UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXTAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS
NATURAIS E MATEMÁTICA
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA PÓS-GRADUAÇÃO DA UFRN (1995-2015):
VOZES, IMAGENS E ESCRITOS
WGUINEUMA PEREIRA AVELINO CARDOSO
Natal-RN
2017
1
WGUINEUMA PEREIRA AVELINO CARDOSO
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA PÓS-GRADUAÇÃO DA UFRN (1995 -2015):
VOZES, IMAGENS E ESCRITOS
Dissertação apresentada ao Programa Pós-
Graduação em Ensino de Ciências Naturais e
Matemática da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito para
obtenção do título de Mestre em ensino de
Ciências Naturais e Matemática.
Orientadora: Professora Dra. Liliane dos
Santos Gutierre
Natal/RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede
Cardoso, Wguineuma Pereira Avelino.
Educação matemática na pós-graduação da UFRN (1995-2015): vozes,
imagens e escritos / Wguineuma Pereira Avelino Cardoso. - 2017.
145 f.: il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-Graduação
em Ensino de Ciências Naturais e Matemática. Natal, RN, 2017.
Orientadora: Pro.ª Dr.ª Liliane dos Santos Gutierre.
1. Educação matemática - Dissertação. 2. Pesquisa - Dissertação. 3.
Programa de pós-graduação - Dissertação. 4. UFRN- Dissertação. 5.
Produto educacional - Dissertação. 6. Vídeo - Dissertação. I. Gutierre,
Liliane dos Santos. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 371.13
2
WGUINEUMA PEREIRA AVELINO CARDOSO
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA PÓS-GRADUAÇÃO DA UFRN (1995 – 2015):
VOZES, IMAGENS E ESCRITOS
Dissertação apresentada ao Programa Pós-
Graduação em Ensino de Ciências Naturais e
Matemática da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito para
obtenção do título de Mestre em Ensino de
Ciências Naturais e Matemática.
Orientadora: Professora Dra. Liliane dos
Santos Gutierre
Banca Examinadora:
______________________________________________________________________ Orientadora: Professora Dra. Liliane dos Santos Gutierre
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
___________________________________________________________________________
Professor Dr. José Mateus do Nascimento
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN)
___________________________________________________________________________
Professora Dra. Rita de Cássia Barbosa Paiva Magalhães
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
___________________________________________________________________________ Professora Dra. Giselle Costa de Sousa – Suplente Interno
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
NATAL/RN
2017
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo, sempre.
Aos meus queridos pais, Francisco Avelino da Silva e Salete Pereira Avelino, por me guiarem
para o caminho do conhecimento.
Ao meu amado marido, Gilvan Gomes Cardoso, que sempre me incentivou e me deu apoio
nesta jornada.
As minhas amadas filhas, Larissa Karennyne Avelino Cardoso, Lana Karen Avelino Cardoso,
Laís Katerine Avelino Cardoso e Luana Kelly Avelino Cardoso, que me compreendem e me
apoiam sempre.
À minha orientadora, Liliane dos Santos Gutierre, por ter acreditado em mim, por ter sido
firme nas horas em que fraquejei, pelas revisões ortográficas e gramaticais.
Aos depoentes desta pesquisa, professora Dra. Arlete de Jesus Brito, professora Dra.
Bernadete Barbosa Morey, professor Dr. John Andrew Fossa, professor Dr. Luiz Carlos
Jafelice, professor Ms. Luiz Seixas das Neves e o professor Dr. Gilvan Luiz Borba, que
contribuíram com suas memórias e emoções do fazer diário de um professor.
Aos professores da banca examinadora do projeto desta pesquisa, Dr. Iran Abreu Mendes e
Dr. Carlos Aldemir Farias da Silva, que, generosamente, deram as primeiras contribuições
para esta escrita.
Aos professores da banca de qualificação deste estudo, Dr. José Mateus do Nascimento e Rita
de Cássia Barbosa Paiva Magalhães, que contribuíram para a finalização do mesmo.
Aos professores, colegas e funcionários do PPGECNM, da UFRN, pelo apoio dado sempre
que necessário.
A Andson Roberto Nunes da Paz, funcionário da PPg/UFRN, que me ajudou a fazer as
digitalizações dos documentos institucionais utilizados nesta pesquisa.
A Álcio Farias de Azevedo que, gentilmente, me recebeu na PPg/UFRN e mostrou-me os
documentos necessários à minha pesquisa, ainda contribuindo com algumas ideias
significativas.
A minha colega de orientação, Liege Priscila de Medeiros, que me fez sorrir nas horas difíceis
desta jornada.
4
RESUMO
No Brasil, no final da segunda metade do século XX, pesquisas em Educação Matemática (EM)
despontaram em vários Programas de Pós-Graduação. No estado do Rio grande do Norte (RN) não foi
diferente, uma vez que a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) possui Programas de
Pós-Graduação que contemplam pesquisas nessa área, a saber: o Programa de Pós-Graduação em
Educação (PPGED), vinculado ao Centro de Educação (CE) e o Programa de Pós-Graduação em
Ensino de Ciências Naturais e Matemática (PPGECNM), vinculado ao Centro de Ciências Exatas e da
Terra (CCET). Neste contexto, elaboramos nossa questão-foco: Como iniciou e se consolidou a
pesquisa em Educação Matemática, no Estado do RN? Para responder a esta questão, traçamos como
objetivo geral fazer uma descrição historiográfica, no período de 1995 a 2015, dos modos de
instituição e consolidação de pesquisas em Educação Matemática presentes nos dois Programas
citados. Isto posto, essa pesquisa se justifica pelo fato de, em 1995, ser criada no PPGED a Linha de
Pesquisa intitulada Educação Matemática e, em 2002, desde a criação do PPGECNM, ter Linhas de
Pesquisas que contemplavam pesquisas nessa área. Para configurar esta pesquisa historiográfica,
utilizamos a História Cultural e as novas tendências metodológicas da escrita da história, entendendo
que esta se volta ao estudo da dimensão cultural de uma determinada sociedade historicamente
localizada (BURKE, 2011). Nossas fontes de pesquisa foram os documentos institucionais dos
referidos Programas, esses vistos à luz da teoria de Le Goff (2003), bem como os depoimentos dos
professores que foram os percursores nas pesquisas em Educação Matemática na UFRN. Esses
depoimentos foram colhidos por meio de entrevistas semiestruturadas (LAVILLE; DIONNE, 1999),
realizadas com eles, que, inclusive autorizaram, por meio de uma carta de cessão, a divulgação de seus
verdadeiros nomes. Além disso, por estarmos em um Programa de um Mestrado Profissional,
produzimos um vídeo, atrelado a nossa questão-foco, como Produto Educacional, que tem por objetivo
informar e motivar os professores da Educação Básica e graduandos da licenciatura em Matemática,
quando formados, a lançarem mão de uma formação continuada, agregando a sua formação inicial
melhorias salariais, culturais, sociais, entre outras, assim como fizeram os egressos do PPGED, da área
de EM. Após análise e triangulação das fontes (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2007) vimos que no
PPGED e no PPGECNM há pesquisas que se voltam para a EM e percebemos que em cada um deles
houve uma forma singular do desenvolvimento dessas. Vimos também que, no PPGED, a Linha EM
foi inserida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) na estrutura
do Programa em função da existência dos projetos de pesquisa que estavam sendo desenvolvidos pelo
então professor do PPGED, PhD John Andrew Fossa. As contribuições deste professor ajudaram
significativamente na criação da Linha EM, como também ampliaram novas possibilidades de
pesquisas em Educação Matemática no RN, conforme podemos visualizar a partir de uma árvore
genealógica (MENDES, 2015a) que construímos, mostrando alguns egressos, orientandos do professor
John Andrew Fossa e de outros professores contratados pelo Departamento de Matemática da UFRN,
que também contribuíram de forma significativa para o avanço na pesquisa na área de EM. Nossas
análises também mostraram que, atualmente, há egressos do PPGED que dão continuidade às
pesquisas na área de EM no âmbito da UFRN. Por fim, ao contarmos essa história, esperamos ter
contribuído para o entendimento do percurso, da constituição e da consolidação da pesquisa em
Educação Matemática no RN.
Palavras-chaves: Educação Matemática. Pesquisa. Programa de Pós-Graduação. UFRN. Produto
Educacional. Vídeo.
5
ABSTRACT
In Brazil, at the end of the second half of the twentieth century, research in Educação
Matemática - EM (Mathematics Education) emerged in several Post-Graduate Programs.In
the state of Rio Grande do Norte (RN) it was not different, since the Universidade Federal do
Rio Grande do Norte - UFRN (Federal University of Rio Grande do Norte) has post-graduate
programs that contemplate research in this area, namely: the Programa de Pós-Graduação em
Educação - PPGED (Post-graduate Program in Education), linked to the Centro de Educação -
CE (Education Center) and the Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e
Matemática - PPGECNM (Post-graduate Program in Teaching Natural Sciences and
Mathematics), linked to the Centro de Ciências Exatas e da Terra - CCET (Center of Exact
and Earth Sciences). In this context, we elaborated our question-focus: How did the research
in Educação Matemática (Mathematics Education) start and consolidate in the State of RN? In
order to answer this question, we have as general objective to make a historiographical
description, from 1995 to 2015, of the ways of institution and consolidation of research in
Educação Matemática (Mathematics Education) present in the two Programs mentioned.
Therefore, this research is justified by the fact that in 1995 the Research Line was created in
PPGED entitled Educação Matemática (Mathematics Education) and in 2002, since the
creation of the PPGECNM, there were lines of research that included research in this area. To
configure this historical research, we used the cultural history and new methodological trends
in history writing, understanding that this is about the study of the cultural dimension of a
certain historically located society (BURKE, 2011). Our sources of research were the
institutional documents of these Programs, those seen in the light of Le Goff's theory (2003),
as well as the statements of the professors who were the forerunners of research in Educação
Matemática (Mathematics Education) at UFRN. These statements were collected through
semi-structured interviews (LAVILLE; DIONNE, 1999) with them, including authorizing,
through a letter of assignment, a disclosure of their real names. In addition, because we are in
a Program of a Professional Master's Degree, we produced a video, linked to our question-
focus, as Produto Educacional (Educational Product), which aims to inform and motivate
Basic Education teachers and undergraduate students in Mathematics, when graduated, to take
on a continuous formation, adding to their initial formation salary, cultural and social
improvements, among others, as did the graduates of PPGED, From the EM area. After
analyzing and triangulating the sources (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2007), we have seen
that in PPGED and PPGECNM there are researches that turn to EM and we noticed that in
each of them there was a unique form of the development of these. We also saw that in the
PPGED, the EM Line was inserted by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior – CAPES (Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel)
in the structure of the Program due to the existence of the research projects being developed
by the PPGED professor, PhD John Andrew Fossa. The contributions of this professor helped
significantly in the creation of the EM Line, but also expanded new possibilities of research in
Mathematics Education in the RN, as we can see from a genealogical tree (MENDES, 2015a)
that we built, showing some graduates of the master's degree, masters orientated by Professor
John Andrew Fossa and other professors hired by the Departamento de Matemática da UFRN
(Department of Mathematics of UFRN), who also contributed significantly to the
advancement in research in the field of EM. Our analyzes also showed that, currently, there
are graduates of the PPGED who continue the researches in the area of EM within the UFRN.
Finally, as we tell this story, we hope to have contributed to the understanding of the course,
constitution and consolidation of the research in Educação Matemática (Mathematics
Education) in the RN.
Keywords: Mathematics Education. Research. Post-graduate program. UFRN. Educational
Product. Video.
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Caderno de indicadores............................................................... 53
Figura 2 Caderno de indicadores............................................................... 61
Figura 3 Caderno de indicadores (ano 2003) ........................................... 62
Figura 4 Árvore genealógica 1.................................................................. 69
Figura 5 Árvore genealógica 2.................................................................. 70
Figura 6 Número de cursos de Pós-Graduação na área de Ensino
segundo sua dependência administrativa....................................
74
Figura 7 Dissertações produzidas no PPGECNM..................................... 78
Figura 8 Anais III ENEN........................................................................... 86
Figura 9 Anais do XIII EPEN................................................................... 87
Figura 10 Livro do professor Fossa............................................................. 87
Figura 11 Anais do XI SNHM.................................................................... 88
Figura 12 Revista REMATEC.................................................................... 89
Figura 13 Folder do EREPHEM................................................................. 89
Figura 14 V EREM/V Fórum das Licenciaturas......................................... 90
Figura 15 Livro “Pesquisas em História da Educação Matemática”........... 90
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Grupos de pesquisa do PPGED.................................................... 46
Tabela 2 Quantidade de dissertações do PPGECNM/ano........................... 79
Tabela 3 Total de participantes da pesquisa................................................ 105
Tabela 4 Informações gerais - participantes do ENEM.............................. 106
Tabela 5 Informações gerais - Professores do município de Natal............. 106
Tabela 6 Informações gerais - alunos da UFRN......................................... 107
Tabela 7 Formação acadêmica - participantes do ENEM........................... 108
Tabela 8 Formação acadêmica - Professores do município/Natal.............. 108
Tabela 9 Formação acadêmica - alunos de Graduação da UFRN............... 109
Tabela 10 Formação acadêmica - participantes do ENEM........................... 110
Tabela 11 Formação acadêmica - professores do município de Natal.......... 110
Tabela 12 Formação acadêmica - Alunos de Graduação da UFRN.............. 111
Tabela 13 Atuação profissional - participantes do ENEM............................ 112
Tabela 14 Atuação profissional - professores do município de Natal........... 113
Tabela 15 Atuação profissional - Alunos de graduação da UFRN............... 113
Tabela 16 Questão1: Motiva professores a realizarem uma Pós-
Graduação................................................................................
114
Tabela 17 Questão 2: Mostra informações sobre Pós-graduação de forma
clara..............................................................................................
115
Tabela 18 Questão 3: Mostra informações importantes para uma pessoa
que pretende fazer uma Pós-Graduação.......................................
116
Tabela 19 Questão 4: Mostra alguns fatores motivadores para se fazer
uma Pós-Graduação......................................................................
116
Tabela 20 Questão 5: Mostra alguns fatores desmotivadores para se fazer
uma Pós-Graduação......................................................................
117
Tabela 21 Questão 6: Mostra que alguns egressos do Programa de Pós-
Graduação da UFRN são atualmente professores e/ou
pesquisadores nesta universidade.................................................
118
Tabela 22 Questão 7: Pode ser utilizado como recurso didático em cursos
de Graduação e Pós-Graduação....................................................
118
Tabela 23 Questão 8: Dá para compreender alguns aspectos relacionados a
HEM na Pós-Graduação da UFRN...............................................
119
Tabela 24 Questão 9: Mostra quais foram os professores pioneiros nas
pesquisas em Educação Matemática na UFRN............................
120
Tabela 25 Questão 10: É um importante recurso áudio visual que facilita o
conhecimento e possibilita o registro de pesquisas
historiográficas, como a apresentada............................................
120
Tabela 26 Questão 11: relaciona os professores pesquisadores que ao
longo do tempo vem desenvolvendo pesquisas no campo da
Educação Matemática, na UFRN. Isto propõe uma ação de
valorização da carreira docente....................................................
121
Tabela 27 Questão 12: É satisfatório quanto ao tempo de duração............... 122
8
LISTA DE SIGLAS
ANPED Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
BNCC Base Nacional Comum Curricular
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CCE Centro de Ciências Exatas
CCET Centro de Ciências Exatas e da Terra
CCSA Centro de Ciências Sociais e Aplicada
CD Corpo Docente – Vínculo Formação
CE Centro de Educação
CEA Ciências Exatas e Aplicadas
CERES Centro de Ensino Superior do Seridó
CES Câmara de Educação Superior
CFE Conselho Federal de Educação
CIHEM Congresso Ibero-americano de História da Educação Matemática
CNE Conselho Nacional de Educação
CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CONSEPE Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão
DA Docente Atuação
DI Disciplina
DP Docente Produção
EM Educação Matemática
ENEM Encontro Nacional de Educação Matemática
EREPHEM Encontro Regional de Pesquisas em História da Educação
Matemática
EUA Estados Unidos da América
GEEP Grupo de Estudos sobre o Ensino Problematizador em Ciências
GEPEM Grupo de Estudos e Práticas Educativas em Movimento
GPEP Grupo de Potiguar de Estudos e Pesquisas em História da Educação
Matemática
GT Grupos de Trabalho
HEM História da Educação Matemática
IFESP Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy
IMPA Instituto de Matemática Pura e Aplicada
ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica
LDB Lei de Diretrizes e Bases
LP Linha de Pesquisa
MA Mestrado Acadêmico
MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MEC Ministério da Educação
MP Mestrado Profissional
MPE Mestrado Profissional em Ensino
NEPEB Núcleo de Estudos e Pesquisas da Educação Básica
NEPEC Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação e Comunicação
NEPEC&T Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Ciência e Tecnologia
NEPEPE Núcleo de Estudos e Pesquisa em Estado, Política e Educação
NEPERES Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Representação
Social
PA Produção Artística
9
PA Pará
PB Produção Bibliográfica
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
PDF Portable Document Format
PhD Philosophiae Doctor
PNPG Plano Nacional de Pós-Graduação
PO Proposta do Programa
PP Projeto de Pesquisa
PPG Programa de Pós-Graduação
PPg Pró-Reitoria de Pós-Graduação
PPGECNM Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e
Matemática
PPGED Programa de Pós-Graduação em Educação
PR Programa
PROPESQ Pró-Reitoria de Pesquisa
PT Produção Técnica
PUC/SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
RBE Revista Brasileira de Educação
RBPG Revista Brasileira de Pós-Graduação
REMATEC Revista de Matemática, Ensino e Cultura
RN Rio Grande do Norte
RS Rio Grande do Sul
SBEM Sociedade Brasileira de Educação Matemática
TE Teses e Dissertações
TIC Tecnologias da Informação e Comunicação
TV Televisão
UAP Universidade Amizade dos Povos
UERN Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
UFPA Universidade Federal do Pará
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UNB Universidade de Brasília
UNESP Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
10
SUMÁRIO
1 PARA INÍCIO DE CONVERSA...................................................................... 11
2 A TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA PESQUISA................................. 30
3 PESQUISAS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA PÓS-GRADUAÇÃO
DA UFRN.............................................................................................................
43
3.1 LINHA DE PESQUISA....................................................................................... 43
3.2 LINHA DE PESQUISA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO PPGED............... 49
3.3 CRIAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DO PPGECNM NA UFRN........................... 71
3.4 PRODUÇÕES ACADÊMICAS........................................................................... 84
4 PRODUTO EDUCACIONAL........................................................................... 92
4.1 O VÍDEO COMO RECURSO AUDIOVISUAL................................................. 92
4.2 OBJETIVOS DO VÍDEO..................................................................................... 95
4.3 A CONSTRUÇÃO DO VÍDEO........................................................................... 98
4.4 ESCOLHA DO PÚBLICO PARA AVALIAÇÃO DO VÍDEO.......................... 101
4.5 AVALIAÇÃO DO PRODUTO EDUCIONAL................................................... 103
4.5.1 Questionário............................................................................................................ 103
4.5.2 Tratamento e análise dos dados.............................................................................. 104
4.5.2.1 Questionário 1......................................................................................................... 105
4.5.2.2 Questionário 2......................................................................................................... 114
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 123
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 128
APÊNDICES.......................................................................................................... 134
11
1 PARA INÍCIO DE CONVERSA
Mas, de fato, a UFRN tem brilhado em certas áreas
e acho que o nosso grupo tem contribuído bastante
às áreas de Educação Matemática e História da
Matemática. É importante entender que quem faz
as coisas com dedicação e amor vai realmente
chegar a algum lugar interessante. (FOSSA, 2015).
Teria sido com esse mesmo sentimento de amor, evidenciado por Fossa (2016), que o
Conselheiro Newton Sucupira relatou o processo de institucionalização dos cursos de Pós-
Graduação do Brasil, fornecendo-nos um marco da Pós-graduação brasileira? Não temos
resposta a essa pergunta, mas temos a certeza que esse ainda é nos dias atuais – no ano de
2017 - o referencial legal da Pós-Graduação em nosso país. Este é o Parecer do Conselho
Federal de Educação - CFE nº 977/65, o Parecer Sucupira.
Com um pouco mais de cinquenta anos de plena existência, este parecer foi criado
para conceituar e normatizar os cursos de Pós-Graduação no Brasil e, ainda hoje, é
considerado, segundo Cury (2005): “[...] do ponto de vista doutrinário, em matéria oficial, [...]
a grande, senão a única referência sistemática da pós-graduação em nosso país”. (CURY,
2005, p. 10).
No referido Parecer nos é apontado às necessidades de se criar cursos de Pós-
Graduação no Brasil, pois:
o sistema de cursos pós-graduados hoje se impõe e se difunde em todos os
países, como a consequência natural do extraordinário progresso do saber em
todos os setores, tornando impossível proporcionar treinamento completo e
adequado para muitas carreiras nos limites dos cursos de graduação. Na
verdade, em face do acúmulo de conhecimentos em cada ramo das ciências e
da crescente especialização das técnicas, o estudante moderno somente
poderá obter, ao nível da graduação, os conhecimentos básicos de sua
ciência e de sua profissão. (BRASIL, 1965, p. 2).
De acordo com o Parecer, podemos ver que estava ocorrendo no Brasil e em outros
países um progresso do saber, ou seja, um grande desenvolvimento científico, sendo
necessário, então, institucionalizar legalmente os cursos de Pós-Graduação do Brasil, pois
esses cursos representariam uma futura mão-de-obra mais qualificada, além de desenvolver o
campo científico. Contudo, vale dizer que “atividades de Pós-Graduação stricto e lato sensu já
se manifestavam no país desde a década de 1930” (MEGID NETO, 2014, p. 109).
12
Assim, havia uma urgência para normatizar esses cursos existentes no país, de modo
que o Parecer completaria as determinações já previstas na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional - LDB nº 4.024/61 que faz referências aos cursos de Pós-Graduação no
artigo nº 69, e classifica o ensino superior em três categorias:
a) – de graduação, abertos à matricula de candidatos que hajam
concluído o ciclo colegial ou equivalente, e obtido classificação em concurso
de habilitação;
b) – de pós-graduação, abertos à matrícula de candidatos que hajam
concluídos o curso de graduação e obtido o respectivo diploma;
c) – de especialização, aperfeiçoamento e extensão, ou qualquer outros, a
juízo do respectivo instituto de ensino abertos a candidatos com o preparo e
os requisitos que vieram a ser exigidos. (BRASIL, Ministério da Educação e
Cultura, 1961, p.2).
Entre essas três categorias, temos na alínea “b”, a Pós-Graduação oficializada
legalmente. O problema era que a LDB de 1961 não definia nem conceituava, muito menos
regulamentava os cursos de Pós-Graduação. Assim, o Parecer Sucupira, foi criado para
atender a esta necessidade, como mostra em seu texto a seguinte afirmação:
[...] considerando a necessidade de implantar e desenvolver o regime de
cursos-pós-graduação em nosso ensino superior e tendo em vista a
imprecisão, que reina entre nós, sobre a natureza desses cursos, solicita ao
Conselho pronunciamento sobre a matéria que defina e, se for o caso,
regulamente os cursos de pós-graduação a que se refere a letra b do art. 69
da Lei de Diretrizes e Bases. (BRASIL, 1965, p. 1).
O Parecer não só definiu a natureza dos cursos de Pós-Graduação como também
estabeleceu as regras para o seu funcionamento. De acordo com Cury (2005) a Pós-Graduação
nos anos de 1960 caminhou para um Sistema Nacional de Pós-Graduação, e ganhou força pela
Lei nº 5.539/68 que modificou o Estatuto do Magistério Superior quanto à exigência de
titulação Pós-Graduada stricto sensu e a progressão da carreira docente, de modo que, nessa
perspectiva, os cursos de Pós-Graduação começaram a se destacar nacionalmente. (CURY,
2005).
Todas essas mudanças estavam em consonância com o Primeiro Plano Nacional de
Desenvolvimento1 (IPND) do país, que passava por processos de reformulações das políticas
1 I PND tinha por objetivo colocar o Brasil entre as nações desenvolvidas no espaço de uma geração.
Disponível em: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/plano-nacional-de-
desenvolvimento-pnd>Acesso em: 20 nov 2016.
13
setoriais, entre essas, estava a concessão de novas atribuições a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgãos públicos fundados no ano de 1951
e criados, inicialmente, com o objetivo de garantir pessoal especializado em termos de
qualidade e quantidade, suficiente as novas necessidades de empresas públicas ou privadas do
país.
A partir de 1965, estes órgãos citados, ganham autonomia e ficam responsáveis para
promover formação e aperfeiçoamento dos docentes do Ensino Superior, cabendo a CAPES
coordenar, avaliar e recomendar atividades relativas ao ensino superior; ao Conselho Nacional
de Educação (CNE) credenciar; e ao Ministro da Educação homologar os Cursos e Programas
de Pós-Graduação. (CURY, 2005).
Então, com a Pós-Graduação se consolidando em todo país, Megid Neto (2014) nos
informa que, no ano de 1965, houve um total de 96 (noventa e seis) cursos implantados entre
mestrado e doutorado e 286 (duzentos e oitenta e seis) cursos de Aperfeiçoamento ou
Especialização, nos diversos ramos do conhecimento, nas universidades brasileiras. (MEGID
NETO, 2014).
Entre esses cursos implantados, vimos no estudo de Santos (2003), os que estão
relacionados com Matemática: Mestrado em Matemática, da Universidade de Brasília (UnB);
doutorado do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA); cursos de Pós-Graduação no
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Segundo o autor, a Pós-Graduação brasileira foi
marcada por uma forte influência europeia e norte-americana que estabelecia uma parceria
subordinada, ou seja, uma visão de que o Brasil estava modernizando a intelectualidade
brasileira, mas na realidade se reproduzia uma ciência sem autonomia dos países centrais,
pois, “o objetivo das nações mais desenvolvidas era o aumento de mercados consumidores e o
desestímulo à concorrência científica ou tecnológica”. (SANTOS, 2003, p.629).
Com a criação de vários cursos e Programas, surge a necessidade de se ter
planejamentos, para isso foi criado pela CAPES, o Primeiro Plano Nacional de Pós-
Graduação (I PNPG), para o período de 1975 a 1979, que tinha como diretriz geral:
Formar professores para o magistério universitário, a fim de atender à
expansão quantitativa deste ensino e à elevação da sua qualidade; formar
pesquisadores para o trabalho científico, a fim de possibilitar a formação de
núcleos e centros, atendendo às necessidades setoriais e regionais da
sociedade; preparar profissionais de nível elevado, em função da demanda
do mercado de trabalho nas instituições privadas e públicas. (BRASIL, I
PNPG, 1974, p. 11).
14
O I PNPG concentrava seus objetivos na formação de professores para o Nível
Superior até para estar em consonância com o Estatuto do Magistério e com o Plano de
Desenvolvimento Nacional de Ciência e Tecnologia.
Diante esse cenário, junto ao Regime da Ditadura Militar2 que acontecia no Brasil, é
implantado um curso de Pós-Graduação em Educação na Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN), pois segundo, Ramalho e Madeira (2005):
Nos anos de 1970, no regime autoritário militar, a pós-graduação cresceu no
país por uma pressão natural da expansão do ensino superior, resultante do
próprio pacto político de sustentação do governo. Tratava-se de qualificar os
quadros docentes, relativamente improvisados, para responder ao desafio da
grande expansão do ensino de graduação, especialmente no sistema federal,
e de modo particular no Norte e no Nordeste. A pós-graduação destacava-se
como o mecanismo de formação dos ‘mestres’ que garantiria a qualidade
acadêmica e didática do ensino do então chamado terceiro grau. Foi o tempo
dos mestrados. (RAMALHO; MADEIRA, 2005, p. 72).
Então, no ano de 1977, por meio da Resolução nº 105/1977 do Conselho de Ensino,
Pesquisa e Extensão da UFRN (CONSEPE), é criado o Curso de Mestrado3 em Educação,
nesta instituição, que, algum tempo depois, passou ser chamado pela CAPES, de Programa de
Pós-Graduação em Educação (PPGED), com área de concentração em Tecnologia
Educacional, sob a responsabilidade do então Departamento de Educação, do Centro de
Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA), tendo sua primeira turma de estudantes no ano de
1978. (SANTOS, 2006).
O PPGED, instituído durante I PNPG, segue sua trajetória atendendo aos objetivos dos
sucessivos PNPG. Na década de 1982 a 1985 teremos o Segundo Plano Nacional de Pós-
Graduação (II PNPG), período marcado por uma forte crise econômica e uma grande
dependência financeira do capital externo que ocasionava o aumento da dívida externa. Neste
Plano, a diretriz era o incentivo a pesquisa. O terceiro PNPG, no período de 1986 a 1989, tem
como diretriz procurar
[...] estreitar o relacionamento entre a universidade, a pós-graduação e o
setor produtivo, dando maior força à necessidade de institucionalização da
pesquisa como elemento indissociável do ensino de pós-graduação, e sua
integração no Sistema Nacional de Tecnologia. A universidade pública foi
2 Foi um regime instaurado no ano de 1964 e apoiado pela elite política mais conservadora, a burguesia, a Igreja,
os EUA e os militares que assumiram o comando do país. (REZENDE E DIDIER, 2005). 3 As designações ‘curso de mestrado’ e ‘curso de doutorado’ foram utilizadas durante muitos anos pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. (RAMALHO E MADEIRA, 2005, p. 70).
15
considerada lócus privilegiado para a produção de conhecimento,
enfatizando-se seu papel no desenvolvimento nacional. (RAMALHO;
MADEIRA, 2005, p. 73, grifos dos autores).
Foi no período do III PNPG que a região Nordeste teve um maior incentivo em
desenvolver nos Programas de Pós-Graduação cursos de doutorados, pois a intenção era
libertar o Nordeste da dependência de outras regiões do Brasil, no que se refere à formação do
magistério universitário. Após este Plano, ficou-se algum tempo sem a vigência de outros
Planos, devido à grande crise econômica que atravessava o país (RAMALHO; MADEIRA,
2005). Logo, o IV PNPG (1990-2004) não vingou, mas a CAPES era responsável de conduzir
tudo que se referia a Pós-Graduação. Sobre isso, Ramalho e Madeira (2005) nos dizem que:
Paradoxalmente, é forçoso reconhecer que esse período em que não se teve
um plano nacional de pós-graduação está marcado por um grande salto de
qualidade e de quantidade na pós-graduação no Norte e Nordeste. Registra-
se, especialmente, o resultado do investimento social feito na formação de
pessoal, contando-se agora com grupos de docentes-pesquisadores com
doutorado e pós-doutorado, formados em outros centros do país e do
exterior, com melhores condições de fixação local por sua vinculação de
origem. (RAMALHO; MADEIRA, 2005, p. 73).
Nesse contexto, a UFRN é contemplada com o doutorado em Educação, assim, após
dezesseis anos de funcionamento do PPGED, com a Resolução nº 257-A/1993 do
CONSEPE/UFRN, é autorizada a implantação do Doutorado. Com esta implantação e com a
nova reformulação do PPGED, e os investimentos financeiros, abre-se a possibilidade de
ocorrer conexões entre pesquisadores nacionais e internacionais (SANTOS, 2006). Em nosso
entendimento, isto se confirma, pois nos documentos de reformulação do PPGED,
identificamos que os Núcleos de Pesquisa deste realizaram intercâmbios entre seus alunos e
professores com alunos e professores de outras universidades dentro e fora do país.
Esses Núcleos de Pesquisa estão definidos nos documentos de reformulação do
PPGED como espaços destinados a:
[...] desenvolverem investigações de problemas propostos pela realidade
educacional, tanto em nível de pesquisa básica de caráter não imediatista,
como aplicada, pela qual se investiga e se produz conhecimento de natureza
mais utilitária e imediata, aplicados a problemas específicos de âmbito
restrito. (UFRN,1993, p.8).
16
Assim, estes Núcleos compreenderam espaços para desenvolvimento de pesquisas
científicas, no PPGED. Ainda de acordo com os referidos documentos, o PPGED era dividido
em cinco Núcleos de Pesquisa. São eles: (1) Núcleo de Estudos e Pesquisas da Educação
Básica (NEPEB); (2) Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Representação Social
(NEPERS); (3) Núcleo de Estudos e Pesquisa em Estado, Política e Educação (NEPEPE); (4)
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Ciência e Tecnologia (NEPEC&T) e (5) Núcleo
de Estudos e Pesquisa em Educação e Comunicação (NEPEC).
Procuramos nos referidos documentos, que datavam até o ano de 1993, nas descrições
dos cinco Núcleos de Pesquisa do PPGED acima citados, alguma referência a pesquisas
voltadas à Educação Matemática (EM), mas não encontramos.
Nacionalmente, já existiam outros cursos de Pós-Graduação que vinham
desenvolvendo pesquisas em Educação Matemática. De acordo com Fiorentini e Lorenzato
(2009), o primeiro Programa de Mestrado em Educação Matemática foi criado na
Universidade Estadual Paulista (UNESP-Rio Claro), em 1984. Antes disso, para Fiorentini
(1994), as pesquisas com temáticas relacionadas com a Educação Matemática foram
produzidas nas Faculdades de Educação, pois, em seus estudos, ele aponta que, entre 1971 a
1978, foram produzidas 4 (quatro) teses de doutorado e 25 (vinte e cinco) dissertações de
mestrado, dispersa em 14 (quatorze) Programas diferentes de Pós-Graduação, dentre eles, ele
destaca o Programa Interamericano de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal
de Santa Maria, do Rio Grande do Sul (RS), que contava com o convênio entre o Ministério
da Educação e Cultura e a United States Agency for International Development, da
Organização dos Estados Americanos (MEC-USAID/OEA4). Ainda em Fiorentini (1994),
vimos que, entre os anos de 1979 a 1982, tiveram 28 (vinte e oito) dissertações de Mestrado,
desenvolvidas em um Programa Temporário de Mestrado em Ensino de Ciências e
Matemática, oferecido pelo Instituto de Matemática (IMECC) da Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP), em convênio com o MEC e o Programa de Expansão e Melhoria do
Ensino (MEC-PREMEM) e a OEA, organizado e coordenado pelo professor Ubiratan
D’Ambrósio.
Entendendo que as pesquisas em Educação Matemática estavam atreladas, em sua
grande maioria, aos Programas de Educação, continuamos nossa busca no PPGED, e nos
4 Nome de um acordo que incluiu uma série de convênios realizados a partir de 1964, durante o regime militar
brasileiro, entre o Ministério da Educação (MEC) e a United States Agency for International Development
(USAID). Os convênios, conhecidos como acordos MEC/USAID, tinham o objetivo de implantar o modelo norte
americano nas universidades brasileiras através de uma profunda reforma universitária. Disponível em < http://www.educabrasil.com.br/mec-usaid/> Acesso em:15 out 2016.
17
deparamos com documentos, encontrados no site da CAPES5, identificando nesses, a Linha
de Pesquisa Educação Matemática. Esta foi oficialmente introduzida no PPGED, a partir do
ano de 1995. Vimos também que houve uma mudança na nomenclatura utilizada, em função
da desativação dos Núcleos de Pesquisa e da formação de várias Linhas de Pesquisa. Sobre
isso, Santos (2006) nos diz que:
O Programa de Pós-Graduação em Educação passou por várias
reorganizações e adaptações, em seu projeto original uma delas tendo
resultado na desativação da formação lato sensu, enquanto que a outra
acontece com a desativação dos Núcleos de Pesquisa e a definição da
Educação como área de concentração. Com isso o Programa simplifica sua
estrutura e se organiza em oito Linhas de Pesquisa: Formação e
Profissionalização Docente; Práticas Pedagógicas e Currículo; Educação
Matemática; Corporeidade e Educação; Políticas e Práxis da Educação;
Cultura e História da Educação; Educação, Linguagem e Formação do
Leitor; Estratégias do Pensamento e Produção do Conhecimento. (SANTOS,
2006, p. 83, grifos nossos).
Dessa forma, assim como em outros Programas de Pós-Graduação em Educação, já
referenciados nesse estudo, as pesquisas em Educação Matemática, no RN, começam a
marcar sua trajetória, a partir do ano de 1995, com a Linha de Pesquisa Educação Matemática,
e é a partir desta Linha que construímos esta historiografia.
Ao nosso ver, expor essa trajetória historiográfica das pesquisas em Educação
Matemática é importante, pois significa mostrar os modos pelos quais professores,
pesquisadores e alunos foram construindo sentidos e verdades em suas pesquisas, demarcando
os significados sociais, culturais e históricos da Educação Matemática. E isso nos permite
revelar os caminhos tomados por estas pesquisas, bem como suas contribuições para área do
ensino de Matemática, com relação a ampliação dos espaços de produção científica e o
desenvolvimento de uma área de pesquisa que ajudou na consolidação de outro Programa de
Pós-Graduação na UFRN. Tudo isso, ainda nos fez perceber os movimentos da Educação
Matemática no RN, uma vez que os caminhos traçados pelas pesquisas deram origem a
grupos de pesquisa, com diferentes linhas de pesquisa; criação de materiais científicos;
participação de seus agentes em eventos existentes ou até mesmo na criação de novos eventos.
Esses movimentos geraram várias mudanças nas pesquisas em Educação Matemática e
impulsionaram a conservação de Linhas de Pesquisa como também geraram modificações e
transformações nas existentes.
5 CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Site:
http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/CadernoAvaliacaoServlet?acao=pesquisaAno&ano=1999.
18
Considerando que a Educação Matemática tem seu campo de pesquisa, e sua
identidade reconhecida perante o sistema de Pós-Graduação Brasileiro, uma vez que a
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED) - associação que
congrega os Programas de Pós-Graduação stricto sensu em Educação, apoiada pela CAPES,
reconhecida no cenário nacional e internacional pela relevante produção científica de seus
membros, os Grupos de Trabalhos (os chamados GT) – cria o GT-19, importante fórum para
discussão de pesquisas em Educação Matemática. Segundo Miguel; Garnica, Igliori;
D’Ambrósio (2004, p. 73): “A criação de um grupo de trabalho numa associação nacional do
porte da ANPED, que congregue pesquisa de uma determinada área de saber, pressupõe, antes
de tudo, reconhecimento da área pela academia” (MIGUEL; GARNICA; IGLIORI;
D’AMBRÓSIO, 2004, p. 73).
Neste sentido, e por tudo que foi exposto, consideramos de grande relevância
pesquisas Educação Matemática, corroborando com Bicudo (1993) que fala da importância de
se pesquisar nessa área, pois, para ele a Educação Matemática:
permite que se compreenda a Matemática, o modo pelo qual ela é construída,
os significados da Matemática no mundo. Com isso, ela presta um serviço à
Educação e a Matemática. À Matemática por ajudá-la a compreender-se. À
Educação, por auxiliar a ação político-pedagógica (BICUDO, 1993, p. 22).
E é com este pensamento que entendemos ter sido importante até aqui ter exposto ao
leitor como se iniciou a Pós-Graduação em Educação na UFRN e também como se
configurou Linha de Pesquisa em Educação Matemática no PPGED, pois, neste estudo, nos
deteremos a contar a história dos Programas de Pós-Graduação da UFRN que estão
diretamente ligados ao desenvolvimento de pesquisas em Educação Matemática no RN.
Para escrever esta história buscamos evidências nos acontecimentos e nos documentos
deixados pelo passado, sendo que nossa primeira evidência, conforme já citamos, foi a
existência da Linha de Pesquisa EM no PPGED da UFRN. No o site da CAPES encontramos
os cadernos de indicadores, nos quais identificamos os professores que orientaram trabalhos
de Mestrado e Doutorado nesta Linha de pesquisa, no PPGED. Vale lembrar que esta Linha
de Pesquisa começou a se desenvolver a partir de 1995.
Nessa busca, identificamos o professor PhD John Andrew Fossa, então professor do
Departamento de Matemática, desde 1993. Atualmente – ano de 2017 - este docente está
aposentado, mas é a partir deste pesquisador que identificamos a maioria das pesquisas na
Linha EM, no PPGED, da UFRN.
19
Além do professor Fossa6, podemos citar outras professoras que também contribuíram
com as pesquisas nesta Linha, são elas, a professora Dra. Bernadete Barbosa Morey e a
professora Dra. Arlete de Jesus Brito. Essas duas professoras também foram orientadoras de
Mestrado e Doutorado, no PPGED. Outros professores que destacamos nesta pesquisa, são
dois ex-orientandos do professor Fossa, egressos do PPGED, que com seus títulos de mestres
ou doutores deram uma grande contribuição para o desenvolvimento de pesquisas na Linha
EM, no PPGED: professor Dr. Francisco Peregrino Rodrigues Neto e o professor Dr. Iran
Abreu Mendes. Alguns destes professores do PPGED também desenvolveram ou ainda
desenvolvem pesquisas em outro Programa de Pós-Graduação da UFRN, a saber, o Programa
de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática (PPGECNM).
