UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ARTE DE PERMANECER CASADO
Por: MARINÊS JOSEFA DE BRITO
Orientador
Prof. FABIANE MUNIZ
Rio de Janeiro
2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ARTE DE PERMANECER CASADO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Pós Graduação Terapia em Família.
Por: Marinês Josefa de Brito
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ser o meu redentor e amigo de todas as horas. A ti Senhor, minha adoração e toda minha gratidão. Ao meu esposo Antônio Carlos dos Santos Silva , por todo amor, dedicação, paciência, incentivo, amparo e orações. Aos meus filhos Luiz Felipe Brito da Silva e Antônio Carlos dos Santos que sempre acreditaram em mim e me incentivaram nessa nova jornada. Vocês são os maiores presentes de Deus para minha vida, obrigada por me fazer mais feliz a cada dia. A minha nora Brenda e minha netinha Antônia que está a caminho. A minha orientadora Fabiane Muniz que foi fundamental na minha formação . Obrigada por todo carinho, apoio e compreensão nas horas tão difíceis. E a todos os meus amigos que, por simplesmente fazerem parte da minha, foram indispensáveis para que eu chegasse até aqui.
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DEDICATÓRIA
Dedico essa pesquisa e esse trabalho a todos os
casais que passaram ou estão passando por
alguma crise ,acredite o casamento é uma arte,
e como arte precisamos aprender a lidar com
ela através das superações.Mas é necessário
que se queira.
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RESUMO
Como manter-se casado e permanecer casado diante de uma sociedade pós-
moderna e contemporânea? O presente trabalho tem como pressuposto pesquisar e
trabalhar o casamento na sociedade pós-moderna, onde infelizmente vemos se instalar o
caos nas famílias e a falta de ajuste familiar. Precisamos rever os nossos conceitos de
família e de casamento, valorizar o respeito e a afetividade dentro dos relacionamentos
conjugais, cultivar o afeto e o respeito (amor) é essencial em um relacionamento
conjugal.
Casamento é feito na união de duas pessoas que vem de culturas diferentes,
visão diferentes de mundo, de conceitos diferentes, mas por se amarem, por terem uma
visão afetiva, querem construir uma nova família, uma nova realidade. A Arte de
permanecer casado é de articulação, de construir um novo relacionamento, que seja
duradouro, que seja refeito a cada dia. Porque é bem mais fácil separar, desistir, trocar,
entrar em outro relacionamento diferente para fugir do problema e nós sabemos que isso
é enxugar gelo, trocar seis por meia dúzia. O essencial é que vale a pena se esforçar ,se
auto desafiar e rever o que realmente está dando errado, e não trocar, mas consertar, e
pra consertar, a gente precisa buscar as ferramentas desse conserto .É necessário saber
identificar os problemas , saber fazer os arranjos e ajustes para esse conserto. Se faz
necessário querer permanecer casado e fazer disso uma missão de vida para um
relacionamento feliz,realizado e duradouro.
Palavras-chaves:Casamento duradouro,união,família
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METODOLOGIA
Os métodos utilizados para essa pesquisa partiu da vivência com famílias e
casais que me procuravam para ajudá-los nos problemas encontrados dentro do
casamento .A partir de literaturas com esse cunho sobre terapia de família pude através
de várias experiências ministrar palestras com casais ,encontros de casais , terapias e
pesquisas de campo.
O tema a arte de permanecer casado sempre foi uma temática instigante para a
pesquisa ,uma vez que vemos famílias se dissolverem por não querer consertar ou
corrigir erros dentro do relacionamento conjugal,daí o desejo de fazer um trabalho dessa
natureza,onde aborda as famílias dentro dos laços do matrimônio.
Nesse trabalho tivemos pesquisa de campo com questionários onde são
abordados temas que prejudicam o relacionamento a dois e como tentar saná-
los.Esperamos que famílias possam ser alcançadas positivamente no sentido de entender
que o relacionamento conjugal é uma arte e que precisamos saber construir suas bases a
cada dia.
A metodologia utilizada no trabalho será efetivada com abordagem sobre a
realidade a qual consideramos qualiquantitativa, e os instrumentos utilizados serão
livros, trabalhos, internet e outras informações que traduzem o referencial teórico como
pesquisa de campo através de questionários. Procurando entender o pensamento dos
autores, para, informados pelas teorias, emitir um parecer pessoal. Partimos em busca de
uma referência bibliográfica e trabalhá-la historicamente.
As metodologias utilizadas no desenvolvimento do respectivo estudo foram: a
pesquisa bibliográfica, internet, revistas e jornais e entrevista social no campo de
atuação. A partir desta metodologia, tentamos alcançar os objetivos propostos pela
pesquisa, através da leitura de alguns autores que discutem a temática “família”,
proporcionando àquele que lê algo que possa ser somado ao seu conhecimento sobre o
tema e/ou transmitir conhecimento para aqueles que desconhecem sobre o mesmo.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................... 08
CAPÍTULO I - CONCEITOS QUE ENGLOBAM A FAMÍLIA..................09 1.1-O que é casamento?.......................................................................09
1.2-O que é família?.............................................................................12
1.3-O que é união? ..........................................................................13
1.4-O que é um lar com afetividade?..................................................16
CAPÍTULO II - PROBLEMAS ENCONTRADOS DENTRO DO CASAMENTO
........................................................................................................................ 24
CAPÍTULO III – COMO DESENVOLVER A ARTE DE PERMANECER CASADO?
.........................................................................................................................31
CONCLUSÃO...............................................................................................36
ANEXOS.......................................................................................................40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA..............................................................41
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INTRODUÇÃO
Ao escrever essa monografia, o que me levou a tal,foi a inversão de valores que
temos visto na sociedade.Antigamente , há uns 20 ou 30 anos atrás,ouvir que alguém
havia se separado era algo abominável,feio de se falar e ouvir.Causava uma certa
estranheza ,porém com o passar dos anos temos tido inversão de valores dentro da
sociedade,quando um casal fala que tem 10,20,ou até mesmo 30 anos de casados parece
uns ET’S, pessoas que não moram e vivem no planeta Terra.
O censo do ano de 2002 dizia que a duração média dos casamentos era de 10,5
anos.Quando por ocasião do divórcio,a média de idade dos homens era de 40,7 anos e
das mulheres de 38 anos.Em 80% das dissoluções dos casamentos haviam filhos
menores de 18 anos de idade.As mulheres são normalmente as requerentes da ação:70%
das separações e 55% dos divórcios não consensuais.Por fim o IBGE,nos últimos 10
anos ,o número de divórcios no Brasil aumentou 52%.
Quando crianças, nossos pais tinham hábito de levar os eletrodomésticos para o
conserto ou chamavam o técnico para vir em casa consertar algo que havia quebrado ou
danificado . Nessa sociedade moderna,já não vemos e não temos mais esse
costume,comumente quando algo é destruído ou está quebrado,vamos à loja ,passamos
o cartão ou compramos até mesmo pela internet para não termos trabalho em nos
locomovermos,daí então substituímos os produtos que outrora eram ajustáveis pelos
especialistas .Mas onde quero chegar com tudo isso?As famílias e os casamentos estão
assim,descartáveis como nossos eletrodomésticos, já não damos valor, já não se existe
apego ou afetividade a ponto de fazer lutar por aquilo que antes era almejado.Na balança
atualmente nem mesmo é colocados os pesos para analisarmos as medidas.ou seja,antes
preponderávamos pensando em filhos,familiares,sociedade,agora nada mais importa. O
negócio é substituir,trocar.
Essa pesquisa nos deixa claro que o medo de falarmos sobre casamento e família
é como se fosse areia movediça , por mais que falemos ou defendamos o casamento,
parece que as evidências nos puxam pra baixo nos fazendo desistir,abandonar.
Esse trabalho tem o propósito de esclarecer que famílias bem sucedidas e
casamentos sólidos podem ainda em nossa contemporaneidade existirem,e que o mesmo
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é uma arte,e como arte precisa ser exercitada para ser concretizada com excelência e
maestria.Num primeiro momento abordaremos no primeiro capítulo dando as definições
dos conceitos que englobam a família dentro do casamento como família,união e
afetividade e respeito.No segundo capítulo trataremos sobre problemas encontrados
dentro do casamento .No terceiro capítulo traçaremos características de como
permanecer casado utilizando o mesmo como uma arte e concluiremos o trabalho com
pesquisa de campo que será embasado com um questionário respondido por casais.
CAPÍTULO I
CONCEITOS QUE ENGLOBAM A FAMÍLIA
1.1 - O que é casamento?
