreendimento. Seu bom gerenciamento levará a empresa ao contínuo
sucesso, ou, por outro lado, sua gestão despreparada poderá ser responsável
pelo fracasso e fechamento do negócio. Portanto é de extrema importância seu
planejamento, gestão e controle.
4.1. Fluxo de Caixa e Orçamento
O fluxo de caixa é uma das ferramentas que devem ser utilizadas
para controle, acompanhamento, organização e planejamento de uma empresa
seja ela micro, pequena, media ou grande.
No fluxo de caixa devem ser lançadas as entradas e saídas bem
como as previsões baseadas nas informações que o empresário deve ter.
Entende-se por entrada todo valor que a empresa recebe como recurso
financeiro, seja ele vindo dos pagamentos dos clientes, como aporte dos
empresários e recursos fornecidos pelas instituições financeiras. As saídas são
os pagamentos realizados pela empresa, considera-se nesses pagamentos as
contas pagas pela empresa como luz, aluguel, pagamento de fornecedor,
prestação de serviços, salários, impostos, entre outros.
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A importância do lançamento correto do fluxo é a possibilidade de ter
organizado e conseguir entender o que está acontecendo com o dinheiro da
empresa ao longo do tempo. Com ele o empreendedor consegue se programar
e tomar decisões para um futuro próximo ou mais distante.
Existem alguns aplicativos e até sistemas facilmente encontrados na
internet que facilitam o entendimento e confecção de um fluxo de caixa,
bastando o empreendedor realizar os lançamentos e extrair todo o relatório.
Porém uma simples planilha alimentada diariamente já pode ajudar e muito no
preparo do fluxo de caixa e na organização e planejamento financeiro do
negócio.
O orçamento é outro item muito importante, ele é baseado no fluxo
de caixa. O orçamento é o planejamento em si, com ele o empreendedor
consegue verificar o quanto irá entrar e sair de sua empresa em um
determinado tempo.
Geralmente o orçamento tem um tempo determinado onde contem
as previsões de entrada e o planejamento das saídas. Um bom exemplo é a Lei
Orçamentária Anual (LOA) que os governos realizam anualmente. Nela contem
as previsões de entrada de recursos financeiros e a previsão das saídas, o que
será feito com esse dinheiro ao longo de 1 ano.
Com o orçamento muito bem elaborado com base no histórico
concreto feito pelo fluxo de caixa o empreendedor pode tomar decisões futuras
e decisivas para sua empresa. É claro que os imprevistos acontecem,
mudanças de leis, de mercado, a economia do país pode melhorar ou piorar
nesse tempo, mas com um bom planejamento as consequências dos
imprevistos podem ser minimizadas.
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4.2. Alavancagem Financeira e Sistemas de Pagamento
A alavancagem financeira é utilizada por muitos empresários a fim
de levantar recursos financeiros para suas empresas. Ela multiplica a
rentabilidade através de endividamento.
Para entender o conceito de Alavancagem Financeira, primeiro é
preciso saber o que é Capital. Segundo Sá e Sá (1989) “o capital é um fundo
de valores ou conjunto de bens, créditos e débitos colocados a disposição da
empresa, com a finalidade de gerar resultados econômicos”. Ou seja, o capital
é o dinheiro ou tudo aquilo que pode virar dinheiro em curto tempo.
O capital pode ser próprio ou de origem de terceiros. Capital próprio
são os dinheiros gerados pela atividade econômica da empresa, resultante de
suas vendas de produto, bens ou serviços. O capital de terceiros, como o
próprio nome já diz, provem de terceiros, podendo ser de aporte dos
empresários e sócios ou do próprio banco por meio de empréstimos ou
adiantamento de pagamentos.
Contudo, a alavancagem financeira é o processo que emprega
recursos de terceiros com a intenção de estender a taxa de lucro sobre o
capital próprio. Quando se analisa se analisa a alavancagem financeira é
possível verificar qual a importância de capital de terceiros dentro da empresa.
E para isso é preciso conhecer as taxas de juros e analisar o impacto que
essas taxas trarão sobre o negócio.
Com isso é possível verificar que a alavancagem financeira é
utilizada quando a taxa de juros é menor do que a taxa de lucro. Quando é
realizada a analise da possibilidade de utilização de capital de terceiros para
uma determinada operação ou investimento da empresa, é preciso observar
se a empresa é autossustentável e se o investimento trará o resultado que
poderá cumprir com a obrigação adquirida com terceiros, e ainda gerar lucro
para a empresa a fim de remunerar seus acionistas e manter a operação do
negocio.
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Após realizar a analise das taxas é preciso conhecer os sistemas de
pagamento fornecidos pelos bancos. Pois é através desses sistemas de
pagamentos que o valor tomado de terceiros será devolvido com sua devida
remuneração. Atualmente existem o SAC (Sistema de Amortização Constante),
o SAM (Sistema Americano) e o Price. Esses 3 são os mais conhecidos e mais
utilizados.
Seguem os conceitos:
- SAC: é um sistema de amortização dos empréstimos tomados
onde o valor da amortização da divida é constante, divide-se o valor devedor
total pela quantidade de prestações determinadas. O valor da prestação é
formado pelo valor mensal da amortização (que é fixo) somado aos juros
calculados em cima do montante que restou. Com isso o SAC é um sistema de
pagamentos onde o valor das pretações reduzem ao longo do tempo. A maior
prestação será sempre a primeira.