Posto isto, nosso olhar agora se volta para o PPGECNM, instituído oficialmente, no
ano de 2002, vinculado ao Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET), que também possui
pesquisas na área de Educação Matemática. Segundo Silva, Noronha e Araújo (2012) este
Programa foi o primeiro na modalidade de Mestrado Profissional (MP) criado no nordeste do
país. Vale dizer que, nesta época, o mundo estava vivendo um grande desenvolvimento das
tecnologias da informação e comunicação, dessa forma buscava-se por profissionais mais
qualificados, assim, as políticas públicas se voltavam para o desenvolvimento econômico e
social do país e as políticas educacionais, no que se refere ao Ensino Superior, se
concentravam mais nas regiões Norte e Nordeste, uma vez que se encontravam em
desequilíbrio com relação às outras regiões do Brasil. (RAMALHO; MADEIRA, 2005).
O desequilíbrio apontado acima se refere a distribuição de Programas de Mestrado
e/ou Doutorado implantados por região do Brasil. Essa desigualdade regional de Programas
de Pós-Graduação, historicamente ainda se mantém nos dias de hoje. No site da CAPES7
identificamos que dos 4.388 (quatro mil, trezentos e oitenta e oito) Programas de Pós-
Graduação recomendados e reconhecidos pela CAPES, existentes no Brasil, no ano de 2013,
aproximadamente 20% (vinte por cento) estão na região Nordeste, 45% (quarenta e cinco por
cento) na região Sudeste, 21%(vinte e um por cento) no Sul, 8%(oito por cento) no Centro-
Oeste e 6%(seis por cento) no Norte do país. Esses dados nos dão uma dimensão do quanto às
distribuições dos Programas são desiguais, e no ano de 2002 esse desequilíbrio era ainda
maior.
6A partir de agora, no decorrer desse texto, nos remeteremos ao professor Ph.D. John Andrew Fossa, como
professor Fossa. 7Plataforma Sucupira, espaço virtual, disponibilizado pela CAPES, com informações e dados para consulta.
20
Essas desigualdades no que se refere a distribuição de Programas de Pós-Graduação
stricto sensu são históricas diante da expressiva consolidação da Pós-Graduação brasileira nas
últimas décadas. Identificamos que em quase todos os PNPG havia tendências para ações que
se voltavam à formação de quadros de professores para as universidades, contudo a
valorização da carreira docente tinha como fim valorizar uma produção científica que servisse
ao desenvolvimento do setor produtivo.
Na década de 1990, o cenário econômico foi marcado pela intensa valorização de
privatizações, e o IV PNPG tem em suas diretrizes a formação não só de docentes, mas
também a formação de profissionais para o mercado não acadêmico. Esse fato subsidiou ainda
mais o mercado privado que era mais desenvolvido nas regiões Sudeste e Sul. Somente a
partir do PNPG (2011 – 2020) é que teremos ações para a redução dessas assimetrias
regionais. Neste Plano, identificamos ações para o desenvolvimento de estudos relativos à
formação do professor, colocando a educação com vistas aos problemas sociais, assim,
procurou-se oportunizar as regiões Norte e Nordeste a formação continuada de professores da
Educação Básica.
Além das desigualdades de distribuição de Programas de Pós-Graduação apresentadas,
temos que relacionar uma questão intrínseca aos Mestrados Profissionais, pois estes
apresentaram, por um período, uma grande concentração nas regiões mais ricas do país, com
momentos marcados, tanto por períodos de forte crescimento como também de redução, isso
com relação a cursos criados pelo setor privado. Para entendermos tudo isso, investigamos
alguns aspectos que envolveram o surgimento dos Mestrados Profissionais no Brasil.
Os primeiros Mestrados Profissionais do Brasil, de acordo com Fischer (2005), datam
a década de 1990, e desde então, a Pós-Graduação brasileira viveu os dilemas de promover
cursos estritamente acadêmicos ou cursos que se voltavam para a formação do mundo do
trabalho. Ainda, segundo Fischer (2005): “A ideia de cursos orientados à capacitação
profissional está expressa no Parecer nº 977/65 do então Conselho Federal de Educação, que
já propunha a criação de cursos de pós-graduação orientados à formação de profissionais”.
(FISCHER, 2005, p.25).
Assim, os Programas de Mestrados Profissionais foram oficialmente reconhecidos no
ano de 1995, quando o então Presidente da CAPES, o senhor Abílio Afonso Baeta Neves, em
suas atribuições legais, e para atender ao documento, intitulado de “Programa de
Flexibilização do Modelo de Pós-Graduação Senso Estrito em Nível de Mestrado”, resolve
determinar a implantação de Cursos de Mestrado, dirigidos à formação profissional. (CAPES,
1995, Portaria nº 47).
21
Existem ainda muitas discussões sobre esse modelo de flexibilização da Pós-
Graduação, com relação as suas verdadeiras intenções. Nos estudos de Cirani, Campanario e
Silva (2015) são apontadas algumas proposições, a partir da análise de dados que mostram o
quantitativo da Pós-Graduação no setor público e privado, o percentual de cursos por regiões,
o percentual de cursos por população, entre outros, sendo esses dados coletados do período de
1999 a 2011, que podem indicar, segundo os autores, a seguinte proposição:
O setor privado vê na educação um negócio altamente lucrativo, atraindo
investimentos estrangeiros para a formação de grandes conglomerados
universitários, mas ainda tendo que concorrer com o esforço sistemático de
ampliação da esfera pública, especialmente o sistema federal. (CIRANI;
CAMPANARIO; SILVA, 2015, p. 169).
Uma segunda proposição seria que:
Existe no ambiente da educação pública e privada o estigma dos cursos
profissionais serem de mais fácil acesso ou menos oneroso tanto para a
Instituição de Educação Superior (IES) que o promove, incluindo a hipótese
da visão do corpo discente que o julgaria mais próximo da realidade de
trabalho nos diferentes ramos em que foi ofertado. Estas considerações se
somam para construção de estudos voltados ao crescimento de modalidades
mais voltadas à prática como fruto das regulamentações públicas, somadas à
grande atratividade dos investimentos no setor privado. Efetivamente, esta
proposição ainda não foi objeto de estudos científicos abrangentes, embora
seja de capital importância para a educação superior e pós-graduada no país.
(CIRANI; CAMPANARIO; SILVA, 2015, p. 171).
Percebemos que o MP teve diferentes fases, e várias proposições foram apontadas, que
vão desde o domínio e o interesse do setor privado, como também a necessidade de atender a
demanda populacional de profissionais que almejavam uma Pós-Graduação stricto sensu.
Dessa forma entendemos que as intenções de se implantar um MP estavam relacionadas com
a formação de profissionais para o mercado privado. De encontro a isto, não podemos deixar
de citar o que diz o órgão regulador desse sistema, que justifica a flexibilização da Pós-
Graduação, no documento elaborado pela CAPES (2005), que este segmento vem atender a
uma sociedade que devido:
A rápida evolução do conhecimento tem exigido dos graduados formação
avançada e atualizada; em paralelo, as organizações governamentais e não-
governamentais têm exigido constante elevação da qualidade e
produtividade dos seus serviços. Em complemento, a abertura de mercado
tem demandado das empresas um nível de competividade que as leva a
22
buscar profissionais com formação pós-graduada, de preferência mestrado.
(CAPES, 2005, p. 140).
Mesmo havendo necessidades de profissionais com formação pós-graduada, o MP
sofreu muita resistência devido a concepções acadêmicas da supervalorização de critérios de
avaliação em conformidade com o Mestrado Acadêmico (MA). Era necessário reformular
esses critérios com diferenciações para o MP e o MA, no que se refere a estrutura, ao público,
ao local e tempo de duração e áreas de atuação. Quanto às áreas de atuação o MP, se dividiu
em dois modelos, o Generalista e o Focalizado. O Generalista, forma profissionais
multiqualificados em nível estratégico, como exemplo, temos os Mestrados Profissionais em
Administração. Com relação ao Mestrado Focalizado, visa formar profissionais para lidarem
com problemas concretos, como exemplo temos os Mestrados Profissionais em Engenharia e
Odontologia. Mas, existe também, um terceiro tipo de MP, que é a hibridação desses dois
modelos, é o Mestrado Profissional em Ensino (MPE), desenvolvido inicialmente na área de
Ciências e Matemática, e une a teoria e a prática docente. (FISCHER, 2005).
O MPE compreendeu inicialmente o público da área de Ciências e Matemática que,
segundo Moreira (2001), é a chamada área 46 da CAPES, que corresponde ao Ensino de
Ciências e Matemática, e foi criada em setembro do ano de 2000 para abrigar os novos
Programas de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática que estavam se
formando em todo país. A formação desses Programas de Pós-Graduação se deve ao grande
desenvolvimento de pesquisas científicas apoiadas por agências de fomentos à pesquisa e de
formação de recursos humanos, CNPq8 e CAPES.
Áreas de Ensino de Física, de Química, de Biologia e de Matemática vinham
crescendo e se consolidando, em todo país, algumas delas, inclusive, desenvolveram
pesquisas dentro de Programas de Mestrado e Doutorado em Educação. A partir da
consolidação destas áreas, naturalmente se tem a necessidade de criar uma área que comporte
pesquisas relativas ao Ensino de Ciências e Matemática. Assim, no ano de 2000 a CAPES
oficializa a área 46. Posteriormente, essa área também abrigaria os Mestrados
Profissionalizantes para professores de Ciências e Matemática, criados a partir de 2001.
(MOREIRA, 2001).
8CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Órgão de fomento à pesquisa,
vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), compete ao CNPq participar na formulação,
execução, acompanhamento, avaliação e difusão da Política Nacional de Ciência e Tecnologia. .Disponível em:< http://cnpq.br/competencias/>Acesso em: 15 jan 2016.
23
Ainda de acordo com Moreira (2004), o MPE foi criado com intenções de contribuir
com mudanças de impacto significativo ao sistema escolar que até então, após, mais de trinta
anos de investimentos em Mestrados acadêmicos, no Brasil, ainda não tinham se configurado
neste setor educacional. (MOREIRA, 2004, p. 131). Além disto, os Programas de Mestrado
Profissional em Ensino e Ciências significariam para os professores de Física, Química,
Biologia e Matemática uma oportunidade para melhorar a sua prática, uma vez que esse tipo
de Mestrado se volta para profissionalização docente.
O PPGECNM, da UFRN, é um MPE, da área de Ensino e Ciências, e contou com a
formação de vários grupos de professores que participaram das discussões de sua criação para
então ser constituído por alguns docentes com doutorado em Educação e/ou Educação
Matemática, e mais outros profissionais que tinham produção na área de Ensino de Ciências e
Matemática. (SILVA; NORONHA; ARAÚJO, 2012). No site da CAPES, vimos que o
Mestrado Profissional se relaciona com estudos e técnicas voltadas ao desempenho de um alto
nível de qualificação profissional, cuja ênfase é a única diferença em relação ao acadêmico.
Como já mencionado anteriormente, o processo de criação do PPGECNM teve uma
efetiva participação de professores do Departamento de Matemática, de Química e de Física,
da UFRN. Com relação aos professores do Departamento de Matemática, destacamos o
professor PhD John Andrew Fossa, a professora Dra. Bernadete Barbosa Morey e a professora
Dra. Arlete de Jesus Brito, que já orientavam e desenvolviam pesquisas no PPGED. Estes
fortaleceram o processo de criação e consolidação do PPGECNM. Do Departamento de
Física, destacamos os professores Dr. Luiz Carlos Jafelice e o Dr. Gilvan Luiz Borba. Quanto
ao Departamento de Química, citamos o professor Dr. Luiz Seixas das Neves.
Estes foram os professores que lideraram e formaram um grupo de pesquisadores na
área de Ensino de Ciências e Matemática e que tinham um interesse comum: implantar um
Programa de Pós-Graduação que atendesse pesquisas que se voltavam ao ensino das Ciências
Naturais e da Matemática, uma vez que estas até então eram desenvolvidas, no âmbito da
UFRN, ou no Programa de Pós-Graduação em Educação ou em Pós-Graduações latu sensu.
O PPGECNM enfim foi criado no ano de 2002 e, quando iniciou suas atividades, era
composto por quatro Linhas de Pesquisa: (I) Cultura científica e produção de conhecimento
nas Ciências; (II) Desenvolvimento Profissional do Professor; (III) História das Ciências e da
Matemática e Ensino e (IV) Ensino de Astronomia. Dentre essas Linhas, identificamos a
terceira como a Linha que se voltou para pesquisas em Educação Matemática.
24
Uma vez iniciada as atividades desse Programa, o Professor Fossa, deu continuidade
aos seus projetos de pesquisas, alguns iniciados em 1995 no PPGED, e também a base de
pesquisa Matemática e Cultura, formada por ele, conforme nos aponta Mendes (2006):
A base de pesquisa Matemática e Cultura surgiu em decorrência dos estudos
e pesquisas desenvolvidos pelo professor PhD John A. Fossa, a partir de
1995 em decorrência das orientações de dissertações e teses feitas pelo grupo
de professores que atuavam no Programa de Pós-Graduação em Educação da
UFRN, cujo objetivo comum é buscar entender a dinâmica interna do
conhecimento matemático e o seu desenvolvimento, a dialética da
matemática com outros aspectos da cultura em que está inserida
(especialmente as ciências, a filosofia e as artes) e como estes elementos são
refletidos nas instituições pedagógicas. (MENDES, 2006, p.9).
De acordo com Mendes (2006) esta base de pesquisa era composta por três
pesquisadores: Bernadete Barbosa Morey, Iran Abreu Mendes e John Andrew Fossa. Estes
professores desenvolviam pesquisas na área da Educação Matemática, relacionadas com a
História da Matemática, com a Etnomatemática e com a Formação de Professores de
Matemática. Dentro desta base de pesquisa eram desenvolvidos alguns projetos de pesquisa:
História da Teoria dos Números e da Lógica, cujo coordenador foi o professor Fossa; A
formação de Professores de Matemática a partir da História da Matemática, cujo coordenador
foi o professor Iran Mendes; História da Matemática no Século XVI, cuja coordenadora foi a
professora Bernadete Barbosa Morey; Educação Etnomatemática com Arte, coordenado pelo
professor Iran Mendes. Estes projetos de pesquisa geraram, ao longo do tempo, um número
considerável de pesquisas científicas, que precisavam de um veículo de informação que
ajudasse na divulgação dessas, assim, após várias conversas entre os coordenadores da base e
alunos de Pós-Graduação do PPGED e do PPGECNM, orientandos dos professores Fossa,
Iran, Arlete e Bernadete é criada a Revista de Matemática, Ensino e Cultura (REMATEC),
lançada no ano de 2006, com edições semestrais, sendo o professor Dr. Iran Abreu Mendes, o
seu editor responsável. (MENDES, 2006).
A criação de um veículo de divulgação de pesquisas científicas na área da EM no
âmbito da UFRN nos mostra que havia um grande desenvolvimento de pesquisas nesta área,
outro fator que apontamos é com relação ao número de dissertações defendidas entre os anos
de 2002 e 2015, no PPGECNM. Identificamos nos cadernos indicadores da CAPES e no site
do PPGECNM9 um total de 141 (cento e quarenta e uma dissertações) na grande área de
9https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/programa/defesas.jsf?lc=pt_BR&id=134
25
Ensino e Ciências. Neste período, classificamos por tema, aquelas que se encontram inseridas
no campo da Educação Matemática e encontramos um total de 56 (cinquenta e seis)
dissertações.
Diante tudo o que foi apresentado até aqui, tomamos como nossa questão-foco: Como
iniciou e se consolidou a pesquisa em Educação Matemática, no Estado do Rio Grande do
Norte?
Segundo Ostermann e Rezende (2009), no Mestrado Profissional, podemos pensar na
formulação de questões-foco e não em questões de pesquisa. As autoras afirmam que uma
questão-foco deve se relacionar a formas de se conceber, implementar e avaliar inovações
didáticas e as questões de pesquisa podem se reportar a práticas educativas estudadas à luz de
pressupostos sustentados por referenciais teóricos, metodológicos, epistemológicos e terem
como principal objetivo orientar a produção de conhecimento científico. (OSTERMANN;
REZENDE, 2009).
Assim, nosso produto educacional, nossa inovação didática, que está intimamente
relacionada a nossa questão-foco, foi a produção de um vídeo10
, que se justifica por estarmos
realizando um Mestrado Profissional. Segundo Moreira (apud OSTERMANN; REZENDE,
2009), esse produto deve ser “de natureza educacional, visando à melhoria do ensino na área
específica, sugerindo-se fortemente que, em forma e conteúdo, este trabalho se constitua em
material que possa ser utilizado por outros profissionais”. (MOREIRA, 2004, apud
OSTERMANN; REZENDE, 2009, p.70).
As autoras citadas ainda apontam alguns exemplos de produtos educacionais, a saber:
software, texto didático para alunos, texto de apoio aos professores, vídeos, equipamentos,
simulações, hipermídias, páginas na internet, pôsteres, experimentos com aquisição
automática de dados.
O nosso produto, como dito anteriormente, é um vídeo, foi elaborado para atender, em
especial, aos professores da Educação Básica, que ainda não realizaram uma Pós-Graduação,
por diversas variáveis, das quais, algumas, a nosso ver, estão agregadas a concepções
fortemente existentes em nossa sociedade, que precisam ser refletidas com rigor.
Para tanto, na tentativa de superar tais concepções, investimos em um produto que
mostre o que é uma Pós-Graduação em Ensino de Matemática e os motivos ou justificativas
de se investir em uma formação continuada. Este vídeo tem o fim de informar e motivar os
10
Esse vídeo pode ser visto por meio do link https://youtu.be/TEuJFuU0zWM
26
professores da Educação Básica a lançarem mão de uma formação continuada, agregando a
sua formação inicial, melhorias salariais, culturais, sociais, entre outras.
Neste produto educacional, nos remetemos a alguns dos egressos do PPGED e do
PPGECNM, que atualmente são professores em um ou nos dois Programas citados. Essa
escolha se deu por entendermos que ao identificá-los, atualmente, como professores de Pós-
Graduação, iremos perceber as continuidades ou descontinuidades das pesquisas, em
Educação Matemática, desenvolvidas por eles, poderemos evidenciar aos professores da
Educação Básica, de forma positiva, as perspectivas de crescimento profissional por parte
desses egressos, agora professores da UFRN.
Isto posto, o objetivo geral do nosso estudo é fazer uma descrição historiográfica dos
modos de instituição e consolidação de pesquisas em Educação Matemática, presentes nos
dois Programas de Pós-Graduação, da UFRN, o PPGED e o PPGECNM. E como objetivos
específicos fazer um estudo bibliográfico sobre a Pós-Graduação no país e na UFRN; produzir
um vídeo explicativo sobre a Pós-Graduação em Ensino de Matemática, destinados a
professores da Educação Básica; divulgar o vídeo produzido.
Para um melhor entendimento acerca da identificação dos egressos dos programas de
pós-graduação que aparecem no vídeo, construímos uma árvore genealógica11
de dois
professores da UFRN, já apontados nesta introdução, como os percursores de pesquisas em
Educação Matemática. Nesta árvore, ao invés das relações de parentesco teremos as relações
de orientando e orientador de pesquisa.
Para responder aos objetivos da pesquisa, a partir da nossa construção historiográfica,
utilizamos como apoio metodológico a História Cultural, recorrendo a autores como Burke
(2011) e Bloch (2001) sobre as novas tendências metodológicas da escrita da história,
entendendo-a como uma historiografia que se volta ao estudo da dimensão cultural de uma
determinada sociedade historicamente localizada.
Em nosso caso, nesta pesquisa, olhamos às práticas sociais e culturais que propiciaram
a implantação e consolidação da pesquisa em Educação Matemática em dois Programas de
Pós-Graduação da UFRN, conforme já apontamos nessa introdução. Trazemos para esta
escrita, relatos de experiências dos professores da UFRN que fizeram parte desse processo, no
período de 1995 a 2015. A escolha desse período se deu por ter sido no ano de 1995 o início
de orientações de dissertações que se voltavam à Educação Matemática na Linha de Pesquisa
do PPGED então nomeada Educação Matemática.
11
“Uma árvore genealógica é uma representação gráfica que apresenta os indivíduos da família evidenciando sua
relação de parentesco”. (SOARES; BORBA, 2014, p.75).
27
Os relatos de experiências dos professores, que citamos no parágrafo anterior,
serviram-nos de fontes e os obtivemos por meio de entrevistas semiestruturadas, que segundo
Laville e Dionne (1999) significam: “Série de perguntas abertas, feitas verbalmente em uma
ordem prevista, mas na qual o entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimento”.
(LAVILLE; DIONNE, 1999, p.188). Vale dizer que entrevistamos 6 (seis) professores da
UFRN, sendo que 2 (dois) deles já se encontram aposentados, 1 (um) não leciona mais na
UFRN e os outros 3 (três) ainda estão na ativa, ministrando aulas em seus respectivos
departamentos. A escolha por estes depoentes se deu da seguinte forma: ao identificarmos as
primeiras dissertações e teses do PPGED, elas nos apontaram os primeiros orientadores na
área da EM, assim decidimos que nossos entrevistados seriam os professores PhD John A.
Fossa, Dra. Bernadete Barbosa Morey e a Dra. Arlete de Jesus Brito.
Ao fazermos a entrevista com a professora Arlete, nos foi informado que deveríamos
procurar outros professores que participaram do processo de implantação do PPGECNM, a
saber: professor Dr. Luiz Carlos Jafelice, do Departamento de Física; professor Dr. Gilvan
Luiz Borba, do Departamento de Física e o professor Dr. Luiz Seixas das Neves, do
Departamento de Química. Os professores citados por ela, durante a entrevista, já eram do
nosso conhecimento, pois havíamos identificado seus nomes no Projeto de Implantação do
PPGECNM, que fora identificado por nós, quando visitamos a Pró-Reitoria de Pós-Graduação
(PPG) da UFRN, em busca de fontes escritas. Vale dizer que no Projeto ainda há o nome de
mais 7 (sete) professores, além destes que citamos. Assim, tomamos a decisão de entrevistar
os professores percursores da pesquisa em Educação Matemática na UFRN e, para compor o
cenário historiográfico do PPGECNM, decidimos que bastaria o depoimento dos três
professores indicados pela professora Arlete. Esta indicação nos sinalizou como sendo
suficiente para nossa pesquisa.
Os documentos que fizeram parte de nossas fontes foram o Projeto de Criação e
Implantação do PPGECNM, de 2001; os Cadernos de Indicadores da CAPES; a Proposta de
Reformulação do PPGED, de 1993; o Processo de Regimento Interno do PPGED, de 2011; as
legislações locais e nacionais que trataram, nesse período, da implantação e funcionamento de
Cursos de Pós-Graduação no país. Esses documentos foram analisados por nós, na concepção
de Le Goff (2003), pois nessa, o autor nos diz que o documento/monumento “não é qualquer
coisa que fica por conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou, segundo as
relações de forças que aí detinham o poder”. (LE GOFF, 2003, p.535-536). Assim, nos
colocamos em uma visão crítica ao documento, questionando-o, muitas vezes, desmontando-o
para produzir a nossa escrita.
28
Temos, então, nesta pesquisa, fontes orais e escritas, assim, fizemos o cruzamento
dessas fontes que possibilitou responder à questão-foco e também atendeu aos objetivos de
pesquisa. Além das fontes, buscamos apoio no construto teórico de Bourdieu (1983), sobre a
estrutura e funcionamento do campo científico (por entendermos a EM como um campo
científico) que o identifica como um lugar de lutas com práticas científicas não
desinteressadas, mas orientadas para a aquisição de autoridade científica. Sobre isso,
Bourdieu (1983) nos diz:
Uma análise que tentasse isolar uma dimensão puramente ‘política’ nos
conflitos pela dominação do campo científico seria tão falsa quanto o parti
pris inverso, mais frequente, de somente considerar as determinações
"puras" e puramente intelectuais dos conflitos científicos. Por exemplo, a
luta pela obtenção de créditos e de instrumentos de pesquisa que hoje opõe
os especialistas não se reduz jamais a uma simples luta pelo poder
propriamente "político". Aqueles que estão à frente das grandes burocracias
científicas só poderão impor sua vitória como sendo uma vitória da ciência
se forem capazes de impor uma definição de ciência que suponha que a boa
maneira de fazer ciência implica a utilização de serviços de uma grande
burocracia científica, provida de créditos, de equipamentos técnicos
poderosos, de uma mão de obra abundante. (BOURDIEU, 1983, p. 124,
grifos do autor).
Então, não se trata somente de um espaço de lutas com (entre) pesquisadores, mas um
lugar que se busca saberes com valor científico, o reconhecimento entre (fora) seus pares, que
lhe confere capacidade e competência que está ligado ao curso de sua carreira e a hierarquia
que ocupa em uma instituição, ou seja, é a luta pela autoridade científica que lhe dará poder e
autonomia do campo científico. (BOURDIEU, 1983).
Outro construto teórico que também entendemos ser necessário a esta pesquisa foi
com relação ao paradigma de Fleck (2010) que conceitua o “coletivo de pensamento” e o
“estilo de pensamento”. Segundo o autor, o coletivo de pensamento “designa a unidade social
da comunidade de cientistas de uma disciplina” (FLECK, 2010, p. 16) e o estilo de
pensamento designa “os pressupostos de pensamento sobre os quais o coletivo constrói seu
edifício de saber”. (FLECK, 2010, p. 16). Assim, Fleck (2010) defende que o conhecimento
está nas atividades organizadas por comunidades de pesquisadores e que esses conhecimentos
estão sempre vinculados a estilos de pensamento coletivos. Esta teoria nos dará embasamento
para analisar os desdobramentos das pesquisas realizadas pelos grupos de pesquisadores da
EM.
29
Para além deste capítulo, no segundo capítulo traçamos os caminhos metodológicos
que tornaram possível a escrita desta historiografia. No terceiro capítulo, descrevemos e
analisamos os desdobramentos das Pesquisas em Educação Matemática, presente nos dois
Programas de Pós-Graduação, da UFRN, na medida em que traçamos um diálogo com os
depoimentos dos professores que participaram desse processo. Ainda neste mesmo capítulo
entendemos ser necessário introduzir uma breve discussão sobre o conceito de Linha de
Pesquisa em um contexto de Pós-Graduação e suas relações com grupos de pesquisa,
dissertações e teses. Entendemos que a difusão de Linhas de Pesquisa nos cursos de Pós-
Graduação no Brasil, se configurou em um modelo de estrutura curricular, e devemos analisá-
la como evento único, para não generalizar, visto que a Linha que agrega pesquisas em
Educação Matemática no PPGED e no PPGECNM pode ser encontrada em vários outros
Programas de Pós-Graduação, mas sabemos que cada uma, é única em suas particularidades.
(BURKE, 2012, p.52).
O quarto capítulo traz, de forma detalhada, os motivos que nos levaram a escolher o
vídeo como um Produto Educacional além de informações de como foi produzido, para quem
destinamos esse Produto e como foi realizada sua avaliação.
Por fim, apresentamos nossas considerações finais, com algumas reflexões e
resultados desse estudo, que foram ao longo do processo de construção desta escrita, se
configurando em nosso cenário historiográfico.
30
2 A TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA PESQUISA
Tenho tido este foco, olhando a História da
Educação Matemática, a História da Matemática, a
Filosofia, a formação de professores e olhando
como a Matemática se estabelece como uma
relação de poder nas relações sociais. (BRITO,
2015).
É na Pós-Graduação que enxergamos possibilidades de desenvolvermos e divulgarmos
pesquisas, pois ela tem seu espaço próprio, limitado por saberes científicos, de modo que
corroborando com Brito (2015), diante epígrafe acima, na pós-graduação também se
estabelece uma relação de poder, à medida que indivíduos a ela se submetem, isso significa
estar sob o domínio de políticas públicas, disciplinas, normas e regras, mas queremos
entender ser ela também um espaço da criação humana, possível de sonhar e contribuir por
um mundo melhor e mais humano.
Desse modo, vamos sonhando, em busca do desafio de construir uma história que
nunca foi contada, esta história será construída como um quebra-cabeça, onde as partes estão
perdidas no tempo, e as pistas, estão nos documentos deixados pelo passado e nas memórias
dos professores por nós entrevistados. Contudo, corroboramos com Albuquerque Júnior
(2007) quando o autor nos diz que “praticar a História é praticar um especial tipo de solidão,
aquela em que nunca se está sozinho, aquela solidão povoada por amigos, vivos ou mortos”.
(ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2007). É nesta solidão povoada de amigos vivos ou mortos que
começamos a escrever esta pesquisa.
Para ser um pesquisador é necessário ser alguém que perceba um problema e busque a
melhor forma de compreendê-lo ou resolvê-lo, para isso se faz necessário um método que
propõe um procedimento e orienta a pesquisa para ser realizada com eficácia. (LAVILLE;
DIONNE, 1999). Para esta pesquisa buscamos “uma perspectiva de investigação como
constituição de um campo problemático”. (SOUZA; SILVA, 2015, p. 19). E é com essa
postura de pesquisador investigador que descrevemos os caminhos e os métodos que tomamos
nessa construção.
As ideias iniciais desse estudo advieram a partir de inquietações da professora Dra.
Liliane dos Santos Gutierre e do professor Dr. Iran Abreu Mendes, que vinham dialogando
sobre a necessidade de registrar uma História da pesquisa em Educação Matemática no estado
31
do Rio Grande do Norte. Então, após ser aprovada na seleção do PPGECNM, fui convidada
pela professora Liliane a fazer parte deste estudo. No momento que tomei conhecimento de
como seria esta pesquisa, percebi logo que iria gostar de desenvolver este trabalho, pois como
professora da Educação Básica, senti que me identificava bastante com a proposta a mim
apresentada.
Então, começamos a traçar caminhos para construir a História da pesquisa em
Educação Matemática na Pós-Graduação da UFRN, mais especificamente em dois Programas
de Pós-Graduação, sendo um deles vinculado ao Centro de Educação (CE), o Programa de
Pós-Graduação em Educação (PPGED); e o outro vinculado ao Centro de Ciências Exatas e
da Terra (CCET), o Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e
Matemática (PPGECNM).
A primeira pista de nossa investigação estava em um vídeo da Conferência de
Abertura do I Encontro Regional de Pesquisa em História da Educação Matemática (I
EREPHEM), que ocorreu no dia 01 de novembro de 2013, na UFRN, promovido e
organizado pelo Grupo de Potiguar de Estudos e Pesquisas em História da Educação
Matemática (GPEP), do qual, atualmente, sou membro. Neste vídeo, fonte dos membros do
GPEP, havia uma palestra proferida pelo professor Dr. Iran Abreu Mendes, que conta, de
forma breve, um pouco da história da pós-graduação da UFRN, onde ele chama à atenção
sobre a necessidade de se registrar as memórias dessa história, fazendo um resgate dos
acontecimentos e das pessoas que fizeram parte desses momentos, e assim compreender a
importância da participação e das ações dos professores pesquisadores que colaboraram com a
constituição e consolidação da Educação Matemática na UFRN.
Daí em diante, começamos a buscar pistas e vestígios que ficaram no passado. Para
Borges (1993, p.8): “o passado visto por si mesmo, o passado pelo passado, tem um interesse
muito limitado, e, por vezes, nulo”. Buscamos então, nesta pesquisa, muito mais do que um
relato do passado, portanto, queremos, como em Borges (1993), uma forma de ajudar a
encontrar explicações para a realidade vivida e ainda, se possível, transformar a realidade do
presente.
É no tempo presente que buscamos descrever e analisar como a Pesquisa em Educação
Matemática, da UFRN, se consolidou no contexto de pesquisas acadêmicas de Pós-
Graduação, e mostrar que a participação dos professores pesquisadores no processo de
implantação e consolidação de um campo de conhecimento para pesquisas, oportunizou para
muitos outros professores de Matemática, uma formação continuada associada a novas
pesquisas, no campo da EM.
32
Entendemos que esta história, que está sendo construída por nós, é como a Nova
História, definida por Burke (2011), como a história da École des Annales12
. E assim como a
Nova História que se interessa por todas as atividades humanas, pelas histórias vista de baixo,
onde se olha para pessoas comuns e observa suas experiências e as transformações que suas
ações podem causar em uma sociedade (BURKE, 2011).
Porém, sabemos que ações humanas geram acontecimentos que ficam no passado, e
isto supõe diferentes histórias a serem construídas, pois uma história pode conter várias
versões, vários lados, e, nossas escolhas implicam em resultados nunca vistos. Esta pesquisa,
sendo de cunho investigativo, busca as pistas e vestígios dos acontecimentos que não voltam
mais, mas que são essenciais para esta construção historiográfica que têm em suas memórias
representações da construção humana no seu fazer diário, como Albuquerque Junior (2007)
nos diz:
[...] História deve descrever, os desenhos, o relevo formado pelo depósito
constante de camadas de discursos, pela sedimentação das memórias em
textos e em todas as formas de linguagem, que, ao se acumularem, como
cisco se acumula em pés de parede formando monturos, produzem uma
geografia do passado, dão a ele consistência de pedra, de bronze ou de
granito, dificultando a percepção de pequenos grãos, dos pequenos
sedimentos, dos pequenos gestos, de múltiplas ações, reações, conflitos,
pelejas sonhos, vidas que o constituíram como unidade de fato e de sentido.
(ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2007, p. 87).
Para montar o relevo historiográfico desta pesquisa, buscamos algumas bibliografias
específicas da área de Educação Matemática, pois, segundo Gil (2002): “A pesquisa
bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente
de livros e artigos científicos” (GIL, 2002, p. 44). Então, inicialmente buscamos nas
bibliografias assuntos relacionados a cursos de Pós-Graduação no Brasil, na área da
Educação, e na área de Ensino de Ciências, pois nossa pesquisa busca a presença da Educação
Matemática dentro de dois dos Programas de Pós-Graduação, da UFRN, sendo estes
programas de Pós-Graduação um da área de Educação e o outro na área de Ensino de Ciências
Naturais e Matemática.
Entre as bibliografias pesquisadas aquelas que mais nos apontaram caminhos para esta
historiografia foram os artigos contidos nos seguintes periódicos: A Revista Brasileira de Pós-
Graduação (RBPG), editada pela CAPES; a Revista Brasileira de Educação (RBE),
12
Está associada ao movimento de renovação da história, a nova história, movimento liderado por Lucien Febvre
e Marc Bloch, que juntos fundaram a revista Annales, em 1929. (BURKE, 2011, p.17).
33
pertencente a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED). Os
artigos destes periódicos nos vislumbraram com contextos históricos de formação dos Cursos
e dos Programas de Pós-Graduação do Brasil, além de terem sido importantes para o nosso
entendimento sobre as políticas públicas que ensejaram a constituição de Programas de Pós-
Graduação (PPG), nos mostrando algumas experiências exitosas e algumas implicações
ocorridas nesses cursos e Programas das universidades brasileiras.
Buscamos também apoio nas bibliografias que se relacionam com História da
Educação Matemática, escolhemos alguns pesquisadores que são autores consagrados nesta
Linha de Pesquisa, entre eles: Valente (2014), Garnica e Souza (2012), Gutierre (2008). Além
destes autores, contamos com outros autores da Educação Matemática, tais como, Fiorentini e
Lorenzato (2009), Mendes (2006), entre outros.
Após a pesquisa bibliográfica iniciamos a pesquisa documental, que segundo Gil
(2002):
assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre
ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se
utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre
determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não
recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados
de acordo com os objetos da pesquisa. (GIL, 2002, p.45).
Entendemos, então, que o objeto da pesquisa direciona a leitura dos documentos,
entretanto, nos documentos poderemos nos deparar com diferentes caminhos a serem
seguidos. Estes tipos de documentos que ainda não receberam tratamento analítico, em nosso
caso, são os documentos institucionais do PPGED e do PPGECNM, que encontramos nos
arquivos da UFRN. Sobre arquivos, Albuquerque Junior (2007) nos diz que eles não foram
deixados inocentemente:
O arquivo, seja de textos, seja de objetos, é fruto de operações políticas e de
sentido. Mesmo aquele documento ou vestígio do passado que possa ter
chegado até nós por puro acaso foi produzido no seu tempo obedecendo a
intencionalidades, ou seja, as evidências em seu próprio tempo são
fabricadas. (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2007, p. 25).
Na leitura desses documentos procuramos interpretá-los com o mesmo cuidado de um
historiador, que analisa e dá sentido as coisas, respeitando o tempo e o espaço em que elas
foram geradas, tornando-as evidentes, ainda que essas evidências do passado não estão por si
só evidentes, na verdade, somos nós pesquisadores que às evidenciamos, e ao mesmo tempo
34
que despertamos um conjunto de eventos também desprezamos, muitas vezes,
inconscientemente, outros tantos acontecimentos implícitos naquelas evidências.
(ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2007).
As evidências são resíduos do passado que chegam até nós, e nos auxiliam no trabalho
de investigação historiográfica, esses resíduos são fontes. As fontes podem já existir, como no
caso de arquivos, ou podem ser criadas, como as transcrições de entrevistas. No caso dos
arquivos, encontramos várias fontes que podem se tornar um documento de pesquisa, para
isso, poderemos, a partir da leitura, atribuir-lhe significados, e assim, ele se tornará
documento de pesquisa. (GARNICA; SOUZA, 2012).
Nossa primeira busca por documentos se iniciou no site da CAPES13
. Neste site,
encontramos os cadernos de indicadores, que de acordo com o referido órgão, neles, estão às
informações preenchidas anualmente pelos programas de Pós-Graduação e enviadas para a
CAPES, que trata e analisa estas informações, para então concluir seus relatórios que servirão
de base para avaliação dos cursos de Pós-Graduação. Antes do ano de 2007, os cadernos eram
compostos por 12 documentos, atualmente é composto por onze documentos, em PDF14
, com
dados qualitativos sobre: (1) Programa15
(PR), (2) Produção Técnica (PT), (3) Disciplinas
(DI), (4) Proposta do Programa (PO), (5) Teses e Dissertações (TE), (6) Produção Artística
(PA), (7) Linhas de Pesquisa (LP), (8) Docente Atuação (DA), (9) Produção Bibliográfica
(PB), (10) Corpo Docente – Vínculo Formação (CD), (11) Projeto de Pesquisa (PP), (12)
Docente Produção (DP). Trata-se de um banco de dados, com informações desde o ano de
1998.
Como o banco de dados da CAPES nos revelou somente informações a partir do ano
de 1998, tivemos que procurar as dissertações e teses do PPGED, com data anterior a este
ano, então, encontramos nos arquivos do GPEP, o catálogo que continha informações acerca
de dissertações e teses do PPGED que foram defendidas entre os anos de 1981 e 2003,
contendo todos os temas e resumos dessas dissertações e teses.
Para identificar as dissertações e teses do PPGED e do PPGECNM, na área da
Educação Matemática (EM), buscamos apoio nos estudos de Fiorentini e Lorenzato (2009),
sobre as tendências temáticas e metodológicas da pesquisa em Educação Matemática,
delimitadas em sete temáticas: Processo ensino-aprendizagem da Matemática; mudanças
curriculares; utilização de tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no ensino e na
13
http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/CadernoAvaliacaoServlet. 14
Portable Document Format (Formato Portátil de Documento) 15
Extinto desde 2007.
35
aprendizagem da Matemática, prática docente, crenças, concepções e saberes práticos;
conhecimentos e formação/desenvolvimento profissional do professor; práticas de avaliação;
contexto sócio cultural e político do ensino-aprendizagem da Matemática.
Sabendo que em nossa pesquisa seria necessário buscar em arquivos da UFRN, os
documentos relacionados ao PPGED e ao PPGECNM, tivemos a preocupação em pesquisar
sobre como tratar e até mesmo como adentrar nos arquivos. Assim, em nossos estudos
aprendemos sobre como lidar com arquivos, para isso realizamos algumas leituras em textos
relacionados com o assunto, por exemplo, “O uso e mau uso dos arquivos”, de Bacellar
(2005). Portanto, ficamos conscientes que poderíamos nos defrontar com arquivos
empoeirados e, principalmente, com a falta de acesso aos mesmos. Em uma pesquisa como a
nossa, que utiliza diversos caminhos para encontrar suas fontes, torna-se de suma importância
que se tenha uma preparação, ou uma conscientização sobre como tratar um arquivo, como,
por exemplo: a utilização de luvas, máscaras, câmeras fotográficas sem flash, entre outros;
todos os cuidados que em geral um pesquisador precisa ter e saber para lidar com documentos
antigos.
