Os erros no existem Erros de portugus no existem. O que h so
variaes lingsticas, formas de falar que vo se constituindo de
acordo com o uso das palavras, ao longo do tempo. Do mesmo modo, no
podemos falar em erro comum ao empregarmos determinadas construes
gramaticais que parecem soar em desacordo com as normas oficiais do
idioma. Ora, se muitas pessoas cometem os mesmos erros, ento no se
trata de erro comum, e sim de acerto comum. Idias polmicas, difceis
de aceitar? Pois assim que pensa Marcos Bagno, professor de
lingstica da Universidade de Braslia (UnB), um dos mais ferrenhos
crticos do preconceito amplamente difundido de que o brasileiro
fala e escreve mal o prprio idioma. Essa viso atinge principalmente
as camadas pobres da sociedade, por estarem distanciadas do padro
ensinado na escola. O preconceito lingstico, porm, revela um outro
preconceito: o social. A lngua, a maneira de falar, apenas uma
desculpa que as outras pessoas usam para discriminar, para excluir,
afirma Bagno.
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Por que existe essa variao? Lngua identidade; A lngua um imenso
conjunto de variedades.
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As variedades Tecnicamente, podemos dividir essas variedades em
quatro tipos: Diferenas Sintticas; Diferenas Morfolgicas; Diferenas
Lexicais e Diferenas Fonticas.
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a) Diferenas Sintticas Decorrem da ordem das palavras na fala
ou diferentes modos de realizar a concordncia verbal. Ex.: Isso
faria-nos bem X Isso nos faria bem tu queria X Tu querias
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b) Diferenas Morfolgicas Aquelas que decorrem da forma da
palavra, tomada individualmente. Ex.: Vamos X vamo
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c) Diferenas Lexicais Diferentes nomes para um mesmo objeto.
Ex.: Pandorga X pipa X raia X papagaio...
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d) Diferenas Fonticas Pronncias diferentes da mesma unidade
sonora sem distino de significado. Ex.: PoRta (com erre aspirado) X
Porta (com erre caipira)
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Mas que fatores determinam essa variao? Variedades lingsticas:
REGISTRO Modalidade (fala / escrita) Formalidade (formal /
informal) Sintonia (status, cortesia, tecnicidade...) DIALETOS
Geogrfica (diatpica) Social (diastrticas) Situao de comunicao
(diafsica) Histrica (diacrnica)
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Registros Fala versus escrita a) FALA: - no h tanta preocupao
com a norma padro; - uso de gestos, expresso corporal e facial. b)
ESCRITA: preocupao com a norma padro.
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Registros Formal versus informal a) ESTILO FORMAL- apresenta
grau de reflexo sobre o que diz. na linguagem escrita, em geral,
que o grau de formalidade mais tenso....o que est acontecendo com
nossos alunos uma fragmentao do ensino... Ou seja... ele perde a
noo do todo... b) ESTILO INFORMAL (ou coloquial) a fala ocorre sem
preocupao, o grau de reflexo mnimo. na linguagem oral, ntima e
familiar que esse estilo melhor se manifesta.... Tem dias que minha
voz t assim...sei l...meio ruim, sabe?
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Registros Sintonia / Tecnicismo / Estrangeirismos a)
Habeas-corpus ( estejas em liberdade); b) Ipsis litteris ( com as
mesmas palavras); c) Feeling (sensibilidade). d) Apud (citao dentro
de citao)
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Dialetos Variao GEOGRFICA: a variao geogrfica trata das
diferentes formas de pronncia, vocabulrio e estrutura sinttica
entre regies. a) Abbora jerimum b) leite/dente leitch/dentch c)
Menino pi, guri, moleque, garoto d) Mandioca macaxeira, aipim e)
nibus lotao
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Dialetos Variao SOCIAL: Agrupa alguns fatores de diversidade:o
nvel scio-econmico, determinado pelo meio social onde vive um
indivduo; o grau de educao; a idade e o gnero. A variao social no
compromete a compreenso entre indivduos, como poderia acontecer na
variao regional; o uso de certas variantes pode indicar qual o nvel
scio-econmico de uma pessoa.