Na essência do casamento,portanto,está a idéia de
unidade.É o oposto de solidão.Mais uma vez ,na
narrativa sobre a criação em Gênesis ,está bem claro
que Deus não pretendeu que homens e mulheres
vivessem sós.Algo lá no íntimo do homem clama
pela companhia de uma mulher ,e a mulher tem o
mesmo desejo de ter intimidade com o homem.O
casamento tem por objetivo satisfazer essa profunda
busca por intimidade.Assim, o casamento,não é
simplesmente um relacionamento ;trata-se de um
relacionamento intimo que inclui todos os aspectos
da vida:intelectual,emocional,social,espiritual e
físico.(CHAPMAN 2014,Pág.18)
O casamento civil é um contrato firmado entre duas pessoas com o objetivo de
constituir uma família. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher
manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os
declara casados. Conversão de união estável em casamento.
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A União Estável é a relação de convivência entre duas pessoas, que é
estabelecida com o objetivo de constituição familiar. O Novo Código Civil não
menciona o prazo mínimo de duração da convivência para que seja considerada união
estável e o que é mais curioso é que também não é necessário que morem juntos, isto é,
os "requerentes" podem ter domicílios diversos.
Para se converter uma união estável em casamento, os requerentes devem
comparecer ao cartório de Registro civil do seu domicilio e dar entrada nos papéis de
casamento.
Igual ao casamento convencional, os noivos (brasileiros ou estrangeiros) podem
escolher o regime de bens e mudar o nome.
É necessário levar os documentos habituais e as duas testemunhas para dar
entrada ao processo de habilitação.
A única diferença deste tipo de casamento é a inexistência da celebração, isso é,
não existe a presença do juiz de paz para realizar a cerimônia. Após o prazo de 16 dias,
os noivos poderão retirar a certidão de casamento civil no cartório e o casamento
começa a ter efeito nessa data.
Casamento religioso com efeito civil
O casamento religioso com efeito civil é aquele que é celebrado fora das
dependências do cartório, porém quem preside o ato do casamento não é o juiz e sim a
autoridade religiosa (padre, rabino, etc). Da mesma forma que o casamento em cartório,
este deve ser realizado de forma pública, a portas abertas durante todo o ato de sua
realização.
Após a realização da cerimônia, os noivos não recebem a certidão de casamento,
mas sim um termo de casamento, que precisa ser levado ao cartório num prazo de 90
dias (a contar da data da realização da cerimônia) para registrar o casamento. Caso isso
não ocorra, o casamento não fica regularizado no cartório, isto é, os noivos permanecem
solteiros.
Nesta modalidade de casamento, os noivos tem que dar entrada ao processo de
habilitação para o casamento no cartório, da mesma forma que as outras modalidades.
Após 30 dias, não havendo nenhum impedimento legal, o cartório expedirá um
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documento chamado Certidão de Habilitação, que deverá ser entregue a autoridade
religiosa antes da realização da cerimônia.
Mas é importante lembrar que, de acordo com o Novo Código Civil, também é
possível se casar primeiro no religioso e depois registrar o mesmo no civil.
O casamento religioso com efeito civil, pode ser realizado e qualquer parte do
Brasil, basta os noivos pedirem ao cartório que deram entrada no casamento, a certidão
de habilitação, que deverá ser encaminhada à igreja que realizará a cerimônia, para que
possa ser feito o Termo de Religioso com Efeito Civil.
De acordo com o Novo Código Civil (Artigo 1.516), é possível se casar primeiro
no religioso e depois registrar o casamento no civil.
Para isso, é necessário que os noivos compareçam ao cartório, juntamente com
as 2 testemunhas (após a cerimônia religiosa) com os documentos habituais (certidões e
R.G.), o Requerimento de Religioso e o Termo de Religioso com Efeito civil, já com a
firma do Celebrante (que realizou a cerimônia religiosa) e dar entrada nos papéis de
casamento no cartório. Não havendo impedimento, o cartório fará o registro do
casamento religioso com efeito civil (de acordo com a prova do ato que é o Termo de
Religioso com Efeito Civil, conforme o artigo 70 da Lei dos Registros Públicos) e
expedirá a certidão de casamento após o prazo de 16 dias.
De acordo com o artigo 75 da Lei 6.015/73, a data do casamento será do dia da
sua celebração.
O casamento é bem mais do que um documento assinado,é união de vidas e
almas,é caminhar com o mesmo propósito e desejo, pode ser que nessa caminhada
mudemos nossas visões e concepções ,mas ainda assim é necessário haver o equilíbrio e
o respeito para continuar juntos.Casamento não é pensar da mesma forma ,mas é ambos
a cada dia se capacitarem para um novo recomeço,recomeçar sempre ,essa é a palavra de
ordem dentro de um casamento.Muita das vezes é necessário desconstruirmos conceito
ou crenças para nos permitir novas construções e daí alçar novos rumos para que esse
relacionamento dê certo,é um treino diário.É como a academia,para desenvolver os
músculos é necessário malhar com equipamentos corretos para que esse músculo se
desenvolva e desabroche com beleza,o casamento acontece da mesma forma,é u treino
eterno para que o mesmo dê certo e se desenvolva com qualidade em todos s seus
aspectos.
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Segundo CHAPMAN, o casamento é um relacionamento com propósitos,não
meramente um papel assinado com acordos ou divisões de bens materiais ou com
funções pré determinadas de uma sociedade capitalista e individualista.
O casamento é também um relacionamento com
propósitos.Toda pesquisa mostra que um casamento
íntimo provê ,por exemplo,o ambiente mais seguro e
mais eficaz para a educação dos filhos.No entanto a
procriação não é o único objetivo do casamento.A
cada pessoa também foram concedidas por Deus
certas possibilidades latentes.A parceria no
casamento é um ambiente ideal para estimular e
desenvolver esses dons e habilidades.(CHAPMAN
2014,Pág.18,19)
1.2 - O que é família?
Segundo as legislações brasileiras ,seguem abaixo a definição de família pelos
meios normativos legais:
O legislador constituinte de 1988 positivou aquilo que já era costume, aquilo que
de fato já existia na sociedade, ampliando o conceito de família e protegendo, de forma
igualitária, todos os seus membros.
Não foi a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 que a mudança
na concepção de família ocorreu. A Lei Maior apenas codificou valores já
sedimentados, reconhecendo a evolução da sociedade e o inegável fenômeno social das
uniões de fato.
Os princípios constitucionais do Direito de Família trouxeram significativa
evolução ao ordenamento jurídico brasileiro, principalmente no sentido de reconhecer o
pluralismo familiar existente no plano fático, em virtude das novas espécies de família
que se constituíram ao longo do tempo.
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A nova perspectiva do Direito de Família “Civil-Constitucional” engloba valores
e princípios mais abrangentes, alcançando direitos fundamentais, como a dignidade da
pessoa humana (artigo 1º, III, da CF); isonomia, ao reafirmar a igualdade de direitos e
deveres do homem e da mulher e o tratamento jurídico igualitário dos filhos (artigo 5º, I
da CF); a solidariedade social (artigo 3º, I da CF); e a afetividade que, nesse contexto,
ganha dimensão jurídica.
De acordo com os ensinamentos de Maria Helena Diniz, o moderno direito de
família, marcado por grandes mudanças e inovações, rege-se por princípios, tais como o
Princípio da “ratio” do matrimônio e da união estável, segundo o qual o fundamento
básico da vida conjugal é a afeição e a necessidade de completa comunhão de vida; o
Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e dos companheiros, no que atina aos seus
direitos e deveres; o Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos (CF, art. 227, §
6º, e CC, arts. 1.596 a 1.629); o Princípio da pluralidade familiar, uma vez que a norma
constitucional abrange a família matrimonial e as entidades familiares (união estável e
família monoparental); o Princípio da consagração do poder familiar (CC, arts. 1.630 a
1.638), substituindo o marital e o paterno, no seio da família; o Princípio da liberdade,
fundado no livre poder de constituir uma comunhão de vida familiar por meio de
casamento ou união estável; e o Princípio do respeito da dignidade da pessoa humana,
que constitui base da comunidade familiar, garantindo o pleno desenvolvimento e a
realização de todos os seus membros, principalmente da criança e do adolescente (CF,
art. 227).
A Constituição Federal de 1988 representou uma inovação na forma de se
compreender uma constituição familiar, agora não necessariamente proveniente de um
casamento formal, mas fruto de uma “união estável”, entre um homem e uma mulher,
como entidade familiar protegida pelo Estado, devendo a lei facilitar sua conversão em
casamento (artigo 226, § 3º).
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A união entre um homem e uma mulher, legalizada ou não, com certa duração,
enquadra-se nos moldes de um núcleo familiar, um agrupamento de pessoas unidas por
laços de sangue, vínculos afetivos e comunhão de interesses.