Nossa segunda busca por documentos se deu no Arquivo da Pró-Reitoria de Pós-
Graduação da UFRN, que fica localizada no Campus da UFRN. Neste local, tivemos acesso
aos seguintes documentos do PPGED: Proposta de Reformulação do PPGED – 1993;
Processo de Regimento Interno do PPGED – 2011 e o Regimento Interno do PPGED – 2011;
ao todo, estes arquivos contam com 641 (seiscentas e quarenta e uma) laudas. Os documentos
pertencentes ao PPGECNM, que encontramos foram: os volumes I e II do Projeto de Criação
Implantação do PPGECNM; ao todo esses volumes contam com 529 (quinhentas e vinte e
nove) laudas. Para ter acesso a esses arquivos tivemos a ajuda de funcionários da UFRN, que
após a nossa identificação e explicação de que se tratava de uma pesquisa de Mestrado, nos
foi dado acesso a estes documentos, além disto, tivemos a autorização de utilizar a máquina
copiadora da PPg/UFRN, para fazer as digitalizações de todos os documentos. Para realizar
todas as digitalizações foram necessárias quatro visitas em dias diferentes, em cada visita a
este arquivo, ficávamos em torno de quatro horas por dia na digitalização destes documentos.
Ao nos debruçarmos sobre os documentos de implantação do PPGED e do
PPGECNM, procuramos refletir sobre os significados que estes documentos trazem em seus
escritos e lembramos que existe algo de mais valioso por trás desses escritos, na verdade
temos que pensar que alguém produziu este material. Historicamente, sabemos que até bem
pouco tempo, os documentos revelavam as únicas verdades dos fatos, mas para Bloch (2001)
o objeto da história, é o homem, que está por trás:
36
dos escritos aparentemente mais insípidos e as instituições aparentemente
mais desligadas daqueles que as criaram, são os homens que a história quer
capturar. Quem não conseguir isto será apenas, no máximo, um serviçal da
erudição. Já o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja
carne humana, sabe que ali está a sua caça. (BLOCH, 2001, p. 54).
Assim, identificamos na leitura dos documentos e também na referência dos
orientadores das primeiras pesquisas em Educação Matemática nos dois programas de Pós-
Graduação, os professores que foram os percussores na Pesquisa em Educação Matemática,
no PPGED. E alguns destes professores também participaram da constituição e consolidação
do PPGECNM, ou seja, os documentos nos apontaram quais os professores que iríamos
entrevistar, conforme já descrevemos no capítulo anterior desse estudo, para construirmos esta
história que não é contada nos documentos.
Portanto, nos documentos do PPGED identificamos o professor Dr. John Andrew
Fossa e as professoras Dra. Bernadete Barbosa Morey e Dra. Arlete de Jesus Brito. Estes
professores foram professores orientadores e pesquisadores da EM, nos dois programas, além
deles também incluímos, em nossa pesquisa, mais três professores que não são do
Departamento de Matemática, mas por serem também responsáveis pela implantação e
consolidação do PPGECNM. São eles: dois professores do Departamento de Física, o
professor Dr. Luiz Carlos Jafelice e o professor Dr. Gilvan Luiz Borba; e um professor do
Departamento de Química, o professor Dr. Luiz Seixas das Neves.
Assim, iniciamos uma nova etapa em nossa pesquisa, que foi a escrita das memórias
dos professores que identificamos nos documentos. As memórias podem ser escritas ou orais
e podemos ainda relacioná-las, quando estamos construindo um discurso historiográfico, mas
devemos ter bastante atenção, pois o simples fato de relacionar um discurso oral com um
discurso escrito não o torna verdadeiro, para Albuquerque Junior (2007), devemos “tomar o
discurso dos indivíduos não como um ponto de vista sobre o real, mas como uma realidade
individual, como uma totalidade fechada em si mesma e não uma singularidade num dado
campo discursivo”. (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2007, p. 200).
Este autor ainda ressalta que a memória é composta por diferentes níveis, o
involuntário, os perceptíveis e os afetivos ou imaginativos. Estes níveis fazem com que a
memória individual, em sua consciência, estabeleça conexões entre o passado e o presente.
Ele ainda enfatiza com palavras de Halbwachs (apud ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2007, p.
200) que “cada memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva, que este
ponto de vista muda conforme o lugar que ocupa, e que mesmo este lugar muda segundo as
37
relações que mantenho com os outros meios”. (HALBWACHS apud ALBUQUERQUE
JÚNIOR, 2007, p. 200).
Para compor o quadro de memórias individuais de nossa pesquisa, utilizamos como
instrumento, a entrevista semiestruturada, que, como falamos anteriormente, significa
perguntas abertas, feitas verbalmente, preparadas com antecedência, mas na qual o
entrevistador pode acrescentar outras, se sentir necessidade. (LAVILLE; DIONNE, 1999).
Com estas entrevistas, fizemos uma reconstituição dos fatos passados, inter-relacionando
estas informações com os documentos oficiais encontrados no âmbito da UFRN.
O primeiro professor que entramos em contanto foi o professor Fossa. Esse contato foi
via e-mail, pois na secretaria do Departamento de Matemática, fomos informados que este
professor estava se afastando das suas atividades profissionais na UFRN, devido a sua
aposentadoria. O contato por e-mail não obteve sucesso, então procuramos saber na secretaria
da PPg/UFRN, sobre outro endereço de e-mail, então nos informaram o número de seu
telefone residencial. Entramos em contato imediatamente, mas neste dia o professor não se
encontrava em sua residência, pois a sua secretária nos informou que ele havia saído para a
UFRN. Dirigimo-nos para o Departamento de Matemática da UFRN, mas não o encontramos,
então seguimos para o Centro de Educação e lá o encontramos. Nessa oportunidade, nos
identificamos e explicamos sobre a pesquisa em andamento, pedindo-lhe para realizar uma
entrevista com ele, que gentilmente, atendeu a nossa solicitação, agendando-a para o dia 04 de
setembro de 2015, às 7h30, na sala 64, do CCET, na UFRN. Esta entrevista durou 46 min 2s,
com gravação de áudio e vídeo.
Após a entrevista, iniciamos o processo da transcrição do áudio, sendo necessárias seis
horas para fazê-la. Posteriormente, no dia 15 de setembro de 2015, enviamos por e-mail a
referida transcrição, junto à carta de cessão16
(apêndice A), que nos dá o direito de utilizar as
informações da transcrição em nossa pesquisa. No dia 20 de setembro de 2015, o professor
Fossa respondeu ao e-mail enviado por nós, anexando ao mesmo, à transcrição, que fora
alterada, com pequenas mudanças e sugerindo que o encontrássemos no Parque das Dunas17
,
localizado na cidade de Natal/RN, para nos entregar a carta de cessão.
16
Carta de cessão de direitos é um dos recursos utilizados por quem lança mão da metodologia de pesquisa
História Oral. Nessa, divulga-se o nome verdadeiro das pessoas, até por que as mesmas os autorizam.
(GARNICA; SOUZA, 2012). 17
O Parque Estadual Dunas do Natal “Jornalista Luiz Maria Alves” está localizado em Natal/RN e possui uma
área de 1.172 hectares. Este parque foi criado em 1977 como a primeira Unidade de Conservação do Rio Grande
do Norte. Foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) como parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira. O Parque das Dunas tem
por objetivo garantir a preservação e conservação dos ecossistemas naturais englobados; proteger os recursos
genéticos; possibilitar a realização de estudos, pesquisas e trabalhos de interesse científico; preservar sítios de
38
Então, no dia 06 de outubro de 2015, fomos ao Parque das Dunas, encontramos com o
professor, que parou de fazer suas atividades físicas, para nos comunicar que não concordava
com a publicação das imagens dele, mas autorizava a publicação da entrevista. Por isso,
tivemos que refazer o conteúdo da carta de cessão (apêndice B), de modo que agendamos um
terceiro encontro com o professor para o dia 12 novembro de 2015, no Centro de Educação,
onde, desta vez, foi assinada a carta de cessão por ele.
Nossa segunda entrevistada foi a professora Dra. Bernadete Barbosa Morey que, de
acordo com os documentos analisados, orientou pesquisas na área de EM no PPGED, a partir
do ano de 1997. Além disso, participou ativamente do processo de implantação do
PPGECNM, inclusive já exerceu a função de Coordenadora do PPGECNM.
Nosso primeiro contato com a referida professora por via e-mail, no dia 15 de
setembro de 2015, solicitando uma entrevista, além de comunicar a finalidade da mesma.
Assim, no dia 16 de setembro, ela respondeu que poderia realizar a entrevista depois do dia 30
de setembro. Ao chegar tal data, tentamos falar pessoalmente com a professora, mas ela
estava em reunião, então, deixamos o recado com o assistente administrativo da secretaria do
PPGECNM, que nos informou, no mesmo dia, por telefone, que deveríamos enviar
novamente o e-mail para professora solicitando a entrevista. Assim fizemos. No dia 10 de
outubro, enviamos outro e-mail, com a mesma solicitação e, finalmente, no dia 13 de outubro
a professora respondeu-nos, agendando a entrevista para o dia 26 de outubro, às 14 h, em sua
sala, na secretaria do PPGECNM, mas que se fazia necessário confirmarmos um dia antes.
Na expectativa de realizar a entrevista, fizemos o que a professora solicitou, entrando
em contato com ela, um dia antes, para confirmar a data e o horário. Mais uma vez, diante
tantos compromissos, ela não pode realizar a entrevista, apontando o dia 27 de outubro para
tal. Neste dia, realizamos a entrevista com a professora Bernadete, às 14 h, em sua sala, no
CCET. Esta durou 38 min 40s. Com a gravação em mãos, fizemos a transcrição da entrevista,
usando seis horas para tal. Enviamos para a professora, por e-mail, a transcrição da sua
entrevista, no dia 3 de fevereiro de 2016. Ela nos respondeu que não eram necessárias
mudanças, e poderíamos ir a sua sala para que ela assinasse a carta de cessão. Esta foi
assinada dia 20 de fevereiro de 2016.
valor histórico, arqueológico e geomorfológico; além de oferecer condições para o lazer, o ecoturimo e a
realização de atividades educativas e de conscientização ecológica. Disponível em:
<http://www.parquedasdunas.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=6393&ACT=&PAGE=0&PARM
=&LBL=Apresenta%E7%E3o>. Acesso em 02 fev. 2016.
39
A terceira entrevista que realizamos foi com a professora Dra. Arlete de Jesus Brito,
que também orientou pesquisas na área de EM, no PPGED, a partir do ano de 1998, além de
participar ativamente do processo de implantação do PPGECNM. Atualmente, ela é
professora da Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita (UNESP) do campus de Rio
Claro/SP. Enviamos-lhe o primeiro e-mail no dia 29 de agosto, apresentando-nos e
solicitando-lhe uma entrevista. Inclusive, inferimos a possibilidade de a professora Arlete
participar do III Congresso Ibero-americano de História da Educação Matemática (III
CIHEM), que foi realizado na cidade de Belém/PA, em novembro de 2015, de modo que
julgamos conveniente realizar a entrevista com ela, durante o evento, caso ela aceitasse, pois
também estaríamos lá apresentando nossa comunicação científica.
Então no terceiro dia do evento - 06 de novembro de 2015 - a professora Arlete no
saguão do hotel18
, já com as malas prontas para ir embora, nos surpreende, dizendo-nos que
estava esperando por uma pessoa que a levaria ao aeroporto, mas que dispunha de alguns
minutos para a entrevista. Não perdemos a oportunidade e, preparada com todo o material
necessário, entre eles o roteiro de entrevistas19
e o gravador, iniciamos a nossa conversa com a
professora Arlete ali mesmo. Tudo transcorreu bem.
Como dissemos anteriormente, a professora Arlete, durante a sua entrevista sugeriu
que entrevistássemos o professor Dr. Luiz Carlos Jafelice, do Departamento de Física, da
UFRN, o professor Dr. Gilvan Luiz Borba, atualmente lotado no Departamento de Geofísica,
da UFRN e o professor Dr. Luiz Seixas das Neves, do Departamento de Química/UFRN, pois,
a seu ver, eles foram importantes no processo de implantação e consolidação do PPGECNM.
Assim, para entrevistá-los, fomos às secretarias dos Departamentos de Física e
Química em busca de seus endereços de e-mail, a partir dos quais, fizemos o primeiro contato
com eles, agendando as entrevistas. No dia 01 de dezembro de 2015, realizamos a entrevista
com o professor Dr. Luiz Seixas das Neves, em sua sala, no CCET. Essa durou 33min11s. A
transcrição da entrevista durou seis horas e foi enviada ao e-mail do professor. A carta de
cessão foi assinada por ele no dia 29 de março de 2016, pois tivemos o período de férias, e o
contato com o professor só foi possível quando se iniciou o primeiro semestre letivo de 2016.
Vale dizer que ele solicitou algumas mudanças na transcrição.
Posteriormente, entrevistamos o professor Dr. Luiz Carlos Jafelice, que se encontra
aposentado da UFRN. Ele agendou a entrevista para o dia 04 de dezembro de 2015, pois iria
18
O III CIHEM aconteceu nas acomodações do Beira Rio Hotel, na cidade de Belém/PA. 19
Elaboramos o roteiro de entrevistas com antecedência, apontando neste as perguntas que julgamos serem
necessárias para esclarecimentos acerca do objeto de estudo. No apêndice C deste estudo encontram-se os
roteiros das 6 (seis) entrevistas realizadas.
40
proferir uma palestra no Auditório da Física, de modo que neste dia nos dirigimos para este
local, assistimos parte de sua palestra e, finalmente, realizamos a entrevista, neste mesmo
local. Durante o período de férias, no mês de janeiro, mantivemos contato com este professor,
via e-mail, pois ao enviar a transcrição, ele nos pediu para fazer algumas correções e
disponibilizou uma carta aberta, cujo conteúdo trata do seu desligamento do PPGECNM.
Entrevistamos também o professor Dr. Gilvan Luiz Borba. Tivemos um pouco de
dificuldade para encontrar a sua sala, pois na época que o PPGECNM iniciou suas atividades,
ele pertencia ao Departamento de Física, mas atualmente ele está vinculado ao Departamento
de Geofísica, como o prédio deste Departamento estava em construção, o professor tinha
temporariamente uma sala no Departamento de Física. Realizamos a entrevista no dia 10 de
dezembro de 2015, que teve a duração de 33min25s. Fizemos a transcrição da entrevista que
foi vista pelo professor, mas a carta de cessão só foi assinada no dia 22 de fevereiro de 2016,
pelos mesmos motivos dos professores anteriores.
De posse das transcrições das entrevistas dos 6 (seis) professores, iniciamos, para
compor essa historiografia, a descrição e análise das fontes, relacionando os documentos dos
Programas e as memórias dos professores. Neste momento, buscamos apoio no construto
teórico de Fleck (2010) que relaciona o conhecimento científico como uma atividade
organizada pelas comunidades de pesquisadores e ainda enfatiza que “conhecimento
individualista conduz apenas a uma concepção fictícia e inadequada de conhecimento
científico”. (FLECK, 2010, p. 15). Assim, a partir da teoria de Fleck (2010), pudemos
explicar como se deu o desenvolvimento da Pesquisa em Educação Matemática, na UFRN.
Para tanto, buscamos informações sobre os professores do PPGED e do PPGECNM,
que orientavam trabalhos na área de EM, em seus respectivos Currículo Lattes20
, a fim de
visualizarmos seus orientandos e suas produções acadêmicas, assim como suas posições
institucionais anteriores (no início da criação dos programas citados) e atuais.
Ainda utilizando os Currículos Lattes, listamos os respectivos orientandos e
professores para construir a árvore genealógica destes professores, dos dois Programas, mas
somente docentes do campo da EM, para mostrar que alguns egressos desses docentes são
atualmente professores e orientadores em programas de Pós-Graduação da UFRN. Nossa
intenção foi fazer um levantamento sobre o destino dos egressos, mas procurando destacar
aqueles egressos que permaneceram na UFRN, dando continuidade ou não, as pesquisas em
Educação Matemática.
20
http://lattes.cnpq.br/
41
A busca de informações para compor uma historiografia para esta pesquisa foi
realmente um trabalho de investigação, na medida em que encontramos e fizemos a leitura de
cada documento, interpretando o que está escrito. Além disso, os depoimentos das pessoas
que foram entrevistadas fizeram com que fosse se configurando essa história, dando sentido a
ela, como um quebra cabeça que começa a ser montado, revelando-se como um filme que
passa em uma tela de cinema, onde os personagens vivos ou mortos fazem parte desta. Esse
mundo de imaginação cercado de memórias, agora é real, e esta história que antes não existia,
passa agora a existir, com nossas percepções, que foram retiradas do mundo das memórias
escritas e orais, compondo a beleza de um trabalho historiográfico.
Mas, a beleza deste trabalho historiográfico só será completa se puder disseminar
sementes que possam germinar e dar frutos para a educação. A semente que deixamos é a
produção de um vídeo que conta um pouco da história dessa pesquisa e tem como público
alvo professores de Matemática da Educação Básica e também estudantes de Graduação de
Matemática. E foi para este público, durante o desenvolvimento desta pesquisa, que tivemos
três ótimas oportunidades para divulgação e avaliação do vídeo como Produto Educacional.
O primeiro público escolhido foi parte dos participantes do XII Encontro Nacional de
Educação Matemática (ENEM), que ocorreu nos dias 13 a 16 de julho de 2016, em São
Paulo/SP. Esta primeira escolha se deu pelo fato de irmos apresentar uma comunicação
científica de parte desta pesquisa, assim, vislumbramos como um local ideal para mostrarmos
o Produto Educacional, bem como possíveis contribuições, uma vez que o público que lá
estava eram estudantes, professores e pesquisadores da área da Matemática. O segundo
público foram os professores da rede municipal de ensino de Natal/RN. Este público foi
escolhido por termos fácil acesso a eles, além de entendermos que seria muito importante
divulgarmos o vídeo para professores da Educação Básica, sendo avaliados por eles. O
terceiro público foram os alunos do Curso de Graduação de Matemática da UFRN. Este
público também foi importante em nossa pesquisa, pois o vídeo foi feito para professores e
alunos da Matemática.
Para os dois primeiros públicos, inicialmente, apresentamos o vídeo e pedimos a
colaboração de todos para assisti-lo, de modo que, ao final de cada apresentação, distribuímos
um questionário com perguntas relacionadas ao vídeo apresentado, para que eles o
respondessem. Ao terceiro público citado, além da apresentação do vídeo e da solicitação para
responder ao questionário, pedimos opiniões sobre informações que estavam contidas no
mesmo, e eventuais problemas tecnológicos, desta forma, foi possível perceber algumas
42
possíveis alterações que poderíamos fazer para que o vídeo melhorasse no que se refere a
informações, imagem e som.
Quanto ao questionário, esse foi nosso instrumento de avaliação, pois a partir das
respostas dadas as questões, fizemos uma análise e uma interpretação das informações
colhidas, pois segundo Laville e Dionne (1999), dados numéricos permitem o tratamento e a
análise estatística, sendo este procedimento mais frequentemente utilizado “com os dados
obtidos por instrumentos estruturados ou padronizados como os testes, grades de observação
ou questionários com opções de respostas”. (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 198).
Para o tratamento das informações colhidas nos questionários seguimos as orientações
de Laville e Dionne (1999), que propõe ao pesquisador, inicialmente, uma preparação ou
redução dos dados, por uma análise estatística, com descrição geral dos dados e depois um
estudo das conexões e das diferenças encontradas, para possíveis inferências e interpretações
do pesquisador. Essas inferências e interpretações acerca do nosso produto educacional serão
apresentadas no capítulo 4 desse estudo.
43
3 PESQUISAS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA PÓS-GRADUAÇÃO DA UFRN
Havia consciência do rumo escolhido. Não
prevaleceu vontade política para se enfrentar a
situação e lutar por uma mudança nas ‘normas’ e,
principalmente, para se construir um Programa
mais humano. (JAFELICE, 2015).
Para melhor compreensão do leitor, dividimos este capítulo em 4 (quatro) subitens. No
primeiro, discorremos o nosso entendimento sobre Linha de Pesquisa no contexto de uma
Pós-Graduação; no segundo e no terceiro apresentamos uma história acerca das pesquisas em
Educação Matemática no Rio Grande do Norte, a partir do PPGED e do PPGECNM e, por
último, apresentamos as produções acadêmicas dos pesquisadores dos referidos programas.
3.1 LINHA DE PESQUISA
Jafelice (2016), na epígrafe, nos remete a pensarmos em um programa de Pós-
Graduação mais humano. Teriam todos os que fazem parte do PPGED e do PPGECNM essa
preocupação? Vejamos.
Nos Programas de Pós-Graduação ao qual estamos pesquisando - PPGED e
PPGECNM - temos as indicações das Linhas de Pesquisa e podemos visualizar uma descrição
geral sobre do que se trata cada Linha. Esta descrição nos dá um direcionamento para um
campo de pesquisa, em uma área específica e, ao que nos parece, pode até ser mais humano,
se pensarmos na produção advinda desses que chegam as escolas do Ensino Básico. No site
do PPGECNM21
, encontramos, sobre as Linhas de Pesquisa, o seguinte:
As atuais linhas de pesquisa do PPGECNM e os projetos de investigação a
elas vinculados contemplam questões relativas ao Ensino de Ciências e
Matemática em suas dimensões filosófica, epistemológica, histórica e
sociocultural. Originam-se das pesquisas desenvolvidas no âmbito das linhas
de pesquisa, os trabalhos (dissertações) produzidos pelos mestrandos.
(UFRN, site PPGECNM, 2015).
21
https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/programa/areas.jsf?lc=pt_BR&id=134
44
Percebe-se neste excerto que as Linhas e os projetos de pesquisas estão atrelados e que
contemplam o campo do ensino das Ciências e da Matemática, além disto, são dadas as
dimensões a qual a Linha se insere, ou seja, na filosofia, na epistemologia, na história e nos
aspectos socioculturais.
O PPGECNM atualmente contempla três Linhas de Pesquisa: (1) Educação em
Astronomia e Ciências da Terra22
; (2) Ensino e Aprendizagem de Ciências Naturais e
Matemática23
e (3) Ensino de Ciências Naturais e da Matemática 24
. No site, vimos que para
cada uma delas, existe uma descrição da Linha e também são listados os docentes que a ela
pertencem. Percebemos que dentre essas três Linhas de Pesquisa, duas delas estão no campo
da Educação Matemática - “Ensino e Aprendizagem de Ciências no Ensino de Ciências
Naturais e da Matemática” e “Ensino de Ciências Naturais e da Matemática”- pois estas
contemplam, em suas descrições, temas relacionados ao Ensino de Matemática. Assim como
no PPGECNM, o site do PPGED25
também faz uma referência a Linha de Pesquisa, e diz que:
A proposta curricular está pautada nos estudos desenvolvidos nas Linhas de
Pesquisa, nas quais se organizam as atividades acadêmicas, em função dos
projetos dos docentes que definem a relação de pertinência com os projetos
dos discentes. (UFRN, site do PPGED, 2015).
Nos dois Programas encontramos uma relação entre Linha de Pesquisa e projetos
desenvolvidos pelos docentes. Além disto, o PPGED ainda faz referência a grupos de
pesquisa que estão inseridos dentro de uma Linha de Pesquisa. Entendemos que a Linha tem
uma área de atuação mais ampla, então, estes grupos especificam mais ainda o campo da
22
Os estudos desta Linha de pesquisa se dedicam à investigação dos processos de ensino e aprendizagem das
Ciências Naturais com ênfase em conteúdo da Astronomia, Ciências Espaciais e da Terra, tendo como base Etna
astronomia e a Astronomia Cultural numa perspectiva socioambiental. Docentes: Auta Stella Germano de
Medeiros; Gilvan Borba; Luiz Carlos Jafelice. (Cf.
https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/programa/areas.jsf?lc=pt_BR&id=134. Acesso em 15 dez. 2015). 23
Tem o intuito de discutir questões relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem das Ciências Naturais
(Física, Química, Biologia) e da Matemática. Inserem-se nesta perspectiva estudos que visam desenvolver
metodologias e estratégias para o ensino e aprendizagem relativas à educação básica e ao ensino superior, bem
como também a formação inicial e continuada. Docentes: Claudianny Noronha; Paulo Cezar de Faria; Marcilio
Colombo Oliveros; Ciclâmio Barreto; Isauro Beltrán Núñez; Marcia Gorette Lima da Silva; Josivânia Dantas;
Magnolia Fernandes Florêncio de Araújo; Josivânia Marisa Dantas; Elinei Araújo de Almeida; Giselle Costa de
Sousa; Ivaneide Alves Soares da Costa; Ivanise Cortez de Souza. (Cf.
https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/programa/areas.jsf?lc=pt_BR&id=134. Acesso em 15 dez. 2015). 24
Enfatiza questões relacionadas à História, Filosofia e Sociologia das Ciências e da Matemática e ao seu uso
como estratégia didática. Focaliza a contribuição desses elementos ao processo de ensino e aprendizagem das
Ciências Naturais e da Matemática. Docentes: André Ferrer Pinto Martins; Bernadete Barbosa Morey; Iran
Mendes; John Andrew Fossa; Francisco de Assis Bandeira; Liliane dos Santos Gutierre; Juliana Mesquita
Hidalgo Ferreira; Giselle Costa de Sousa. (Cf.
https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/programa/areas.jsf?lc=pt_BR&id=134. Acesso em 15 dez. 2015). 25
http://www.ppged.ufrn.br/linhas_pesquisas.php.
45
pesquisa ao qual estão inseridos, caracterizando os seus campos de atuação dentro da Linha de
Pesquisa, existindo então, uma hierarquia, entre a área de concentração, a Linha de pesquisa
do programa de Pós-Graduação e a Linha de Pesquisa dos grupos de pesquisa.
O PPGED tem sete Linhas de Pesquisa, são elas: (1) Educação, Comunicação,
linguagens e Movimentos26
; (2) Educação, Construção das Ciências e Práticas Educativas27
;
(3) Educação, Formação e Profissionalização Docente28
; (4) Educação, Estudos Sócio-
históricos e Filosóficos29
; (5) Educação, Política e Práxis Educativas30
; (6) Educação,
Currículo e Práticas Pedagógicas31
; (7) Educação e Inclusão em Contextos Educacionais32
.
Como nossa pesquisa se restringe a Linha de Pesquisa que contempla o campo da
Educação Matemática, apontamos a Linha: “Educação, Construção das Ciências e Práticas
Educativas”, como sendo a Linha de Pesquisa que engloba as pesquisas no campo da
Educação Matemática. Na descrição desta Linha temos uma referência a área da Educação
Matemática como campo de pesquisa, mas além disto existem os grupos de pesquisa que
restringem os seus campos de atuação.
No site do PPGED, encontramos uma tabela que nos mostra que a Linha de Pesquisa a
qual estamos fazendo referência contém quatro grupos de pesquisa. Ao fazermos uma leitura
em suas descrições, podemos ver que pelo menos dois desses grupos podem ter pesquisas no
campo da Educação Matemática. Eis a tabela:
26
Estudos e pesquisas em leitura, literatura, dispositivos midiáticos e informacionais, das linguagens, do corpo e
da cultura de movimento na educação. (Cf. http://www.ppged.ufrn.br/linhas_pesquisas.php. Acesso em 15 dez.
2015). 27
Estudos e pesquisas que problematizam a construção das ciências e sua relação com os processos formativos e
as práticas sociais, nas abordagens da matemática, das ciências naturais, das linguagens, de Paulo Freire e da
complexidade. (Cf. http://www.ppged.ufrn.br/linhas_pesquisas.php. Acesso em 15 dez. 2015). 28
Pesquisa sobre o docente, o estudante, suas práticas, os processos formativos, inicial e continuado de formação
e desenvolvimento sócio profissional. Privilegiam as abordagens teórico-metodológicas que tomam como eixo a
profissionalização docente, a comunicação, os processos psicossociais e socioculturais da aquisição e produção
de conhecimentos em contextos educacionais, na educação básica e no ensino superior. Centra-se em três eixos:
a) processos de aprendizagem e formação da docência; b) os sistemas socioculturais, socialização e educação na
escola contemporânea; c) identidade e representações sociais na educação. (Cf.
http://www.ppged.ufrn.br/linhas_pesquisas.php. Acesso em 15 dez. 2015). 29
Aborda temáticas referentes aos fundamentos históricos, filosóficos e sociopolíticos da educação. Privilegia
práticas educativas em suas diversas manifestações escolares e não escolares. (Cf.
http://www.ppged.ufrn.br/linhas_pesquisas.php. Acesso em 15 dez. 2015). 30
Desenvolve estudos e pesquisas numa perspectiva crítica e contextualizada, sobre as políticas de educação
básica e superior, contemplando os eixos: educação e trabalho; gestão e financiamento; políticas de formação de
professores e gestores. (Cf. http://www.ppged.ufrn.br/linhas_pesquisas.php. Acesso em 15 dez. 2015). 31
Cultura e Educação; processos de construção de conhecimentos e saberes em diferentes contextos; práticas
pedagógicas e curriculares para a educação de crianças, jovens e adultos; processos de formação inicial e
continuada da educação. (Cf. http://www.ppged.ufrn.br/linhas_pesquisas.php. Acesso em 15 dez. 2015). 32
Investiga, no campo da Educação Especial na perspectiva Inclusiva, temáticas relacionadas às políticas, à
formação docente e às práticas pedagógicas e artísticas nos diversos níveis e contextos educacionais. (Cf.
http://www.ppged.ufrn.br/linhas_pesquisas.php. Acesso em 15 dez. 2015).
46
Tabela 1 - Grupos de pesquisa do PPGED
Grupo de estudos da complexidade
Pesquisas que repensam a relação ciência-
tradição a partir da possibilidade de diálogo
entre essas duas formas de representação do
mundo, com vistas a consolidar uma ecologia
das ideias base complexa e transdisciplinar.
Buscam ultrapassar a monocultura da mente,
matizar os contornos e estilos distintos que
conformam essas estruturas
cognitivas/discursivas fazendo religar prosa-
poesia, ciências-éticas-políticas.
Grupo de Estudos e Práticas Educativas em
Movimento
Estuda a relação entre conteúdos e
metodologias de ensino a partir de uma
abordagem temática, dialógica, e de
construção coletiva. Tem como foco a busca
dos fatores que facilitam a constituição da
autonomia dos sujeitos coletivos (escolas,
movimentos sociais, comunidades e grupos)
na produção e a apropriação de
conhecimentos. Formação de professores,
programas escolares, currículos, ciências
naturais e educação do campo são áreas já
trabalhadas no grupo.
Ensino de Ciências e Cultura
No campo do Ensino de Ciências, preocupa-
se com as relações entre
as epistemologias científicas e
os processos de ensino-aprendizagem das
ciências naturais e da matemática, nos
diversos níveis e contextos de ensino.
Compreende a ciência como cultura e
investiga tanto a
dimensão histórica, cultural e filosófica da
produção da ciência quanto possibilidades
de relações entre o conhecimento científico
estabelecido e sua inserção social e escolar.
Grupos de estudos e pesquisa em ensino de
Matemática e de Língua Portuguesa
Pesquisa nas áreas de Matemática e de
Língua Portuguesa com foco na educação
básica, formação docente e políticas públicas.
Focaliza a relação linguagens e educação,
partindo de perspectivas teóricas de base
interacionista, que situam a linguagem como
prática sócio discursiva e a educação
centrada no sujeito.
Fonte: http://www.ppged.ufrn.br/linhas_pesquisas.php.
Diante o exposto, podemos ver que a Linha Educação, Construção das Ciências e
Práticas Educativas dispõe de quatro grupos de pesquisa, de modo que cada grupo faz uma
descrição do seu campo de pesquisa. Vendo essa distribuição de campos de pesquisa nos
questionamos sobre o que seria realmente uma Linha de Pesquisa e como ela surge em um
47
Programa de Pós-Graduação, pois sabemos que os Grupos de Pesquisa se caracterizam por
suas Linhas de Pesquisa, dando um direcionamento acadêmico para os projetos propostos
pelos professores, mas também temos conhecimento de que, muitas vezes, estes projetos não
estão atrelados a um grupo, mas somente a um pesquisador de forma individual, tudo isso nos
faz pensar que tanto a Linha de Pesquisa pode ser proposta do Programa como também pode
advir de pesquisas individuais ou de grupos de estudos formados e/ou pesquisas formadas nas
Universidades.
Assim, buscamos respaldo nos órgãos reguladores e normatizadores de cursos de Pós-
Graduação, para entender como eles propõem que sejam fixadas as Linhas de Pesquisa. Na
Resolução nº 05, de 10/03/1983, do Conselho Federal de Educação, que fixa normas de
funcionamento e credenciamento dos cursos de Pós-Graduação stricto sensu, temos em seu
Art. 4º, que
a implantação de um curso de pós-graduação deve ser precedida da
existência de condições propícias à atividade criadora e de pesquisa, aliando-
se disponibilidade de recursos materiais e financeiros às condições
adequadas de qualificação e dedicação do corpo docente nas áreas ou linhas
de pesquisa envolvidas no curso. (BRASIL, Resolução do CFE - nº 05, 1983,
p. 2).
Esta Resolução mostra uma referência sucinta para a importância da área ou Linha de
Pesquisa em uma Pós-Graduação.
Na Resolução nº 1, de 03/04/2001, do Conselho Nacional de Educação, art. 1º,
parágrafo 5º, que estabelece normas para o funcionamento de cursos de Pós-Graduação, diz:
“É condição indispensável para a autorização, o reconhecimento e a renovação de
reconhecimento de cursos de pós-graduação stricto sensu a comprovação da prévia existência
de grupo de pesquisa consolidado na mesma área de conhecimento do curso”. (BRASIL,
CNE, 2001, p.3).
Nesta Resolução, já não há uma referência direta à Linha de Pesquisa, mas exige que
exista um grupo de pesquisa consolidado na área de conhecimento do curso. E no parágrafo
6º, deste mesmo Artigo, fica definido que deve ser apresentado a CAPES os pedidos de
renovação e reconhecimento do curso de Pós-Graduação, obedecendo as suas normas. A
Portaria nº 10, de 16 de abril de 2003, da CAPES, que fixa normas e procedimentos para a
avaliação anual de propostas de cursos de mestrado e doutorado, tem que:
48
Art. 2º, § 1º b) clareza e consistência da proposta, em que componentes
como áreas de concentração, linhas e projetos de pesquisa, estrutura
curricular, ementa de disciplinas, sistema de seleção e admissão de
candidatos estejam devidamente definidos, articulados e atualizados,
considerado o perfil da formação profissional pretendida e o estágio de
desenvolvimento da área. (CAPES, Portaria nº 10, 2003).
Assim, nas normas da CAPES é imprescindível que se tenha especificado na proposta
do curso de Pós-Graduação a Linha e projetos de pesquisa. Esta norma está presente não só na
proposta do curso, como também encontramos nos cadernos de indicadores da CAPES, que
consistem em relatórios preenchidos, anualmente, pelos programas de Pós-Graduação, onde
estão indicados onze documentos com dados qualitativos, conforme apontamos anteriormente.
É a partir destes dados qualitativos que a CAPES utiliza como instrumento de avaliação dos
cursos, que podemos ver que a Linha de Pesquisa está presente entre os dados solicitados no
relatório.
Para entender melhor sobre Linha de Pesquisa em um Programa de Pós-Graduação,
precisamos compreender o conceito de Linha de Pesquisa e como este termo foi incorporado
pelas pesquisas acadêmicas. Para Burke (2012) “conceitos costumam vir em pacotes de
pressupostos que precisam de uma análise minuciosa” (BURKE, 2012, p.77). Este autor diz
que devemos ter cuidado com o sentido e o contexto original ao qual está inserido
determinado conceito, para não correr o risco de generalizá-lo. (BURKE, 2012)
Borges-Andrade (2003) ressalta a importância de que a Linha de Pesquisa precisa ter
uma natureza institucional e não individual. Em seus estudos o autor abre uma discussão com
professores de Programas de Pós-Graduação. Em um desses diálogos, é exposto que os
docentes de um programa estão situados em três tipos de Linha de Pesquisa, ou seja, como
membro de um programa de Pós-Graduação, como participante de um Grupo de Pesquisa e no
registro do seu próprio Curriculum vitae. Normalmente, estes três tipos estão relacionados,
mas pode haver casos em que não se interseccionem. (BORGES-ANDRADE, 2003, p. 3).
Nas pesquisas deste autor, foi encontrada, na maioria dos programas de Pós-Graduação, das
universidades brasileiras, uma imprecisão no conceito de Linha de Pesquisa, de modo que ele
concluiu que:
Na maioria das vezes, nessas páginas e em publicações impressas
institucionais, as linhas de pesquisa são simplesmente transformadas em
formas de organizar uma apresentação ou rótulos, ao invés de descreverem
programas estabelecidos ou grupos de pessoas qualificadas e conjuntos de
49
atividades estruturados que levariam à consecução de um fim justificado.
(BORGES-ANDRADE, 2003, p. 4).
A partir da leitura dessas discussões percebemos que uma Linha de Pesquisa pode ter
o mesmo significado que área de concentração de um programa de Pós-Graduação, como
pode estar associada à forma como um determinado programa se constituiu. (BORGES-
ANDRADE, 2003). Em nossos programas33
visualizamos que após a criação da Linha no
campo da Educação Matemática, houve um crescimento no número de pesquisas nessa área,
como também a Educação Matemática começou a se configurar como um campo bastante
fértil para produção de conhecimentos e, consequentemente, de produções acadêmicas. Mas,
este crescimento também está intimamente relacionado com a criação dos grupos de pesquisa,
então nossa intenção é deixar claro que existe a Linha de Pesquisa nos programas de Pós-
Graduação, como também existem as Linhas de Pesquisa dos grupos de pesquisadores de uma
universidade.
Uma Linha de Pesquisa sofre transformações ao longo do tempo, que podem ser o seu
fim como um campo de pesquisa, ou pelo contrário, pode ser sua ampliação, pois uma Linha
de Pesquisa pode conter vários projetos, como também pode acontecer que uma Linha de
Pesquisa tenha somente um ou nenhum projeto, podendo configurar baixa produtividade em
pesquisas, e consequentemente gerar sua extinção de um programa de Pós-Graduação.
Nas descrições das Linhas de Pesquisa, tanto do PPGED como do PPGECNM, não
são muito claras, a nosso ver, quanto às delimitações do seu campo de atuação, então,
encontramos apoio, muitas vezes, nos projetos dos professores, para termos uma ideia mais
clara acerca da Linha que estamos pesquisando. Sobre isso, concordamos com as concepções
de Borges-Andrade (2003): “linhas de pesquisa são empreendimentos nos níveis de equipe ou
organizacional, enquanto projetos pertenceriam a indivíduos ou equipes. Áreas de
concentração seriam empreendimentos organizacionais”. (BORGES-ANDRADE, 2003, p.
13).
3.2 LINHA DE PESQUISA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO PPGED
No PPGED, temos o Curso de Mestrado em Educação, criado pela Portaria nº
105/1977 do CONSEPE/UFRN, em 15 de agosto de 1977, e credenciado junto a CAPES em
33
Referimo-nos ao PPGED e ao PPGECNM.
50
1982, e o Curso de Doutorado em Educação, instituído pela Resolução nº 257-A,
CONSEPE/UFRN, de 21 de dezembro de 1993.
De acordo com a proposta de reformulação do PPGED, de 1993, os primeiros anos de
funcionamento do Programa estavam fundamentado na produção do conhecimento e
organizado em Núcleos de Estudos e Pesquisa, sendo eles: o NEPEB, o NEPERS, o NEPEPE,
o NEPEC&T e o NEPEC, como já falamos na introdução desse estudo. Nos documentos da
Proposta de Reformulação, ressalta-se que nos Núcleos:
se desenvolve a investigação de problemas postos pela realidade
educacional, tanto em nível de pesquisa básica de caráter não imediatista,
como aplicada, pela qual se investiga e se produz conhecimentos de natureza
mais utilitária e imediata, aplicados a problemas específicos do âmbito
restrito (UFRN, 1993, p. 8).
Assim, constatamos que os Núcleos foram uma forma de organizar espaços de
pesquisas que se voltavam para investigações da realidade educacional local e que atendiam
ao I PNPG.
Os núcleos desenvolviam pesquisas em diversas áreas, sendo que cada um desses
núcleos trabalhava com temáticas centrais, ficando da seguinte forma: O NEPEB com análise
da Educação básica numa perspectiva pluridisciplinar, envolvendo a produção, a transmissão
e a apropriação do conhecimento escolar, da pré-escola ao 1º grau34
. O NEPERS com análise
das instituições e seus agentes. O NEPEPE com análise das relações entre o estado, a política
e a educação. O NEPEC&T com análise das relações da produção, aquisição e construção do
conhecimento das Ciências Naturais e suas tecnologias. O NEPEC com análise de situações
educativas, considerando a comunicação como um fenômeno de linguagem multiforme.