- SAM: é um sistema de amortização que durante todo o período
do empréstimo é feito o pagamento apenas do juros, e o montante do
empréstimo é pago no seu total no final do período negociado. Nesse sistema
de pagamentos a parcela é fixa, pois é pago apenas o valor do juros que é
calculado em cima do montante a ser pago.
- Price: é um sistema de amortização que tem as parcelas fixas,
iguais em todo o período de pagamento. A amortização é feita ao longo do
período negociado, porém é feita aos poucos.
Ao se negociar um empréstimo é preciso verificar além das taxas de
juros, se realmente o valor tomado é necessário para a empresa, qual o
sistema de amortização do valor e principalmente se a empresa é liquida o
bastante para cumprir com esse compromisso.
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CONCLUSÃO
Com base em todo o referencial teórico exposto é possível concluir
que o sucesso de um negócio está diretamente relacionado à tomada de
decisões do empreendedor.
Em atendimentos realizados no Sebrae constantemente é possível
perceber que os microempreendedores individuais buscam informações sobre
empréstimos sem ao menos ter as informações necessárias para uma boa
utilização do dinheiro, bem como se será possível honrar com seus
compromissos assumidos com as instituições financeiras.
Um bom planejamento estratégico faz com que o empresário
repense seu negócio e crie uma estratégia podendo, então, tomar uma decisão
mais embasada sobre ter uma alavancagem financeira ou utilizar recursos
próprios. Além disso, ele consegue perceber qual o rumo seu empreendimento
está tomando prevendo os acontecimentos e se preparando anteriormente.
De certo que, com o relatório executivo fornecido pelo Sebrae, o
GEM, é possível perceber que grande parte dos Micro empreendedores tem o
nível de escolaridade menor que ensino fundamental. O que não diz muita
coisa, pois no mercado, até mesmo no site do Sebrae estão disponíveis
diversos artigos e cursos sobre administração de um negócio. É preciso que
todo empresário, independente do seu porte, busque informação
constantemente para inovar sempre, e estar atualizado sobre as
disponibilidades do mercado para manter saudável seu negócio.
Com uma leve melhoria no cenário econômico do país há uma
probabilidade de que o numero de microempreendedores diminua. A
estabilidade que se espera em ter um emprego formal traz tranquilidade para
aqueles que precisam sustentar suas famílias. Situação que muitos dos
empreendedores não conseguem nos seus primeiros anos de vida. Sobre tudo
quando se trata de um empreendedor que por necessidade de sustento abriu
seu pequeno negócio.
Com isso é possível perceber que nesse momento de recuperação,
os empreendedores que se planejaram estrategicamente a fim de solidificar
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seu negócio terão mais chances de sobrevivência e aproveitarão as
oportunidades oferecidas pelos c clientes que não serão mais atendidos pela
parcela de empreendedores que retornarão ao mercado formal.
Seguindo a Lei da Oferta e da Procura, podemos dizer que, com a
redução de microempreendedores individuais, a probabilidade de que as
instituições financeiras tenham melhores produtos e condições para os MEIs, é
alta. Como dito anteriormente, muitos abrem uma empresa do porte do MEI por
ter facilidade em ter um CNPJ e precisarem de empréstimos para iniciar um
negócio ou usar o recurso para pagamentos de dividas pessoais. Com isso a
demanda fica muito alta fazendo com que as instituições se previnam cada vez
mais aplicando altas taxas de juros, disponibilização de valores insignificantes
para aqueles que buscam recursos para investimento ou até mesmo tornam
inexistentes esse tipo de produto.
A expectativa é que muitas oportunidades surjam para os MEIs e
para isso eles precisam se preparar: estudar sempre e nunca parar de se
planejar e se replanejar a cada objetivo atingido.
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BIBLIOGRAFIA
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Livros
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BUSINESS, June 22, 1980, Anais... Asilomar, CA.
● CHIAVENATO, Idalberto. Empreededorismo: dando asas ao espirito
empreendedor. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
● CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos Novos Tempos. 3.ed.
São Paulo: Manole, 2014.
● SÉRGIO DINIZ. Gerenciar Pessoas. Disponível em
www.sebraesp.com.br. Acesso em 28/06/2005.
Artigos
● PAULO CÉSAR F. MONTENEGRO. Planejamento Estratégico e
Estratégia Empresarial. Disponível em www.sebraesp.com.br. Acesso
em 28/06/2005.
Sites
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complementar-123-2006-Estatuto-Nacional-da-Micro-e-Pequena-
Empresa
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● http://datasebrae.com.br/wp-content/uploads/2018/04/Perfil-do-
Microempreendedor-Individual_2017-v12.pdf
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●
http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/Relat
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● http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_
CHRONUS/bds/bds.nsf/b4607994f241c36ef87a76f233fda2cf/$File/7578.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 RESUMO 03
METODOLOGIA 04 SUMÁRIO 05
INTRODUÇÃO 06
CAPÍTULO I
MICRO E PEQUENA EMPRESA 08
1.1. Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (LC nº 123, 14 de
dezembro de 2006) 09
1.2. Micro Empreendedor Individual 10
CAPÍTULO II
EMPREENDEDORISMO 15
2.1. Características do Empreendedor 18
CAPÍTULO III
PLANEJAMENTO 21
3.1. Planejamento Estratégico 21
3.1.1 Plano de Negócios 22
3.2 Planejamento Financeiro 23
CAPÍTULO IV
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 24
4.1. Fluxo de Caixa e Orçamento 24
4.2 Alavancagem Financeira e Sistema de Pagamentos 26
CONCLUSÃO 28
BIBLIOGRAFIA 29
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