A Lei Maior também menciona a possibilidade de a família ser constituída por
qualquer dos pais e seus descendentes (artigo 226, § 4º), reafirma a igualdade entre o
homem e a mulher na sociedade conjugal (artigo 226, § 5º) e estabelece o tratamento
igualitário dos filhos, sem qualquer designação discriminatória.
Assim, verifica-se que existem três formas de constituição de família, quais
sejam, a formada pelo casamento, seja ele civil ou religioso com efeitos civis, a formada
pela união estável e a família formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
Ressalta-se que a instituição do casamento permanece sendo o meio básico de
consolidar uma união familiar, não foi suprimido pelo reconhecimento constitucional da
união estável, considerando-se que a própria Constituição Federal de 1988 prevê a
facilitação de sua conversão em casamento.
A Carta Magna não aborda apenas os princípios norteadores das relações entre
pessoas e o Poder Público, mas também, as regras de interação inerentes à convivência
humana. Assim, impõe-se o regramento constitucional à família, célula mater da
sociedade, elemento de criação e de formação dos homens, porque ao Estado compete
essa ordenação jurídica.
O reconhecimento da família sem casamento representa uma quebra de
paradigmas, institucionalizando-se a realidade e organizando as relações sociais.
No projeto de Deus, somos desafiados à construção de relacionamentos estáveis
e duradouros , dentre eles,a família.Nela,tudo o que somos e a razão de nossa existência
torna-se mais visível.O amor é desenvolvido na relação entre pais e filhos. Assim ,
tornamo-nos pessoas que vivem no mundo,não como indivíduos em busca de uma
realização narcisista e hedonista , mas como pessoas em busca de uma construção
relacional e comunitária.Estabelecemos um padrão de vida não autônomo,mas
interdependente.
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Muita das vezes deixamos que os estudos, amigos e excesso de trabalho
atrapalhem a nossa formação de família, mas precisamos tomar cuidado principalmente
com o trabalho ,pois geralmente o mesmo é o que mais distanciam os familiares uns dos
outros,pais que não tem tempo para seu filhos e esposas ,esposas que não tem tempo
para maridos e filhos e assim seguimos esse círculo vicioso.
Na visão bíblica, é o trabalho que deve estar a
serviço do ser humano e não o contrário. Não foi o
homem que foi criado para o trabalho,mas o trabalho
que foi criado para o homem.Para quê?Para o
desenvolvimento de toda a criatividade dada aos
seres humanos por Deus, para o exercício desta parte
da imagem e semelhança de Deus herdada por eles e
para a sustentabilidade da
família.Biblicamente,homens e mulheres trabalham
a partir e para a família.(AGRESTE,2010)
1.3 - O que é união?
União significa a associação ou combinação de coisas diferentes ou não, para
formar um todo. União é o ato ou efeito de se unir. União pode ser a ligação ou
combinação de esforços e pensamentos para um bem comum.
União significa junção, ligação, que são seus sinônimos. Por exemplo, a ligação
que existe entre os órgãos do corpo humano formando uma grande e competente
estrutura, casamento significando a união entre duas pessoas.
União pode significar a reunião de todos os Estados brasileiros que formam a
República Federativa do Brasil, ou União pode ser o nome de uma cidade brasileira que
fica no estado do Piauí.
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União também pode ser uma associação de vários sindicatos formados pelo
agrupamento de várias associações de classe.
O casamento o a união segundo Ricardo Agreste,2001, pode ser comparado até
mesmo como areia movediça.
“Mas,minha consciência de que teria que andar
sobre areia movediça quase me fez desistir.Algumas
coisas que apresentaria no texto fariam com que
pessoas de minha própria convivência me julgassem
como ultrapassado ou quadrado.”(AGRESTE,2010)
1.4 -O que é um lar com afetividade e respeito?
“ É interessante abordar a questão da identidade a
partir de uma relação amorosa.A Psicologia nos
ensina que o amor é que nos encaminha para a
primeira experiência de fé que fazemos na vida.Não
se trata de uma fé qu fazemos na vida.Não se trata de
um fé sobrenatural ,mas natural .fruto do cuidado
que o outro nos dispensa.Aprendemos a dar os
primeiros passos porque os braços que se estendem a
nos encorajar são braços amorosos.Desde crianças
experimentamos essa verdade.Amor e cuidado são
caminhos que se encontram.E são esses caminhos
que nos levam ao fortalecimento de nossa
identidade.”(MELO,2015)
Um lar com afetividade e respeito , é um lar onde os pares se respeitam
independentemente sua raça,credo,religião e valores.Sabemos que cada um dos cônjuges
vem de famílias diferentes,educações diferentes e que quando passam a conviver sob o
mesmo teto essas diferenças aparecem com toda força ,causando assim um
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desconforto.É onde começa haver os confrontos e divisões quanto a opiniões e visões
acerca da vida e de um todo.
Quando o casal passa a conviver junto,seja dentro de um casamento formal ou
não ,cabe a cada um dos cônjuges se ajustar dentro do contexto do respeito,pois se não
houver o mesmo em todas as guerras e conflitos poderão ocorrer agressões sejam elas
verbais ou não.
Na verdade a fórmula ideal para um casamento de sucesso é ter respeito,daí o
respeito consequentemente qualquer decisão ou atitute tomada por ambas as partes não
irá ferir ninguém,seja fisicamente ou emocionalmente.
Diante disso tudo,apesar de ser um capítulo voltado
aos desafios da mulher,deixe-me primeiramente
apontar alguns desafios aos homens.Construam uma
vida respeitável,assim,vocês poderão tornar a vida
de suas companheiras e esposas mais fácil,certo? Da
mesma forma que é bem mais fácil um homem amar
uma esposa amável, é também bem mais fácil uma
mulher respeitar um homem respeitável.
Mas como você se torna um homem
respeitável?Amando e cuidando de sua companheira
e esposa,participando ativamente da educação de
seus filhos,trabalhando duro par levantar o sustento
do lar.Logo,se você deseja ser respeitado,precisa
construir uma vida
respeitável.(AGRESTE,2010,Pág.74)
Com as famílias contemporâneas, baseadas nos laços de afeto, temos que o amor
e o afeto são capazes de sustentar laços familiares, modificando os conceitos de família,
que somente poderia ser formada por homem e mulher ligados pelo vínculo do
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casamento ou pela união estável, sendo que o mais importante hoje nas famílias é o
princípio da afetividade.
Aqui se trata dos novos arranjos familiares, seria constitucionalmente adequado
considerar a afetividade como princípio fundamental implícito na Constituição Federal,
para a estruturação familiar?
Nós faremos a delimitação do conceito de afetividade; elencar, brevemente,
quais são os novos arranjos familiares, na atualidade; analisar a afetividade como
princípio fundamental implícito na Constituição Federal.
Esse trabalho aborda como tema central , um tema atual e relevante para a
sociedade, pois o amor é a forma mais concreta de demonstrar o afeto, tornando-se de
grande relevância jurídica, com o intuito de um verdadeiro laço afetivo. Tal forma de
afetividade vem gerando entidades familiares que devem ser protegidas pelo Estado.
Verifica-se a importância e necessidade de aprofundamento dos temas
apresentados, ou seja, afeto, princípios e entidade familiar de acordo com a Constituição
Federal, novos arranjos familiares, eis que interessantes para o desenvolvimento da
sociedade, tornando imprescindível o desenvolvimento dos estudos propostos.
O método a ser utilizado no presente trabalho, é o dialético, pois busca analisar
os fenômenos por intermédio de ações recíprocas, ancorada na contradição, nas
mudanças dialéticas que ocorrem na sociedade, o que demonstra o afeto como elo que
une as famílias no mundo contemporâneo. A dialética é considerada como a forma de
demonstrar visões contrapostas, na pretensão de desconstruir ideais e argumentos, que já
foram evidenciados por mudanças sociais. Assim, o primeiro tópico trata do conceito de
afetividade, o segundo demonstrar, brevemente, os fundamental implícito na
Constituição Federal.
“Meu marido é um ótimo homem fora de casa.Trata
todo mundo bem,é admirado por todos mas comigo
ele é um capeta”,desabafou uma esposa durante
nossa sessão de aconselhamento.As palavras dela
ecoam as de muitas esposas e maridos que se
frustraram em ver as duas caras de seus
cônjuges.Esta síndrome das duas caras na verdade é
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causada pela falha da pessoa e processar
corretamente suas emoções
negativas.(CARDOSO,2012 ,Pág.91 )
O autor do livro Casamento Blindado Renato Cardoso junto com sua esposa
Cristiane Cardoso,que atualmente tem um programa de televisão onde abordam o tema
sobre relação conjugal,casamento(The Love is school,ou seja,escola do amor),essa
temática ganhou tanta força que apresenta todo o sábado na rede Record de televisão
discutindo os relacionamentos conjugais ,nesses encontros e bate papos os casais
entrevistados contam o que passaram ou o que passam dentro dos seus casamentos para
conviverem com suas dificuldades e problemas existentes.Na maioria das vezes são
histórias de casais que passaram por alguma crise conjugal e que depois de algumas
tentativas para salvarem o mesmo obtem resultados positivos.geralmente os casais
convidados são artistas ou celebridades,pessoas conhecidas da mídia brasileira.