Analisando documentos referentes aos cinco Núcleos, encontramos algumas
referências e pistas sobre pesquisas que se voltaram a área da Educação Matemática.
Identificamos também referências a professores de Matemática envolvidos com o PPGED.
Identificamos que pesquisadores do NEPEB desenvolviam pesquisas sobre
“Alternativas Pedagógicas para o Ensino do 1º grau” (UFRN, 1993, p. 5). Os documentos que
analisamos acerca deste núcleo nos mostraram que, no ano de 1993, havia pesquisadores que
se enquadravam como permanente e, de acordo com a descrição em um dos documentos,
estes pesquisadores poderiam ser alunos de Graduação ou de Pós-Graduação. Entre os
34
Níveis escolares que atualmente, devido a LDB9394/96, correspondem a Educação Infantil e ao Ensino
Fundamental, anos iniciais, respectivamente.
51
pesquisadores listados, que faziam parte desse Núcleo, estava o professor Francisco Peregrino
Rodrigues Neto, que havia se graduado em Licenciatura em Matemática, na UFRN, no ano de
1976, e em 1991, realizou uma Especialização, intitulada de Aperfeiçoamento para
professores de Matemática, também na UFRN. Assim, constatamos que, após este curso, ele
continuou na UFRN como colaborador de pesquisa. Tal fato nos mostra a aproximação de
professores da área de Matemática em busca de uma Pós-Graduação stricto sensu. Veremos
mais adiante que este professor irá realizar seu Doutorado no PPGED sob orientação do
professor PhD John Andrew Fossa.
O NEPEC&T, de acordo com a descrição dos documentos, se relacionava com o
Ensino de Ciências e Matemática, pois este Núcleo se originou do Grupo de Estudos sobre o
Ensino Problematizador em Ciências (GEEP), formado no ano de 1976, no Departamento de
Física Teórica e Experimental, com pesquisas na área de Ensino de Física. No ano de 1981,
com a ampliação de suas pesquisas, o grupo é vinculado ao então Departamento de Educação
da UFRN. Apesar de não encontrarmos nenhuma pesquisa especificamente na área de ensino
de Matemática, entendemos que este núcleo contemplou pesquisas do ensino de Física em
uma perspectiva transdisciplinar com a Matemática. Outro fato bastante importe é que
identificamos entre os pesquisadores colaboradores deste núcleo, o professor Dr. Luis Carlos
Jafelice, que foi um dos nossos entrevistados nesta pesquisa, por ter sido um dos professores
que participou na constituição e consolidação do PPGECNM.
Diante o exposto, continuamos nossa busca pelas pesquisas na UFRN que se voltavam
ao ensino de Matemática e foi no Catálogo de dissertações e Teses do PPGED, dos anos de
1981 a 2003, que identificamos uma dissertação intitulada “Conteúdos básicos de
Matemática: um estudo com alunos dos cursos da área tecnológica da UFRN”. Esta foi
defendida no ano de 1983 por Maria Elizabeth Dantas de Faria, e o seu orientador foi o
professor Antônio Pinheiro de Araújo (In memoriam).
O professor Antônio, segundo Souza e Gutierre (2014), era Chefe do Departamento de
Educação da UFRN, no ano de 1990, além de ter sido o primeiro secretário da diretoria da
Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM). Foi um professor que ajudou a
promover, na cidade de Natal/RN, o III Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM),
com a proposta de, durante o evento, criar uma SBEM regional do RN, mas não obteve
sucesso, embora tenha formado um grupo de professores de Matemática, com encontros
periódicos e com intenção de criar a SBEM regional, pois, durante este processo, ele faleceu.
E somente no ano de 2003, com a chegada da professora Dra. Arlete de Jesus Brito, à UFRN,
juntamente com a professora Dra. Bernadete Barbosa Morey e também com a ajuda de outros
52
grupos de professores do Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy (IFESP), no ano
de 2004, é fundada a SBEM regional do RN. (SOUZA; GUTIERRE, 2014).
Identificamos na leitura do resumo da dissertação de Maria Elizabeth Dantas de Faria,
que se tratava de uma pesquisa na área de Educação Matemática, uma vez que a autora
estudou sobre processos de ensino e aprendizagem de Matemática, fazendo um levantamento
estatístico sobre os conhecimentos Matemáticos dos alunos do Curso de Graduação em
Matemática.
Mesmo se tratando de uma pesquisa no contexto da área de Ensino de Matemática,
percebemos que historicamente e oficialmente a Linha de Pesquisa Educação Matemática,
nesta época, não estava constituída como campo de pesquisa científica. Quando falamos em
Educação Matemática como campo de pesquisa, nos remetemos aos estudos de Kilpatrick
(1996), que a identifica como campo, mesmo que ainda enfrente problemas com relação a
status e a identidade.
Nossa busca por pesquisas no campo da Educação Matemática, no período
compreendido entre 1981 até 1995, identificou somente esta dissertação que citamos, e a
partir do ano de 1995 temos uma nova mudança nos Núcleos de Pesquisa, que são
substituídos por Linhas de Pesquisa no PPGED. Sobre isso, Santos (2006) nos diz que essa
mudança aconteceu pelo fato de que nos Núcleos se desenvolviam diferentes temáticas para
as pesquisas, isso acabava gerando uma ampliação na área de concentração das mesmas. Esse
autor nos diz ainda que o PPGED, no ano de 1995, reformulou sua estrutura, desativando os
cinco núcleos de pesquisa, e em seu lugar ficaram oito Linhas de Pesquisa. Desta forma ficou
definido a área de concentração em Educação Matemática e garantiu a inserção de diferentes
grupos de pesquisa, com os respectivos projetos de seus membros.
As Linhas ficaram assim definidas: Formação e Profissionalização Docente; Práticas
Pedagógicas e Currículo; Educação Matemática; Corporeidade e Educação; Política e Práxis
da Educação; Cultura e História da Educação; Educação, Linguagem e Formação do Leitor;
Estratégias de Pensamento e Produção do Conhecimento (SANTOS, 2006). Assim, temos
inserida a Linha de Pesquisa Educação Matemática que marca o início do desenvolvimento do
campo da Educação Matemática na UFRN.
Em nossa investigação, identificamos nos cadernos de indicadores CAPES, de 1998,
uma nova reformulação nas Linhas de Pesquisa, ficando o PPGED, com dez Linhas, são elas,
com seus respectivos anos de criação: Alternativas Pedagógicas para a Educação Pré-Escolar,
Processos de Alfabetização e Ensino Fundamental (1996); Corporeidade e Educação (1996);
Educação Matemática (1995); Formação e Profissionalização Docente (1996); Leitura Escrita
53
e Oralidade (1996); Meios de Comunicação e Educação (1996); Estudos da Complexidade
(1994); Práticas Educativas em Movimento (1997); Cultura Científica e Produção de
Conhecimento nas Ciências (1997); Pensamento Marxiano e Práxis da Educação (1996);
Socialização, Comportamento Político e Educação (1995). Logo a seguir temos a imagem do
caderno de indicadores CAPES, indicando a Linha Educação Matemática:
Figura 1 - Caderno de indicadores
Fonte: www.capes.gov.br
Podemos ver que este documento indica a Linha de Pesquisa Educação Matemática,
com ano de início em 1995, e na sua descrição temos referência a pesquisas que tratam das
teorias do Construtivismo Radical e o uso da História da Matemática como recurso didático.
De acordo com Fossa (1998), o Construtivismo Radical descrito no documento: “é, na
verdade, entendido, antes de tudo, como uma teoria do conhecimento um modelo que mostra
como a mente racional funciona na organização de suas experiências” (FOSSA, 1998, p. 16).
Para Fossa (1998) existe uma pressuposta realidade extra mental que é transformada em
experiência, tornando-se a matéria-prima do conhecimento e por sua vez é o objeto do
conhecimento, fazendo com que o sujeito por meio do objeto possa formar estruturas
cognitivas de uma realidade objetiva. (FOSSA, 1998).
O Construtivismo Radical e a História da Matemática eram conteúdos que estavam
presentes nas pesquisas da Linha EM, do PPGED, devido às pesquisas do professor PhD John
Andrew Fossa. Este pesquisador chegou à UFRN no ano de 1975, vindo dos Estados Unidos.
Sua formação acadêmica, exposta em seu currículo lattes, nos mostra que ele possui
graduação em Filosofia pela College Of The Holly Cross (1972), mestrado em Filosofia pela
54
Fordham University (1974) e doutorado em Educação Matemática pela Texas A&M
University System (1994).
Como estamos investigando a Linha de Pesquisa Educação Matemática e que esta
Linha só foi criada após a chegada do professor Fossa ao Programa, perguntamos a este
docente sobre a dissertação de Maria Elizabeth Dantas de Faria e assim, ele nos respondeu:
Interessante, não sabia que tinha sido tão cedo assim, não. O Toninho era
professor lá de Educação e eu aqui na Matemática. Não o conheci até a
minha volta do doutorado. Ele também estava fazendo o doutorado dele, na
época, e estava voltando. Mas passou pouco tempo aqui antes de falecer. Ele
era uma pessoa muito interessante e tinha muito a contribuir, mas
infelizmente não aconteceu desta forma. Nós tínhamos até interesses em
comum e provavelmente teria nascido algum tipo de colaboração, mas não
chegou a acontecer (FOSSA, entrevista cedida, 04/08/2015).
Na resposta do professor Fossa, percebemos seu estranhamento quanto à existência de
pesquisas no campo da Educação Matemática, no ano de 1983, na UFRN. Para ele, as
pesquisas em Educação Matemática tinham iniciado a partir do ano em que a Linha de
Pesquisa havia sido instituída no Programa, ou seja, no ano de 1995. Sobre isso a professora
Bernadete também nos informou que antes da chegada do professor Fossa no PPGED, havia
somente pesquisas voltadas para “a linha de formação de conceitos educacionais, não era na
linha de Educação Matemática” (MOREY, entrevista cedida, 27/10/ 2015).
A partir da identificação da Linha de Pesquisa Educação Matemática e suas relações
com os projetos do professor Fossa, entendemos ser este professor o responsável por ter
iniciado a base de pesquisa em Educação Matemática na UFRN, intitulada Matemática e
Cultura, como já citamos neste estudo.
Esta identificação da base de pesquisa e do professor Fossa como líder, nos fez
investigar os processos históricos e sociais que trouxeram o referido professor para a UFRN,
então lhe perguntamos como foi sua aproximação com a Universidade, assim ele nos disse:
[...] no Mestrado conheci pessoas daqui de Natal, e eu vim como turista, e
acabei ficando e arranjando trabalho aqui. O meu primeiro trabalho foi em
uma faculdade chamada de Faculdade de Sociologia e Política que era
sediada na Fundação José Augusto, na Rua Jundiaí, em Natal. Eles estavam
precisando de alguém para ensinar Metodologia da Ciência, que era
obrigatório na época. Minha especialidade no Mestrado foi na Filosofia da
Ciência e da Lógica e, assim, me contrataram para ensinar esta disciplina.
Com pouco tempo a Faculdade foi absorvida pela UFRN e veio para o
55
Campus, onde está hoje. Desta forma, fui contratado pelo Departamento de
Filosofia (FOSSA, entrevista cedida, 04/08/2015).
Como disse o professor, o seu interesse em conhecer esta cidade surgiu das conversas
que teve com alguns brasileiros, durante o Curso de Mestrado ao qual havia participado nos
Estados Unidos da América (EUA). E, após alguns dias em Natal/RN, surgiu a oportunidade
de trabalho, que veio a ser seu primeiro emprego como professor: a então Faculdade de
Sociologia e Política de Natal, citada pelo professor, estava precisando de docentes. Essa
Faculdade35
foi criada no ano de 1966, pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte,
durante a gestão do ex-governador Aluízio Alves, e sua administração foi assumida pela
Fundação José Augusto, localizada, atualmente, na rua Jundiaí, no Bairro do Centro de Natal.
Em 1975, a Faculdade de Sociologia e Política foi incorporada à UFRN como Curso de
Ciências Sociais, e algum tempo depois, sua sede foi transferida para o Campus, endereço
atual da UFRN.
Questionamos ao professor como um jovem americano, recém-formado, conseguiu de
forma, quase que imediata, ser contratado por uma universidade pública e ele nos respondeu
que a Faculdade precisava de alguém para ensinar Metodologia da Ciência, disciplina
obrigatória, no curso de Filosofia, e como sua especialidade no Mestrado foi na Filosofia da
Ciência e da Lógica, era oportuno, de modo que logo o contrataram. O professor Fossa foi
contratado em um período que o Brasil estava precisando de pessoal qualificado para o
Ensino Superior, e segundo Nunes (2006):
A década de 70 foi considerada como a ‘década da pós-graduação’. Apesar
das restrições inerentes a um regime autoritário, o sistema organizou-se e
expandiu-se com a criação de Programas de Pós-graduação stricto sensu e a
exigência de titulação do docente universitário em instituições públicas.
Requeria-se o mestrado como titulação mínima para o docente iniciar sua
carreira docente no nível de assistente. Assim, ao valor simbólico da
titulação docente acrescentou-se o valor financeiro, pois esta se tornou
condição para a ascensão na carreira, principalmente nas instituições
públicas, através de concurso público. (NUNES, 2006, p. 43, grifos nossos).
Desta forma, se inicia a trajetória do professor Fossa na UFRN, como professor
adjunto do Departamento de Filosofia. Algum tempo depois, em 1983, ele é realocado para o
Departamento de Matemática e começa a ministrar disciplinas do Curso de Matemática. Para
35
Disponível em: <http://www.ufrn.br/institucional/sobre-a-ufrn.> Acesso em: 11 mar. 2017.
56
ministrar as disciplinas de Matemática o professor Fossa teve a influência de sua formação
universitária, ele nos disse que nos EUA:
O sistema é diferente do daqui. Aqui você entra no curso e fica focado no
seu curso. Lá é exatamente ao contrário. Geralmente existe até um limite no
número de disciplinas do próprio curso que poderia pagar. Tem de pagar
disciplinas de outros cursos. Então, na minha faculdade, por exemplo, tinha
por obrigação, independentemente do seu curso, a pagar um ano de
Literatura, um semestre de Filosofia, um semestre de Teologia; tinha que
pagar uma disciplina nas Ciências e tinha que ter uma língua estrangeira.
Aqui tudo é feito em função do seu curso; se entrar em Matemática, estudará
Matemática um pouco de Física, e basicamente só. Lá não, eles querem que
você tenha uma maior abrangência de conhecimentos. (FOSSA, entrevista
cedida, 04/08/2015).
Entendemos que esta diversificação nas disciplinas, em sua Graduação, lhe deu
oportunidades para o ensino, o atraindo para o ensino de Matemática. Neste processo de
planejar, ministrar aulas e vivenciar o contexto da Educação Matemática, o professor Fossa
buscou caminhos para pesquisar na área da Educação Matemática, pois até então suas
pesquisas versavam, de forma geral, sobre Ciência e Filosofia. As primeiras ideias para as
pesquisas em Matemática começaram a acontecer no período em que ele estava ministrando
aulas em um curso de aperfeiçoamento para professores de Matemática que se transformou
em uma Especialização, devido, segundo ele, a carga horária corresponder a esta
especificidade, e é neste Curso que surgiu a ideia de fazer Doutorado em Educação
Matemática, pois, segundo ele:
[...] estava atuando neste curso durante algum tempo, mas estava com
vontade de fazer um doutorado na área de álgebra. Visto que estávamos
mantendo o curso de especialização sem muitos conhecimentos sobre a área
– fazendo só com o coração e não com a cabeça – vários colegas
argumentaram que seria mais útil para o Departamento se eu fizesse o
doutorado na área de Educação Matemática. Aceitei seus argumentos e fiz o
doutorado nesta área. (FOSSA, entrevista cedida, 04/08/2015).
Temos que ressaltar que esta Especialização a qual o professor Fossa era professor
serviu de referência para a implantação do PPGECNM, pois ao investigarmos, encontramos
no documento intitulado “Projeto de criação e implantação do PPGECNM”, um histórico com
57
informações das atividades desenvolvidas pelo Departamento de Matemática, e neste temos
que desde o:
[...] início da década de 90, o Departamento de Matemática tem
desenvolvido um consistente programa de Pós-Graduação Lato Sensu
(Especialização) em Educação Matemática, formando, até 1998, uma média
de 10 alunos, por ano. A partir de 1999, além da turma de Especialização em
Educação Matemática o referido Departamento passou a oferecer também a
Especialização em História da Matemática, na qual se formaram 35 alunos.
(UFRN, 2001, p.8).
O professor Fossa se envolveu tanto com o ensino de Matemática que desenvolvia na
Graduação, como também no Curso de Especialização, que daí em diante suas pesquisas se
voltaram para a área da Educação Matemática, e assim ele decidiu seguir os conselhos dos
colegas, em fazer um Doutorado em Educação Matemática. De acordo com D’Ambrosio,
nesta época, estava crescendo nas academias brasileiras o interesse por História das Ciências e
da Matemática, assim:
A criação da SLAHCT/Sociedad Latino-Americana de História de las
Ciências e Tecnologia em 1983 estimulou a organização das sociedades
nacionais, dedicado à História da Ciência, incluindo seções de História da
Matemática. Foi estimulada a ida de matemáticos para fazer o doutorado em
História das Ciências e da Matemática nos Estados Unidos e na Europa e
temos uma geração de pesquisadores de renome internacional nessa área,
bem como prestigiosos periódicos nos vários países da América Latina.
(D’AMBROSIO, 2015, p. 29)
Havia uma grande influência norte-americana sobre alguns países da América Latina,
pós-segunda guerra mundial. Os países que estavam sob regime da ditadura militar tiveram
um grande movimento migratório de ida de cientistas para outros países e após a
redemocratização começaram a retornar para o Brasil, e em 1984 a EM começa a se
desenvolver nos países da América Latina, com a contribuição de ações de cooperação entre a
UNESCO e a OEA, que queriam propiciar a aproximação dos sistemas educativos dos países
latinos. (D’AMBROSIO, 2015).
É ainda neste movimento migratório que, no ano de 1990, o professor Fossa se afasta
de suas atividades de docente e retorna aos EUA para fazer seu Doutorado em Educação
58
Matemática, retornando ao Brasil, em 1994, com o título de Doutor, além de ideias renovadas
para a Educação Matemática.
Suas pesquisas envolviam a Filosofia, a História, a Lógica e a Matemática, e é então,
“convidado” a participar do PPGED. Sobre esse convite, ele nos disse: “Saí para fazer meu
doutorado em 1990, e não estava ligado a Pós-Graduação ainda. Em 1994, quando voltei com
meu doutorado completo, me convidaram a participar do PPGED. ” (FOSSA, entrevista
cedida, 04/08/2015).
Perguntamos ao professor Fossa quem havia feito o convite, para participar do
PPGED, e ele nos disse que não lembrava exatamente quem foi, uma vez que não foi um
convite formal e sim uma sugestão para que ele participasse do Programa. Ele ainda lembra
que seu currículo atendia aos pré-requisitos exigidos pela Coordenação do Programa, e assim,
foi aceito. Este Programa de Pós-graduação estava passando por várias reformulações
internas, uma delas era com relação às Linhas de Pesquisa, e o professor Fossa já tinha alguns
projetos em fase de planejamento, que o possibilitou a constituir uma Linha de Pesquisa, neste
Programa, de forma a atender as exigências da CAPES, órgão superior responsável por
coordenar, avaliar e recomendar atividades relativas ao ensino superior. Então, no ano de
1995 é criada a Linha de Pesquisa Educação Matemática, e isso nos fez perceber que a vinda
deste professor Doutor em Educação Matemática, para um Programa que contemplava
Mestrado e Doutorado, possibilitou a abertura de vagas para uma Pós-Graduação Stricto
Sensu, com pesquisas voltadas para a Educação Matemática, que até então, não havia na
UFRN.
De acordo com os cadernos de indicadores CAPES, de 1998, já citados neste capítulo,
a Linha se volta para a compreensão de pesquisas sobre epistemologia da Matemática,
destacando o Construtivismo Radical e o uso da História da Matemática como recurso
didático (CAPES, documentos de indicadores, 1998, p.1). O que nos chamou a atenção foi o
uso da História da Matemática como recurso didático, pois essa nova tendência de ensino e
aprendizagem tornou a UFRN uma referência no desenvolvimento de pesquisas com essa
temática. Perguntamos, então, ao professor Fossa, de onde vinha essa alternativa de inserir a
História da Matemática no contexto das pesquisas, e ele nos explicou como isso aconteceu:
Eu havia feito meu doutorado sobre o Construtivismo Radical. Quando
voltei, fiquei com dois alunos no Mestrado e um no Doutorado e, nesta
época, eu ainda não tinha projeto de pesquisa meu, bem definido. Assim,
fiquei muito aberto em relação aos temas dos pós-graduandos, mas todo
59
mundo escolheu temas dentro da área do Construtivismo Radical. Minhas
ideias foram, aos poucos afunilando mais, e a História da Matemática entrou.
Então eu vi que a História da Matemática poderia servir como base da
construção de atividades construtivistas e comecei a juntar as duas áreas,
tanto que sugeri esta abordagem a um dos meus primeiros alunos do
Mestrado, o Iran. Ele adotou o foco sugerido e fez um trabalho muito lindo.
De fato, adotou o mesmo foco na sua tese de doutorado e continua até hoje a
estudar o assunto. A partir de então, o uso da História da Matemática como
um recurso pedagógico ficou muito importante para mim, mas tudo começou
com a minha ideia de usar a História para fundamentar atividades
construtivistas. Eu já estava fazendo estudos sobre a História e Filosofia da
Matemática, por conta própria, que não tinha nada a ver com o Programa.
Mas, com esta ideia os dois interesses se casaram. (FOSSA, entrevista
cedida, 04/08/2015).
Assim, encontramos a ligação entre a descrição da Linha de Pesquisa Educação
Matemática com os projetos de pesquisa do professor. Percebemos em seu depoimento que
sua formação influenciou na escolha teórica do Construtivismo Radical e que havia uma
necessidade de encontrar caminhos para o ensino e a aprendizagem baseando-se nessa teoria.
Como sua primeira formação foi em Filosofia, podemos inferir que o estudo das Ciências o
levou para a História da Matemática, embora ele mesmo tenha colocado, em seu discurso, que
estava aberto a novas ideias, aceitando, inclusive, alguma proposta de seus orientandos. Seu
primeiro orientando, ao qual se referiu, foi quem desenvolveu a primeira pesquisa que trazia
teorias do Construtivismo e da História da Matemática como um recurso pedagógico para a
sala de aula do Ensino Básico.
Percebemos que esse momento histórico foi marcado por escolhas do pensamento
científico, pois ideias iniciais vinham do professor orientador, e para explicar como se deu a
escolha dessa Linha de pensamento que deu origem as primeiras pesquisas, encontramos
apoio no construto teórico de Fleck (2010), médico judeu-polonês e teórico da história e
sociologia da ciência, que defendeu a ciência como uma atividade social e coletiva, com
múltiplas conexões passivas e ativas que se equilibram, e os fatos surgem e se desenvolvem,
abandonando o radicalismo das descrições empíricas ou de postulados lógicos, que passou a
entender o conhecimento como uma atividade humana, em suas interações sociais e com a
natureza (FLECK, 2010).
Associamos a Linha de pensamento do professor Fossa ao estilo de pensamento
defendido por Fleck (2010), pois entendemos que a escolha dessa Linha inicial de pesquisa
como a base para a construção do saber, não foi somente do pensamento individualizado do
pesquisador, pois, de acordo com Fleck (2010, p. 17): “para o desenvolvimento de um fato
científico, há fatores em jogo que não são ancorados, em primeiro lugar, no pensamento de
60
um cientista individual” (FLECK, 2010, p. 17). Para Fleck (2010) a ciência é um processo
coletivo e que em um grupo de pesquisadores temos um líder, mas o progresso se dá pela
contribuição de todos os membros do grupo e que ao final da pesquisa temos resultados que
não estavam preestabelecidos, ou seja, passou por um desenvolvimento constante do trabalho
coletivo (FLECK, 2010).
Entendemos, a nosso ver, como se constituiu o estilo e o coletivo de pensamento para
formação de um modelo científico de pesquisas em Educação Matemática, uma vez que
percebemos como elas foram desenvolvidas. É do nosso entendimento que as pesquisas
seguem algumas tendências temáticas, que estão de acordo com as Linhas de Pesquisa, e que
ao longo do tempo a produção dessas pesquisas é influenciada por fatores sociais que as
modificam. Segundo Fleck (2010), há três tipos de fatores sociais que influenciam essas
modificações. O primeiro, o peso da educação, entendemos como sendo os saberes propostos
pelos percussores das Linhas de Pesquisa que foram os primeiros orientadores das pesquisas,
com seus conhecimentos constituídos no processo de suas aprendizagens; o segundo, o peso
da tradição, nos mostra que, posteriormente, as pesquisas geram novas formas de
conhecimentos que foram predeterminados nos antigos; e o terceiro, o efeito da sequência do
processo do conhecimento, impõem as pessoas envolvidas os limites de sua investigação
posterior, criando-se uma realidade autônoma e por vezes restritas a concepções anteriores.
(Fleck, 2010). Assim, as Linhas de Pesquisa são constituídas a partir de um estilo próprio de
pensamento que compreende os problemas e direciona para seus objetivos, mas a verdade é
que a escolha do problema é tencionada pelo estilo de pensamento.
Nesse sentido, fomos à busca de pesquisas em Educação Matemática e identificamos a
primeira pesquisa orientada pelo professor Fossa, que trazia a teoria do Construtivismo
Radical e da História da Matemática. Essa pesquisa foi desenvolvida, conjuntamente, com seu
então orientando de mestrado, Iran Abreu Mendes. A dissertação foi intitulada “Ensino de
Trigonometria através de atividades históricas” e defendida no ano de 1997. Esta foi a
primeira dissertação de Mestrado, na Linha de Pesquisa Educação Matemática, no PPGED, da
UFRN.
Veremos ao longo desta historiografia, que as pesquisas em História da Matemática
aumentaram tanto quantitativamente, quanto qualitativamente, e que em seu processo de
desenvolvimento, sofreram transformações em seus fundamentos originais, uma vez que,
segundo Fleck (2010): “os deslocamentos no conteúdo da pesquisa, concebido pelos próprios
envolvidos, acontecem no coletivo de maneira imperceptível para o indivíduo”. (FLECK,
2010, p. 19).
61
Vários desses deslocamentos foram ocorrendo ao longo dos anos, seja no conteúdo ou
nos projetos das pesquisas, pois percebemos que eles podem provocar o aparecimento, o
desaparecimento ou as transformações dentro das Linhas de Pesquisas. Observamos que a
Linha de Pesquisa Educação Matemática, criada no ano de 1995, como já informado nesta
pesquisa, se manteve com a mesma conjuntura até o ano de 2001, ou seja, as pesquisas se
voltavam para o Construtivismo Radical e o uso de História da Matemática como recurso
didático. No ano de 2002, observamos uma mudança nos projetos de pesquisa, como indicado
no documento a seguir:
Fonte: www.capes.gov.br
De acordo com este documento podemos observar que a área de concentração se
amplia, na medida em que pesquisas sobre a Etnomatemática passam a fazer parte dos
projetos de pesquisa. De acordo com D’Ambrósio (2015) a Etnomatemática pode ser
considerada como:
[...] uma subárea da História da Matemática e da Educação Matemática, com
uma relação muito natural com a Antropologia e as Ciências da Cognição.
[...] é a matemática praticada por grupos culturais, tais como comunidades
urbanas e rurais, grupos de trabalhadores, classes profissionais, crianças de
uma certa faixa etária, sociedades indígenas, e tantos outros grupos que se
identificam por objetivos e tradições comuns aos grupos (D’AMBRÓSIO,
2015, p. 9).
Assim, entendemos que a Etnomatemática procura conhecer e explicar a Matemática
praticada por diferentes comunidades ou grupos que tem características culturais em comum.
A primeira dissertação sobre este campo de conhecimento, na UFRN, intitulada de
“Carpinteiros navais de Abaetetuba-PA: Etnomatemática navega pelos rios da Amazônia”, é
Figura 2 - caderno de indicadores
62
de autoria de Isabel Cristina Rodrigues de Lucena, defendida em 25 de fevereiro de 2002, que
foi orientanda do professor Fossa.
No ano de 2003 observamos novas mudanças no segmento da Linha EM, como
podemos notar na imagem do documento a seguir:
Fonte: www.capes.gov.br
Nos dados evidenciados na figura, observamos que a área de concentração continua a
mesma, mas as pesquisas deixam de ter como foco o Construtivismo Radical, passando a
História da Matemática, a Etnomatemática e suas relações com os conteúdos da disciplina de
Matemática constantes no currículo do Ensino Básico, a configurar a Linha de Pesquisa EM.
Identificamos que até o ano de 2010, a Linha teve pequenas modificações nos seus projetos de
pesquisas e a área de concentração deixa de ser Ensino e Formação docente, passando a ser
Educação. É neste período, entre os anos de 2000 a 2010, que são efetivadas na UFRN mais
duas professoras e dois egressos do PPGED, que se juntam ao professor Fossa, no
desenvolvimento e orientações de pesquisas no referido Programa. É disto que iremos tratar
agora. Iremos perceber que essas professoras juntamente com o professor Fossa formaram um
coletivo de pensamento que direcionaram as primeiras pesquisas em Educação Matemática na
UFRN.
No ano de 1996, a professora Dra. Bernadete Barbosa Morey realizou concurso para
uma vaga oferecida pelo Departamento de Matemática da UFRN, sendo contratada em 1997.
Entendemos ser importante falar que na trajetória escolar desta professora surge a
oportunidade de ela realizar seus estudos em outro país, que a faz mudar de profissão,
escolhendo, posteriormente, ser professora. Esta oportunidade de estudos em outro país está
relacionada com as influências, inclusive norte-americana, como da UNESCO, já citadas aqui.
(D’AMBROSIO, 2015). Sobre isso, a professora Bernadete nos diz:
Figura 3 - caderno de indicadores (ano 2003)
63
[...] quem dava a bolsa de estudo era a Rússia, em uma Universidade que
existia lá e que ainda existe, só que agora ela é paga. Naquela época, ela
recebia alunos da América Latina, África e Ásia. Eram alunos vindos de
países em desenvolvimento, como uma espécie de colaboração, alguns
diziam que os gastos da Universidade com esses alunos eram descontados
pela União Soviética na conta da UNESCO, você sabe que a UNESCO é um
órgão mundial dedicado a Educação, quem sustentava a UNESCO eram os
cotistas, os países ricos, naquele tempo, e a União Soviética tinha uma boa
cota na UNESCO. Mas esta Universidade era muito cara, ela tinha cerca de
oitocentos estudantes, todos estrangeiros, mas fomos para lá sem gasto
nenhum, pagavam nossas passagens de ida e volta, uma bolsa que
representava um pequeno valor em dinheiro, um lugar para morar, e a
Universidade, não pagávamos nada. (MOREY, entrevista cedida, 27/10/
2015).
Perguntamos à professora Bernadete como se deu esta oportunidade e assim ela nos
respondeu:
Na verdade, quando eu estudava em Santos, na Faculdade particular, eu
trabalhava durante o dia e estudava à noite, eu trabalhava na Caixa
Econômica, tinha um bom emprego, trabalhei na Caixa por dois anos.
Naquele tempo, a Caixa pagava bem, eu pensava... se eu me formar não vou
deixar a Caixa Econômica, por que o salário na rede estadual era bem mais
inferior ao da Caixa, mas aí surgiu a oportunidade de eu estudar na Rússia, e
eu fui! [...]. Comecei a faculdade de Licenciatura em Matemática aqui no
Brasil, mas desisti no segundo ano, e fui para Rússia em Moscou, para
começar o Bacharelado de Matemática, e fiquei por sete anos, em um
Bacharelado bem puxado, com cinco anos de Faculdade preparatória, e
como lá não tem Mestrado, assim que se termina a Faculdade já é o
Doutorado. Então, retornei para o Brasil, como professora, e trabalhei no Rio
Grande do Sul, depois de 4 ou 5 anos voltei para Rússia, por mais cinco
anos, para fazer o doutorado, retornei para o Brasil no ano de 1992
(MOREY, entrevista cedida, 27/10/ 2015).
Então, a professora Bernadete realizou sua graduação e seu mestrado em Matemática
pela Universidade Amizade dos Povos (UAP), na Rússia. Seu doutorado é em Educação
Matemática, feito na mesma universidade. Percebemos na história dessa professora que ela
fez parte de um grande movimento migratório de idas e vindas, seja de outro país, como
também, de estados brasileiros. Esses movimentos acabaram influenciando no
desenvolvimento da EM, pois para D’Ambrosio (2015):
Questões políticas sempre desempenharam um papel importante no
desenvolvimento da matemática na América Latina, tanto nos regimes
democráticos quanto durante os regimes ditatoriais. Continua a ser assim. A
intensa migração de cientistas, por motivos econômicos e políticos, é uma
questão que merece investigação. (D’AMBROSIO, 2015, p.24).
64
Ainda, de acordo com D’Ambrosio (1996), “há cerca de 15 anos as universidades
brasileiras e os órgãos de fomento enveredaram, com decisão e continuidade, para a criação
de competência em Educação Matemática” (D’AMBROSIO, 1996, p. 11). E foram essas
decisões políticas que abriram caminhos para o desenvolvimento de projetos de pesquisas e
cursos de Pós-Graduação e, consequentemente, abertura de concursos públicos na área. Neste
período, década de 1996, que a professora Bernadete fez o concurso para provimento de vaga
de professor, nesta época ela estava como professora visitante na Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Recém-chegada da Rússia, trazia consigo uma grande bagagem de
conhecimentos. Sua vinda para UFRN teve o apoio do professor Fossa. Sobre isto ela nos
disse que:
Vim para o Departamento de Matemática. Aqui tinha o professor Fossa, da
Educação Matemática, era somente ele. E ele conseguiu convencer o
Departamento de Matemática sobre a necessidade de abrir mais uma vaga
em Educação Matemática, ele conseguiu, então, ficamos em duas pessoas
para Educação Matemática (MOREY, entrevista cedida, 27/10/ 2015).
Estas palavras vão ao encontro do que a professora já havia relatado, durante a “mesa
redonda” que participou no IV Fórum Potiguar das Licenciaturas em Matemática, que
aconteceu em 03 outubro de 2013, na cidade de Santa Cruz/RN36
. Assim ela nos disse:
[...] na Universidade Federal eu entrei em 1997. Quando eu cheguei, Fossa
tinha acabado de chegar e nós começamos devagarzinho fazer alguma coisa
na Educação Matemática e na verdade eu demorei muito tempo para me
decidir por onde atuar. Quando eu comecei foi em História da
Trigonometria, fiquei muito tempo fazendo trabalhos em História da
Trigonometria, mas muito tempo mesmo. Porque, na verdade, eu me
apaixonei pelo assunto. Depois da História da Trigonometria, eu fiz uma
abrangência maior pela da História da Matemática e atualmente, nos últimos
anos, eu estou mais preocupada em fazer aplicações da História da
Matemática em sala de aula e de estudar a argumentação teórica. O que
justifica essas aplicações em sala de aula, porque eu tenho muita
preocupação em não fazer uma História da Matemática em sala de aula de
um modo impensado, mecânico, sem ter nenhuma base de sustentação
teórica, de fato, sem uma boa argumentação, ainda mais que eu estou numa
posição que eu tenho um bom punhado de orientandos e, cada um deles,
orientandos tem outros orientandos e mais dezenas de alunos dentro de uma
sala de aula. Então, a preocupação enquanto a isso, quanto o que faço ou não
faço está tendo explicação do ponto de vista da educação, isso é uma grande
36
Garnica (2008) nos diz que, por questões jurídicas, geralmente se solicita dos colaboradores da pesquisa uma
carta de cessão de direitos, contudo, no caso de uma “mesa redonda”, isto não se aplica, pois a gravação que
tivemos acesso era documento público, na medida em que foi realizada durante o evento intitulado IV Fórum
Potiguar das Licenciaturas em Matemática, que aconteceu na cidade de Santa Cruz/RN, em 03 de outubro de
2017.
65
preocupação da minha parte (BERNADETE BARBOSA MOREY.
Informação verbal37
, 2013).
Em suas palavras percebemos que havia uma grande necessidade de professores da
área de Educação Matemática, na UFRN, e que o professor Fossa foi um grande agente de
luta pela ampliação da área nesta universidade. De acordo com Bourdieu (1983):
A estrutura do campo científico se define, a cada momento, pelo estado das
relações de força entre os protagonistas em luta, agentes ou instituições, isto
é, pela estrutura da distribuição do capital específico, resultado das lutas
anteriores que se encontrava objetivado nas instituições e nas disposições e
que comanda as estratégias e as chances objetivas dos diferentes agentes ou
instituições. (BOURDIEU, 1983, p.133).
O campo científico de Bourdieu (1983) se refere ao lugar ou espaço onde se definirá a
competência científica. A Educação Matemática como campo científico vinha se
desenvolvendo na universidade e precisava de pessoas com autoridade científica para dar
propriedade científica às pesquisas do Programa.
Assim, os saberes científicos da professora Bernadete contribuíram no
desenvolvimento dos projetos de pesquisa voltados para História da Matemática, no PPGED.
Como vimos no depoimento dela, o professor Fossa foi quem a convidou para se credenciar
no referido Programa, de modo que seu trabalho inicial como pesquisadora foi sobre
cronologia e datação, mas percebeu logo que estudos sobre História da Matemática era mais
interessante do que datação e cronologia38
. Assim ela nos diz: “na primeira parte destes
trabalhos de datação, [...] coisas interessantes da História da Matemática, assim depois de
pouco tempo [...] estava trabalhando com História da Matemática” (MOREY, entrevista
cedida, 27/10/ 2015).
Uma vez credenciada no PPGED, a professora Bernadete passa a orientar pesquisas de
mestrado. A primeira dissertação orientada pela referida professora foi a do orientando
Francisco de Assis Bandeira, intitulada de “A cultura de hortaliças e a cultura matemática em
Gramorezinho/RN: uma fertilidade sociocultural”. Esta foi defendida no ano de 2002. A
segunda dissertação foi da orientanda Liliane dos Santos Gutierre, intitulada, “Inter-relações
37
“Mesa redonda” realizada durante o IV Fórum Potiguar das Licenciaturas em Matemática, que aconteceu em
03 de outubro de 2013, na cidade de Santa Cruz/RN. 38
Cronologia é “uma área da ciência que trata da datação dos eventos históricos. A cronologia desempenha um
papel importante no estudo das fontes e na história, permite determinar o intervalo de tempo entre
acontecimentos do passado e do presente”. (MOREY, 2000, p. 303).
66
entre a história da matemática, a matemática e sua aprendizagem”, que foi defendia no ano de
2003. Ambos orientandos são, atualmente, docentes do PPGECNM, na UFRN.
Percebemos que a vinda da professora Bernadete contribuiu com as pesquisas em
História da Matemática, conferindo identidade e crescimento para a Linha de Pesquisa EM.
Com relação a outros professores ligados a Linha Educação Matemática, ela nos disse que:
[...] era praticamente só eu e o professor Fossa. Mas o professor Fossa tinha
muitos alunos envolvidos e não havia outros professores da Educação
participando da Linha, não havia, pois, alguns professores que orientavam
pesquisas, como a Salonilde39
e a Marlúcia iam muito mais para a Linha de
formação de conceitos educacionais, não era na Linha de Educação
Matemática (MOREY, entrevista cedida, 27/10/ 2015).
Esta fala da professora Bernadete confirma nosso entendimento sobre a questão das
pesquisas que se relacionam com a Linha EM, estarem associadas ao professor Fossa como
percursor deste campo de pesquisa na UFRN, pois os outros professores do Departamento de
Educação não desenvolviam pesquisas neste campo de conhecimento.
Após a chegada da professora Bernadete à UFRN, outra professora chegou para
contribuir com o desenvolvimento da EM nesta instituição, foi a professora Dra. Arlete de
Jesus Brito. Ela tem Bacharelado e Licenciatura em Matemática, pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC/SP), Mestrado e Doutorado em Educação, pela Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP) e Pós-Doutorado pela Universidade de Bielefeld, da
Alemanha. Podemos ver que esta professora teve parte de sua formação realizada no exterior,
em seu currículo lattes, há referências de que ela foi bolsista da CAPES, assim, mais uma
professora que apontamos fazer parte de um movimento migratório de doutores no Brasil, e
com parte de sua formação fomentada por investimentos públicos. Atualmente a professora
Arlete é docente da Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho (UNESP). Ao
entrevistarmos esta professora perguntamos como foi a sua chegada à UFRN e como se deu
sua aproximação com o PPGED. Ela nos disse que não conhecia a cidade de Natal/RN, mas
seu orientador de Doutorado avisou-lhe sobre o concurso para professor do Departamento de
Matemática, na UFRN, de modo que ela decidiu realizá-lo.