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Dialetos Variao conforme a situao, DIAFSICA: considera um mesmo
indivduo em diferentes circunstncias de comunicao - se est em um
ambiente familiar, profissional, o grau de intimidade, o tipo de
assunto tratado e quem so os receptores.
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Dialetos Variao HISTRICA: Acontece ao longo de um determinado
perodo de tempo, pode ser identificada ao se comparar dois estados
de uma lngua. O processo de mudana gradual - uma variante
inicialmente utilizada por um grupo restrito de falantes passa a
ser adotada por indivduos socioeconomicamente mais expressivos. A
forma antiga permanece ainda entre as geraes mais velhas, perodo em
que as duas variantes convivem; porm com o tempo a nova variante
torna-se normal na fala, e finalmente consagra-se pelo uso na
modalidade escrita.
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Exemplo - histrica Ai flores, ai flores do verde pino, se
sabedes novas do meu amigo? Ai Deus, e u ? Ai flores, ai flores do
verde ramo, se sabedes novas do meu amado? Ai Deus, e u ? Se
sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pos comigo? Ai
Deus, e u ? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que
mi h jurado? Ai Deus, e u ? D. DINIS Obs: a)Pino = pinheiro
b)Sabedes = 2 PP (pres. Ind - sabeis) c)U = onde d) = est e)Aquel =
aquele f)Ps = combinou g) jurado = jurou Outros... -Flr -Telephone
-Villa
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Variao lingustica e o vestibular Esse assunto pode ser cobrado
no vestibular de duas maneiras, basicamente. Pode apresentar um
texto em linguagem no culta e pedir que se elabore uma hiptese
sobre que tipo de falante produziria aquele texto, ou seja, situar
o texto em meio aos eixos de variantes lingsticas. Pode-se tambm
pedir que sejamos capazes de identificar exatamente qual a variao
gramatical que o texto apresenta em relao norma culta. Essas
variaes normalmente aparecem no mbito do lxico, da concordncia, da
regncia, do uso de pronomes pessoais e da conjugao verbal.
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Enem 2007 Antigamente Acontecia do indivduo apanhar constipao;
ficando perrenge, mandava o prprio chamar o doutor e depois ir
botica para aviar a receita, de cpsulas ou plulas fedorentas. Doena
nefasta era a phtsica, feia era o glico. Antigamente, os sobrados
tinham assombraes, os meninos, lombrigas. (...) Carlos Drummond de
Andrade. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Companhia Jos
Aguilar, p. 1.184. O texto acima est escrito em linguagem de uma
poca passada. Observe uma outra verso, em linguagem atual. Atual
Acontecia do indivduo apanhar um resfriado; ficando mal, mandava o
prprio chamar o doutor e, depois, ir farmcia para aviar a receita,
de cpsulas ou plulas fedorentas. Doena nefasta era a tuberculose,
feia era a sfilis. Antigamente, os sobrados tinham assombraes, os
meninos, vermes.(...) Comparando-se esses dois textos, verifica-se
que, na segunda verso, houve mudanas relativas a a) vocabulrio. b)
construes sintticas. c) pontuao. d) fontica. e) regncia verbal
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ENEM Precisa-se nacionais sem nacionalismo, (...) movidos pelo
presente, mas estalando naquele cio racial que s as tradies
maduram! (...). Precisa-se gentes com bastante meiguice no
sentimento, bastante fora na peitaria, bastante pacincia no
entusiasmo e sobretudo, oh! Sobretudo bastante vergonha na cara!