A família é a base da sociedade brasileira haja vista ser ancorada primeiramente
em laços de afeto, sabendo-se que o amor é o elo da comunhão de vida plena entre
pessoas, de forma pública, contínua. Assim, a família é uma construção da sociedade
formada através de regras culturais, jurídicas e sociais .Marco Túlio de Carvalho Rocha,
ensina que “No Brasil, embora os novos princípios tenham ganhado espaço,
paulatinamente, durante todo o século XX, a Constituição da República de 1988 é o
marco dessas transformações, por ter consagrado a igualdade dos cônjuges e a dos
filhos, a primazia dos interesses da criança e do adolescente, além de ter reconhecido,
expressamente, formas de famílias não fundadas no casamento, às quais estendeu a
proteção do Estado” (2009, p. 01).
A família foi evoluindo e modificando seus paradigmas, transformando-se em
medidas que acentuam as relações ligadas aos sentimentos de afeto, felicidade e amor
familiar, valorizando as relações ancoradas no afeto.
Afeto significa sentimento de afeição ou inclinação para alguém, amizade, paixão ou
simpatia, portanto é o elemento essencial para a constituição de uma família nos tempos
modernos, pois somente com laços de afeto consegue-se manter a estabilidade de uma
família que é independente e igualitária com as pessoas, uma vez que não há mais a
necessidade de dependência econômica de uma só pessoa.
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Neste sentido, Rodrigo da Cunha Pereira (2011, p. 193) descreve que “A família
hoje não tem mais seus alicerces na dependência econômica, mas muito mais na
cumplicidade e na solidariedade mútua e no afeto existente entre seus membros. O
ambiente familiar tornou-se um centro de realização pessoal, tendo a família essa função
em detrimento dos antigos papéis econômico, político, religioso e procriacional
anteriormente desempenhados pela ‘instituição’.”
A família era baseada em laços econômicos, em que o genitor era o responsável
pelo sustento de toda a família, mas com a inserção da mulher no mercado de trabalho,
fez com que ocorresse uma mudança na família onde a mulher passou a ajudar nas
finanças da família. Com isso, o vínculo familiar passou a ser afetivo, na qual as pessoas
que queiram a constituição de uma família, começaram a se unir por laços de afeto. A
afetividade é um elemento essencial de suporte na família atual, pois é considerada a
base da sociedade e é resultado da transeficácia dos fatos psicossociais que se converte
em fatos jurídicos posteriormente.
O afeto não é somente um laço que envolve os integrantes de uma só família,
mas um laço que une pessoas com a finalidade de garantir à felicidade de todas as
pessoas pertencentes aquele meio, ocasionando, assim, o norte de cada família, já que a
afetividade é como princípio norteador das famílias contemporâneas.
A família, na atualidade, não se justifica sem a existência do afeto, pois é
elementos formador e estruturador das entidades familiares. Desta maneira, a família é
uma relação que tem como pressuposto o afeto, devendo todas as espécies de vínculos
ancorados no afeto terem a proteção do Estado.
De acordo com Maria Berenice Dias (2006, p. 61), portanto, “os laços de afeto e
de solidariedade derivam da convivência familiar, não do sangue. Assim, a posse do
estado de filho nada mais é do que o reconhecimento jurídico do afeto, com o claro
objetivo de garantir a felicidade, como um direito a ser alcançado. O afeto não é
somente um laço que envolve os integrantes de uma família”.
“O mesmo vale para as finanças do
relacionamento.Elas serão saudáveis se for praticado
o sentido da união e vocês administrarem a renda
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familiar em conjunto.Com o casamento ,passam a
ser dois salários ,duas cabeças pensando ,duas
formas diferentes de lidar com o
dinheiro.”(CERBASI,Pág.56 )
O amor é a forma mais concreta de demonstrar o afeto, tornando-se de grande
relevância jurídica, com o intuito de um verdadeiro laço afetivo. Tal forma de
afetividade vem gerando entidades familiares que devem ser protegidas pelo Estado.
O ambiente familiar passou a ser ligado em laços de afetividade, de forma
pública, contínua e duradoura, tendo assistência mútua entre os membros daquela
entidade familiar, com o primado de busca de felicidade, sendo, por isso, a família, de
acordo com a Constituição Federal, a base da sociedade brasileira.
Neste sentido, Paulo Roberto Iotti Vecchiatti (2008, p. 215) alerta que “a
Constituição brasileira consagra o princípio de que o amor familiar representa o
elemento formador da família contemporânea, visto que se não é alguma formalidade
que gera a entidade familiar juridicamente protegida, então só pode ser o sentimento de
amor, aliada a comunhão plena de vida e interesses, de forma pública, contínua e
duradoura, o que forma a entidade familiar protegida pela Constituição Federal”.
A família que se insere no âmbito da juridicidade por ser ancorada no vínculo
afetivo, com o intuito de unir pessoas que tenham o mesmo projeto de vida, sendo
constitucionalmente interpretado como um princípio implícito decorrente da dignidade
da pessoa humana e da liberdade de orientação sexual, uma vez que a família hoje não
tem seu alicerce na dependência econômica.
Neste sentido, Paulo Roberto Iotti Vecchiatti (2008, p. 223) descreve que:
O afeto é elemento essencial das relações interpessoais, sendo um aspecto do exercício
do direito à intimidade garantido pela Constituição Federal. A afetividade não é
indiferente ao Direito, pois é o que aproxima as pessoas dando origem aos
relacionamentos que geram relações jurídicas, fazendo jus ao status de família.
A família é uma construção social formada por meio de regras sociais, jurídicas e
culturais, que a transformou em base da sociedade sabendo-se que o amor é o elemento
22
de ligação entre as pessoas, de forma pública, contínua e duradoura, firmado por laços
de afeto.
É a presença de um vínculo familiar baseado na afetividade, que gera uma
entidade familiar merecedora de abrigo pelo Direito de Família, tornado-se um instituto,
previsto no artigo 226 da Constituição Federal, que consagra a regra geral de inclusão de
qualquer entidade que preencha os requisitos essenciais, quais sejam, a afetividade, a
estabilidade e a ostensividade. Sendo, portanto, entidade familiar merecedora de tutela e
proteção do Estado, haja vista ter tal entidade vínculo afetivo.
Neste alicerce, Rodrigo da Cunha Pereira (2011, p. 194) entende que Sem afeto
não se pode dizer que há família. Ou, onde falta o afeto a família é uma desordem, ou
mesmo uma desestrutura. É o ‘afeto que conjuga’. E assim, o afeto ganhou status de
valor jurídico e, consequentemente, logo foi elevado à categoria de princípio como
resultado de uma construção histórica em que o discurso psicanalítico é um dos
principais responsáveis, vez que o desejo e amor começam a ser vistos e considerados
como verdadeiro sustento do laço conjugal e da família.
Nesse caminho, Rodrigo da Cunha Pereira (2011, p. 195) ensina que Embora o
princípio da afetividade não esteja expresso na CFB, ele se apresenta como um princípio
não expresso, [...]; nela estão seus fundamentos essenciais, quais sejam: o princípio da
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), da solidariedade (art. 3º, I), da igualdade entre
os filhos, independentemente de sua origem (art. 227, § 6º), a adoção como escolha
afetiva (art. 227, § 5º e 6º), a proteção à família monoparental, tanto fundada nos laços
de sangue quanto por adoção (art. 226, § 4º), a união estável (art. 226, § 3º), a
convivência familiar assegurada à criança e ao adolescente, independentemente da
origem biológica (art. 227), além do citado art. 226, § 8º. Como se vê, a presença
explícita do afeto em cada núcleo familiar, que antes era presumida, permeou a
construção e se presentifica em vários dispositivos constitucionais e
infraconstitucionais.