Assim, participou do concurso e foi aprovada. Tomou posse, junto ao Departamento
de Matemática da UFRN, no ano de 2000, e assim que chegou foi convidada pelos
39
A professora Bernadete refere-se às professoras doutoras do Centro de Educação da UFRN, Maria Salonilde
Ferreira e Marlúcia Menezes de Paiva.
67
professores da EM para realizar orientações de pesquisa no PPGED, pois já tinha alguma
produção própria na área da Educação Matemática.
Ela nos relatou que durante seu Doutorado desenvolveu pesquisas que se voltaram
para a História das Geometrias Euclidianas e não Euclidianas e sua importância na formação
dos professores. Dessa forma seu foco de estudo é “a História da Educação Matemática, a
História da Matemática, a Filosofia, a formação de professores e olhando como a Matemática
se estabelece como uma relação de poder nas relações sociais” (BRITO. Depoimento oral em
07/11/2015). Observando o foco de pesquisa desta professora percebemos que havia uma
tendência para a História da Matemática, então ela agregou mais conhecimento neste
segmento de pesquisa que o professor Fossa já havia iniciado, e isso contribuiu para o
fortalecimento do grupo de pesquisa em Educação Matemática. Posteriormente, se envolveu
com o projeto de implantação de outro Programa, o PPGECNM, ao qual iremos discorrer
sobre esse envolvimento mais adiante.
Além das duas professoras citadas, temos a participação de dois egressos, ex-
orientandos do professor Fossa, que se se tornaram professores do PPGED. Um deles é o
professor Dr. Iran Abreu Mendes, que, como mencionado anteriormente, sua dissertação de
mestrado foi a primeira da Linha EM. Este professor tem Licenciatura em Matemática e em
Ciências, Especialização em Ensino de Ciências e Matemática, realizadas na Universidade
Federal do Pará (UFPA), Mestrado e Doutorado em Educação, ambos realizados na UFRN.
Percebe-se que a formação de Mestrado e Doutorado deste professor é realizada na própria
universidade que ele, posteriormente, torna-se professor efetivo. Tal fato nos mostra que há
uma mudança nos movimentos migratórios de professores, de modo que essa mudança aponta
que a UFRN se tornou uma instituição com capacidades comprovadas de formação de
professores para o Nível Superior. Sobre isso, Magalhães; Raffin; Gutierre e Azevedo (2016)
nos falam que:
Nos últimos anos, a UFRN vem se confirmando como uma das principais
universidades do Nordeste brasileiro. No período de 2011 a 2015, esta
universidade foi classificada como a melhor instituição federal do Norte e
Nordeste, conforme Índice Geral de Concursos (IGC) utilizado pelo MEC
como indicador de qualidade das Ifes. (MAGALHAES; RAFFIN;
GUTIERRE; AZEVEDO, 2016, p. 568).
Ainda segundo os autores apontados, a expansão quantitativa da Pós-Graduação e sua
articulação com a Graduação contribuiu para a renovação pedagógica no Ensino Superior.
68
(MAGALHAES; RAFFIN; GUTIERRE; AZEVEDO, 2016). Embora essa expansão seja em
outro contexto, não podemos deixar de notar que outro professor, egresso do PPGED, que
realizou a Graduação e o Doutorado na UFRN, foi efetivado nessa instituição, no ano de
2000. Referimo-nos ao professor Dr. Francisco Peregrino Rodrigues Neto. Ele foi orientando
do professor Fossa. Enquanto professor do Programa, orientou algumas pesquisas,
contribuindo com o professor Fossa no desenvolvimento de pesquisas em História da
Matemática. É professor aposentado da UFRN.
O exposto até aqui mostrou alguns professores percussores em pesquisas na Linha EM
e alguns egressos do PPGED que, atualmente, são também pesquisadores no âmbito da
UFRN. Então, para um melhor entendimento de como se deu essa geração de pesquisadores,
realizamos um estudo genealógico destes. Este estudo genealógico, nesta pesquisa, se
identifica com as pesquisas de Mendes (2015a), que o define como: “uma abordagem auxiliar
da pesquisa historiográfica que estuda a origem, a evolução e a disseminação das várias
gerações das organizações sociais (grupos, famílias, instituições, entre outros)” (MENDES,
2015a, p.3).
Pretendemos, por meio da genealogia, fazer um registro histórico, com base nos
relacionamentos de orientação acadêmica, de mestrado ou doutorado, para identificar, entre os
egressos do PPGED, aqueles que se tornaram descendentes de seus orientadores, ou seja,
aqueles que passaram a fazer parte deste ou de outro Programa de Pós-Graduação, na UFRN,
como professores.
Essa escolha em apontar somente os egressos que atualmente são professores de
Programa de Pós-Graduação na UFRN, se deu por não termos tempo hábil, em uma pesquisa
de mestrado profissional, que tem a duração de 36 meses e que demanda ainda a elaboração
de um produto educacional, de descrevermos e apresentarmos todos os egressos, inclusive os
que são professores de outras instituições de ensino superior.
Assim, mostraremos, por meio da genealogia, a evolução de pesquisadores que estão
no campo da EM, na UFRN, a partir do professor Fossa. Eis a primeira representação:
69
Figura 4: Árvore genealógica 1
Fonte: Árvore genealógica elaborada por Wguineuma Pereira Avelino Cardoso
http://www.imagensgratis.blog.br/imagens/arvore/1
Para a construção da árvore genealógica acima, pesquisamos o Currículo Lattes do
professor Fossa40
, pois contém a lista com os nomes de seus orientandos. Dentre eles,
identificamos aqueles que, atualmente, são professores em algum Programa de Pós-
Graduação da UFRN, cuja escolha por esta opção já foi explicada, neste texto. O professor
Fossa orientou 8 (oito) mestrandos do PPGECNM e 11 (onze) mestrandos do PPGED, além
de 23 (vinte e três) doutorandos no PPGED, de modo que damos destaque, neste estudo, para
5 (cinco) ex-orientandos dele, que atualmente, são professores em Programas de Pós-
Graduação da UFRN, a saber: (1) Dr. Iran Abreu Mendes, que defendeu sua dissertação de
mestrado no ano de 1997 e sua tese de doutorado, em 2001, no PPGED; (2) Dr. Francisco
Peregrino Rodrigues Neto, que defendeu sua tese de doutorado no PPGED, no ano 1998,
sendo um dos primeiros do Programa a fazer o doutorado no campo da EM, além de participar
da primeira base de pesquisa do PPGED; (3) Dra. Claudianny Amorim Noronha, que
40
Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4781182U4>. Acesso em 24
mai. 2016.
PhD John Andrew Fossa
Professor orientador
Iran Abreu Mendes
Francisco Peregrino
Claudianny A. Noronha
Gisele Costa de Sousa
Mércia de Oliveira Pontes
70
defendeu sua dissertação de mestrado no ano de 2003 e a tese de doutorado, em 2006.
Atualmente, ela orienta trabalhos de mestrado no PPGED e no PPGECNM e doutorado no
PPGED; (4) Dra. Giselle Costa de Sousa, que defendeu sua dissertação de mestrado em 2005
e sua tese de doutorado em 2008. Atualmente, é professora do PPGECNM; (5) Dra. Mércia de
Oliveira Pontes, que defendeu sua tese de doutorado no ano de 2010. Atualmente, orienta
dissertações de mestrado no PPGECNM.
A seguir, observamos a evolução de pesquisadores que consolidaram as pesquisas em
Educação Matemática no RN, por meio de outra árvore genealógica, construída a partir das
orientações de mestrado e doutorado feitas pela Professora Bernadete Barbosa Morey.
Figura 5: Árvore genealógica 2
Fonte: Árvore genealógica elaborada por Wguineuma Pereira Avelino Cardoso
http://www.imagensgratis.blog.br/imagens/arvore/1
Dra. Bernadete Barbosa Morey
Professora orientadora
Francisco de Assis Bandeira
Liliane dos Santos Gutierre
71
Na árvore genealógica apresentada acima, afirmamos, a partir do currículo lattes da
professora Bernadete41
, que ela orientou 2 (duas) dissertações de mestrado no PPGED e 14
(quatorze) no PPGECNM, além de quatro 4 (quatro) teses de doutorado no PPGED.
Neste estudo, destacamos 2 (dois) ex-orientandos dela, que atualmente, são
professores da UFRN, orientadores no PPGECNM, a saber: (1) Dr. Francisco de Assis
Bandeira, que defendeu sua dissertação de mestrado, em 2002 e sua tese de doutorado, em
2009 e (2) Dra. Liliane dos Santos Gutierre, que defendeu sua dissertação de mestrado no ano
de 2003.
Isto posto, no subitem a seguir, nos remeteremos a criação e consolidação do
PPGECNM, evidenciando, sempre que possível, a pesquisa em Educação Matemática neste.
3.3 CRIAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DO PPGECNM NA UFRN
No ano de 2001, um grupo de professores do Departamento de Matemática e dos
Institutos de Química e Física planejou instituir um PPGECNM na UFRN. Esse grupo
desejava proporcionar aos professores da Educação Básica uma formação continuada.
Com relação aos professores do Departamento de Matemática, temos o depoimento da
professora Arlete, da professora Bernadete e do professor Fossa. Do Instituto de Química,
trazemos o depoimento do professor Ms. Luiz Seixas das Neves, que possui graduação em
Química, pela UFRN e Mestrado em Físico-Química da Combustão, pela Universite
Catholique de Louvain. Atualmente, ele é professor do Instituto de Química da UFRN. Do
Instituto de Física, trazemos a voz do professor Dr. Luiz Carlos Jafelice, que possui
bacharelado e licenciatura em Física, mestrado em Física, doutorado em Astronomia pela
Universidade de São Paulo e pós-doutorado em Astrofísica de plasma junto à University of
Cambridge (Inglaterra). Atualmente, é professor aposentado da UFRN. O outro professor do
Instituto de Física que foi nosso depoente foi o Dr. Gilvan Luiz Borba, que possui graduação
em Física Bacharelado pela UFRN, mestrado em Física pela Universidade Estadual de
Campinas e doutorado em Geofísica Espacial pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(1993). Atualmente, é professor Titular da UFRN, no Departamento de Geofísica.
Estes professores nos relataram de onde partiram as primeiras ideias acerca da
implantação um Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Naturais e Matemática,
41
Disponível em: < http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4791673E7>. Aceso em 24 mai.
2016.
72
apontando dificuldades políticas e econômicas pelas quais passaram, durante o processo de
construção do Programa até a sua instituição oficial, na UFRN:
A ideia surgiu de um grupo de professores, eu, da Química; Gilvan, Jafelice,
Ciclâmio, da Física; Arlete e Bernadete, da Matemática. Foram estes
professores, cujo foco era melhorar a qualidade do Ensino de Ciências, e
possibilitar uma formação continuada aos professores da Rede de Ensino
Médio. (NEVES, entrevista cedida, 01/12/ 2015).
Era algo que estava no ar, era algo que era um desembocar natural, porque,
afinal de contas, tinha o grupo, existiam alguns grupos de ensino, em outros
departamentos do CCET (que na época se chamava só CCE). O nosso grupo
na Física era o grupo mais consolidado, mais estabelecido, mais longevo,
mais numeroso, eu acredito, e com publicações. E foi se formando,
amadurecendo, a ideia de uma pós-graduação em ensino de ciências naturais.
Tinha um grupo de Educação Matemática no Departamento de Matemática e
tinha gente interessada em ensino no Departamento de Química. Nessa
época, a gente ainda não tinha contato com o pessoal de Biologia, só
indiretamente, então os grupos faziam as suas ações independentemente uns
dos outros (JAFELICE, entrevista cedida, 04/12/2015).
Se iniciou aqui no Departamento do CCET, a ideia inicial partiu dos
Departamentos que se interessam pelos Programas de Pós-Graduação, pois
isso conta para a Universidade, é claro que tivemos aconselhamento do
Marco Antônio Moreira, do Rio Grande do Sul, onde tinha sido criado o
primeiro Programa de Mestrado Profissional do país, ele tinha uma posição
forte na CAPES e queria expandir o Mestrado Profissional, e nos aconselhou
abrir um Mestrado profissional e não Acadêmico, e mesmo a nossa produção
é mais profissional do que acadêmica. (MOREY, entrevista cedida, 27/10/
2015).
Teve uma coisa que foi complicada na criação: nós acreditávamos muito na
formação em Mestrado para professores que continuassem na rede, tem uma
coisa que acontece, que a gente percebe é que as pessoas fazem Mestrado e
Doutorado e vão para o Ensino Superior , não ficam na Escola Básica, e nós
acreditávamos muito nisso, nesta necessidade, só, que nós não percebemos
que na época o Governo Federal havia criado os Mestrados
Profissionalizantes muito mais, para que as Universidades particulares, que
não tinham massa crítica suficiente para abrir um Mestrado Acadêmico, de
maneira que o mestrado pudesse ser cobrado. Então, nós fizemos um
Mestrado, ele foi aprovado e nós não tínhamos verba para nada! As
condições eram muito precárias, mas era tudo muito bom, assim mesmo.
(BRITO, entrevista cedida, 07/11/2015).
Nesses depoimentos percebemos que havia uma preocupação dos professores em
possibilitar uma formação continuada ao docente da Educação Básica, por isso o empenho de
todos era necessário, mesmo diante de políticas voltadas a interesses de empresas privadas.
73
Sobre isso, a professora Arlete nos relatou que a Modalidade Mestrado Profissional foi criada
para atender as universidades privadas que demandavam de um público que não necessitava
de um Mestrado Acadêmico, mas de um Mestrado Profissional, uma vez que o governo não
precisaria subsidiar financeiramente esses cursos profissionalizantes, pois esses seriam pagos
pelos próprios alunos. Tais intenções apontadas pela professora podem ser um reflexo político
e econômico do país, pois, de acordo com Castro (2005), a Pós-Graduação brasileira atingiu
um enorme sucesso, que deixava evidentes territórios que ainda não tinham obtido êxito,
sendo eles:
[...] dois mercados de enorme importância: 1) O mercado das empresas que
necessitam de pessoal com um nível de preparação que ultrapassa a
graduação; 2) As instituições de ensino que precisam de perfis de
professores diferentes dos mestres e doutores voltados para a pesquisa
acadêmica. (CASTRO, 2005, p. 16 -17).
Diante disto, é do nosso entendimento que as políticas públicas educacionais também
foram influenciadas pela demanda do mercado consumidor, afinal as perspectivas econômicas
de mercado, na época, evidenciavam a necessidade de pessoal qualificado acima do nível da
graduação, e este mercado correspondia ao segmento das universidades privadas. Nos estudos
de Cirani, Campanario e Silva (2015), se observam que no setor privado,
Em 1998, eram 185 programas, para um total de 2.076; em 2011, já atingiam
784, para um total de 4.650. Mas, claramente é o setor público o principal
responsável por este crescimento. A ampliação dos cursos públicos se deu de
forma significativa sob a ótica do número total de cursos. Enquanto entre
1998 e 2011 a taxa de expansão do setor público correspondeu a de 105%,
para uma base já grande, de cerca de 10 vezes o número do setor privado, a
taxa dos cursos privados foi de 324%, saindo de uma base muito pequena.
(CIRANI; CAMPANARIO; SILVA, 2015, p.170).
Contudo, cursos de Pós-Graduação passam a ser oferecidos na rede pública,
mostrando-nos que, apesar de se ter políticas para o setor privado, havia também, de acordo
com o PNPG (2011-2020), a necessidade de desenvolver articulações entre a Pós-Graduação e
a Educação Básica, afinal esta última precisava de melhorias, e o Mestrado Profissional em
Ensino era uma alternativa para isso. Vejamos alguns dados da CAPES, na figura 4:
74
Figura 6: Número de cursos de Pós-Graduação na área de Ensino segundo sua dependência
administrativa
Fonte: Documento de área 2013 (CAPES)42
Nesta figura, podemos observar que na distribuição de Programas de Pós-Graduação
por dependência administrativa, pública e privada, há uma escala superior para a quantidade
de MPs em IES Federal, que é de 34 contra 12 das IES Privada. Além disso, vemos que o MP
também ultrapassa a quantidade de Mestrados Acadêmicos. Esses dados também confirmam
que a CAPES tinha um grande interesse em difundir os Mestrados Profissionais nas
universidades brasileiras, conforme menção da professora Bernadete, quando nos falou do
apoio e da orientação recebidos do professor Marco Antônio Moreira, que, na época, era o
representante da área de Ensino Ciências e Matemática na CAPES.
Além das políticas públicas estarem voltadas para a Educação Básica, era necessário
que a universidade comprovasse e cumprisse alguns pré-requisitos para ser autorizada pela
CAPES, a criar um novo Programa de Pós-Graduação, pois “uma parcela do quadro docente
deve ser constituída de profissionais reconhecidos em suas áreas de conhecimento por sua
qualificação e atuação destacada em campo pertinente ao da proposta do curso” (CAPES)43
.
Então, na fundamentação do projeto de instituição do PPGECNM são citados diversos
projetos desenvolvidos, tanto no PPGED, como em Cursos lato sensu, que eram
42
Disponível em: <https://pos.cepae.ufg.br/up/480/o/Ensino_doc_area_e_comissao.pdf> Acesso em 03 jun
2017. 43
Disponível em: <http://capes.gov.br/avaliacao/sobre-a-avaliacao/mestrado-profissional-o-que-e>.Acesso em
03 jun 2017.
75
desenvolvidos pelos professores do Departamento de Matemática e dos Institutos de Química
e Física da UFRN.
Nossos entrevistados colocaram que os interessados na criação desse Curso de
Mestrado estavam envolvidos com cursos de Especialização, lato sensu, cada um na sua área
de pesquisa, como também estavam envolvidos com o Programa de Pós-Graduação em
Educação, o PPGED, cujas pesquisas acerca do ensino de Física e do ensino de Matemática já
existiam, de forma que as experiências de cada um foram o ponto de partida para eles
pleitearem, junto à PPg/UFRN e à CAPES, um Programa de Pós-Graduação. Sobre isso, eles
nos dizem:
[...] começamos a apresentar coisas por aí, em eventos, e acabou por criar
um curso de Especialização em Física e esse Curso nos deixou bem
motivados, e logo depois surgiu do Governo, talvez o maior projeto de
ensino que eu já vi na minha vida, com quase quarenta anos de professor,
[...] surgiu o Pró-Ciência [...] nós tínhamos lido sobre o esse Mestrado
Profissionalizante, então por que não transformar essas Especializações em
um Mestrado Profissionalizante? (BORBA, entrevista cedida, 10/12/2015).
[...] havia uma resistência das pessoas do Departamento de Educação, na
época. Mas não era só do Departamento de Educação daqui; era do Brasil
como um todo. Os grupos que trabalhavam com Educação e Ciências eram
grupos, na sua maioria, vinculados aos respectivos Departamentos de
Educação, o que, aliás, na minha visão pessoal, eu acho coerente que fosse
assim; mas, seja como for, eles estavam resistentes a esses Mestrados
Profissionalizantes em Ensino de Ciências Naturais que se estava querendo
implantar no país. De novo: em parte, compreensivelmente, eles também
tinham razão. Mas eles estavam resistentes porque já tinham um histórico na
área (nos Mestrados Acadêmicos em Ensino de Ciências Naturais), e aquilo
lá (aqueles Mestrados Profissionalizantes) poderia degringolar tudo, enfim, e
virar um lugar comum e etc., mas nós não víamos dessa maneira.
Interpretávamos que o Mestrado Profissionalizante era o mais realista para o
público alvo, que era o professor já em exercício, que necessitava de
aprimoramento em sua formação e profissão, e a gente compartilhava
fortemente que esse aprimoramento precisava ser prático, executável e
precisava concluir o processo de formação no nível de Mestrado com um
produto experimentado na prática, na aula, na escola, não algo teórico, mas
algo que tivesse sido refletido teoricamente e tivesse ido para prática, tivesse
voltado para correções e, se possível, ido à prática novamente, mas que o
que saísse de lá como produto final fosse algo experimentado na sala de
aula, nas escolas. (JAFELICE, entrevista cedida, 04/12/2015).
[...] naquele tempo dávamos curso de Especialização, naquele tempo nós
tínhamos tempo para isso, a Universidade não era como hoje, acontecendo
tudo muito rápido. Tínhamos menos atividades, não existiam as pós-
graduações, nós que só dávamos aula na graduação, achávamos que
podíamos diversificar as atividades. Então, oferecemos três turmas de
Especialização, já pensando na possibilidade de se construir um Mestrado,
76
pois a pós-graduação da Educação não conta para o Departamento de
Matemática. Então, orientávamos lá na Educação, mas aqui oferecíamos a
Especialização. Assim, no ano de 2002 foi criado o Mestrado e depois disso,
nós nunca mais tivemos Especialização, devido à demanda de trabalho
(MOREY, entrevista cedida, 27/10/ 2015).
Diante dos depoimentos apresentados, inferimos que a criação do PPGECNM teve
uma grande influência das experiências dos professores proponentes, advindas dos cursos de
Especialização que cada um coordenava e/ou participava, com o apoio dos respectivos
Departamentos e Institutos que pertenciam.
No tocante ao curso Pró-Ciência, citado na fala do professor Gilvan, podemos dizer
que, de acordo com os documentos de criação e implantação do Programa, era um projeto de
formação continuada para professores do 2º grau, atual Ensino Médio, que serviu de
laboratório para novas abordagens e práticas pedagógicas, que foram, depois, implementadas
pelos professores no PPGECNM. (UFRN, Projeto de Criação e Implantação do PPGECNM,
2001, p. 2).
Isto posto, o PPGECNM foi aprovado pelas instâncias que lhe cabiam, iniciando com
duas Linhas de Pesquisa, sendo elas: Cultura Científica e Produção de Conhecimento nas
Ciências Naturais e Matemática44
e Desenvolvimento Profissional do Professor45
. Neste
Programa, não foi criada uma Linha de Pesquisa exclusiva para os projetos da Educação
Matemática, assim, pesquisas no campo da EM poderiam estar relacionadas a qualquer uma
das duas Linhas propostas.
Na Linha de Pesquisa “Cultura Científica e Produção de Conhecimento nas Ciências
Naturais e Matemática”, visualizamos três projetos de pesquisa, sendo o primeiro deles
intitulado “Ensino de Astronomia”, coordenado pelos professores Gilvan Luiz Borba e Luiz
Carlos Jafelice; o segundo projeto, mais amplo, pois concentrava pesquisas de Ensino,
Ciências e Matemática, intitulado “História da Ciência e da Matemática e Ensino”,
coordenado por três professores do departamento de Matemática: Arlete de Jesus Brito,
Bernadete Barbosa Morey, John Andrew Fossa (coordenador), e um professor do Instituto de
44
Descrição da Linha de Pesquisa: Prioriza estudos sobre a produção, representação e disseminação do
conhecimento que atingem alunos, professores e sociedade em geral. Disponível em:
<file:///G:/DIGITALIZA%C3%87%C3%95ES_PPGECNM/LP_PPGECNM_2002.pdf >. Acesso em 17 set.
2015. 45
Descrição da Linha de Pesquisa: tem como objetivo estudar o Ensino de Ciências em seus múltiplos aspectos,
tais como: formação inicial e continuada de professores, produção de material teórico e prático, educação
continuada e políticas públicas voltadas para o ensino de ciências. Disponível em:
<file:///G:/DIGITALIZA%C3%87%C3%95ES_PPGECNM/LP_PPGECNM_2002.pdf >. Acesso em 17 set.
2015.
77
Física: Luiz Carlos Jafelice. O terceiro projeto intitulado “Modelagem Matemática” foi
proposto pela então professora do departamento de Matemática, Claudia Helena Dezotti.
No tocante a segunda Linha de Pesquisa, “Desenvolvimento Profissional do
Professor”, não havia um projeto específico, observamos que havia pesquisas sobre formação
do professor e políticas públicas, cujos professores proponentes eram dos Institutos de Física
e de Química e do Departamento de Matemática (UFRN, Projeto de criação e implantação do
PPGECNM, 2001, p. 66)
Ao analisarmos os projetos de pesquisa que se relacionam com a EM, evidenciamos
que havia interesse por parte dos professores pesquisadores em trabalhar com temas
relacionados à formação inicial e continuada de professores de Matemática, bem como com
temas relacionados à História da Matemática. Sobre isso, das entrevistas que realizamos,
inferimos que coube à professora Arlete a maioria das pesquisas relacionadas ao primeiro
tema e aos professores Fossa e Bernadete a maioria dos trabalhos voltados à História da
Matemática.
No ano de 2007, conforme consta em documentos analisados por nós, os nomes
atribuídos as Linhas de Pesquisa no PPGECNM, seu conteúdo e sua quantidade foram
modificados. Agora, eram três Linhas de Pesquisa, a saber: Educação em Astronomia e
Ciências da Terra46
; Ensino e Aprendizagem de Ciências Naturais e Matemática47
; História,
Filosofia e Sociologia da Ciência no Ensino de Ciências Naturais e da Matemática48
. No título
das duas últimas Linhas há uma referência para a área do ensino de Matemática, de modo que
a nosso ver possibilita mais fortemente projetos de pesquisa em Educação Matemática49
.
Entendemos que as Linhas de Pesquisa dão identidade ao Programa, mas são as
pesquisas que consolidam essa identidade (SILVA; NORONHA; ARAÚJO, 2012), assim
46
Descrição da Linha: Investigação dos processos de ensino e de aprendizagem de Ciências Naturais com ênfase
em conteúdos de Astronomia, Ciências Espaciais e da Terra, tendo como base a Etnoastronomia e a Astronomia
Cultural, numa perspectiva sócio-ambiental. Disponível em:
<file:///G:/DIGITALIZA%C3%87%C3%95ES_PPGECNM/LP_PPGECNM_2008.pdf >. Acesso em 17 set.
2015. 47
Descrição da Linha: Discutir questões relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem das Ciências
Naturais e da Matemática. Inserem-se nesta perspectiva estudos que visam desenvolver metodologias e
estratégias para o ensino e aprendizagem relativas à educação. Disponível em:
<file:///G:/DIGITALIZA%C3%87%C3%95ES_PPGECNM/LP_PPGECNM_2008.pdf >. Acesso em 17 set.
2015. 48
Descrição da Linha: Enfatiza questões relacionadas à História, Filosofia e Sociologia das Ciências e da
Matemática e ao seu uso como estratégia didática. Focaliza a contribuição desses elementos ao processo de
ensino de aprendizagem das Ciências Naturais e da Matemática. Disponível em:
<file:///G:/DIGITALIZA%C3%87%C3%95ES_PPGECNM/LP_PPGECNM_2008.pdf >. Acesso em 17 set.
2015. 49
Nesse ano de 2017, continuam sendo estas as Linhas de Pesquisa no PPGECNM.
78
apontamos o número de dissertações produzidas no PPGECNM, observando a proporção de
pesquisas na área de ensino da Matemática em relação às áreas das Ciências Naturais.
Figura 7: Dissertações produzidas no PPGECNM
Fonte: Produzida por Wguineuma Pereira Avelino Cardoso
Neste gráfico, observamos as áreas de conhecimento presentes no PPGECNM, que são
assim apresentadas: Ciências e Biologia, Química, Física e Astronomia, Matemática. No eixo
horizontal, temos os anos de 2002 até 2015. Em 2002, ano da criação do Programa, iniciam-se
as pesquisas, de modo que, somente a partir de 2004, dissertações começam a serem
defendidas. Em especial, observa-se que, em 2004, não houve nenhum trabalho na área de
Ensino de Ciências e Biologia. Isso se deve ao fato de os professores desta área terem
chegado ao PPGECNM para desenvolver suas pesquisas, a partir do ano de 2007. Com
relação aos anos seguintes, verificamos que a área do ensino de Matemática teve sempre um
bom quantitativo de produção, um total de 57 (cinquenta e sete) dissertações, até o ano de
2015. Mais um motivo que nos leva a inferir que a Educação Matemática se estabelece como
campo de pesquisa científica, na UFRN.
Para confirmar o exposto e também esclarecer o gráfico apresentado, construímos uma
tabela com os dados quantitativos de dissertações defendidas de 2002 a 2015, por área de
conhecimento. Optamos por iniciar em 2002, pelo fato de ser o primeiro ano de
funcionamento do PPGECNM.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Dissertações produzidas no PPGECNM
Ciências e Biologia Química Física e Astronomia Matemática
79
Tabela 2: Quantidade de dissertações do PPGECNM/ano
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
To
tal
Ciências e
Biologia 0 0 0 0 0 0 0 2 2 1 4 6 4 1 21
Química 0 0 0 3 1 2 2 0 4 1 1 2 2 3 21
Física e
Astronomia 0 0 1 4 8 2 5 0 5 2 2 3 4 4 40
Matemática 0 0 3 3 4 4 7 1 3 9 8 9 4 3 57
Total de
dissertações 0 0 4 10 13 8 14 3 14 13 15 20 14 11 139
Fonte: Wguineuma Pereira Avelino Cardoso
Assim, no ano de 2004, tivemos: 3 (três) dissertações de Matemática e 1 (uma) de
Física; no ano de 2005, tivemos 3 (três) de Química, 4 (quatro) de Física e 3 (três) de
Matemática; no ano de 2006 tivemos 1 (uma) de Química, 8 (oito) de Física e 4 (quatro) de
Matemática; no ano de 2007 tivemos 2 (duas) de Química, 2 (duas) de Física e 4 (quatro) de
Matemática; em 2008, 2 (duas) de Química, 5 (cinco) de Física e 7 (sete) de Matemática; em
2009, tivemos 2 (duas) de Biologia e 1 (uma) de Matemática; em 2010, 2 (duas) de Biologia,
4 (quatro) de Química, 5 (cinco) de Física e 3 (três) de Matemática; em 2011, tivemos 1 (uma)
de Biologia, 1(uma) de Química, 2 (duas) de Física e 9 (nove) de Matemática; em 2012, 4
(quatro) de Biologia, 1 (uma) de Química, 2 (duas) de Física e 8 (oito) de Matemática; em
2013 tivemos 6 (seis) de Biologia, 2 (duas) de Química, 3 (três) de Física e 9 (nove) de
Matemática; em 2014, tivemos 4 (quatro) de Biologia, 2 (dois) de Química, 4 (quatro)de
Física e 4 (quatro) de Matemática; em 2015 tivemos 1 (um) de Biologia, 3 (três) de Química,
4 (quatro) de Física e 3 (três) de Matemática.
De acordo com os dados na tabela, podemos verificar que entre as 139 dissertações
defendidas no Programa, 57 são da área do ensino de Matemática, ou seja, 41% das
dissertações são da EM. Além disso, vale destacar que sempre houve uma produção anual
significativa nesta área.
Isto posto, conforme se consolidava o Programa de Pós-Graduação, frente ao
quantitativo de pesquisas, o quadro funcional de professores exigia outros profissionais para
atuarem como orientadores. Na subseção anterior deste capítulo, mostramos uma árvore
genealógica que aponta alguns egressos do PPGED, estes ex-orientandos do professor Fossa e
80
da professora Bernadete, que passaram a ser orientadores de pesquisa no PPGECNM, uma
vez que se submeteram a concurso público para ingressar na UFRN.
Assim, entendemos que a UFRN, em especial, por meio de Programas de Pós-
Graduação, cumpre o seu papel de qualificar pessoal para o nível superior, na medida em que
os projetos desses professores, recém-chegados, contribuíram significativamente para que isto
acontecesse.
Os egressos do PPGED, que foram orientandos do professor Fossa, como vimos na
árvore genealógica, foram os professores Iran Abreu Mendes (que foi docente do CE e do
PPGED), Francisco Peregrino Neto (docente do CE – aposentado), Claudianny Amorim
Noronha (docente do CE, do PPGED e do PPGECNM), Giselle Costa de Souza (docente do
departamento de Matemática e do PPGECNM), Mércia de Oliveira Pontes (docente no
PPGECNM). As pesquisas destes professores se concentram em História da Matemática e
Educação Matemática, podemos dizer que houve uma continuidade no estilo das pesquisas
iniciadas pelo professor Fossa, embora tenham ocorrido algumas modificações ao longo do
tempo. De acordo com o paradigma de Fleck (2010), fatores externos podem modificar um
estilo de pensamento, que podem ser de ordem ética ou de competências adquiridas, como
exemplo, podemos citar a professora Giselle, que deu continuidade a pesquisas em História da
Matemática, mas vem lançando mão do uso das tecnologias da informação e comunicação em
suas pesquisas (FLECK, 2010) e a professora Claudianny que vem realizando pesquisas
também na área de Língua Portuguesa, inter-relacionando esta com a Matemática, voltando-se
ao ensino e a aprendizagem na Educação Básica e no ensino superior, em especial, na
formação de professores.
É nosso desejo também destacar o trabalho do professor Iran Abreu Mendes, que
trilhou seu caminho pela UFRN, ocupando, na condição de professor titular do Centro de
Educação da UFRN e de bolsista produtividade CNPq, uma posição de destaque frente a
pesquisas nacionais e até internacionais. Suas produções acadêmicas são reconhecidas e
referenciadas em diversas pesquisas desenvolvidas por todo o território nacional. O professor
Fossa, quando entrevistado, nos disse que o professor Iran utilizou a “História da Matemática
e que a adotou como foco de pesquisa, fazendo um trabalho lindo”. (FOSSA. Depoimento
oral em 04 set. 2015).
Em uma “mesa redonda” realizada durante o IV Fórum Potiguar das Licenciaturas em
Matemática, que aconteceu em 03 de outubro de 2013, na cidade de Santa Cruz/RN, o
professor Dr. Iran Abreu Mendes relatou momentos que marcaram sua escolha profissional:
81
[...] escolhi uma profissão de professor de Matemática [...] no final da
década de 1970 [...]. É o tempo que eu entro na licenciatura na Universidade
Federal do Pará. Então a minha situação é assim, eu sou de uma família que
vem da região amazônica, desde muito, as minhas primas e irmãs davam
aula em casa para ganhar certo dinheirinho, ensinando crianças. Então, eu
via aquele movimento de uma sala de aula na própria casa, desde muito
cedo, e, estudando um pouco mais de Matemática, eu acabei me colocando
numa posição de professor dos meus próprios colegas, até 1978. [...] isso a
minha irmã chegou à noite e disse-me: ‘- Olhe, você já está dando aula para
os seus colegas há muito tempo. Porque não faz licenciatura em
Matemática?’. A minha irmã já fazia licenciatura, eu acho que ela queria me
convencer. Só que eu acabei acreditando e fiz vestibular para licenciatura em
Matemática. Quando eu chego à Universidade Federal do Pará para fazer
licenciatura em Matemática, tinha que fazer antes licenciatura em Ciências,
era obrigatório. Chamava-se licenciatura curta, na maioria dos casos, nós
dizíamos: ‘- a licenciatura curta é mais plena, do que a plena’. Porque
demorava muito tempo para terminar, nós fazíamos Química, Física,
Biologia, Geologia, uma série de coisas. (IRAN ABREU MENDES.
Informação verbal50
, 2013).
Diante o exposto, vimos que sua escolha pela docência foi marcada por lembranças de
suas primas e irmãs que davam aulas particulares em casa, isso acabou o influenciando em
sua vida profissional, pois logo iniciou seus trabalhos, como professor. Na sua formação
acadêmica, falou sobre a Licenciatura em Matemática e em Ciências, dizendo-nos que eram
duas Licenciaturas em uma só e, de acordo com Mendes (2015b), era necessário fazer duas
monografias de conclusão de curso.
Assim, foi neste período, segundo o autor, que despertou seu interesse em estudar
demonstrações matemáticas voltadas para a melhoria do ensino de Geometria Plana,
Trigonometria e Geometria Analítica. Além das demonstrações, iniciou um estudo sobre
preservação ambiental, influenciado pelo curso de Engenharia Civil, que estava também
cursando. Essas escolhas irão influenciar e ajudar em seu trabalho de professor (MENDES,
2015b).
Após este período de sua formação acadêmica, o professor Iran começou a trabalhar
como docente:
[...] a partir de 1983, abandono o curso de engenharia e vou trabalhar num
sistema que o governo do Pará havia criado que é o Sistema de Organização
Modular de Ensino de Segundo Grau, que é o Ensino Médio, hoje. O que era
isso? Nós tínhamos que ministrar cursos do equivalente ao ensino médio,
curso de segundo grau, no interior da Amazônia, nos municípios onde não
tinha ensino de segundo grau. O que era que nós fazíamos? Ministrávamos a
50
“Mesa redonda” realizada durante o IV Fórum Potiguar das Licenciaturas em Matemática, que aconteceu em
03 de outubro de 2013, na cidade de Santa Cruz/RN.
82
carga horária de um ano letivo em 3 meses e meio. Lá os alunos tinham aula
de Matemática todos os dias e a cada 10 dias de aula tinha uma prova. Então
qual era a metodologia, qual era o fundamento metodológico? Ensinar a
partir da perspectiva Paulo Freire, conhecer a realidade do aluno e ensinar
Matemática, a partir da realidade do aluno. [...]. E nisso, as viagens pelo
interior foram de 1984 a 1988, foram 5 anos. (IRAN ABREU MENDES.
Informação verbal51
, 2013).
Nestes cinco anos ensinando neste Sistema de Organização Modular de Ensino, era
necessário viajar para vários interiores do Pará, levando a Educação, para pessoas que não
tinham acesso, isso desenvolveu no professor, segundo ele, um aprendizado muito importante
para sua atuação na formação de futuros docentes de Matemática, é neste período também que
despertará o interesse pela Etnomatemática (MENDES, 2015b).
[...]entre 1989 e 1990, começa a acontecer muita coisa, é quando eu começo
a trabalhar com Etnomatemática, me deparo pela primeira vez com esses
fundamentos, é quando eu começo a fazer meus primeiros estudos em
história da matemática, e em 1993, mas muito intuitivamente sem entender
[...] foi o período que eu começo me envolvendo nos estudos e nos eventos
acadêmicos e nesse envolvimento eu conheci, pessoalmente, o professor
Fossa, em 1994, havia chagado recentemente dos Estados Unidos, do
doutorado. (IRAN ABREU MENDES. Informação verbal, 2013).
Assim, o professor Iran iniciou suas pesquisas e começou a apresentar seus trabalhos
em eventos científicos da área, de modo que foi em um desses eventos que ele encontrou o
professor Fossa:
Eu fui ministrar um minicurso e fazer uma comunicação oral em um
congresso que tinha começado na região norte-nordeste, em 1986, [...] em
Teresina/PI. Lá estava na programação uma teoria intuicionista da Educação
Matemática, neste momento, eu tinha alguns anos que estava começando a
ler Filosofia por conta própria, sem ter quem orientasse, havia lido um pouco
sobre intuicionismo e vi a relação com as coisas que nós acreditávamos ser
possível. O professor Fossa aparece com uma palestra e um minicurso, o
minicurso dele lotado, não tinha lugar para mim, [...] até o ar refrigerado
quebrou, e é tanto calor no Piauí e a sala lotada que quebrou até o aparelho.
Mas, nós tivemos o minicurso assim mesmo. E aí teve uma coisa bem
interessante que é o seguinte, todo mundo sabe que eu não paro de falar, essa
minha fama é velha, eu sentei do lado do professor John Fossa no ônibus e aí
já comecei a puxar assunto com ele, isso depois do primeiro dia do
minicurso, queria ir para Natal fazer alguma coisa lá [...]. Isso era novembro
de 1994, quando foi abril de 1995, nos encontramos no primeiro Seminário
Nacional de História da Matemática, em Recife, quando foi em agosto eu
51
Idem nota de rodapé 48.
83
estava aprovado na seleção de mestrado. (IRAN ABREU MENDES.
Informação verbal, 2013).
Na Pós-Graduação que realizou no PPGED, sob a orientação do professor Fossa, pode
aprofundar seus conhecimentos em História da Matemática e construiu sua dissertação nesta
temática. Após o Mestrado, fez seu Doutorado, no período de 1998 a 2000. Nesta época, se
interessou pelos estudos relacionados à Matemática, sociedade, cognição e cultura. Foi
também neste período que iniciou as suas publicações científicas, a exemplo da publicação “O
uso da história no ensino da Matemática: reflexões teóricas e experiências”, que traz seus
estudos de mestrado, por meio da editora Universidade do Estado do Pará. Esta publicação
significa só o início de muitas outras publicações que este professor já realizou e continua
realizando. Sobre suas pesquisas, assim ele nos diz:
A educação é uma linha que costura e atravessa todas as minhas
investigações científicas. O objetivo primordial das pesquisas que realizo é
que o conhecimento produzido convirja para a sala de aula. A este respeito,
guardo comigo a esperança de que o professor possa vir a ter uma postura
transdisciplinar na sua prática educativa. (MENDES, 2015b, p. 47).