(...) Enfim: precisa-se brasileiros! Assim est escrito no anncio
vistoso de cores desesperadas pintado sobre o corpo de nosso
Brasil, camaradas. Jornal A noite, So Paulo: Duas Cidades, 1972 No
trecho acima, Mrio de Andrade d forma a um dos itens do iderio
modernista, que o de firmar a feio de uma lngua mais autntica,
brasileira, ao expressar- se numa variante de linguagem popular
identificada pela(o): a) escolha de palavras como cio, peitaria,
vergonha. b) emprego da pontuao. c) repetio do adjetivo bastante.
d) concordncia empregada em Assim est escrito. e) escolha de
construo do tipo precisa-se gentes.
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UFV - MG (...) Suponha um aluno dirigindo-se ao colega de
classe nestes termos: Venho respeitosamente solicitar-lhe se digne
emprestar- me o livro. A atitude desse aluno se assemelha atitude
do indivduo que: a) comparece ao baile de gala trajando smoking. b)
vai audincia com uma autoridade de short e camiseta. c) vai praia
de terno e gravata. d) pe terno e gravata para ir falar na Cmara
dos Deputados. e) vai ao Maracan de chinelo e bermuda.
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ENEM A, Galera Jogadores de futebol podem ser vtimas de
estereotipao. Por exemplo, voc pode imaginar um jogador de futebol
dizendo estereotipao? E, no entanto, por que no? A, campeo. Uma
palavrinha pra galera. Minha saudao aos aficionados do clube e aos
demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares.
Como ? A, galera. Quais so as instrues do tcnico? Nosso treinador
vaticinou que, com um trabalho de conteno coordenada, com energia
otimizada, na zona de preparao, aumentam as probabilidades de,
recuperado o esfrico, concatenarmos um contragolpe agudo com
parcimnia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da
desestruturao momentnea do sistema oposto, surpreendido pela
reverso inesperada do fluxo da ao. Ahn? pra dividir no meio e ir
pra cima pra peg eles sem cala. Certo. Voc quer dizer mais alguma
coisa? Posso dirigir uma mensagem de carter sentimental, algo
banal, talvez mesmo previsvel e piegas, a uma pessoa qual sou
ligado por razes, inclusive, genticas? Pode. Uma saudao para a
minha progenitora. Como ? Al, mame! Estou vendo que voc um, um...
Um jogador que confunde o entrevistador, pois no corresponde
expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com
dificuldade de expresso e assim sabota a estereotipao? Estereoqu?
Um chato? Isso.
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O texto retrata duas situaes relacionadas que fogem expectativa
do pblico. So elas: a) a saudao do jogador aos fs do clube, no
incio da entrevista, e a saudao final dirigida sua me. b) a
linguagem muito formal do jogador, adequada ao gnero entrevista, e
um jogador que fala, com desenvoltura, de modo muito rebuscado. c)
o uso da expresso galera, por parte do entrevistador, e da expresso
progenitora, por parte do jogador. d) o desconhecimento, por parte
do entrevistador, da palavra estereotipao, e a fala do jogador em
pra dividir no meio e ir pra cima pra peg eles sem cala. e) o fato
de os jogadores de futebol serem vtimas de estereotipao e o jogador
entrevistado no corresponder ao esteretipo. O texto mostra uma
situao em que a linguagem usada inadequada ao contexto.
Considerando as diferenas entre lngua oral e lngua escrita,
assinale a opo que representa tambm uma inadequao da linguagem
usada ao contexto: a) o carro bateu e capot, mas num deu pra v
direito - um pedestre que assistiu ao acidente comenta com o outro
que vai passando. b) E a, meu! Como vai essa fora? - um jovem que
fala para um amigo. c) S um instante, por favor. Eu gostaria de
fazer uma observao - algum comenta em uma reunio de trabalho. d)
Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de
Secretria Executiva desta conceituada empresa - algum que escreve
uma carta candidatando-se a um emprego. e) Porque se a gente no
resolve as coisas como tm que ser, a gente corre o risco de termos,
num futuro prximo, muito pouca comida nos lares brasileiros - um
professor universitrio em um congresso internacional.