Dessa maneira, há na Constituição Federal normas que dispõe sobre a existência
de princípios e garantias constitucionais implícitos e explícitos, decorrentes dos demais
princípios e do sistema constitucional vigente, é capaz de mostrar que a afetividade
tornou-se elemento formador da entidade familiar da nossa sociedade atual, sendo
considera, então, princípio constitucional implícito, de acordo com o artigo 5º, § 2º, da
23
Constituição Federal de 1988.Por isso, um princípio implícito é o da afetividade, que, de
acordo com Maria Berenice Dias, “significa que o afeto, que une e enlaça duas pessoas,
adquiriu reconhecimento e inserção no sistema jurídico” (2006, p. 60), assim tem-se que
a este princípio faz despontar a igualdade entre as famílias, sejam hetroafetivas,
homoafetivas, monoparentais ou socioafetivas.
Logo, o objetivo destes princípios implícitos e do afeto, que derivam da
convivência familiar, é a garantia da felicidade, como um direito a ser alcançado na
família. Assim, o legislador estabeleceu o princípio do afeto como norteador das
famílias, constituindo-o como instrumento de manutenção da união familiar, ancoradas
no respeito consideração, amor e principalmente afetividade. Rodrigo da Cunha Pereira
(2011, p. 194) descreve que “o afeto ganhou status de valor jurídico e,
consequentemente, logo foi elevado à categoria de princípio como resultado de uma
construção histórica em que o discurso psicanalítico é um dos principais responsáveis,
vez que o desejo e amor começam a ser vistos e considerados como o verdadeiro
sustento do laço conjugal e da família”. A mutação do conceito de família e a inserção
da afetividade como princípio implícito previsto na Constituição Federal ocorreu com a
mudança da sociedade quando deixou de aplicar a formação familiar unicamente pelo
instituto do casamento, passando a ser valorizada, como primado principal, a realização
e desenvolvimento de cada membro da entidade familiar, em que o sustento e base
elementar da constituição familiar são o amor e a comunhão de vida plena e não mais o
matrimônio.
Assim, a família na atualidade não tem mais sua sustentação na dependência
econômica do homem, passando a ter a mulher uma função de provedora do lar da
mesma maneira que o homem. Desta forma, o afeto passou a assumir uma posição
prioritária de elemento embrionário a estruturação familiar, juntamente com a
cumplicidade, solidariedade, assistência mútua, fatores emblemáticos e fortalecedores
da constituição da família.
CAPÍTULO II
24
PROBLEMAS ENCONTRADOS DENTRO DO
CASAMENTO
A atitude própria de todas as pessoas que adquirem um bem durável é
programar-se para o natural cuidado de sua manutenção. Assim fazemos quando
adquirimos uma casa, um carro ou mesmo algum eletrodoméstico. Na verdade, até
mesmo a garantia da maioria dos bens depende de sua manutenção adequada. O mesmo
acontece quando se deseja construir um casamento durável. Sem manutenção adequada,
os casamentos se tornam vulneráveis e frágeis.
Podemos evitar muitos dos conflitos que surgem no casamento bastando para
isso uma atitude mais cuidadosa por parte de cada um de nós. A disposição para aceitar
as diferenças, por exemplo, diminui de modo decisivo o potencial de um casal para se
envolver em conflito – homens são diferentes de mulheres , pessoas criadas na família
“A” são diferentes de pessoas criadas na família “B”, e assim por diante. Nossas
diferenças se manifestam na maneira como reagimos aos problemas, na escala de
valores da família, no gosto por alimentos, ambientes, humor e de tantas outras
maneiras. Há casais que não conseguem conviver porque um dos cônjuges deseja mudar
o outro e fazê-lo ser exatamente igual a ele. Há casos em que a disposição para
“implicar” com o outro e com a maneira de ele ser e perceber as coisas acaba por tornar
insustentável a vida comum.
Além das questões que podem ser vistas como “diferenças”, o casamento inclui
enganos, erros e pecados por parte dos membros da família. O fato é que somos
pecadores! A maneira como lidamos com os nossos próprios erros e com os erros do
cônjuge será fundamental para definir a continuidade saudável do casamento. Isso
significa aprender a pedir perdão (embora os exemplos bíblicos sejam tantos, temos a
tendência de achar que é humilhante pedir perdão, e acabamos optando por atitudes
prejudiciais ao casamento, como negar, “deixar o tempo passar”, ficar irritado quando
confrontado, culpar o outro, etc.), ter capacidade para entrar em acordo com o outro e
disposição para perdoar. A Bíblia nos ensina que devemos ser “uns para com os outros
benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo,
vos perdoou” (Ef 4.32). Do outro lado, se existe um lugar em que deve ser aplicado o
25
ensinamento de Jesus a Pedro segundo o qual devemos perdoar nossos irmãos até
“setenta vezes sete”, esse lugar é no casamento.
Dentro do relacionamento conjugal encontramos diversos problemas que façam com que o mesmo passe por desasjustes a ponto de chegar a uma separação conjugal.No ano de 2015 foi realizado um encontro de casais onde sessenta casais participaram desse
encontro em Penedo no Rio de Janeiro,os casais custearam as despesas com objetivos de
reavaliarem seus relacionamentos e participarem de debates, discussões , pregações,
palestras e testemunhos onde impactassem seus relacionamentos a ponto de os
desafiarem a dar continuidade no relacionamento com um novo gás, realmente fazendo
do casamento uma arte, A arte de permanecer casado, até porque entendemos que para
se manter casado é necessário que ambos os cônjuges queiram isso e se dediquem ao
mesmo com toda garra.Nesse encontro foi entregue um questionário que está em anexo
nesse trabalho e logo após as respostas que obtivemos conseguimos montar o seguinte
gráfico abaixo:
Os principais problemas que afetam o casamento:
sexo
finança
respeito
filhos
No gráfico acima temos respostas de 60 questionários que foram entregues aos
casais em Penedo, dos sessenta questionários 38 retornaram com as respostas acima, os
maiores problemas enfrentados dentro do relacionamento conjugal pelos casais
pesquisados foram acerca das finanças e do respeito (seja o respeito em demasia ou a
falta dele).Logo a seguir vem o sexo e problemas com os filhos tendo os filhos uma
porcentagem mínima sendo relacionados a problemas no casamento.
“Os problemas financeiros familiares decorrem de
decisões ou escolhas ruins.Se vocês enfrentam
26
dificuldade dessa natureza ,a culpa não é dos juros
elevados dos bancos ,mas sim de um padrão de vida
elevado demais para a renda da família.”
(CERBASI,2004)
Casamentos duráveis recebem investimentos constantes um casamento saudável
não se sustenta “naturalmente”, sem investimento.
Resumidamente, o investimento no casamento inclui o cuidado com o corpo
(higiene, saúde, aparência…) e o uso de todas as potencialidades do corpo, incluindo as
expressões físicas de carinho (de caráter sexual ou não).
Podemos investir no casamento também por meio do uso adequado das emoções,
especialmente quando oferecemos ao outro a segurança de que é importante, especial,
alvo de amor. O livro de Cantares tem sido usado como um verdadeiro manual de
investimento físico e emocional no casamento.Nada é tão essencial qual a saúde de seu
casamento e o desenvolvimento de união entre vocês. Concentrar-se no conhecimento
mútuo e em construir um relacionamento íntimo agradando um ao outro. É necessário
tempos juntos para lançar adequadamente os alicerces do casamento.É essencial que o
marido aprenda a satisfazer às necessidades da esposa.O conhecimento do cônjuge é
necessário a fim de cada um conhecer profundamente o outro, você deve conhecê-lo em
profundidade se quiser amá-lo, compreendê-lo e encorajá lo. Os cônjuges devem ser
companheiros de equipe unidos para serem felizes e enfrentarem os problemas diários.
Para vocês se tornarem uma equipe, é preciso tempo e colaboração numa atmosfera tão
livre de distrações quanto é possível. De acordo com a sabedoria e experiência de casais
, o primeiro ano é crucial em todo casamento, devendo ser vivido com cuidado e
prudência.
Estimular a poupança, criando um fundo de reserva, independentemente da
finalidade a que se destina é muito importante. Essa reserva pode ser a curto ou em
longo prazo dependendo a que fim será aplicada. Dentro de um planejamento financeiro
a constituição de um fundo é primordial, pois a partir deste poderão ser planejados os
projetos futuros. Uma boa maneira de constituir uma reserva é guardando um
27
percentual, por exemplo, 10% do rendimento todos os meses e aplicando-o em alguma
forma de fonte de investimento. Quanto mais cedo se começar a poupar, menor será o
percentual dos rendimentos mensais destinados à constituição da reserva. Segundo
Frankenberg (1999, p. 40)
Não existe mágica para formar um bom patrimônio. Seja grande ou pequena sua renda atual, é fundamental você se disciplinar para não gastar tudo o que ganha. É imprescindível reservar sistematicamente uma parcela de suas receitas para formar os investimentos que irão representar sua segurança e trazer a tranqüilidade financeira almejada em momentos de dificuldade.