Concluídas nossas considerações acerca da contribuição do professor Iran Abreu
Mendes, nos deteremos, agora, sobre os egressos dos programas de Pós-Graduação, que
foram orientandos da professora Bernadete.
Evidenciamos, como dito anteriormente, o professor Francisco de Assis Bandeira
(docente do Departamento de Ciências Exatas e Aplicadas (CEA) do Centro de Ensino
Superior do Seridó (CERES) e do PPGECNM) e a professora Liliane dos Santos Gutierre
(docente do Departamento de Matemática e do PPGECNM). Com relação a estes egressos,
observamos que o professor Bandeira orientou trabalhos em Etnomatemática, fato que não
estranhamos, pois sua dissertação e tese trataram dessa temática e citamos a professora
Liliane como uma pesquisadora que conferiu uma transformação ao estilo de pensamento das
pesquisas que ora fazia, pois ela deu início a um novo segmento de pesquisa no RN, o da
História da Educação Matemática. Essa transformação no estilo de pensamento é identificada
por Fleck (2010) como sendo uma mutação, ou seja, a gênese da pesquisa deixa de existir e
um novo estilo de pensamento nasce no tráfego das teorias existentes.
Nossa afirmação, junto à teoria de Fleck, se justifica na medida em que a referida
professora defendeu sua tese de doutorado intitulada “O ensino de Matemática no Rio Grande
84
do Norte: trajetória de uma modernização (1950 – 1980)” e deixou, em um período curto de
tempo, de orientar dissertações de mestrado, envolvendo História da Matemática, inclusive
não fazendo mais parte da base de pesquisa História e Cultura, liderada pelo professor Fossa.
Observamos que, na condição de professora do Departamento de Matemática da UFRN, seus
trabalhos publicados52
, advindos de suas pesquisas, passam a focar a História da Educação
Matemática. Além disso, atualmente ela lidera o GPEP, que foi certificado pela Pró-Reitora
de Pesquisa (PROPESQ) da UFRN e encontra-se no diretório de grupos de pesquisa no
Brasil, conforme informações que encontramos no site do CNPq53
.
Por fim, entendemos que essa historiografia, até aqui apresentada, sobre a pesquisa em
Educação Matemática na UFRN, possibilitou a construção de um cenário que mostra muito
mais do que fatos históricos da criação de um Programa, uma vez que nos mostrou, mesmo de
forma lacunar, a história de vida acadêmica e profissional de professores que lutaram e lutam
pelo seu espaço, além de defenderem melhorias a Educação Básica brasileira.
3.4 PRODUÇÕES ACADÊMICAS
Nesta parte, apresentamos as produções acadêmicas advindas das pesquisas dos
professores-pesquisadores do PPGED e do PPGECNM, por entendermos ser de grande valia a
divulgação dessas pesquisas a nível local, nacional e internacional. Para tanto, utilizamos o
currículo lattes de alguns desses professores como referência de identificação de suas
produções autorais, e em outros momentos damos destaque para algumas produções
acadêmicas, sem referenciar todas as obras dos autores, escolhemos somente aquelas que
achamos de relevância para esta pesquisa.
Constatamos que os professores que iniciaram as pesquisas em Educação Matemática
na UFRN produziram saberes e materiais científicos, de modo que nos fez perceber o quão
grande deve ser o capital cultural construído por eles. O capital cultural que nos referimos vai
ao encontro das hipóteses de Bourdieu (2013), quando esse autor nos diz que o capital está
dividido em três diferentes formas: o estado incorporado, o estado objetivado e o estado
institucionalizado. (BOURDIEU, 2013, p. 82).
O estado incorporado é aquele capital que o indivíduo acumula ao longo do tempo,
seja por apropriação ou incorporação do ambiente vivido, havendo uma transmissão que está
implícita no tempo disponível e nas coisas vividas; o estado objetivado está relacionado com
52
Cf. <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4704236E0>. Acesso em 24 mai. 2016. 53
Disponível em <http://dgp.cnpq.br/dgp/faces/consulta/consulta_parametrizada.jsf>. Acesso em 24 mai. 2016.
85
o produto da ação histórica, mas que transcende às vontades individuais, podendo ser de
forma material ou simbólica, se tornando a arma e o instrumento de luta nos campos da
produção cultural, podendo ser um livro, os escritos, a obra de um artista, enfim, os bens
culturais; o estado institucionalizado está relacionado ao diploma de competência na área,
instituído oficialmente por seus pares, obtendo-se o reconhecimento institucional de forma
oficial. (BOURDIEU, 2013).
Dentre os três tipos de capital, listaremos algumas produções que estão relacionadas
com o estado objetivado, obras bibliográficas, artigos, organização de eventos, entre outros.
Para D’Ambrosio, o Brasil tem uma grande competência acadêmica na área da EM, uma área
relativamente nova, mas, com: “Programas de pós-graduação próprios, departamentos
específicos, revistas especializadas, sociedades locais, nacionais, regionais e internacionais, e
inúmeros seminários, conferências e congressos internacionais, regionais e nacionais são
organizados” (D’AMBROSIO, 1995, p. 12).
Dessa forma, queremos mostrar que o RN tem uma grande produção cultural em
Educação Matemática e se destaca em eventos promovidos no próprio estado ou em outras
regiões do Brasil. Como exemplo, citamos o III Encontro Nacional de Educação Matemática,
que aconteceu no período de 22 a 27 de julho de 1990. Este evento foi coordenado pelo
professor Antônio Pinheiro de Araújo, já citado nesta pesquisa. Identificamos nos anais do
evento (Figura 8) que o professor Fossa fazia parte do comitê científico. Este evento contou
com os financiamentos do MEC-PADCT-SPEC, secretarias de Educação Estadual e
Municipal do RN e da Editora Ática. Tinha como finalidade promover debates da EM do país,
de modo a buscar alternativas para solucionar os problemas do Ensino de Matemática. Vale
dizer que foi o primeiro evento nacional em Educação Matemática promovido na UFRN.
86
Figura 8: Anais III ENEN
Fonte: http://www.sbembrasil.org.br/sbembrasil/index.php/anais/enem
Considerando que o professor Fossa participou do III ENEM, mesmo antes da criação
da Linha de Pesquisa EM, buscamos em seu currículo identificar algumas de suas produções
(até junho de 2017). Ele produziu 45 (quarenta e cinco) artigos, 32 (trinta e dois) capítulos de
livros, 57 (cinquenta e sete) trabalhos em anais de congressos e um total de 8 (oito)
organizações entre eventos e congressos. Sendo importante destacar que o XIII Encontro de
Pesquisa Educacional do Nordeste (EPEN) foi coordenado por ele, juntamente com o
professor Iran Mendes. Esse EPEN ocorreu em Natal/RN, nos dias 17 a 20 de junho de 1997,
tendo como objetivo geral oferecer aos Programas de Pós-Graduação e pesquisa e aos grupos
de pesquisadores em educação da região a oportunidade de apresentarem suas produções.
Trata-se do primeiro evento realizado na UFRN, após a criação da Linha de Pesquisa EM, do
PPGED. A capa dos anais desse evento encontra-se na Figura 9, a seguir.
87
Figura 9: Anais do XIII EPEN
Fonte: GPEP
No tocante a publicação de livros, o professor Fossa publicou 32 (trinta e dois), entre
eles destacamos o intitulado “Teoria Intuicionista da Educação Matemática” (Figura 10), pois
estão registros sobre o Construtivismo Radical, teoria que perfaz o seu primeiro projeto da
Linha de Pesquisa EM, do PPGED.
Figura 10: Livro do professor Fossa
Fonte:
http://www.livrariaunesp.com.br/produto/13821/teoria+intuicionista+da+educacao+matematica
88
A partir de agora, destacaremos algumas produções da professora Bernadete. Ela
publicou (até junho de 2017) 10 (dez) livros, 7 (sete) artigos, 5 (cinco) capítulos de livros e 4
(quatro) materiais de organizações de eventos e congressos. Entre as suas produções e
coordenações de evento, destacamos o XI Seminário Nacional de História da Matemática,
realizado na UFRN, no período de 28 a 31 de março de 2015, sob sua coordenação. Neste
evento, apresentamos parte desta pesquisa de Mestrado, com o título “Um Olhar para a
Criação dos Programas de Pós-Graduação na Área de Educação Matemática da UFRN”.
Observamos que o currículo lattes da professora Bernadete não está atualizado, dessa forma,
sua produção acadêmica poderá conter mais publicações.
Figura 11: Anais do XI SNHM
Fonte: http://www.sbhmat.org/crbst_27.html
Com relação às produções da professora Arlete, não as listaremos os quantitativos que
estão em seu currículo, daremos destaque somente para algumas produções que ela organizou
sozinha e também com outros autores, no período em que ela era professora-pesquisadora da
UFRN. Assim, destacamos os livros “A geometria de Euclides a Lobatschewski: um estudo
histórico-pedagógico”; “História da Matemática em atividades didáticas”; “Geometria e
outras metrias”; todos editados em Natal/RN. Vale destacar que a segunda obra citada, que foi
organizada por ela, junto a outros professores, foram os resultados das aplicações das
pesquisas desenvolvidas durante um curso de Especialização lato sensu, oferecido pelo
Departamento de Matemática, na UFRN.
Queremos destacar a Revista de Matemática, Ensino e Cultura (REMATEC), já
referenciada nesta pesquisa. Ela foi criada no ano de 2006, pelo professor Dr. Iran Abreu
Mendes, editor da revista, que tinha como foco a divulgação de pesquisas científicas na área
89
da EM no âmbito da UFRN e agora, mudando o foco, divulga trabalhos em âmbito nacional
ou internacional.
Figura 12: Revista REMATEC
Fonte: http://www.rematec.net.br/index.php/rematec/issue/view/1
Citaremos agora novos eventos realizados a partir das pesquisas feitas pelos egressos
do PPGED. Destacamos o Encontro Regional de Pesquisas em História da Educação
Matemática (EREPHEM), realizado pelos membros do GPEP e coordenado pela professora
Dra. Liliane dos Santos Gutierre. Foi no ano de 2013 que teve sua primeira edição,
acontecendo a cada dois anos. No I e no II EREPHEM (agosto de 2015) foram apresentadas e
discutidas pesquisas em HEM, tanto as regionais como também de outras localidades do país.
Figura 13: Folder do EREPHEM
Fonte: GPEP
90
Outros eventos que marcam a consolidação da EM no RN são o Fórum Potiguar das
Licenciaturas em Matemática e o Encontro Regional de Educação Matemática (EREM),
ambos promovidos pela Sociedade Brasileira de Educação Matemática – sub-regional do RN
(SBEM/RN). Vale lembrar que duas professoras egressas do PPGED foram diretoras dessa
Sociedade nos últimos anos. São elas: Professora Dra. Liliane dos Santos Gutierre (2009 a
2012) e Professora Dra. Mércia de Oliveira Pontes (2012 a 2015). O último EREM aconteceu
em outubro de 2015, conforme mostra a Figura 2015. O VI EREM acontecerá na cidade de
Mossoró/RN, em outubro de 2017.
Figura14: V EREM/V Fórum das Licenciaturas
Fonte: http://www.ce.ufrn.br/noticia.php?id=16528493
Por fim, queremos deixar registrado o lançamento de um livro que foi organizado a
partir das produções dos membros do Grupo Potiguar de Estudos e Pesquisas em História da
Educação Matemática (GPEP). Neste, estão artigos que se voltam as pesquisas desenvolvidas
junto ao PPGECNM e a outros Programas de Pós-Graduação que foram desenvolvidas pelos
membros do GPEP. Esta obra é um exemplo de que parte das pesquisas realizadas na UFRN
geram materiais bibliográficos importantes para a consolidação da EM no RN.
Figura 15: Livro “Pesquisas em História da Educação Matemática”
Fonte: GPEP
91
Entendemos que ao mostrarmos as referidas produções científicas, comprovamos a
consolidação das pesquisas em Educação Matemática desenvolvidas no âmbito da UFRN.
Essas pesquisas fomentaram um grande movimento de produções bibliográficas e de eventos
que deram e dão destaque aos pesquisadores do RN. Estes pesquisadores quando motivados a
políticas de fomento à pesquisa, participam e se dedicam ativamente a produzir conhecimento
científico em prol do desenvolvimento nacional de pesquisas em Educação Matemática. A
busca pelo desenvolvimento nesta área exige do pesquisador muito trabalho e envolvimento
que, na maioria das vezes, a nosso ver, extrapola as determinações institucionais a qual o
pesquisador está submetido.
Por outro lado, há produções advindas das pesquisas que, muitas vezes, não têm apoio
financeiro, ficando seu custeio a cargo do próprio pesquisador. O lucro desta produção vai
além de um capital material, na medida em que se busca a produção do conhecimento
científico como atividade humana, independente de forças políticas, econômicas,
institucionais e ideológicas. Há assim, uma grande motivação por parte do pesquisador em
desenvolver o conhecimento de sua área de atuação, e como capital temos a consolidação da
carreira do pesquisador, que deixa uma herança cultural transcendente a uma ação histórica,
isso significa o estado institucionalizado e neste o pesquisador é reconhecido por seus pares
de forma oficial. (BOURDIEU, 1983).
Além dessas produções advindas das pesquisas em Educação Matemática na UFRN,
temos, por exigência da CAPES, no MP, que elaborar um Produto Educacional. Este produto,
advindo desta pesquisa, também mostra o esforço dos pesquisadores em produzir algo que
sirva ao desenvolvimento da educação do nosso país. Nosso produto também faz parte do
grande leque de produções acadêmicas da UFRN, que mostramos no próximo capítulo.
92
4 PRODUTO EDUCACIONAL
O Mestrado Profissionalizante era muito pertinente
e relevante para o público alvo e nós
acreditávamos que ele poderia fazer o diferencial.
Tirar desse Mestrado não só uma dissertação
reflexiva, mas algo que conheceu a luz da prática;
contato com os alunos reais das escolas era – e
opino que continua sendo – um diferencial
importante. (JAFELICE, 2015).
Neste capítulo, descrevemos como foi a organização das informações contidas em um
vídeo, o nosso produto educacional. Esse vídeo pode ser visualizado por meio do link
https://youtu.be/TEuJFuU0zWM. Entendemos ser este um produto voltado a futuros
professores, que estão fazendo Graduação em Matemática, ou aqueles professores que
pretendem fazer uma Pós-Graduação stricto sensu em Educação Matemática ou em algum
Programa que tenha uma Linha de Pesquisa que se volte para Educação Matemática, pois foi
elaborado como um veículo de informação e incentivo acerca de uma formação continuada
para esse público alvo.
Organizamos o referido vídeo, contendo explicações gerais sobre Pós-Graduação, com
ênfase na pesquisa em Educação Matemática. Entendemos, assim, que nosso produto não
nasceu de uma prática de ensino, mas seu diferencial está em buscar por aqueles que já se
encontram ou não no ‘chão de uma escola’, pois entendemos ser importante que o professor
ou futuro professor possa ter um momento de reflexão sobre as perspectivas de uma Pós-
Graduação, para então, como nos apontou Jafelice (2016), na epígrafe, buscar, em sua prática,
um novo olhar para as necessidades que surgem em seu cotidiano.
4.1 O VÍDEO COMO RECURSO AUDIOVISUAL
O desenvolvimento tecnológico trouxe diferentes tipos de recursos áudio visuais,
como, a TV, o DVD, projetores multimídia, retroprojetores, computadores, vídeo cassete,
Blu-ray, celulares, entre outros. Alguns desses aparelhos tecnológicos são capazes de projetar
a imagem e o som ao mesmo tempo, oferecendo várias possibilidades para o uso doméstico
93
ou profissional. Entre as produções áudio visuais temos o vídeo, que pode ser produzido em
diferentes formatos, podendo ser um filme de ficção, uma reportagem, um documentário, um
curta metragem, entre outros.
Atualmente, mesmo que uma pessoa não tenha muito conhecimento da arte
cinematográfica é capaz de produzir um vídeo amador, feito a partir de câmeras simples de
celulares, e rapidamente esses vídeos podem ser divulgados e compartilhados na internet pelo
site You Tube54
, por exemplo. De acordo com Morán (1995), esta possibilidade de produção
audiovisual também chegou para a educação, pois o vídeo pode ser usado em sala de aula
como instrumento de uma leitura crítica, ajudando na formação de alunos mais conscientes. O
vídeo é capaz de sintetizar diversas informações de um conteúdo, além disso, ele pode
mostrar ao mesmo tempo a imagem e o som, facilitando a compreensão das informações. De
acordo com Morán (1995, p. 28):
O vídeo é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita.
Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não-
separadas. Daí a sua força. Somos atingidos por todos os sentidos e de todas
as maneiras. O vídeo nos seduz, informa, entretém, projeta em outras
realidades ‘no imaginário’, em outros tempos e espaços. (MORÁN, 1995,
p.28).
Então, considerando o vídeo dentro de uma perspectiva de sedução, informação e
projeção de realidades, ele corresponde aos nossos objetivos, pois queremos sensibilizar,
informar e motivar os professores ou futuros professores de Matemática quanto à
possibilidade de fazer uma Pós-Graduação em Educação Matemática na UFRN.
Nossa escolha pela produção de um vídeo vai ao encontro das ideias de Morán (1995),
que classifica este recurso como um instrumento capaz de comunicar-se com crianças ou
adultos de forma lógica, de modo que as narrativas trazem uma linguagem concreta, de cenas
curtas, com pouca informação e ritmo acelerado por efeitos de som, imagem e cenários. Os
temas são leves e passam informações em pequenas doses, exigindo pouco esforço e
envolvimento do receptor (MORÁN, 1995, p. 29).
Além de ser um instrumento facilitador na comunicação de informações em geral, o
vídeo também pode e deve ser utilizado didaticamente na sistematização de aulas. De acordo
com Ferrés (1996), o vídeo corresponde a seis modalidades taxionômica de uso, são elas: a
vídeo lição, o vídeo apoio, o vídeo processo, o programa motivador, o programa mono
54
Site de compartilhamento de vídeos enviados pelos usuários por meio da internet. Disponível em:<
http://www.significados.com.br/youtube/. Acesso em: 01 maio 2016.
94
conceitual e o vídeo interativo. Dentre as modalidades citadas destacamos àquela que foi
nosso referencial na construção do Produto Educacional: o vídeo como instrumento
motivacional. Para Ferrés (1996), vídeos desse tipo estão classificados no que ele chama de
programa motivador. Ele se refere a vídeos que utilizam imagens, música, texto falado em um
ritmo, com duração previamente estabelecida. Esses elementos juntos criam um cenário
atrativo de provocação e de estímulo à participação dos expectadores, a fim de desenvolver
uma discussão ou até mesmo gerar futuras pesquisas ou trabalhos, para aprofundamento do
tema, isto é chamado pelo autor de pedagogia do depois. (FERRÉS, 1996).
O vídeo como função motivadora no ensino está atrelado também a vídeo animação,
que de acordo Ferrés (1996), essa função motivadora acontece:
quando o interesse do ato comunicativo se centra no destinatário, procurando
atingir de alguma maneira sua vontade para aumentar as possibilidades de
um determinado tipo de resposta. [...] o vídeo pode desempenhar um
importante papel, levando em conta a capacidade dos meios audiovisuais
para provocar emoções e sensações. A animação consiste, concretamente,
em atuar sobre um grupo determinado, com a finalidade de sensibilizá-lo em
relação a um certo tema. (FERRÉS, 1996, p. 46).
Portanto, elaborar um vídeo com funções motivadoras consiste em animar o
expectador, provocando emoções e atitudes diante do que foi visto, para então, obtermos
opinião, sensibilização ou reflexão sobre um tema a ser discutido posteriormente. E nossa
intenção vai ainda, mais além, do atrativo da emoção causada ao assistir o vídeo, pois
buscamos pela reflexão de se fazer compreender sobre a Educação Matemática, a pesquisa e a
Pós-Graduação. Queremos que nossos expectadores tenham a liberdade de pensar de forma
crítica, trazendo para si, as possibilidades que podem surgir com este vídeo, nas quais, dentre
outros fatores, mostra que existe uma história humana por trás de um campo científico.
O campo científico ao qual nos referimos é explicado por Bourdieu (1983), quando ele
nos diz que neste há sempre julgamentos sobre a capacidade científica, seja a de professor, de
pesquisador ou de aluno, de modo que, no decorrer de nossa carreira profissional, somos
levados a ocupar hierarquicamente posições pelo nosso conhecimento, devido a títulos de
Mestres ou Doutores. A nosso ver, isso é inerente a todas as práticas que buscam autoridade
científica, podendo gerar desde uma grande atração por reconhecimento, como pode também
afastar as pessoas desse mundo, por isso a intenção do vídeo é mostrar para o seu público alvo
que não devemos nos afastar, mas nos aproximar, sabendo que podemos participar ativamente
da pesquisa, conhecendo a EM existente em nosso estado e fora dele.
95
O vídeo que elaboramos procura atingir professores e futuros professores de
Matemática, contando um pouco da história da EM, e faz referência a professores que
participaram ativamente no processo de evolução da Educação Matemática no RN. Este
Produto Educacional é uma forma de registrar na história alguns dos acontecimentos que
ficaram no passado e que, a nosso ver, precisam ser divulgados para aqueles que um dia
poderão escrever sua própria história na Educação Matemática.
4.2 OBJETIVOS DO VÍDEO
Desde o início da pesquisa, tivemos a pretensão em produzir um produto áudio visual,
que fosse capaz de sensibilizar os professores de Matemática da Educação Básica e estudantes
de Graduação em Matemática, quanto às possibilidades de se fazer uma Pós-Graduação.
Nesse sentido, nosso vídeo pode ser um veículo de motivação, informação ou de pesquisa.
Pode ser utilizado como um produto que promove a formação continuada, pois, de acordo
com os nossos depoentes, é de extrema importância o professor melhorar sua prática
profissional. Na entrevista que realizamos com o professor Fossa (2015) ele relatou sobre isso
que: “o primordial era pegar o professor que estava em sala de aula e ajudar ele a crescer
como professor, não como pesquisador, se preparando para um doutorado, mas dar uma
formação melhor para ele ser um profissional melhor” (FOSSA, entrevista cedida,
04/08/2015). Para o professor Fossa, o MP é um espaço de formação que ajuda ao professor a
se desenvolver mais como profissional da Educação.
Mas, na prática, muitos profissionais docentes são atingidos por fatores que podem
influenciar de forma negativa na sua área de atuação, entre eles: baixa remuneração,
sobrecarga de trabalho, estresse da profissão. Tudo isso, muitas vezes, pode gerar baixa
autoestima, fazendo com que o docente perca o interesse em dar continuidade a sua formação.
Segundo Imbernón (2010): “A formação de atitudes (cognitivas, afetivas e comportamentais)
ajuda no desenvolvimento pessoal dos professores, em uma profissão em que a fronteira entre
o profissional e o pessoal está difusa” (IMBERNÓN, 2010, p. 109). Então, nossa intenção é
levar este professor a ter uma perspectiva de que existem caminhos possíveis para mudar a
realidade em que vivem, em função dos fatores citados acima, mostrar que eles não estão
sozinhos neste processo e que buscar pelo conhecimento, lançando mão de uma formação
continuada na área em que atuam, é uma alternativa de mudança.
96
Desse modo, entendemos que a formação continuada do professor é necessária para
que também haja melhorias na Educação Básica, e isto nos remete a uma preocupação com
este professor que por algum motivo se afasta das instituições que promovem formação de
Pós-Graduação. Em sintonia com o nosso entendimento sobre a importância de aproximar o
professor da Educação Básica em o contexto real de Pós-Graduação, temos na plataforma55
do
Plano Nacional de Educação (PNE), que monitora dados reais no Brasil sobre a formação do
professor, os seguintes dados:
Atualmente, apenas 31,4% dos professores da Educação Básica possuem
Pós-Graduação, segundo dados do Censo Escolar. A deficiência na formação
inicial de nossos docentes é um dos grandes entraves na melhoria da
qualidade da educação. Nesse sentido, a formação continuada representa um
grande aliado, na medida em que possibilita que o professor supra lacunas na
sua formação inicial ao mesmo tempo em que se mantém em constante
aperfeiçoamento em sua atividade profissional. (BRASIL, observatório do
PNE, 2016).
De acordo com o PNE, no Brasil, temos apenas 31,4% dos professores da Educação
Básica com Pós-Graduação. No Rio Grande Norte (RN) este índice ainda é mais baixo,
somente 27,6% deles tem Pós-Graduação. Esses dados, colocados pelo PNE, ressaltam o
quanto é importante a formação dos nossos docentes, seja por melhorias na formação inicial
ou para um aperfeiçoamento das atividades profissionais, e esses índices nos indicam que
ainda há muito a ser feito. (BRASIL, observatório do PNE, 2016).
O PNE foi aprovado com a Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que tem vigência
de dez anos, e estabelece diretrizes, metas e estratégias de concretização no campo da
Educação, sendo, municípios e unidades da federação obrigados a terem seus planos de
Educação aprovados em consonância com este Plano (BRASIL, Plano Nacional de Educação,
2014). Como se trata de uma medida Constitucional, não pode ser modificada por pelo menos
dez anos, mas poderá ter novas interpretações, diante das mudanças que vem ocorrendo na
Educação. Uma das mudanças é a reforma do Ensino Médio, que segundo o MEC:
Trata-se de um instrumento fundamental para a melhoria da educação no
país. Ao propor a flexibilização da grade curricular, o novo modelo permitirá
que o estudante escolha a área de conhecimento para aprofundar seus
55
Plataforma online que tem como objetivo monitorar os indicadores referentes a cada uma das 20 metas do
Plano Nacional de Educação (PNE) e de suas respectivas estratégias, e oferecer análises sobre as políticas
públicas educacionais já existentes e que serão implementadas ao longo dos dez anos de vigência do Plano.
Disponível em: <http://www.observatoriodopne.org.br/sobre-observatorio>. Acesso em: 03 jul 2016.
97
estudos. A nova estrutura terá uma parte que será comum e obrigatória a
todas as escolas (Base Nacional Comum Curricular) e outra parte flexível.
Com isso, o ensino médio aproximará ainda mais a escola da realidade dos
estudantes à luz das novas demandas profissionais do mercado de trabalho.
E, sobretudo, permitirá que cada um siga o caminho de suas vocações e
sonhos, seja para seguir os estudos no nível superior, seja para entrar no
mundo do trabalho. (BRASIL, MEC, 2017, p. 4).
Com a flexibilização da estrutura curricular muitas disciplinas serão reduzidas, em
nosso caso, a disciplina de Matemática, após a reforma, será componente obrigatória e
também fará parte do currículo do Ensino Médio Integral, nos cursos técnicos, que já estão
funcionando em nosso Estado. Tudo isso, amparado nos documentos referenciais da
Educação, que nos próximos dias, deixará de ser os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN), para ser a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que está em fase final de
construção.
Vemos que essas mudanças poderão gerar possíveis desarticulações no que se refere,
por exemplo, a autonomia do professor; a um currículo universal, sem diferenças regionais,
entre outras. Mas, acreditamos que mesmo sendo aprovada todas as mudanças previstas, o
professor não só precisará estar preparado profissionalmente como também precisará
conhecer a história da Educação brasileira e assim, ter um olhar crítico, diante de medidas
políticas educacionais que estão chegando. De acordo com Gomes (2016): “Um
conhecimento histórico mais denso poderia, talvez, contribuir para uma percepção mais nítida
da identidade profissional do educador” (GOMES, 2016, p. 98). Esta afirmação da autora
promove ainda mais nossas intenções para com o vídeo, que poderá ser visto por professores
que não tiveram a oportunidade de conhecer as pesquisas produzidas na UFRN, nem as
possibilidades de fazer uma Pós-Graduação stricto sensu na área de EM.
Entre as metas estabelecidas no PNE temos a de nº16, que solicita:
Formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos
professores da educação básica, até o último ano de vigência56
deste PNE, e
garantir a todos (as) os (as) profissionais da educação básica formação
continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas
e contextualizações dos sistemas de ensino (BRASIL, PNE, 2014, p.1).
Para atender a esta meta, o PNE coloca algumas estratégias específicas que estão de
acordo com a produção do vídeo, proposto nesta pesquisa. De acordo com o Plano, deve-se
56
Último ano de vigência: 2024.
98
“subsidiar a atuação dos professores e das professoras da educação básica, disponibilizando
gratuitamente materiais didáticos e pedagógicos suplementares, inclusive aqueles com
formato acessível” (BRASIL, PNE, 2014, p.1).
Nesta perspectiva, o vídeo é um instrumento que ficará como um legado, de forma
acessível, poderá favorecer a ação pela busca do conhecimento e a valorização da cultura
científica desenvolvida nos meios acadêmicos, em um contexto real de Pós-Graduação, em
Educação Matemática.
Então, nossa proposta é deixar registrado por meio do vídeo esse legado que leva uma
mensagem de que consideramos importante investir em uma Pós-Graduação, para isso,
exemplificamos, no vídeo, alguns dos egressos do PPGED, que hoje dão continuidade as
pesquisas na UFRN, sendo professores-pesquisadores que exercem, com sucesso, sua
profissão.
Com o decorrer da pesquisa percebemos que este vídeo poderia servir não só como
estímulo e informação para formação continuada de professores, mas também como fins
educacionais voltados para o Ensino Superior, para discentes de Graduação de Licenciatura
em Matemática. Para tanto, o vídeo traz uma explanação sobre o que é uma Pós-Graduação
stricto sensu e lato sensu, apontando suas diferenças; mostra algumas possibilidades que
podem levar a uma pessoa fazer uma Pós-Graduação ou não, e caso haja interesse de se fazer
uma Pós-Graduação com pesquisas voltadas para a Educação Matemática, esse professor
poderá buscar isso na UFRN, que conta atualmente com dois Programas que desenvolvem
pesquisas nessa área. Damos continuidade ao vídeo contando a história dos dois Programas de
Pós-Graduação da UFRN, o PPGED e o PPGECNM. Esta historiografia descrita no vídeo
mostra o nosso olhar para a Educação Matemática na UFRN, entre os anos de 1995-2015, e
como a Linha de pesquisa Educação Matemática foi criada no PPGED, relacionando os
professores responsáveis por essa Linha de Pesquisa bem como os processos que se seguiram
para a criação do PPGECNM. Discorremos um pouco sobre os professores que foram
contratados pela UFRN, o envolvimento deles na formação de um grupo de pesquisa e, por
fim, ressaltamos a importância dos egressos do PPGED que dão continuidade as pesquisas em
Educação Matemática, na UFRN.
4.3 A CONSTRUÇÃO DO VÍDEO
Escolhemos entre os variados tipos de recursos de mídia aquele que melhor atendesse
a nossas expectativas, e que fosse capaz de atender aos objetivos que queríamos alcançar.
99
Entre os formatos audiovisuais, temos filmes, animações, documentários e vídeos em geral.
Então, inicialmente, escolhemos o documentário como uma forma de projetar parte de nossa
pesquisa historiográfica. De acordo com Rodrigues (2010), em um documentário: “somos
levados a conceituá-los como filmes que mostram/representam a realidade”. (RODRIGUES,
2010, p. 62). Mas, segundo esta autora, a representação da realidade é um ato falho, pois: “A
subjetividade é indissociável de qualquer arte. E o documentário, como arte cinematográfica,
é uma obra pessoal de seu realizador”. (RODRIGUES, 2010, p. 62).
Para elaborar este documentário era necessário construir um cenário historiográfico de
nossa pesquisa, nesse sentido, procuramos compreender o que compõe um documentário,
encontrando que ele é composto por:
[...] uma narrativa basicamente composta por imagens-câmera,
acompanhadas muitas vezes de imagens de animação, carregadas de ruídos,
música e fala (mas, no início de sua história, mudas), para as quais olhamos
(nós, espectadores) em busca de asserções sobre o mundo que nos é exterior,
seja esse mundo coisa ou pessoa. (RAMOS apud DIAS, 2009, p. 2).
E foi esta nossa intenção, compor um documentário que mostrasse uma narrativa da
realidade vivida pelos professores que contribuíram no desenvolvimento da Educação
Matemática nos Programas de Pós-Graduação da UFRN. Nossa intenção era utilizar as
filmagens realizadas durante as entrevistas, mas, alguns dos depoentes não autorizaram o uso
de suas imagens. Tivemos, então, que mudar nossa intenção relativa ao nosso Produto
Educacional, pois achamos que a falta desses depoentes no documentário perderia todo o
sentido da história que queríamos mostrar por meio do documentário.
Como não foi possível utilizar as imagens das entrevistas dos depoentes, modificou-se
o formato da produção audiovisual, assim, consideramos que estávamos produzindo um vídeo
e não um documentário, pois para ser documentário era necessário ter as falas dos professores
entrevistados. Com o vídeo produzido decidimos levá-lo para ser avaliado por participantes
do XII Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM), que aconteceu nos dias 13 a 16
de julho de 2016, na Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, capital.
Para a construção desse vídeo, realizamos uma pesquisa sobre técnicas de construção
de recursos áudio visuais, e entendemos ser necessário passar por algumas etapas para
transformar uma história em uma sequência lógica de imagens e sons. De acordo com a
“Oficina da TV Escola de produção de vídeos”, as etapas necessárias para construção de um
vídeo, são: ideia, roteiro, pré-produção e gravação. (MEC, 2013, p. 4).
100
Considerando essas etapas, tivemos a ideia de construir um vídeo que contasse a
História da Educação Matemática na Pós-Graduação da UFRN, mas o problema era como
fazer isso sem a fala dos professores. Então, pesquisando na Internet, assistimos a diferentes
vídeos que serviram de inspiração para a produção do nosso, percebendo, assim, que era
necessário saber que tipos de imagens iríamos utilizar como pano de fundo. Logo, nos
deparamos com as questões de direitos autorais para imagens e som. Então, decidimos
construir nossas próprias imagens. E passamos para próxima etapa que foi a de nos
colocarmos como roteirista dessa história. De acordo com Hampe (2008):
O roteirista deve obter e organizar a informação e então escrever o roteiro
contendo uma bem-estruturada série de cenas que possam ser filmadas,
inclusive de materiais de arquivo (imagens de outros filmes, fotografias etc.)
que possam ser incluídos (HAMPE, 2008, p. 1).
Ainda, segundo Hampe (2008), um roteirista precisa fazer uma pesquisa e
planejamento, tratar da visualização, organizar a estrutura do vídeo, e por fim redigir um
texto. Esses são os passos necessários na construção de qualquer vídeo, e sobre isto que
iremos tratar agora.
Sobre a pesquisa para o vídeo não foi necessário realizá-la, pois utilizamos as
informações coletadas e tratadas por nós nesta pesquisa. A visualização ou pré-produção, de
acordo com Hampe (2008), consiste na maneira como iremos mostrar os conteúdos e as
informações. Assim, decidimos fazer um vídeo com cenas dinâmicas, que passam
informações rápidas ao leitor, fazendo um jogo de imagens, que são lançadas na tela ao
mesmo tempo em que o locutor explica essas imagens.
Ainda de acordo com Hampe (2008) um vídeo precisa estar bem estruturado com
relação ao texto do roteiro para que possa prender a atenção do expectador do início ao fim.
No começo, colocamos o tema, em forma de pergunta, que tem a intenção de gerar uma
expectativa a quem assiste. Assim, teremos na fase intermediária do vídeo, um público
interessado. Dando continuidade, apresentamos mais informações para manter o interesse
deste público. E para a parte final, temos os resultados dos questionamentos levantados no
início da primeira cena, e assim, temos a conclusão do vídeo para o público.
Diante o exposto, decidimos começar com a seguinte questão relativa ao tema:
“Vamos conversar sobre o que é uma Pós-Graduação?” Assim, nesta parte inicial, falamos
sobre Pós-Graduação latu sensu e stricto sensu, definimos cada uma delas e já direcionamos o
101
vídeo para diferenciar Mestrado Acadêmico do Mestrado Profissional, mostrando, inclusive,
que há pessoas que desejam e outras que não desejam, fazer uma Pós-Graduação.
As imagens dessas cenas são da mão de uma pessoa desenhando uma sequência de
eventos; cada imagem desenhada corresponde ao texto que é narrado pelo locutor da cena,
que neste caso, seremos nós. As outras cenas que seguem mostram algumas imagens
relacionadas ao desenvolvimento da pesquisa em Educação Matemática na Pós-Graduação da
UFRN, essas imagens são acompanhadas por textos explicativos narrados por nós.
Na metade do tempo de duração do vídeo tratamos sobre o Mestrado em Educação e
do Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, ambos da UFRN. Mostramos como
funcionam estes Mestrados, apresentando um pouco sobre a sua historiografia. Nesta,
discorremos sobre a participação efetiva de alguns professores que foram de fundamental
importância no desenvolvimento de pesquisas na área da Educação Matemática.
Visualizamos para a parte final do vídeo, a história de alguns egressos dos programas
– PPGED e PPGECNM - que hoje são professores efetivos da UFRN, identificando seus
orientadores e suas pesquisas. Ao destacarmos estes professores egressos, queremos mostrar o
desenvolvimento crescente da pesquisa em Educação Matemática nesses Programas, e
também para valorizar e resgatar uma história local, que vem se definindo com a formação de
uma comunidade acadêmica muito envolvida com as pesquisas e com o desenvolvimento da
Educação Matemática no estado do Rio Grande do Norte.
4.4 ESCOLHA DO PÚBLICO PARA AVALIAÇÃO DO VÍDEO
Realizamos a aplicação do nosso Produto Educacional, pois no documento de área da
CAPES encontramos que “o Mestrado deve desenvolver um processo ou produto instrucional
e utilizá-lo em condições reais de sala de aula ou de espaços não-formais ou informais de
ensino, relatando os resultados dessa experiência. ” (CAPES, 2017, p. 2).
Então, realizamos a primeira demonstração do vídeo, que aconteceu no XII ENEM, já
citado nesta pesquisa. A escolha deste local se deu pelo fato de que não só assistimos ao
evento, como também apresentamos parte desta pesquisa de dissertação, por meio de
comunicação científica, logo, isso nos oportunizou mostrar nosso então documentário para um
público, que de acordo com os responsáveis pelo evento, são professores da Educação Básica,
professores e estudantes das Licenciaturas em Matemática e em Pedagogia, estudantes da Pós-
Graduação e Pesquisadores. Tínhamos a expectativa de que, com este público, a nossa
avaliação seria mais diversificada, pois, teríamos a representatividade de diferentes
102
profissionais da educação, oriundos de diversos lugares do Brasil, de modo que iria repercutir
nos resultados da avaliação em uma maior confiabilidade, sejam eles, positivos ou negativos,
no que diz respeito aos objetivos que estávamos buscando.
A avaliação do vídeo, no evento, não foi satisfatória em termos de quantidade de
participantes, devido ao pequeno número de pessoas presentes durante a comunicação
científica que apresentamos, pois como houve diversas comunicações científicas, sendo
apresentadas no mesmo horário e em diferentes salas da universidade, isto acabou por dividir
bastante o público. Portanto, decidimos que era necessário fazer outra avaliação, para outros
públicos. Esta necessidade também colabora com os objetivos do vídeo que contemplam não
só professores como também alunos de graduação em Licenciatura de Matemática, pois
segundo Noronha (2011) a UFRN dispõe do PPGECNM, voltado para:
“[...] o público-alvo, prioritariamente, professores atuantes na rede pública
de ensino, o que desprivilegia, de certa forma, o ingresso do recém-graduado
no referido Programa; e o desinteresse ou mesmo o desconhecimento dos
graduandos em Matemática sobre a Pós-graduação da área da Educação”
(NORONHA, 2011, p. 97).
Assim, partindo do pressuposto de que havia desconhecimento sobre a Pós-Graduação,
por parte dos alunos de Matemática, decidimos apresentar o vídeo, na UFRN, para os
discentes de uma turma da disciplina de Fundamentos Epistemológicos da Matemática, do
segundo semestre letivo do ano de 2016. A escolha por esta turma se deu pelo fato de que são
alunos de Graduação em Matemática, na modalidade licenciatura, além de estarmos
acompanhando esta turma em função do nosso Estágio à docência57
, assim, tínhamos acesso
aos alunos, e também entendemos ser de grande valia no processo de aprendizagem dos
discentes assistirem a um trabalho de Pós-Graduação de sua universidade, no qual ele tem a
oportunidade de participar ativamente com suas opiniões e sugestões. Para nós, foi mais uma
oportunidade de verificar se os objetivos do Produto Educacional estavam ou não sendo
atingidos para este público, alunos do Curso de Matemática.