As finanças podem destruir um relacionamento, seja por causa de dívidas,
excesso de gastos, falta de dinheiro ou omissão. Casais com dívidas passam menos
tempo juntos, brigam mais e são menos felizes, disse o pesquisador Jefrey Dew. As
brigas por causa de dinheiro sempre acabam afetando outras áreas do relacionamento.
Além disso, causam problemas de saúde como insônia, dores de cabeça, estômago,
ataques cardíacos e depressão.
A primeira coisa que um casal precisa entender é que quando duas pessoas se
casam, elas se tornam 'uma só carne', uma só pessoa, e isso também vale para a vida
financeira. As contas deixam de ser suas ou minhas, e passam a ser nossas. O dinheiro
deixa de ser seu ou meu, e se torna nosso. Agora, os dois trabalham juntos para o
sustendo do lar e lazer em família e é preciso ter transparência em todos os detalhes. É
claro que você não vai avisar seu cônjuge cada vez que for comprar um pão na padaria,
mas vocês devem ter bom senso. Se você sabe que as contas estão apertadas, não saia
por aí comprando sapatos ou um som mais potente para seu carro. Conversem com
maturidade e avaliem: "Sim, podemos comprar isso agora" ou "Não, isso não é essencial
e vai ter que esperar". Comprar escondido nem pensar. Se você começar a fazer isso,
estará dando um grande passo para arruinar seu relacionamento.
A pessoa deve ter interesse pelo que faz. Buscar a realização profissional é muito
importante no quesito qualidade de vida. Certamente as chances de se obter sucesso e
28
estabilidade financeira serão bem maiores caso a pessoa goste de sua atividade
profissional, já que esta geralmente ocupa grande parte do dia. Para Frankenberg (1999,
p. 45)
O sucesso financeiro passa necessariamente pelo gosto que as pessoas têm pelo que fazem. Não é apenas gosto, mas muito mais: é amor, é paixão. Quem gosta do que faz está sempre procurando se aperfeiçoar, reciclar e tem vontade de se aprimorar. Portanto, cada um deve analisar seus dons, descobrir sua vocação, descobrir as atividades físicas ou intelectuais de que mais gosta, para definir seu rumo profissional. Isso é de fundamental importância para aumentar as probabilidades de sucesso.
Segundo Frankenberg precisa-se gostar do que faz,ter paixão analisar os dons
para descobrir sua vocação, para depois saber administrar a vida financeira e ter um
planejamento pesssoal como criar uma conta conjunta, pois isso acaba forçando vocês
a pensarem na questão do "nosso", além de fazer com que ajam sempre com
transparência. No início pode ser difícil, mas com o tempo acaba se tornando natural. É
um aprendizado, como acontece em qualquer outra área do relacionamento. Você pode
dizer: "Mas isso vai acabar com a minha privacidade!". Se você quer privacidade na sua
vida financeira, então reveja o conceito de um casamento. Aliás, é bom deixar claro que
quando somente um dos cônjuges trabalha fora, o dinheiro continua sendo da família.
Há muitos casos de homens que "jogam na cara" de suas esposas que estão fazendo um
grande favor em dar o "seu" dinheiro à elas. Mas eles esquecem que enquanto buscam o
sustento da casa, a esposa está cuidando das suas roupas, da sua casa, dos seus filhos e
da sua alimentação. O trabalho precisa ser feito em equipe, em prol da família. O marido
busca o sustento do lar porque ama e se preocupa com a família e a esposa, por sua vez,
cuida do lar porque ama seu esposo e filhos.
Planejamento financeiro pessoal é o trabalho de organização de informações
relevantes para que se obtenha saúde financeira no controle e gestão das finanças
pessoas.Significa estabelecer metas e objetivos, etapas, prazos e os meios necessários
que garantam a proteção e estabilidade do patrimônio pessoal. Para Frankenberg (1999,
p. 31)
29
Planejamento financeiro pessoal significa estabelecer e seguir uma estratégia precisa, deliberada e dirigida para a acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa e de sua família. Essa estratégia pode estar voltada para curto, médio ou longo prazo, e não é tarefa simples atingi-la.
Um dos fatores mais importantes é entrem em um acordo sobre quem será o
responsável pela contabilidade da casa. É essencial que tenham uma planilha de contas,
seja no computador ou mesmo num caderno. É necessário saber como andam as
entradas e saídas, para que nos momentos de crise, saibam identificar as áreas em que os
gastos estão passando dos limites e devem ser cortados por um tempo.
Os Cartões de Crédito - Sim, é um grande problema para quem não sabe usar,
pois transmite a falsa impressão de dinheiro vivo nas mãos. Hoje em dia os cartões de
crédito oferecem muitas vantagens, como pontos para a troca de produtos ou passagens
aéreas. Se souberem usar, a família toda sairá ganhando, caso contrário, entrarão na
areia movediça das dívidas! Digo o mesmo para o cheque especial. Se você reconhece
que um dos dois não tem autocontrole, eliminem esses itens de suas vidas. Compras
somente à vista! Em último caso, utilizem cheques para as compras a prazo. Se o seu
casamento não anda bem por conta das finanças, gostaria de dar algumas dicas de como
reestruturar esta área. Mas já aviso que se os dois não estiverem dispostos a colaborar,
nem adianta tentar.
Doze passos para salvar sua vida financeira e salvar seu casamento:
1) Trabalhem em equipe contra a dívida - Não adianta despejar sua raiva em seu
cônjuge, mesmo que a dívida não seja culpa sua. O orgulho só gera discussões, mas a
sabedoria está com os que tomam conselho. Em vez de tentar resolver as coisas
sozinhos, conversem em amor sobre os problemas financeiros e trabalhem em união.
Seus filhos também podem ajudar.
2) Reconheçam todos erros que tenham cometido - Ao invés de se prenderem ao
passado, decidam que princípios seguirão à partir de agora para tomar as futuras
decisões. Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância.
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3) Registrem todo dinheiro que entra e sai, durante um mês - Depois disso,
façam juntos uma análise desse registro.
4) Aumentem seus ganhos até quitarem as dívidas - Isso talvez envolva fazer
horas extras, realizar serviços temporários, cozinhar para fora ou fazer trabalhos
manuais. Mas não exagere a ponto de prejudicar seu tempo com a família.
5) Reduzam seus gastos - Comprem somente aquilo que for de extrema
necessidade. Esperar para comprar sem agir por impulso é bom, pois ajuda a ver se você
realmente precisa ou se é somente desejo.
6) Moradia - Se possível, mudem-se para uma casa com um pagamento mensal
menor. Economizem eletricidade, água e gás.
7) Alimentação - Em vez de sempre comer fora, preparem lanches em casa ou
marmitas. Fiquem atentos a ofertas e descontos especiais na compra de alimentos.
Substitua as marcas mais caras pelas mais populares.
8) Transporte - Se tiverem carro (ou mais de um), avaliem se é mesmo
necessário ficar com eles. Decidam fazer manutenção preventiva ao invés de trocar por
um modelo mais novo. Utilizem transporte público, bicicleta ou sempre que possível,
andem a pé.
9) Para cada dívida, identifiquem a taxa de juros, avaliem as consequências de
pagar uma prestação com atraso ou não pagá-la - Leiam com atenção os contratos de
empréstimos e faturas. Em seguida, determinem a ordem em que pagarão as dívidas.
Tentem pagar primeiro a dívida com maior taxa de juros. Outra opção, é pagar todas as
outras dívidas menores, pois receber menos cobranças todos mês pode deixá-los mais
motivados. Se tiverem empréstimos com altas taxas de juros, talvez seja melhor fazer
um empréstimo com taxas menores para quitar os outros.
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10) Se perceberem que não conseguirão pagar suas obrigações, negociem novas
formas de pagamento com seus credores - Tentem pedir um tempo maior para pagar ou
uma taxa de juros menor. Normalmente, alguns até se dispõem a reduzir a dívida se o
restante for pago imediatamente. Sejam honestos e mansos ao explicar a situação:
Coloquem todos os acordos por escrito e assinado. Se o primeiro pedido for rejeitado,
não desistam.
11) Apesar de todo esforço, é possível que vocês continuem pagando seus
credores por muitos anos - Mas vocês escolhem como vão encarar as circunstâncias. Os
que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos
descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição,
pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males.
12) Coloquem em um papel as coisas que realmente são valiosas para você e que
o dinheiro não pode comprar .
CAPÍTULO III
COMO DESENVOLVER A ARTE DE PERMANECER
CASADO?
A arte de permanecer casado precisa ser desenvolvida dentro dos casamentos dia
após dia, não chegaremos a status de casamento perfeito se o mesmo não for trabalhado,
reinventado e desejado dentro dos relacionamentos. Até porquê não existem casamentos
perfeitos,mas casamentos moldáveis a padrões saudáveis e felizes . Manter-se casado
realmente é uma arte que vamos conquistando ao longo dos anos dentro do
matrimônio,perpassa pelo desejo do querer lutar pelo casamento,pela união
conjugal,haja visto que muitos casais estão preferindo trocar seus cônjuges ao invés de
investir tempo em se relacionarem , se conhecerem, se respeitarem.Vamos voltar a
32
teoria dos fast foods onde entramos nas lojas e compramos as coisas, seja alimento ou
bens materiais , às pressas para satisfazer nossos egos com rapidez.Precisamos entender
que nem tudo nessa vida se resolve com pressa ou rapidez e os relacionamentos não são
diferentes.
O Direito de Família brasileira tomou como base o Direito Romano, que por sua
vez, foi influenciado pelo Direito Grego. A palavra Família vem do latim famulus, que
significa escravo doméstico.
De acordo com Carlos Roberto Gonçalves:
Durante a Idade Média, as relações de família regiam-se exclusivamente pelo direito canônico, sendo o casamento religioso o único conhecido. (GONÇALVES, 2010, p. 32)
O relacionamento a dois antes só era reconhecido legitimamente pela igreja, hoje
requer entrega,preocupação,envolvimento,não dá para manter se casado quando um
somente deseja, é necessário ser feito por duas pessoas dispostas a se conhecer e querer
que o relacionamento conjugal vá adiante.
Sobre a arte de permanecer casados – um casamento durável, para a vida toda.
Dois lembretes são importantes. Primeiro, que a vida é curta, e devemos gozá-la com
discernimento e alegria, sempre que possível, na companhia da pessoa com quem nos
casamos. Segundo, que não basta ter um casamento duradouro. É preciso viver bem,
com alegria e felicidade. Mais do que aparências e convenções sociais, é preciso
construir relacionamento saudável e feliz, de modo que permanecer casados seja um
privilégio, uma alegria, e não um dever enfadonho e sofrido.
Como pode um casal continuar evoluindo, diante dos desafios do viver a dois?
Um desses desafios é a falta de dinheiro para manutenção desse romantismo ou
sustentabilidade de padrões ora antes existentes,segundo Gustavo Cerbasi:
“O grande charme do dinheiro está no fato de ele
raramete se mostrar como vilão da história.Se não há
dinheiro para um jantar romântico,o problema é
percebido como falta de romantismo;se não há
33
dinheiro para renovar o guarda roupa,o problema é
percebido como desleixo;se não há dinheiro para
levar crianças ao parque,o problema é percebido
como falta de carinho.Essas situações encobrem um
erro comum:a inabilidade em lidar com o dinheiro
ou em torná-lo suficiente.”(CERBASI,2004)
A crise inicial de adaptação do casal que passa a conviver, seja ele casado ou
não, é esperada. Adaptar-se aos ritmos, costumes e preferências do outro exige esforço,
tempo e disposição. Toda a negociação que é exigida neste período é uma arte que a
maioria dos casais desconhece, e saber que é necessário negociar não é saber negociar.
Ao conviver intimamente, as defesas do casal são colocadas em alerta, já que
lidar com a intimidade que o viver junto propõe ameaça o eu individual. Cada um pode
acionar suas defesas e colocar-se reativo ao outro, e ao invés de cooperar para viver com
as diferenças que o casamento evidencia, passa a lutar para eliminar estas diferenças.
Um luta contra o outro para superar as diferenças que não aceita. A competição está
lançada. A cooperação e a inclusão do outro serão um desafio a ser enfrentado por todos
os casais. Aquele que foi escolhido por ser quem ele era passa a ser alvo de tentativas e
manobras para tornar-se diferente. Por outro lado, as pessoas casam e passam a
considerar que casadas estão. Elas consideram exatamente isto: que ser casado é o seu
novo estado. E estado não se discute, simplesmente é.
Podemos dizer que o casamento era desfeito parcialmente pelo desquite, porém
os vínculos matrimonias do casal permanecia, pois naquela época era necessário para as
relações sociais.
Eram castigados pela lei e censurados pela sociedade os vínculos familiares
formados fora do casamento. Neste contexto, a sociedade da época vivia de uma
maneira conservadora e sob grande influencia da Igreja, a qual justificava ser o
casamento um instituto sagrado e indissolúvel:
34
(...) Os canonistas, no entanto, opuseram-se à dissolução do vínculo, pois consideravam o casamento um sacramento, não podendo os homens dissolver a união realizada por Deus: quod Deus conjunxit homo non separet. (GONÇALVES, 2010, p. 32)
Ser casado, vivenciado sob este paradigma, resulta em pressupor ser aceito
naturalmente, sem esforço de adaptação. Certas crenças sobre ser casado existentes em
nossa cultura ainda criam a expectativa de que há garantias neste estado civil. Por mais
que as pessoas saibam que casamento pode não existir para sempre, e que a longevidade
do casamento perdeu-se nos tempos do “amor líquido”, muitas acreditam a priori que o
casamento delas irá sobreviver. Elas partem de representações mentais sobre sua
conjugalidade, construídas ao longo da vida, de que ficarão casadas. Provavelmente
estas representações fazem com que estas pessoas adaptem-se ao casamento e
confirmem seu projeto de conjugalidade, ou que criem falsas visões sobre seus
relacionamentos. Assim, um relacionamento pode ser insatisfatório em vários aspectos,
mas confirma o projeto de conjugalidade da pessoa e ela não questiona o que necessita
ser mudado. Outras pessoas, por suas experiências vividas na família de origem ou em
sua cultura, chegam ao casamento com a noção de que casamento não é para sempre e
que a separação será o desfecho natural para o casamento delas. Porém, lidam
concomitantemente com a pressuposição de que a separação correrá um dia, não sabem
quando, lá na frente, após a vinda dos filhos, depois que eles crescerem, depois das
bodas, depois de consolidar o patrimônio.
Assim, mesmo com o discurso corrente – “se não der certo eu me separo” – as
expectativas frente ao casamento contêm a ideia de que casar é para ficar casado. Pois
no momento em que as pessoas estabilizam sua união e criam compromissos uma com a
outra, com dedicação, investimento na relação e parceria, separar-se torna-se uma
realidade assustadora. Separar-se ameaça a estrutura da vida. Retira as certezas, tira do
equilíbrio, dá medo. E ninguém quer passar por isto.
Vemos aqui o paradoxo: casar pode não ser para sempre. Mas as pessoas vivem
como se fosse. A partir do momento que casam, passam a viver como se o casamento
35
por si só fosse a garantia de que ele vai durar. Como se ele fosse um fim em si. Chegou-
se ao objetivo, a vida agora é esta. Então não precisa se preocupar muito com o que se
faz, nem com o que se diz ou deixa de dizer. As pessoas então acomodam-se, não
propriamente ao casamento, mas à ideia que fazem dele, à representação mental que já
vem construída antes mesmo do casamento se estabelecer.
A estabilidade é tão necessária que o ser humano economiza energia naquilo que
já está garantido na sua vida, para poder investir no que não está. O trabalho, por
exemplo, exige grande investimento de tempo, atenção e empenho. Ele raramente é
estável. Para ele as pessoas dedicam-se diariamente. Para o casamento não. Ele ali está.
Mesmo com carências, fissuras e insatisfações crônicas, a consciência de que ele pode
se acabar não é concreta.
Vivida desta maneira, esta realidade é incongruente. Por um lado, o casamento
não tem garantias e pode morrer se não for cuidado. Por outro, é vivido como se ele, por
si só, fosse a garantia e como se não precisasse de investimento. Aqui reside o equívoco:
ser casado não é garantia de permanecer casado. Para permanecer casado, há que ter
atitude e disposição, há que ter consciência.
Casamento não é uma condição do ser humano e sim uma escolha de vida. Casar
é uma opção, e é útil ao casal, ao invés de pensar que é casado, pensar que está casado.
A noção de transitoriedade é importante para a consciência da finitude dos laços. Pensar
que está casado faz o casal se ver responsável por esta realidade, enquanto crer que é
casado cria uma ideia de continuidade e atemporalidade que gera uma atitude passiva
frente ao status que se consolida por si. O casal que se conscientiza de que está casado
tem que se responsabilizar por continuar casado se assim o deseja. E tem que
desenvolver posturas e compromissos responsáveis e conscientes frente à relação
conjugal e ao cônjuge, individualmente.