57
Na UFRN, a Docência Assistida é compreendida como “Atuação do aluno de pós-graduação em atividades
acadêmicas sob a supervisão direta de professor do quadro efetivo da universidade”. (UFRN, 2010, p. 2 apud
MAGALHÃES; RAFFIN; GUTIERRE; AZEVEDO, 2016, p. 570).
103
O terceiro público ao qual apresentamos o vídeo foram os professores da rede Pública
de Ensino do município de Natal/RN. Há um grupo de professores de Matemática que se
reúne uma vez por mês para socializar atividades pedagógicas. Esses encontros são
sistemáticos, organizados pela Secretaria Municipal de Educação da cidade do Natal/RN, para
a realização de atividades de formação continuada, tendo como público alvo os professores
que ensinam Matemática e História, na Rede Municipal de Ensino. Este espaço foi uma ótima
oportunidade de mostrar o vídeo e de falar um pouco sobre nosso trabalho de pesquisa que
tem como tema de discussão a Pós-Graduação, que entendemos ser de grande interesse destes
professores que ainda não tinham feito uma Pós-Graduação stricto sensu.
4.5 AVALIAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL
O vídeo produzido nesta pesquisa foi avaliado pelo público que o assistiu, que foi
apresentado no subitem anterior deste capítulo. Para a análise dessa esta avaliação,
escolhemos como instrumento de coleta de dados, o questionário. E é sobre ele que iremos
tratar agora.
4.5.1 Questionário
Escolhemos o questionário como forma de avaliação do vídeo. Neste dispusemos uma
seleção de perguntas que foram de fundamental importância para analisarmos os objetivos
propostos do vídeo. De acordo com Laville e Dionne (1999), o questionário consiste em uma
série de perguntas que podem vir acompanhadas de possíveis respostas, definidas por
indicadores da hipótese da pesquisa. Os autores nos dizem que os questionários podem vir
com enunciados propostos e “uma escala (frequentemente é a escala de Likert58
), série de
campos que lhes permite precisar se, por exemplo, estão em total desacordo, em desacordo,
sem opinião, de acordo, ou totalmente de acordo com o enunciado considerado” (LAVILLE;
DIONNE, 1999, p. 183).
58
Na página seguinte apresentamos a definição desse tipo de escala.
104
Portanto, como instrumento de coleta de dados, utilizamos dois questionários, sendo o
questionário 1 (Apêndice G) composto por treze perguntas, sendo nove do tipo fechadas e
quatro do tipo abertas. Perguntas fechadas são perguntas que têm opções de resposta, podendo
ser alternativas ou uma escala e abertas são perguntas que podem ser respondidas livremente.
(LAVILLE; DIONNE, 1999). Este questionário foi organizado em três itens, a saber:
Informações gerais, formação acadêmica e atuação profissional. O objetivo deste
questionário, proposto nesse formato, foi fazer um levantamento de dados para uma posterior
caracterização do público, além da análise das sugestões e/ou opiniões dos alunos e
professores que assistiram ao vídeo.
O segundo questionário (Apêndice H) é composto por treze questões, sendo uma delas
aberta e doze fechadas. Nas questões fechadas utilizamos a Escala tipo Likert, que segundo
Cunha (2007), conforme colocamos na nota de rodapé 55: “é composta por um conjunto de
frases (itens) em relação a cada uma das quais se pede ao sujeito que está a ser avaliado para
manifestar o grau de concordância desde o discordo totalmente (nível 1), até ao concordo
totalmente (nível 5, 7 ou 11). ” (CUNHA, 2007, p. 24). Optamos por uma escala de nível 5,
limitadas a cinco campos de resposta, são eles: concordo totalmente (está muito bom),
concordo (está bom), não sei (desconheço o assunto, não entendi), discordo (está ruim),
discordo totalmente (está muito ruim).
Para a aplicação dos questionários adotou-se os seguintes procedimentos para todos os
públicos: inicialmente, nos apresentamos ao público e explicamos que estávamos
apresentando um Produto Educacional, que fazia parte de uma pesquisa de Mestrado, então,
pedimos a colaboração de todos como voluntários, para assistirem ao vídeo e depois
responderem ao questionário.
4.5.2 Tratamento e análise dos dados
Para analisarmos os dados e informações coletadas dos questionários, determinamos
categorias como referência para avaliação do vídeo pelos participantes. Segundo Laville e
Dionne (1999, p. 186): “o pesquisador terá de construir categorias e ele mesmo deverá
interpretar as respostas dos sujeitos em função dessas categorias”. Desse modo, criamos duas
categorias: Professores de Matemática e alunos de Graduação em Matemática.
Essas categorias mostraram ser suficientes para analisarmos as formas com que esse
vídeo foi compreendido. Mas, antes disso, iremos organizar os dados coletados em tabelas,
que segundo Laville e Dionne (1999): “As tabelas servem, em especial, para reunir os dados
105
tratados” (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 267). Utilizamos as tabelas para sintetizar as
informações coletadas e, assim, foi possível fazer uma interpretação das respostas dadas nos
questionários.
Em vista dos objetivos da pesquisa foi aplicado o mesmo questionário para todos os
públicos, já especificado neste capítulo. A primeira parte do questionário (questionário 1)
tinha por objetivo analisar o perfil do colaborador e a segunda parte do questionário
(questionário 2) objetivou avaliar o vídeo quanto à forma, o conteúdo e a metodologia.
Vejamos a quantificação dos dados organizados em tabelas.
4.5.2.1 Questionário 1
A tabela 3 informa o quantitativo de participantes das três aplicações da pesquisa:
Tabela 3 – Total de participantes da pesquisa
PARTICIPANTES
DO EVENTO ENEM
PROFESSORES DO
MUNICÍPIO DE
NATAL
ALUNOS DE
GRADUAÇÃO DA
UFRN
TOTAL
10 07 14 31
Fonte: Autora da pesquisa
Nesta tabela 3, temos um total de 10 (dez) pessoas que responderam ao questionário
durante o evento do ENEM realizado em São Paulo/SP. Na segunda aplicação da pesquisa
que ocorreu na cidade de Natal/RN, com os professores da Rede Municipal de Ensino, temos
um total de 07 (sete) participantes. Na terceira aplicação do Produto Educacional que ocorreu
na UFRN, com alunos de Graduação em Matemática, temos um total de 14 (catorze)
participantes. Perfazendo um total de 31 (trinta e um) participantes nas três pesquisas.
Nas tabelas 4, 5 e 6 temos as informações gerais, quanto ao sexo, idade e estado civil,
dos participantes das três aplicações:
106
Tabela 4 – Informações gerais: participantes do ENEM
Público Sexo Total Idade Total Estado
Civil Total
ENEM
Masculino 03 Menos de
20 00 Solteiro 06
Feminino 07 20 - 30 03 Casado 04
31 - 40 05 Separado 00
41 - 50 02 Divorciado 00
51 - 60 00 Viúvo 00
Acima de
60
00
TOTAL 10 - 10 10
Fonte: Autora da pesquisa
Nesta tabela 4, dos participantes do evento ENEM, temos 03 (três) participantes do
sexo masculino e 07 (sete) do sexo feminino. Quanto a idade temos 03 (três) participantes, na
faixa entre 20 e 30 anos, 05 (cinco) participantes com idade entre 31 e 40 anos, e 02 (dois)
participantes com idade entre 41 e 50 anos. Quanto ao estado civil, temos 06 (seis)
participantes solteiros e 04 (quatro) participantes casados. Neste público, predomina o sexo
feminino com faixa etária entre 20 e 50 anos de idade. Iremos observar estes diferenciais na
avaliação.
Tabela 5 – Informações gerais – Professores do município de Natal
Público Sexo Total Idade Total Estado
Civil Total
PROFESSORES
DO
MUNICIPIO DE
NATAL
Masculino 05 Menos de
20 anos
00 Solteiro 02
Feminino 02 20 – 30 00 Casado 04
31 – 40 01 Separado 00
41 - 50 02 Divorciado 00
51 - 60 02 Viúvo 01
Acima de
60 02
TOTAL 07 - 07 - 07
Fonte: Autora da pesquisa
107
Nesta tabela 5, dos professores da rede municipal de ensino, temos 05 (cinco) do sexo
masculino e 02 (dois) do sexo feminino. Quanto à idade, temos na faixa entre 31 e 40 anos, 01
(um) participante, 02 (dois) participantes com idade entre 41 e 50 anos, e 02 (dois)
participantes com idade entre 51 e 60 anos, e 02 (dois) professores com idade acima de 60
anos. Quanto ao estado civil, temos 02 (dois) participantes solteiros e 04 (quatro) participantes
casados e 01 (um) viúvo. Neste público, o predomínio foi para o sexo masculino e todos estão
na faixa etária acima de 31 anos.
Tabela 6 – Informações gerais: alunos da UFRN
Público Sexo Total Idade Total Estado
Civil Total
UFRN
Masculino 08 Menos de
20
00 Solteiro 11
Feminino 06 20 -30 13 Casado 03
31 - 40 01 Separado 00
41 - 50 00 Divorciado 00
51 - 60 00 Viúvo 00
Acima de
60
00
TOTAL 14 - 14 - 14
Fonte: Autora da pesquisa
Nesta tabela 6, dos alunos de Graduação da UFRN, temos 08 (oito) do sexo masculino
e 06 (seis) do sexo feminino. Quanto a idade temos na faixa entre 20 – 30 anos, 13 (treze)
participante e 01 (um) participante com idade entre 31 e 40 anos. Quanto ao estado civil,
temos 11 (onze) participantes solteiros e 03 (três) participantes casados. Este público não
apresenta um grande diferencial quanto ao sexo, mas quanto à faixa etária. Identificamos que
a maioria são jovens, com idades entre 20 e 30 anos. Iremos observar a aceitação do vídeo
para um público jovem.
As tabelas 7, 8 e 9 trazem informações sobre a formação acadêmica, no que se refere a
identificação da instituição que realizou a Graduação, formação acadêmica de maior titulação
e há quanto tempo concluiu a graduação.
108
Tabela 7 – Formação acadêmica: participantes do ENEM
ENEM
Instituição de
formação
acadêmica
Quant.
Formação
acadêmica
(Maior
titulação)
Quant. Há quanto tempo
concluiu a
Graduação
Quant.
UFRN 03 Estudante de
Graduação
04 Não concluiu 04
UNICAMP 03 Graduado 00 Entre 1 – 10 anos 00
USP 02 Especialista 00 Entre 11 – 20 anos 05
Não respondeu 02 Mestrado 01 Mais de 20 anos 01
Doutorado 05
Total 10 - 10 - 10 Fonte: Autora da pesquisa
Na tabela 7, sobre os participantes da pesquisa do ENEM, temos que 03 (três)
participantes são graduados pela UFRN, 03 (três) pela UNICAMP, 02 (dois) pela
Universidade de São Paulo (USP) e 02 (dois) não quiseram responder. Ter a avaliação de um
público de pelo menos três universidades diferentes, a nosso ver, é muito bom para nossa
pesquisa, pois tivemos diferentes olhares. Quanto a maior titulação acadêmica, temos, 04
(quatro) estudantes de Graduação, 01 (um) com Mestrado e 05 (cinco) com Doutorado.
Metade dos participantes tem titulação de Doutorado, entendemos que isto foi um excelente
diferencial para analisar o vídeo. Quanto ao tempo de conclusão da Graduação, temos 04
(quatro) que ainda não concluíram, 05 (cinco) entre 11 – 20 anos, e 01 (um) há mais de 20
anos. A formação acadêmica do público do ENEM ficou dividida entre Doutores e alunos de
Graduação e a formação também ficou entre as universidades da região Sudeste e Nordeste.
Tabela 8 – Formação acadêmica: Professores do município/Natal
PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE NATAL
Instituição de
formação
acadêmica
Quant.
Formação
acadêmica
(Maior
titulação)
Quant. Há quanto tempo
concluiu a
Graduação
Quant.
UFRN 06 Estudante de
Graduação
00 Não concluiu 00
UERN 01 Graduado 00 Entre 1 – 10 anos 00
Especialista 07 Entre 11 – 20 anos 03
Mestrado 00 Mais de 20 anos 04
Doutorado 00
Total 07 07 07 Fonte: Autora da pesquisa
109
Na tabela 8, professores da rede municipal de Natal, temos 06 (seis) participantes com
formação acadêmica realizada na UFRN, e 01 (um) participante com formação na
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Estes participantes, em sua
maioria, tiveram sua formação acadêmica realizada na UFRN. Quanto a maior titulação
acadêmica, todos os professores são Especialistas. E quanto ao tempo de conclusão da
Graduação, tivemos 03 (três) professores que concluíram entre 11 – 20 anos e 04 (quatro) que
já concluíram a mais de 20 anos. Este público pode ser considerado mais experiente quanto ao
tempo, mas quanto à titulação, podemos notar que não deram continuidade a uma formação
stricto sensu, todos tem somente Especialização lato sensu, dessa forma, apresentar um
trabalho de Mestrado, para eles, significou uma oportunidade de verem de perto um Produto
de uma pesquisa, e pudemos observar que a maioria ficou com vontade de fazer um trabalho
como este que foi apresentado a eles.
Tabela 9 – Formação acadêmica: alunos de Graduação da UFRN
UFRN
Instituição de
formação
acadêmica
Quant.
Formação
acadêmica
(Maior
titulação)
Quant. Há quanto tempo
concluiu a
Graduação
Quant.
UFRN 14 Estudante de
Graduação
14 Não concluiu 14
Graduado 00 Entre 1 – 10 anos 00
Especialista 00 Entre 11 – 20 anos 00
Mestrado 00 Mais de 20 anos 00
Doutorado 00
Total 14 14 14 Fonte: Autora da pesquisa
A tabela 9 traz informações quanto à formação acadêmica dos alunos de Graduação da
UFRN. Temos 14 (catorze) participantes que não concluíram a Graduação.
Nas tabelas 10, 11 e 12 obtivemos informações da formação acadêmica, quanto à
possibilidade de ter cursado a disciplina História da Educação Matemática, quando
perguntamos se já fez ou teria interesse de fazer uma Pós-Graduação e o que motivou ou
motivaria a realizar uma Pós-Graduação.
110
Tabela 10 – Formação acadêmica: participantes do ENEM
ENEM
Cursou
HEM Quant.
Já fez ou
tem
Interesse
em fazer
Pós-
Graduação
Quant. Motivos para realização de uma
Pós-Graduação Quant.
Sim 06 Sim 10 Gosta de Matemática e pesquisa 01
Não 04 Não - Qualificação profissional 05
Ascender profissionalmente 02
Não respondeu 02
TOTAL 10 - 10 - 10 Fonte: Autora da pesquisa
Na tabela 10, para os participantes do ENEM, tivemos de um total de 10 (dez)
participantes, 06 (seis) cursaram a disciplina HEM e 04 (quatro) não cursaram esta disciplina.
Quanto ao interesse de fazer uma Pós-Graduação, os 10 (dez) participantes afirmaram
positivamente, apontando que tinham interesse de fazer uma Pós-Graduação. E entre os
motivos para realização de uma Pós-Graduação, tivemos 01 (um) participante que o principal
motivo seria gostar da Matemática e da pesquisa, 05 (cinco) informaram que o motivo
principal era a qualificação profissional, 02 (dois) informaram que o motivo seria por
ascensão profissional e 02 (dois) participantes não quiseram responder. Neste público,
observamos que quase a metade deles não cursou a disciplina HEM e que a maioria deles
desejam se qualificar melhor profissionalmente.
Tabela 11 – Formação acadêmica: professores do município de Natal
PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE NATAL
Cursou
HEM Quant.
Já fez ou
tem
Interesse
em fazer
Pós-
Graduação
Quant. Motivos para realização de uma
Pós-Graduação Quant.
Sim 02 Sim 07 Gosta de Matemática e pesquisa 01
Não 05 Não 00 Qualificação profissional 04
Ascender profissionalmente 01
Não respondeu 01
TOTAL 07 - 07 - 07 Fonte: Autora da pesquisa
111
Na tabela 11, que mostram quantitativos acerca de um grupo de professores do
município de Natal, tivemos 07 (sete) participantes, 02 (dois) deles cursaram a disciplina
HEM e 05 (cinco) não cursaram esta disciplina. Quanto ao interesse de fazer uma Pós-
Graduação, os 07 (sete) participantes afirmaram positivamente que desejariam fazer uma Pós-
Graduação. E entre os motivos para realização de uma Pós-Graduação, tivemos 01 (um)
participante informando que o principal motivo seria gostar da Matemática e da pesquisa, 04
(quatro) informaram que o motivo principal é pela qualificação profissional, 01 (um)
informou que o motivo seria por ascensão profissional e 01 (um) participante não quis
responder. Neste público vemos que a maioria cursou a disciplina de HEM e que desejam
melhorar profissionalmente, e todos disseram que desejam fazer uma Pós-Graduação.
Tabela 12 – Formação acadêmica: Alunos de Graduação da UFRN
UFRN
Cursou
HEM Quant.
Já fez ou
tem
Interesse
em fazer
Pós-
Graduação
Quant. Motivos para realização de uma
Pós-Graduação Quant.
Sim 14 Sim 12 Gosta de Matemática e pesquisa 03
Não 00 Não 02 Qualificação profissional 06
Ascender profissionalmente 04
Não respondeu 01
TOTAL 14 - 14 - 14 Fonte: Autora da pesquisa
Na tabela 12, alunos do Curso de Matemática, da UFRN, temos em total de 14
(catorze) participantes, e todos cursaram a disciplina HEM. Quanto ao interesse de fazer uma
Pós-Graduação, 12 (doze) participantes afirmaram que desejam fazer uma Pós-Graduação e
somente 02 (dois) participantes não tinham interesse de fazer uma Pós-Graduação. E entre os
motivos para realização de uma Pós-Graduação, tivemos 03 (três) participantes que o
principal motivo seria gostar da Matemática e da pesquisa, 06 (seis) informaram que o motivo
principal é pela qualificação profissional, 04 (quatro) informaram que o motivo seria por
ascensão profissional e 01 (um) participante não quis responder. Neste público, todos
cursaram a disciplina HEM e a maioria demonstrou interesse em realizar uma Pós-Graduação
para se qualificar melhor profissionalmente.
112
Nas tabelas 13, 14 e 15 temos informações da atuação profissional dos participantes da
pesquisa, que responderam se já exerceram atividade docente, o tempo de atuação profissional
docente e se utilizariam o vídeo como ferramenta de ensino e aprendizagem:
Tabela 13 – Atuação profissional: participantes do ENEM
ENEM
Exerce
ou já
Exerceu
atividade
docente
Quant.
Tempo de
atuação
profissional
docente
Quant. Você utilizaria o
vídeo como
ferramenta de
ensino e
aprendizagem
Quant.
Sim 08 Entre 1 – 2 anos 02 Sim 09
Não 02 Entre 3 – 5 anos 01 Não 01
Entre 7 – 10 anos 01
Mais de 10 anos 04
Não tem 02
TOTAL 10 - 10 - 10
Fonte: Autora da pesquisa
Na tabela 13, temos informações quanto ao exercício da atividade docente, dos 10
(dez) participantes da pesquisa. Oito (08) deles responderam que já exerceram ou exercem
atividade docente e 02 (dois) nunca exerceram atividade docente. Isso nos mostra um público
bem experiente no exercício da profissão docente. Quanto ao tempo de atuação profissional,
tivemos 02 (dois) participantes com tempo de atuação profissional entre 1 a 2 anos, 01 (um)
participante entre 3 a 5 anos, 01 (um) participante entre 7 a 10 anos, 04 (quatro) participantes
têm mais de 10 anos e 02 (dois) não responderam. Perguntamos aos nossos participantes se
eles utilizariam o vídeo em sala de aula, e 09 (nove) responderam que utilizariam o vídeo
como ferramenta de ensino e aprendizagem e somente 01 (um) participante respondeu que
não usaria. Neste, temos um público experiente profissionalmente, a maioria tem mais de 10
anos de atuação e também a maior parte deles aceita usar vídeos em sala de aula.
113
Tabela 14 – Atuação profissional: professores do município de Natal
PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE NATAL
Exerce
ou já
Exerceu
atividade
docente
Quant.
Tempo de
atuação
profissional
docente
Quant. Você utilizaria o
vídeo como
ferramenta de
ensino e
aprendizagem
Quant.
Sim 07 Entre 1 – 2 anos 00 Sim 07
Não 00 Entre 3 – 5 anos 00 Não 00
Entre 7 – 10 anos 01
Mais de 10 anos 04
Não respondeu 02
TOTAL 07 - 07 - 07
Fonte: Autora da pesquisa
Na tabela 14, averiguamos sobre o exercício da atividade docente. Todos os 07 (sete)
participantes da pesquisa responderam que já exerceram ou exercem atividade docente. Isso
nos mostra um público bem experiente no exercício da profissão docente. Quanto ao tempo de
atuação profissional, 01 (um) participante tem entre 7 a 10 anos, 04 (quatro) participantes têm
mais de 10 anos e 02 (dois) não responderam. Perguntamos aos nossos participantes se eles
utilizariam o vídeo em sala de aula, e todos responderam que utilizariam o vídeo como
ferramenta de ensino e aprendizagem. Todos têm experiência profissional, sendo a maioria
com mais de 10 anos de atuação e todos concordam com o uso de vídeos em sala de aula.
Tabela 15 – Atuação profissional: Alunos de graduação da UFRN
UFRN
Exerce
ou já
Exerceu
atividade
docente
Quant.
Tempo de
atuação
profissional
docente
Quant. Você utilizaria o
vídeo como
ferramenta de
ensino e
aprendizagem
Quant.
Sim 11 Entre 1 – 2 anos 07 Sim 12
Não 04 Entre 3 – 5 anos 04 Não 02
Entre 7 – 10 anos 00
Mais de 10 anos 00
Não tem 03
TOTAL 14 - 14 - 14 Fonte: Autora da pesquisa
114
Na tabela 15, com relação ao exercício da atividade docente, dos 14 (catorze)
participantes da pesquisa, 11 (onze) responderam que já exerceram ou exercem atividade
docente e 04 (quatro) não exerceram atividade docente. Quanto ao tempo de atuação
profissional, 07 (sete) participantes têm entre 1 a 2 anos, 04 (quatro) participantes têm entre 3
a 5 anos, e 03 (três) participantes não tem tempo de experiência docente. Perguntamos aos
nossos participantes se eles utilizariam o vídeo em sala de aula, e 12 (doze) responderam que
utilizariam o vídeo como ferramenta de ensino e aprendizagem e somente 02 (dois) não
utilizariam o vídeo. Apesar de serem jovens e ainda na Graduação, a maioria deles tem
experiência profissional entre 1 a 5 anos de atuação, como também a maioria concorda com o
uso de vídeos em sala de aula.
Dessa forma concluímos a organização dos dados coletados referente ao primeiro
questionário. Vamos agora passar para o segundo questionário.
4.5.2.2 Questionário 2
O questionário 2 é composto por 01 (uma) questão com livre resposta e mais 12 (doze)
questões com alternativas em uma escala numerada de 1 (um) a 5 (cinco) , para as respostas,
sendo a alternativa 1 (um) para discordo totalmente (está muito ruim), a alternativa 2 (dois)
para discordo (está ruim), a alternativa 3 (três) não sei (desconheço o assunto, não entendi),
alternativa 4 (quatro) para concordo (está bom) e a alternativa 5 (cinco) para um concordo
totalmente (está muito bom). Esta avaliação nos deu uma perspectiva do vídeo quanto a sua
forma, seu conteúdo e a sua metodologia. A seguir, apresentamos os dados tabulados que
discriminam o quantitativo dos participantes das três pesquisas realizadas, construímos uma
tabela para cada questão do questionário 2.
Tabela 16 – Questão1: Motiva professores a realizarem uma Pós-Graduação.
PARTICIPANTES ESCALA LIKERT TOTAL
1 2 3 4 5
ENEM - - 2 3 5 10
PROFESSORES
DO MUNICÍPIO
DE NATAL
- - - 2 5 07
UFRN 1 8 5 14
TOTAL - - 03 13 15 31
Fonte: Autora da pesquisa
115
Com relação à primeira pergunta, se o vídeo motiva professores a realizarem uma Pós-
Graduação, podemos ver que dos participantes da pesquisa que estavam no ENEM, 02 (dois)
responderam não sei, 03 (três) responderam que concordam e 05 (cinco) responderam que
concordavam totalmente. Neste público, tivemos metade dos participantes com titulação de
Doutorado e consideramos que houve uma reação positiva para essa questão, reafirmando um
dos nossos objetivos para o vídeo, que tem a função de motivar professores.
Para os professores da Rede Municipal de Ensino de Natal, tivemos 05 (cinco) que
responderam concordam totalmente e 02 (dois) que concordam. Logo, consideramos um
ótimo resultado em virtude desses professores não terem ainda realizado uma Pós-Graduação
stricto sensu, dessa forma entendemos, que conseguimos atingir o objetivo esperado.
Para os alunos da UFRN, tivemos 05 (cinco) alunos que responderam concordar
totalmente, 08 (oito) concordam e somente 01 (um) respondeu que não sabe, estes
participantes possuem menos experiência profissional, mas consideramos que foi positivo o
resultado, pois somente um afirmou não saber. Vale lembrar que tivemos dois deles que não
tiveram interesse em fazer uma Pós-Graduação, então, podemos entender que a dúvida de não
saber se o vídeo motiva ou não, está relacionada com os objetivos pessoais, de não fazer uma
Pós-Graduação.
Tabela 17 – Questão 2: Mostra informações sobre Pós-graduação de forma clara.
PARTICIPANTES ESCALA LIKERT TOTAL
1 2 3 4 5
ENEM - - - 4 6 10
PROFESSORES
DO MUNICÍPIO
DE NATAL
- - - 2 5 07
UFRN - - - 6 8 14
TOTAL - - - 12 19 31
Fonte: Autora da pesquisa
Para a questão 2, na qual procuramos saber se o vídeo informa claramente sobre Pós-
Graduação tivemos, entre os participantes do ENEM, que 04 (quatro) concordam e 06 (seis)
concordam totalmente. Para os professores do município de Natal, 04 (quatro) concordam e
06 (seis) concordam totalmente. Quanto aos alunos de Graduação da UFRN, 06 (seis)
concordam e 08 (oito) concordam totalmente, um ótimo resultado para essa questão. Assim,
nos três públicos, tivemos um total de 12 (doze) participantes que concordam e 19 (dezenove)
116
participantes que concordam totalmente. Isso nos mostra que o vídeo realmente tem
informações claras sobre uma Pós-Graduação, ninguém teve dúvida quanto a isto.
Tabela 18 – Questão 3: Mostra informações importantes para uma pessoa que pretende fazer uma Pós-
Graduação.
PARTICIPANTES ESCALA LIKERT TOTAL
1 2 3 4 5
ENEM - - - 6 4 10
PROFESSORES
DO MUNICÍPIO
DE NATAL
- - - 1 6 07
UFRN - - 1 2 11 14
TOTAL 1 9 21 31
Fonte: Autora da pesquisa
Com relação à questão 3 (três), tivemos, entre os participantes do ENEM, que 6 (seis)
concordam e 4 (quatro) concordam totalmente. Para os professores de Natal, tivemos 01(um)
participante que concorda e 06 (seis) concordam totalmente. E para os alunos da UFRN,
tivemos 02 (dois) que concordam, 09 (nove) concordam totalmente e somente 01(um)
participante respondeu que não sabia. Assim, entendemos que a maioria dos participantes
entendeu que o vídeo mostra informações importantes para uma pessoa que pretende fazer
uma Pós-Graduação.
Tabela 19 – Questão 4: Mostra alguns fatores motivadores para se fazer uma Pós-Graduação
PARTICIPANTES ESCALA LIKERT TOTAL
1 2 3 4 5
ENEM 1 - 1 5 3 10
PROFESSORES
DO MUNICÍPIO
DE NATAL
- - - - 7 07
UFRN - 2 - 3 9 14
TOTAL 1 2 1 8 19 31
Fonte: Autora da pesquisa
117
Na tabela 19, temos o resultado da questão 4 (quatro), que se refere a fatores
motivadores que o vídeo traz para se fazer uma Pós-graduação. No público do ENEM,
tivemos 01 (um) participante que discordou totalmente, 01(um) que não sabe ou não
entendeu, 05(cinco) concordam e 03 (três) concordam totalmente. Mesmo tendo um
participante afirmado de forma contrária, entendemos que a maioria concordou, então,
inferimos ter sido um bom resultado sobre esta questão.
Para o público dos professores de Natal, todos os participantes concordaram
totalmente, isso mostra que eles conseguiram identificar no vídeo fatores motivadores para
realização de uma Pós-Graduação.
Os alunos de Graduação, somente 02 (dois) discordaram, enquanto que 03 (três)
concordaram e 09 (nove) concordaram totalmente. Assim, novamente temos uma boa
avaliação do vídeo quanto ao aspecto de fatores motivadores mostrado pelo vídeo.
Tabela 20 – Questão 5: Mostra alguns fatores desmotivadores para se fazer uma Pós-
Graduação.
PARTICIPANTES ESCALA LIKERT TOTAL
1 2 3 4 5
ENEM 4 2 1 1 2 10
PROFESSORES
DO MUNICÍPIO
DE NATAL
1 2 - 2 2 07
UFRN 2 5 2 1 4 14
TOTAL 7 9 3 4 8 31
Fonte: Autora da pesquisa
A tabela 20 mostra o quantitativo acerca da questão sobre fatores desmotivadores para
se fazer uma Pós-Graduação. Do público do ENEM, tivemos 04 (quatro) participantes que
discordam totalmente, pois eles acharam que o vídeo não trazia nada de desmotivador, pelo
contrário, o vídeo, só motiva. Para esta questão percebemos que houve duas interpretações,
alguns dos participantes falaram que o vídeo era muito motivador, por isso, discordavam que
o vídeo desmotivasse, outros entenderam que o vídeo mostrava os fatores que mais
contribuem para que uma pessoa desista de fazer uma Pós-Graduação. Esta última
interpretação era objetivo da questão, mas como houve diferentes entendimentos, percebemos
que os dados ficaram bastante dispersos.
118
Tabela 21 – Questão 6: Mostra que alguns egressos do Programa de Pós-Graduação da UFRN
são atualmente professores e/ou pesquisadores nesta universidade.
PARTICIPANTES ESCALA LIKERT TOTAL
1 2 3 4 5
ENEM - - - 2 8 10
PROFESSORES
DO MUNICÍPIO
DE NATAL
- - - - 7 07
UFRN - 1 1 2 10 14
TOTAL 1 1 4 25 31
Fonte: Autora da pesquisa
A tabela 21 apresenta o quantitativo da questão dos egressos do Programa que são
professores na UFRN e que são mostrados no vídeo. Entre os participantes do ENEM, 08
(oito) responderam que concordam totalmente e 02 (dois) concordam, demonstrando um bom
resultado para essa questão. Os participantes, professores do munícipio de Natal, todos
concordaram totalmente. Para os participantes da UFRN, temos 10 (dez) que concordam
totalmente, 02 (dois) concordam, 01 (um) respondeu não sei e outro respondeu discordo.
Neste público, tivemos que a maioria respondeu que concorda totalmente, o que nos faz
considerar um ótimo resultado, tendo em vista que ainda são alunos de Graduação. As três
pesquisas mostram um resultado satisfatório para essa questão, com 25 (vinte e cinco) em um
total de 31 (trinta e um) deles concordando totalmente.
Tabela 22 – Questão 7: Pode ser utilizado como recurso didático em cursos de Graduação e
Pós-Graduação.
PARTICIPANTES ESCALA LIKERT TOTAL
1 2 3 4 5
ENEM - - - 4 6 10
PROFESSORES
DO MUNICÍPIO
DE NATAL
- - 1 1 5 07
UFRN - 1 2 3 8 14
TOTAL - 1 3 8 19 31
Fonte: Autora da pesquisa
119
Na tabela 22, temos o quantitativo para a questão 7, sobre a utilização do vídeo como
recurso didático. Assim, do público do ENEM, 06 (seis) responderam que concordam
totalmente e 04 (quatro) concordam, isso mostra um bom resultado, pois, nesse público,
verificamos que quase a metade não cursou a disciplina História da Educação Matemática,
que é a disciplina que se relaciona com a história do vídeo. Os participantes, professores de
Natal, tivemos 05 (cinco) que concordam totalmente, 01(concorda) e somente 01 (um) não
sabe; logo, um bom resultado para essa questão, pois esses alunos que ainda estão na
Graduação já passaram pela disciplina HEM, dessa forma, entendemos que eles
compreenderam bem nossas colocações no vídeo. De forma geral, para os três públicos,
tivemos um bom resultado.
Tabela 23 – Questão 8: Dá para compreender alguns aspectos relacionados a HEM na Pós-
Graduação da UFRN.
PARTICIPANTES ESCALA LIKERT TOTAL
1 2 3 4 5
ENEM - 1 1 3 5 10
PROFESSORES
DO MUNICÍPIO
DE NATAL
- - - 3 4 07
UFRN - - 1 6 7 14
TOTAL - 1 2 12 16 31
Fonte: Autora da pesquisa
A tabela 23 trata a questão sobre a compreensão dos aspectos relacionados a HEM na
Pós-graduação da UFRN. Nesta, dos participantes do ENEM, 05 (cinco) concordam
totalmente, 03 (três) concordam, 01(um) respondeu não sei e 01 (um) discorda, logo, a nosso
ver, um bom resultado alcançado. Dos professores do município de Natal, 04 (quatro)
concordam totalmente e 03 (três) concordam, um ótimo resultado para esta questão. Dos
alunos da UFRN, 07 (sete) concordam totalmente, 06 (seis) concordam e 01 (um) não sabe.
Entendemos ser um bom resultado, tendo em vista que esses alunos já passaram pela
disciplina HEM. De forma geral, entendemos ter sido um ótimo resultado para a questão
apontada, pois tivemos 16 (dezesseis) participantes que concordaram totalmente e 12 (doze)
que concordam.
120
Tabela 24 – Questão 9: Mostra quais foram os professores pioneiros nas pesquisas em
Educação Matemática na UFRN
PARTICIPANTES ESCALA LIKERT TOTAL
1 2 3 4 5
ENEM - - - 1 9 10
PROFESSORES
DO MUNICÍPIO
DE NATAL
- - - - 7 07
UFRN - - - - 14 14
TOTAL - - - 1 30 31
Fonte: Autora da pesquisa
A tabela 24 nos mostra ótimos resultados, pois dos 31 (trinta e um) participantes das
três pesquisas, 30 (trinta) concordam totalmente e 01 (um) participante respondeu que
concorda. Analisando as três aplicações da pesquisa, podemos verificar que todos
concordaram, demonstrando não haver dúvida que o vídeo mostra os professores pioneiros
nas pesquisas em Educação Matemática na UFRN.
Tabela 25 – Questão 10: É um importante recurso áudio visual que facilita o conhecimento e
possibilita o registro de pesquisas historiográficas, como a apresentada.
PARTICIPANTES ESCALA LIKERT TOTAL
1 2 3 4 5
ENEM - 2 - 3 5 10
PROFESSORES
DO MUNICÍPIO
DE NATAL
- - - 2 5 07
UFRN - - 1 5 8 14
TOTAL - 2 1 10 18 31
Fonte: Autora da pesquisa
Na tabela 25, temos o quantitativo acerca do questionamento se o vídeo é um
importante recurso áudio visual que facilita o conhecimento e possibilita o registro de
pesquisas historiográficas, como a apresentada. Nesta, dos participantes do ENEM que
responderam, 05 (cinco) concordam totalmente, 03 (três) concordam e 02 (dois) discordam,
um bom resultado apesar de haver dois participantes contrários, que consideramos ser um
pequeno número em relação ao total. Para os participantes, professores do munícipio de Natal,
121
05 (cinco) concordam totalmente e 02 (dois) concordam, um ótimo resultado. E dos
participantes da UFRN, 08 (oito) concordam totalmente, 05 (cinco) concordam e somente 01
(um) não sabe, outro bom resultado para essa questão.
Tabela 26 – Questão 11: relaciona os professores pesquisadores que ao longo do tempo vem
desenvolvendo pesquisas no campo da Educação Matemática, na UFRN. Isto propõe uma
ação de valorização da carreira docente.
PARTICIPANTES ESCALA LIKERT TOTAL
1 2 3 4 5
ENEM - 1 2 2 5 10
PROFESSORES
DO MUNICÍPIO
DE NATAL
- - - 1 6 07
UFRN - - 1 4 9 14
TOTAL - 1 3 7 20 31
Fonte: Autora da pesquisa
A tabela 26, temos a questão que perguntou se o vídeo relaciona os professores
pesquisadores, que ao longo do tempo desenvolvem pesquisas no campo da Educação
Matemática, na UFRN, sendo esta uma ação de valorização da carreira docente. Nesta, dos
participantes do ENEM, 05 (cinco) concordam totalmente, 02 (dois) concordam, 02 (dois) não
sabem, e 01 (um) discorda. Para os participantes, professores de Natal, tivemos que 06 (seis)
concordam totalmente e 01 (um) concorda. Nos participantes da UFRN, 09 (nove) concordam
totalmente, 04 (quatro) concordam, 01 (um) não sabe. Temos um bom resultado para essa
questão, com apenas um participante discordando e três que responderam não saber, talvez a
questão tenha causado dúvida, pois é necessário entender o que seria ação de valorização da
carreira docente, que para nós significa entre outras coisas, mostrar que os professores se
preocupam com sua formação e buscam por uma Pós-Graduação e que ela pode levar a uma
ascensão profissional, no que se refere a salário e colocação profissional nas universidades.
122
Tabela 27 – Questão 12: É satisfatório quanto ao tempo de duração.
PARTICIPANTES ESCALA LIKERT TOTAL
1 2 3 4 5
ENEM - - - 3 7 10
PROFESSORES
DO MUNICÍPIO
DE NATAL
- - - 1 6 07
UFRN - 1 - 4 9 14
TOTAL - 1 - 8 22 31
Fonte: Autora da pesquisa
Na tabela 27, temos a questão da satisfação quanto ao tempo de duração do vídeo.
Nesta, tivemos praticamente todos respondendo positivamente, demonstrando que o vídeo
tem um bom tempo de duração. Dos 31 (trinta e um) participantes das três pesquisas, 22
(vinte e dois) concordam totalmente, 8 (oito) concordam e somente 01 (um) discorda, sendo
este participante um aluno de Graduação da UFRN, que nos disse que só discordou por que
gostaria que o vídeo apresentasse mais informações da Pós-Graduação.
Quanto ao espaço destinado a “Críticas e sugestões”, que consideramos como uma
questão aberta, tivemos pontos positivos e negativos. Dos pontos positivos, apontamos as
seguintes afirmações: “o vídeo é adequado para informar a respeito do assunto”, e que “o
tempo de duração é bastante adequado”. Além disso, um dos participantes considerou que um
ponto bastante positivo no vídeo foi mostrar que os professores orientadores, Fossa,
Bernadete e Arlete, conseguiram despertar um interesse genuíno pela pesquisa. Tivemos
elogios para a narração, e consideraram que a fala da narradora estava em um bom tom.
Alguns também escreveram que se tratava de um excelente trabalho, criativo, em pouco
tempo muita informação e motivador para formação continuada.
Os pontos negativos foram de que o áudio estava baixo, as sequências de imagens
poderiam ser intercaladas com mais animação e que o vídeo só alcançaria seus objetivos se
tivesse uma intermediação do professor. A trilha sonora durante todo o vídeo foi dada como
incômoda e cansativa.
A partir das observações feitas pelos participantes, fizemos algumas alterações no
vídeo. Modificamos a trilha sonora, pois observamos que realmente estava bem cansativa e
refizemos todo o áudio com um equipamento adequado para gravação, assim ficamos com um
áudio melhor e sem ruídos.
123
CONSIDERAÇÕES FINAIS
[...] isso foi crescendo, sem apoio financeiro, mas
não precisava, a única coisa que pedimos ao diretor
na época, foi uma sala e um computador, até a
secretaria o diretor criou algo informal, não
precisou de apoio financeiro naquele momento.
Montamos o projeto conjuntamente com Física,
Química e Matemática, e enviamos, foi aprovado,
mas veio uma visita técnica, em um ano foi feito
tudo, inclusive o edital para a primeira turma.
(BORBA, 2015).