Há uma pergunta básica que fazemos na terapia de casal: “O que obriga vocês a
permanecer casados? “ Em geral a resposta vem automaticamente: “Nada nos obriga”. A
consequência desta resposta para o casal é vital: por que querem continuar casados
36
então? Ao dar esta resposta, cada um tem que pensar o que quer da vida, do casamento,
do outro, mas também tem que pensar o que tem que dar de si para obter aquilo que
deseja do casamento e do outro.
O que necessitam enfrentar para que o casamento continue? O que cada um quer
do casamento? E o que oferta ao casamento para receber o que deseja? O que cada um
tem a oferecer ao outro, daquilo que o outro precisa? Estas são algumas perguntas
geradoras de reflexões na busca da responsabilidade individual frente ao casamento, que
provocam a consciência de que para permanecer casados cada um tem que tomar esta
decisão de tempos em tempos.
Se a crise chega cada vez mais cedo na vida dos casais da atualidade,
provavelmente eles estão esperando do casamento mais do que ele pode dar e ofertando
a ele menos do que ele precisa.
CONCLUSÃO
É por meio do amor que busca demonstrar o afeto, tornando-se de grande
relevância jurídica o princípio da afetividade, com a finalidade precípua de constituição
familiar, uma vez que a afetividade busca aproximar as pessoas e é elemento basilar a
formação e estruturação familiar na atualidade.
O ambiente familiar passou a ser ligado em laços de afetividade, de forma
pública, contínua e duradoura, tendo assistência mútua entre os membros daquela
entidade familiar, com o primado de busca de felicidade, sendo, por isso, a família, de
acordo com a Constituição Federal, a base da sociedade brasileira.
Portanto, a afetividade, deve ser considerada como princípio constitucional
implícito, ao aproximar pessoas, dando origem aos relacionamentos que geram relações
jurídicas, formando o “status” familiar, que contribui para a felicidade individual e/ou
coletiva.
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Casar é fácil, difícil é permanecer casado,este ditado popular ainda é do século
XX. Antigamente, casar era muito fácil: Conhecia um parceiro ou parceira, namorava,
noivava com direito a pedido aos pais e festa, marcava a data da cerimônia, um vestido
de noiva, decoração, recepção, e os noivos partiam para a lua de mel.
Os convidados levavam arroz e jogavam nos noivos como sinal de desejar boa sorte e
felicidade no casamento. Simples assim. Casava-se para constituir uma família e por
amor ( na maioria das vezes). Sonhos de construir um lar e realmente permanecer juntos
“até que a morte nos separe”, assim nos ajude Deus. Por um lado temos cerimônias
imponentes, cheias de detalhes, caras, por outro, os noivos parecem não se importarem
muito com um padre ou pastor abençoando seu relacionamento. Laços duradouros são
raros nos dias atuais.
Muitos ministros usavam o seguinte versículo na cerimônia: “As palavras que
digo não são meros adendos ao seu estilo de vida, como a reforma de uma casa, que
resulta em melhora de padrão. Elas são o próprio alicerce, a base de sua vida. Se vocês
puserem essas palavras em prática, serão como os pedreiros competentes, que
constroem sua casa sobre a solidez da rocha.
Contudo, na sociedade que vivemos, o prazer substituiu o compromisso. Segundo
Zygmunt Bauman, o homem teve que escolher entre a segurança e o prazer e ficou com
o último.
As pessoas hoje são tratadas como objetos de consumo: Quando não suprem as
expectativas do consumidor, são devolvidos ou jogados fora. A única diferença é que
objetos de consumo, segundo Bauman, “coisas arquetípicas desprovidas de sentidos,
pensamentos e emoções próprias” poderiam ser descartados facilmente. Mas, o ser
humano sofre com a rejeição. Como os consumidores não necessitam prometer lealdade
aos produtos, trocam-nos quando surgem outros objetos mais atraentes. Bauman
denomina este descontentamento constante de “fadiga do prazer”. Lembro-me de uma
charge postada em uma das redes sociais quando uma jovem pergunta a um casal
velhinho de mãos dadas qual o segredo de seu relacionamento, ao que eles respondem:
Somos de um tempo quando consertávamos o que estava quebrado, não o jogávamos
fora.”
Obviamente que sempre aparecerão mulheres mais jovens, mais bonitas, mais
ricas, mais inteligentes do que aquela que o homem escolheu para se casar. Da mesma
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maneira, homens mais belos, mais fortes, mais ricos, mais jovens do que a mulher
escolheu para se casar. Seremos sempre seres desejantes, querentes e carentes. Indigno-
me quando comento de algum amigo que se divorciou por ter traído sua esposa com
uma mulher mais da metade da idade dele, e quando outros amigos respondem: “pelo
menos ele acertou desta vez.” A mulher bem mais nova que ele, certamente é mais
bonita que sua ex-esposa. Porém, devemos nos lembrar que quando ele se casou, sua
mulher era jovem, esbelta (provavelmente) e bonita. O tempo corrói a beleza exterior.
Depois dos quarenta a lei da gravidade é inclemente com as mulheres: tudo começa a
cair. Escolher entre a segurança, o amor companheiro, o carinho, o conforto da família e
o prazer da aventura, do novo, exige maturidade. Toda mulher e todo homem envelhece
e muda suas características exteriores, e muitas vezes interiores. Quantas vezes se
mudará de parceiro (a), até que estejam totalmente satisfeitos?
O sociólogo Anthony Giddens usa um termo para relações cujo único vínculo é o
prazer: “relações puras”. Nestas, não existe reciprocidade e o rompimento pode ser
unilateral. Neste tipo de relacionamento não existe segurança, e sim angústia. Um dos
indivíduos é moralmente insensível e não leva em consideração o bem-estar ou os
sentimentos do outro. A permanência em um relacionamento é somente até quando uma
outra ‘mercadoria’ mais atraente surgir. A capacidade da satisfação torna-se cada vez
menor e mais reduzida.
Casamento pressupõe responsabilidade, rotina, realidade. Todavia, espera-se
sempre o ideal romântico da constante aventura, do frio na barriga, na espinha, na
sensação eufórica dos dias iniciais do namoro. Meninos chorando à noite, fraldas para
trocar, contas se acumulando por debaixo da porta, ou na caixa de correios não se
encontravam no imaginário do jovem casal. Canos entupidos, paredes sujas e rabiscos
de crianças espalhados pelo apartamento, torneira gotejando, pia vazando exigem do
homem, geralmente, tarefas múltiplas: encanador, eletricista, pintor. Da mulher exige-se
uma nova profissão: mãetorista. Levar os filhos para a escola, aulas de música, esportes,
balé, etc. Além de tudo isso, espera-se viver uma relação sexual intensa e frequente. O
cansaço e a responsabilidade se encarregam de desgastar a relação.
Chegar no trabalho e receber elogios dos (das) colegas levanta a auto-estima,
estimula a continuar a luta pela sobrevivência e desperta novos desejos. A realidade não
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é prazerosa, portanto, trata-se de se livrar dela e de “viver num mundo feito apenas dos
próprios desejos.” (Bauman, 2014,p.182).
É necessária maturidade para seguir os princípios ensinados nos versos de
Provérbios 5: 19-23 ( A Mensagem): Alegre-se coma sua esposa e companheira desde
jovem, (…) e nunca deixe de se deleitar em seu corpo. Nunca ache que o amor está
garantido para sempre, mas conquiste a mesma mulher todos os dias. Por que trocar a
intimidade verdadeira por prazer momentâneo com uma prostituta ou por um flerte com
uma promíscua qualquer? (…) A morte é a recompensa da vida insensata: suas decisões
impensadas o levarão a um beco sem saída. Trocar a intimidade, a confiança, a
segurança do aconchego familiar em busca de aventuras pode ser prazeroso, mas trará
solidão, arrependimento e muitas vezes a morte da sua alma.
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ANEXO 1
QUESTIONÁRIOS
1-Resumindo em uma palavra , como você define o casamento?
_________________________________________________________
2-Família é________________________________________________
3-O que é união em um relacionamento conjugal?
( ) É fazer praticamente tudo juntos.
( )Tomar decisões em conjunto respeitando a opinião do outro e vice-versa
( )Saber que mesmo longe compartilhamos dos mesmos ideais.
4-Os sentimentos relacionados a afetividade e respeito são necessários:
( )É quando recebo carinho constantemente no dia a dia seja um bilhete a uma
declaração verbal.
( )É quando não há agressão verbal e nem física ,mas quando há diálogo.
5-Quais são os principais fatores que trazem problemas ao casamento, ou seja,ao
relacionamento conjugal?
( )sexo
( )finança
( )filhos
( )respeito
6-O que é necessário para permanecer casado e feliz?Resuma em uma frase:
_______________________________________________________
7-E você coloca em prática,o que sugeriu no item 6?
( )SIM ( )NÃO
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