Nesta dissertação, procuramos construir um cenário para a Educação Matemática
presente em dois Programas de Pós-Graduação da UFRN. Nossa intenção foi mostrar como
iniciou e se consolidou a pesquisa em Educação Matemática, no Estado do RN. Tal esforço
nos levou ao encontro com pesquisadores que foram importantes no processo de constituição
e de consolidação de Programas de Pós-Graduação na UFRN. A epígrafe acima citada por
Borba (2015) nos dá uma ideia das lutas empreendidas por esses professores para
conseguirem formar espaços científicos de pesquisas acadêmicas. E é com o espírito renovado
por emoções de lutas e vitórias compartilhadas com eles que escrevemos nossas
considerações finais acerca da pesquisa.
Antes, lembremos que nossa questão foco foi “Como iniciou e se consolidou a
pesquisa em Educação Matemática, no Estado do Rio Grande do Norte (RN)?” Na busca em
respondê-la, apontamos que pesquisas em Educação Matemática começaram a surgir no
cenário educacional do RN, a partir da iniciativa do professor PhD John Andrew Fossa, pois
seus projetos de pesquisa se voltavam fortemente para a História da Matemática e
impulsionaram o desenvolvimento de pesquisas científicas voltadas para essa nova tendência
da Educação Matemática, de modo que ele contribuiu significativamente com a pesquisa na
área de EM na UFRN, orientando dissertações e teses desenvolvidas no PPGED e no
PPGECNM.
Esses projetos começaram a ser desenvolvidos junto ao PPGED, no ano de 1994, vale
dizer que até então não havia espaço para cursos de Pós-Graduação em Educação Matemática,
nem muito menos professores que orientassem pesquisas na área de Matemática, na UFRN.
Os projetos iniciados pelo professor Fossa foram tão importantes no que se refere ao
desenvolvimento científico que, no ano de 1995, é criada uma Linha de Pesquisa chamada de
124
Educação Matemática, colocando definitivamente o RN como produtor de pesquisas em
Educação Matemática.
Assim, damos destaque ao professor Fossa como o percursor da Educação Matemática
no RN, um pesquisador que com sua visão e um pensamento evolucionista deu início ao que
podemos considerar como movimento da EM no RN, esses movimentos aos quais nos
referimos são com relação a direcionamento e foco de pesquisas que foram e ainda estão
sendo implementadas nos Programas referenciados nesta pesquisa, por meio de formação de
grupo de pesquisa, participação e planejamentos de eventos, produção bibliográficas,
produção de materiais didáticos, entre outros.
Em relação a produção científica, o professor Fossa, ao longo de sua carreira, produziu
um grande capital cultural. (BOURDIEU, 2013). Ao todo, são 40 (quarenta) anos de
dedicação à pesquisa, com produção de mais de 30 (trinta) livros, diversos artigos, mais de 40
(quarenta) orientações de Mestrado e Doutorado. A intenção não é colocar um quantitativo,
mas mostrar a importância e o grande trabalho deste professor que deixou na sua forma de
orientar, modelos que foram seguidos e renovados, dando lugar a novas pesquisas, novos
grupos de pesquisa que tem em sua gênese a forma de pensamento de um pesquisador que
deixou sua marca para outras gerações de pesquisadores, em especial, os egressos do PPGED
que ele orientou, que tão bem, dão continuidade as pesquisas na UFRN.
Nesta perspectiva as professoras Dra. Bernadete Barbosa Morey e Dra. Arlete de Jesus
Brito também fizeram parte desse início das pesquisas e contribuíram bastante para
consolidação da Educação Matemática como campo de pesquisa no RN. Então, estas duas
professoras e o professor Fossa formaram o primeiro grupo de pesquisadores da EM, e
posteriormente, participaram da constituição de um outro Programa da Pós-Graduação, o
PPGECNM, sendo agora, dois Programas de Pós-Graduação que em suas características de
pesquisas identificamos uma forte tendência para temáticas em História da Matemática,
História da Educação Matemática e Educação Matemática, devido ao coletivo de pensamento
por eles implementados. (FLECK, 2010).
Essas tendências nas pesquisas foram transmitidas aos professores-orientadores atuais,
que em sua maioria são egressos do PPGED, assim, em suas raízes de formação profissional
temos o efeito da sequência do processo do conhecimento, fator social que influência o
conhecimento científico, e o mantém a margem de concepções decorrentes. (FLECK, 20110).
Outro ponto bastante significativo que devemos mencionar nesta pesquisa é que todos
os entrevistados foram bastante emotivos ao relembrarem de suas lutas pelo desenvolvimento
125
da área de Ensino, Ciências e Matemática, e todos deixaram bem claro que não houve
inicialmente nenhum recurso financeiro para implementação do PPGECNM.
Neste estudo evidenciamos também que os Programas de Mestrado Profissional
tiveram em suas raízes epistemológicas o peso das políticas públicas que muitas vezes são
decididas a partir do desenvolvimento do mercado financeiro, na medida em que o governo
criou uma nova modalidade de Pós-Graduação, mas, voltada para a iniciativa privada, tanto
que não havia verba para custear os custos de um Mestrado Profissional em uma universidade
pública Federal, como a UFRN. Contudo, o PPGECNM foi instituído, e hoje temos um
Programa que se destaca nacionalmente, com nota 4 (quatro) na avaliação trienal 2013 da
CAPES, nota relativa a um bom desempenho, visto que a escala das notas fica entre 1 (um) e
7 (sete).
Dessa forma, o PPGECNM é resultado de um grande trabalho desenvolvido por
professores que almejavam melhorias para o segmento da Educação Básica do nosso estado,
uma vez que este Programa é da modalidade Profissional e voltado para professores que estão
em sala de aula. Observamos que o número de dissertações no campo da EM se configurou de
forma bem expressiva neste Programa, pois em todos os anos, a partir de 2004, tivemos uma
média de aproximadamente 5 (cinco) dissertações defendidas.
Quanto ao Produto Educacional produzido a partir desta pesquisa, consideramos que
foi bem avaliado em todos os critérios que apontamos no questionário. Foi considerado um
vídeo motivador para professores que ainda não fizeram uma Pós-Graduação ou um
instrumento de pesquisa para graduandos do Curso de Matemática que desejam conhecer a
HEM do RN. Também o consideramos um instrumento transformador na geração de
perspectivas e valorização da formação continuada.
Vale lembrar, que nas entrevistas que realizamos nos deparamos com várias histórias
de professores que nos motivaram ainda mais para a escrita desta historiografia. Foram tantas
histórias que poderíamos escrever um novo capítulo, mas, o foco da pesquisa nos impediu de
fazer isso, assim, tivemos que selecionar trechos das entrevistas que nos levaram a
compressão de nosso objeto de pesquisa. Entretanto, gostaríamos de deixar registrado um
pouco da fala desses professores que tiveram uma participação significativa no PPGECNM.
Um dos nossos entrevistados foi o professor Jafelice, este professor participou
ativamente na instituição do PPGECNM, pois para ele o Programa é importante para a
capacitação do professor, mas questionável no sentido de haver uma submissão às regras
impostas pela CAPES. Para ele essas regras são desumanas e estão atreladas a ideários de
quantidade, competitividade e produtividade, que são três características induzidas pela
126
economia de mercado, que ele chamou de “políticas produtivistas e desumanizadoras”. Por
não concordar com essas imposições o professor se desligou do PPGECNM no ano de 2010, e
mesmo estando aposentado atualmente, ainda contribuí com algumas pesquisas, seja com
palestras ou como consultor. A resistência desse professor nos leva a pensar que diariamente
enfrentamos esses espaços de lutas e forças na busca de autoridade científica. (BOURDIEU,
1983). Nesse sentido, Foucault (2007a), nos diz que:
[...] os intelectuais que não é, portanto, ‘o portador de valores
universais’; ele é alguém que ocupa uma posição específica, mas cuja
especificidade está ligada às funções gerais do dispositivo de verdade
em nossas sociedades. Em outras palavras, o intelectual tem uma tripla
especificidade: a especificidade de sua posição de classe (pequeno
burguês a serviço do capitalismo, intelectual "orgânico" do
proletariado); a especificidade de suas condições de vida e de
trabalho, ligadas à sua condição de intelectual (seu domínio de
pesquisa, seu lugar no laboratório, as exigências políticas a que se
submete, ou contra as quais se revolta, na universidade, no hospital,
etc.). (FOUCAULT, 2007a, p. 11).
Dessa forma, fazemos nossas escolhas, a partir das nossas condições de vida e
trabalho, que estão ligadas à nossa condição intelectual, e essa condição poderá nos submeter
a condições impostas, não no sentido de subserviência, mas ancorado em objetivos que
achamos pertinentes; ou poderemos nos revoltar, contra um sistema que não concordamos, e
foi o que aconteceu com o professor Jafelice.
Assim como o professor Jafelice e tantos outros professores que estiveram ou ainda
estão em um campo científico, muito bem definido por Bourdieu (1983), como espaços de
lutas e de buscas por saberes científicos, ao fazermos esta pesquisa, nos constituímos como
pesquisadores, na medida em que melhoramos nossas concepções de mundo e de
profissionais da educação. Nesse caminhar de um pesquisador em formação, passamos a
compreender um pouco mais de nossas raízes epistemológicas, reiteramos o nosso respeito à
pesquisa, que nos levou, muitas vezes, a escolha de referenciais, na busca de compreender
uma dada realidade, seja atual ou a posteriori. Dessa forma, nos tornamos seres mais
conscientes e críticos da realidade a qual fazemos parte, aumentando nosso desejo de um
mundo mais igual e sem exclusão.
Isto posto, queremos deixar registrado nossa admiração e agradecimentos a todos os
professores que participaram desta pesquisa, pois foram suas memórias e lembranças que
tornaram possível a escrita desta história, que não pretende ser uma história única e
127
verdadeira, pois, segundo Albuquerque Júnior (2007), a história “jamais será uma ciência
capaz de proposições inquestionáveis” (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2007, p.64).
Por conseguinte, queremos que essa história possa gerar outras histórias, dando
continuidade à HEM no RN.
128
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. História: A Arte de Inventar o Passado.
Ensaios de teoria da História. Bauru, SP: Edusc, 2007.
BACELLAR, Carlos. Fontes documentais uso e mau uso dos arquivos. In: PINSKY, Carla
Bassanezi (Org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005.
BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. Pesquisa em Educação Matemática. In.: Revista Pro-
Posições. Vol. 4. Nº 01. Mar/1993.
BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da História ou O ofício de historiador. Rio de
Janeiro: Zahar, 2001.
BORBA, Gilvan Luiz. Depoimento [10 dez. 2015]. Natal (RN), 2015. Entrevista concedida a
Wguineuma Pereira Avelino Cardoso.
BORGES, Vavy Pacheco. O que é História. São Paulo: Brasiliense, 1993.
BORGES-ANDRADE, Jairo Eduardo. Em busca do Conceito de linha de pesquisa. In:
Revista de Administração Contemporânea. Curitiba, v.7, n.2, p.157-170, abr./jun.2003.
Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/rac/v7n2/v7n2a09.pdf>. Acesso em 07 fev.2016.
BOURDIEU, Pierre. Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.
BRASIL. Parecer CNE/CES nº 0079/2002.
BRASIL. Parecer do CFE nº 977/65, aprovado em 3 dez 1965.
BRASIL. I Plano Nacional de Pós-Graduação, 1974.
BRASIL, Resolução do CFE nº 05/83, aprovada em 10 mar 1983.
BRASIL, Plano Nacional de Educação, Lei nº 13.005, 25 de jun de 2014.
BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. LDB - Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961.
Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1961.
BRASIL, Observatório do Plano Nacional de Educação (PNE). Disponível em:< http://www.observatoriodopne.org.br>Acesso em: 03 jul 2016.
BRASIL, Ministério da Educação e Cultura (MEC). Disponível em<
http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=40361#nem_01>Acesso em 04 jun
2017.
BRASIL, Resolução do CNE nº 1/2001, aprovada em 03 abr 2001.
BRITO, Arlete de Jesus. Depoimento [06 nov. 2015]. Belém (PA), 2015. Entrevista
concedida a Wguineuma Pereira Avelino Cardoso.
BURKE, Peter (org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora Unesp,
2011.
BURKE, Peter. História e teoria social. 2.ed. ampl. São Paulo: Editora UNESP, 2012.
CAPES, Ministério da Educação. Qual a diferença entre mestrado acadêmico e mestrado
profissional? Disponível em <9+8-u, > . Acesso em: 07 jun. 2015.
CAPES, Portaria nº 10/2003, aprovada em 16 abril 2003.
CAPES, Portaria nº 47 de 17 de outubro de 1995.
129
CAPES. Mestrado no Brasil: a situação e uma nova perspectiva. In.: Revista Brasileira de
Educação, vol. nº 2, nº 04, jul. 2005.
CAPES, Documentos de Área. Disponível em:< https://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/Criterios_APCNs_Ensino.pdf>
Acesso em:05 jun 2017.
CAPES, Documentos Indicadores. Disponível em: <
http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/CadernoAvaliacaoServlet >. Acesso em 12 jan
2016.
CASTRO, Cláudio de Moura. A hora do mestrado profissional. In.: Revista Brasileira de
Educação, vol. nº 2, nº 04, jul. 2005.
CIRANI, Claudia Brito Silva, CAMPANARIO, Milton de Abreu, SILVA, Heloisa Helena
Marque da. A Evolução da Pós-Graduação Stricto Senso no Brasil: Análise exploratória e
proposições para pesquisa. In.: Revista da Avaliação da Educação Superior
(AVALIAÇÂO). Vol. nº 20, nº 01, 2015.
CUNHA, Luísa Margarida Antunes da. Modelos Rasch e Escalas de Likert e Thurstone na
medição de atitudes. Dissertação (Mestrado em Probabilidade e Estatística). Universidade de
Lisboa. Faculdade de Ciências, 2007.
CURY, Carlos Roberto Jamil. Quadragésimo ano do parecer CFE nº 977/65. In: Revista
Brasileira de Educação, n. 30, setembro-dezembro, 2005, p. 7-20. Rio de Janeiro:
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. São
Paulo: Autêntica, 2002. D´AMBROSIO, Ubiratan. Características distintas da História da
Matemática e da Educação Matemática em países da América Latina. HISTEMAT. Ano 1. n.
1, 2015. Disponível em: <http://histemat.com.br/index.php/HISTEMAT/article/view/17/21>
Acesso em:15 mai 2017.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Introdução. In.: XAVIER, C.C. Mapeamento de educação
matemática no Brasil, 1995: pesquisas, estudos, trabalhos técnicos-científicos por sub-
área temática. Brasília: Instituto nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP),
1996.
DIAS, Rodrigo Francisco. Em busca da definição: Mas afinal... o que é mesmo
documentário? de Fernão Pessoa Ramos. In: Revista de História e Estudos Culturais. v. 6,
ano 6, nº 02, abr, mai e jun de 2009.
FERRÉS, J. Vídeo e Educação. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
FISCHER, Tânia. Mestrado profissional como prática acadêmica. In.: Revista Brasileira de
Pós-Graduação. v. 2, nº 4, jul. de 2005.
FIORENTINI, Dario. Rumos da Pesquisa Brasileira em Educação Matemática: O caso da
produção científica em cursos de Pós-Graduação. Tese (Doutorado em Educação) –
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Educação. Campinas/SP.
1994.
FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sérgio. Investigação em Educação Matemática:
percursos teóricos e metodológicos. Campinas: Autores Associados, 2009. (Coleção
Formação de Professores).
FLECK, Ludwik. Gênese e Desenvolvimento de um Fato Científico. Belo Horizonte:
Febrefactum, 2010.
130
FOSSA, John Andrew. Depoimento [04 set. 2015]. Natal (RN), 2015. Entrevista concedida a
Wguineuma Pereira Avelino Cardoso.
FOSSA, John Andrew. Teoria Intuicionista da Educação Matemática. Natal/RN:
EDUFRN, 1998.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 24 ed. São Paulo: Edições Graal, 2007a.
GARNICA, Antônio Vicente Marafioti; SOUZA, Luzia Aparecida. Elementos de História
da Educação Matemática. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. ed. 4ª. São Paulo: Atlas, 2002.
GOMES, Maria Laura Magalhães. O ENAPHEM e a História da Educação Matemática no
Brasil: comemorar, pertencer, problematizar. In.: GARNICA, Vicente Marafioti. Pesquisa em
História da Educação Matemática no Brasil: sob o signo da pluralidade. São Paulo: Editora
Livraria da Física, 2016.
GUTIERRE, Liliane dos Santos. O ensino de matemática no Rio Grande do Norte:
trajetória de uma Modernização (1950-1980). Tese (Doutorado em Educação) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Programa de Pós-
graduação em Educação. Natal/RN. 2008.
HAMPE, Barre. Escrevendo um documentário. Núcleo de Pesquisa e Produção Audiovisual
em Geografia (NUPAG). IGCE-UNESP/Rio Claro, 2008.Disponível em:
<http://lsgasques.blogs.unipar.br/files/2008/05/escrevendo-um-documentario.pdf>Acesso em:
01 maio 2016.
IMBERNÓN, Francisco. Formação continuada de professores. Porto Alegre: ARTMED,
2010.
JAFELICE, Luiz Carlos. Depoimento [04 dez. 2015]. Natal (RN), 2015. Entrevista concedida
a Wguineuma Pereira Avelino Cardoso.
KILPATRICK, J. Fincando estacas: Uma tentativa de demarcar a Educação Matemática como
campo profissional e científico. Tradução de Rosana G. S. Miskulin, Cármen Lúcia B.
Passos,Regina C. Grando e Elisabeth A. Araújo. In.: Zetetiké. Campinas, v.4, n.5, p. 99-120,
jan. / jun.1996.
LAVILLE, Cristian; DIONES, Jean. A Construção do Saber: Manual de Metodologia da
Pesquisa em Ciências Humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. 5.ed., Campinas, SP: Editora da Unicamp. 2003.
GARNICA, Antônio Vicente Marafioti. Resgatando oralidades para a história da Matemática
e da Educação Matemática brasileiras: o Movimento Matemática Moderna. In.: Zetetiké –
Cempem – FE – Unicamp – v. 16 – n. 30 – jul./dez. – 2008.
MAGALHÃES, Rita de Cássia Barbosa Paiva; RAFFIN, Fernanda Nervo; GUTIERRE,
Liliane dos Santos; AZEVEDO, Alcio Farias de. Formação docente na Pós-Graduação stricto
sensu: experiências na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. In.: Revista Brasileira
de Pós-Graduação (RBPG), v.13, nº 31 (mai/ago. 2016). Brasília: CAPES, 2016.
MEC. TV Escola: Oficina de produção de vídeos. 2013.
MEGID NETO, Jorge. Origens e desenvolvimento do Campo de Pesquisa em Educação em
Ciências no Brasil. In: A Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática no Brasil:
131
memória, programas e consolidação da pesquisa na área. Nardi, Roberto. Gonçalves (org.),
Terezinha Valim Oliver. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2014.
MENDES, Iran Abreu. Sobre a Pesquisa em Educação Matemática na UFRN. Revista de
Matemática, Ensino e Cultura – REMATEC. Natal (RN) - UFRN, jul. 2006. Entrevista, v.
1, n.1, p.6.
MENDES, Iran Abreu. Entre conversas profissionais e memórias de professores. In.: SILVA,
Neivaldo Oliveira. Educação Matemática no Pará: genealogia, institucionalização e traços
marcantes. São Paulo: Ed. Livraria da Física, 2015a.
MENDES, Iran Abreu. História da Matemática no Ensino: Entre trajetórias profissionais,
epistemológicas e pesquisas. São paulo: Editora Livraria da Física, 2015b.
MIGUEL, Antônio; GARNICA, Antônio Vicente Marafioti; IGLIORI, Sonia Barbosa
Camargo; D’AMBROSIO, Ubiratan. A educação matemática: breve histórico, ações
implementadas questões sobre sua disciplinarização. In: Revista Brasileira de Educação. n.
27. Rio de Janeiro, 2004.
MORÁN, José Manuel. Revista Comunicação e Educação. São Paulo, 1995. Disponível
em:< http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/36131>Acesso em: 01 maio 2016.
MOREIRA, Marco Antônio. O mestrado (profissional) em ensino. Revista Brasileira de
Pós-Graduação. n. 1, p. 131-142, jul. 2004. Disponível em<http://ojs.rbps.capes.gov.br/index
Acesso em: 01 maio 2015.
MOREIRA, Marco Antônio. Nova Área de Ensino de Ciências e Matemática na CAPES e o
Mestrado em Ensino. In: Revista Brasileira de pesquisa em educação e Ciências. v. 1,nº 2.
2001.
MOREY, Bernadete Barbosa. Uma datação do catálogo estelar d’ Almagesto por métodos
matemáticos. In: GOLDFARB, José Luiz; FERRAZ, Márcia H. M. (Orgs.). VII Seminário
Nacional de História da Ciência e Tecnologia e VII reunião da rede de intercâmbios
para a História e a epistemologia das Ciências Químicas e Biológicas. São Paulo: SBHC,
2000.
MOREY, Bernadete Barbosa. Depoimento [27 out. 2015]. Natal (RN), 2015. Entrevista
concedida a Wguineuma Pereira Avelino Cardoso.
NEVES, Luiz Seixas das. Depoimento [01 dez. 2015]. Natal (RN), 2015. Entrevista
concedida a Wguineuma Pereira Avelino Cardoso.
NORONHA, Claudianny Amorim Noronha. Formação inicial e pós-graduação: reflexões
sobre ações integradas na formação do professor de Matemática. In.: Revista de Matemática,
Ensino e Cultura (REMATEC), ano nº 06, nº 09, Natal/RN: EDUFRN, 2011.
NUNES, Magda Soares. Políticas para a formação e profissionalização de professores
para o ensino superior: a contribuição do PROSUP. Dissertação (Mestrado) – Universidade
Católica de Minas Gerais – Programa de Pós-Graduação em Educação. Belo Horizonte/MG.
2006.
OSTERMANN, Fernanda. REZENDE, Flávia. Projetos de desenvolvimento e de pesquisa na
área de ensino de Ciências e Matemática: uma reflexão sobre os mestrados profissionais. Cad.
Bras. Ens. Fís., v. 26, n. 1: p. 66-80, abr. 2009.
RAMALHO, Betânia Leite; MADEIRA, Vicente de Paulo Carvalho. Revista Brasileira de
Educação. n. 30. Ed. Autores Associados LTDA, 2005. Disponível em
132
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-24782005000300006&script=sci_arttext>
Acesso em: 02 maio 2015.
RODRIGUES, Flávia Lima. Uma breve história sobre o cinema documentário brasileiro.
CES Revista, v.24, Juiz de Fora, 2010. Disponível em:<
http://www.cesjf.br/revistas/cesrevista/edicoes/2010/04_COMUNICACAO_cinemadocument
ario.pdf> Acesso em: 01 de maio de 2016.
SANTOS, Cássio Miranda dos. Tradições e contradições da pós-graduação no Brasil. In.
Revista Educação e Sociedade. Campinas, vol.24, n.83, p.627-641, agosto de 2003.
Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/es/v24n83/a16v2483.pdf>Acesso em: 10 fev. 2016.
SANTOS, Milton José Câmara dos. O percurso formativo do Programa de Pós-
Graduação em Educação da UFRN: a trajetória dos egressos mestres e doutores no período
de 1981 a 2005. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. Centro de Ciências Sociais e Aplicadas. Programa de Pós-Graduação em Educação.
2006.
SILVA, Márcia Gorette Lima da; NORONHA, Claudianny Amorim; ARAÚJO, Magnólia
Fernandes Florêncio de. 10 Anos do mestrado Profissional em Ensino de Ciências e
Matemática da UFRN: Revelando Novas Fronteiras. In: SILVA, Márcia Gorette Lima da;
NORONHA, Claudianny Amorim; ARAÚJO, Magnólia Fernandes Florêncio de. Temas de
Ensino e Formação de professores de Ciências. Natal/RN: EDUFRN, 2012.
SOARES, Débora da Silva; BORBA, Marcelo C. Os Caminhos da Metodologia no Pós-
GPIMEM: desenvolvendo uma árvore genealógica. In: REVEMAT. v.9. Ed. Junho.
Florianópolis/SC, 2014.
SOUZA, Luzia Aparecida de; SILVA, Carla Regina Mariano da. Narrativas e história oral:
possibilidade de investigação em Educação Matemática. Serie História da Matemática para o
Ensino, vol.7; São Paulo: Editora Livraria da Física, 2015
SOUZA, João Cláudio Rocha de; GUTIERRE, Liliane dos Santos. Anais do II Encontro
Nacional de Pesquisa em História da Educação Matemática (II ENAPHEM). Bauru/SP:
Faculdade de Ciências, 2014. Disponível m<http://www2.fc.unesp.br/enaphem/anais>.
Acesso em: 02 mai. 2015.
UFRN/CCSA. Catálogo de dissertações e teses do PPGED: 1981 – 2003. Departamento de
Biblioteconomia. Natal/RN. 2003.
UFRN. Projeto de Criação e Implantação do Programa de Pós-Graduação em Ensino de
Ciências Naturais e Matemática. Natal. 2001.
UFRN. Proposta de Reformulação do Programa de Pós-Graduação em Educação. Natal.
1993.
UFRN. Site do PPGECNM. Disponível em:
<https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/programa/areas.jsf?lc=pt_BR&id=134>. Acesso em 02 mar
2015.
UFRN. Site do PPGED. Disponível em: <http://www.ppged.ufrn.br/linhas_pesquisas.php.>.
Acesso em 02 mar 2015.
UFRN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Resolução nº 063/2010. Estabelece
normas e regulamenta as atividades de Assistência à Docência na Graduação da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. 2010. Disponível
em:<http://www.ppged.ufrn.br/arquivos/resolucoes/resol_063_2010_consepe.pdf>.Acesso
em:20 fev. 2016.
133
VALENTE, Wagner Rodrigues (Org.). História da Educação Matemática no Brasil:
problemáticas de pesquisa, fontes referências teóricas-metodológicas e histórias elaboradas.
São Paulo: Editora Livraria da Física, 2014.
134
APÊNDICES
135
APÊNDICE A
CARTA DE CESSÃO
CARTA DE CESSÃO
Eu, ___________________________, fui entrevistado (a) pela mestranda, Wguineuma
Pereira Avelino Cardoso, a respeito da minha atuação na Graduação e nos programas de Pós-
Graduação (PPGED/PPGECNM), enquanto professor, na UFRN. Após ter sido lida a
transcrição dessa entrevista, apresentada no formato de depoimento e por estar de pleno
acordo com seu conteúdo, autorizo a sua publicação em sua dissertação de mestrado no
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Campus Natal, como também, autorizo, em publicações
advindas desse estudo. Da mesma forma, autorizo a terceiros usar a transcrição, a gravação de
áudio e imagem realizadas no dia da entrevista pela mestranda, como uma fonte de pesquisa
acadêmica.
Natal, ___ de _______________ de _____.
____________________________________________
136
APÊNDICE B
CARTA DE CESSÃO COM ALTERAÇÕES FEITAS A PEDIDO DO PROFESSOR
JOHN ANDREW FOSSA
CARTA DE CESSÃO
Eu, John Andrew Fossa, fui entrevistado pela mestranda, Wguineuma Pereira Avelino
Cardoso, a respeito da minha atuação na graduação e nos programas de pós-graduação
(PPGED/PPGECNM), enquanto professor, na UFRN. Após ter sido lida a transcrição dessa
entrevista, apresentada no formato de depoimento e por estar de pleno acordo com seu
conteúdo, autorizo a sua publicação em sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-
Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Campus Natal, como também, autorizo, em publicações advindas desse
estudo. Da mesma forma, autorizo a terceiros usar a transcrição da entrevista realizada pela
mestranda, como uma fonte de pesquisa acadêmica.
Natal, 11 de novembro de 2015.
_____________________________________________
137
APÊNDICE C
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Professor Dr. John Andrew Fossa
1. Perfil do entrevistado:
1.1 Nome:
1.2 Idade:
1.3 Estado civil:
2. Trajetória na educação básica e acadêmica:
2.1 Onde o senhor iniciou sua vida estudantil?
2.2 Onde fez seu 1º, 2º e 3º graus?
2.3 Sua trajetória escolar teve alguma influência na escolha da profissão docente?
2.4 O que o levou a tornar-se um professor de Matemática? Como foi esta escolha?
3. Trajetória profissional (UFRN – PPGED – PPGECNM):
3.1 O senhor poderia nos contar onde se iniciou sua carreira docente? E como foi este
início de carreira?
3.2 O senhor poderia nos contar como se deu a sua aproximação com a UFRN? Como
o senhor se tornou professor dessa instituição?
3.3 Como se deu a sua aproximação com o PPGED?
3.4 O senhor poderia falar sobre como se constituiu a Linha de Pesquisa que o senhor
participou no PPGED?
3.5 Havia outros professores nessa Linha? Quem eram? Como aconteciam os estudos
dos senhores?
3.6 O senhor saberia dizer os motivos pelos quais eles não fazem mais parte?
3.7 Houve a criação de um grupo de pesquisa ou de estudos ou dos dois (estudos e
pesquisas)? Esse grupo está consolidado? Foi ou é certificado pela UFRN? Pelo
CNPq? Como está atualmente?
3.8 Para o senhor, qual a importância desse grupo na formação dos egressos e dos
alunos do PPGED?
3.9 Algum egresso ainda participa do grupo?
3.10 E sobre o outro programa que o senhor também faz parte, refiro-me ao
PPGECNM, o que o senhor poderia nos dizer? (Colaboração dele na criação do
programa, nas orientações de trabalhos, entre outros...).
3.11 Sabemos que o senhor se aposentou. No entanto, continua orientando trabalhos
nos dois programas. Quais os motivos que lhe levam a fazer esta escolha?
3.12 O senhor gostaria de colocar algo ou alguma coisa que eu não tenha
perguntado sobre o PPGED ou o PGECNM, ou até mesmo uma opinião pessoal
que o senhor gostaria de deixar sobre os Programas de Pós-Graduação, de forma
geral?
138
APÊNDICE D
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Professora Dra. Bernadete Barbosa Morey
1. Perfil da entrevistada:
1.1 Nome:
1.2 Idade:
1.3 Estado civil:
2. Trajetória na educação básica e acadêmica:
2.1 Onde a senhora iniciou sua vida estudantil?
2.2 Onde fez seu 1º, 2º e 3º graus?
2.3 Sua trajetória escolar teve alguma influência na escolha da profissão docente?
2.4 O que o levou a tornar-se uma professora de Matemática? Como foi esta
escolha?
2.5 A senhora poderia nos contar um pouco sobre sua formação fora do Brasil?
3. Trajetória profissional (UFRN – PPGED – PPGECNM):
3.1 A senhora poderia nos contar onde se iniciou sua carreira docente? E como foi
este início de carreira?
3.2 A senhora poderia nos contar como se deu a sua aproximação com a UFRN?
Como a senhora se tornou professora dessa instituição?
3.3 Como se deu a sua aproximação com o PPGED?
3.4 A senhora poderia falar sobre a Linha de pesquisa que a senhora participou no
PPGED? Como era intitulada? Quais os objetivos da mesma?
3.5 Havia outros professores nessa Linha? Quem era? Como aconteciam os estudos
dos senhores?
3.6 Quais ainda são professores do Programa? A senhora saberia dizer os motivos
pelos quais eles não fazem mais parte?
3.7 Houve a criação de um grupo de pesquisa ou de estudos ou dos dois (estudos e
pesquisas)? Esse grupo está consolidado? Foi ou é certificado pela UFRN? Pelo
CNPq? Como está atualmente?
3.8 Para a senhora, qual a importância desse grupo na formação dos egressos e dos
alunos do PPGED?
3.9 Algum egresso ainda participa do grupo?
3.10 E sobre o outro programa que a senhora também faz parte, e que atualmente é
coordenadora, refiro-me ao PPGECNM, o que a senhora poderia nos dizer?
(Colaboração dele na criação do programa, nas orientações de trabalhos, entre
outros...).
3.11 A senhora poderia nos contar um pouco sobre o processo de formação do
PPGECNM? E como foi a sua participação neste processo?
3.12 O que o professor John Andrew Fossa representa para senhora? Como se deu
essa aproximação profissional entre vocês?
139
3.13 A senhora gostaria de colocar algo ou alguma coisa que eu não tenha
perguntado sobre o PPGECNM ou até mesmo uma opinião pessoal que a senhora
gostaria de deixar sobre os Programas de Pós-Graduação, de forma geral?
140
APÊNDICE E
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Professora Dra. Arlete de Jesus Brito
1. Perfil da entrevistada:
1.1 Nome:
1.2 Idade:
1.3 Estado civil:
2. Trajetória na educação básica e acadêmica:
2.1 Onde a senhora iniciou sua vida estudantil?
2.2 Onde fez seu 1º, 2º e 3º graus?
2.3 Sua trajetória escolar teve alguma influência na escolha da profissão docente?
2.4 O que o levou a tornar-se uma professora de Matemática? Como foi esta
escolha?
2.5 E sobre as suas Pós-graduações, Mestrado e Doutorado, poderia nos contar um
pouco sobre estes processos de formação profissional?
3. Trajetória profissional (UFRN – PPGECNM):
3.1 A senhora poderia nos contar onde se iniciou sua carreira docente? E como foi
este início de carreira?
3.2 A senhora poderia nos contar como se deu a sua aproximação com a UFRN?
Como a senhora se tornou professora dessa instituição?
3.3 A senhora poderia nos contar um pouco sobre o processo de formação do
PPGECNM? E como foi a sua participação neste processo?
3.4 A senhora poderia falar sobre a Linha de pesquisa que a senhora participou no
PPGECNM? Como era intitulada? Quais os objetivos da mesma?
3.5 Havia outros professores nessa Linha? Quem era? Como aconteciam os estudos
dos senhores?
3.6 Houve a criação de um grupo de pesquisa ou de estudos ou dos dois (estudos e
pesquisas)? Para a senhora, qual a importância desse grupo na formação dos
egressos e dos alunos do PPGECNM?
3.7 E sobre a saída da senhora do Programa, a senhora poderia nos contar um
pouco sobre isso?
3.8 A senhora gostaria de colocar algo ou alguma coisa que eu não tenha
perguntado sobre o PPGECNM ou até mesmo uma opinião pessoal que a senhora
gostaria de deixar sobre os Programas de Pós-Graduação, de forma geral?
3.9 A senhora percebe a importância da sua passagem por esta instituição?
141
APÊNDICE F
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Dr. Luiz Carlos Jafelice
Ms. Luiz Seixas das Neves
Dr. Gilvan Luiz Borba
A escolha de um roteiro único para entrevistar estes professores se justifica pelo fato
de que queremos como objetivo de pesquisa saber como se deu a criação e implantação do
PPGECNM, assim poderemos cruzar as respostas dos depoentes, identificar e organizar uma
linha temporal de cenas e acontecimentos relevantes nesta historiografia.
1. Perfil dos entrevistados:
1.1 Nome:
1.2 Idade:
1.3 Estado civil:
2. Sobre o PPGECNM/UFRN:
2.1 Por favor, nos conte sobre sua experiência em relação ao PPGECNM, sua criação
e seu funcionamento.
2.2 Teve incentivo ou apoio?
2.3 Teve a interação entre outros agentes? (Professores de outras
áreas/departamentos/políticos/comunidade)
2.4 Se teve a participação de outros agentes, como foi a interação entre os
departamentos, química, física, matemática e biologia, havia interação?
2.5 Sobre como se dava a interação entre os professores.
2.6 Condições para instalação do programa.
2.7 Outros cursos ou especialização serviram de base para implantação e
funcionamento do PPGECNM?
2.8 Como foram os primeiros anos programa? (Objetivos/estrutura
curricular/disciplinas/sistema de ingressos/a procura/a quem atendia/condições
estruturais/como eram as pesquisas/contato com outras instituições).
2.9 Como o senhor percebe o programa com relação a sua importância para a
educação básica desta cidade e para os egressos?
O senhor ainda atua no PPGECNM? Por quê?
2.11 O senhor dispõe de algum material que nos ajude em nossa investigação do
PPGECNM? (Fotos, cursos, atas, anotações e outros).
2.12 O senhor gostaria de falar alguma coisa sobre o PPGECNM que eu não tenha
perguntado?
142
APÊNDICE G
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS E
MATEMÁTICA
GRUPO POTIGUAR DE ESTUDOS E PESQUISAS EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA
QUESTIONÁRIO 1
Prezado (a) professor (a) e/ou estudante:
Este questionário é um importante instrumento de coleta de dados para uma
avaliação que está sendo feita a respeito de um documentário que foi produzido a
partir de uma pesquisa de Mestrado Profissional que tem como título “Educação
Matemática na Pós-Graduação da UFRN (1995-2015): vozes, imagens e escritos”.
Neste questionário, você encontrará perguntas relativas a algumas
características pessoais, sua formação estudantil e acadêmica, além de sua atuação
profissional. Os dados aqui obtidos serão mantidos em sigilo, não havendo
necessidade de se identificar.
Desde já agradecemos.
Wguineuma Pereira Avelino Cardoso (Discente do PPGECNM/UFRN)
Liliane dos Santos Gutierre
(Docente do PPGECNM/UFRN)
143
INFORMAÇÕES GERAIS 1. Sexo
( ) Masculino ( ) Feminino
2. Idade entre:
( ) Menos de 20 anos ( ) 20 e 30 ( ) 31 e 40 ( ) 41 e 50 ( ) 51 e 60 ( ) acima de 60
anos
3. Estado Civil
( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Separado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo(a)
Outro. Qual? ____________
4. Cidade em que reside:
FORMAÇÃO ACADÊMICA 5. Qual a instituição da sua formação acadêmica?
6. Qual a sua formação acadêmica?
Estudante de Graduação em: __________
Graduação em: _____________________
Especialização em: _________________
Mestrado em: ______________________
Doutorado em: _____________________
Outra: ____________________________
7. Há quanto tempo concluiu a sua Graduação? ( ) Não concluí ainda ( ) Entre 1 e 10 anos
( ) Entre 11 e 20 anos ( ) Mais de 20 anos
8. Cursou a Disciplina História da Educação Matemática? ( ) Sim ( ) Não
9. Você já fez ou tem interesse em fazer uma Pós-Graduação? ( ) Sim. Qual? ______________________ ( ) Não. Qual o motivo? ______________
10. O que motivou ou motivaria você a realizar uma Pós-Graduação?
ATUAÇÃO PROFISSIONAL 11. Exerce ou já exerceu atividade docente? ( ) Sim, professor de ________________Tempo de atuação:__________________ ( ) Não 12. Você utilizaria um documentário como ferramenta de ensino e aprendizagem?
( ) Sim ( ) Não 13. Sua opinião é muito importante para nós. Deixe a seguir críticas e sugestões.
144
APÊNDICE H
QUESTIONÁRIO 2 (APÓS ASSISTIR AO DOCUMENTÁRIO)
Prezado(a) professor(a) e/ou estudante: Você acabou de assistir nosso documentário. Agora, solicitamos-lhe o seu
especial obséquio de responder às questões a seguir, as quais tratam da avaliação
do documentário no que se refere à forma, ao conteúdo, e à metodologia.
Em cada questão faça um “x” no número para a resposta, considerando a
escala abaixo:
5. Concordo totalmente (Está muito bom)
4. Concordo (Está bom)
3. Não sei (desconheço o assunto, não entendi)
2. Discordo (Está ruim)
1. Discordo totalmente (Está muito ruim)
Desde já agradecemos.
Wguineuma Pereira Avelino Cardoso
(Discente do PPGECNM/UFRN) Liliane dos Santos Gutierre
(Docente do PPGECNM/UFRN)
O DOCUMENTÁRIO: 1 2 3 4 5
1. Motiva professores a realizarem uma Pós-Graduação.
2. Mostra informações sobre Pós-Graduação de forma clara.
3. Mostra informações importantes para uma pessoa que pretende fazer uma Pós-Graduação.
4. Mostra alguns fatores motivadores para se fazer uma Pós-Graduação.
5. Mostra alguns fatores desmotivadores para se fazer uma Pós-Graduação
6. Mostra que alguns egressos do Programa de Pós-Graduação da UFRN são atualmente professores e/ou pesquisadores nesta universidade.
7. Pode ser utilizado como recurso didático em cursos de Graduação e Pós-Graduação.
8. Dá para compreender alguns aspectos relacionados a História da Educação Matemática na Pós-Graduação da
145
UFRN.
9. Mostra quais foram os professores pioneiros nas pesquisas em Educação Matemática na UFRN.
10. É um importante recurso áudio visual que facilita o conhecimento e possibilita o registro de pesquisas historiográficas, como a apresentada.
11. Relaciona os professores pesquisadores que ao longo do tempo vem desenvolvendo pesquisas no campo da Educação Matemática, na UFRN. Isto propõe uma ação de valorização da carreira docente.
12. É satisfatório quanto ao tempo de duração.
13. Sua opinião é muito importante para nós. Deixe a seguir suas críticas e/ou sugestões:
Top Related